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Toxoplasmose em

Animais Domésticos
Profª Ana Aparecida Boing Robl
anabrobl0312@gmail.com
Toxoplasmose

• Coccidiose dos felídeos


• Toxoplasma gondii
• Parasita intracelular obrigatório
• Afeta animais homeotérmicos
• Antropozoonose
Etiologia

Possui três formas infectantes

• Taquizoítos ou Forma proliferativa

• Bradizoítos ou Forma encistada

• Oocisto
Etiologia

Taquizoítos

• Fase aguda da infecção


• Multiplicação rápida em cls
nucleadas
• Parasitemia: sg, secreções, excreções
• Estágio invasivo e proliferativo
• Reprodução assexuada
Etiologia

Bradizoítos ou Merozoíto

• Fase crônica → Cápsula do cisto


tecidual
• Localizados no SNC,
musculoesquelético, globo
ocular
• Estresse desencadeia a ruptura
do cisto
Etiologia
Esporozoítos ou Oocisto
• Formas de resistência e de
disseminação para humanos e animais.
• Apresenta parede dupla com
resistência às condições do meio
ambiente por 2 anos.
• Produzidos nas células intestinais dos
felídeos e eliminado nas fezes.
• Eliminação de 100.000 oocistos/g de
fezes
• Esporulação em 1-5 dias.
Etiologia
Esporozoítos ou Oocisto
• Os felídeos, domésticos e selvagens, são os únicos
hospedeiros a produzir oocistos.
• Infecção ocorre pela ingestão dos oocistos
esporulados (esporozoíto dentro do oocisto)
• Sensíveis a temperaturas externas (56°C 15min,
congelamento)
• Resistentes ao cloro
Etiologia
Distribuição Geográfica

Mundial

• Uma das zoonoses mais disseminadas


• Maior incidência → Regiões tropicais
• Condições socioeconômicas
• Temperatura e umidade
• Infecção é comum, porém a doença é rara
• 1/3 da população humana possui AC
• Forma congênita
• Indivíduos imunossuprimidos
Prevalência em Humanos

Mundial
• 13%

Brasil
• 50 - 67%
• São Paulo 73%
• Rio de janeiro 81%
Prevalência em Humanos
Prevalência em Animais
Cães 20 – 91%

Gatos 80%
Epidemiologia
HD
• Felídeos → domésticos e silvestres
(ocorre reprodução sexuada)

• Eliminação dos oocistos - 10 – 14 dias


após a infecção

• Oocistos só esporulam no meio


ambiente - 1 – 5 dias
Epidemiologia
HD → Felinos

• Reservatórios para humanos


• Disseminam a infecção

Como se infectam????

• Ingestão de pássaros, pequenos mamíferos,


carne crua, oocistos de outros felinos
Epidemiologia
HI
• Produção de oocistos teciduais
• Todos os animais de sangue quente e sangue frio
Herbívoros / onívoros
• Ingerem oocistos
• Formação de cistos teciduais → bradizoítos
Carnívoros
• Ingerem cistos teciduais
• Liberam traquizoítos
Epidemiologia
Em humanos
• Hospedeiros acidentais
• Ingerem oocistos esporulados → feco-oral
• Ingerem cistos → bradizoítos (carnes cruas)
• A contaminação por traquizoítos pode ser através da
ingestão de leite, ovos; transplacentária, transfusão
de sangue, transplante de órgãos
• PPP
• Ingestão de carne → 10-23 dias
• Ingestão de oocistos → 5-20 dias
Ciclo Biológico nos Hospedeiros Definitivos

Período pré-
patente de 20 a 24
dias PPP
5 a 10
PPP dias
3a5
dias Oocisto
eliminado nas
Ingestão de
taquzoítos
fezes

Infecção
aguda

Oocisto não
Ingestão de
esporulado
bradizoítos
Transmissão
por
carnivorismo

Infecção
crônica
Esporogonia
De 1 a 5 dias

Ingestão de
oocistos
CADEIA
EPIDEMIOLÓGICA

18
Felídeos
• Fundamental na transmissão e manutenção do protozoário
em áreas endêmicas.
• Prevalências de 18 - 73% no Brasil em regiões de clima
quente e úmido
• No Mundo → 6 - 74%

• Na Primoinfecção ocorre a eliminação de centenas de


milhares ou milhões de oocistos nas fezes (Ciclo
enteroepitelial)
A eliminação dos oocistos tem início entre o terceiro e vigésimo
dia após a infecção e permanece por 7 a 15 dias. E ficam 12 e 18
meses no solo
Felídeos

• Os oocistos infectantes dificilmente ficam aderidos ao pelo


do animal, pois estes se os removem antes deles se
tornarem infectantes (DUBEY, 1995).

