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A percepção de 7 mulheres

sobre a pandemia da COVID-19


em 7 setores de atuação
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

As sete mulheres em casa [livro eletrônico] : a


percepção de sete diferentes setores sobre a
pandemia da covid-19 / Thaís Correia ... [et
al.]. -- 1. ed. -- Ponta Grossa, PR :
Associação Garagem Mulher, 2021.
PDF

Outros autores : Mabel Canto, Érika Zanoni


Fagundes Cunha, Dayani Cristina de Lima, Suelen
Braido, Flávia M. Barrichello, Ana Glinski.
ISBN 978-65-993934-0-2

1. COVID-19 - Pandemia 2. Mulheres 3. Relatos


pessoais 4. Superação - Histórias de vida I. Canto,
Mabel. II. Cunha, Érika Zanoni Fagundes. III. Lima,
Cristina de. IV. Braido, Suelen. V. Barrichello,
Flávia M. VI. Glinski, Ana.

21-57761 CDD-920
Índices para catálogo sistemático:

1. Superação : Histórias de vida 920

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Agradecimentos

Esta obra está sendo dedicada a todas as mulheres do nosso país.


Quero agradecer aqui, primeiramente a Deus pelo dom da vida
e por ter nos dado inspiração para escrever cada página desse livro.
Agradecer por cada coautora aqui que contribuiu doando seu tem-
po e compartilhando sua história para inspirar outras. Em especial
a Deputada Mabel por se permitir cumprir sua missão, criando esse
projeto Lindo “Garagem Mulher”, que tem ajudado tantas mulheres a
se empoderar e se tornarem protagonistas das suas vidas.
Esta obra tem como finalidade angariar fundos para o Instituto
Garagem Mulher para que possamos ter recursos e apoio para ajudar
ainda mais mulheres.
Para saber mais acesse https://garagemmulher.com

Elaine Thais Correia.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Prefácio
O ano de 2020 sem dúvidas entrou da forma mais marcante pos-
sível para a história. A humanidade se viu diante de uma pandemia:
o Coronavírus, que deixou muitas famílias despedaçadas por conta
das quantas vítimas fatais. O ano de lágrimas ficou também como o
ano das lições para a vida, como empatia, amor ao próximo e claro,
2020 impôs a muitos a reinvenção, em todos os sentidos.
Nesta obra as autoras trazem relatos pessoais das mudanças pro-
vocadas devido à pandemia, narrando os melhores aprendizados e as
dificuldades enfrentadas. São mulheres reais que tiveram que des-
pertar para essa nova realidade que pede por inovação. Não foram
poucas as pessoas que tiveram que aprender novas funções, lançan-
do mão de barreiras, para enfrentar esse momento tão delicado.
Mulheres fortes, porém com sensibilidade diante de uma reali-
dade difícil, que têm família, um lar com situações do dia a dia para
solucionar, uma carreira com atividades simultâneas, que comparti-
lham suas experiências. No decorrer desta obra é possível perceber
que as histórias têm uma forte conexão. Noto um entrosamento en-
tre as narrativas, mas que no dia a dia jamais notaríamos, já que as
histórias, geralmente, estão isoladas.
Aqui, essa união dos relatos nos permite uma ampla percepção
de que cada indivíduo tem, de fato, a sua realidade, mas que juntos
podemos reaver posicionamentos, repensar formas negativas de en-
xergar desafios e transformar cada dificuldade em aprendizado.
O conteúdo nos mostra que todas nós passamos por circunstân-
cias semelhantes ao longo de nossa trajetória. Com estes exemplos
de vida a seguir, conseguimos entender melhor como lidar com as
adversidades da rotina e o porquê delas surgirem, sim há um motivo.
As próximas páginas nos levam a uma reflexão, arrisco dizer até um au-
toconhecimento, já que passamos a ver certas situações com outros olhos,
de mais esperança. Você vai notar que nossa condição espiritual interfere
absurdamente no decorrer dos dias, em cada detalhe da nossa vida.
Importante salientar que a união dos relatos, aponta para um indica-
tivo o qual não costumamos dar valor: que você e nem eu estamos sozi-
nhas. Você vai ver que juntas podemos ser mais fortes, podemos crescer,
podemos inspirar e ajudar outras mulheres, por meio de atitudes simples.
Independente da área de atuação, a leitura é muito válida, pois
temos algo maior em comum, somos seres humanos em constante
evolução e sedentos pelo novo. Aqui os relatos simples e singelos das
autoras encorajam à mudança, estimulam a fé e nos fazem acreditar
que sim, nós podemos!
Tenho certeza de que você se enxergará em muitas das situações.
Boa leitura.
Priscila Koteski, jornalista.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Sumário
Agradecimentos......................................................................................................... 3
Prefácio........................................................................................................................4
Elaine Thais Correia - Desenvolvimento Humano....................................7
Sobre a Coautora ................................................................................................................................ 8
Recebendo a notícia da pandemia em meu segmento...................................9
Quais foram os impactos iniciais da pandemia em sua vida pessoal e pro-
fissional (setor representado)..................................................................................... 11
Impactos que ainda estamos tendo....................................................................13
Os aprendizados que conseguimos tirar de tudo isso....................................13
As percepções de tudo que a pandemia nos trouxe a curto, médio e longo
prazo................................................................................................................................ 14
A mensagem que quero deixar para as mulheres das futuras gerações so-
bre essa experiência que atingiu toda a humanidade........................................ 16
Referências................................................................................................................ 19
Mabel Canto - Política ............................................................................. 20
Quem eu sou............................................................................................................. 21
Chegada da pandemia ao paraná....................................................................... 21
Impactos da pandemia..........................................................................................22
O veto que mudou tudo........................................................................................25
O SIM mais dificil da minha vida.........................................................................28
O futuro incerto.......................................................................................................32
Dra. Érika Zanoni Fagundes Cunha - Instituição de Ensino.................. 34
1. Situação em abril de 2020................................................................................. 35
2. Covid-19, emoções e aprendizagem...............................................................39
3. A situação 5 meses pós o início da pandemia e fechamentodos colé-
gios.................................................................................................................................. 40
4. Mensagem para as mulheres das próximas gerações............................... 40
5. Considerações finais .......................................................................................... 41
6. Referências bibliográficas ................................................................................ 41
Dayani Cristina de Lima - Entretenimento............................................ 44
1. Quem é a creide?.................................................................................................45
2. Os “tar dos contorno”....................................................................................... 48
3. O “Coronga”..........................................................................................................49
Referências................................................................................................................54
Suelen Braido - Igreja............................................................................... 56
Autora......................................................................................................................... 57
Histórico da igreja.................................................................................................. 57
Período Antes Da Pandemia.................................................................................58
Ações tomadas na pandemia.............................................................................. 60
O que aprendemos na pademia..........................................................................65
Mensagem para as mulheres das futuras gerações sobre essa experiência
que atingiu toda a humanidade.............................................................................. 66
Referência................................................................................................................. 68
Flávia M. Barrichello - Comércio..............................................................70
Sobre a Coautora......................................................................................................71
Recebendo a notícia da pandemia em meu segmento................................. 72

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Quais foram os impactos iniciais da pandemia em sua vida pessoal e pro-


fissional (setor representado).................................................................................... 72
Os aprendizados que conseguimos tirar de tudo isso................................... 73
As percepções de tudo que a pandemia nos trouxe a curto, médio e longo
prazo................................................................................................................................ 74
Referências................................................................................................................76
Ana Glinski - Família..................................................................................77
Um pouco da minha história................................................................................78
1. Recebendo a notícia do Lockdown ................................................................79
2. Conceito de família............................................................................................ 80
3. Como tudo começou.......................................................................................... 81
4. Minha experiência..............................................................................................82
5. Impacto inicial da pandemia........................................................................... 84
6. Covid-19, sentimento e percepção dessa experiência ............................. 86
7. Mensagem final às mulheres e futuras gerações .......................................87
8. Referências.......................................................................................................... 88

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Elaine Thais
Correia -
Desenvolvimento
Humano

ELAINE
THAIS CORREIA
DE O
SE AN
NV M
OLVIM TO HU
EN

Nasci na cidade de Ponta Grossa- Pr. Sou Coach e Mentora Especialista em


Carreira e Executive, tenho formação como Coach Criacional pelo IGT,
Especialista em Perfil Comportamental e Líder Coach. Sou apaixonada pelo
desenvolvimento humano.
Fiz uma formação em Educadora Socio-emocional além de, Pós graduação em
Gestão de Pessoas com Coaching, me formei na graduação que foi um sonho
desde criança, Bacharel em Administração de Empresas.
Atualmente trabalho com treinamento e desenvolvimento pessoal e profissional,
levando transformação na vida de muitas pessoas. Ministro palestras
motivacionais, Inteligência Emocional e Espiritual, Autoconhecimento, Liderança
4.0. Sou voluntaria no projeto de Empoderamento feminino, amo ajudar mulheres
te um encontro consigo mesmas e viver a sua melhor versão. Também faço
atendimento de processo de coaching de forma individual e em grupo, ajudando
as pessoas a encontrarem sua missão e seu propósito de vida.
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

PERCEPÇÕES DA SITUAÇÃO ATUAL E PÓS


COVID-19 NA ESFERA DO COACHING

Sobre a Coautora

E laine Thais Correia, ca-


sada com Juliano Cor-
reia e mãe de um lindo
menino, Gabriel de 17 anos.
Formada em Administra-
ção de Empresas pela Fasf,
Pós Graduada em Gestão
de Pessoas com Coaching
pelo Instituto Doll, Foma-
da em Coaching de Carrei-
ra, Excutive e Especialista
em Perfil Comportamental
pelo IGT. Empresária na
área de Consultoria e Coaching, realiza palestras e treinamentos para
promover o desenvolvimento humano com ênfase em: Inteligência
Emocional; Social e Espiritual. É também coordenadora do projeto
Garagem Mulher, o qual motivou a produção deste livro.
Filha de pais separados, a terceira dos seis filhos de sua mãe, des-
de muito cedo precisou encarar as responsabilidades da vida adulta.
Passou por situações difíceis, com recursos escassos e sem muitos
luxos. Entretanto, os obstáculos, que poderiam a fazer desistir, ser-
viram como impulso para que ela cumprisse o seu chamado. Faz-se
necessário entender que as dificuldades vividas ao longo da jornada
da vida fazem parte das experiências que nos levam ao crescimento
e concede autoridade para falar de problemas como protagonistas e
não, apenas, como figurantes.
Elaine Thais Correia tem como objetivo auxiliar as pessoas em seu
processo de evolução pessoal e profissional. Levando-as a acredita-
rem em seu potencial, conectarem-se a Deus e viverem seu destino
profético nessa terra. Todos têm um propósito em sua existência e a
autora tem como missão levar cada indivíduo a descobrir o seu.
Trabalha majoritariamente com mulheres, busca incentivá-las a
usarem seus dons e talentos para transformar suas realidades e con-
sequentemente a sociedade.
As escolhas feitas diariamente são responsáveis por determinar
fracassos ou sucessos ao longo da vida. O segredo é compreender
que os bons resultados não dependem das dificuldades que a vida
nos apresenta, e sim das atitudes tomadas diante delas.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Recebendo a notícia da pandemia em


meu segmento

C omeçamos uma nova década. Dois mil e vinte trouxe um leque


de expectativas positivas para grande parte da população. É en-
graçado imaginar que iniciamos com tantos projetos e metas, entre-
tanto não temos ideia do que de fato irá acontecer. Este pensamento
é reforçado no livro de Provérbios que afirma que “Fazemos planos
para a nossa vida, mas é o Senhor quem determina os nossos passos.” (Pro-
vérbios 16:9. 2018, p. 538)
Passamos (minha família e eu) a festa de Ano Novo em Assis –
São Paulo (SP), com nossos amigos e mentores, Flavia e João Kobal.
Faço questão de mencioná-los, pois são pessoas que amamos muito,
pois acreditaram em nós e nos ajudaram a nos tornar indivíduos me-
lhores. Todos juntos, declaramos que o ano de 2020 seria o melhor
ano de nossas vidas. Nesse momento, não imaginávamos o que iria
acontecer nesse ano, mas sabíamos o poder depositado em nossas
palavras.

Quando voltamos de Assis- SP, estávamos a todo vapor, traba-


lhando, conquistando novos territórios, novas parcerias; eu havia
acabado de fazer uma transição de carreira. Tudo estava exatamen-
te como esperávamos. Planejar nosso ano é algo necessário, esta-
belecer alvos e metas, porém devemos compreender que existe um
poder que está acima de nós (eu o chamo de Deus), maior que os

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

nossos desejos e que acontecem situações que não temos nenhum


controle. Embora elas não saiam exatamente como planejamos, isso
não é motivo para desistirmos da busca por nossos objetivos.
Logo nos primeiros dois meses do ano, ouvimos os murmúrios de
um vírus que estava tomando a Ásia e Europa, contudo parecia estar
longe demais para chegar no Brasil. Apesar das graves notícias que
chegavam desses continentes, não havia grandes preocupações re-
lacionadas a esse problema. Infelizmente em nosso país há o ditado
que “o ano só começa depois do carnaval”, mesmo essa ideia não
agradando todos os brasileiros, essa é a realidade de boa parte da
nossa nação. Nessa época muitos turistas vêm participar das festas
que se tornaram conhecidas em todo o mundo.
Após concluídas as comemorações de Carnaval, recebemos a notí-
cia que o vírus, que até então estava distante, havia chego ao Brasil.
Foi uma surpresa para muitos, os brasileiros, assim como a popula-
ção mundial, não estavam preparados para essa situação. O primeiro
caso divulgado foi no Estado de São Paulo e logo apareceram outros
casos. Apesar desses fatos, muitos de nós continuávamos levando a
vida. Vivendo no piloto automático, engolidos por nossa rotina.
Em meados do mês de março aumentou significativamente o nú-
mero de mortes e contaminados por corona vírus em todo mundo,
inclusive em nosso país. Nesse momento, começamos a entender
que a pandemia era algo sério e mudaria para sempre a nossa rotina.
Esse mês foi marcado pelo começo das Quarentenas (período de
isolamento para evitar a propagação do vírus) em todo território na-
cional, o Estado do Paraná, publicou no dia dezesseis que:
Ficam suspensas, por tempo indeterminado, a partir
da próxima sexta-feira (20), as aulas em escolas públicas
da rede estadual de ensino, assim como nas universidades
estaduais. É recomendado que a medida seja seguida por
escolas e universidades particulares.
A partir dos próximos dias, ficam suspensas as visitas
a teatros, cinemas, bibliotecas, museus e outros eventos
artísticos e culturais; e hospitais, penitenciárias e centro
de socioeducação, por tempo indeterminado.
(Agência de Notícias do Paraná,2020.)
Embora a situação tivesse alterado todos os planos traçados para
o ano de 2020, acredito que a fé nos dá forças e não nos deixa entrar
em pânico em momentos que aparentemente não há saída.
A Bíblia Sagrada, apesar de ser um dos livros mais antigos do
mundo, sempre traz uma palavra de conforto. E aqui deixo mais um
versículo que nos faz acreditar que tudo acabará bem: “Deixe na mão
do Senhor tudo o que você faz, e todos os seus planos serão bem-su-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

cedidos.” (Provérbios 16:3, 2018,p.538). Neste texto, entendemos que


quando fazemos planos e metas devemos pedir a Deus que Ele cum-
pra a Sua vontade. E mesmo que a nossa vontade não seja realizada,
ainda sim, tudo dará certo.
Sou Cristã, sigo um estilo de vida deixado por Jesus, um homem
que viveu na terra e deu o maior exemplo de humanidade e amor.
Tenho a Bíblia como meu manual de vida, minha bússola. É nela que
acredito! E foi a minha fé na palavra de Deus que encontrei forças
para superar todos os obstáculos que a vida me apresenta.

