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INTERPRETAÇÃO
DE EXAMES
LABORATORIAIS
Método completo e simplificado
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GUIA PRÁTICO DE
INTERPRETAÇÃO
DE EXAMES
LABORATORIAIS
Método completo e simplificado
04 Hematopoiese 61 Linfocitose
06 Eritropoiese 64 Monocitose/Monocitopenia
07 Reticulócitos 66 Basofilia/Basopenia
19 Anemias 75 Trombocitose
Classificação com base na Morfologia dos Eritrócitos Bioquímica Sérica - Proteínas Plasmáticas
23 78
30 Eritrocitose 79 Albumina
41 Eosinófilos 88 Hipoglicemia
42 Monócitos/Macrófagos 90 Hiperglicemia
45 Basófilos 94 Ureia
52 Leucopenia 99 Sódio
110 Cálcio
118 Fósforo
Gama-Glutamiltransferase (GGT)
128
Bilirrubina
130
132 Icterícia
139 Amônia
Pode parecer besteira, mas durante o estágio clínico e desde que me formei,
percebi que a simples capacidade de ler um resultado de exame
laboratorial na frente do tutor, somado à capacidade de detalhar cada
célula, o que ela representa, qual sua função, o que a alteração que aparece
no exame significa e qual a relação desta alteração com o quadro que o
paciente apresenta no momento, eleva de forma imensurável o valor de
seu atendimento!
Proteínas
Eletrólitos
Hormônios
Resíduos Metabólicos
Nutrientes PLASMA
Gases 46-63%
ELEMENTOS
CELULARES
Hemácias
37-54%
Leucócitos
Plaquetas
Re
O2
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os
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Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 003
Sistema Hematopoiético-Lítico
Timo
Diferenciação dos Linfócitos T.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 004
Estômago e Instestinos
Produção de HCl; Facilitação da absorção
de Ferro; Produção de fator intrínseco, que
facilita a absorção de vitamina B12.
Hematopoiese
A hematopoiese se inicia bem cedo, no saco vitelino, quando os vasos
sanguíneos estão começando a se formar.
A partir do desenvolvimento fetal, o fígado, baço e medula óssea passam
a desempenhar essa função.
Por fim, durante a segunda metade do desenvolvimento fetal, a medula
óssea e os órgãos linfoides passam a ser os maiores produtores de células
sanguíneas.
Após o nascimento, a medula óssea se torna a única responsável por todo
o processo.
Hematopoiese (%)
Hematopoiese Extramedular
É a produção de células sanguíneas fora da medula óssea. Consiste em um
mecanismo fisiológico compensatório que geralmente ocorre em resposta a
condições em que a medula óssea não está funcionando adequadamente ou
quando há um aumento na demanda de células sanguíneas.
Nestes casos, baço e fígado retomam seu potencial hematopoiético.
ERITRÓCITOS
PARTE 1
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 006
Eritropoiese
Nome que se dá à produção de Hemácias (Eritrócitos/Células Vermelhas).
Para que haja correta produção e maturação destas células, é importante
um ambiente propício, com integridade medular, presença de percursores
e participação ativa de fatores estimulantes tanto nutricionais quanto
hormonais.
ORGÃOS FATORES
Adrenais Corticosteróides
Tireóide Tiroxina
Reticulócitos
Células jovens da série eritrocitária que são liberadas da medula óssea
para a corrente sanguínea. São conhecidos como precursores dos
glóbulos vermelhos maduros e desempenham um papel fundamental na
regeneração e resposta do organismo a uma anemia ou perda de sangue.
A principal função dos reticulócitos é a síntese e liberação de
hemoglobina, a molécula responsável pelo transporte de oxigênio nos
glóbulos vermelhos.
À medida que os reticulócitos amadurecem, o RNA reticular é eliminado e
a célula adquire uma aparência mais homogênea e madura, se
transformando em um eritrócito completo.
VG MÉDIO NORMAL
Em pacientes anêmicos a CRC deve ser superior a 2.5% para revelar grau
de regeneração mínima.
Hemólise
A meia vida dos eritrócitos varia de acordo com a espécie animal, durando
cerca de 110-120 dias em cães e 65-76 dias em gatos.
Quando há o envelhecimento fisiológico das hemácias, quando estão
parasitadas ou apresentam alterações enzimáticas/morfológicas, são
retiradas da corrente sanguínea por um processo chamado Hemólise.
Durante o processo, há ruptura da membrana plasmática e consequente
liberação de hemoglobina, podendo ocorrer de forma Intravascular ou
Extravascular.
Hemólise
Intravascular
Hemólise
Extravascular
Nesse tipo de hemólise, a destruição das hemácias ocorre fora dos vasos
sanguíneos, principalmente nos órgãos ricos em células do sistema
mononuclear fagocitário (SMF), como baço e fígado. As hemácias
envelhecidas, danificadas ou não funcionais são reconhecidas e
removidas pelos macrófagos presentes nesses órgãos, que realizam a
digestão da membrana celular.
Nesse processo, ocorre a separação do grupo heme (Fe++) da
hemoglobina e a hidrólise da globina. O ferro é removido e catabolizado,
enquanto os aminoácidos da globina e o ferro são reaproveitados para a
síntese de novas hemácias. O grupo heme dá origem à bilirrubina.
Embora o fígado e a medula óssea também possam estar envolvidos na
hemólise extravascular, o baço é particularmente sensível para identificar
pequenas alterações nas hemácias e remover as células defeituosas da
circulação, sendo portanto, peça chave na hemólise extravascular.
HEMOGLOBINA
HEME GLOBINA
Bilirrubina Não
Conjugada
(Indireta)
Urobilinogênio
Rins Fígado
Bilirrubina Conjugada
(Direta)
VB Bile Urobilinogênio
Intestino Grosso
Morfologia Eritrocitária
Anisocitose
Termo utilizado para descrever a variação de tamanho de hemácias no sangue.
É um indicativo de condições de saúde como anemias regenerativas,
hemolíticas e doenças crônicas.
Os contadores hematológicos atuais, apresentam o nível de anisocitose através
do índice "Red Cell Distribution Widht" (RDW).
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 012
Coloração (CHGM/CHGM)
A cor das hemácias está relacionada à presença da hemoglobina, uma
proteína rica em ferro que confere a coloração vermelha característica da
célula.
Hemácias mais claras ou pálidas podem ser um sinal de deficiência de
hemoglobina, como na anemia, onde há uma redução na quantidade ou
qualidade dessa proteína. Por outro lado, hemácias mais escuras ou com
uma coloração azulada podem indicar um acúmulo anormal de produtos
metabólicos, como na presença de substâncias tóxicas ou na ocorrência
de certas doenças.
Para melhor estimativa da coloração das hemácias é utilizado um índice
hematimétrico denominado Concentração de Hemoglobina
Globular/Corpuscular Média (CHGM;CHCM). Através deste parâmetro, as
hemácias podem ser classificadas em:
Policromasia
Se refere à presença de células de diferentes colorações, indicando uma
variação na concentração de hemoglobina. É frequentemente associada à
presença de reticulócitos, indicando um aumento na produção de células
jovens em resposta a certas condições, como anemia, hemorragia ou resposta a
terapias de estimulação da eritropoiese.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 013
Inclusões Eritrocitárias e
Alterações Morfológicas
Corpúsculo de Heinz
Estruturas pequenas, pálidas e
excêntricas, encontradas dentro
dos eritrócitos, a maior parte das
vezes se projetando para a borda
das células.
A presença destes corpúsculos na
célula reduz a capacidade de deformação da mesma, tornando-a mais
susceptível á processos de hemólise intra e extravascular.
Quando um grande número de células é afetado, pode ocorrer anemia
hemolítica grave.
É importante pontuar a possibilidade de observar Corpúsculos de Heinz
em eritrócitos de gatos saudáveis, sendo o aparecimento neste caso
causado por uma alteração da hemoglobina felina.
Principais causas
CAUSAS DESCRIÇÃO
Corpúsculo de Howell-Jolly
Estruturas pequenas, basofílicas e
geralmente únicas. São constituídos
por restos nucleares remanescentes,
como fragmentos de DNA. Geralmente
são removidos pelo baço antes que as
hemácias entrem no sangue, com isso
sua presença na corrente sanguínea
pode indicar uma função esplênica
comprometida.
Há também outras possíveis causas, incluindo:
Esplectomia
Anemias Regenerativas
Anemias Hemolíticas
Displasia Eritróide
Síndrome Mielodisplásica
Uso de Cortiocóides (Comprometimento da Função Esplênica)
Corpúsculo de Lentz
Caracteristicamente visualizadas ao
microscópio em amostras de tecido
ou em esfregaços sanguíneos corados.
Elas aparecem como estruturas ovais
intracelulares, de tamanho variável
e podem ser coradas de forma distinta.
Considera-se patognomônica para cinomose, a visualização deste
corpúsculo na corrente sanguínea, ocorrendo de forma mais comum na
fase aguda da infecção.
A não visualização do corpúsculo em animais suspeitos pra doença, não
descarta a possibilidade, devendo-se abrir mão de outros métodos
diagnósticos mais específicos.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 015
Esferócitos
Eritrócitos menores, em forma esférica
e sem halo claro central. Surgem devido
á eliminação parcial de anticorpos que se
unem a membrana dos eritrócitos, pelos
macrófagos, modificando a estrutura das
hemácias.
Podem ser visualizados em quadros de:
Anemia Hemolítica Imunomediada
Queimaduras Extensas
Esferocitose Hereditária
Intoxicações (Cebola; Alho)
Doenças Infecciosas/Parasitárias (Micoplasmose; Babesiose p.ex.)
Doenças Autoimunes (Lúpus Eritematoso)
Deficiência de Piruvato Quinase
Esplenomegalia
Esquizócitos
São eritrócitos fragmentados, resultado
de uma deterioração mecânica direto na
corrente sanguínea, por anormalidades
na microvasculatura.
Podem ser visualizados em quadros de:
Sepse
Linfomas
Púrpura trombocitopênica Trombótica
Síndrome Hemolítico-Urêmica
Carcinomas Disseminados
Eclâmpsia/Pré-eclâmpsia
Queimaduras Graves
Coagulação Intravascular Disseminada
Fragmentação Plaquetária (Microangiopatias)
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 016
Dacriócitos
Eritrócitos visualizados com formato de
lágrima ou pêra. A deformação ocorre no
baço ou medula óssea.
Podem ser visualizados em quadros de:
Anemias Hemolíticas Severas
Fibrose de Medula Óssea
Deseritropoiese Severa
Anemias Megaloblásticas
Anemias Ferroprivas
Cirrose Hepática
Hemólise Mecânica (Válvula cardíaca defeituosa)
CID
Células-alvo/Codócitos
Eritrócitos visualizados com distribuição
central de hemoglobina rodeada por halo
claro, cirando a imagem que se assemelha
a um alvo.
Podem ser visualizados em quadros de:
Hepatopatias Graves
Anemias Hemolíticas
Icterícia Obstrutiva
Esplenectomia
Deficiência de Ferro (Raro)
Deficiência de Vitamina B12 e E (Gatos)
Neoplasias
Quimioterapias (Asparaginase)
Deseritropoiese
A deseritropoiese é uma condição na qual ocorre uma produção
inadequada de eritrócitos (glóbulos vermelhos) na medula óssea. É
caracterizada pela presença de eritroblastos imaturos e atípicos na corrente
sanguínea, o que indica que a produção de células vermelhas está
desordenada e insuficiente. Pode ser vista principalmente em Anemias
Hemolíticas Congênitas.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 017
Hemácias Crenadas/Equinócitos
Eritrócitos com pequenas projeções de
tamanho e padrão regular em volta de
sua membrana.
Podem ser visualizados em quadros de:
Artefato de Estocagem
Excesso de EDTA
Envelhecimento do Sangue
Drogas
Salicinatos
Fenilbutazona
Furosemida
Doxorrubicina
Depleção de Eletrólitos (Hipocalemia e Hiponatremia) - comum em
distúrbios gastrointestinais como Colties.
Doença Renal (Glomerulonefrites)
Acidente Crotálico e Elapídico (Cascavel e Corais respectivamente)
Acantócitos
Eritrócitos com poucas projeções de
padrão irregular em volta de sua
membrana. Sua formação no sangue
ocorre por alterações relacionadas ao
colesterol e fosfolipídeos presentes
na membrana eritrocitária.
Podem ser visualizados em quadros
de:
Hepatopatias Graves
Lipidose Hepática (Gatos pp)
Anormalidades Lipídicas induzidas por Disfunções Renais
Queimaduras Extensas
Anemias Hemolíticas
Abetalipoproteinemia - doença hereditária que afeta o metabolismo
de lipídeos
Neoplasias
Linfoma
Mastocitoma
Hemangiossarcoma
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 018
Rouleaux Eritrocitário
Eritrócitos que se empilham devido à
redução de suas cargas negativas pelo
aumento de Fibrinogênio, tal alteração
faz com que as hemácias se atraiam e
se agrupem.
