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Semiologia Veterinária Isabelle Passos

Sistema Reprodutor
Feminino
Composto por ovários, ovidutos, cornos e
corpo uterino, cerviz, vagina, vestíbulo e vulva. Fonte: Semiologia veterinária, Feitosa 3ª edição
lustração: Médica veterinária Diane Hama Sassaki.).
vulva, onde as estruturas internas são
sustentadas pelo ligamento largo, sendo o Problemas no sistema reprodutor feminino
Mesovário responsável por sustentar o ovário podem ser identificados através da
e Mesossalpinge ancora o oviduto e o observação de sinais e sintomas sejam
mesométrio que mantém o útero. Ovários, isolados ou envolvendo outros sistemas
oviduto e útero são inervados por nevos orgânicos sendo necessário lembrar a
autônomos e a vagina, vulva e clitóris por estacionalidade reprodutiva dos animais,
fibras sensitivas e parassimpáticas. para identificarmos um problema, temos que
ter conhecimento do que é normal para
Existem diferenças anatômicas nos ovários
aquela espécie em questão.
que variam de acordo com a espécie, idade,
raça, número de partos, estado nutricional e
fase do ciclo reprodutivo. As tubas uterinas, Protocolo de exame ginecológico e
vão conduzir o óvulo e os espermatozoides, obstétrico.
simultaneamente, possibilitando a
fertilização, conduzindo o embrião até o útero a) Identificação
o qual possui ampla capacidade de
distensão, possibilitando a gestação. Deve-se obter o máximo de informações
sobre o animal como:

• Raça
• Nome
• Número
• Tatuagem
• Registro
• Idade
• Peso
• Eventuais particularidades

Figura 1: A – Representação do aparelho reprodutor da b) Anamnese


vaca. C = cerviz; CD = corno uterino direito; CE = corno
uterino esquerdo; CL = clitóris; CO = corpo do útero; MUE = A anamnese pode ser inquiridora ou
meato urinário externo; OD = ovário direito; OE = ovário
esquerdo; T = tuba; Va = vagina; Ve = vestíbulo; Vu = vulva. espontânea, tentando obter o histórico
B - Aparelho reprodutor da vaca; vista dorsal. Vulva, retrogrado do paciente. Anote todas as
vestíbulo e conduto vaginal abertos, o que possibilita a informações fornecidas pelo proprietário,
visualização de cerviz, clitóris e meato urinário externo. C-
Aparelho reprodutor da porca. Observar a sinuosidade dos tratador ou responsável pelo animal, se
cornos uterinos e a aparência dos ovários lembrando cacho atentando a:
de uva. C = cerviz “em saca-rolhas”; CD = corno uterino
direito; CE = corno uterino esquerdo; CL = clitóris; Co =
corpo uterino; MUE = • Alimentação oferecida
meato urinário externo; OD = ovário direito; OE = ovário • Manejo sanitário
esquerdo; T = tuba; Va = vagina; Ve = vestíbulo vaginal; Vu • Medidas preventivas
=
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• Fármacos utilizados Quando rotineiro, o exame ginecológico é
• Situação de outros animais de realizado em animais não gestantes, sadios
convivência ou com problemas reprodutivos e animais
• Doenças passadas prenhes em situação especial.
• Etc...
• Equinos e bovinos
c) Exame geral o Palpação retal

Aferir temperatura retal, palpar linfonodos, • Médios e pequenos animais


avaliar pele e anexos, coloração e aspecto o Palpação abdominal
das mucosas. Realizar exame convencional
dos grandes sistemas e da glândula mamária Suínos, caprinos, cães grandes e/ou obesos,
(inspeção, palpação e eventual análise da a manipulação abdominal é difícil, podendo
secreção). Atentar para o estado nutricional e levar a erros de diagnostico. Exames
eventuais distúrbios circulatórios (edema complementares podem ser ferramentas
localizado ou difuso). fundamentais para o diagnóstico correto.

d) Exame específico externo Exame retal em grandes animais


Basicamente é a palpação externa, avaliado Deve ser realizado pelo examinador com
a região abdominal, se está distendida ou conhecimento da anatomia e fisiologia do
não, a tensão, se possui movimentos fetais animal, fazendo uso dos trajes corretos,
ou contrações musculares e de timpanismo. utilizando lubrificantes durante limpeza e
Examinar a região perineal, vulva, cauda e manipulação do reto e órgãos internos.
glândula mamária, verificando odores,
secreção, cor, etc. Observar atentamente a
posição, formato, grau de dilatação e
relaxamento vulvar. Alterações devem ser
anotadas com o máximo de atenção.