Quais foram os impactos iniciais da


pandemia em sua vida pessoal e
profissional (setor representado)

E sta pandemia me fez refletir sobre a fragilidade da vida huma-


na, o quanto podemos ser vulneráveis a questões tão peque-
nas, quase invisíveis. Estávamos acostumados a grandes encontros
e eventos que reuniam inúmeras pessoas e não imaginávamos que
tudo isso poderia ter um fim. Mas acredito que é só uma pausa.
Vivíamos no piloto-automático, sem prestar atenção a detalhes
simples da vida. Focávamos em adquirir bens materiais, sucesso e
reconhecimento, querendo chegar logo a um destino que, muitas
vezes, não sabíamos como alcançar. De repente, encontramos um
obstáculo no meio da estrada que nos forçou a pisar muito forte no
freio e interromper nosso percurso.
Os maiores impactos fo-
ram internos, a forma como
passei a ver o mundo, valo-
rizar minha família, meu lar,
apreciar as coisas simples
da vida. Tenho certeza que
não serei a mesma pessoa
que iniciou a quarentena, e
acredito que muitos não se-
rão.
Dentro dos meus aten-
dimentos de coaching, eu
sempre digo para meus co-
achees, explico que toda
mudança que queremos
começa sempre de dentro
para fora, e não o contrário.
Se você não se sente satis-
feito com os resultados que (foto tirado por fabricio, arquivo pessoal Thais)

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

tem tido em sua vida, olhe para dentro de você e veja o que pre-
cisa mudar. O grande problema da maioria das pessoas é que elas
se eximem da autorresponsabilidade, Vieira explica que “Seja como
for, você é o único responsável pela vida que tem levado. Você está
onde se colocou. A vida que você tem levado é absolutamente méri-
to seu, seja pelas ações conscientes ou inconscientes, pela qualidade
de seus pensamentos, comportamentos e palavras. Seja até mesmo
pelas crenças que permite ter.” (VIEIRA, 2012, 41)
Isto é, precisamos assumir o comando de nossas vidas e deixar-
mos de ser vítimas das circunstâncias. As pessoas tendem a culpar
o mundo externo por seus resultados. Responsabilizam o governo,
a política, a economia do país, o cônjuge, os filhos. Enfim, é sempre
mais fácil encontrar um culpado para justificar nossos fracassos do
que ter a coragem e assumir a responsabilidade por suas atitudes. E
digo isso com propriedade, pois agi desta forma por anos, até que
minha mentora espiritual me fez entender como é importante a au-
torresponsabilidade. A partir desse momento admiti toda a respon-
sabilidade por meus resultados, assumi o comando da minha aero-
nave chamada vida e passei a reescrever uma nova história. Quando
chegou a pandemia, escolhi quais seriam os impactos que toda essa
situação iria causar dentro de mim.
Trabalho com desenvolvimento humano. Realizo treinamentos e
palestras, por isso viajava muito. Com a pandemia tive alguns tra-
balhos suspensos, meus atendimentos que antes eram presenciais
passaram para o formato on-line. Apesar das dificuldades impostas
por essa crise, assumir o controle dessa situação era a solução corre-
ta para sair desse cenário.
Os impactos da pandemia mudaram os hábitos da nossa rotina.
Eu amo ficar no meio de pessoas, mas com o isolamento social, eu
não poderia mais estar presencialmente, a saída era estar virtual-
mente, e foi o que fiz. Reverti todos os meus atendimentos para
a forma on-line, tanto com os atendimentos individuais, quanto os
treinamentos e palestras.
Com o isolamento social,
adaptei o meu trabalho 100% em
home office, ou seja, trabalho em
casa. Algo que já vínhamos mu-
dando aos poucos em nossa roti-
na de trabalho. Pois em Dezem-
bro de 2019, devido a algumas
readequações profissionais, eu e
meu esposo decidimos fechar o
escritório que tínhamos há mais
de sete anos. Dispensamos os Foto tirada por Flavia Kobal 2019 (arquivo pessoal, antes da
pandemia)

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

funcionários que tínhamos e passamos a trabalhar 50% de nossa ro-


tina em casa e a outra metade em atendimentos externos. Na época,
tomar essa decisão foi uma tarefa muito difícil, um grande desafio.
Mas hoje, eu vejo a Mão de Deus em tudo, Ele já estava nos prepa-
rando para este tempo. As palavras de ordem eram: REINVENTAR-SE,
minha resiliência, determinação e fé, foram essenciais para essa nova
fase!

(Foto 2019 arquivo projeto garagem mulher, antes da pandemia)

Desenvolver autorresponsabilidade é essencial, nós decidimos o


impacto que os obstáculos terão na nossa vida. É necessário extrair
aprendizado de tudo que vivemos!

Impactos que ainda estamos tendo

A inda estou atendendo 100% em home office, o que era para du-
rar 15 dias já chegou a 6 meses. Algo provisório tonou-se uma
rotina. Sair de casa, apenas se necessário, os convívios familiares e
sociais diminuíram significativamente. O uso de máscaras e álcool
em gel são hábitos comuns a todos nós. Essa atual situação nos leva
a pensar que o “nosso normal” nunca mais será o mesmo. Acredito
que a pandemia acelerou muitas coisas que estavam para acontecer,
principalmente na área profissional de toda a humanidade. As mu-
danças estão apenas começando, o mundo pós-pandemia será total-
mente diferente daquele que conhecíamos antes do dia 20/03/2020.

Os aprendizados que conseguimos tirar


de tudo isso

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

O maior aprendizado é que precisamos valorizar a família, os ami-


gos e contemplar as coisas simples da vida. O sucesso só vale
a pena quando temos com quem comemorar. Investimos tempo de-
mais em adquirir bens materiais, e pouco tempo em conquistar mo-
mentos de qualidade com as pessoas que amamos. Um conselho:
Não deixe a rotina estressante de trabalho te afastar das pessoas
que ama.
Durante a pandemia, vi muitas pessoas se reinventarem. Profis-
sionais que ficaram desempregados e começaram a empreender. Di-
versas empresas se adaptando para continuarem a existir. Vi muitas
pessoas se paralisarem com medo e pânico, mas também vi muitas
pessoas se tornarem fortes e avançar! Como eu disse, a vida é feita
de escolhas.
Das grandes crises saem muitos aprendizados, dos quais podem
impactar as futuras gerações de forma positiva. A vida pode nos
pregar muitas peças. É preciso ser flexível e aberto às mudanças.
Permita-se crescer!

As percepções de tudo que a pandemia


nos trouxe a curto, médio e longo prazo

O mundo precisava dessa pausa, era como um “resetar”. Esse tem-


po nos fez refletir sobre o que realmente importa. Estar pró-
ximo das pessoas que amamos é muito importante, aprendemos o
valor de um abraço que ficou tão raro ao longo dessa pandemia.
Dentro dos meus atendimentos, ouço muito relatos dos coaches que
conseguiram apreciar detalhes que antes passavam despercebidos
por eles. Coisas que na correria frenética pareciam tão banais, torna-
ram-se essenciais. Pudemos sentir verdadeiramente a falta que um
abraço nos faz, aumentando ainda mais a dor e a tristeza. A falta de
nos relacionarmos com as pessoas, estarmos mais próximos delas, de
sair com amigos para tomar um café. Coisas simples, mais que fazem
muita, muita falta.
Outra percepção, foi o quanto o desenvolvimento humano se
transformou em algo tão importante para muitas pessoas, tanto em
sua área pessoal como profissional. As pessoas começaram a buscar
mais o autoconhecimento, desenvolver diferentes habilidades, fo-
ram impulsionados a reinventarem-se para esse novo cenário pós-
-pandemia.
Penso que realmente a pandemia veio para acelerar ainda mais
o desenvolvimento das pessoas e das empresas também. O mundo
corporativo tem buscado pessoas das quais investem em desenvol-
vimento, aprimoramento de habilidades comportamentais, flexibili-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

dade, empatia. E a pandemia trouxe para muitas pessoas essa cons-


cientização de buscarmos nossa evolução pessoal. Pessoas evoluídas
contribuem para melhores resultados em suas vidas, na sociedade e
também dento das organizações.
Muito se tem falado sobre o profissional do futuro, e víamos
isso como algo distante. No fórum econômico mundial desse ano de
2020, foi discutido sobre as habilidades que as pessoas precisam ter
para ser um bom profissional, e a maioria das habilidades está re-
lacionada às questões comportamentais, conforme descrito abaixo:
O Fórum Econômico Mundial diz que você precisa de dez habili-
dades para prosperar em 2020:
1. Capacidade para solucionar problemas complexos;
2. Pensamento crítico;
3. Criatividade;
4. Gestão de pessoas;
5. Coordenação ao lado de outras pessoas;
6. Inteligência emocional;
7. Julgamento e tomada de decisão;
8. Orientação a serviço;
9. Negociação;
10. Flexibilidade cognitiva.
Todas essas habilidades fazem sentido para o momento atual.
(FORBES,2018)
Refletindo sobre essas habilidades, vejo que a pandemia nos pro-
porcionou desenvolvê-las em grande parte. Como solucionar proble-
mas complexos, criatividade para superar esses desafios, tomada de
decisões, flexibilidade cognitiva e a mais importante, no meu ponto
de vista, Inteligência Emocional. Afinal, em meio a uma pandemia
precisamos gerenciar nossas emoções para ter êxito em nossa vida.
Então quero dizer uma coisa muito importante: está na hora do
ser humano investir no que é preciso e primordial para obter sucesso,
em qualquer área da sua vida, investir em si mesmo, no seu desen-
volvimento humano.
Nessa pandemia, evolui muito como pessoa, descobri que eu ti-
nha habilidades e talentos que não conhecia. E quero repassar esse
aprendizado para muitas pessoas. Porque acredito que o ser humano
é incrível e tem uma capacidade imensa de evoluir!
Acredito que muitas pessoas mudarão suas vidas, há uma grande
necessidade de evolução, tanto em suas competências quanto habi-
lidades. Às vezes é necessário que as crises aconteçam para nos tirar
da zona de conforto e mudar o que precisa ser mudado. Das grandes
crises é que saem as grandes evoluções!!

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

E diante dessa reflexão, do quanto o ser humano pode evoluir,


quero fazer uma pergunta: quais as competências, habilidades e ta-
lentos que você ainda não ativou dentro de você?! Pense nisso!
Não se contente com pouco, pois você pode muito mais do que
imagina, mas para isso precisa se permitir e usar os limões que a
vida nos impõe para fazer uma boa limonada. Afinal de contas, as
crises sempre existirão, a diferença está em como eu decido viver
essas crises e o que posso aprender com elas para me tornar um ser
humano melhor.

A mensagem que quero deixar para as


mulheres das futuras gerações sobre
essa experiência que atingiu toda a
humanidade

A minha transformação começou em 2007, quando entreguei mi-


nha vida para Jesus. Ele me fez enxergar quem eu sou de verda-
de, me perdoou por todos os meus erros, estendeu-me Sua mão no
pior momento da minha vida. Ressuscitou os meus sonhos, restau-
rou minha identidade de filha amada do Deus Altíssimo, curou mi-
nhas feridas, colocou pessoas ao meu lado que acreditaram em mim,
quando nem eu mesma acreditava. Por gratidão a Deus, eu decidi
retribuir ao mundo, fazendo por outras pessoas aquilo que Deus fez
em minha vida. Por esse motivo este livro foi escrito.
Nessa crise que enfrentamos, fiz uma série de lives com sete mu-
lheres que desempenham papéis de líderes, cada uma representan-
do o seu setor de atuação, para falar das suas percepções e desafios
em meio a pandemia. Era sábado, dia 09 de maio de 2020, estava no
banho quando refletia sobre como poderia contribuir com essa situ-
ação e ajudar as mulheres a lutarem por seus sonhos. Nesse momen-
to, veio a inspiração de Deus falando desse livro. E foi aí que nasceu a
ideia de transformar essas lives em um livro, e assim, inspirar outras
mulheres que estejam passando por alguma crise, de pandemia ou
não, a superarem os desafios e se reinventar.
Escrever o livro, além de deixar um legado de inspiração e supe-
ração para outras pessoas, também nos ajudaria a angariar recur-
sos para o Projeto Garagem Mulher, projeto que está comprometido
com as ações da ONU na construção da Agenda 50/50 que tem por
objetivo promover ações para estimular a igualdade entre homens
e mulheres. Visando também o empoderamento das adolescentes;
estimular o surgimento de mais mulheres formadoras de opinião nas
mídias; promover a representatividade da mulher, formando mulhe-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

res lideres para ingressarem nos diversos setores da nossa socieda-


de. E principalmente ajudar as mulheres que sofrem com a violência
doméstica, dando a elas o apoio que necessitam, até mesmo para
ingressarem no mercado de trabalho.
Então, quero dizer para você, que além de você receber doses de
motivações através de cada capitulo desse livro, você também es-
tará ajudando outras mulheres. Pois todo recurso adquirido com as
vendas, será revertido para este fim.
Cada uma das coautoras que aceitaram esse desafio de escrever
um capítulo dessa obra, doou o seu tempo para inspirar e contribuir
de alguma forma na vida de outras mulheres. E quero deixar aqui o
meu agradecimento a cada uma delas por ter aceito nosso convite,
que Deus as retribua em dobro todo o bem que fizeram.
Quero agradecer a você que adquiriu esse livro, pois você está
ajudando a nossa missão de empoderar e motivar mulheres a ser
protagonistas de suas vidas. Que Deus lhe abençoe grandemente.
E para finalizar a mensagem que quero deixar é a seguinte: Nesse
mundo sempre haverá crises e sobre isso nem eu ou você temos o
controle. A única coisa que podemos controlar é aquilo que acontece
dentro de nós. Você decide o que vai extrair das situações que a vida
te apresenta. Pessoas que se fazem de vítimas não alcançarão suces-
so e não terão suas vidas transformadas. Não escolha ser vítima, seja
uma guerreira que luta por seus sonhos e faz a diferença na vida de
outras pessoas. Construa uma história da qual terá orgulho de contar
para seus filhos, netos e amigos.
Assuma os resultados que tem alcançado, independente se são
bons ou ruins. E lembre-se: “Na tempestade o pessimista reclama
do vento, o otimista espera a tormenta passar e o autorresponsável
ajusta as velas.” Autor desconhecido (PAULO VIEIRA, 2012,P. 57). Ou
seja, ajuste as velas se necessário for, só não pare de navegar nesse
mar de oportunidades, pois tenho certeza que encontrará o seu por-
to seguro ao final da sua jornada de vida.
Nessa pandemia, vi crescer o medo, a insegurança e a incerteza.
Pessoas frustradas, sem qualquer perspectiva positiva do futuro. E
confesso a você que também senti medo, entretanto mantive-me
com fé e esperança, mesmo com medo. Esse sentimento só tem o
poder que nós damos a ele.
Medo é a ferramenta de um Diabo idealizado pelo
homem. A fé inabalável em si mesmo é tanto a arma que
derrota este Diabo quanto a ferramenta que o homem
utiliza para construir uma vida de sucesso. E é mais do que
isso. É uma conexão direta com os quadros irresistíveis
do universo que apoiam o homem que não acredita em

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

fracassos e derrotas, senão como experiências meramente


temporárias.” (HILL, 2020, P 01)
Isto é, não deixe o medo determinar os resultados de sua vida,
antes deixe a fé prevalecer e te empurrar para frente, quando deixa-
mos a fé agir, não existem fracassos, o que existe é resultado. Você
escolhe o que fazer com esses resultados. E de todos os resultados
podemos tirar grandes aprendizados.
Baseada nessas experiências, deixo alguns conselhos que podem
te auxiliar em momentos de crise:
1- Permita-se: a mudança só acontece quando permitimos que ela
aconteça;
2- Responsabilize-se: você é a única responsável pelos resultados
que tem alcançado;
3- Conheça- se: saiba verdadeiramente sua identidade, suas habi-
lidades, competências e talentos que possui e que pode desenvolver;
4- Conecte-se com Deus: ele é a fonte de toda a força que preci-
samos para vencer as crises;
5- Perdoe: primeiro a si, depois aos outros. Todo mundo carrega
uma dor, seja gentil com todos, principalmente com você mesma;
6- Tenha mentores: busque alguém para te ajudar a melhorar
como ser humano; que esteja onde você quer chegar; que seja confi-
ável; que te ensine e exorte quando necessário e partilhe da mesma
fé que a sua;
7- Reinvente-se sempre que precisar: o mundo e a vida são fei-
tos de ciclos, as mudanças são inevitáveis, transforme-se sempre em
uma pessoa melhor.
Não sei quando você irá ler este livro, mas espero verdadeiramen-
te que ele possa te ajudar de alguma forma. Espero ter contribuído
com a sua jornada, oro para que este livro faça diferença na tua vida.
E assim, como cada coautora aqui, você possa buscar a tua supera-
ção e escrever uma linda história que poderá contribuir para a vida
de outras mulheres. Não deixe que o medo lhe impeça de ser aben-
çoada e de abençoar outras pessoas.
Cada uma de nós tem sua própria luz, o que você foi chamada
para fazer, mas ninguém fará! Para Deus somos únicas e o que Ele
nos comissionou ninguém poderá cumprir a não ser nós mesmas.
Quando deixamos de cumprir nossa missão, deixamos de ocupar
nosso lugar no mundo, e quando isso acontece fica um vácuo no
universo. Porque somos únicas, e a maior prova disso está em nossas
digitais: ninguém tem a mesma digital que você. Pense nisso!
Você pode, você consegue, você merece!!
Com muito carinho...
Elaine Thais Correia

