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AUXÍLIO AO PARTO

DE CADELAS
AUTORA
Possui graduação Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná (2003),
especialização em Neurociência Clínica pela Unyleya (2019), mestrado em Ciências
Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná (2005) e doutorado em Zoologia pela
Universidade Federal do Paraná (2019). Tem experiência na área de comportamento,
atuando principalmente nos seguintes temas: neurogestão, neurociência, estresse,
transtornos mentais, intervenções assistidas por animais e meio ambiente. No ensino
superior atua desde 2006, como docente. Escreveu um dos capítulos do livro "As vinte
melhores estratégias do ensino do bem-estar animal” publicado pela World Animal
Protection:" em 2015. Publicou o capítulo “Ensaios de uma cosmovisão teleológica para
uma elaboração de uma legislação específica da TAA” que foi a base do novo projeto de
Lei do Congresso Nacional a respeito da Intervenção Assistida por Animais. É membro da
Animal Behavior Society, da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e
Sociedade Brasileira de Etologia. Atualmente atua como diretora das relações
institucionais do Centro Superior de Ensino dos Campos Gerais (CESCAGE). No setor de
extensão, coordena o grupo Mascotes da Alegria que realiza intervenções assistidas por
animais há 9 anos. Na pós-graduação é coordenadora da residência de saúde coletiva.
Atua também na gestão do Colégio Vila Militar CESCAGE e como docente no ensino
Fundamental II da disciplina de Cuidar de animais.
Contatos: (clique para acessar)

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Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

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Sumário

Autora ..................................................................................................................................... 02
Terminologia ......................................................................................................................... 04
1 - Introdução ........................................................................................................................ 05
1.1 - Cuidados no pré natal ........................................................................................... 06
1.2 - Anamnese específica .............................................................................................. 07
1.3 - Exame físico ............................................................................................................ 07
1.4 - Sanidade .................................................................................................................. 08
1.5 - Nutrição ................................................................................................................... 08
1.6 - Desenvolvimento fetal ........................................................................................... 08
1.7 - Preparo da fêmea ................................................................................................... 09
1.7.1 - Fornecer alimentação em menor quantidade e com mais frequência ... 09
1.7.2 - Evitar suplementação de cálcio ................................................................... 09
1.7.3 - Tosa higiênica ................................................................................................ 09
3 - Parto .................................................................................................................................. 10
3.1 Cuidados e problemas relacionados com o parto ................................................ 13
4 - Pós parto .......................................................................................................................... 16
5 - Exames complementares ............................................................................................... 16
6 - Filhotes órfãos ................................................................................................................. 17
7 - Desenvolvimento do comportamento de cães e gatos .............................................. 18
8 - Examinando filhotes ....................................................................................................... 19
8.1 - Reflexos .................................................................................................................... 19
9 - Manual do filhote pós desmame .................................................................................. 20
9.1 - Preparo do leito ...................................................................................................... 20
9.1.1 - O médico veterinário .................................................................................... 20
9.1.2 - Alimentação .................................................................................................... 20
9.1.3 - Água ................................................................................................................ 20
9.1.4 - Vacinações ...................................................................................................... 20
9.1.5 - Banhos ............................................................................................................. 20
9.1.6 - Vermes ............................................................................................................. 20
9.1.7 - Comportamento ............................................................................................. 21
10 - Considerações finais ..................................................................................................... 21
Referências ............................................................................................................................. 22

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Caros Alunos,
Desejo do fundo do coração que aproveitem todas as informações contidas nesse
material e que se dediquem aos estudos. Somos responsáveis pela vida dos animais e de
seus tutores.
Pensem que por trás do animal temos uma criança ansiosa, um idoso em depressão e
um adulto conectado emocionalmente com ele. É muita responsabilidade em nossas mãos.
Espero poder contar com o comprometimento de vocês.