Nem sempre indica uma doença grave,
e muitas vezes é um achado comum e
transitório.
Processos inflamatórios
podem causar mudanças
Infecção de pele, otite,
Inflamação nas proteínas sanguíneas,
artrite, pancreatite.
levando ao rouleaux
eritrocitário.
Infecções bacterianas ou
virais podem alterar as
Infecção por Leptospira,
Infecções proteínas sanguíneas e
Babesia, Ehrlichia.
levar à formação de
rouleaux.
Problemas no fígado
podem levar a alterações
Hepatite, doença hepática
Doenças hepáticas nas proteínas sanguíneas,
crônica.
contribuindo para o
rouleaux.
Alguns medicamentos
podem causar mudanças
Corticosteroides, alguns
Uso de medicamentos nas propriedades do
diuréticos.
sangue, favorecendo o
rouleaux eritrocitário.
O aumento do
fibrinogênio, uma
proteína envolvida na Estados inflamatórios
Fibrinogênio aumentado
coagulação sanguínea, graves, traumas extensos.
pode estar associado ao
rouleaux.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 019
Anemias
Anemia Relativa/Falsa
Esse nome é dado pois na anemia relativa, o animal não está realmente
anêmico, o que acontece é que por uma hemodiluição (aumento do
volume plasmático) ocorre uma redução falsa nos níveis avaliados. As
causas mais comuns de anemia relativa são:
Gestação
Retenção de Líquidos
Hiperproteinemia
Fluidoterapia Intravenosa
Anemia Absoluta/Verdadeira
Laboratorialmente: Reticulocitose
São necessários de 3 a 4 dias para
Anisocitose uma resposta regenerativa se
Policromasia tornar evidente no sangue.
Metarrubrícitos
Corpúsculos de Howell-Jolly
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 022
Anemia Arregenerativa
Caracterizada pela redução do número de eritrócitos no sangue e pela
incapacidade do organismo em substituí-los adequadamente.
Isso ocorre quando a medula óssea, responsável pela produção de células
sanguíneas, não consegue responder à diminuição da concentração
destas células no sangue.
Geralmente são anemias de início lento e evolução crônica, onde não se
observa reticulocitose ou policromasia, são anemias normocíticas
normocrômicas (falaremos mais sobre isso a seguir).
O mecanismo causador deste tipo de anemia em doenças crônicas é a
liberação de citocinas inflamatórias, somado ao sequestro de Ferro das
células fagocíticas da medula óssea.
São causas comuns de Anemias Arregenerativas:
Doença Crônicas
Doença Renal Crônica
Doença Hepática Crônica
Infecções Crônicas
Neoplasias Crônicas e/ou Metastáticas
Leucemias
Linfossarcomas
Erlichiose (Destruição das Células Pluripotentes)
Panleucopenia Felina
Endocrinopatias
Hiperestrogenismo
Hipoandrogenismo
Hipoadrenocorticismo
Hipotireoidismo
Hiperadrenocorticismo
Laboratorialmente: Transferrina
Baixa
Ferro Sérico
Baixo
Ferritina
Normal/Aumentado
Estoques de Ferro na Medula Óssea
Aumentados
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 023
Classificação com base na Morfologia dos Eritrócitos
A classificação morfológica dos eritrócitos é obtida através da avaliação
dos índices hematimétricos VGM e CHGM, com base nesta avaliação, as
hemácias podem ser classificadas como:
Normocíticas: VGM dentro do intervalo de referência.
Macrocíticas: VGM acima do intervalo de referência
Microcíticas: VGM abaixo do intervalo de referência
Normocrômicas Hipocrômicas
Anemias Regenerativas,
Macrocítica Hipocrômica
hemorragia e hemólise
Normocítica/Normocrômica
Anemia Arregenerativa
Essa forma de anemia ocorre por resposta insuficiente da medula óssea e
pode ser observada em casos de:
Doenças crônicas
Doença Renal Crônica (diminuição na síntese de EPO)
Doenças endócrinas
Hipotireoidismo
Hipoadrenocorticismo
Doenças Hepáticas
Infecções que causam supressão da medula óssea
Leishmaniose
Erliquiose
Parvovirose
Cinomose
Neoplasias (quando há metástase na medula óssea)
Carência de nutrientes essenciais para a produção de Eritrócitos
Nestes casos é importante focar em descobrir a causa base antes de mais
nada; o uso de Hematínicos não surtirá efeito, uma vez que o tecido
hematopoiético não conseguirá utilizar tais substâncias.
Hematínicos
Medicamentos que auxiliam no aumento da produção ou na melhoria da qualidade das
células sanguíneas, especialmente dos glóbulos vermelhos. .
Os hematínicos geralmente contêm componentes como ferro, ácido fólico, vitamina B12,
vitamina C, cobre, entre outros nutrientes. São importantes para a produção de glóbulos
vermelhos saudáveis e para o transporte de oxigênio pelo organismo. (Exemplos comuns
conhecidos são: Hemolitan® e Glicopan®).
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 025
Macrocítica/Hipocrômica
Anemia Regenerativa
Nessa forma de anemia há resposta da medula óssea com consequente
liberação de reticulócitos na corrente sanguínea.
A alteração de tamanho e coloração ocorre pela característica dos
reticulócitos, que são células maiores e por possuírem menor
concentração de hemoglobina, são consequentemente menos coradas
que os eritrócitos maduros.
Assim como dito anteriormente, pode-se levar alguns dias para perceber
tal resposta no sangue.
Anemia vista em casos de:
Perda de Sangue Aguda
Anemia Hemolítica Aguda
VGM
CHGM
Eritrograma de um Cão jovem com diagnóstico de Anemia
Hemolítica Imunomediada, apresentando Anemia
Normocítica/Normocrômica
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 026
Microcítica/Hipocrômica
Anemia Regenerativa/Arregenerativa
Essa forma de anemia pode apresentar ou não certo grau de regeneração,
dependendo unicamente da causa base adjacente.
Ela é resultado da deficiência de ferro e Vtimaina B6 ou da incapacidade
de utilização destes para a síntese de hemoglobina.
São causas deste tipo de anemia: Inibição da Eritropoiese
Doenças Inflamatórias Redução de Ferro Sérico
Redução do tempo de vida dos Eritrócitos
Perda de Sangue Crônica
Úlceras Gástricas
Neoplasias
Desordens de Coagulação
Parasitas
Ancylostoma
Haemonchus
Deficiências
Cobre
Piridoxina (B6)
Drogas/Químicos
Cloranfenicol
Bloqueiam síntese do Heme
Chumbo
Macrocítica/Normocrômica
Anemia Regenerativa/Arregenerativa
Essa forma de anemia pode apresentar ou não certo grau de regeneração,
dependendo unicamente da causa base adjacente.
Ela é resultado da deficiência de Ferro e Vitamina B6 ou da incapacidade
de utilização destes para a síntese de hemoglobina.
São causas deste tipo de anemia: Inibição da Eritropoiese
Doenças Inflamatórias Redução de Ferro Sérico
Redução do tempo de vida dos Eritrócitos
Perda de Sangue Crônica
Úlceras Gástricas
Neoplasias
Desordens de Coagulação
Parasitas
Ancylostoma
Haemonchus
Deficiências
Cobre Diminuição da absorção intestinal e liberação do ferro pra
fora dos macrófagos
Piridoxina (B6)
Drogas/Químicos
Cloranfenicol
Bloqueiam síntese do Heme
Chumbo
Microcítica/Normocrômica
Anemia Regenerativa/Arregenerativa
Essa forma de anemia pode apresentar ou não certo grau de regeneração,
dependendo unicamente da causa base adjacente.
Ela é observada com frequência nas fases iniciais da deficiência de Ferro,
além de ser bem comum em cães da raça Akita.
São causas deste tipo de anemia:
Deficiência de Ferro Inibição da Eritropoiese
Doenças Inflamatórias Redução de Ferro Sérico
Redução do tempo de vida dos Eritrócitos
Perda de Sangue Crônica
Úlceras Gástricas
Neoplasias
Desordens de Coagulação Deficiência funcional do Fe++ decorrente
Shunts Portossistêmicos do prejuízo na síntese de moléculas
carreadoras secundária ao dano hepático.
Deficiências
Cobre Diminuição da absorção intestinal e liberação do ferro pra
fora dos macrófagos
Piridoxina (B6)
ANEMIA
Regenerativa Arregenerativa
Normocíticas Normocrômicas
ou Normocíticas Normocrômicas
Macrocíticas Hipocrômicas
Semirregenerativas
Normocítica (Eritropoiese Ineficiente) Microcítica
Normocômica Hipocrômica
Eritrocitose
Eritrocitose Absoluta/Verdadeira
Eritrocitose Relativa/Falsa
Essa condição recebe este nome pois na verdade a alteração do aumento
das células observada, não é real e acontece pela desidratação do
paciente, o que leva à Hemoconcentração, com aumento de CGH; Ht; Hb e
Proteínas Plasmáticas.
Outra possível causa de Eritrocitose Relativa é a contração esplênica. Este
fenômeno resulta no aumento da massa de eritrócitos sem causar
aumento da concentração de proteínas plasmáticas.
ERITROCITOSE
Absoluta Relativa
Leucócitos
Polimorfonucleares Mononucleares
Granulócitos Agranulócitos
Neutrófilo
Segmentado
Relação
Marginal/Circulante
Marginal
Cão 1:1
Gato 3:1
Bastonete
Granulócito
Granulopoiese
Nome que se dá à produção dos leucócitos granulócitos (Neutrófilos;
Basófilos e Eosinófilos).
A partir de uma células única, a "Stem Cell", há diferenciação para
Unidade Formadora de Colônia e por estímulos específicos são
produzidos os diferentes tipos de célula.
Linfocitopoiese
Nome que se dá à produção dos Linfócitos (T e B).
São a base da resposta imune do organismo, sendo produzidos nos
tecidos e orgãos linfóides:
Monocitopoiese
Neutrófilos
São a primeira linha de defesa do organismo contra processos
inflamatórios e infecciosos;
Considerados os leucócitos mais abundantes presentes no sangue
periférico de cães e gatos sadios.
Sempre que há um aumento súbito da necessidade de utilização de uma
grande quantidade de Neutrófilos, o compartimento destas células na
medula óssea, consegue garantir suprimento suficiente para manter as
concentrações ideais por até 5 dias.
Se o processo persiste , a medula pode começar a liberar células mais
jovens, como bastonetes e metamielócitos, pois o estoque de células
maduras já foi consumido.
Neutrófilos Bastonetes
Neutrófilos Segmentados
Eosinófilos
O aumento da produção e liberação de eosinófilos ocorre geralmente em
resposta a quadros de hipersensibilidade e a infecções parasitárias por
helmintos, culminando em quadros de Eosinofilia (Aumento da
concentração destas células no sangue periférico.
As atividades fagocíticas e bactericidas dos eosinófilos são parecidas com
as dos neutrófilos, porém ocorre de maneira menos eficiente.
Eosinófilos
Monócitos/Macrófagos
Assim que produzidos pela medula óssea, independente de haver ou não
uma resposta inflamatória prévia, os Monócitos são lançados pra corrente
sanguínea, onde permanecem até se dirigir aos tecidos, nos quais se
transformarão em Macrófagos.
Quando há um estímulo inflamatório prévio, os macrófagos recrutados
são rapidamente ativados e iniciam a secreção de substâncias
moduladoras da resposta inflamatória, como:
Colagenase
Elastase
Plasminogênio
Inibidores de Plasmina
Componentes do Complemento
Monócitos
A apresentação antigênica é o processo pelo qual os monócitos e
macrófagos capturam e processam antígenos, que são substâncias
estranhas ao organismo.
Eles os transformam em fragmentos menores, que são então exibidos na
superfície das células para os linfócitos T. Isso permite que os linfócitos T
reconheçam e ativem uma resposta imune específica contra o antígeno.
As principais funções dos Monócitos/Macrófagos incluem:
Regulação Inflamatória
Reparo Tecidual
Coagulação e Fibrinólise
Regulação da Hematopoiese
Efeito citotóxico sobre células tumorais e eritrócitos
Regulação da Resposta Imune
Remoção de Debris e Restos Celualres
Ação Fagocítica e Microbicida
Produção de Citocinas e Enzima Lisossomais
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 043
Linfócitos
São a base do acionamento e execução da resposta imune no organismo,
sendo reconhecidos 3 tipos:
Linfócitos T
Linfócitos B
Linfócitos NK
Modos de Ação
Linfócitos
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 044
Recirculação
Diferente dos Granulócitos, os Linfócitos possuem a capacidade de
retornar ao sistema vascular para a Recirculação, um processo de extrema
importância biológica, uma vez que permite que essas células sejam
constantemente distribuídas por todo o corpo, ampliando sua capacidade
de reconhecimento e resposta a antígenos
Eles migram pelos vasos linfáticos até chegarem aos linfonodos, onde são
filtrados e selecionados antes de retornarem à circulação sanguínea
Esse processo é mediado por moléculas de adesão celular e quimiocinas,
que atuam como sinais direcionadores, orientando os linfócitos de volta à
circulação sanguínea.