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Referências
NOVA BÍBLIA VIVA. Diversos autores. São Paulo: Hagnos, 2018.
GOVERNO do Estado anuncia medidas para enfrentamento ao
coronavírus. Agência de Notícias do PARANÁ,2020. Disponível em:
http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyi-
d=106130&tit=Governo-do-Parana-anuncia-medidas-para-enfren-
tamento-ao-coronavirus. Acesso em: 29 de agosto, 2020.
8 habilidades necessárias para ter sucesso em 2020. Forbes, 2018.
Disponível em: https://forbes.com.br/carreira/2018/08/8-habilida-
des-necessarias-para-ter-sucesso-em-2020/. Acesso em: 29 de agos-
to, 2020.
NAPOLEÃO, Hill. Mais esperto que o Diabo. Porto Alegre:CDG, 2020.
VIEIRA, Paulo. Autorresponsabilidade. 2, ed. Fortaleza: Premius, 2012.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Mabel Canto
- Política

MABEL CANTO
P O LÍTIC A

Mabel Canto nasceu em 1985 na cidade de Clevelândia no sudoeste do Estado


do Paraná. Pontagrossense de coração há mais de 28 anos, Mabel recebeu em
junho de 2020 o Título de Cidadã Honorária dessa cidade que tanto ama.
Casada, mãe de dois filhos, advogada e radialista, vem seguindo os passos do
seu pai, Jocelito Canto, no rádio e na politica.
Iniciou sua carreira no rádio quando tinha 15 anos e atualmente apresenta
nas terças-feiras e quintas-feiras o programa O Repórter, pela internet, na
página oficial do programa. Esteve ao lado do pai em suas campanhas
políticas e acompanhou diretamente seus mandatos como Prefeito Municipal
de Ponta Grossa e Deputado Estadual do Paraná. Posteriormente, também
trabalhou como Assessora Jurídica na Secretaria de Segurança Pública do
Estado e atuou como técnica responsável pela gerência do Programa Leite das
Crianças por toda região dos Campos Gerais.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Quem eu sou

M eu nome é Mabel Canto, sou radialista, advogada e no momen-


to exerço o mandato como Deputada Estadual pelo Estado do
Paraná. Tenho 35 anos, sou casada com o Thalmy Augusto, sou mãe
da Milena, de 11 anos, e do Lucca, de 3 anos.
Devido à função como deputada, afastei-me do meu trabalho
como advogada desde janeiro de 2019, dedicando-me ao trabalho
parlamentar e às apresentações do Programa “O Repórter”.
Logo que surgiram os primeiros casos de COVID-19 no país, todos
nós ficamos apreensivos. Uma situação tão imprevista e desconheci-
da se instalou e foi impossível imaginar o que iria acontecer.

Chegada da pandemia ao paraná

I nicialmente as sessões da Assembleia Legislativa do Paraná foram


mantidas com muitos cuidados, entre eles o distanciamento en-
tre as cadeiras dos parlamentares e muitos frascos de álcool em gel.
Uma situação muito difícil de manter, tendo em vista que somos
54 deputados em um mesmo local, todos interagindo e debatendo
quase ao mesmo tempo. Some-se a isso os servidores e ainda os vi-
sitantes. Mais de centenas de pessoas no mesmo espaço, ao mesmo
tempo, vindas de várias regiões do Estado. E cada região tinha uma
realidade da doença. Curitiba e região metropolitana apresentavam
muitos casos positivos, assim como a região Norte do estado. Des-
de o inicio do mandato, eu me deslocava todos os dias à Capital do
Estado para participar das sessões, realizadas às segundas, terças e
quartas-feiras. Eu viajava de carro de Ponta Grossa, um pouco mais
de 100 km todos os dias, acompanhada de assessores. Outros de-
putados, de municípios mais afastados, se deslocavam também de
carro ou através de voos. Ou seja, contato com diferentes pessoas,
tanto para os que faziam o trajeto de carro ou de avião.

Foto: Assembleia Legislativa

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

O Governo do Estado, através de decretos, recomendou medi-


das para contenção do vírus, ainda no mês de março, e proibiu, por
exemplo, as reuniões públicas e privadas com mais de 50 pessoas.
Claramente a partir daí, com a realização das nossas sessões legisla-
tivas, estávamos infringindo as próprias normas do Estado.
Com essas determinações e também com a própria pressão dos
servidores e deputados, a mesa diretora da Assembleia Legislativa
determinou regime de rodizio entre os servidores, afastamento dos
servidores que se encaixavam no grupo de risco e sessões remotas,
que seriam realizadas pela internet, cada deputada e deputado de
sua casa ou escritório.
No rádio mantivemos com muitos cuidados nosso programa ma-
tinal, até porque o momento exigia de nós, comunicadores, muita
dedicação e responsabilidade para repassar as informações à pula-
ção.
Reduzimos a equipe de forma presencial pela metade e passamos
a trabalhar com ainda mais cuidados. Nosso programa tem uma hora
de duração. A pandemia mudou meu jeito de trabalhar tanto como
deputada como radialista. Uma nova rotina foi obrigatória em am-
bos os setores. Mudanças necessárias para o período.

Impactos da pandemia

A o mesmo tempo, os colégios e faculdades também fechavam


suas portas. A prefeitura de Ponta Grossa, município que man-
tenho residência, determinou fechamento total do comércio por 15
dias, com algumas exceções, como por exemplo, farmácias e super-
mercados. As pessoas foram orientadas a manter o isolamento e a
sair de casa apenas para o estritamente necessário. Assim, dispensei
minha diarista e assumi totalmente as funções domésticas. Sem con-
tar que, com o fechamento dos colégios, estava agora com dois fi-
lhos em casa em tempo integral. Claro, contava com o apoio do meu
marido, que também entrou em isolamento e começou a trabalhar
em casa e me auxiliava com os filhos.

Foto: Arquivo pessoal

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Tenho uma rotina bem intensa e muito cansativa. Antes da pan-


demia eu já era mãe, trabalhava e cuidava da casa diariamente. As-
sim como muitas mulheres, conciliava várias funções ao longo do
dia. Eu levanto muito cedo para apresentar o programa de rádio, em
torno das cinco horas da manhã nas terças e quintas-feiras. Nesses
e nos outros dias da semana, ainda pela manhã, atendo a população
no meu escritório em Ponta Grossa. Volto pra casa, descongelo ou
cozinho algo rapidinho que já deixei meio preparado, dou almoço
para as crianças e vou trabalhar. De segunda a quarta-feira sigo para
Curitiba para as sessões da Assembleia; nos demais dias, incluindo
alguns dias dos finais de semana, também viajo pelo Estado para
conversar com a população e saber as demandas dos municípios.
Mas a pandemia exigiu uma rotina diferenciada. Passei a exercer
todas as minhas atividades em casa, com exceção do programa de
rádio. Estava agora, trabalhando, cuidando da casa e dos filhos ao
mesmo tempo. Tudo junto e misturado.
Eu nunca tive histórico de atleta, mas gosto muito de me exerci-
tar. Faço exercícios pelo menos três vezes na semana. Além de cuidar
da saúde do corpo, a atividade física tem um impacto muito positivo
na minha saúde mental. É o meu momento exclusivo para cuidar de
mim, distante de quaisquer outros afazeres. Deixo o celular de lado,
paro de pensar no trabalho, em problemas e esqueço do mundo. “Me
endorfino, literalmente!” Gosto de fazer meus exercícios logo cedo
porque me dá energia para o resto do dia. Mas até nisso tivemos
mudanças. Com as academias fechadas, o jeito foi fazer os exercícios
em casa.
No período da manhã, além de trabalhar, ainda precisava checar
as aulas remotas da minha filha, que está no sexto ano do ensino
fundamental. Se não é fácil para uma pré-adolescente ter atenção
nas aulas presenciais, imagine as aulas remotas em casa. Foi preciso
ser firme com ela várias vezes.
Em uma manhã bem fria, abri a porta do quarto e ela ainda esta-
va deitada na cama, com apenas a cabeça descoberta, o computador
na escrivaninha com a aula remota e o volume muito baixo. Estava
sem os óculos e praticamente dormindo. Sei que muitas mães pas-
saram por situações parecidas durante a pandemia, e de fato foge
ao nosso controle. Por isso, tive que conversar diversas vezes com
minha filha durante a pandemia sobre seus estudos.
Em relação ao meu filho mais novo, que estava no infantil III, dei-
xei ele mais livre, curtindo as brincadeiras em casa. Cheguei a receber
material escolar para realizar com ele as atividades, mas não conse-
guia ter a didática e a concentração necessária. Acabou que no mês
de agosto eu e meu marido optamos por tirá-lo do colégio. Teremos
que recuperar o prejuízo no próximo ano.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Durante as manhãs estudava os projetos que iriam para votação,


solicitando o auxilio dos meus assessores de maneira on-line. Pas-
samos a nos comunicar ainda mais pelas redes sociais e fazíamos as
reuniões também de forma remota.
O trabalho de um parlamentar a nível estadual envolve muitas
viagens, deslocamentos. Sou uma deputada que gosta de conversar
e ouvir as pessoas, por isso acaba que sempre estou na rua, na estra-
da. É por isso que levo meu programa de rádio de forma presencial
para os bairros e municípios. Primeiro, porque durante o programa
falamos sobre a situação de cada local e seus moradores, o que está
faltando, quais problemas estão enfrentando, o que já foi feito. Sur-
gem situações de inúmeras frentes como saúde, onde uma unidade
de saúde está fechada e os moradores precisam se deslocar até outro
bairro para consultar um colégio com problemas estruturais, enfim,
muitas demandas. Algumas fáceis e simples de resolver, outras mais
complicadas ou até mesmo fora da minha competência, entretanto,
busco sempre dar um encaminhamento.
Segundo, após o rádio, faço visitas para ver a real situação das
demandas e ir ao encontro das pessoas que moram em cada local
que visito. Um politico que ouve de fato a população sabe o que está
acontecendo e procura soluções para os problemas enfrentados por
eles. Por conta da pandemia, essas visitas e compromissos tiveram
que ser cancelados.
A rotina dentro de casa foi adaptada e começamos bem. Ao me-
nos no primeiro mês não foi tão difícil. Estava dentro de casa, tra-
balhando, com os meus filhos o tempo todo e pensava qual mãe
não gostaria de ter um trabalho assim. Claro que existia o medo da
contaminação pelo vírus, por isso só saíamos para o estritamente
necessário. E quando saíamos de casa procurávamos fazer tudo que
era necessário para evitar sair em outros dias.
Não recebíamos ninguém dentro de casa, nem mesmo nossos fa-
miliares mais próximos. Meu pai trabalhava em um programa de TV
ao vivo, com muitas pessoas na produção, assim ele se isolou do
restante da família, pelo medo de levar o vírus até nós. Meu pai
mora sozinho e quase sempre faz suas refeições fora de casa, e aí
passamos a fazer uma marmita com o almoço que ele passava bus-
car todos os dias.
Minha mãe e meus sogros se enquadraram no grupo de risco e
igualmente ficaram isolados. Passamos a conversar pelas chamadas
de vídeo.
Em uma ocasião, nossa campainha tocou e ao atendermos vimos
meus sogros do lado de fora do portão. Era a saudade batendo e
eles vieram apenas olhar para os netos de longe. Não era possível

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

abraços e nem beijos. Apenas lágrimas dos avós, com muita saudade
dos netos.
Não se tinha uma previsão de quando tudo iria passar e voltar ao
normal. Assim, fomos levando, da maneira que dava, de dentro de casa.
Trabalhávamos, cuidávamos da casa, dos filhos. Nos permitimos
até a receber um novo membro na família durante a pandemia. Lam-
brusco, um Pastor Maremano, chegou para trazer mais alegria para
nossos dias e fazer companhia a nossa York Athena. Os trabalhos na
Assembleia Legislativa foram fluindo. Inicialmente votamos projetos
do executivo e de deputados, voltados a matérias relacionadas à
pandemia. Projetos como o uso obrigatório de máscaras no Paraná
foram aprovados e viraram leis. Este inclusive assinei como coautora.
Com o passar do tempo a vida foi fluindo de maneira mais tran-
quila. Acredito que nos acostumamos com a situação. O comércio
foi reaberto com algumas restrições de horários e dias. Restauran-
tes voltaram a fazer entregas, o que me trouxe um alivio, já não
aguentava mais cozinhar! Muitas pessoas continuaram a trabalhar
de maneira remota, outras se adaptaram e foram à luta. As famílias
começaram a se reunir novamente. Alguns, infelizmente, deixaram
de seguir as recomendações das autoridades com os cuidados de
higiene e distanciamento, o que fez aumentar o número de casos,
chegando à situação de, durante semanas, ficarmos sem vagas nos
hospitais para atender os pacientes de covid19. A vida seguiu de uma
nova maneira. Era o início do novo normal.

O veto que mudou tudo

T enho um trabalho parlamentar pautado na austeridade e trans-


parência pública, fiscalização; trabalho pela saúde social e no
empoderamento das mulheres.
Meu primeiro projeto de lei na Assembleia resultou na Lei do Par-
to Adequado (Lei Estadual 20.127), que permite que toda gestante do
Paraná, classificada como gestação de risco habitual, possa escolher
a via de parto que melhor atende suas convicções, crenças e costu-
mes. Na prática, a gestante pode escolher entre o parto normal e a
cesárea (a partir de 39 semanas de gestação).
Também tenho outros projetos em prol das mulheres paranaen-
ses, como o que permitiria a criação de um protocolo específico que
priorizaria cirurgias plásticas reparadoras para mulheres vitimas da
violência doméstica. O projeto foi aprovado em abril deste ano, atra-
vés de sessão remota da Assembleia Legislativa.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Foto: Assembleia Legislativa

Infelizmente, o projeto foi vetado pelo Governador do Estado Ra-


tinho Jr, sob o argumento de que não poderíamos interferir no SUS.
Um argumento totalmente questionável, uma vez que inúmeras leis
do Estado apresentadas por deputados, fazem esta interferência,
como a lei do Parto Adequado. Dias antes do veto ao meu projeto,
tomei a decisão de deixar a base do governo na Assembleia Legisla-
tiva. Também estava fazendo um forte trabalho de fiscalização em
obras públicas e no final dos contratos dos pedágios, o que incomo-
dava integrantes do governo estadual.
Meu veto foi apreciado pelo plenário da Assembleia Legislativa
e o líder do governo encaminhou voto da base para manutenção
do veto. Assim, perdemos a votação e o projeto foi derrubado. Na
semana seguinte, também analisamos o veto a um projeto de lei de
uma colega deputada, nos mesmos moldes do meu, que foi derruba-
do. O líder do governo encaminhou que a base votasse pela derru-
bada do veto e assim o projeto foi aprovado e virou lei estadual, ao
contrário do que aconteceu com o projeto por mim apresentado. A
colega deputada pertencia à base do governo, ao contrário de mim.
A indignação tomou conta de mim em plenário. Um projeto tão
importante, que beneficiaria mulheres marcadas pela violência. Mu-
lheres com cicatrizes de facadas, tiros, queimaduras. Um protocolo
de prioridade para mulheres que já sofreram tanto. Punidas mais vez
porque eu estava fazendo meu trabalho de fiscalização.
O líder do governo e eu discutimos e ele me chamou de hipócrita.
Hipócrita porque estava defendendo as mulheres vítimas da violên-
cia no estado! Ainda disse que eu “me fingia de oposição, sendo que