“Quem diz que a vida importa menos para os animais do que


para nós nunca segurou nas mãos um animal que luta pela vida. O
ser inteiro do animal se lança nessa luta, sem nenhuma reserva [...]
todo o seu ser está na carne viva.” (Coetzee)

TERMINOLOGIA

• Parto: momento em que há o sinal fetal para que os filhotes sejam expulsos.
• Cesariana: intervenção cirúrgica realizada para a retirada dos fetos, no caso de risco
de vida para a mãe ou nas distocias.
• Puerpério: período pós-parto
• Colostro: é o leite das primeiras horas após o parto que contém a imunidade
passiva.
• Mecônio: substância pastosa de cor esverdeada que representa as primeiras
evacuações do feto.
• Eutocia: parto que transcorre normalmente.
• Distocia: parto com intercorrências
• Primípara: fêmea que vai parir pela primeira vez

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1 - INTRODUÇÃO
Hoje em dia com o estreitamento do relacionamento entre humanos e animais,
observamos uma mudança em relação aos cuidados com esses. Atualmente, os pets são
considerados membros da família e os tutores se responsabilizam por eles envolvidos em
uma atividade paterna. O parto é um processo natural, mas tutores muitas vezes
projetam emoções e conhecimentos humanos e ficam desesperados.
Existem diferentes manejos para as diferentes fases (pré-natal, parto, pós-parto e
desmame) e o sucesso ou fracasso dependerá do comprometimento do cuidador da fêmea.
O diagnóstico de gestação deve ser realizado o mais precocemente possível para orientar
o criador, racionalizar serviços, aumentar a eficiência reprodutiva e produtiva e adotar
procedimentos de manejo (FEITOSA, 2017).
O parto normal que transcorre normalmente é chamado de eutocia e as dificuldades
encontradas durante a expulsão do feto é chamada de distocia. O médico veterinário
precisa estar atento, monitorar o parto e se necessário, realizar a manobras obstétricas. O
objetivo desse material é fornecer aos clínicos e estudantes de medicina veterinária,
informações sobre a assistência ao trabalho de parto, parto e pós-parto de cadelas.

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1.1 - CUIDADOS NO PRÉ NATAL

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

O primeiro cio da cadela ocorre a partir do sexto mês de vida, podendo ser do tipo
“silencioso” (não há sinais) ou com corrimento sanguinolento que persiste por 7 dias. O
período fértil da cadela está compreendido ente o oitavo ao décimo segundo dia. Nessa
fase a cadela aceita o macho e pode ocorrer a cópula. O intervalo entre cios é em média de
180 dias.
No caso de algumas raças, como por exemplo o buldogue inglês, existe a necessidade
de inseminação artificial. Para identificar o período correto da inseminação deve-se fazer o
exame de citologia vaginal. A capacidade de descamação epitelial permite observação e
tipificação celulares características de cada momento hormonal do ciclo estral.
Quando existe a intenção de que ocorra a reprodução da fêmea são necessários
cuidados especiais para que os filhotes nasçam saudáveis e que a fêmea possa se recuperar
plenamente.
Lembrando que é indicado o cruzamento a partir do terceiro cio. Apesar do útero
apresentar ampla capacidade de distensão, permitindo a gestação; contrair-se fortemente
no momento do parto, e involuindo rapidamente no puerpério, recomenda-se dar
intervalo entre um cio e outro para uma nova gestação.

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1.2 - ANAMNESE ESPECÍFICA
• Corrimento?
• Gestação? Como foi o parto?
• Quando foi o último cio
• Já fez uso de anticoncepcional
• Comportamento?
• Lambedura constante na região genital?
• Comportamento materno em fêmeas
• Auto-amamentação?
• Convulsões (hipocalcemia puerperal)
• Contato sexual com animais da rua (TVT)
• Alimentação?
• Inapetência, hiporexia, anorexia?
• PU/PD