e) Exame específico interno

Quando em trabalho de parto, o exame


interno pode ser necessário sendo realizado Figura 2 Corte esquemático, simulando a palpação do trato
via vaginal com manipulação direta com luva reprodutivo da vaca por via retal no local correspondente à
cerviz. . Fonte: Semiologia veterinária, Feitosa 3ª edição
em grandes animais e pelo toque digital em lustração: Médica veterinária Diane Hama Sassaki.).
pequenos animais. Deve-se observar:
A exploração retal deve incluir cerviz, útero e
• Vias fetais ovários. Dedilhando os ovários, busca-se a
o Abertura existência de folículos, corpo lúteo ou
o Grau de lubrificação aumento de volume anômalos que, aliados a
o Bolsas fetais outros achados auxiliam no diagnóstico.
 Cor
 Odor
 quantidade
• Dos líquidos fetais
o Viabilidade
o Tamanho e apresentação
o Posição
o Atitude

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mucosa vaginal. As gatas, de modo geral,
não aceitam os exames vaginais.

Figura 4 – Espéculo metálico para cadelas. Fonte: Google

Figura 3 Exame de palpação retal e ultrassonografia. Fonte:


Raiol, 2016
A existência de fezes caracteriza as fístulas
Exame vaginal retovaginais e lacerações perineais graves; a
urina no fundo vaginal denuncia graves
Animais com grande quantidade de pelo, lesões do meato urinário externo e prega
deve ser realizado a tricotomia possibilitando transversa;
um exame limpo e livre de contaminações. O muito ar (pneumovagina) significa que a
exame retal deve ser realizado e todo coaptação dos lábios vulvares é imperfeita.
material preparado antes da vaginoscopia. Deve-se qualificar e quantificar a secreção e
Os exames manuais são executados ao atentar para aderências, cicatrizes, defeitos
parto ou em situações que não possam ser anatômicos aumentos de volume, formato e
identificadas visualmente. Realizar o toque posição da cerviz. Alguns animais sentem
de luva. ligeiro desconforto ao exame pelo ingresso
de ar na vagina ou abertura exagerada do
espéculo.

Diagnostico de gestação

Para orientar o proprietário ou criador, o


diagnostico deve ser realizado o mais cedo
possível. O uso da ultrassonografia é a
maneira mais fidedigna de se detectar a
gestação assim como a saúde dos fetos.

Figura 4 Exame de vaginoscopia. Fonte: Raiol, 2016

A contenção correta deve ser realizada para


o paciente e só depois introduzir o espéculo
no vestíbulo, obedecendo a curvatura Figura 5 - A. Corte esquemático do abdome de cadela,
representando a disposição do útero gestante. B. Útero de
dorsocranial da vagina, delicadamente. Para cadela compatível com 30 dias de gestação. Três vesículas
éguas, utiliza-se o espéculo tubular ou tipo fetais de corno esquerdo e quatro no corno direito. C. Corte
Polanski, que possibilita a visualização de esquemático do corno uterino gestante. Observa-se a
disposição dos fetos e a placenta do tipo zonária. Fonte:
todo trajeto vaginal. Semiologia veterinária, Feitosa 3ª edição
Nas cadelas, espéculos tubulares metálicos, lustração: Médica veterinária Diane Hama Sassaki.).
plásticos, de acrílico ou tipo bico de pato são
empregados rotineiramente. Nessa espécie,
a visualização da cerviz é dificultada ou
impossibilitada pelas inúmeras dobras da

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compatível ao de uma bola de tênis (E) próximo ao corpo do
útero (Co) –
aproximadamente 30 dias após a fecundação. CD = corn
uterino direito; CE = corno uterino esquerdo; OD = ovário
direito; OE = ovário esquerdo; Va = vagina; Ve = vestíbulo
vaginal. Fonte: Semiologia veterinária, Feitosa 3ª edição
lustração: Médica veterinária Diane Hama Sassaki.).

Pode-se realizar auscultação com auxílio de


um estetoscópio, sendo o som característico
pelo alto ritmo.

Em bovinos a palpação retal é muito utilizada


sendo um método seguro e econômico para
o diagnostico gestacional, já em espécies
equinas, deve ser efetuado com muito
cuidado e muita lubrificação afim de evitar
lacerações e perfurações no intestino.