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

meu pai trabalhava na emissora de televisão do governador”. Vincu-


lou meu trabalho como deputada ao trabalho do meu pai na Rede
Massa, que pertence à família do governador.
Quem conhece meu pai sabe do seu profissionalismo e compro-
metimento com aquilo que faz. Desde 2012, ele apresentava o Pro-
grama Tribuna da Massa com muita dedicação, deixando de lado
questões politicas, mesmo já tendo sido prefeito e deputado. Deixa-
va seu posicionamento, mas sempre primava pela democracia, ou-
vindo aqueles que tinham posicionamentos contrários ao dele.
Imediatamente ao saber do ocorrido, meu pai tomou uma deci-
são dura. Deixaria a Rede Massa. Não iria permitir que meu trabalho
como deputada fosse contestado por mais ninguém, que vinculas-
sem meu posicionamento na Assembleia só porque ele trabalhava
na empresa do governador. O mandato havia sido outorgado pela
população, ele era prioridade. Era maior do que nossos projetos pes-
soais.
Eu concordei com ele, não havia mais como manter essa situação.
De um lado ele estava trabalhando na empresa da família do go-
vernador, do outro lado eu estava fiscalizando o governo, algo que
incomodava.
Na sessão seguinte, anunciei em plenário a decisão do meu pai
em deixar a Rede Massa em decorrência das palavras do líder do
governo. Durante meu pronunciamento me emocionei, não consegui
segurar as lagrimas. Meu querido pai estava se sacrificando por mim
mais uma vez. Estava defendendo a voz e a independência da filha
no parlamento, defendendo o mandato.
O choro da deputada virou notícia e comoveu muitas pessoas. A
forma como fui tratada pelo líder do governo foi comparada a uma
violência por inúmeras seguidoras nas redes sociais. Recebi muitas
mensagens de apoio e de carinho. Muitas mulheres me disseram que
se sentiram ofendidas e agredidas junto comigo, afinal eu estava
defendendo as mulheres paranaenses com o projeto, e não poderia
ter sido chamada de hipócrita.
A verdade é que quando uma mulher ganha voz em espaços pre-
dominantemente do sexo masculino, o opressor se sente superior.
Não é, e nunca será superior, não podemos deixar que fatos como
esses aconteçam mais. É por isso que defendo uma maior participa-
ção das mulheres na política. Participando ativamente ou não. In-
centivo cada vez mais as candidaturas femininas, e que cada eleitora
analise antes a candidatura de uma mulher. Não estou dizendo que
as mulheres só podem votar em mulheres, mas devido ao cenário
atual, com tão pouca participação da mulher na política, precisamos
equalizar esse espaço. O ideal seria termos os mesmos números de
mulheres e homens eleitos nas nossas Casas Legislativas e no Poder

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Executivo. Ocupamos tão pouco esse espaço e isso dificulta a luta


por nossos direitos.
Sem contar que, quando temos mulheres na política, mais po-
líticas públicas sociais, que impactam diretamente na vida dos ci-
dadãos, são realizadas. Mulheres são menos corruptas, dados esses
confirmados por várias pesquisas. É só ver os projetos apresentados
pelas mulheres: visam o bem estar, a saúde, a questão social da co-
munidade. Uma pesquisa rápida sobre os projetos de lei das deputa-
das estaduais do Paraná comprovam o que estou relatando.
Eu realmente defendo a causa das mulheres, o que não quer di-
zer que não tenha outras bandeiras. Mas eu sou mulher e defender
direitos para todas nós é o mínimo que eu posso fazer. Eu não falo
só de mulheres, mas eu falo de mulheres quando muitos não falam.
Defender também os direitos que outras mulheres não têm aces-
so, mas que eu tive. Foi o caso da Lei do Parto Adequado. Eu, nas
minhas duas gestações, pude escolher a via de parto que queria me
submeter. Porque tinha acesso a um plano de saúde; quer dizer que
tenho uma condição social melhor que outras e podia pagar. E isso
não deveria ser requisito para uma escolha tão importante. Foi por
este motivo que trabalhei muito pela aprovação da lei que hoje ga-
rante o direito de escolha da via de parto às paranaenses, inclusive
pelo SUS.
Fato é que, infelizmente, nem todos os profissionais da saúde e
maternidades têm cumprido a lei. O que torna minha outra função,
a de fiscalizadora, ainda mais importante. Estamos percorrendo o
Paraná, na pandemia, com todos os cuidados, visitando maternida-
des e hospitais para que saibam que estamos de olho e que caso não
cumpram, vamos acionar os órgãos competentes para fazer valer a
lei.

O SIM mais dificil da minha vida

A saída do meu pai da televisão teve uma grande repercussão. Co-


legas de trabalho choraram e a população ficou triste de não ter
mais o Jocelito Canto na tela da televisão.
O fato, que não foi uma jogada política, como muitos falaram,
mas que foi devido a uma situação politica, teve consequências tam-
bém no meio.
Já fazia meses que meu pai tentava uma união política entre três
grupos políticos distintos da cidade para disputar as eleições municipais
deste ano. Defendia que essa união seria positiva para a população.
Essas conversas se intensificaram após sua saída da televisão. Os
três grupos tinham ações e posicionamentos políticos diferentes, mas

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

poderiam caminhar juntos por algo maior, que é a cidade de Ponta


Grossa.
Hoje vivemos um momento em que grupos extremistas tentam
dividir o país entre direita e esquerda. Tentam colocar você em um
dos lados. E aquele que está do outro lado não vale nada, não tem
qualidades, só defeitos. Ter um posicionamento politico é impor-
tante, mas o respeito pelo posicionamento do outro é fundamental.
E colocar-se em um dos lados não quer dizer que você é um radical,
que você precisa seguir tudo que esse lado defende. AÍ existe a pon-
deração e o discernimento.

Foto: André Jonsson

Eu me considero uma pessoa de centro na política. Não gosto de


nenhum tipo de extremismo, vejo coisas boas e ruins tanto na di-
reita, quanto na esquerda. Acredito que fazer politica é justamente
debater posições e construir o que há de melhor em ambos os lados.
O perigo é quando você tem medo de se posicionar ou quando se
torna um oportunista, estando com o lado que está no poder. É com
esses indivíduos que precisamos tomar cuidado. São os chamados
“em cima do muro”, que pulam de um lado para o outro do muro,
conforme seus próprios interesses.
As conversas pela união do grupo não deram certo. Nós, que
somos de centro, ficamos divididos entre a taxada “esquerda” e o
“agora no momento tentando ser direita”. Ambos cobravam de nos-
so grupo uma decisão para qual lado iríamos apoiar. Não queríamos
machucar ninguém, ambos eram parceiros, cada grupo tinha uma

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

história diferente, ambos com méritos e deméritos, que não nos ca-
bia julgar.
Entre prós e contras, definimos o lado escolhido. O que mais le-
vamos em consideração foi o lado mais social e humano do grupo e
sabíamos que enfrentaríamos muitas criticas com essa escolha, mas
não tivemos medo de nos posicionar.
Esse grupo já tinha um nome definido para disputar as eleições
e estava com uma frente de partidos bem encaminhada. Seríamos
apoiadores do grupo.
A pandemia mexeu com a nossa vida. Cada pessoa se viu em uma
situação incerta, que nunca tinha passado. Tivemos que nos adaptar
a novos hábitos, ficamos confinados, sofremos níveis de estresse,
picos de alegria e tristeza. Definitivamente, a grande maioria refletiu
sobre a própria vida ou surtou sobre isso. Eu ao menos fiz os dois.
Aliado a tudo isso que estávamos passando na pandemia, as ex-
periências que fomos vivendo traçaram novos horizontes. Coloca-
mo-nos no lugar do outro, sentimos novas sensações e definitiva-
mente nos reinventamos.
Além da reflexão pessoal, me vi obrigada a repensar algo que ti-
nha me comprometido durante a campanha para deputada. Entre
alguns compromissos que assumi durante a campanha eleitoral de
2018, estava diminuir pela metade todas as verbas a que eu tivesse
direito no mandato, diminuir pela metade os cargos em comissão do
meu gabinete, dar publicidade a cada nota fiscal dos recursos que
utilizaria da verba de ressarcimento, além de doar metade do meu
salário para entidades e trabalho social.
Venho cumprindo tudo desde o início do mandato, em fevereiro
de 2019. Consegui ser ainda mais austera, gasto menos da metade
da verba de ressarcimento, publico no meu site todas as notas fis-
cais dos gastos e também os recibos das doações do meu salário.
Tudo de forma muito transparente e de fácil acesso ao cidadão co-
mum. A própria Assembleia Legislativa alterou a publicação da sua
Transparência depois disso e desde o final do ano passado todas as
notas fiscais ressarcidas aos deputados estão sendo publicadas. Não
ressarci nenhuma nota de alimentação, de hospedagem em hotéis e
não aluguei nenhum imóvel em Curitiba para ficar nos dias de ses-
são. Levo marmita de casa ou pago minha refeição. Nada de extraor-
dinário, apenas zelo pelas questões públicas.
Dentre esses compromissos também está cumprir todo o meu
mandato como deputada estadual. Até alguns dias, jamais tinha
pensado que pudesse não cumprir este compromisso.
A menina Mabel um dia sonhou em ser prefeita de Ponta Grossa,
ao lembrar do trabalho do pai como prefeito. Isso foi deixado de lado

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

com o tempo, especialmente depois de assumir meu mandato como


deputada. Evidentemente sei que o Executivo consegue realizar bem
mais que o Legislativo, mas por ora isso não era uma opção. Esta-
va feliz com a minha função de deputada. Consegui nesse pequeno
tempo do mandato aprovar leis de impacto direto na população e
também recursos para os municípios da região, dentre eles o valor
de 2,4 milhões de reais para equipar a nova maternidade do Hospital
Universitário Regional dos Campos Gerais. Equipamentos modernos
que irão trazer mais conforto e qualidade no atendimento para as
gestantes e bebês da nossa região.
Mas então surgiu o dia em que eu precisei dizer o sim mais difícil
da minha vida.
Com frequência, mães e pais precisam dizer não difíceis aos seus
filhos. Uma palavra negativa que dói falar. Mas sabemos que esse
não será precioso lá na frente. Ele vai livrar um filho de uma situação
perigosa ou de um problema, pode ajudar a moldar o caráter e as
atitudes dos nossos filhos. Mas eu nunca tinha pensado que um sim
seria tão difícil de dizer.
E o sim era para mim mesma. Impressionante como essa curta
palavra tem me feito sentir inúmeras sensações diferentes e confli-
tantes ao mesmo tempo.
Esse sim, em poucos dias, já me fez sentir receio, êxtase, medo,
coragem, felicidade, tristeza. Já sorri e chorei por causa dele. Fez-me
entrar em conflito com meus sentimentos; assumir uma responsabi-
lidade enorme e tornou-me irresponsável por outro lado.
Foi em uma tarde de conversas sobre as eleições municipais deste
ano. E de repente surgiu a ideia: Mabel candidata a prefeita. Eviden-
temente que disse um não muito sonoro inicialmente, lembrei ao
meu pai que tinha um compromisso assumido em Cartório de que
cumpriria todo o meu mandato. Eu estava cumprindo tudo que esta-
va naquele papel, tinha reconhecimento público e muito positivo do
meu mandato como deputada.
Nesse e em nenhum momento anterior me passou pela cabeça
descumprir o que havia prometido. Quando eu assinei esse docu-
mento com meus compromissos, jamais imaginei o que aconteceria
pela frente. Quando te colocam uma faca no pescoço e condicionam
seu posicionamento ao trabalho do seu pai, quando te ameaçam,
quando seu pai se sacrifica por você e deixa o próprio trabalho para
que você tenha liberdade, o sangue fala mais alto. Não há papel no
mundo que nos faça perder a nossa dignidade. E somente um covar-
de não iria agir como eu agi.
Em um certo momento da conversa eu vislumbrei que eu seria
de fato uma boa opção do grupo para vencer as eleições. Era mu-

31
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

lher, nunca tivemos uma mulher prefeita, estava preparada técnica


e politicamente, não tinha amarras politicas e poderia governar com
tranquilidade na escolha da minha equipe. Acima de tudo, mesmo
em meio à situação financeira da prefeitura, poderia realizar muitas
coisas em prol da população. Muito mais que como deputada.
Aprendi com meu pai que política bem feita muda a vida das pes-
soas. Eu o vi fazendo isso, foi para isso que entrei na política. Mais do
que eu, está o nós. O coletivo. Mas a promessa me impedia de dizer
sim e não queria abrir mão do meu compromisso.
Tentaram me convencer e me pediram para pensar até o final do
dia seguinte. Fui para casa, sentei com o meu marido e minha filha
e conversamos. Eles disseram que me apoiariam qualquer que fosse
minha decisão. Um minuto de coragem muda toda a nossa vida. E
fiquei corajosa, mesmo sabendo o que iria enfrentar pela frente.
Para decidir fui buscar ajuda na palavra de Deus. Sou católica,
creio muito em Deus, mas frequento todas as religiões que me fazem
bem. Procurei uma pastora que gosto muito de ouvir pregar. Tam-
bém procurei um padre, que sempre aconselhou minha família. Por
incrível que pareça, ambos me disseram palavras iguais: sabedoria,
esperança, luz. Tenha sabedoria para governar e terá tudo, seja es-
perança em um tempo tão descrente, seja luz e ilumine na escuridão.
Poucos são os que têm esse dom de liderar, se eu sabia que essa era
minha missão, meu propósito, deveria ir em frente.
O momento era de excepcionalidade. Muito havia mudado. O
projeto em torno de algo maior, as pessoas da nossa cidade, deveria
ser prioridade. “Devolver a cidade ao seu povo”, cuidar das pessoas
mais simples. Do bairro para o centro, uma administração para to-
dos, mas como prioridade às pessoas. Uma decisão muito difícil em
virtude do que havia me comprometido. Sabia que sofreria muitas
críticas, que muitas pessoas não entenderiam. Que seria julgada e
até mesmo maltratada.
Seria muito mais cômodo cumprir meu mandato como deputada.
Deputado, tem cinquenta e quatro no estado, dois deles em Ponta
Grossa para dividir as responsabilidades do cargo. Seria mais difícil
ser candidata, que dirá prefeita eleita. Toda a responsabilidade da
cidade é da prefeita. Um buraco na rua, culpa da prefeita. Faltou
esparadrapo na unidade de saúde, culpa da prefeita. Uma difícil de-
cisão. Disse sim. O sim mais difícil que já falei.

O futuro incerto

N este momento que escrevo e finalizo meu capitulo, são 22h:15


de um domingo, dia 13 de setembro. Daqui a dois dias comemo-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

raremos os 197 anos do aniversário de Ponta Grossa, município que


me coloquei à disposição como candidata a prefeita.
Tenho sofrido muitos ataques nos últimos dias por ter dito sim a
esse projeto, que é cuidar da cidade. Algo que era esperado, mas que
dói mesmo assim.
Mas a solidariedade é uma das grandes marcas desse período e
não estou falando de doações materiais. Estou falando do se impor-
tar, de ligar para saber como o outro está, de dizer uma palavra de
força e orar por alguém. De se sacrificar e defender aquele que ama-
mos. Eu recebi todas essas formas de solidariedade neste período de
pandemia, especialmente agora. E me sinto abençoada.

Foto: André Jonsson

Eu não sei o que vai acontecer ainda ao longo da pandemia. Não


sabemos quando ela irá terminar, quando teremos uma vacina que
irá nos tranquilizar, o que vai acontecer na campanha e se irei vencer
as eleições.
A certeza que eu tenho, antes e durante a pandemia, é de que o
futuro é algo muito incerto e tudo pode acontecer. Por isso temos
que ter fé em Deus, amar incondicionalmente e tentar sempre fazer
o bem. Podemos não fazer as escolhas corretas, mas se foram esco-
lhas com bons propósitos elas nunca irão dar errado. E dar certo não
quer dizer que serão os resultados esperados. Confio em Deus e sei
que Ele fará o melhor por todos nós, durante e pós pandemia.