1.3 - EXAME FÍSICO


• Exame físico: Obtenção do dado através do tato e da pressão (para regiões mais
profundas do corpo). Identifica modificações na estrutura, espessura, consistência,
volume e dureza.
• Inspeção: Na inspeção o profissional utiliza a visão. Inicialmente o animal é
observado à distância para se avaliar a marcha, postura e simetria corporal, além de outras
anormalidades na pele e em outras estruturas.
• Auscultação: É o ato de ouvir ruídos no interior do paciente. Com o auxílio do
estetoscópio, obter sons e as frequências cardíacas e respiratórias. (Frequência respiratória:
Cães: 20 a 40 resp.)
• Percussão: Através de pequenos golpes, é possível escutar sons. Cada estrutura tem
um som característico. Os sons obtidos podem ser: maciço (onde o local tocado é "duro",
pode indicar hemorragia interna ou presença de secreções), timpânico (indica presença de
ar), som claro pulmonar (indica presença de ar nos alvéolos)
• Termometria***: Verificar a temperatura corporal com o auxílio de um termômetro:
Cães: 38 a 39,5 / °C Gatos: 38,5 a 39,5 °C
*** Verificar temperatura do ambiente e animais transportados em veículos em dias quentes.
Aguardar 20 minutos e aferir novamente para diferenciar um aumento da temperatura em
decorrência de situações externas de alteração patológica
• Linfonodos: Através da palpação, pode-se avaliar o aumento.

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• Avaliação das mucosas:
- Hipocoradas: coloração diminuída.
- Ictéricas: “amarelada”
- Normocoradas: rósea a vermelha
- Cianóticas: coloração roxa TPC (Tempo de preenchimento capilar):
comprimir a mucosa oral e soltar, contar em quantos segundos que o sangue preenche
novamente. O tempo normal é de 2 segundos.
• Avaliação das mamas: observar número e desenvolvimentos dessas.

1.4 - SANIDADE:
O manejo sanitário é importante para que os filhotes fiquem livres de endoparasitas,
que recebam o colostro de qualidade com imunidade passiva para os próximos 45 dias e
que ganhem peso com o desenvolvimento.
• O que devemos fazer:
– Realizar desverminação antes da gestação;
– Fêmea deve estar com todas as vacinas em dia para que os filhotes recebam a
imunidade passivamente através da amamentação;
– Usar antipulgas próprios para o uso de animais gestantes ou lactantes.
– Realizar tosa higiênica alguns dias antes do parto.

1.5 - NUTRIÇÃO:
A nutrição é essencial para que o desenvolvimento dos fetos seja adequado e para que
a mãe não tenha nenhuma deficiência, doença, abortos, reabsorção embrionária, etc.

• O que devemos fazer:

– Utilizar ração de filhote ou alimentação natural própria para gestantes;


– Fornecer alimentação em menor quantidade e com mais frequência;
– Evitar suplementação de cálcio.

1.6 - DESENVOLVIMENTO FETAL


A gestação ocorre no período de 57 a 65 dias e o diagnóstico é feito a partir do
trigésimo dia com o auxílio do aparelho de ultrassom. Observar também o aumento típico
do abdome e do volume das glândulas mamarias.
O mais forte indicativo da gestação nessa espécie é o não retorno ao cio, após a

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cobertura natural ou inseminação artificial.
Na Figura 1 pode-se acompanhar como é o desenvolvimento dos fetos no útero da
cadela.
Figura 1. Desenvolvimento do feto na gestação de cadelas.

ampliado
ampliado 5 vezes
300 vezes

14º dia
(2 semana)

tamanho
natural 56º dia
35º dia (8 semana)
(5 semans) metade do tamanho natural
Fonte: Google Domínio público

1.7 - PREPARO DA FÊMEA: TERÇO FINAL DA GESTAÇÃO


Ao final da gestação o ideal é realizar um planejamento de manejo para maior
conforto, bem estar e sanidade da gestante e dos filhotes.

1.7.1 - FORNECER ALIMENTAÇÃO EM MENOR QUANTIDADE E


COM MAIS FREQUÊNCIA
O útero, nas fases finais da gestação, aumenta consideravelmente de volume e o
interessante é não fornecer grandes quantidades pela questão da torção gástrica e também
da dificuldade respiratória.

1.7.2 - EVITAR SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO


Existem trabalhos que relatam que a suplementação de cálcio prejudica o
funcionamento do paratormônio.