As moléculas de adesão facilitam a interação dos linfócitos com as células
endoteliais dos vasos sanguíneos, permitindo sua entrada na corrente
sanguínea. Já as quimiocinas atuam como quimiotáticos, atraindo os
linfócitos para determinados tecidos ou órgãos.
Linfócito B
Medula Óssea Maduro
Timo
Linfócito T
Maduro
Basófilos
Células pouco compreendidas e de presença rara no sangue e medula
óssea.
Os basófilos são caracterizados pela presença de grânulos
citoplasmáticos que contêm substâncias inflamatórias, como histamina,
heparina e diversas citocinas. Essas substâncias são liberadas em
resposta a estímulos alérgicos ou inflamatórios, e podem desencadear
respostas de inflamação e alergia.
Basófilos
Corpúsculo de Dohle
Principais causas
CAUSAS
Infecções Bacterianas
Sepse
Leucemia
Queimaduras Graves
Doenças Virais
Neoplasias
Doenças Imunomediadas
Anomalias Congênitas
Corpúsculo de Lentz
Estrutura citoplasmática encontrada
nos neutrófilos imaturos ou mieloblastos.
Essa estrutura é visualizada em esfregaços
sanguíneos corados e é caracterizada por
ser uma inclusão citoplasmática de formato
arredondado a ovalado, geralmente de cor
azul-escura, localizada próxima ao núcleo
da célula.
É um achado patognomônico para Cinomose Canina, sendo visto apenas
na fase de viremia do processo infeccioso.
A não visualização do corpúsculo em animais suspeitos pra doença, não
descarta a possibilidade, devendo-se abrir mão de outros métodos
diagnósticos mais específicos.
Granulação Tóxica
Condição caracterizada pela presença de grânulos
citoplasmáticos agrupados e anormais, que nada
mais são, que a granulação primária própria dos
pro-mielócitos.
Essa granulação tóxica é uma resposta do
sistema imunológico a processos inflamatórios
ou infecciosos mais intensos e geralmente está associada a uma liberação
acelerada de neutrófilos imaturos e menos diferenciados da medula óssea
para a circulação sanguínea.
Outra explicação é que a granulação tóxica nos neutrófilos pode ser
causada por fagocitose de agentes tóxicos, como bactérias ou proteínas
séricas desnaturadas, que são componentes de substâncias infecciosas ou
danificadas no organismo
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 048
Neutrófilos Hipersegmentados
Em condições normais, os neutrófilos possuem
um núcleo segmentado com 2 a 5 lobos unidos
por finos filamentos. Em certas situações, pode
haver número anormalmente elevado de lobos
nucleares, caracterizando os hipersegmentados.
São consideradas células velhas, por estarem a
mais tempo que o normal na corrente sanguínea.
Tem como principais causas a presença de corticosteroides
(exógenos/endógenos) na corrente sanguínea, podendo ser observado em
situações como: Terapia com Corticóides; Hiperadrenocorticismo;
Estresse Crônico) e de ocorrência mais rara, a deficiência de Vitamina B12.
Linfócitos Reativos
Condição caracterizada pelo aparecimento
de linfócitos com o citoplasma basofílico e
aumentado.
Essa alteração ocorre durante uma resposta
humoral intensa, podendo porém também, ser observada em animais
jovens, animais recém-vacinados e durante a fase de convalescência de
doenças virais.
Para fins diagnósticos e terapêuticos, é de suma importância diferenciar
os linfócitos reativos grandes dos blastos que são associados à leucemias.
Hemograma de Estresse
O aumento dos níveis de corticoides, tanto endógenos quanto exógenos, pode levar a
alterações no hemograma, caracterizando o hemograma de estresse. Essas alterações
incluem Leucocitose por Neutrofilia Madura (sem a presença de células imaturas),
Eosinopenia e Linfopenia, sendo comum em cães a observação concomitante de
Monocitose.
Leucocitose
Reativa
Ocorre em resposta à doenças/agentes, gerando um padrão específico
para cada processo, mas mantendo predominantemente alterações
comuns na maioria dos casos.
Pode ser visto simultaneamente Leucocitose Reativa e Fisiológica, sendo
necessário diferenciar estes fenômenos. Considera-se Leucocitose Reativa
quando são encontradas uma ou mais das seguintes alterações:
Leucocitose com Desvio à Esquerda
Monocitose (Em Gatos)
Ausência de Linfopenia
Ausência de Eosinopenia
No cão, deve-se observar Monocitose com contagem absoluta pelo menos
2x maior que o normal e um ou mais dos quatro critério citados.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 051
Leucocitose
Proliferativa
É resultado de alterações neoplásicas da células pluripotencial
(envolvimento de sangue e/ou medula óssea), sendo a forma de
manifestação mais comum as Leucemias:
Linfocíticas
Mielógenas
Mielomonocíticas
Monocíticas
e com menor frequência as Leucemias
Eosinofílicas
Basofílicas
Leucopenia
É a redução do número de leucócitos presentes no sangue. É descrita da
mesma forma que sua alteração contrária, a leucocitose, e ocorre
frequentemente por Neutropenia ou Linfopenia.
Durante a avaliação do leucograma, quando se depara com tal alteração,
logo deve-se entender que as defesas do organismo estão, naquele
momento, "enfraquecidas" ou ainda, que a medula óssea, por algum
motivo, está com sua capacidade de produção suprimida.
É bastante comum a observação de Leucopenia em doenças infecciosas
como Parvovirose e Cinomose em cães e Panleucopenia Felina em gatos,
nestes casos por exemplo, observa-se Linfopenia marcada e o retorno dos
linfócitos visto em exames de sangue seriados, é um bom sinal, indicando
melhora no prognóstico.
Em grande parte dos casos em que há Leucocitose, principalmente nos mais graves e que
perduram por mais tempo, é possível que se observe inicialmente uma Leucocitose
severa e que com o tempo, devido à demanda excessiva, haja exaustão dos estoques
celulares disponíveis e diminuição consequente da produção na medula óssea,
resultando agora, em uma Leucopenia.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 053
Neutrofilia
É o aumento da contagem de Neutrófilos no sangue.
Os neutrófilos geralmente são as primeiras células de defesa a serem
recrutadas em casos de inflamação e infecção, podendo o aumento
acontecer também em decorrência de estresse (corticosteroides
endógenos/exógenos ou adrenalina).
Apesar de ter sua função bactericida mais reconhecida, os neutrófilos tem
capacidade de matar/inativar fungos, leveduras, algas, parasitas e até
vírus.
Uma resposta imunológica anormal ou uma condição subjacente que está
afetando a produção, liberação ou função dos neutrófilos pode causar
alterações no que se diz respeito à predominância de células jovens e
maduras no sangue. Essa alteração recebe o nome de "Desvio".
Desvio à Esquerda
Termo que se refere ao aumento no número de neutrófilos jovens na
corrente sanguínea, os Bastões ou Bastonetes. Pode ser visualizado em
casos mais intensos, Mielócitos e Metamielócitos.
Essa alteração recebe este nome devido ao Diagrama de Schilling, que
estabeleceu que as células mais jovens localizam-se à esquerda do
diagrama.
A extensão do desvio à esquerda é um indicativo da severidade da
doença, sendo assim, quanto mais grave a doença maior o desvio, em
contrapartida a magnitude da contagem das células reflete a capacidade
da medula óssea em continuar suprindo a demanda de defesa do
organismo, o que é positivo.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 054
Desvio à Direita
Neutrófilos Hipersegmentados
NEUTROFILIA
Desvio à
Segmentados
Esquerda
Glicocorticóides
Inflamação
Estresse
Inflamação HAC Infeções Inflamação Estéril
Corticoterapia Bacterianas Pancreatite
Terapia com Fúngicas Corpo Estranho
ACTH Protozoáricas Neoplasia
Virais Efeito
Catecolaminas Parasitárias Corticosteróide
Infeções
Necrose imunomediado
Bacterianas
Fúngicas Hemólise
Resposta Luta ou
Protozoáricas Isquemia
Fuga
Virais Queimadura Neoplasias
Administração
Parasitárias Neoplasia
Catecolaminas
Inflamação Estéril (Adrenalina;
Pancreatite Epinefrina;
Corpo Estranho Dopamina)
Estéril Convulsões
Neoplasia Parto
Imunomediada
Neoplásicas
Necrose
Hemólise
Isquemia Leucemia
Queimadura Granulocítica
Paraneoplásica
Outras
Anemia Regenerativa
Deficiência de adesão
leucocitária canina
Filgrastim
Toxicose por Estrógeno
Metabólicas (Uremia;
Cetoacidose Diabética)
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 057
Neutropenia
Caracteriza-se pela diminuição do número de neutrófilos no sangue,
aparecendo geralmente em casos mais graves.
Ocorre por 3 causas distintas, sendo elas:
Sobrevivência Diminuída
Infecção Bacteriana Aguda
Septicemia
Produção Diminuída
Infecções Agudas (Bacteriana; Viral e Riquétsias como Erlichia)
Granulopoiese Ineficaz Aumentada
FeLV
Mieloptise
Leucemia Linfóide ou Mielóide
Inflamação Anafilaxia
NEUTROPENIA
Eosinofilia
Caracteriza-se pelo aumento do número de eosinófilos na corrente
sanguínea, aparecendo geralmente em quadros de reações de
hipersensibilidade, imunomediadas e inflamatórias.
Os tecidos com maior concentração de eosinófilos apresentam contato
com o meio externo, exigindo vigilância constante, são eles:
Pele
Pulmões
Trato Gastrointestinal
Vista frequentemente em quadros de:
Parasitismo (Vermes Pulmonares e Gastrintestinais; Ectoparasitismo)
Hipersensibilidade (DAPE; Atopia; H.A.)
Neoplasias
Eosinopenia
Caracteriza-se pela diminuição do número de eosinófilos na corrente
sanguínea.
Este achado no hemograma não tem grandes implicações clínicas, umas
vez que os valores de referência para sua normalidade são baixos.
EOSINÓFILOS
Eosinopenia
Eosinofilia
Outras
Parasitismo Hipersensibilidade
Trauma de Tecidos Glicocorticóides
Moles
Síndrome Urológica
Dirofilariose Atopia
Felina Estresse (Físico ou
Ancilostomíase DAPE
Cardiomiopatia Neurogênico)
Diptalonemíase Alergia Alimentar
Falência Renal HAC
Aeroestrongilus Panosteíte Canina
Hipertireoidsimo Corticoterapia
Ascaridíase Asma
Estro Terapia com ACTH
Spirocerca Quadros Respiratórios
Doenças Fúngicas
Strongilóides Eosinofílicos
Desordens de
Paragonimus Complexo Granuloma
Mastócitos
Trichuris Eosinofílico Felino
Idiopática
Ectoparasitas Inflamação Aguda
Deficiência de
Cortióides
Aplasia/Hipoplasia
Medular
Neoplasia
Inflamação
Síndrome Paraneoplásica
Síndromes Hipereosinofílicas Leucemia Eosinofílica
Miosite Eosinofílica Mastocitoma
Gastroenterite Eosinofílica Linfoma
Panosteíte Eosinofílica Tumores Sólidos
Complexo Granuloma Desordens Mieloproliferativas
Eosinofílico Felino
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 061
Atopia Parto
Linfocitose
Caracteriza-se pelo aumento do número de linfócitos na corrente
sanguínea.
Geralmente filhotes menores de 6 meses, pode apresentar contagem de
linfócitos mais elevada do que os adultos, de forma fisiológica. É
importante ressaltar que nestes animais ou em animais adultos, a
vacinação pode aumentar o número de linfócitos circulantes.
Qualquer estimulação antigênica, pode resultar em linfocitose, como em
casos de agentes infecciosos e inflamaçã crônica (Erliquiose p.ex.).
Hipersensibilidade Radiação
LINFÓCITOS
LINFOCITOSE LINFOPENIA
Estimulo Antigênico
Prolongado
Monocitopenia
Caracteriza-se pela diminuição do número de monócitos na corrente
sanguínea.
Não é um achado relevante durante a análise do leucograma, uma vez que
os intervalos de referência podem baixar à zero células.
MONÓCITOS
MONOCITOSE MONOCITOPENIA
Glicocorticóides Inflamação
Clinicamente Irrelevante
Estresse (Físico ou
Neurogênico)
Hiperadrenocorticismo
Infeções
Corticoterapia
Bacterianas
Terapia com ACTH
Piometra
Abcessos
Peritonites
Piotórax
Osteomielite Necrose
Prostatite Hemólise
Outras Fúngicas Isquemia
Blastomicose Queimadura
Histoplasmose Neoplasia
Leucemia Criptococose Trauma
Monocítica ou Coccidiose Lesões Graves por
Mielomonocítica Protozoáricas Esmagamento
Neutropenia Virais
Imunomediada Parasitárias
Hematopoiese Dirofilariose
Cíclica Mycoplasmose
Filgrastim Inflamação Estéril
Pancreatite
Corpo Estranho
Estéril
Neoplasia
Imunomediada
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 066
Basofilia
Caracteriza-se pelo aumento do número de Basófilos na corrente
sanguínea.