Figura 6 - Representação esquemática da evolução da


gestação aos 3 (A), 4 (B), 7 (C) e 9 (D) meses em vaca. Figura 8 - Corte esquemático ilustrativo da evolução da
Notar a disposição do útero gravídico em relação ao rúmen gestação na égua aos 120 (A), 210 (B) e 300 (C) dias da
(R). P = placentoma Fonte: Semiologia veterinária, prenhez. Notar a disposição do âmnio, alantoide e cordão
Feitosa 3ª edição. lustração: Médica veterinária Diane umbilical e o posicionamento particular adotado pelo feto
Hama Sassaki.). equino no interior do útero. Durante o cio, o útero está
relaxado e os ovários aumentam de volume, devido ao
crescimento folicular. Todo o órgão deve ser examinado com
a mão disposta “em concha”, partindo-se de um ovário,
corno, corpo, corno e ovário contralaterais. Até a 4ª ou 5ª
semana após a cobertura, o diagnóstico de gestação manual
não é fácil e seguro, a menos que haja confirmação pela
ultrassonografia. Nas fases iniciais da prenhez, o embrião se
movimenta pelos cornos uterinos, tem rápida parada no
corpo do útero para implantar-se permanentemente em um
dos cornos, aumentado progressivamente pela existência
dos líquidos fetais. Aos 2 a 3 meses, detecta-se uma
Figura 7 - Representação esquemática da gestação inicial vesícula do tamanho de uma “bola de futebol de salão”. Aos
da égua. Observar o aumento de volume de tamanho 4 a 5 meses, toca-se pelo reto as porções do feto, a parede
do útero é fina, com flutuação, e o ligamento uterino fica

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tenso, devido ao peso do órgão. A partir da metade da
gestação, não há grandes dificuldades para o diagnóstico de
gestação nessa espécie. C

Exame complementares

Dosagem Hormonal
As dosagens hormonais podem ser
realizadas no soro, no plasma e, em
situações especiais,
no leite, urina e fezes, sendo eficientes como
método complementar de diagnóstico de um
estado fisiológico ou distúrbios endócrinos. O
material coletado deve ser corretamente
identificado e preservado, sendo enviado a
um laboratório específico. O resultado Figura 9 - Coleta de material e confecção de lâmina para
avaliação da citologia vaginal. Fonte: Jornada do
emitido deve sempre ser associado aos conhecimento.
achados clínicos, estabelecendo-se as
suspeitas diagnostica.
Sistema Reprodutor
Masculino
Diversos fatores podem afetar a capacidade
de reprodução dos machos podendo ser
afecções inerentes ou não ao sistema
Figura 9 - Ciclo estral na cadela e os principais eventos. reprodutor, estado sanitário e nutricional,
Fonte: Jornada do conhecimento.
idade e comportamento sexual. A crescente
demanda por animais com genética superior,
a disponibilidade de métodos de
Exames microbiológicos e sorológicos
aproveitamento de sêmen e a facilidade de
utilização, aumentaram a responsabilidade
Quando houver suspeita de processo
na avaliação andrológica e o tratamento dos
infeccioso ou inespecífico, a confirmação
distúrbios reprodutivos.
deverá ser feita pelo cultivo e antibiograma
do material e por testes sorológicos,
O sistema reprodutor masculino é formando
principalmente nos casos de infecções
por diferentes órgãos responsáveis pela
graves, não responsivas ao tratamento,
produção de hormônios, espermatozoides e
episódios de abortamento e partos
liquido seminal, bem como pelo transporte de
prematuros, tendo em vista a saúde animal e
sêmen durante a ejaculação.
a saúde pública. A assepsia deve ser a maior
possível durante a coleta. O antibiograma
será realizado para mostrar sensibilidade
e/ou resistência a fármacos.

Exame citológico e histológico

O esfregaço vaginal é um ótimo método para A bolsa testicular é presente em todos os


complemento de diagnósticos. As células são animais domésticos e tem a função de
coletadas por meio de cotonete, escova
regular a temperatura testicular por
ginecológica ou lavado vaginal com auxílio
mecanismo de resfriamento do sangue
de espéculo e realizado o esfregaço na
lâmina, fixadas e coradas para o exame ao arterial ou pela movimentação dos testículos
microscópio óptico. pela contração muscular que retrai para