33
Dra. Érika Zanoni Fagundes
Cunha - Instituição de Ensino

ÉRIKA ZANONI
FAGUNDES CUNHA
IN O
S TIT IN
UIÇÃO DE E N S

Sou formada em Medicina Veterinária (2003) pela Universidade Federal do Paraná,


tenho mestrado em Ciências Veterinárias também pela Universidade Federal (2005) e
doutorado (2019) na mesma universidade. Tenho experiência na área de Medicina
Veterinária, com ênfase em Comportamento animal. Atualmente sou Coordenadora
Geral do Centro Superior de Ensino dos Campos Gerais (CESCAGE). Atuo também
junto ao corpo docente da Faculdade, no curso de Medicina Veterinária, sendo
responsável pela disciplina de Criação de Animais não Convencionais e no curso de
Fisioterapia pela disciplina de Terapia Assistida por Animais. No setor de extensão,
coordeno o grupo Mascotes da Alegria que realiza intervenções assistidas por animais
há 8 anos. Na pós-graduação sou Coordenadora da Residência de Saúde Coletiva.
Estou me interessando também por gestão escolar. O objetivo deste capítulo é expor o
efeito da pandemia com detalhes referentes à importância de cada decisão, as
limitações e soluções encontradas durante o caminho.
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

PERCEPÇÕES DA SITUAÇÃO ATUAL E PÓS COVID-19 NA


ESFERA DA EDUCAÇÃO

“Só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver


dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se
estendem além de cinco minutos”.
Mario Quintana

1. Situação em abril de 2020

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 11 de março


de 2020, a COVID-19 como uma pandemia. Para achatar a curva
de transmissão do vírus e desafogar os leitos hospitalares no Brasil,
em 20 de março de 2020, através de decreto, as escolas e outros es-
tabelecimentos fecharam. Segundo a UNESCO, mais de 850 milhões
de estudantes em todo o mundo estão sem aulas presenciais devido
à pandemia do coronavírus.
O governo flexibilizou o calendário escolar nos 200 dias letivos
e permitiu o ensino a distância. Consequentemente, professores de
todo o mundo enfrentaram problemas semelhantes para ensinar
alunos no novo formato. O avanço da doença forçou as escolas e
universidades a questionarem suas metodologias de ensino e a cria-
rem soluções tecnológicas para transmitir o conteúdo.
Recebemos a notícia de que a pandemia avançaria no Brasil e
de uma hora para outra, fechamos as portas da escola e faculda-
de. Em menos de uma semana, tivemos que organizar a estrutura
de uma escola on-line em plataformas que nunca havíamos atuado
antes, com o desafio de despertar o interesse dos alunos aos novos
métodos e fazer com que continuassem aprendendo. Chefes de se-
tores e professores também tiveram que ser corajosos de enfrentar
o medo do desconhecido e usar ferramentas tecnológicas quando
ainda operavam em modo analógico.
Os corredores cheios de alegria e
entusiasmo ficaram vazios, tristes e
sem alunos. Todos, para sair de casa,
precisávamos utilizar máscaras (foto)
e gel antisséptico. A recomendação do
governo era a quarentena. Só sair de
casa quando necessário.
A aprendizagem é um processo de
mudança de conhecimento, de com-
portamento que se obtém por meio
das vivências construídas por fatores

35
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

emocionais, neurológicos, relacionais e emocionais (PEDRO et al,


2018). Para isso é necessária uma abordagem educativa que valo-
riza a qualidade de vida, o foco, autoconhecimento e a expressão
de emoções. No contexto atual da pandemia, o fechamento das
instituições forçou os professores ao enfrentamento de bloqueios
tecnológicos na tentativa de se criar virtualmente uma plataforma
que incentive o melhor desempenho das funções executivas para a
consolidação da memória. Mas percebe-se que os alunos não têm a
mesma motivação nos estudos longe do apoio presencial dessa figu-
ra tão importante, o professor.
A sala de aula é um lugar de troca, incentivo e cuidado. As crian-
ças e adultos se afeiçoam, confiam a aprendem, mas em casa existe
um novo campo de saber que exige autonomia, responsabilidade,
ética e moral. Não é difícil ouvir que a escola deve preparar para a
vida, portanto a vida ocorre no aqui e agora e deve-se preparar o
aluno para vencer nas adversidades e extrair o melhor delas A in-
ternet surge nessa fase para permitir um mundo novo, mas como
incentivar e motivar os alunos com tantas distrações que competem
com o professor no ensino a distância durante a pandemia?
Nosso cérebro é formado por bilhões de células, os neurônios, e
por trilhões de sinapses (comunicação entre os neurônios). Apesar
dessa capacidade, apenas analisamos o que realmente importa. Este
mecanismo refere-se ao fenômeno da atenção. É por meio da aten-
ção que podemos selecionar o que é importante e deixar de lado
tudo aquilo que não nos interessa (COSENZA; GUERRA, 2011).
Quando um professor está em sala de aula tem alguns concor-
rentes, tais como um colega, um barulho na quadra ou um celular
escondido. Em casa, a concorrência com a aula do professor é muito
alta. O aprendiz pode considerar a aula menos interessante que o
seu videogame, que o celular, que a geladeira, entre outros distrato-
res. Por isso, é preciso rever metodologias e tornar a aula prazerosa.
A consolidação daquilo que é importante precisa de um peso emo-
cional. O professor precisa emocionar, estimular que o neurotrans-
missor do aluno se ligue à proteína de membrana e que desenvolva o
potencial de ação, entrada de íons e mudança de gradiente, ou seja,
trocando em “português claro” se o conteúdo for bom, ele vai passar
para frente (consolidação da memória).
Claro que precisamos compreender que as funções executivas dos
alunos estão em desenvolvimento. Não podemos comparar adultos
com adolescentes e crianças. Não se pode exigir o que a maturação
neuronal não pode dar. Segundo PINTO (2008) os aspectos do neuro-
desenvolvimento, entre eles o processo de mielinização, consideram
que o amadurecimento dos lobos frontais ocorre por meio de surtos:

36
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

- 1º Surto de crescimento (5 anos de idade): confere ganhos im-


portantes em relação aos processos de controle atencional.
- 2º Surto de crescimento (7 a 9 anos) confere desenvolvimento
de três subcomponentes executivos: processamento de informação,
flexibilidade cognitiva e planejamento;
- 3º Surto de crescimento (11 a 13 anos): os subcomponentes an-
teriormente citados alcançam a maturidade e emerge o chamado
controle executivo.
Quando os estudantes estão em sala de aula, o professor per-
cebe quando não está sendo compreendido ou quando o distrator
ganha a competição, e traz o aluno de volta ao conteúdo! No ensino
fundamental é muito importante a presença do professor para rea-
lizar esse chamado de retorno para a aula. No ensino médio, o pro-
cesso é mais fácil porque as funções executivas já se desenvolveram,
mas na fase adulta é que se tem a plena capacidade atencional de-
vido à maturação neuronal completa e a consciência de um objetivo
maior de vida. Alguns alunos, apesar da idade cronológica de matu-
ração, ainda não desenvolveram a autoresponsabilidade e mesmo
adultos necessitam de apoio.
As fotos na sequência ilustram como aconteceram as aulas sín-
cronas do Colégio Vila Militar Cescage – Ponta Grossa-PR (no mes-
mo horário que tinham no presencial) no ensino médio.

Na foto a seguir, podemos demostrar um exemplo de como foram


as apresentações de trabalho. Apesar de não estarem na frente dos
colegas, ainda o “frio na barriga” de falar em público on-line perma-
nece:

37
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Para os alunos do ensino fundamental o professor precisava usar


a criatividade para incentivar os estudos. A foto abaixo ilustra uma
aula de educação física síncrona e on-line. Os alunos sentem muito a
falta dos amigos e da comunidade escolar em geral.

Na faculdade, o engajamento dos alunos foi maior, entretanto,


alguns necessitavam de apoio incondicional durante as aulas. Nessa
etapa da vida, já se tem um objetivo de vida traçado, mas mesmo
assim os alunos sentem-se em desamparo.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

2. Covid-19, emoções e
aprendizagem

D urante a pandemia, crianças, jovens e adultos confinados podem


apresentar sinais relacionados a ansiedade, depressão e medo.
O rendimento escolar pode cair consideravelmente. Estudos em neu-
rociência afirmam que os processos cognitivos e emocionais estão
entrelaçados (ARNSTEN, A. F & RUBIA, K, 2012; VELASKES & RIBEIRO,
2014;). Crianças, adolescentes e adultos com sinais de medo, ansie-
dade e depressão podem apresentar pouca concentração e atenção
deficitária. (VELASKES & RIBEIRO, 2014). A capacidade de focar, de
concentrar e de lembrar tem muito a ver com o estresse emocional
que o indivíduo está suportando, refletindo nas funções cognitivas
imediatas e em longo prazo.
A família tem um papel fundamental no processo do desenvol-
vimento cognitivo, emocional e das funções executivas dos filhos.
Os pais em home office estão participando do processo de ensino-
-aprendizagem construindo um ambiente onde precisam ensinar
além das apostilas e com amor.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

3. A situação 5 meses pós o início da


pandemia e fechamentodos colégios

A situação atual é de bastante insegurança. As escolas e faculda-


des ainda permanecem fechadas por decreto e já se consegue
aferir os prejuízos pedagógicos para os alunos. Existem flexibiliza-
ções no sentindo de organizar aulas que seriam práticas, em versão
on-line; entretanto, as perdas na aprendizagem podem ser muito
grandes. No momento estamos confeccionando manuais de biosse-
gurança para organizar o retorno das aulas presenciais com cautela
e protocolos, mas ainda não sabemos quando as aulas presenciais
efetivamente irão retornar.
As faculdades e alguns colégios particulares puderam passar o
conteúdo através de suas plataformas e as aulas síncronas ocorrem
em cumprimento ao calendário, mas outras instituições, em espe-
cial as públicas, não tinham essa disponibilidade e o conteúdo era
distribuído com atividades impressas ou por televisões em menor
frequência do que o número de horas exigidas. Isso exacerbou as
diferenças sociais e prejudicou o direito da educação para todos.
O retorno das aulas exigirá grande esforço da equipe para pa-
dronizar aprendizados, recuperar o que se perdeu, capacidade indi-
vidual de aprendizagem on-line e também equilibrar emoções dos
estudantes que vivenciaram uma das maiores crises sanitárias da
história.
Muito alunos aparecem desmotivados, ocorreram muitas desis-
tências e perda de sequência de aprendizado. Alguns abandonaram
os estudos e não sabem quando irão retornar. Poderíamos pensar
que seria um ano fácil, que as informações estão disponíveis e que
o aluno pode “colar” nas provas, mas observa-se que realmente o
aprendizado precisa ter significado. A criança e adolescente preci-
sam sentir o pertencimento, acolhimento e cuidado. Precisa também
das regras, horário e agenda. Não conseguem, por si, desenvolver na
marra a autorresponsabilidade que exige um pouco mais de maturi-
dade cerebral.

4. Mensagem para as mulheres das


próximas gerações

M ulheres, estamos vivenciando a maior crise de saúde dos últi-


mos tempos. Estamos em quarentena há 150 dias. Todo esse
tempo, nos afastamos fisicamente de quem amamos. Apesar da dis-
tância ser apenas a dos olhos e não do coração, o ser humano neces-
sita de toques, de presença e de interação. Não está sendo fácil, mas

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

sabemos que todo esse sacrifício pode ter um resultado no sentido


de aumentar a consciência com relação ao meio ambiente e à em-
patia.
Apesar das inseguranças financeira e da doença, dentro de nós
precisamos cultivar o impulso obstinado rumo à salvação. Doses de
paciência e resistência precisam nos nutrir para a resiliência. Não sa-
bemos o que vai acontecer e nem quando as aulas vão retornar, mas
no subterrâneo do ser restaura-se e renasce um espírito vital que ge-
rará novos frutos, novos aprendizados e isso ficará de herança para
as gerações futuras.

5. Considerações finais

A Pandemia do coronavirus está revolucionando a forma de edu-


car. Embora o estresse seja fundamental para a sobrevivência,
o estresse crônico está fortemente relacionado a vários distúrbios
cerebrais, incluindo depressão, ansiedade, transtorno de estresse
pós-traumático e distúrbios de aprendizagem. É preciso conhecer
quais os efeitos do estresse na cognição e correlacionar sinais como
distração, procrastinação e apatia com estresse crônico. Espero que
gostem desse compartilhamento dos estudos das neurociências e
aprendizagem.

6. Referências bibliográficas
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Books, 2017.
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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Dayani Cristina
de Lima -
Entretenimento

DAYANI
CRISTINA DE LIMA
EN S
TRE O
T E NI ME NT

Me chamo Dayani, tenho 37 anos, casada, tenho 3 filhas, sou atriz,


maquiadora e influencer digital. Durante 10 anos trabalhei como
executiva comercial na Telefônica Vivo, a 3 anos atuo nas redes sociais
como Creide, levando empoderamento feminino, leveza e muito
amor a mais de 2 milhões de seguidores, sendo um público 96%
feminino. Rodo o Brasil com um projeto de Workshop de automake e
stand up comedy motivacional, único no Brasil nesse formato. Sou
realizada e muito feliz com o que faço. Fiquei emocionada em fazer
parte desse projeto, muito obrigada.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

1. Quem é a creide?

S ou a Dayani Cristina de Lima, minha mãe e irmãs me chamam de


Daya, meus amigos de Day, mas você que está lendo deve me
conhecer como Creide, aquela do vídeo: “Os tar dos contorno”, pois
é, fiquei famosa através dele, até em programas nacionais de TV eu
fui, e mais de uma vez.
Eu sempre achei, quando pequena, que os artistas viviam dentro
da TV, deixa eu explicar: eu achava realmente que os artistas eram
pequeninos e viviam dentro daquela caixinha, a televisão- quanta
inocência! Na minha casa, a TV ficava entre a sala e a cozinha, casa
pequena sabe como é... minha avó, sabendo da história que os artis-
tas viviam dentro da TV (aliás, ela sempre reforçava essa ideia por
motivos óbvios), dizia que se eu roubasse os sonhos que ela fazia, os
“tios” da TV iriam ver e contar para ela. Mal sabia ela que eu imagi-
nava que quando a TV estava desligada eles estavam todos dormin-
do e era nesse momento que eu atacava os sonhos da vó.

FONTE: https://gshow.globo.com/RPC/Estudio-C/ FONTE: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/


cenario-da-beleza/noticia/madrinhasdabeleza-oi- noticia/paranaense-alia-maquiagem-e-humor-para-
-eu-sou-a-day-lima-tambem-conhecida-como- -falar-sobre-empoderamento-feminino.ghtml
-creide.ghtml

FONTE: https://www.instagram.com/p/B-2dMbOASXa/?igshid=3xvrlziwjs85

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Sou ponta-grossense, nascida e criada no bairro Boa Vista, onde


passei momentos incríveis, que criaram em mim uma memória afeti-
va, e quando despertada me faz chorar de felicidade.
Fui criança raiz, andava de pé descalço, brincava na chuva, na ter-
ra, na água de esgoto que corria na canaleta da calçada ... ah ... bons
tempos. Tive piolhos, bicho-do-pé, nariz ranhento e joelho ralado, ou
seja, quem não viveu isso não foi criança de verdade.
Tinha ainda a venda do seu Nailor, uma pequena mercearia ali
mesmo no bairro, onde comprávamos pirulito, bala e toda sorte de
guloseimas que as crianças adoram e estragam os dentes. Certa fei-
ta, fui com a vó na “venda” do seu Nailor, claro que com interesse de
ganhar alguma gulodice ... enchi o saco até que ela disse que iria me
dar um doce, fiquei tão contente que subi no balcão do seu Nailor,
“sai daí menina!” disse minha vó. Eu devo ter me assustado, não lem-
bro bem, mas caí e rasguei a orelha (meu Senhor!). Foi sangue para
todo lado, mas pouco adiantou, continuei indo lá, pedindo doces e
subindo no balcão.

FONTE: acervo pessoal.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Sou casada e tenho três filhas


lindas: Isabella de 16 anos, uma
menina mais reservada, que não
gosta de exposição, tem um co-
ração enorme, é carinhosa, mi-
nha amiga e parceira de vida,
desde sempre tem o sonho de
ser médica veterinária. A Ma-
rina de 5 anos, uma verdadeira
espoleta, à frente da sua idade,
ligadíssima no mundo digital, faz
suas próprias edições de vídeos,
com certeza vai dar o que falar
no mundo on-line, ela quer ser
blogueira famosa e médica tam-
bém. E a Laura com 1 ano e meio,
FONTE: acervo pessoal.
toquinho de gente com persona-
lidade forte, falante, alegre e muito carinhosa, ainda não diz o quê
vai ser, mas pelo olhar da mamãe aqui, algo na área de humanas com
certeza.
Meu marido, vulgarmente conhecido nas redes sociais como
Carlão Testa, ou Darth Verde, pois está quase sempre com seu co-
nhecidíssimo roupão verde, mais velho que andar para frente. Ele é
um doutor e tanto no que faz: professor, pesquisador, pai, marido,
parceiro e amigo, um cara sensacional, que tenho muito orgulho de
partilhar a vida, Dr. Carlos José Raupp Ramos me amolece as pernas.