• Não alimentá-los com carnes, ou mal cozidas.

• Remover suas fezes diariamente e impedí-los de caçar.


Humanos
Zoonoses
• 70 a 95% da população humana esteja
infectada.

Ingestão de oocistos
• Manipulação de hortifrutigranjeiros e os
solo.
• Durante atividade de jardinagem.
• Entretenimento (caixas de areia em parques
e praças).
• Levarem a mão a boca sem higienização.
Humanos

Ingestão de cistos
• Ingestão de carnes de suínos e ovinos cruas ou
mal cozidas.
• Resistem semanas ao frio.
• Inativados em temperaturas de congelamento
(-12°C) por 24h.
• Aquecimento acima de 62°C/10min.
MODO MAIS COMUM DE INFECÇÃO PARA HUMANOS,
CÃES E GATOS OCORRE PELA INGESTÃO DE CARNES
CRUAS OU MAL COZIDAS
Humanos
Relacionadas principalmente:

✓ Presença do parasita nas células


musculares
✓ Neurônios
✓ Infecção congênita em mulheres
Humanos
Humanos
Animais Domésticos
Produção
• Perda econômicas significativas à pecuária
• Acomete animais mais velhos
• Localizados próximos a centro urbanos
• Presença de gatos domésticos ou selvagens que
coabitam com animais de produção.
• A presença dos felídeos é essencial para manutenção
do ambiente contaminado pelo protozoário.
• Pode indicar forte relação com a educação em saúde
dos habitantes ou ocupantes do estabelecimento
Animais Domésticos

Via congênita ou transplacentária:


• Ovelhas
• Cabras
• Porcas
• Vacas e éguas
• Outras possibilidades: Deposição de taquizoítos
pelo esperma; em caprinos a transmissão ocorre
pela ingestão de leite cru pelo cabrito,
transmitindo-se também desse modo para
humanos.
Animais Domésticos
Nos suínos:

• Sistema de criação (intensivo ou extensivo)


• Presença de lâmina d´água nas pocilgas
• Bebedouro tipo canaleta
• Áreas alagadiças nas propriedades
Animais Domésticos

Ovinos e caprinos são bastante susceptíveis:


• Ovinos: 7% a 51,8%
• Caprinos: 0 a 92,4%

• Abortamentos e neonatos debilitados


Fatores associados:
✓ Coabitação com felídeos aumenta a prevalência
✓ Cuidado com a carne e com o leite (taquizoítos)
✓ Ração (Alimento concentrado) → Ratos e felídeos
Aborto em ovinos
Sinais Clínicos em Felinos
• Raro apresentar sinais; podem ter
perda de peso, pneumonia,
encefalite, hipertermia, depressão,
anorexia, morte repentina, hepatite,
necrose do pâncreas, miosite,
miocardite.

• Animais jovens podem apresentar


hipertermia resistente ao
tratamento, letargia e anorexia.
Uveíte anterior ou posterior, uni ou
bilateral. Lesões oculares.
Sinais Clínicos

Cães
• Mais severo em filhotes; com distúrbios
respiratórios, ataxia e diarreia.
• Associação da toxoplasmose clínica com doenças
imunossupressoras. Pneumonia, hepatite e
encefalite.

Canários
• cegueira.
Sinais Clínicos

• Suínos → Pneumonia, miocardite, endocardite,


debilidade, fraqueza, ataxia, tosse e tremores; leitões
infectados – natimortos ou prematuros; leitões vivos
– febre, dispneia, perda de peso

• Bovinos → Sinais agudos com febre, dispneia, sinais


nervosos, Morte neonatal. Bezerros infectados
congenitamente; com febre, dispneia, tosse, espirros
e sinais neurológicos
Sinais Clínicos