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próximo do corpo quando a temperatura A idade do animal é um dado importante para
externa está mais baixa ou relaxa, afastando diagnosticar anormalidades hereditárias e/ou
do corpo quando a temperatura estiver mais congênitas, tumores e qualidade do sêmen.
alta. A raça do animal também é importante visto
que existem diferenças anatômicas normais
O epidídimo se divide em cabeça, corpo e entre as espécies e o não conhecimento
causa, sendo o espermatozoide produzido na desse fato pode levar a um diagnostico
cabeça e no corpo e armazenado na cauda. incorreto.
O pênis possui o formato cilindro em todas as Anamnese
espécies com a função básica de depositar o
sêmen no trato genital feminino e expelir É necessário obter todo histórico do animal
urina para o meio exterior. Existem tais como afecções passadas ocorrência de
características anatômicas entre as espécies: traumas, vacinações, tratamentos etc. A
compra de um reprodutor deve ser
Cão: contém osso peniano, a glande é acompanhada de umm certificados de exame
relativamente longa com a parte cranial andrológico e dos dados do vendedor.
cilíndrica e extremidade pontiaguda. A glande
do bulbo do pênis aumenta de 2 a 3 vezes Durante a avaliação do reprodutor, perguntas
durante a ereção, fato que contribui para o nó devem ser feitas, como se segue:
durante o coito. O coito pode durar de 15 a
30 min. • Qual a idade do animal?
• Acompanha certificado de exame
Gato: O orifício uretral é caudodorsal e a andrológico?
porção dorsal do pênis é cranioventral. O • Foi adquirido recentemente?
pênis é revestido por pequenas espiculas as • Quais são os antecedentes do animal?
quais regridem em animais castrados. • O animal já tem produtos?
• Como são os filhos do animal?
Cavalo: Em repouso o pênis do cavalo mede • Apresentam alguma anormalidade?
50 cm e durante a ereção pode aumentar • O animal apresenta desejo sexual?
50% ou mais. • Consegue cobrir a fêmea?
• A penetração é completa ou o animal
Touro: Possui a flexura sigmoide ou S não consegue expor o pênis
peniano qye se desfaz durante a ereção totalmente?
fazendo com que o pênis se exteriorize de 30 • A retração peniana ocorre
a 45 cm além do orifício prepucial normalmente?
• Quantas fêmeas, em média, o animal
Carneiro: Se assemelha aos touros, porém já cobriu?
os testículos são proporcionalmente maiores • Qual o índice de prenhez?
e a uretra se projeta além da glande peniana • Apresenta comportamento anormal
formando o apêndice vermiforme da uretra. (agressivo, afeminado...)?
• Ocorreu alguma mudança no manejo
Bode: A extremidade do pênis é enrolada,
do animal (alimentação, mudança de
sobretudo durante a cópula. tratador etc.)?
• O animal foi ou está sendo medicado?
Com o quê?
• Qual a dosagem? Há quanto tempo?
• Há quanto tempo apresenta o
problema?
• Qual a evolução da afecção?
Identificação • Apresenta dificuldade para se
locomover?

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Indícios de anormalidades primárias Alguns reprodutores se tornam
ou secundárias envolvendo o extremamente agressivos durante as
coberturas, esquecendo-se da função que
sistema reprodutor masculino deveriam desempenhar e concentrando-se
Infertilidade em agredir a sua parceira e, em alguns
casos, o operador. Pode ser causado pelo
Definida como redução temporária ou temperamento típico do animal ou por lesões
permanente da capacidade de conceber e anteriores.
produzir descendentes viáveis, podendo ser
uma incapacidade de cópula ou ausência de Masturbação
fertilização. O manejo é muito importante
para o desempenho reprodutivo. Prática observada em touros, cães e
garanhões. O touro procura lançar o membro
Mudança de comportamento sexual rijo entre as pernas e junto ao peito; o cavalo
golpeia repetidas vezes o pênis contra a
Indiferença sexual parede abdominal; os cães costumam
friccionar o pênis em algum objeto ou na
Puberdade não é sinônimo de maturidade perna de alguma pessoa.
sexual, a qual pode ocorrer meses ou anos
após. Ausência de libido é a falta de Ausência ou falha na manutenção da
interesse ou de estímulos sexual causada ereção
por fatores hereditários, ambientais e/ou
patológicos. A indiferença sexual está A ereção do pênis é controlada pelo sistema
relacionada a rejeição que pode ser nervoso vegetativo que pode ser adquirida
decorrente de traumas psíquicos. por algum trauma ou evento passado ou
resultado de alguma disfunção orgânica ou
causa hereditária, podendo também ser de
origem psicológica.