FONTE: acervo pessoal.

Junto com essa galera temos: a Preta, a Megui, o Filho (Nero para
o Carlos) que são os nossos cachorros, e também os nossos gatos

47
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Lelo e o Jujuba, que fazem parte da minha vida louca ,dentro e fora,
das redes sociais, são nossos filhos de quatro patas, parceiros de ca-
minhada por este planetinha azul.

2. Os “tar dos contorno”

D epois daquele vídeo viral (“Os tar dos contorno”) alcançar mais
de 40 milhões de visualizações, hoje, trabalho como atriz, ma-
quiadora, humorista e influencer digital. Mais de 80% do meu tra-
balho eu faço em casa, sempre conectada pela internet: reuniões,
projetos, conteúdos para minhas redes sociais.
Nos finais de semana eu viajo para fazer shows, criando e apre-
sentando entretenimento para o povo. E aí minha filha, é aquele
corre total! Meu marido é meu parceiro de viagem, quando tudo fica
dentro da rota, deixo as crianças com a minha mãe em Ponta Grossa,
é tranquilo. Os dogs e cats ficam com cuidadores e nós trabalhamos
tranquilos no final de semana. Eu faço workshop de maquiagem e
stand up comedy pelo Brasil afora. Pensa em uma mulher que ama o
que faz ... sou eu aqui! Um grande “puta que pariu” de amor pelo ato
de subir no palco e encantar a plateia, com toda energia que tenho
aqui dentro desse peito.

FONTE: acervo pessoal.

FONTE: acervo pessoal.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Esse alinhamento todo, ter com quem deixar minha galera nem
sempre aconteceu, já viajei com todas as crias juntas. Chegamos a
rodar mil quilômetros com a caravana da Creide para cumprir minha
agenda, é farofagem total, criança chorando, fome, sono, calor, briga,
como diz meus bordões: MISERICÓRDIA! CORÁGE!

3. O “Coronga”

V ida, alegria e amor ... é esse o resumo de tudo, vínhamos nessa


batida há 3 anos. Em 2017, quando a Creide surgiu, estávamos
morando em Lages SC. Meu marido conseguiu licença para terminar
o doutorado e fomos passar três anos naquela terra fria, mas de
gente com o coração quente.
Pois bem, passados os 3 anos, voltamos ,em fevereiro de 2020,
a morar em Laranjeiras do Sul ... mudança de casa, escola das crian-
ças, volta às aulas do marido, uma agenda cheia de shows e eventos,
tudo fluindo, mantidas as devidas proporções após essa mudança
radical de ambiente e rotinas.
Eis que começam os rumores do tal COVID-19, eu aqui, no meu
mundo Creide de ser, sempre muito positiva, fui “pega de calças cur-
tas”, assim como o mundo. Percebo toda essa bagunça mundial como
quando batia o sinal da escola para o recreio e todo mundo queria
sair ao mesmo tempo, cada um com suas ideias, uns querendo co-
mer, outros brincar, fazer xixi, encontrar o amigo da outra turma pra
matar a saudade do último encontro, a tia da cantina passando pano
e servindo lanche, a diretora revezando com as professoras para cui-
dar dos alunos mais danados, ou seja, tudo ao mesmo tempo sem
imaginarem o que estava por vir. Alguns dando o seu melhor nesse
tempo, outros atrapalhando a vida de quem estava dando o seu me-
lhor e a grande maioria indo em algumas ondas por questões sociais,
culturais e políticas.

FONTE: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ FONTE: https://noticias.uol.com.br/videos/2020/03/22/


afp/2020/03/25/espanha-china-coronavirus.htm coronavirus-brasil-tem-1546-casos-confirmados-e-
-25-obitos-0402CD1B3470DCB96326.htm

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

E eu aqui, tentando ser aquela que diz “tá tudo bem, vai passar
logo, somos fortes, corajosos”, mas no fundo estava me cagando de
medo. Como não sentir? Algo inesperado, não tínhamos nenhum co-
nhecimento, a gente que é mãe de imediato pensa nos filhos, do ris-
co, se podemos fazer algo para amenizar. Cada notícia que chegava
parecia que era para instalar medo na população, foi isso que acon-
teceu de fato, um medo geral, uma sensação de impotência diante
de tudo. Mesmo assim, com medo, enfrentei-o, não me deixei para-
lisar pelo externo.
Olhando para minha área de atuação, percebi que não só eu, mas
todos os colegas da área de entretenimento foram muito prejudica-
dos, desde os pequenos até os grandes artistas tiveram suas car-
reiras brecadas por conta da pandemia. Shows cancelados, lugares
fechados, nada de eventos ou aglomerações. Graças à tecnologia, o
que era ao vivo passou a ser feito on-line, shows de grandes nomes
da música brasileira foram transmitidos através das famosas lives
ao vivo nas plataformas digitais, interações com o público somen-
te de forma on-line. Cada um com sua arma lutando para manter
o trabalho. As grandes emissoras de TV, em especial a campeã em
telenovelas, passou a fazer de sua grade de atrações um looping de
“vale a pena ver de novo”, reprisando tudo, pois não puderam mais
fazer gravações. Os únicos programas que não pararam foram os te-
lejornais que mantiveram a população “informada” e desesperada. O
consumo das redes socias cresceu absurdamente.

FONTE: https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2020/04/16/mapea-
mento-mostra-aumenta-consumo-de-midia-o

4. Vida que segue e muito


aprendizado

N unca na história foram feitas tantas lives nas redes sociais; as


pessoas fizeram de suas redes sociais seu próprio canal de TV

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

com transmissão ao vivo, programação para todos os gostos, os ar-


tistas se uniram fazendo shows, humoristas criaram seus stand up’s
para plateias on-line.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2020/04/11/gusttavo-lima-faz-li-
ve-neste-sabado-2o-show-boteco-em-casa-e-no-youtube.ghtml

Artistas de TV famosos, muito conhecidos nacionalmente e até


internacionalmente, que apareciam em novelas, programas de TV,
voltaram-se para suas redes socias e fizeram delas o maior canal de
contato com seu público para não cair no esquecimento.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noti- FONTE: https://caras.uol.com.br/tv/de-chinelo-e-


cia/2020/06/24/ficar-preso-em-casa-nao-e-nada-agradavel- -meia-ary-fontoura-se-arrisca-em-faxina-e-diver-
-mas-isso-transforma-as-pessoas-diz-ary-fontoura-sobre- te-a-web-que-animacao.phtml
-quarentena-como-influencer.ghtml

Comigo não foi diferente, meus shows foram desmarcados, perdi


alguns parceiros de negócios, crianças e marido sem aula, em período
integral dentro de casa, eu sem ninguém pra me ajudar nos afazeres
domésticos, tentando ter mil braços, mil horas no dia pra fazer tudo

51
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

que eu havia me comprometido. Não dei conta. Teve dias que entra-
va para tomar banho, trancava a porta do banheiro para que nin-
guém entrasse, tirava a roupa, entrava debaixo do chuveiro e ali era
meu momento de desabar, em meio a água que corria no meu rosto
rolavam também as lágrimas de uma mulher forte, que naquele mo-
mento estava fragilizada. Chorei, sofri, mas não desisti, comecei a
fazer terapia, olhar pra mim e parar de fazer tudo acelerado, sem re-
gras e sem organização. Sim! Nessa pandemia, que eu me obriguei a
aprender a me organizar, parei com minha empatia excessiva e olhei
pra mim. Minha renda havia diminuído, eu tinha menos tempo para
trabalhar devido a bagagem com as coisas de casa, sentar e reclamar
nunca foi meu forte, e não seria neste momento. Parei, refiz a rota e
no mês de abril eu comecei. Comecei a encarar as minhas responsa-
bilidades com mais profissionalismo. Tomei a rédea de muitos com-
promissos que eu mesma nem sabia que conseguiria fazer.
Conectei-me com novos parceiros de negócios, elaborei novos
projetos, vinculei-me a pessoas que agregaram valor, convidei pes-
soas com expressividade no mercado digital para fazer lives comigo,
aprendi a dizer não, programei-me , consegui elevar os meus ganhos,
fui vista por grandes marcas e convidada pra escrever um livro. Gen-
teeee! Agora, estou prestes a lançar meu curso on-line; tudo que eu
fazia no palco, agora farei de uma forma mais estruturada e didática
de forma on-line.
Em me reinventei, coloquei-me como aluna e aprendi. Estabe-
leci micro desafios na minha vida e alcancei. Errei, errei muito, mas
não perdi o passo; sem pressa, com um olhar de amor por mim, aco-
lhendo-me a cada batida de cabeça, sem me culpar, olhando pra
mim como uma mulher “foda”, que em meio a uma “puta” pandemia
extraiu de si o melhor! E quero mais, quero muito mais!
E deixa eu falar: eu fiz tudo isso por mim! para refletir nos meus
... Tudo isso com o “auê” das crianças em casa, sendo mãe, dona de
casa, esposa, influencer digital e empreendedora. Às vezes eu me via
no fogão cozinhando, ouvindo um áudio de cliente, com a agenda do
lado e dando um “bizu” nas crianças pra ver se ainda não tinham se
atracado no tapa (risos).
Foi fácil? Lógico que não, foi foda! Chegou a doer, mas eu não
desisti, tratei da ansiedade, da compulsão alimentar, mudei meus
hábitos, voltei a estudar e me busquei mais conhecimento da minha
área de atuação, para continuar criando conteúdos de humor e levar
alegria para meus mais de dois milhões de seguidores.
Muitos dias com o coração aflito, eu fiz pessoas rirem, não por
obrigação, mas por comprometimento com meu público, e sempre
que eu fazia as pessoas rirem eu recebia feedbacks incríveis de “crei-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

docas” dizendo que eu havia mudado o dia delas. Mal sabiam elas
que aquelas afirmações eram meu combustível para seguir adiante.
Para cada um de nós essa pandemia teve um impacto ... pra mim
foi de tomada de decisões, com toda certeza eu sairei disso muito
melhor e mais capacitada em diversas áreas, principalmente na mi-
nha área de atuação, que é o entretenimento. Eu me comprometi
em buscar a excelência no que eu faço com muita sede de aprender
e crescer.
Nessa pandemia a saudade bateu, o coração doeu, a aflição chegou!
Nessa pandemia tivemos que lidar com sentimentos intensos,
contatos próximos com quem amamos durante 24h por dia, vivemos
um reality show dentro das nossas casas.
Sou muito acelerada, dinâmica e ansiosa, isso triplicou estando
em casa a todo tempo, me deparei com situações de estresse altís-
simo. Se não recomeçasse a terapia não conseguiria racionalizar as
coisas e ter sensatez para tomada de decisões, a terapia foi a melhor
escolha que fiz nesse período.

FONTE:https://www.semprefamilia.com.br/comportamento/terapia-a-distancia-confor-
ta-quem-precisa-ser-ouvido-durante-a-pandemia/amp/#aoh=15995250749693&refer-
rer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=Fonte%3A%20%251%24s

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Foi difícil para “caceta”, mas deixa eu falar: quem aprendeu, cres-
ceu e evoluiu nesse momento com certeza terá destaque na vida.
Aprender com calmaria é fácil, quero ver aprender no meio de um
furacão.
Eu aqui, no meu mundo “Creide” de ser te digo: a gente não tem
tempo de aprender tudo na vida com nossas próprias dores. Então,
tu que estás lendo aí ... isso, você mesma ou mesmo! Que eu possa
com a minha dor agregar valor para que tu olhe com muito amor e
carinho ... e entenda que você veio para este mundo para ser feliz e
não merece menos do que isso.
“O mundo é daqueles que não desistem de si mesmos”! (autor)

Referências
MADRINAS DA BELEZA. G Show Estudio-C, 2018. Disponível em:
<https://gshow.globo.com/RPC/Estudio-C/cenario-da-beleza/noti-
cia/madrinhasdabeleza-oi-eu-sou-a-day-lima-tambem-conhecida-
-como-creide.ghtml>. Acesso em: 07/09/2020.
PARANAENSE ALIA MAQUIAGEM E HUMOR PARA FALAR SOBRE
EMPODERAMENTO FEMININO. G1 Campos Gerais, 2018. Disponível
em: <https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/paranaen-
se-alia-maquiagem-e-humor-para-falar-sobre-empoderamento-fe-
minino.ghtml>. Acesso em: 07/09/2020.
CREIDE OFICIAL. Instagram @creideoficiall, 2018. Disponível em:
<https://www.instagram.com/p/B-2dMbOASXa/?igshid=3xvrlziw-
js85>. Acesso em: 07/09/2020.
ESPANHA SUPERA NÚMERO DE MORTES DA CHINA POR CORO-
NAVÍRUS COM 3.434. Site UOL, 2020. Disponível em: <https://noti-
cias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/03/25/espanha-china-co-
ronavirus.htm>. Acesso em: 07/09/2020.
BRASIL TEM 1546 CASOS CONFIRMADOS E 25 ÓBITOS. Site
UOL, 2020. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/vide-
os/2020/03/22/coronavirus-brasil-tem-1546-casos-confirmados-e-
-25-obitos-0402CD1B3470DCB96326.htm>. Acesso em: 07/09/2020.
MAPEAMENTO MOSTRA AUMENTO DE CONSUMO DE MÍDIA ON
LINE NO BRASIL DURANTE A QUARENTENA. G1 Globo, 2020. Dis-
ponível em: <https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/
noticia/2020/04/16/mapeamento-mostra-aumenta-consumo-de-
-midia-online-no-brasil-durante-a-quarentena.ghtml>. Acesso em:
07/09/2020.
GUSTTAVO LIMA FAZ LIVE NESTE SÁBADO; 2º SHOW ‘BOTECO EM
CASA’ É NO YOUTUBE. G1 Pop e Arte, 2020. Disponível em: <https://
g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2020/04/11/gusttavo-lima-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

-faz-live-neste-sabado-2o-show-boteco-em-casa-e-no-youtube.
ghtml>. Acesso em: 07/09/2020.
‘FICAR PRESO EM CASA NÃO É NADA AGRADÁVEL. MAS ISSO
TRANSFORMA AS PESSOAS’, DIZ ARY FONTOURA SOBRE QUAREN-
TENA COMO ‘INFLUENCER’. G1 SP, 2020. Disponível em: <https://
g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/06/24/ficar-preso-em-ca-
sa-nao-e-nada-agradavel-mas-isso-transforma-as-pessoas-diz-ary-
-fontoura-sobre-quarentena-como-influencer.ghtml>. Acesso em:
07/09/2020.
TERAPIA À DISTÂNCIA CONFORTA QUEM PRECISA SER OUVIDO
DURANTE A PANDEMIA. Saúde mental. Gazeta do Povo (Sempre
Família), 2020. Disponível em: <https://www.semprefamilia.com.
br/comportamento/terapia-a-distancia-conforta-quem-precisa-
-ser-ouvido-durante-a-pandemia/amp/#aoh=15995250749693&re-
ferrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=Fonte%3A%20
%251%24s>. Acesso em: 07/09/2020.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Suelen
Braido -
Igreja

SUELEN BRAIDO
IG R EJ A

Meu nome é Suelen Braido, casada com Rodrigo Labiak e mãe de Miguel e
Rafael, sou formada em Bacharel em Teologia pela Unifil (2015), pós em MBA
em Coach pela Fapro(2019), estou cursando 5º ano de Psicologia na
Unicesumar (2021), e fazendo uma pós em MBA liderança 4.0 em
neurociência na tomada de Decisão pela Censupeg (2020), tenho formação
em Leader Coach pelo Instituto G8 (2016), e formação de Life Coach Analista
Comportamental e Palestrante Coach (2017) pela Line Coach, formada em
Psicanálise (2019) , sou Pastora da Igreja Cristã Presbiteriana, onde por 15
anos liderei Jovens e esse ano de 2020 comecei a Liderar Mulheres!
Estou com este novo desafio, sou apaixonada por PESSOAS, amo e atuo com
aconselhamento pastoral (onde estou terminado minha pós em Psicologia e
Aconselhamento Pastoral pela Unyleya).