Esta alteração é frequentemente vista associada à Eosinofilia, porém pode
acontecer também de forma isolada, sendo mais comum nos casos de
doença mieloproliferativa crônica.
Basopenia
Assim como nos Monócitos, não é um achado relevante durante a análise
do leucograma, uma vez que os intervalos de referência podem baixar à
zero células.
É muito mais comum não encontrar basófilos no leucograma do que
observar estas células durante a análise.
Eczemas Tuberculose
BASÓFILOS
BASOFILIA BASOPENIA
Drogas
Hipersensibilidade
Heparina
Penicilina Clinicamente Irrelevante
Dermatite
Pneumonite Neoplasias
Granuloma Eosinofilico
Gastroenterite
Mastocitomas
Doenças
Mieloproliferativas de
Parasitismo Felinos
Granulomatose
LLinfomatoide
Pulgas Trombocitopenia
Carrapatos Essencial
Ancilostomíase Leucemia Basofílica
Dirofilariose Policitemia Vera
Diptalonema
Outros
Hiperlipidemia
Anafilxia
PLAQUETAS
PARTE 3
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 068
Plaquetas
Trombocitopoiese
As plaquetas são produzidas exclusivamente na medula-óssea a partir de
uma célula única, a "Stem Cell", há diferenciação deste para um precursor
multipotente que se diferencia consecutivamente em Unidade Formadora
de Explosão Megacariocítica e de acordo com o que se mostra na imagem
a seguir:
Função Plaquetária
As principais funções das plaquetas se dividem em grupos distintos com o
mesmo objetivo final, a hemostasia primária. Fala-se um pouco sobre
essas funções a seguir:
1. Adesão: Quando ocorre uma lesão nos vasos sanguíneos, as plaquetas
são ativadas e aderem à parede do vaso danificado. Isso forma uma
base sólida para a formação do coágulo.
2. Liberação: Após a adesão, as plaquetas liberam substâncias químicas,
como o fator de crescimento plaquetário (PDGF) e o fator de
coagulação von Willebrand, que ajudam a atrair mais plaquetas para
o local da lesão.
3. Agregação: As plaquetas se ligam entre si através de receptores na
superfície celular, formando uma agregação ou aglomerado. Essa
ação colabora para a formação do tampão plaquetário, que é uma
estrutura temporária que impede o sangramento contínuo.
4. Formação do coágulo: O processo de adesão, liberação e agregação
resulta na formação do coágulo de plaquetas, que é uma massa
gelatinosa que ajuda a estancar o sangue na área danificada do vaso
sanguíneo.
Trombocitopenia
Diminuição da
Produção
Ocorre em consequência de alterações medulares, onde as células
precursoras se encontram diminuídas (Megacariócitos em menor
número). Geralmente nestes casos, a trombocitopenia cursa em conjunto
com a diminuição de outras células (Pancitopenia), sendo indicado
Mielograma para melhor esclarecimento diagnóstico.
Tem como causas comuns:
Mieloptise: Células Neoplásicas; Mielofibrose
Drogas: Quimioterápicos; Estrógeno; Antibióticos; Antifúngicos
Fase Crônica de Doenças Infecciosas: Erliquiose p.ex.
Redução Plaquetária de forma isolada: Produção defeituosa de
Trombopoetina (Raro)
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 071
Mielograma
O mielograma é um procedimento em que se coleta uma amostra de medula óssea do
animal para avaliar a produção e maturação das células sanguíneas. É realizado em cães
e gatos com suspeita de distúrbios sanguíneos, anemias ou alterações na contagem de
células. A amostra é obtida por meio de uma punção óssea em epífise dos ossos longos,
regiões do íleo, crista ilíaca, borda acetabular ou esterno, e é analisada ao microscópio
para identificar possíveis anormalidades.
Destruição
Plaquetária
Sequestro
Plaquetário
Processo no qual as plaquetas são retiradas da circulação sanguínea e
acumulam-se em tecidos e órgãos, reduzindo sua quantidade no sangue
periférico.
Pode ocorrer em diferentes condições, como esplenomegalia (aumento
do baço), tumores e distúrbios do sistema imunológico. O baço é um
órgão importante nesse processo, pois atua como um filtro sanguíneo,
capturando e removendo as plaquetas defeituosas ou envelhecidas
(Fagocitose Esplênica).
Os Megacariócitos se encontram nestes casos em níveis normais a
aumentados.
Tem como causas comuns:
Esplenomegalia
Hepatomegalia
Hipotermia (Baixa temperatura gera vasoconstrição e consequente
redirecionamento sanguíneo para órgãos vitais; ocorre retenção no
baço com diminuição da contagem de plaquetas)
Endotoxemia
Neoplasia
Perda de
Plaquetas
Ocorre em quadros de perda massiva de sangue, seja por traumatismo,
cirurgia ou outras situações que levem a hemorragias graves.
Nesses casos, as plaquetas são perdidas juntamente com o sangue,
levando à diminuição da contagem sérica. Os megacariócitos se
encontram em valores aumentados na medula óssea.
Tem como causas comuns:
Perda Massiva de Sangue
Acidentes Traumáticos
Cirurgias Extensas
Transfusão Sanguínea Imcompatível
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 073
Pseudotrombocitopenia
TROMBOCITOPENIA
ESFREGAÇO
SANGUÍNEO
Mielograma
(Megacariócitos Normais/Aumentados)
Nova Coleta de Sangue
Mielograma
(Megacariócitos Diminuídos)
Diminuição da
Produção
Esplenomegalia Perda Massiva de Sangue
Neoplasia Transfusão Sanguínea
Hipoplasia Megacariocítica Inflamação Imcompatível
Imunomediada Congestão
Aplasia Medular Idiopática Torção Esplênica
Hipoplasia Megacariocítica Hepatomegalia
Induzida por Drogas: Hipotermia
Estrógeno Endotoxemia Mielograma
Neoplasia (Megacariócitos Aumentados)
Beta-Lactâmicos
Quimioterápicos
Antifúngicos
Mieloptise (Neoplasias;
Mielofibrose)
Trombocitopenia Cíclica Destruição Plaquetária Consumo Plaquetário
Retrovírus (FeLV)
Erliquiose Crônica
Infecções Vasculite
Leishmaniose
Erliquiose Coagulação Intravascular
Leucemias
Babesiose Disseminada (CID)
Leishmaniose Hemorragias
Leptospirose Síndrome Hemolítico-
Punção de Medula Óssea Endotoxemia Urêmica
Detecção de Patógenos Trombocitopenia Neoplasias
Titulação de Predisposição Racial
Imunomediada (TIM) Hemangioma
Neoplasias Hemangiossarcoma
Hemangioma Infecções
Hemangiossarcoma Erliquiose
Detecção do Patógeno Sepse Viral ou Fúngica Babesiose
Histórico de Transfusão Doenças Virais Leishmaniose
Histórico de Drogas utilizadas Cinomose Leptospirose
Exames de Imagem
Parvovirose Drogas
Coagulograma
Citologia Esplênica; Linfonodos Hepatite Infecciosa
Histopatologia Coronavírus Felino
FeLV
FIV
Panleucopenia Felina
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 075
Trombocitose
Trombocitose
Reativa
Trombocitose
Primária
TROMBOCITOSE
ESFREGAÇO
SANGUÍNEO
REPETIÇÃO DA REPETIÇÃO DA
COLETA/CONTAGEM E COLETA/CONTAGEM E
PLAQUETAS AUMENTADAS PLAQUETAS NORMAIS
Trombocitose Reativa
Trombocitose Primária
Mielograma
Exames de Imagem
Detecção de Patógenos
Sorologias
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 077
Trombocitopatias Adquiridas
1. Doença Renal com Uremia
Adesividade plaquetária reduzida ao endotélio.
2. Coagulação Intravascular Disseminada (CID)
Produtos de degradação da fibrina envolvem as plaquetas,
reduzindo sua capacidade de aderência. Há também, bloqueio
dos receptores de fibrinogênio, com consequente redução da
agregação.
3. Disproteinemias (Mieloma Múltiplo ou Macroglobulinemia)
Diminuem a aderência por afetarem a membrana plaquetária.
4. Drogas
AINES; Aspirina; Sulfonamidas; Penicilinas; Ibuprofeno
bioquímica
sérica
PROTEÍNAS
PLASMÁTICAS
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 079
Proteínas Plasmáticas
Albumina
É a proteína plasmática mais abundante no sangue de cães e gatos. Ela
desempenha várias funções essenciais, como:
Regulação da Pressão Osmótica (Manutenção de líquido dentro dos
vasos sanguíneos)
Transporte de Hormônios, Fármacos e Nutrientes
Manutenção do equilíbrio Ácido-base
Reservatório de íons Ca²⁺ e Mg²⁺
Antioxidante
Manutenção da viscosidade do sangue
Proteção contra infecções
Ação anti-inflamatória
Suporte na Cicatrização de Feridas
Participação na coagulação sanguínea
A Albumina é sintetizada no fígado e catabolizada por tecidos
metabolicamente ativos, sendo ela, a maior reserva orgânica de proteína.
A dosagem da albumina sérica é utilizada na avaliação do estado
nutricional e presença de problemas de saúde, como desidratação,
doenças renais ou hepáticas, e processos inflamatórios.
São causas comuns de alterações quantitativas de Albumina:
Globulina
Classe de proteínas plasmáticas encontradas no sangue de cães e gatos,
que desempenham diversas funções essenciais no organismo, incluindo:
Transporte de hormônios, Enzimas e Anticorpos.
Resposta Imunológica
Coagulação Sanguínea
Transporte de Lipídeos
Atividade Antioxidante
Equilíbrio Osmótico
Transporte de Íons (Ferro e Cobre)
Resposta a Inflamação
As globulinas são produzidas principalmente no fígado e em partes nas
células plasmáticas do baço e linfonodos, em resposta a estímulos como
inflamação, infecção ou presença de antígenos.
A quantificação das globulinas é obtida através da diferença de
concentração entre Albumina/Proteínas Totais, sendo um importante
parâmetro bioquímico utilizado para avaliar a saúde do animal e auxiliar
no diagnóstico de diversas doenças
Valores elevados ou diminuídos de globulinas podem indicar diferentes
condições de saúde, e uma avaliação clínica completa é fundamental para
determinar a causa e instituir o tratamento adequado.
São causas comuns de alterações quantitativas das Globulinas:
Alterações Quantitativas
Hipoalbuminemia + Hipoglobulinemia
Geralmente esta alteração é resultado de Hiperidratação (PD;
Fluidoterapia Intravenosa Excessiva) ou quando há perda proporcional de
frações das duas proteínas (Hemorragias; Enteropatias; Dermatites e
Efusões).
Hipoalbuminemia Isolada
Geralmente esta alteração é resultado de uma menor produção ou maior
perda de Albumina. Quando há Diminuição da Albumina sérica com
aumento de Globulina sérica, o nível de Proteínas Totais poderá ser visto
em níveis normais.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 082
Esta alteração pode ser vista geralmente em quadros de:
Insuficiência Hepática
Caquexia ou Inanição
Parasitismo Gastrintestinal
Má digestão/Má absorção intestinal
Inflamação
Doenças Glomerulares
Queimaduras
Sepse/Endotoxemia
Hemorragias
Enteropatia Perdedora de Proteína
Hipoglobulinemia Isolada
Geralmente esta alteração é resultado de uma menor concentração de
Beta e Gamaglobulinas, devido à diminuição na concentração de
imunoglobulinas, sendo visto geralmente em quadros de:
Falha na transferência de Imunidade Passiva
Não ingestão do Colostro
Imunodeficiência Adquirida ou Hereditária
FIV
FeLV
Cinomose
Imunodeficiência Combinada Grave
Síndromes
Imunodeficiência em Gatos Persas
Deficiência de IgM em Gatos
Tipos de Globulinas
As α-globulinas possuem duas frações distintas: a α1, de migração rápida, e a α2,
de migração mais lenta. A maioria dessas proteínas é sintetizada no fígado e
desempenha funções específicas, como o transporte de substâncias como tiroxina,
lipídios, insulina e cobre, além de atuarem na inibição de enzimas digestivas como
tripsina e quimotripsina, e na regulação de processos de coagulação. Suas
concentrações diminuem em hepatopatias, malnutrição e síndrome nefrótica, e
aumentam em doenças inflamatórias agudas.
Hiperalbuminemia + Hiperglobulinemia
Geralmente esta alteração é resultado de um quadro de Desidratação,
onde a diminuição do componente líquido, resulta no aumento relativo
de ambas as frações proteicas.
Nestes casos, como as duas frações estão "concentradas", não há
observação de aumento na Razão A/G.
Pode-se ainda observar, como já visto anteriormente, devido à
desidratação, uma hemoconcentração com valores de Hematócrito
aumentados.