1.7.3 - TOSA HIGIÊNICA


Algumas fêmeas possuem muitos pelos na região da vagina e mamas. O ideal seria
uma tosa para facilitar a amamentação.

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1.7.4 - TEMPERATURA 1 SEMANA ANTES
Alguns dias antes do parto existe uma alteração da temperatura. Antes das 24 horas
ocorre a hipertermia e horas antes do parto, temos a hipotermia.

1.7.5 - CAIXA MATERNIDADE


Para quem tem oportunidade de construir um local próprio para o parto e puerpério,
a caixa maternidade é muito interessante.

2 - SINAIS QUE ANTECEDEM O PARTO

A gestação da cadela compreende um período de 57 a 65 dias. Existem alguns sinais


que antecedem o parto.
A função do médico veterinário é observar e intervir em caso de intercorrências.
SINAIS:
• Queda de Temperatura
• Mudança de comportamento (ninho)
• Anorexia
• Tremores
• Presença de corrimento vaginal
• Mamas edemaciadas
• Falta de apetite
• Lambedura insistente no flanco e vagina
• 90% iniciam o trabalho de parto á noite

3 - PARTO

O aumento do cortisol materno e fetal estão envolvidos no desencadeamento do


parto. A prostaglandina também aumenta antes do parto provocando a queda de
progesterona 24 horas.
A ocitocina aumenta (responsável pelas contrações) e a prolactina é induzida pela
sucção. O parto inicia com a saída da bolsa fetal. A fêmea deve romper a placenta e o
cordão umbilical. Deve secar o filhote e estimular a respiração através de lambidas.
O médico deve observar:
a) bolsas fetais: ruptura, cor, odor e quantidade dos líquidos;
b) feto: viabilidade, tamanho e apresentação, posição e atitude;

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c) comportamento: romper bolsa, limpar e colocar para mamar.
Quando a fêmea não tem atitude com relação aos filhotes, o médico veterinário deve
intervir (Figuras 2 e 3).
Figura 2. Manobra para auxiliar a expulsão do filhote.

Fonte: Google Domínio público

Figura 3. Médico deve secar o filhote com uma compressa.

Fonte: Google Domínio público

A grande maioria das fêmeas iniciam o trabalho de parto á noite. Cerca 2/3 dos
filhotes nascem com apresentação anteroposterior e 1/3 com apresentação posterior.
O Intervalo entre os nascimentos dos filhotes pode ser de 20 a 60 minutos. Deve-se
aguardar 6 horas antes de indicar cesariana.

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Consegue-se observar as contrações quando se inicia o parto.
• Contrações Primárias: antecedem o parto
• Contrações secundárias: ocorrem durante a fase de expulsão

– Só interferir se a fêmea não executar as funções inerentes do instinto materno.


• Manobra obstétrica e secagem do filhote com toalha limpa.
•Cortar o cordão umbilical.
• Caso tenha aspirado líquido, realizar manobra da figura com cuidado.

Figura 4. Mãe deve romper a bolsa, o cordão e secar o filhote.

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

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Figura 5. O intervalo de nascimento dos filhotes deve ser de 20 a 60 minutos.
Exceto em primíparas que pode ter intervalo maior.

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

3.1 CUIDADOS E PROBLEMAS RELACIONADOS COM O PARTO

• Inércia Uterina
• Inibição do trabalho de parto por estresse
• Morte fetal (figuras 6, 7, 8 e 9)
• Fêmea que não come a placenta
• Não rompe o cordão
• Filhote não respira- ***usar doxapram
• Fêmea não limpa o filhote
• Filhote preso na vulva

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Figura 6. Técnica obstétrica para retirada do filhote morto e preso na vulva.

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

Figura 7. Morte fetal causando distocia.

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

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Figura 8. Comparação do tamanho da mãe e do filhote morto

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

Figura 9. Líquido viscoso de coloração marrom, contaminado em decorrência da


morte fetal.

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

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4 - PÓS PARTO

É o período pós nascimento dos filhotes.