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

PERCEPÇÕES DA SITUAÇÃO ATUAL E PÓS


COVID NA ESFERA RELIGIOSA

Autora

S uelen Braido, 36 anos, é ca-


sada com Rodrigo Labiak
e mãe de dois lindos príncipes
Miguel de 10 anos e Rafael de 7
anos. Formada em Bacharelado
em Teologia pela Unifil (2015),
com pós em MBA em Coach pela
Fapro (2019). Atualmente cursa o
4º ano de Psicologia na Unicesu-
mar e faz pós em MBA Liderança
4.0 em Neurociência na toma-
da de Decisão pela Censupeg
(2020). Tem formação em Leader
Coach pelo Instituto G8 (2016) e
formação de Life Coach Analista
Foto: arquivo pessoal.
Comportamental e Palestrante
Coach pela Line Coach (2018). Possui também graduação em Psica-
nálise pela Escola Pontagrossense de Psicanálise (2019).

Histórico da igreja

A Igreja Cristã Presbiteriana (ICP) é uma Comunidade Local, si-


tuada na cidade de Ponta Grossa (PR). A entidade religiosa é
composta por membros que adotam como única regra a fé e prática
aos ensinamentos da Bíblia Sagrada. E como sistema expositivo de
doutrina a sua Confissão de Fé. O pastor fundador e presidente é o
Apóstolo Nelson Braido. Ele e sua família fundaram a ICP em dezem-
bro de 1989 com uma linhagem Presbiteriana.
As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remon-
tam aos primórdios da Reforma Protestante, no século XVI. A Refor-
ma teve início com o questionamento sobre o catolicismo medieval
feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483-1546), a partir de
1517. Em pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a
ser conhecidos como ‘luteranos’ que resultou na ‘Igreja Luterana’
(PRESBITERIANA, 2013).
A Fé reformada adota todas as doutrinas apostólicas estabelecidas
na Bíblia, formuladas em credos pelos grandes concílios ecumênicos
da Igreja Primitiva. Ela é estabelecida a partir de um relacionamento

57
A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

com Deus, por meio da mediação de Jesus Cristo, fundamentada no


Evangelho revelado por Ele e pelas Escrituras Sagradas. O conteúdo
deste trabalho é seletivo e não abrange toda a fé cristã. Não se pre-
tende, nem se objetiva, oferecer um resumo exaustivo da fé Refor-
mada; antes aborda: os princípios reformados; a teocentricidade; a
eleição; o sacrifício de Cristo e a Graça Irresistível de Jesus por nós,
pecadores (PRESBITERIANA, 2013).
A Igreja trabalha com a Visão Celular, o movimento de Igrejas em
Células (grupos de pessoas nas casas) no “Modelo dos Doze“, mais
conhecido por G-12 (Grupo dos 12) ou Visão Celular. Esse modelo foi
criado pelo pastor colombiano César Castellanos Dominguez, da Mis-
são Carismática Internacional (MCI), em 1991. Isso ocorreu após sua
visita à Igreja Central do Evangelho Pleno, do pastor David (Paul)
Yonggi Cho, a maior do mundo, e que também funciona com o siste-
ma de células.
A Igreja se divide em pequenos grupos de células. As pessoas são
evangelizadas por meio das células, reuniões na igreja ou de eventos
evangelísticos. Depois de evangelizadas, começa o processo de con-
solidação na fé cristã..

Fonte: Igreja Cristã Presbiteriana


Centro de Convenções do Avivamento (CCA) da Igreja Cristã Presbiteriana de Ponta Grossa- Pr.

Período Antes Da Pandemia

E m 31 de dezembro de 2019, a ICP passou por uma transição. Após


30 anos trabalhando incansavelmente pela ICP e 50 anos dedi-
cando-se ao Ministério Pastoral, os Apóstolos Nelson e Olivia Braido,
fundadores da igreja, passaram a direção a mim, sua filha mais nova
e ao meu esposo Rodrigo Labiak também pastor, e ficaram como
cobertura espiritual sobre todos nós.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Rodrigo e eu fomos consagrados pastores em 10 de setembro de


2006. Juntos, lideramos a Rede Rabone (Jovens) de 2004 a 2019. Ini-
ciamos o nosso trabalho com apenas trinta e cinco jovens. Em 2019 já
tínhamos trezentos e cinquenta líderes de células e cerca de dois mil
jovens ativos na igreja. Com a transição, passamos a Rede Rabone
para um casal extraordinário de pastores Felipe e Adriana Souza, os
quais têm realizado um trabalho de extrema importância e relevân-
cia neste momento de COVID-19.
Começamos o ano de 2020 com muito ânimo e disposição, organi-
zamos uma nova liderança na ICP e estruturamos as cinco Redes da
igreja: Homens, Mulheres, Jovens, Adolescentes e Crianças. Forma-
mos também os sete ministérios: Apoio, Comunicação, Consolidação,
Ensino, Intercessão, Louvor e Projeto ABA (Atos de Bondade e Amor).
Em fevereiro tivemos o nosso congresso anual de liderança, o qual
chamamos de CIV (Congresso Interno da Visão), um congresso de ali-
nhamento para liderança, onde houve a consagração de sete pas-
tores. Em março demos início aos nossos Encontros com Deus, um
retiro espiritual que tem transformado milhares e milhares de vidas
em três dias. A programação acontece em nossa chácara Maanaim,
situada em frente ao Capão da Onça, durante um final de semana.
Neste ano, os encontros reuniram antes do inicio da pandemia 158
homens em um final de semana e 198 mulheres em outro.
No dia 11 de março realizamos nosso primeiro. evento de mu-
lheres, chamado Mulheres Extraordinárias. Aproximadamente duas
mil pessoas participaram da programação, que aconteceu em nosso
Centro de Convenções do Avivamento, conhecido como CCA. Um dia
memorável no qual pudemos estar honrando mulheres extraordiná-
rias e relevantes para a nossa cidade, como nossa Apóstola Olivia
BraIdo, Pra. Doralice Almeida, Missionária Rute Freitas, Irmã Edites e
a Deputada Mabel Canto. Este foi o nosso último evento com aglo-
meração. No dia 12 de março (quinta-feira), recebemos um decreto
da prefeitura que determinava o fechamento do templo. Desta for-
ma, ficamos por quatro finais de semana apenas transmitindo cultos
On-line.
Equipe Pastoral da Igreja Cristã Presbiteriana – 2020

Apóstolos Nelson e Prs. Rodrigo e Suelen recebendo o manto Pastoral dos Apóstolos Nelson e Olivia Braido
Olivia Braido

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Fonte: Igreja Cristã Presbiteriana

Fonte: Igreja Cristã Presbiteriana


Pra. Kellen Braido, Pra. Helen Braido, Apóstola Olivia Braido, Deputada Mabel Canto, Irmã Edites, Pra. Doralice Almeida,
Missionária Rute Freitas e Pra. Suelen Braido com o título de Mulheres Extraordinárias, último culto antes da pandemia.

Ações tomadas na pandemia

V emos a Igreja como um trabalho relevante e essencial para a


sociedade. Pois a área espiritual do ser humano é de suma im-
portância.
Catré, Pessoa e Ferreira (2016) em seu artigo de espiritualidade,
dizem que mesmo que queiramos negar, a espiritualidade faz parte
da nossa condição humana.
Em outro artigo Panzini et al(2007), comprovam, através de pes-
quisas científicas a existência da relação entre espiritualidade e qua-
lidade de vida. (PANZINII et al, 2007)
Oliveira e Junges (2012) em seu artigo sobre espiritualidade di-
zem: “que maiores níveis de envolvimento religioso estão associados
positivamente a indicadores de bem-estar psicológico, como satis-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

fação com a vida, afeto positivo e moral elevado, felicidade, melhor


saúde física e mental”. Concluíram dizendo que: “A análise dos dados
demonstrou que a espiritualidade/religiosidade, quando bem inte-
grada na vida do sujeito, contribui de forma positiva para a sua saú-
de mental”. Isto é, a igreja se torna essencial para a vida do indivíduo.
No site do INTO CRER (Comitê de Reconforto Espiritual e Religio-
so) diz que “O ser humano diante da dor psíquica busca resistência
no que esta superior a ele. Busca aliviar, minorar ou até mesmo sanar
suas dores e sofrimentos mergulhando intensamente na experiência
de fé”. A fé se torna fundamental para seu desenvolvimento psíqui-
co, emocional e e espiritual.
O fenômeno religioso é estudado dentro da psicologia, como Ju-
nior (2011), em seu artigo da Revista de Psicologia de São Paulo, re-
conhece a religiosidade e a espiritualidade, tanto em processos de
diagnóstico, quanto nos terapêuticos, como um indicador do desen-
volvimento da personalidade e da evolução do self ao longo do pro-
cesso maturacional. Jesus, nosso maior referencial em Mateus 6:33,
nos ensina: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e as demais
coisas vos serão acrescentadas”(BIBLIA SAGRADA). Isto é, as pesqui-
sas realizadas hoje, comprovam a veracidade das palavras de Jesus
ditas há mais de dois mil anos.
Diante da relevância da espiritualidade no ser humano, podendo
este ser um pilar de sustentação para o mesmo perante uma crise,
como Igreja decidimos não parar. Muitas pessoas, cerca de sete mil
membros, precisavam de palavras de fé e acompanhamentos espi-
rituais. Como não podíamos fazer reuniões no templo, focamos em
reuniões on-line, como cultos e lives diárias, além disso, realizamos
plantões pastorais na sede da ICP.
A palavra que define este tempo para nós foi se “REINVENTAR”,
começamos a ensinar nossos membros a utilizar ferramentas on-line
e gratuitas como Zoom, Google Meet e Whats APP.
Conforme citei anteriormente, nossa Igreja adota o sistema em
células, o que facilitou o processo de comunicação entre IGREJA –
DISCÍPULOS. Nós já tínhamos um trabalho virtual intenso e já utilizá-
vamos algumas ferramentas digitais. Todos os nossos cultos já eram
transmitidos pelos canais do Youtube e Facebook.
No dia 10 de maio, por meio de decreto, houve a liberação para
os cultos presenciais, porém com algumas restrições como o fator
idade. Foi liberada a entrada de pessoas na faixa etária entre os 18
e 60 anos. Também seguimos todas as recomendações como, por
exemplo, a utilização do álcool em gel. Compramos aparelhos para
medir a temperatura e tapetes higienizadores, disponibilizamos se-
nhas para entrada de pessoas e adequamos a capacidade para 30%
do local. Levando em consideração a área total da nossa estrutura,

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

esse número seria de 1.500 lugares (CCA), uma vez que dispomos
de cinco mil lugares. Entretanto, preferimos ter um cuidado maior
e liberamos a entrada para apenas setecentas pessoas, seguindo as
recomendações do distanciamento social e uma hora de duração por
culto. Ao término de cada reunião fazemos todo o processo de hi-
giene para os próximos cultos. Os cultos online e drive-in (sistema de
transmissão por telão ao ar livre e áudio via rádio, onde as pessoas
assistem a programação de dentro dos seus carros) são transmitidos
simultaneamente.
Nos primeiros cultos observamos que as pessoas ainda estavam
inseguras. Iniciamos com um número bem reduzido no presencial,
com o decorrer dos dias, as pessoas sentiram-se mais seguras, pois
observaram que os protocolos de limpeza e higiene estavam sen-
do cumpridos rigorosamente pela ICP. Desta forma, aos poucos os
membros começaram a retornar. Mesmo assim, ainda não estamos
com o mesmo público que tínhamos antes da pandemia, mas sa-
bemos que é o momento e, como Igreja, temos dado o máximo de
atenção a cada público.
As cinco redes que são formadas por células, começaram a realizar
as reuniões virtuais. Organizamos um plano de ação para cada faixa
etária:
Crianças (3 a 10 anos): liderados pelos Prs. Jean Lara e Bianca
Lara, juntamente com toda equipe Rabone Kids, começaram uma
programação semanal on-line e aos domingos nos cultos drive-in
entregam tarefinhas e agrados para nossas crianças. No dia 04 de
outubro as crianças foram liberadas para entrarem na igreja, este
Ministério fez uma grande recepção e no dia 10 de outubro celebra-
mos o dia das crianças no templo (CCA).
Adolescentes (11 a 18 anos): liderados pelos Prs. Robledo Kar-
pinski e Daniele Karpinski fazem devocionais via Facebook diaria-
mente. Realizaram um congresso on-line, onde atingiram cerca de
1.000 adolescentes. No dia 30 de agosto foi liberado o culto para a
faixa etária a partir de 15 anos. O Ministério fez uma recepção emo-
cionante, com bandeiras de boas vindas aos nossos adolescentes.
Jovens: liderados pelos Prs. Felipe Souza e Adriana Souza, orga-
nizaram uma ação de conforto aos Ponta- grossenses. Nos sinaleiros
eles colocaram mensagens de paz nos carros com a escrita: “Tudo
vai dar certo!”, realizaram também o Congresso on-line “CONVICTOS”,
que atingiu mais de dois mil jovens.
Adultos: realizamos o Congresso para a Família.
Idosos: o Projeto Calebe, liderado pela Alcione Padilha e sua
equipe, organiza um culto semanal para esta faixa etária, todas as
quartas-feiras, às 14 horas pelo aplicativo Zoom. Durante o encontro,

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

além das conversas e do tempo especial para a socialização, profis-


sionais da área da saúde como nutricionista, psicóloga, farmacêutica
e fisioterapeuta especialista em atividade física e saúde, dão dicas
sobre o assunto. Nos dias 01 a 03 de outubro, realizaram Congres-
so Internacional Geração Calebe pelas mídias sociais da Igreja, com
convidados nacionais e internacionais, falando sobre o tema Legado.

Fonte: Igreja Cristã Presbiteriana

Os sete ministérios começaram a desenvolver trabalhos como:


1. Ministério de Apoio, liderado pelos Prs. Jorge Woiciechowski
e Rosemara Woiciechowski, normalmente limitado as quatro parede
da igreja, nesse período de pandemia começou a dar suporte aos
idosos entregando as ceias, pois a ceia, ritual bíblico e ordenança do
próprio Jesus (Mt 26), pedindo para fazer sempre em memória dEle.
Ceamos mensalmente e para os discípulos de Jesus, a ceia é algo
essencial para os que professam a fé cristã, neste momento adquiri-
mos uma seladora de potes plásticos para cálice da Santa Ceia, assim
pudemos higienizar e proporcionar mais segurança para os nossos
membros.
2. Ministério de Comunicação, liderado por Guilherme Antunes,
formado em Engenharia de Software, mestrando em Computação
Aplicada, líder deste ministério, relatou “que antes da pandemia,
a comunicação era algo importante para todos os setores, incluin-
do a Igreja, após a pandemia se tornou essencial”. Segundo ele, “a
pandemia acelerou cinco anos do processo tecnológico”. Através da
tecnologia estamos alcançando lugares que presencialmente seriam
impensávieis.
3. Ministério de Consolidação, liderado pelos Prs. Jeferson de
Godoy Bueno e Helen Braido de Godoy Bueno, é um ministério inter-
no que cuida e recebe os novos na fé, neste período, fizeram todo o
processo de consolidação via sistema digital.
4. Ministério de Ensino CEF (Centro de Ensino Filadélfia), lide-
rado pelos Prs. Silvio Oliveira e Kellen Braido Oliveira começaram
o modelo EAD nos cursos de aperfeiçoamento bíblico e o curso de
noivos pelo aplicativo Zoom.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