Hiperalbuminemia Isolada
Geralmente esta alteração é vista em animais com quadros de
Desidratação, nestes casos, a diminuição do componente líquido, resulta
no aumento relativo do teor de albumina.
É raro que ocorra um aumento importante na concentração de albumina
sem um aumento na concentração de globulinas; isso deve ser
considerado como um erro laboratorial ou, raramente, como uma
produção de albumina por um tumor hepático.
A Hiperalbuminemia é vista portanto em:
Desidratação
Artefatos (Lipemia ou Hemólise)
Tumor Hepático (Raro)
Hiperglobulinemia Isolada
Geralmente esta alteração é vista em quadros de Inflamação/Infecção;
Neoplasias; Doenças Virais, Bacterianas; entre outros.
A relevância do aumento, dependerá de qual tipo de globulina está
aumentada e qual a magnitude deste aumento. A técnica utilizada para
esta avaliação é a Eletroforese das Proteínas Séricas, sendo um exame
não tão difundido e de acesso restrito em algumas localidades.
A Hiperglobulinemia é vista portanto em quadros de:
Inflamação Aguda/Crônica
Estimulação Antigênica Crônica (Vírus; Bactérias; Fungos e
Protozoários)
Doença Hepática
Neoplasias (Linfomas; Mieloma Múltiplo; Plasmocitoma)
Desidratação
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 084
PROTEÍNAS
PLASMÁTICAS
ALBUMINA GLOBULINA
Desidratação
Desidratação Imunodeficiência 1ª ou 2ª Fisiológico (Neonatos)
Lipemia/Hemólise Hemorragias Doenças Infecciosas
Tumor Hepático (Raro) Coagulopatias Bacterianas
Traumas Endocardite
Neoplasias Gastrintestinais Bacteriana
Ulcerações Gastrintestinais Fúngicas
Perda de Proteínas Histoplasmose
Nefropatias Coccidioidomicose
Diminuição da Enteropatias Parasitárias
Aumento da Perda
Ingestão Neonatos (Consumo Insuficiente Demodiciose
ou nulo de Colostro) Dirofilariose
Escabiose
Aumento da Permeabilidade Vascular Protozoárias
Vasculite Má Absorção Leishmaniose
Sepse Má Nutrição Normal em Greyhounds Toxoplasmose
PIF Má Digestão Criptosporidiose
Leishmaniose Rickétsias
Queimaduras Erliquiose
Aumento da Perda Renal Diminuição da Virais
Proteinúria Glomerular Produção FIV
Alteração de Função FeLV
Corticoterapia PIF
Febre Alergias
Hipertensão Hepatite crônica Autoimunes
Exercício Intenso Neoplasia Hepática Poliartrites
Alteração Estrutural Lipidose Hepática Imunomediadas
Deposição Imunocomp. Shunt Portossistêmico Complexo Pênfigo
Doenças Autoimunes AHIM
Lúpus Eritematoso TIM
Infecções Persistentes Lúpus Eritematoso
Dirofilariose Sistêmico
Leishmaniose Neoplasia
Borreliose Linfoma
Erliquiose Crônica
FIV
PIF
Neoplasias
Linfoma
Proteinúria Pré-Glomerular
Mieloma Múltiplo
Plasmocitoma
Hemoglobinúria
Mioglobinúria
Proteinúria Pós-Glomerular
Renal Tubular
Renal Intesrticial
Hematúria
Piúria
Aumento da Perda Intestinal
Enteropatia Perdedora e Proteínas
Hemorragias
Coagulopatias
bioquímica
sérica
GLICOSE
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 086
Glicose
Metabolismo da Glicose
Alterações Quantitativas
Hipoglicemia
Situação onde a concentração de Glicose Sérica se encontra abaixo de 60
mg/dL.
Os sinais clínicos de hipoglicemia geralmente aparecem quando a
Glicemia se apresenta 15 a 20 mg/dL abaixo da normalidade, podendo
haver variação de animal pra animal.
Animais hipoglicêmicos geralmente apresentam fraqueza, ataxia,
convulsões, cegueira e comportamentos bizarros, sendo que a depender
da causa base, estes sinais pode ser intermitentes ou persistentes.
HIPOGLICEMIA
HISTÓRICO
Sinais
Exercícios
Ingestão de Toxinas Gastrointestinais Animais Jovens Raças Toy
Extenuantes
Crônicos
EXAME FÍSICO
Febre; Hipovolemia;
Bradicardia; Alterações de
Taquicardia; Dor Hepatomegalia Icterícia
Hipovolemia Desenvolvimento
Abdominal;
Hipotensão
HEMOGRAMA; BIOQUÍMICA
SÉRICA;URINÁLISE
Hiperglicemia
Situação onde a concentração de Glicose Sérica ultrapassa o limite
superior de referência.
Os sinais clínicos de Hiperglicemia aparecem somente quando o limiar
renal de reabsorção tubular é ultrapassado, o que acontece em:
Gatos com 200-280 mg/dL
Cães com 180-200 mg/dL
Animais hiperglicêmicos geralmente apresentam Poliúria com Polidpsia
compensatória. Os outros sinais apresentados, geralmente vem da doença
de base (Hiperadrenocorticismo e Diabetes Mellitus, p.ex.)
Medicamentos Pancreatite
Hiperadrenocorticismo Feocromocitoma
Hipertireoidismo Hepatopatias
Infecções Neoplasias
Diestro Iatrogenias
HIPERGLICEMIA
Retestar após
Retestar em Jejum Urinálise Frutosamina
Adptação
HIPERGLICEMIA
*Confirmar com Frutosamina
POR ESTRESSE
Aumentada
TCE HIPERGLICEMIA
Corticóides VERDADEIRA
Progestágenos
Suplementação de
Glicose Histórico; Exame Físico; Hemograma;
Nutrição Parenteral Bioquímica Sérica; Urinálise; Frutosamina
Hiperadrenocorticismo
FRUTOSAMINA
A frutosamina é uma substância que reflete os níveis médios de glicose no sangue
ao longo de um período de duas a três semanas. Portanto, um aumento nos níveis
de frutosamina está associado a um aumento persistente e prolongado dos níveis
de Glicose no sangue durante esse período.
bioquímica
sérica
FUNÇÃO RENAL
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 093
Rins
Os rins, componentes essenciais do sistema urinário, desempenham um
papel crítico na manutenção da homeostase do corpo. O parênquima
renal, a estrutura funcional dos rins, é composto por cerca de um milhão
de unidades microscópicas chamadas néfrons.
Os néfrons são verdadeiros arquitetos da filtragem e regulação. Cada
néfron contém um glomérulo, uma rede emaranhada de capilares que
atua como um filtro inicial. O processo de filtração glomerular permite que
substâncias como água, eletrólitos e pequenas moléculas sejam
segregadas do sangue para formar o filtrado primário.
Esse filtrado, então, passa pelo complexo sistema tubular, composto por
túbulos contorcidos proximais, alça de Henle, túbulos contorcidos distais
e ductos coletores. Durante a jornada pelos túbulos, ocorre reabsorção
seletiva de nutrientes vitais, eletrólitos e água, garantindo a retenção do
que é necessário para o corpo e a excreção do que é dispensável.
A função glomerular, centrada no glomérulo, é crucial para a filtração
inicial do sangue, permitindo que componentes essenciais passem para o
filtrado. A função tubular, em contrapartida, envolve processos complexos
de reabsorção e secreção nos túbulos, refinando ainda mais o filtrado e
mantendo o equilíbrio eletrolítico, ácido-base e hídrico.
Portanto, os rins desempenham um papel multifacetado, atuando como
um sistema de filtragem e regulação que impacta diretamente a
composição química do sangue e a excreção de resíduos metabólicos. Seu
correto funcionamento é essencial para a saúde e bem-estar de cães e
gatos, e a avaliação dos parâmetros renais fornece insights cruciais para o
diagnóstico e o tratamento de uma variedade de condições clínicas.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 094
Ureia
A ureia é um composto nitrogenado resultante do metabolismo das
proteínas e aminoácidos no fígado. Sua formação começa com a
degradação de aminoácidos, que geram amônia, uma substância tóxica
para o organismo. A amônia é então convertida em ureia no ciclo da ureia,
um processo que ocorre no fígado e permite a eliminação segura do
excesso de nitrogênio.
A ureia é transportada pelo sangue até os rins, onde é filtrada pelos
glomérulos e excretada na urina. Portanto, a concentração sanguínea de
ureia reflete tanto a eficiência do metabolismo de proteínas no fígado
quanto a função de filtração dos rins. O teste de ureia sanguínea é
frequentemente usado para avaliar a função renal e a saúde geral de um
animal.
Valores elevados de ureia no sangue, conhecidos como uremia, podem
indicar problemas renais, hepáticos ou dietéticos, entre outras condições.
Baixos níveis de ureia sanguínea são menos comuns e podem estar
relacionados a uma dieta pobre em proteínas ou a condições metabólicas
específicas.
A dosagem da ureia sanguínea é uma ferramenta valiosa no diagnóstico e
monitoramento de distúrbios metabólicos, contribuindo para a avaliação
da saúde renal e geral do paciente.
Principais Causas de Elevação da Ureia Sanguínea
Obstrução Trato
Aumento da Síntese Diminuição Fluxo Renal Lesão Renal Aguda
Urinário
Hemorragia
Hipotensão e Choque Infarto Renal Prostatomegalia
Gastrointestinal
Aumento da Pressão
Febre Glomerulonefrite Ruptura de Bexiga
Osmótica
Aplicação Corticoides e
Hipertireoidismo Neoplasias Renais Cetoacidose Diabética
Tetraciclina
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 095
Creatinina
A creatinina é um resíduo metabólico produzido a partir da quebra da
creatina nos músculos. Ela é filtrada pelos glomérulos renais e excretada
na urina, tornando-se um marcador crucial da função renal. A
concentração sanguínea de creatinina é um indicador direto da taxa de
filtração glomerular, refletindo a capacidade dos rins de remover
substâncias indesejadas do sangue.
Os testes de creatinina sanguínea são amplamente usados para avaliar a
função renal e detectar precocemente possíveis problemas renais. Valores
elevados de creatinina no sangue podem indicar disfunção renal,
insuficiência renal aguda ou crônica, entre outras condições. Também é
uma importante ferramenta no acompanhamento de pacientes com
doença renal, permitindo ajustes no tratamento.
A medição da creatinina sanguínea oferece informações essenciais para o
diagnóstico precoce e o monitoramento de doenças renais e metabólicas,
proporcionando uma visão abrangente da saúde dos rins e do corpo como
um todo.
Prostatomegalia
Hipotensão e Choque Infarto Renal
(Cães)
Insuficiência Cardíaca
Nefrite Tóxica Fraturas de Pelve
Congestiva
COMPOSTOS
NITROGENADOS
CREATININA UREIA
Superhidratação
Desidratação AZOTEMIA PU/PD
Lipemia/Hemólise HAC
Tumor Hepático (Raro) Diabetes insipidus
Baixa Ingestão de Proteína
Má nutrição/ Má absorção
Disfunção Hepática
Pré-Renal Renal Pós-Renal Shunt Portossistêmico
Cirrose
Deficiência Ciclo da
Ureia
Obstrução Ureteral Síndrome de Secreção
Desidratação Doença Renal Crônica Obstrução Uretral Inapropriada de ADH
Hipovolemia Nefrite Intersticial Prostatomegalia (Cães) Gestação
Doença Cardíaca Congestiva Glomerulonefrite Urolitíase
Hipocortisolismo Pielonefrite Neoplasias
Hipoalbuminemia Fibrose Renal Extra-Renal
Fratura Pélvica
Hipertireoidismo Amiloidose Renal (Apenas ↑Ureia)
DTUIF
Febre Nefrolitíases Ruptura de Bexiga
Catabolismo Tumores Renais
Exercícios Extenuantes Cistos Renais (Gatos)
Dieta Lesão Renal Aguda
Excesso de Proteína Nefrotoxinas Hemorragia
Deficiência de Carboidrato Isquemia Renal Gastrintestinal
Neoplasia Aumento do Catabolismo
Trauma Febre
Nefrite Intersticial Drogas
Nefrite Tóxica Tetraciclinas
Glomerulonefrite Corticóides
Pielonefrite Dieta muito Proteica
Diabetes Mellitus
Febre Ofegância
(Insulinoterapia)
Diabetes Insipidus
Poliúria sem Polidpsia Hiperadrenocorticismo
(Poliúria)
Hiponatremia
Situação onde a concentração de Sódio se encontra abaixo dos valores de
normalidade. Tal evento está geralmente ligado a uma perda de sódio
excedente à perda de água e ou a um aumento do conteúdo líquido
corpóreo.
A Hiponatremia normotônica (pseudohiponatremia) se refere a baixas
concentrações de Na medidas em pacientes hiperproteinêmicos ou
hiperlipidêmicos que não têm hiponatremia, nestes casos há
deslocamento de volume e diminuição da porcentagem do soro ou do
plasma, que basicamente é água.