• Ovinos e caprinos → 16% dos casos de abortamento


nessa espécie estão relacionados com infecções por
esse parasita. Depende da idade gestacional: grau de
lesão associado com o feto. Morte e reabsorção fetal,
mumificação fetal. Abortos nos 3-4 meses finais da
gestação.
• E ainda: febre, dispneia, tremores. Envolvimento
hepático, renal, pulmonar, da medula espinhal e do
cérebro.
Sinais Clínicos

• Equinos → Sinais neurológicos progressivos,


incoordenação motora, ataxia, cegueira, andar em
círculos, aborto, irritabilidade excessiva,
hipertermia, perda de apetite, prostração, diarreia,
secreção ocular mucosa e corrimento nasal seroso.
Diagnóstico

• Clínico: Pouco específico


• Informações epidemiológicas
• Diagnóstico parasitológico: Sangue, líquido
cefalorraquidiano, saliva, secreções nasal e ocular,
além de lavado peritoneal, medula óssea, infiltrados
cutâneos, baço e, especialmente, linfonodos.
• Bioensaio em camundongo (intraperitoneal)
• Pesquisa de oocistos nas fezes felinas - Flutuação
Diagnóstico

• RIFI
• ELISA
• FC (Fixação de Complemento)
• PCR
Diagnóstico
• Sorologia Pareada
• IgM → doença aguda, aumenta 2-4 semanas após a
infecção, negativo em 12 semanas
• IgG → doença crônica, aumenta 3 semanas após a
infecção, vários anos
Tratamento
• Sulfadiazina - 72 mg/kg(4 doses), associada ou não
à pirimetamina – 0,5 a 1 mg/kg/dia duas semanas;
cura clínica 2-3 dias; suplementação para reduzir a
toxidade ácido fólico e levedo de cerveja

• Cloridrato de Clindamicina (em pacientes alérgicos


às sulfonamidas) Gatos 10 – 12,5 mg/kg BID 2 a 4
semanas ; cão 10 – 20 mg/kg BID 2 semanas

• Em gatos com sinais sistêmicos → Febre, dores


musculares, uveíte → Pode se associar com
corticosteroides.
Prevenção

• Lavar as mãos com água e sabão após a


manipulação de fômites e carnes
• Evitar a ingestão de cistos e oocistos; cozinhar as
carnes 67°C
• Controle do acesso de gatos domésticos e felídeos
silvestres, contaminando frutas, legumes e verduras
com oocistos nas fezes.
• Evitar a ingestão de carne crua ou mal cozida que
possam albergar o cisto do protozoário.
Prevenção
• Gatos → Alimentar bem os animais com carne
cozida ou ração
• A desinfecção da caixa de areia deve ser realizada
por outra pessoa (que não a gestante) com água
fervente por 5 min, antes de proceder com a
limpeza.
• Uso de luvas é recomendado para evitar o contato
com as fezes do gato.
• Posse responsável → Gatos errantes, fracos e
doentes.
Prevenção
Prevenção

• Proteção de caixas/tanques de areia em escola


infantil, parques, playgrounds.

• Cuidado com gatos em fazenda com ovinos,


caprinos e suínos.

• Controle de vetores mecânicos moscas, formigas e


baratas.
Prevenção
Prevenção
• Mulheres grávidas (especialmente) devem evitar o
contato com gatos, solo ou carne crua.

• Gatos devem comer somente ração e/ou carne


cozida.

• Evitar que eles saiam de casa para caçar e revirar o


lixo.
Prevenção

• Não há vacina para humanos!


• Vacinação dos gatos → não existe no Brasil
• Evita eliminação de oocistos - deixa de ser fonte de
infecção
Prevenção

É importante enfatizar que o problema não é o


contato direto dos oocistos com as mãos, mas o
descuido de levar a mão contaminada até a boca.

• Deve-se evitar contato com membranas mucosas ao


manusear carne crua ou limpar caixas de areia
Prevenção

Nos rebanhos:
✓ Controle de gatos
✓ Controle populacional de animais e de roedores
• Armazenamento correto de rações e insumos
• Carcaças devem ser enterradas
• Não deve fornecer carne crua para os animais
• Testes sorológicos em propriedades com histórico
de abortamento.
Educação em Saúde

Papel do Médico Veterinário


• Prestar informações corretas sobre a doença
• Mecanismos de transmissão
• Medidas preventivas
• Evitar “preconceitos” em relação ao convívio com
animais

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