Aumento do instinto sexual Exame físico geral


Denominada satiríase, nos machos, o alguma disfunção orgânica ou causa
aumento do instinto sexual ocorre devido a hereditária, podendo
maior produção de esteroides, principalmente
em animais novos, superalimentados ou
Exame físico específico externo
animais criptorquidicos. Os indícios de libido
exacerbada são:
Os animais devem estar corretamente
• Ereções frequentes contidos para que o exame seja realizado de
• Hábito de montar sobre outros animais maneira correta e cuidadosa
da mesma espécie e/ou de espécie
diferente Bolsa testicular – Testículo e epidídimos
• Masturbação.
A inspeção da região escrotal é melhor
Tais padrões comportamentais costumam conduzida em pequenos animais mantidos
estar associados a animais jovens, a em
caminho da maturidade sexual. Nos cães, é posição quadrupedal, no chão ou sobre uma
frequente o aumento da libido pela irritação mesa de superfície não escorregadia. Nos
da glande. bovinos, em um tronco de contenção,
examinando-se por trás; lateralmente, em
Agressividade equinos.

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A pelagem e a pele da bolsa testicular devem O epidídimo deve ser cuidadosamente
ser observadas com relação a cor, infestação palpado entre o polegar e o dedo indicador,
parasitária e alterações micóticas. É preciso ao longo de seus três segmentos (cabeça,
estar livre de escaras, cicatrizes, lesões corpo e cauda), para verificação da
granulomatosas, edemas, fístulas, dermatites consistência e do tamanho.
e assimetrias graves. A bolsa testicular está
comumente envolvida em processos A identificação da cauda do epidídimo pode
traumáticos. O volume da bolsa testicular ser facilitada pela localização do ligamento
pode aumentar quando o testículo está caudal do epidídimo, palpado como um
hipertrofiado, com líquido ou em processos nódulo firme cabeça e o corpo do epidídimo,
tumorais. A circunferência escrotal (CE) está de maneira geral, não são estruturas
relacionada a produção espermática e é facilmente palpáveis, a não ser em casos de
utilizada para a seleção de animais. alterações patológicas; a cauda, de
consistência ligeiramente firme, é bastante
Os testículos e os epidídimos devem ser evidente e pronunciada. Não devem conter
examinados com base na simetria, no nódulos, aumento de temperatura ou dor à
tamanho e nos sinais de inflamação. A palpação.
assimetria testicular pode ocorrer como
resultado de atrofia ou hipoplasia, nos quais Em caso de epididimite aguda, o testículo e o
o testículo menor se encontra fibrosado, com epidídimo, de modo geral, ficam
o epidídimo proeminente, ou devido ao indistinguíveis à palpação; nesse caso, o
aumento de volume testicular, sendo, em aumento de sensibilidade e tamanho são
geral, acompanhado de dor e hipertermia sinais importantes.
(orquite aguda).

Para a avaliação de tamanho, formato,


consistência e simetria testicular, é
interessante que ambos os testículos sejam
fixados dentro da respectiva bolsa, um de
Figura 11 - Avaliação da cauda do epidídimo. Fonte:
cada vez, palpando-se por trás cada Semiologia veterinária – Feitosa 3ª edição
testículo, separadamente, mediante elevação
de um deles em direção ao cordão testicular. Prepúcio e pênis

Os pequenos animais devem ser colocados,


preferencialmente, em decúbito lateral, o que
facilita a imobilização e o exame. Deve-se,
inicialmente, observar o prepúcio para
identificar a ocorrência de edemas,
alterações congênitas (frênulo peniano
persistente), hemorragias, abscessos e
outras lesões, atentando-se, também, para o
grau de abertura do óstio prepucial. A pele do
prepúcio deve ser fina, elástica e móvel, sem
evidência de inflamação.
Figura 10 - Mensuração da circunferência escrotal em
touro. Fonte: Semiologia veterinária – Feitosa 3ª edição

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Essa afecção surge, na maioria dos casos,


durante um empuxo ejaculatório vigoroso.
Compreende a ruptura da túnica albugínea
com consequente hemorragia do corpo
cavernoso, que inunda o tecido conjuntivo
Parafimose e priapismo peripeniano, seguido do desenvolvimento de
hematoma local.
Apresentam causas diversas e requerem Muitas vezes, coexiste um prolapso de
cuidado especial. A parafimose é uma prepúcio em virtude, provavelmente, de o
afecção que impede o pênis de retrair para a hematoma localizado obstruir o fluxo
cavidade prepucial. O priapismo é a ereção sanguíneo venoso do prepúcio e/ou interferir
involuntária e permanente do pênis, sem que na inervação vasomotora local, atraindo,
haja manifestação por parte do animal, de então, a atenção do proprietário ou do
desejo sexual tratador.