Esse período se estende até o desmame que pode ocorrer de 45 a 60 dias.
• Prolapso uterino: quando o útero sofre protrusão através da vagina.
• Retenção de placenta: quando a placenta não é totalmente eliminada e pode
resultar em infecção.
• Hemorragia: diversas doenças podem resultar em hemorragia pós-parto.
(Diferenciar de secreção normal até 15 dias pós-parto).
• Tetania hipocalcêmica puerperal: ocorre normalmente entre os 12 a 14 dias
pós-parto. A fêmea apresenta tremores e estupor. Constitui uma emergência médica e há
necessidade da aplicação de cálcio endovenoso.
• Canibalismo e Agressividade: Algumas fêmeas apresentam agressividade e
tentam ingerir seus filhotes. Nesse caso o ideal é separar a fêmea dos filhotes e criá-los
como órfãos.

5 - EXAMES COMPLEMENTARES

• Exame Citológico e Histológico: A característica descamativa do epitélio vaginal,


acompanhando as mudanças hormonais do ciclo estral, fazem do esfregaço vaginal um
excelente complemento diagnóstico. As células são obtidas com o uso de cotonete e
depositadas em lâmina (esfregaço), fixadas e coradas com panótico rápido para exame ao
microscópio óptico.
• Ultrassonografia: A ultrassonografia é importante, pois além de permitir análise
da viabilidade fetal também nos oferece uma estimativa de tempo gestacional, sendo
então, uma ferramenta de diagnóstico muito importante, principalmente quando não
se sabe a data do acasalamento e quando não há a possibilidade de realizar uma
monitoração hormonal
• Hemograma: Exame útil para detectar inflamações e infecção. Além de auxiliar no
prognóstico do paciente.
• Bioquímicos: utilizado para monitorar gestante e também em caso de doenças
prévias.

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6 - FILHOTES ÓRFÃOS

Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha Fonte: Profª. Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha

A morte da mãe logo após o nascimento dos filhotes, fêmeas doentes, fêmeas que
abandonam a cria após cesariana com instintos maternos pouco desenvolvidos, são as
causas de filhotes órfãos. Para suprir a falta da mãe, devem-se estabelecer medidas para
sua substituição por um programa de manejo apropriado evitando-se assim, a chamada
tríade neonatal: hipotermia, hipoglicemia e desidratação.
A primeira medida a ser tomada é com relação ao aquecimento: utilizar lâmpadas,
bolsas de água morna ou garrafas do tipo pet com água morna.
Quanto à alimentação podem ser utilizadas formulações comerciais (observar Kcal)
ou caseiras, tomando-se o cuidado de esterilizar todo o material e utilizar água fervida ou
filtrada.
Após o preparo, o leite deve ser armazenado por no máximo 24 horas à 4ºC. O volume
para cada 100g de peso vivo é de: primeira semana 13 ml; segunda semana 17 ml; terceira
semana 20 ml; quarta semana 22 ml. Dividir a cada 3 horas.
Existem diversas formulações caseiras, por exemplo:
• 85 ml de leite condensado (glicose);
• 85 ml de água;
• 160 ml de iogurte (gordura);
• 3 a 4 gemas de ovo.
Nos trabalhos publicados a respeito do uso de formulações caseiras para filhotes
órfãos, observa-se que nestas fórmulas contém menos proteína, menos calorias, cálcio e
fósforo do que no leite da cadela. Além disso, o índice do colesterol é maior. Portanto, é
melhor recorrer às formulações comerciais que são mais próximas ao leite da cadela.

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Outra questão importante que devemos observar é o reflexo ano-genital. A cadela
lambe seu filhote para estimular a defecação e a liberação da urina e na falta dela deve-se
com o auxílio de um algodão úmido passar delicadamente na região da genital e no ânus
do filhote para estimulação e liberação de fezes e urina.
Vale ressaltar, que os neonatos necessitam de acompanhamento constante do
profissional da área de medicina veterinária, pois são muito sensíveis e a taxa de
mortalidade por erro de manejo é alta.

