Você está na página 1de 42

Tristeza Parasitária

Bovina
Profª Ana Aparecida Boing Robl
anabrobl0312@gmail.com
Introdução

➢TPB; Pintura, Mal triste, Boca Branca, Amarelão, Febre do


Texas (EUA), Febre esplênica, Malária bovina, Água
vermelha
➢Complexo TPB provoca inúmeras perdas econômicas

• Queda na produtividade
• Despesas com tratamentos
• Morte dos animais acometidos
Estima-se que estas perdas cheguem a U$500 milhões anuais,
segundo levantamento do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (2002)
Características gerais
➢ Hemoparasitas intraeritrocitários Babesia bigemina

➢ Duas protozooses
➢ Uma Ricketssia

• Gênero Babesia
• Babesia bigemina
• Babesia bovis

• Gênero Anaplasma
• Anaplasma marginale
Anaplasma marginale
Características gerais
Ocorre em todas as regiões do Brasil

Tristeza parasitária bovina na região sul do Rio Grande do Sul: estudo


retrospectivo de 1978-2005
(ALMEIDA et al., 2006)
Características gerais
• Os agentes da TPB são transmitidos principalmente
pelo carrapato do bovino Rhipicephalus (Boophilus)
microplus.

• Anaplasma marginale → envolvendo tabanídeos,


mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans) e mosca
dos chifres (Haematobia irritans), mecânica e
transplacentária.
Características gerais
Características gerais
Distribuição
• Distribuição mundial
• Frequência e distribuição TPB x Ixodidose
Distribuição
• Áreas livres: áreas sem a ocorrência do carrapato Ripicephalus (B.)
microplus e regiões de altas altitudes, onde o desenvolvimento do
vetor é limitado pelo frio, podem ser consideradas áreas livres.

• Áreas de Instabilidade enzoótica: zonas marginais.


• Atenção especial onde ocorre interrupção do ciclo do carrapato
durante o inverno e os animais nem sempre são naturalmente
“desafiados” antes de 9 meses de vida. Menos de 75% dos animais
infectados até 9 meses.
• RS → Surto da doença clínica, com grande número de mortes.

• Endêmicas, estabilidade enzoótica + 75% dos animais expostos.


• Surto da doença clínica, com grande número de mortes
Ocorrência
➢Certos fatores como:

• Raça → Zebuínos (Bos indicus) x Taurinos (Bos


taurus)
• Idade → Animais jovens são mais resistentes
• Status imunológico
• Taxa de inoculação
• Clima
• Manejo
Patogenia
Período de incubação varia de
7 a 20 dias

Babesia bigemina Babesia bovis Anaplasma spp.

Aumento da fragilidade Estase sanguínea em Resposta auto-imune


osmótica e hemólise capilares do cérebro e as células infectadas
dos rins

Anemia, icterícia, Doença renal e sinais Icterícia, apatia, febre


hemoglobinúria neurológicos
Sinais Clínicos
• Sinais comuns (Anaplasma spp. e Babesia bigemina)
• Mucosas pálidas, Apatia, anorexia, emagrecimento, pelos
arrepiados, taquicardia, taquipneia, pode ter
desidratação, diminuição da produção de leite, febre,
retardo no crescimento.

• Babesia bigemina → Mucosas pálidas, hemoglobinúria


• Anaplasmose → Icterícia
• Babesia bovis → Hemoglobinúria
Sinais Clínicos
➢ A infecção por Babesia bovis pode causar uma quadro
conhecido como babesiose cerebral ou nervosa,
devido ao obstrução dos capilares cerebrais:
• Incoordenação motora, Hiperexcitabilidade,
Opistótono, Cegueira, Tremores musculares, Paralisia
dos membros pélvicos, Movimentos de pedalagem,
Andar em círculos, Agressividade e coma

• Ocorrendo após um curso clínico agudo ou


superagudo que dura alguns minutos até 24-36 horas
Sinais Clínicos
Sinais Clínicos
Sinais Clínicos
Sinais Clínicos
Junho, 2009

Descreve-se um surto de mortalidade em bovinos por Babesia bovis em abril de 2007, no Município de Picada
Café, Rio Grande do Sul. Em um rebanho com 55 novilhas, 28 (50,9%) morreram em cinco dias. A doença
iniciou vinte dias após o ingresso dos bovinos na propriedade. Os sinais clínicos incluíam febre, incoordenação,
agressividade, anemia, petéquias nas mucosas e morte 1 á 2 dias após. Em 4 animais necropsiados,
observaram-se palidez de mucosas, hemorragias múltiplas, esplenomegalia, fígado aumentado e
alaranjado, vesícula biliar com parede edemaciada e contendo bile grumosa. Os rins estavam
vermelho-escuros e a bexiga continha urina cor de vinho tinto. O encéfalo apresentou cor róseo-cereja
externamente e ao corte, mais marcado no córtex telencefálico, cerebelo e corpo estriado, contrastando com a
cor branca da substância branca. Na histologia havia nefrose hemoglobinúrica, necrose hepática
paracentral, bilestase canalicular, congestão esplênica, além de congestão com grande quantidade de
eritrócitos parasitados por estruturas compatíveis com Babesia bovis na região cortical do encéfalo, também
observadas em esfregaços teciduais dessas regiões. A morte de 28 bovinos em 5 dias deveu-se, provavelmente, à
falta de imunidade contra o parasito. O tratamento foi realizado com dipropionato de imidocarb nos demais
animais, havendo recuperação dos bovinos que apresentavam sinais iniciais leves e não ocorrência de novos casos
durante um período de dois meses, quando foram enviados para abate.
Diagnóstico