A Hiponatremia translocacional ocorre devido à presença de outras
substâncias no plasma que aumentam a osmolalidade. Substâncias
tônicas e osmolares que não atravessam facilmente as membranas
celulares retiram água do compartimento intracelular para o extracelular,
diluindo o sódio presente. Em situações em que a glicose não consegue
entrar nas células devido à falta de insulina ou sua ação, a hiperglicemia
leva à hiponatremia translocacional.
A hiponatremia hipo-osmolar acontece devido ao aumento no volume de
água ou à diminuição do nível de sódio. O aumento no volume de água
ocorre quando a eliminação renal de água livre ou urina diluída é afetada,
ou quando a ingestão de água ultrapassa a capacidade máxima de
eliminação renal. Embora a ingestão excessiva de água seja pouco
comum, ela pode ocorrer em casos de polidipsia psicogênica. Com o
aumento da ingestão de água, tanto a osmolalidade da urina quanto a do
plasma diminuirão.
Hipocortisolismo
Terapia com Diuréticos Polidpsia Psicogênica
(Doença de Addison)
Insuficiência Cardíaca
Infusão de Soluções Hipotônicas Aumento da secreção de ADH
Congestiva
SÓDIO
HIPERNATREMIA HIPONATREMIA
ABSOLUTA RELATIVA
ABSOLUTA
RELATIVA (Sódio diminuído) (Volume Plasmático
(Sódio aumentado)
(Volume Plasmático Reduzido) Aumentado)
Perda de Fluidos
Hipotônicos Absorção de Fluidos
Hipotônicos
Intoxicação por Sal Aumento da
Reabsorção
Iatrogênico
Hiperaldosteronismo Terceiro Espaço Polidpsia Psicogênica
Ascite Iatrogênico
(Fluidoterapia)
Efusão Torácica
Terapia Intravenosa
com Solução Gastrintestinal
Hipertônica Aumento da
Reabsorção de Água
Vômito
Diarréia
Renal
Consumo de Água
Inadequado Excreção Inadequada
Hipoadrenocort.
Iatrogênico
Diuréticos Iatrogênico
Falta de acesso Diuréticos
Oligodpsia Primária
Reativa
(Estímulo de Barorreceptores)
Perda de Fluidos
Hipotônicos Hepatopatias
Insuficiência
Cardíaca
Excreção de Outras
Partículas
Terceiro Espaço Gastrintestinal Renal Osmoticamente Ativas
Hipocortisolismo
Terapia com Diuréticos Polidpsia Psicogênica
(Doença de Addison)
Insuficiência Cardíaca
Infusão de Soluções Hipotônicas Aumento da secreção de ADH
Congestiva
CLORO
HIPERCLOREMIA HIPOCLOREMIA
RELATIVA
ABSOLUTA RELATIVA ABSOLUTA
(Volume Plasmático
(Cloro aumentado) (Volume Plasmático Reduzido) (Cloro diminuído)
Aumentado)
Perda de Fluidos
Hipotônicos Absorção de Fluidos
Hipotônicos
Intoxicação por Sal Aumento da
Reabsorção
Iatrogênico
Hiperaldosteronismo Terceiro Espaço Polidpsia Psicogênica
Ascite Iatrogênico
(Fluidoterapia)
Efusão Torácica
Terapia Intravenosa
com Solução Gastrintestinal
Hipertônica Aumento da
Reabsorção de Água
Vômito
Diarréia
Renal
Consumo de Água
Inadequado Excreção Inadequada
Hipoadrenocort.
Iatrogênico
Diuréticos Iatrogênico
Falta de acesso
Oligodpsia Diuréticos
Primária Reativa
(Estímulo de
Barorreceptores)
Perda de Fluidos
Hipotônicos Hepatopatias
Insuficiência
Cardíaca
Excreção de Outras
Partículas
Terceiro Espaço Gastrintestinal Renal Osmoticamente Ativas
Diuréticos
Privação de Água Trilostano
(Espironolactona)
Diabetes Mellitus/Cetoacidose
Acidose Síndrome de Lise Tumoral
Diabética
Hipocalemia
A Hipocalemia ocorre quando os níveis de potássio estão abaixo dos
valores normais. Isso pode ser causado por uma série de fatores, incluindo
perdas excessivas de potássio devido a vômitos, diarreia ou uso excessivo
de diuréticos. Também pode ser resultado de deficiência dietética,
problemas renais, alcalose metabólica ou hiperinsulinismo.
Os sintomas de Hipocalemia podem variar e incluem fraqueza muscular,
fadiga, arritmias cardíacas, constipação e, em casos graves, paralisia
muscular.
POTÁSSIO
HIPERCALEMIA HIPOCALEMIA
Pseudohipercalemia Fluidoterapia
Aumento da Captação
Intravenosa
Aumento da Celular
pobre/livre de
Absorção Trombocitrose Potássio
(>1.000.000) Nutrição Troca por H+
Leucocitose Parenteral Alcalose
Iatrogênico
(>100.000) Diuréticos de Terapia com
Cães Akita Alça Bicarbonato
Terapia Aumento de Insulina
Hemólise
Intravenosa com Insulinoterapia
Solução Rica em
Potássio
Alteração de Redução Ingestão
Translocação
Anorexia
Aumento da Perda
Diminuição da Aumento da Liberação
Captação Celular Celular
Renal
Deficiência de Troca por H+ Gastrintestinal
Insulina (DM) Acidose Hipoadrenocort.
Destruição Iatrogênico
Tecidual Diuréticos Vômito
Síndrome de Diarréia
Lise Tumoral
Síndrome de Renal
Reperfusão
Trauma
Secundário a Outras
Diminuição da Nefropatia Primária
Influências
Excreção Urinária
Hipomagnesemia
A Hipomagnesemia é uma condição caracterizada pela diminuição dos
níveis de magnésio no sangue.
As principais causas de hipomagnesemia em cães e gatos incluem: Má
absorção Intestinal; Insuficiência Renal; Hipercalcemia; Diabetes Mellitus;
Medicamentos (Diuréticos, Anti-hipertensivos), entre outros.
Os sintomas de hipomagnesemia podem variar e incluem fraqueza
muscular, tremores, convulsões, ataxia (dificuldade de coordenação dos
movimentos), ritmo cardíaco irregular e até mesmo alterações no
comportamento.
O tratamento da Hipomagnesemia depende da causa subjacente. Em
alguns casos, ajustes na dieta podem ser suficientes para corrigir os níveis
de magnésio. Em situações mais graves, pode ser necessária a
administração de suplementos de magnésio por via oral ou intravenosa.
Medicamentos (Cisplatina;
Insuficiência Renal Hipercalcemia
Aminoglicosídeos; Insulina)
MAGNÉSIO
HIPERMAGNESEMIA HIPOMAGNESEMIA
Iatrogênico Medicamentos
Iatrogênico
Outros
Lactação
Pancreatite Aguda
Administração de Insulina
Excesso de Catecolaminas
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 110
Cálcio (Ca)
O cálcio é um mineral essencial no organismo de cães e gatos,
desempenhando papéis vitais em várias funções fisiológicas. No sangue, o
cálcio existe em duas formas principais: cálcio total e cálcio ionizado.
O cálcio total refere-se à quantidade total de cálcio presente no sangue,
incluindo o cálcio ligado a proteínas, principalmente à albumina. No
entanto, apenas o cálcio ionizado, que é a forma livre e ativa do mineral, é
biologicamente ativo e responsável por realizar diversas funções. O cálcio
ionizado é crucial para a transmissão nervosa, contração muscular,
coagulação sanguínea e integridade óssea.
As medições de cálcio total e cálcio ionizado são importantes para avaliar
a saúde do animal. A hipoproteinemia, que é a redução das proteínas no
sangue, pode resultar em níveis de cálcio total artificialmente baixos,
mesmo que o cálcio ionizado esteja normal. Por outro lado,
hipoproteinemia pode levar a níveis de cálcio ionizado baixos, indicando
hipocalcemia real.
Portanto, é essencial interpretar os resultados dessas medições em
conjunto.
Hipercalcemia
A Hipercalcemia é uma condição caracterizada pelo aumento anormal dos
níveis de cálcio no sangue, afetando cães e gatos. Essa disfunção
eletrolítica pode ser resultado de diversas causas subjacentes, sendo
essencialmente associada a desequilíbrios metabólicos ou patologias
subjacentes.
A Hipercalcemia pode levar a uma série de sintomas e complicações,
exigindo diagnóstico e tratamento adequados, sendo os mais comuns:
Letargia, Anorexia, Vômitos, PU/PD, Fraqueza Muscular.
As causas mais comuns de hipercalcemia em cães são malignidade,
hipoadrenocorticismo, hiperparatireoidismo primário e doença renal
crônica. Linfoma e adenocarcinoma das glândulas apócrinas do saco anal
são as duas causas mais comuns de hipercalcemia relacionada à
malignidade.
Causas menos comuns de hipercalcemia incluem hipervitaminose D
(toxicidade por vitamina D), doenças granulomatosas, desidratação,
animais jovens saudáveis e erro laboratorial.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 111
Hipocalcemia
A hipocalcemia é uma condição caracterizada pela diminuição dos níveis
de cálcio no sangue.
As causas da hipocalcemia podem ser diversas e podem estar relacionadas
a distúrbios em diferentes sistemas do corpo. Uma das principais causas
de hipocalcemia em cães e gatos é a diminuição da função da glândula
paratireoide, que produz o hormônio paratireoidiano (PTH) responsável
por regular os níveis de cálcio. Isso pode ocorrer devido a doenças como
hipoparatireoidismo primário ou secundário.
Além disso, distúrbios intestinais que afetam a absorção de cálcio, como
pancreatite ou má absorção intestinal, podem levar à hipocalcemia. Em
fêmeas lactantes, a eclâmpsia (tetania da lactação) é uma causa comum
de hipocalcemia. Nesses casos, a demanda aumentada de cálcio durante a
lactação pode superar a capacidade do organismo de fornecer cálcio
suficiente.
Os sintomas de hipocalcemia podem variar e incluem tremores
musculares, convulsões, fraqueza, rigidez, inquietação, aumento da
frequência cardíaca e até mesmo colapso. Em casos graves, a
hipocalcemia pode levar a convulsões graves e potencialmente fatais.
CÁLCIO
HIPERCALCEMIA HIPOCALCEMIA
Diminuição Cálcio
Doenças Aumento da Diminuição de Cálcio Ionizado e Cálcio
Granulomatosas Renovação Óssea Total Total
Deficiência de
Aumento da
Proteína para
Tuberculose Crescimento Necessidade
Transporte
Histoplasmose Osteosarcoma
Blastomicose Consolidação Hipoalbuminemia
Criptococose de Fraturas
Sarcoidose Osteomielite
DII (Crohn) Consumo aumentado
Lactação
Gestação devido à formação de
Hipervitaminose D Complexos ou Sais
Pancreatite
Transfusão
Endocrinopatias Sanguínea com
Intoxicação por Citrato
Renal
Vitamina D
Hiperparatireoidismo
Doenças Diminuição da
Primário
Granulomatosas Absorção
Hipoadrenocorticism Hipoparatireoidismo
o Lesão Renal Aguda
Doença Renal Crônica
Aumento de Proteínas
Outros
Relacionadas ao PTH
Gastrintestinal
Neoplasia Idiopático (Gatos)
Carcinoma de Saco Doença Renal
Anal Hiperlipidemia
Linfoma Cães Jovens
Hipovitaminose D Síndrome de Má-absorção
Mieloma Múltiplo Erros Laboratoriais
Carcinoma Pulmonar Hiperproteinemia
Carcinoma Mamário
Osteosarcoma Dieta Pobre em Vit. D Enteropatia Perdedora
DRC (Avançada) de Proteínas
Parasitas
Gastrintestinais
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 113
Fósforo (P)
O Fósforo sérico é um parâmetro bioquímico crucial que desempenha um
papel essencial em várias funções vitais do organismo de cães e gatos.
Este mineral desempenha um papel fundamental na formação e
manutenção dos ossos e dentes, na produção de energia celular (como
parte do ATP), na regulação do pH sanguíneo e na ativação de diversas
enzimas metabólicas.
A concentração de fósforo no sangue é cuidadosamente regulada pelo
corpo, sendo controlada principalmente pelos hormônios
paratireoidianos, pelo hormônio da vitamina D (Calcitriol) e pelos
hormônios da tireoide.
A avaliação dos níveis séricos de fósforo é uma ferramenta importante no
diagnóstico e monitoramento de distúrbios metabólicos, doenças renais e
outras condições de saúde. O tratamento visa abordar a causa subjacente
do desequilíbrio do fósforo e pode envolver ajustes na dieta, uso de
suplementos ou medicamentos específicos.
Hiperfosfatemia
Distúrbio caracterizado pelo aumento anormal dos níveis de fósforo no
sangue, é uma condição que pode afetar cães e gatos, muitas vezes
indicando desequilíbrios metabólicos ou doenças subjacentes.