7 - DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO
DE CÃES E GATOS
Os cães e gatos vêm ao mundo necessitando de muitos cuidados especiais. Os olhos,
os ouvidos inicialmente encontram-se fechados e o sistema nervoso imaturo e o
desenvolvimento vai sendo executado de acordo com o aparecimento ou
desaparecimento de alguns reflexos.
Sem qualquer noção espacial eles acabam ficando pero da mãe pelo reflexo de
esquadrinhamento, que consiste em localização de uma fonte de calor e proximidade
dessa.
Com 15 dias a regulação da temperatura melhora e com 5 semanas os filhotes já
dormem sozinhos. Com nessa primeira quinzena, também ocorre a abertura dos olhos e o
animal começa a ouvir melhor.
Aos 21 dias ocorre o período de reconhecimento das pessoas e de outros animais e
nessa fase a figura da mãe é imprescindível para um bom crescimento emocional do filhote
e de superar as adversidades ambientais. É um dos períodos mais importantes de
crescimento físico e psíquicos desses animais, de maior desenvolvimento motor e que
começam a comer alimentos mais sólidos.
Quando estão com 4 semanas, já estão brincando, correndo, alegres e empolgados.
Nessa idade o complicado da relação são as mordidas destrutivas que podem estimular
um comportamento agressivo:

O período de socialização ocorre quando um indivíduo aprende a


reconhecer várias espécies de animais como algo aceito. Se for para o cão
se relacionar mais tarde com outros cães, gatos, cavalos e pessoas, ele
deve conhecer membros de cada uma dessas espécies antes de 12
semanas de idade (Bonnie V beaver, 2000)

Após esse período, existe a fase da rebeldia e desobediência que ocorre por volta das
13 às 16 semanas, período em que a vigilância deve ser redobrada.
A maturidade ocorre quando o cão e o gato atingem por volta de 1 a 4 anos.

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8 - EXAMINANDO FILHOTES:

1) Examinar em local macio e com cuidado para que não caiam da mesa: filhotes
muito jovens não gostam de ser manuseados.
2) Peso corpóreo: Um filhote deve duplicar seu peso ao nascer com 10 a 12 dias pós
parto. A dificuldade em mamar e pouco leite da mãe podem promover queda brusca no
peso e óbito.
3) Temperatura: até os 21 dias os filhotes não possuem termorregulação efetiva. A
partir da quarta semana a temperatura pode estar entre 37-38 C
4) Frequência cardíaca: Devido a frequência cardíaca muito alta tem-se dificuldade de
aferir. Normalmente oscilam entre 210-220 b.p.m.

8.1 - REFLEXOS
• REFLEXO MAGNO
Quando o pescoço é rotacionado para um lado, ocorre a extensão dos membros
torácico e pélvico do lado para o qual a cabeça foi virada, e a flexão dos membros do lado
oposto.
• REFLEXO DE EXTENSÃO DO PESCOÇO
O reflexo de extensão do pescoço é obtido suspendendo-se o neonato pela região
mastoide. Dominância flexora (até quatro ou cinco dias de idade) e dominância extensora
(cinco a 21 dias) a coluna e os membros estarão estendidos.
• REFLEXO ANO GENITAL
Ocorre do nascimento ao 15º. dia em que a mãe através da lambedura da genitália e
anus dos filhotes estimula a urina e a defecação.

ATENÇÃO:
É importante destacar que os filhotes são lindos e suas travessuras são motivo de
muitas risadas, mas assim como crianças devem ser educados para que quando adultos se
tornem amáveis e simpáticos e, portanto, mais feliz.
Existem testes que podem ser aplicados a filhotes para sua classificação com relação à
personalidade e obediência.