Exame físico específico interno

Até certo ponto, os órgãos sexuais internos


dos machos podem ser examinados pela
exploração manual ou digital retal; contudo,
nem sempre o exame da genitália interna é
um procedimento fácil, tendo em vista o
comportamento agressivo e não cooperativo
de alguns animais

Figura 12 – Priapismo em equino. Fonte: Semiologia Glândulas bulbouretrais


veterinária – Feitosa 3ª edição

Difíceis de serem palpadas por via retal em


Fimose
virtude do espesso revestimento do musculo
isquiocavernoso
Ocorre a retenção do pênis na cavidade
prepucial devido a diminuição congênita ou
Próstata
adquirida do orifício prepucial o que impede a
sua exteriorização, sendo de difícil
A forma anatômica varia entre as espécies,
visualização.
sendo de difícil palpação nos equinos e
melhor visualizada em ultrassonografia. A
Balanopostite
localização também varia com a espécie
animal e o tamanho
A balanopostite geralmente é caracterizada
por corrimento prepucial purulento; em casos
Ampolas
avançados, pode promover aderências do
pênis ao prepúcio. Muito comum em cães e
Contribuem para ejaculação e armazenam o
touros.
esperma em suspenções provenientes dos
testículos e epidídimos. Sua palpação é
Protusão insuficiente do pênis
realizada somente em bovinos e equinos.
Por exteriorização insuficiente, o pênis não
Glândulas vesiculares
entra em contato com a vulva ocorrendo
geralmente devido um processo inflamatório
Facilmente localizadas pela parede do reto
que deixe o pênis edemaciado ou aderido.
ocupando uma posição ventral. Devem ser
comparadas com relação ao tamanho,
Fratura do pênis
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simetria, consistência, mobilidade e
ocorrência de sensibilidade dolorosa. São
maiores nos animais em reprodução e
menires em animais jovens e/ou castrados.
Em touros são lobuladas e lisas no garanhão

Anéis inguinais internos

Comumente examinados em equinos por


meio da palpação retal, localizando os
testículos e estruturas presentes dentro do
anel inguinal, em animais com suspeita de
hérnia inguinal e/ou escrotal. Figura 13 – Equipamento de eletroejaculação para coleta de
sêmen em touro. Fonte: Semiologia veterinária – Feitosa
3ª edição
Exames complementares
Análise espermática
Pode ser realizada a biopsia testicular
utilizada em associação a avaliação da
qualidade espermática. Possibilita o È considerado confiável quando todo
diagnostico diferencial entre algumas procedimento desde o preparo do animal,
afecções tais como obstrução do epidídimo lavagem e esterilização dos materiais,
hipoplasia. A coleta de amostras de tecidos realização por um profissional qualificado e
não é um procedimento de rotina devido a conhecedor das particularidades das
possíveis complicações. espécies for levado em consideração.

O exame das características físicas,


Métodos para coleta de sêmen químicas e microscópicas deve ser rea li
zado sob condições adequadas de
Existem vários métodos para coleta de temperatura, tempo de execução, bem como
sêmen nos animais domésticos, alguns não material, equipamento, soluções, meios e
mais utilizados devido a novas técnicas. corantes apropriados.

A técnica de eletro ejaculação é a mais


utilizada nos ruminantes e felinos domésticos
e selvagens, enquanto a excitação manual
do pênis e comumente empregado em cães
e raramente em touros. O método de
massagem das ampolas pode ser utilizado
no touro e no garanhão. A camisa peniana é
usada raramente me garanhões e a
massagem das ampolas não resulte na
coleta do sêmen.

Figura 14 – O laboratório deve estar conjugado ao local de


coleta e os equipamentos necessários para manipulação do
sêmen acertados para temperatura desejada. Fonte:
Semiologia veterinária – Feitosa 3ª edição

Referência

Medicina Veterinária - FAESA


Semiologia Veterinária Isabelle Passos
Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico/
Francisco Leydson F. Feitosa. - 3ª. ed. – São
Paulo: Roca, 2014.

RAIOL, D. T. S.; diagnóstico reprodutivo de


equinos submetidos à monta controlada.
Universidade federal rural da amazônia-ufra
residência em medicina veterinária. Belém.
2016

Medicina Veterinária - FAESA

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