As causas da Hiperfosfatemia podem variar e são frequentemente
relacionadas ao mau funcionamento dos rins. Nos casos de doença renal
crônica, os rins podem não ser capazes de filtrar adequadamente o
fósforo, resultando em seu acúmulo no sangue. Isso pode ocorrer tanto
em cães quanto em gatos. Outras doenças renais agudas ou crônicas,
como a glomerulonefrite, também podem contribuir para a
Hiperfosfatemia.
Além das doenças renais, outras condições como: hiperparatireoidismo,
uso excessivo de suplementos de fósforo e dietas ricas em fósforo também
pode contribuir para a Hiperfosfatemia. Além disso erros de manuseio de
amostras como Hemólise e atraso na remoção do soro após a coleta
podem gerar uma pseudo-hiperfosfatemia.
Animais jovens e em crescimento apresentam concentrações séricas de
fósforo mais altas, devendo-se usar referências próprias para a idade.
Os sintomas da Hiperfosfatemia podem variar dependendo da causa
subjacente e da gravidade do distúrbio, raramente causa sinais clínicos
sozinha, estando estes presentes quando há associação com
hipocalcemia.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 114
Hipofosfatemia
A Hipofosfatemia, que se refere a uma redução anormal dos níveis de
fósforo no sangue, é uma condição clínica que pode afetar cães e gatos.
O fósforo desempenha um papel crucial em muitos processos biológicos,
incluindo a formação de ossos e dentes, produção de energia,
funcionamento muscular e função renal. Portanto, níveis
inadequadamente baixos de fósforo podem ter efeitos significativos no
organismo destes animais.
Pode ser causada por várias razões, incluindo: Má absorção, Excreção
Renal aumentada, Nutrição Inadequada, Uso de medicamentos, Distúrbios
Hormonais.
Os sintomas da Hipofosfatemia aparecem geralmente quando há uma
grande alteração e incluem: Hemólise, Dificuldade Respiratória e
Anormalidades neurológicas.
Hipercalcemia Associada à
Hiperparatireoidismo Primário Cetoacidose Diabética
Malignidade
Administração de Bicarbonato
Glicose Intravenosa Diuréticos
de Sódio
FÓSFORO
HIPERFOSFATEMIA HIPOFOSFATEMIA
Diminuição Absorção
ABSOLUTA RELATIVA Alteração de
Intestinal
Translocação
Pseudohiperfosfatemi
Fluidoterapia
a Insulinoterapia
Intravenosa
Aumento da pobre/livre de (Cetoacidose Diabética)
Absorção Armazenamento Síndrome de
Potássio
prolongado da Nutrição Realimentação
amostra Parenteral Antiácidos (Hidróxido de
Iatrogênico
Hemólise Diuréticos de Alumínio)
Alça Terapia com Corticóides
Intoxicação Vit. D
Enema rico em Aumento da Perda
Fosfato Pelos Rins
Alteração de
Translocação
Hiperparatireoidismo
Primário
Aumento da Liberação
Celular Neoplasias
Destruição Celular
Carcinoma Mamário
Massiva (Trauma)
Carcinoma Prostático
Síndrome de Reperfusão
Carcinoma de Células
Osteólise
Escamosas
Hemólise
Fibrossarcoma
Linfossarcoma
Diminuição da Mieloma Múltiplo
Excreção Urinária
Osteossarcoma
Funções Hepáticas
Síntese e Estocagem
Além de criar substâncias vitais para a funcionalidade e estrutura das
células do corpo, os hepatócitos também produzem albumina,
fibrinogênio, α e β-globulinas, lipoproteínas e colesterol. O glicogênio, um
composto de glicose, é sintetizado (glicogênese) e retido nos hepatócitos,
sendo liberado quando a demanda do organismo aumenta (glicogenólise).
O mesmo ocorre com as reservas de gordura do fígado. Além disso, o
fígado estoca e produz vitaminas como A, D, K e o complexo B. Ainda que a
principal função dos hepatócitos seja a síntese e secreção de proteínas,
parece que não há armazenamento significativo de proteínas no fígado,
elas são lançadas na corrente sanguínea conforme são sintetizadas.
O fígado também produz todos os fatores de coagulação, com exceção do
fator VIII e do cálcio.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 118
Secreção e Excreção
As funções de excreção do fígado estão ligadas à criação e liberação de
substâncias na bile (função exócrina do fígado). Os principais
componentes da bile são os sais biliares, compostos principalmente de
sais de sódio e potássio, ácido glicocólico e ácido taurocólico.
O ácido cólico, derivado do colesterol, é conjugado com glicina e taurina
para formar os sais biliares. Eles ajudam na emulsificação das gorduras no
intestino delgado, criando complexos solúveis em água com os lipídios
para facilitar a absorção e ativar as enzimas digestivas.
A bilirrubina é um pigmento biliar formado a partir do metabolismo da
hemoglobina. Ela é conjugada com ácido glicurônico por meio da
glicuronil-transferase nos hepatócitos. Embora a bilirrubina seja
responsável pela coloração das secreções exócrinas dos hepatócitos, a
conjugação deste pigmento é uma importante função detoxificante.
Biotransformação
O organismo produz diversos compostos biologicamente ativos
(hormônios, metabólitos) e também pode absorver toxinas ou receber a
administração de drogas. Muitos destes compostos são processados pelo
fígado, o qual modifica sua toxicidade, reduzindo sua atividade ou
promovendo sua eliminação.
Embora esses processos sejam tipicamente conhecidos como
detoxificação, nem sempre resultam na neutralização total dos compostos
em questão. Algumas vezes, devido a certas atividades hepáticas, algumas
drogas podem até se tornar mais tóxicas após sua metabolização.
A biotransformação ocorre principalmente nos hepatócitos, abrangendo o
retículo endoplasmático liso, a mitocôndria e o citosol. Esses processos
podem ser divididos em reações sintéticas e não-sintéticas. As reações
sintéticas envolvem a conjugação de substâncias a compostos reativos
endógenos como glicuronato, ácido acético, sulfatos ou aminoácidos. Já
as reações não-sintéticas incluem reações oxidativas, redutoras e
hidrolíticas.
O fígado também produz enzimas responsáveis pela excreção de resíduos
proteicos, como a amônia, na forma de uréia. A atividade fagocitária das
células de Kupffer complementa a ação biotransformadora dos
hepatócitos.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 119
Metabolismo
O fígado é central em todas as fases do metabolismo de carboidratos,
proteínas e lipídios. A gliconeogênese, que envolve a síntese de glicose a
partir de aminoácidos glicogênicos, e a regulação dos intermediários do
ciclo do ácido láctico são aspectos cruciais do metabolismo de
carboidratos nos hepatócitos.
A maior parte da oxidação de gorduras ocorre nos hepatócitos. A formação
de corpos cetônicos também é um processo hepático.
O metabolismo proteico compreende várias reações. A desaminação e a
produção de acetoacetatos são essenciais na síntese de lipídios
(aminoácidos cetogênicos) e carboidratos (aminoácidos glicogênicos).
O fígado é capaz de sintetizar aminoácidos não essenciais, e tanto o fígado
quanto outros tecidos podem converter um aminoácido em outro através
da transaminação. A alanina amino transferase (ALT) é uma enzima
hepato-específica nos carnívoros, usada para avaliar danos hepáticos,
uma vez que é liberada por hepatócitos danificados. A formação de uréia
nos hepatócitos é um meio de excreção de resíduos nitrogenados. A uréia
também contribui para o mecanismo de contracorrente nos rins, afetando
assim a concentração de urina.
Embora o fígado tenha um papel passivo no armazenamento de vitaminas,
sua função hepática e a secreção de bile são fundamentais para a
absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) no trato intestinal. O fígado
também desempenha um papel ativo no metabolismo da vitamina D.
Hematopoiese
O fígado desempenha um papel crucial na hematopoiese durante o
desenvolvimento fetal, onde é responsável pela produção de células
sanguíneas. No entanto, após o nascimento, a medula óssea se torna o
principal local de hematopoiese nos animais adultos. No fígado fetal,
ocorre a formação temporária de células sanguíneas, como glóbulos
vermelhos e brancos, até que a medula óssea esteja completamente
desenvolvida.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 120
Insuficiência Cardíaca
Lipidose Hepática Diabetes Mellitus
Congestiva Direita
Alanina
Aminotransferase
(ALT)
↑ ALT ↓ALT
Miosite Alterações
Doença Primária Doença Hepática Crônica
(Toxoplasmose; Extra-hepáticas
Variação Normal
Lúpus Eritematoso)
Deficiência Nutricional
Trauma Muscualr
Hepatite/Colangite Sepse Zinco
(Exercício
PIF Febre Vitamina B6
Extenuante)
FIV/FeLV Choque Hiperglicemia por
Linfoma Obstruções Biliares Estresse (Gatos
Carcinoma Pancreatite Gestação
Artefato Nutrição Inadequada
Hepatocelular Disfunção da Barreira
Lipidose Hepática Intestinal
Hemólise Drogas Endocrinopatias
Lipemia AINES Hipotireoidismo (C)
Doxiciclina Hipertireoidismo (G)
Fenobarbital Diabetes Mellitus
Metronidazol HAC
Paracetamol Hipoxemia
Corticóides Anemia
Toxinas ICCD
Aflatoxinas
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 123
Insuficiência Cardíaca
Lipidose Hepática Diabetes Mellitus
Congestiva Direita
Aspartato
Aminotransferase
(AST)
↑ AST ↓AST
Miosite Alterações
Doença Primária Doença Hepática Crônica
(Toxoplasmose; Extra-hepáticas
Variação Normal
Lúpus Eritematoso)
Deficiência Nutricional
Trauma Muscualr
Hepatite/Colangite Sepse Zinco
(Exercício
PIF Febre Vitamina B6
Extenuante)
FIV/FeLV Choque Hiperglicemia por
Contrações
Linfoma Obstruções Biliares Estresse (Gatos
Musculares
Carcinoma Pancreatite Gestação
(Tétano;
Hepatocelular Disfunção da Barreira Nutrição Inadequada
Convulsões)
Miocardite Lipidose Hepática Intestinal
Infarto Drogas Endocrinopatias
AINES Hipotireoidismo (C)
Artefato Doxiciclina Hipertireoidismo (G)
Fenobarbital Diabetes Mellitus
Ibuprofeno HAC
Hemólise
Paracetamol Hipoxemia
Verdadeira
Corticóides Anemia
Armazenament
Toxinas ICCD
o prolongado
Aflatoxinas
da Amostra.
Lipemia
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 125
Enzimas de Colestase
Regeneração Óssea
Obstrução Biliar Doenças Ósseas
(Consolidação de Fraturas)
Fosfatase Alcalina
(FA)
↑ FA ↓FA
Iatrogênico Atividade
Dano Hepático ou às
Fenobarbital Osteoclástica Hipofosfatemia
Células do Ducto Biliar
Aumentada Hipotireoidismo
Glicocorticóide
s Corticosteróides (Uso Prolongado)
HAC Crescimento
Normal em
Artefato
Filhotes
Osteossarcoma
Hemólise Osteomieolite
Lipemia Consolidação de
Fraturas Doença Hepática Secundário à causas
Primária Extrahepáticas
Outras
Gama-Glutamiltransferase (GGT)
Gama-Glutamil
Transferase
(GGT)
↑ GGT ↓GGT
Lipemia
Alterações
Doença Primária Deficiência Congênita
Extra-hepáticas
Hipomagnesemia
Hipotireoidismo
Colangiohepatite Neoplasia de Ductos
Hepatite Crônica Biliares
Cirrose Colecistite
Doença do Colelitíase
Armazenamento de Diabetes Mellitus
Cobre (C) Hérnia Diafragmática
PIF Mucocele de VB
Lipidose Hepática (G) HAC
Neoplasia Hepática Hipertireoidismo (G)
Hemangiossarcom Neoplasia Pancreática
a Pancreatite
Carcinoma ICCD
Hepatocelular Sepse
Linfoma
Carcinoma
Metastático
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 130
Bilirrubina
Icterícia
As principais causas de icterícia em cães e gatos estão relacionadas ao
aumento dos níveis de bilirrubina no sangue, seja pela produção excessiva
da mesma ou por dificuldades no processamento e eliminação dessa
substância. Essas causas podem ser divididas em três categorias
principais:
Pré-Hepáticas:
Anemias hemolíticas: Quando há destruição aumentada dos
glóbulos vermelhos, o fígado não consegue processar toda a
bilirrubina resultante da degradação da hemoglobina.
Doenças genéticas: Algumas condições hereditárias podem afetar
a produção ou degradação da hemoglobina, levando a um
aumento da bilirrubina no sangue.
Hepáticas:
Hepatite: Inflamação do fígado que pode resultar em disfunção
hepática e acúmulo de bilirrubina.
Cirrose: Cicatrização do tecido hepático, que interfere na função
do fígado.
Esteatose hepática: Acúmulo de gordura no fígado, afetando seu
funcionamento.
Doenças genéticas: Algumas condições hereditárias podem afetar
o metabolismo da bilirrubina no fígado.