• Clínico-epidemiológicos
• Alterações patológicas
• Exame de esfregaço sanguíneo
• Visualização de B. bovis, B. bigemina ou Anaplasma
spp.
• RIFI (Anaplasma e Babesia spp.)
Diagnóstico
Diagnóstico
Diagnóstico
➢Exame de esfregaço sanguíneo
➢Exame de esfregaço sanguíneo
➢Exame de esfregaço sanguíneo
Tratamento

• Instituir tratamento de suporte para recuperação


mais rápida dos animais – hidratação, protetores
hepáticos e complexos vitamínicos.

• O tratamento é feito com drogas de efeito babesicida


(derivados de diamidina) → 3,5mg/kg → Diazen®,
Diminazine®, Ganaseg®
Tratamento

• Anaplasmicida (tetraciclinas) → Oxitetraciclinas


(Oxitrat®) → 10mg/kg IM

• Ação dupla (associação de diamidina com


tetraciclina ou imidocarb). → Imizol® → 1,2mg/kg
IM/SC (Babesia spp.) e 2,4 mg/kg/SC (Anaplasma
spp.)
Tratamento

• Alguns casos isolados ocorrem, o tratamento


específico aliado à terapia de suporte (soro*,
hepatoprotetores e, eventualmente, transfusão
sanguínea) tem bom efeito curativo, desde que os
animais sejam tratados a tempo.
• Evitar movimentação dos mesmos até os centros de
manejo pode levar à morte devido a anemia
bastante pronunciada.
Imidocarb Diminazeno
Oxitetraciclina
Prevenção e Controle
Tríade Epidemiológica
Prevenção e Controle
➢ Quimioprofilaxia

• Utilização do dipropionato de imidocarb (doses


subterapêuticas) e subsequente exposição dos animais à
infestação pelo carrapato de maneira constante.

• A queda gradual dos níveis sanguíneos da droga permite um


aumento gradual dos agentes da TPB nos bovinos, o que leva
ao desenvolvimento da resposta imune.

• É necessário garantir uma infestação baixa e constante de


carrapatos logo após a utilização da droga.
Prevenção e Controle

➢ Premunição

• Nas áreas endêmicas é importante que os terneiros sejam


expostos à infestação pelo carrapato para que se tornem
imunes, o que é a profilaxia natural.
Prevenção e Controle
➢ Premunição

• Introdução de animais sem imunidade em áreas endêmicas

• Inoculação de sangue infectado com os agentes da TPB,


retirado de um bovino portador.

• Inoculação e o monitoramento dos animais que receberam o


desafio infectante.
Prevenção e Controle
➢ Premunição

• Avaliações dos parâmetros clínicos e laboratoriais:


• Temperatura
• Determinação do hematócrito (volume ocupado pelos
glóbulos vermelhos ou hemácias no volume total de sangue).
• Presença de Babesia spp. e Anaplasma spp. no esfregaço
• Para determinação do tratamento específicos

• Depois desse período inicial → Segunda inoculação (Após 21


dias)
• O último desafio é a exposição dos animais aos carrapatos.
Prevenção e Controle
➢ Vacinação

• Vacinas atenuadas - inoculação de sangue infectado com


Babesia bovis e Babesia bigemina atenuadas e Anaplasma
centrale, que é utilizado por ser menos patogênico que o
Anaplasma marginale e apresentar imunidade cruzada a este.

• Os inóculos são produzidos em terneiros esplenectomizados,


mantidos em isolamento, livres de carrapatos, moscas e
doenças infecciosas desde o nascimento
Prevenção e Controle
➢ Vacina comercial

• Somente uma vacina viva, trivalente, refrigerada e atenuada


disponível comercialmente e com registro no Ministério da
Agricultura sendo produzida por laboratório licenciado por
esse órgão governamental desde 1990.

• Eritrovac®

• Vacina refrigerada trivalente é a forma mais prática,


econômica, segura e eficiente de prevenir a tristeza
parasitária dos bovinos
Prevenção e Controle
➢ Controle racional dos vetores

• Baseado no ciclo biológico (Fase parasitária e ao ambiente)

➢ No ambiente:
• Rotação de pastagem
• Controle biológico (aves, bactérias, fungos...)
• Pastagem com poder de repelência ou capacidade letal
(antibiose)
• Queima das pastagens
• Tratamento das pastagens com carrapaticida.
Prevenção e Controle
➢ Na fase parasitária:
• Vacinas recombinantes
• Introdução de raças zebuínas e/ou de seus cruzamentos,
emprego adequado de carrapaticidas.
• Banhos de imersão
• Aspersão ou spray
• Produtos pour on
• Injetável
Prevenção e Controle
➢ Programas de controle parasitário

• Utilização racional e sequencial de produtos carrapaticidas


com intervalos pré-determinados e em épocas de menor
desafio parasitário, favorecendo o controle da população de
carrapatos e reduzindo o nível de infestação nas pastagens e
nos animais

Você também pode gostar