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9 - MANUAL DO FILHOTE PÓS DESMAME
Criar um cão requer amor, muito empenho e também muita firmeza! A decisão de
ter um cão deve ser bem estudada já que não é apenas uma questão de escolher um cão e
sim, aprender a viver com ele.
9.1 - PREPARO DO LEITO
É necessário preparar um lugar protegido das correntes de ar, fácil de limpar, não
muito distante do ambiente no qual se desenvolve a vida doméstica para que o filhote
tenha contato com a família, pois ele, assim como as crianças, pode sofrer acidentes.
9.1.1 - O MÉDICO VETERINÁRIO
A visita ao veterinário é uma das primeiras coisas que o novo proprietário de filhote
deve colocar no programa. O profissional se certificará do estado de saúde do filhote e fará
as vacinações necessárias.
9.1.2 - ALIMENTAÇÃO
A partir da terceira semana de vida, o leite materno não satisfaz mais as necessidades
do filhote. Deve-se oferecer um alimento específico e de boa qualidade, pois um erro na
nutrição pode levar a consequências para toda a vida do animal.
Evitar alimentos feculentos, ossos de animais pequenos, temperos fortes, gorduras,
frituras, manteiga, enlatados e embutidos e principalmente os doces.
Muito cuidado com cebola e chocolate pois estes alimentos podem intoxicar os cães.
9.1.3 - ÁGUA
A água deve estar sempre à disposição do cão. Deve-se trocá-la frequentemente, de
modo que esteja fresca e limpa.
9.1.4 - VACINAÇÕES
As vacinações ajudam a prevenir doenças contagiosas e algumas delas fatais. Filhotes
começam um programa de vacinação com idade de 45 dias e necessitam de 3 doses com
intervalo de 21 dias. Depois a vacinação é feita anualmente.
9.1.5 - BANHOS
Filhotes com menos de dois meses não devem tomar banho, aconselha-se o uso de
lenços umedecidos ou gel de banho a seco.
Após essa idade, o banho deve ser dado com água morna e secar o pelo com secador.
9.1.6 - VERMES
As infestações por vermes intestinais nos cães são um grave problema. Eles podem se
contaminar facilmente quando passeiam em praças públicas, frequentam parques ou
qualquer outro lugar que tenha contato com outros animais.
A contaminação se dá pela ingestão de ovos de parasitas encontrados nas fezes de
cães contaminados. Isso porque os caninos têm o hábito de farejar muitas áreas, inclusive
fezes de outros semelhantes a eles.

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Em filhotes a desverminação é mensal até os 6 meses. Posteriormente, a cada 4 (acesso
à terra) e 6 meses (apartamento).
O problema é que alguns vermes são transmitidos ao homem, quando o proprietário
ou seu filho brincam com um cão contaminado, podem estar adquirindo uma zoonose.
9.1.7 - COMPORTAMENTO
Os filhotes são lindos e suas travessuras são motivo de muitas risadas, mas assim
como crianças devem ser educados para que quando adultos se tornem amáveis e
simpáticos e, portanto, mais felizes

10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cuidados com a mãe são importantes para se evitar problemas relacionados a
aborto, reabsorção embrionária, distocias, verminoses evitando também as doenças
nutricionais e infecciosas. O parto é precedido por alguns sinais específicos e o término é
representado pelo cessar das contrações e preocupação com amamentação. Os filhotes
nascem necessitando de muitos cuidados. O crescimento, desenvolvimento e desmame
devem ser acompanhados com muita paciência e apreço. Esse material é um
acompanhamento de pré natal, parto e puerpério. Espero que tenham gostado!
Para maiores informações consulte o vídeo:

2: 26 / 16 : 46 HD

Assistência ao parto de cadelas


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Mascotes da Alegria
2157 inscritos
INSCRITOS 6.6M

Informações sobre trabalho de parto,


distocias e neonatologia.

MOSTRAR MAIS

21
REFERÊNCIAS
CARVALHO CF. Ultra-sonografia em pequenos animais. São Paulo: Roca, 2004.

FEITOSA, Francisco Leydson F. (Org.). Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico.


3. ed. ed. São Paulo: Roca, 2017.

HOSKINS, J.D. Pediatria veterinária: cães e gatos do nascimento aos seis meses.
2.ed. Interlivros editora, Rio de Janeiro, 1997.

22
"O cachorro é aquele tipo de animal revestido
mais de alma do que de pelos"

Lais Lemma

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