Pós-Hepáticas:
Obstrução biliar: Cálculos biliares ou tumores podem bloquear os
ductos biliares, impedindo a eliminação adequada da bilirrubina.
Doenças dos ductos biliares: Condições que afetam os ductos
biliares podem causar acúmulo de bilirrubina.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 133
ICTERÍCIA
AHIM Miosite
Babesiose Trauma Ligado ao aumento do Fator
Micoplasmose de Necrose Tumoral Alfa (TNF-
α)
Sepse
PIF
Intravascular
Ácidos Biliares
Ácidos biliares são compostos essenciais no processo de digestão e
absorção de gorduras no trato gastrointestinal dos cães e gatos. Eles
desempenham um papel crucial na emulsificação das gorduras, o que
permite sua quebra e absorção eficaz. Além disso, os ácidos biliares
também têm um papel importante na função hepática e na excreção de
produtos de resíduos do metabolismo.
São sintetizados no fígado a partir do colesterol e secretados na bile,
sendo armazenados na vesícula biliar. Durante a digestão, eles são
liberados no intestino delgado, onde auxiliam na digestão e absorção das
gorduras. Após cumprir seu papel na digestão, os ácidos biliares são
reabsorvidos no íleo terminal do intestino e retornam ao fígado pelo
sistema porta-hepático, onde são novamente secretados na bile. Esse ciclo
de recirculação dos ácidos biliares é conhecido como "circulação entero-
hepática dos ácidos biliares".
A medição dos níveis de ácidos biliares no sangue é uma ferramenta
importante na avaliação da função hepática e do metabolismo lipídico em
cães e gatos. Valores elevados de ácidos biliares séricos podem indicar
disfunção hepática ou obstrução das vias biliares.
As principais situações em que os ácidos biliares podem estar aumentados
incluem:
1. Anormalidades da circulação porta (p. ex., shunt portossistêmico,
displasia microvascular hepatoportal, shunt adquirido secundário à
cirrose hepática grave). Nesses casos, o sangue é desviado dos
hepatócitos, prejudicando a depuração de primeira passagem dos
ácidos biliares oriundos de circulação porta; assim, os ácidos biliares
alcançam a circulação sanguínea sistêmica.
2. Redução da massa hepática funcional. Esse é um importante fator em
várias doenças hepáticas difusas (p. ex., hepatite, necrose,
hepatopatia por glicocorticoide) que resultam em lesão de
hepatócitos suficiente para prejudicar a absorção de ácidos biliares do
sangue portal.
3. Menor excreção de ácidos biliares na bile. Isso pode ser decorrente de
colestase hepática ou póshepática de qualquer causa (obstrução,
tumefação de hepatócitos, neoplasia, inflamação), colestase funcional
ou associada à sepse, ou extravasamento do ducto biliar ou da
vesícula biliar.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 137
Ponto-Chave:
Os ácidos biliares são estáveis no soro, em temperatura ambiente, por
vários dias;
A mostra de soro pode ser congelada;
Dependendo do método utilizado, a hemólise pode resultar em falsa
diminuição da concentração de ácidos biliares;
A lipemia pode ocasionar falso aumento do teor de ácidos biliares;
Teores de ácidos biliares > 20 μmol/ℓ, na amostra de jejum, e > 25 μmol/ℓ
na amostra pósprandial são muito específicos de doença hepática em cães
e gatos.
Concentrações de ácidos biliares < 5 μmol/ ℓ , na amostra de jejum, são
normais em cães e gatos; teores entre 5 e 20 μmol/ ℓ sugerem doença
hepática.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 138
ÁCIDOS BILIARES
AUMENTO DIMINUIÇÃO
Diminuição da
Drogas
Excreção
Colestiramina
Artefato Bezafibrato
Hepatite
Atraso Esvaziamento Gástrico
Hepatite Infecciosa
Hepatopatia Má absorção
Lipemia Leptospira
Cirrose Hepática Tempo de Trânsito Intestinal
Hemólise PIF
Neoplasia Hepática Acelerado
FeLV
Linfoma
FIV
Lipidose Hepática
CAV-1
Colestase
Toxoplasma
Diminuição da Colelitíase
Colangite Linfocítica
Remoção do Sangue Tumores
Portal Colangiohepatite
Pancreatite
HAC (C)
Glicocorticóides
Shunt Portossistêmico Hipertireoidismo (G)
Adquirido Diabetes Mellitus
Congênito
Fisiológico
Pós Prandial
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 139
Amônia
A amônia é um subproduto do metabolismo de aminoácidos no organismo
e é normalmente processada e eliminada pelo fígado. No entanto, em
condições de disfunção hepática, os níveis de amônia no sangue podem
aumentar, levando a complicações graves.
Os hepatócitos são os principais responsáveis pelo metabolismo da
amônia no fígado. A amônia é convertida em ureia no ciclo da ureia, um
processo pelo qual a amônia é detoxificada e transformada em um
composto menos tóxico, que é então eliminado pelos rins na urina.
Qualquer comprometimento na função hepática pode resultar em um
acúmulo de amônia no sangue, causando hiperamonemia.
A elevação dos níveis de amônia no sangue está associada a uma série de
condições, incluindo cirrose, hepatite, insuficiência hepática aguda ou
crônica e até mesmo porto-sistêmica shunt (PSS). A amônia em excesso no
corpo pode ter efeitos neurotóxicos graves, afetando o sistema nervoso
central e levando a sintomas neurológicos, como desorientação, letargia,
convulsões e até coma, em casos mais graves.
A mensuração dos níveis séricos de amônia é fundamental para avaliar a
função hepática. Testes sanguíneos de amônia podem ser realizados para
detectar hiperamonemia. No entanto, é importante considerar que os
níveis de amônia podem flutuar e ser influenciados por fatores como
idade, dieta, jejum, estresse e medicamentos. Portanto, uma única leitura
de amônia pode não ser definitiva, e é aconselhável considerar outros
testes hepáticos e clínicos em conjunto para obter um diagnóstico mais
preciso.
Shunt Portossistêmico
Neoplasia Hepática Dietas Hiperprotéicas
(Adquirido/Congênito)
Deficiência de Arginina
Cirrose Hepática Uremia
(Gatos)
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 140
AMÔNIA
AUMENTO DIMINUIÇÃO
Outros Drogas
Difenidramina
Artefato Enemas
Dieta Rica em Proteína
Hemorragia Intestinal Lactulose
Desordem no Ciclo da Ureia Probióticos
Amostra de Sangue
Deficiência de Cobalamina Aminoglicosídeos
Antiga/Não Fresca
Causas Hepáticas
Desvio Hepático
Drogas
Sais de Amonio
Asparaginase
Diuréticos
Reconsidere o
Mensuração de
Elevada Normal diagnóstico, ou se
Amônia em Jejum
houver alto índice de
suspeição, considere
Outros indicativos de Shunt ou a medição de ácidos
Não
Insuficiência Hepática? biliares em pares ou
Sim
testes provocativos
Evidência de Doença Não (amônia pós-
Gastrointestinal; prandial, teste de
US Abdomen
Proteinúria tolerância à amônia)
TC Abdomen Sim
RM Abdomen
Mensuração de
ÁcidosBiliares Normal
Normal
(Pré e Pós Prandial)
Baixa
Muito Elevado
Colesterol e Triglicérides
Hiperlipidemia Primária
Obstrução de Ducto Biliar Inanição (Com Obesidade)
(Schnauzer Miniatura)
Fatores de Coagulação
Tempo de Tromboplastina
Parcial Ativada (TTPa)
Fibrinogênio
Coagulação Intravascular
Deficiência Vitamina K Deficiência Fatores II; V; VII; X
Disseminada
Coagulação Intravascular
Deficiência de Fibrinogênio Terapia com Heparina
Disseminada
Distúrbios Inflamatórios
Neoplasias Doenças Hepáticas
Crônicos
Da Coleta ao Resultado
Analítica
Pré-Analítica
Pós-Analítica
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 151
Fase Pré-Analítica
Fase Analítica
Fase Pós-Analítica
Procedimento de Coleta
Sangue Total
A amostra deve ser colhida de veia jugular (preferencialmente),
cefálica ou safena.
Mantenha sempre a propoção entre EDTA e sangue, pois o excesso de
EDTA pode levar a alteração de células sanguíneas e o excesso de
sangue (e falta de EDTA) pode levar a formação de coágulos.
O VOLUME IDEAL de amostra é de 3 a 5 ml em tubo de tamanho
normal, e de 0,5 ml em microtubos.
A coleta deve ser feita da maneira mais rápida possível para que se
evite a formação de coágulos ainda na seringa.
Retire a agulha antes de transferir o sangue da seringa, retire a tampa
e deixe o sangue escorrer pela parede do tubo.
Inverta o tubo em movimentos suaves por 5 a 10 vezes até que a
amostra seja corretamente homogeneizada com o EDTA.
Essa amostra deve ser armazenada por no máximo 48h em
temperatura de 2° a 8°C (temperatura de geladeira).
Nunca congele a amostra. Não coloque a amostra em contato direto
com gelox ou gelos recicláveis.
Plasma Sanguíneo
Porção do Sobrenadante do sangue total após sua centrifugação.
Amostra Ideal para determinação dos Fatores de Coagulação.
A centrifugação da amostra é realizada no laboratório.
Soro Sanguíneo
Parte do sangue separada após coagulação sanguínea.
Amostra Ideal para Eletrólitos, proteínas, lipidograma, enzimas,
sorologia, imunosorologia, metabólitos e microelementos.
Puncionar a veia jugular e colher amostra de no mínimo 2 ml - 5 ml.
Deixe a amostra coagular naturalmente em temperatura ambiente.
Evite a hemolise da amostra. ATENÇÃO: tempo de garrote, calibre da
agulha, pressão do êmbolo e posterior manipulação
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 155
Bioquímicos
Colher por punção venosa 2 a 5 mL de sangue.
Retire a agulha e transfira o material para um tubo com ativador de
coágulo (gel – tampa amarela) ou tubo seco (tampa vermelha).
Manter a amostra sob refrigeração (2 a 8 °C).
Para dosagens de glicose e ácido lático, utilizar tubo com fluoreto
(tampa cinza).
Quando a amostra não puder ser encaminhada no mesmo dia ao
Laboratório, aguardar a coagulação da amostra em temperatura
ambiente, centrifugar e transferir o soro ou plasma para um tubo seco
ou tipo eppendorf, identificar e congelar
Testes de Hemostasia
Colher por punção venosa cerca de 5 ml de sangue.
Retire a agulha e transfira o material para um tubo com Citrato de
sódio (tampa azul).
Homogeneizar a amostra com delicadeza e mantê-la sob refrigeração
imediata.
Enviar a amostra imediatamente ao Laboratório. Na impossibilidade
disto, centrifugar e acondicionar o plasma em tubo seco ou tipo
eppendorf e congelar em até 30 minutos.
Hormônios
Esse tipo de exame requer uma amostra de soro.
Coletar de 3 ml a 5 ml de sangue. Tubos com volume insuficiente ou
com excesso de sangue alteram a proporção correta de
sangue/anticoagulante, podendo levar a hemólise e resultados
incorretos.
Após a coleta de amostras em tubos sem anticoagulante, mantê-las
em temperatura ambiente por 20-30 min para permitir a formação e
retração do coágulo.
Caso as amostras com ou sem anticoagulante não puderem ser
encaminhadas ao laboratório entre 2 a 3 horas após a coleta, estas
deverão ser refrigeradas.
Guia Prático de Interpretação de Exames Laboratoriais na Rotina de Cães e Gatos 156
Requisição de Exames
Armazenamento e Envio
Referências Bibliográficas
HARTMANN, Katrin; BERG, Gregor; BERG, Stefanie. Rule Outs in Small Animal
Medicine: Problem-oriented Assessment of Problems in Physical Examination and
Clinical Pathology. Schlütersche Verlagsgesellschaft mbH & Company KG, 2019.
ETTINGER, Stephen J.; FELDMAN, Edward C.; CÔTÉ, Etienne (eds.). Textbook of
Veterinary Internal Medicine: Diseases of the Dog and the Cat. 8. ed. St. Louis,
Missouri: Elsevier, 2017.
LOPES, Sonia Terezinha dos Anjos; BIONDO, Alexander Welker; SANTOS, Andrea
Pires dos (colaboradores); EMANUELLI, Mauren Picada (et al.). Manual de Patologia
Clínica Veterinária. 3. ed. Santa Maria: UFSM/Departamento de Clínica de Pequenos
Animais, 2007.
SCHREY, C. F. Handbook of Symptoms in Dogs and Cats. 3. ed. Editora 5m, 2017.
GUIA PRÁTICO DE
INTERPRETAÇÃO
DE EXAMES
LABORATORIAIS
Método completo e simplificado
Guia Prático de Dermatologia em Cães e Gatos 159
GUIA PRÁTICO DE
INTERPRETAÇÃO
DE EXAMES
LABORATORIAIS
Método completo e simplificado
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