5. Ministério de Intercessão, liderado pelo casal Mário Sérgio


Machado e Danielly Peleskcis Machado, após o decreto do dia 12 de
março, convocaram os intercessores da Igreja formado por 120 pes-
soas para orar incessantemente durante 24 horas. Os intercessores
dividiram-se em grupos de três pessoas, a equipe se reveza de hora
em hora no relógio da oração. Durante a pandemia, outras pessoas
se uniram ao ministério, que hoje já conta com 180 intercessores.
Também neste período, eles realizaram o Congresso de Intercessão
on-line e o drive thru da Oração.
6. Ministério de Louvor, liderado pelo Pr. Arnoldo Trintim, neste
período, eles trouxeram o culto drive-in, onde as pessoas assistem ao
culto nos carros, através da transmissão via rádio, a equipe realizou
também o drive-thru do louvor.
7. Ministério Projeto ABA (Atos de Bondade e Amor) é um Mi-
nistério focado em assistencialismo, liderado pelos Prs. Gionilton
Rosa e Alexsandra Rosa. Somente no período de pandemia foram
entregues 1.200 máscaras confeccionadas por irmãs da Igreja. Até o
mês de agosto o projeto atendeu 400 famílias com cestas básicas.
Auxiliamos também com alimentos nossa Comunidade Terapêutica
Esquadrão da Vida. Entregamos 250 kits compostos por dois choco-
lates, bíblia do Novo Testamento e uma carta escrita à mão pelos ir-
mãos da Igreja para a equipe de enfermeiros e assistentes sociais do
Hospital Regional de Ponta Grossa. Doamos fraldas geriátricas para
a Instituição Lar das Vovozinhas. No começo de outubro, inaugura-
mos o Mercado Solidário, um local onde pessoas carentes da igreja,
podem ir e pegar alimentos e produtos de limpeza.
A ICP possui dois grupos de apoio: o GAT (Grupo de Apoio Thamar,
voltados para mulheres que sofreram abusos sexuais) e o GAD (Gru-
po de Apoio para mulheres com depressão), ambos coordenados pela
Elaine Machado, que realizou algumas lives e reuniões via Zoom, no
intuito de prestar auxílio para cerca de 50 mulheres. Nesses projetos
contamos com o apoio de sete psicólogas para realizar o trabalho.
Lançamos neste tempo o Projeto Cuidar, coordenado pelo psicó-
logo e Pr. Cristiano Correia, que dispõe de atendimentos para orien-
tação psicológica, feita por psicólogos e psicanalistas. No mês de
agosto 23 pessoas foram atendidas pelo projeto.
A Equipe Pastoral é formada por 31 pastores e dois Apóstolos.
Começamos com plantão pastoral em nossa sede da ICP e na sede
do Esquadrão da Vida. Prestamos atendimentos e aconselhamento
espiritual de forma presencial e on-line e elaboramos um Plantão
On-line por meio de um celular exclusivo (42) 99151-0209.
Tivemos que nos reinventar em todas as áreas, como Igreja ino-
vamos, melhoramos, crescemos, rompemos e percebemos que uma

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

pandemia não pode nos parar, muito menos nos limitar, a pandemia
nos fez decolar e ampliou nosso horizonte.
Aproveitamos a crise para nos reformular e aperfeiçoar, a parte
mais difícil de toda a pandemia é o fato de não poder ter nossos ido-
sos conosco como uma verdadeira família na fé. Somos uma igreja de
muitos abraços e muitos receptivos, tivemos neste período de nos
adequar a nova realidade.

Fonte: Igreja Cristã Presbiteriana - Ações pós pandemia

O que aprendemos na pademia

P rimeiro, que as Igrejas são essenciais, auxiliam neste processo do


sofrimento do ser humano, auxiliam nas questões assistenciais
com projetos para a sociedade, auxiliam o aspecto espiritual dando
palavras de fé e encorajamento.
Segundo, que a igreja precisa se REINVENTAR também. Como
Igreja fizemos da crise uma oportunidade. Reinventar no dicioná-
rio on-line significa: “Tornar a inventar, recriar uma solução para um
problema antigo, mas que exige uma nova abordagem; reelaborar”
(DICIONÁRIO ON-LINE, 2020). Esta palavra coube muito bem dentro
das Instituições religiosas neste tempo, pois quem não se reinventou
se prejudicou.
Terceiro, aprendemos o valor das pessoas, como faz falta um to-
que, um abraço, ver um sorriso, pois até isso a pandemia nos tirou, a
mascará tampa o sorriso dos lábios, mas não escondeu o sorriso dos

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

olhos, sim, aprendemos ver as pessoas felizes pelo olhar, o choro de


receber uma cesta básica, todas estas marcas ficarão.
Quarto, aprendemos e vimos a COMPAIXÃO das pessoas ao próxi-
mo, a palavra compaixão no dicionário online significa: “Sentimento
de pesar, de tristeza causado pela tragédia alheia e que desperta a
vontade de ajudar, de confortar quem dela padece. Sentimento de
piedade com o sofrimento alheio; comiseração, piedade. Sentimento
de pena; dó” (DICIONÁRIO ON-LINE, 2020). Sim, vimos este senti-
mento em muitas pessoas, quantos ajudando o próximo, trazendo
1 quilo de alimento que estava sobrando em sua casa para quem
estava faltando. Doando máscaras, quantas ações nós vimos como
Igreja, pessoas se importando com as outras. Irmãos da igreja indo
ao mercado para pessoas que pegaram COVID-19 e não podiam sair
de casa, psicólogos atendendo gratuitamente, a compaixão toman-
do conta nesta pandemia.
Quinto aprendizado, a saúde e a economia são essenciais para
uma vida, não tem como falar que uma é mais importante que a
outra.
Seres biopsicossociais/espirituais, estes são termo que definem o
ser humano, somos seres biológicos, psíquicos, sociais e espirituais,
isto quer dizer que precisamos nos relacionar com pessoas e com
Deus, fomos criados para relacionamentos.

Mensagem para as mulheres das


futuras gerações sobre essa experiência
que atingiu toda a humanidade

C omo filha, irmã, esposa, mãe, pastora, estudante de psicologia,


esta pandemia mostrou algumas verdades que quero deixar aqui
como dicas:
• O lugar mais seguro sempre será o seu lar, é ali que a sua aten-
ção precisa estar mais focada. Então cuide de sua casa, marido e
filhos.
• Honre seu pais enquanto eles estão vivos, este foi um momen-
to muito difícil para nossos idosos, eles não puderam ir a muitos
locais, e para piorar nem abraços podíamos dar, então valorize cada
abraço, demonstre seu amor com ações.
• Valorize os professores, como mãe tive muitas dificuldades no
ensino com meus filhos. Professores vocês são essenciais na vida das
famílias, exercem um trabalho que merece honra e reconhecimento,
minha gratidão a estes profissionais inigualáveis.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

• Como aluna, pude ver os esforços de cada profissional do ensi-


no ter que se reinventar, aprender a usar a tecnologia para poder vi-
ver aquele momento, então, valorize quem busca se reinventar para
te ensinar.
• Como pastora, pude ver, ainda mais, a importância da Igreja
na vida das pessoas, vivenciei muitos chorarem por não ter culto, ou
por não poder entrar na Igreja, vivenciei crianças orando diariamen-
te para acabar a pandemia para poderem entrar na Igreja, valorizei
cada membro por seu amor e dedicação, mas valorizei cada pastor e
líder que se esforçou neste momento para dar o seu melhor.
• Valorize as instituições religiosas, pois elas não pararam, se es-
forçaram ainda mais, para poder ajudar as pessoas com sua fé.
A pandemia mostrou que muitos não estavam prontos para ficar
em sua casa com a sua família. O índice de violência doméstica au-
mentou, o jornal O GLOBO (2020), mostrou que houve um aumento
de 35% na denúncia de violência contra a mulher, a separação au-
mentou. Uma reportagem da revista on-line PAIS E FILHOS (2020)
apontou um acréscimo de 177% na procura por advogados para di-
vórcio na pandemia. Sabe o que aprendo com isto? Que as pessoas
não estão dispostas a se doar pelo outro, somos ainda muito egoís-
tas nos relacionamentos conjugais, não nos preparamos para estar-
mos juntos 24 horas por dia, estamos vivendo no automático, que
nos esquecemos de preservar a melhor parte, nossa família. A vida
é uma plantação, onde tudo que planto irei colher. Faça a si mesmo
uma pergunta a si mesmo agora: “O que você irá colher do que você
está plantando hoje?”.
O índice de suicídio aumentou na pandemia. No site UOL NOTI-
CIA, Sakamoto (2020) relata este aumento de casos e retrata a im-
portância dos relacionamentos na vida do ser humano. Então, cuide
de quem está ao seu lado, fortaleça sua fé, pois vimos que ela e a
espiritualidade estão muito vinculadas à qualidade de vida, tornan-
do-se pilares para estes momentos.
Viva intensamente com quem está ao seu lado, pois a pandemia
nos deixou uma grande lição, nos tirou pessoas de um dia para o ou-
tro, sem que houvesse tempo para despedidas ou velórios, as histó-
rias ficaram inacabadas, houve muita dor. Então, viva sempre como
se fosse o seu último dia.
Mulheres, esta pandemia mostrou que estamos dando conta sim,
da família, da casa, do trabalho, da empresa, dos funcionários, das
amigas, nos mostrou que somos capazes SIM!
Quero deixar minha admiração por cada mulher que passou por
esta pandemia e fez dela um degrau para subir, PARABÉNS você con-
segue SIM.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

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Todo os dados da ICP foram fornecido pelo sistema da mesma
https://icp.lider12.online/plataforma?mod=relatorio
REINVENTAR. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Dispo-
nível em https://www.dicio.com.br/reinventar/ Acessado em 03 de
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UOL. Disponível em https://noticias.uol.com.br/colunas/leonar-
do-sakamoto/2020/05/31/atendimento-de-urgencia-relacionado-a-
-suicidio-cresce-durante-a-pandemia.htm

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Flávia M. Barrichello -
Comércio

FLÁVIA M.
BARRICHELLO
COMÉRCIO

Muito honrada em participar deste grupo de mulheres de diversos segmentos, mas que
tem em seu DNA paixão pelo que fazem. Sou Flávia Maria Barrichello, natural de
Campo Largo, tenho 58 anos e fui comissionada pelo nosso Criador a gestar e cuidar
para que Maria Fernanda 34 anos e João Carlos 33 anos tenham uma vida de propósito
com Ele. Minha formação Acadêmica Ciências Sociais, no decorrer da estrada da vida
acabei pendendo para o varejo no comércio de calçados, uma paixão.
Quiz Deus em seus projetos de prosperidade para mim que em 1994 eu viesse a ser
deportada a Ponta Grossa, por isso oro tanto por essa cidade Jeremias 29:7. Já cheguei
na cidade atuando no ramo de calçados, 6 anos depois me tornei franqueado da marca
Arezzo mais uma mordomia que o Senhor me concedeu. Sou a 10 anos diretora na
Acipg, e pratico o associativismo como retribuição a cidade que me acolheu . Em 2018
trouxemos a Ponta Grossa o projeto que nasceu no coração de Deus o Lidera Mulher Pg,
projeto voltado a apoiar e instruir empreendedoras da nossa cidades nos mais variados
meios de atuação .

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
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Sobre a Coautora

A lembrança mais remota da Flávia com o comércio é provavel-


mente com seis anos de idade. A menina nascida em Campo
Largo, em 1962, criada entre fornos de assar pão e serras de cortar
carne. Neta de imigrantes italianos, seu avô paterno açougueiro e
avô materno padeiro, sempre os ajudava nas vendas e no balcão de
entrega, onde a carne era entregue embrulhada em jornal e o pão
em papel embrulho. A Flávia de seis anos não imaginava que após 52
anos, iria vivenciar um tempo incerto e caótico de pandemia.
Ingressou a menina Flávia no varejo, grande paixão de sua vida,
em 1989, após trabalhar em um banco e na Secretaria da Indústria
e Comércio, iniciou no ramo de calçados. Quando abriu a loja, tra-
balhava com um mercado promissor, que eram as pontas de expor-
tação, depois migrando para o mercado interno, atendeu o público
classes B/C. Em 1994, a família se estabeleceu na cidade de Ponta
Grossa-PR, trouxe três operações comerciais para o Shopping Mitaí,
são elas: Chef Vergé, na área da alimentação; Toque de Pele, na área
do vestuário; e a Canuana Calçados, na área calçadista. As multimar-
cas de calçados operou até o ano de 2000, quando migrou para o
franchising Arezzo, marca que representa Ponta Grossa até hoje.
A Flávia com 58 anos, vive uma experiência jamais imaginada na
sua trajetória pessoal e profissional. Um período de isolamento so-
cial em um tempo pandêmico sem prazo para chegar ao fim. O ano
de 2020 certamente ficará marcado em todas as gerações que pas-
saram essa etapa, propiciada pela vida.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
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Recebendo a notícia da pandemia em


meu segmento

N o final de 2019, começaram as notícias de que um vírus estava


afetando a China, país tão distante geograficamente de nós. No
Início de 2020 a Europa também vira manchete nos jornais. Em feve-
reiro, o primeiro caso de corona vírus é confirmado no Brasil.
Em março, a economia já sentia os reflexos de toda a situação
causada pelo vírus. O mercado totalmente parado por conta de algo
invisível, eram cada vez mais frequentes as notícias de que poderí-
amos ter que suspender temporariamente nossas atividades, além
de alertas trazidos pelo franqueador que já vivenciava o isolamento
social no Hemisfério Norte e na Europa.
Mesmo com toda a mobilização e sinalização de que o vírus che-
garia no nosso país, essa ideia ainda parecia distante para Flavia.
Estava anestesiada por todo o contexto e por expectativas daqueles
que queriam respostas, respostas essas, que aquela menina não ti-
nha e ainda não tem.
No dia 19 de março, meio de tarde, a Loja Arezzo recebia, pelo
Shopping Paladium, a circular № 13/2000, que suspendia as ativida-
des, obedecendo ao decreto Nº 4301, onde o Governador do Estado
do Paraná determinava a suspensão das seguintes atividades: sho-
pping centers; galerias e estabelecimentos congêneres; academias
ou centros de ginásticas.
No dia seguinte ao decreto Estadual para o fechamento do co-
mércio, a cidade de Ponta Grossa, administrada pelo Prefeito Marce-
lo Rangel, sancionou o decreto municipal, anunciando o fechamento
do comércio a partir do dia 23 de março de 2020.

Quais foram os impactos iniciais da


pandemia em sua vida pessoal e
profissional (setor representado)

N a tarde de 19 de março, Flávia foi pega de surpresa, ela, imagina-


va que nos seus 30 anos de experiência profissional tinha vivido
todas as crises e incertezas, viu-se frente a frente com um oponente
invisível. Todos os lojistas condôminos do Shopping Palladium, fo-
ram comunicados às 16horas, que deveriam deixar o prédio até às
18horas. Isto causou pânico entre os colaboradores e clientes que já
eram poucos no mês de março, e em especial nessa semana. A pressa
em pegar tudo o que se pudesse imaginar para suprir os dias que vi-
riam na sequência. O que pegar numa situação dessas? Os celulares

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

da loja, único instrumento que fez sentido nessa ocasião e também


dinheiro para os dias seguintes.
Flávia precisava ter serenidade e ânimo para liberar a equipe por
tempo indeterminado, passando orientações de mãe e não mais de
gestora:
- Vão para o mercado, ajudem no abastecimento da casa, respei-
tem o isolamento social, não se exponham a este inimigo invisível.
Quanto à empresa, nada poderei falar, pois eu nem sei, neste mo-
mento, que direção tomar, vamos nos falando.
E assim, Flávia, via colaborador a colaborador saindo, ela ficou
para baixar a porta. Com a garganta embargada, seus olhos se en-
chem de lágrimas ao lembrar dessa cena. A porta desce em slow mo-
tion, o filme começa a passar em sua cabeça, desde o dia em que
abriu a porta da sala da casa, onde foi o primeiro endereço em Cam-
po Largo, passeio pelas ruas Sete de Setembro e a rua Gonçalves Dias
- endereços posteriores na mesma cidade. Reviveu a inauguração da
loja em junho de 1994 no Shopping Mitai, já em Ponta Grossa , e
todas as conquistas que a trajetória de empreendedorismo trouxe
nesta cidade. Quando a porta chega com som estridente ao chão
vem a sua memória um versículo que é o seu lema, seu pensamento
condutor até aqui: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam e temem a Deus, cooperam com aqueles que são chama-
dos segundo seu propósito” (ROMANOS 8:28)
Nesse momento, a Flávia, aquela menina, hoje mulher, sou eu,
Flávia Maria Barrichello, vou deixar de contar a história para falar
com meu coração de empreendedora que está entristecido.

Os aprendizados que conseguimos tirar


de tudo isso

T oda a insegurança, o susto e o medo foram


substituídos por uma força e um escudo que
me protegem até agora, cada passo que eu dava
para deixar o prédio essa palavra vinha a minha
mente. Todas as coisas incluíam o vírus COVID19
e suas consequências, isso fez-me subir no carro,
e dirigir para casa com uma força surpreenden-
te.
Os dias subsequentes foram de uma nova ro-
tina: meu filho em casa comigo, muito lúdico e
uma cumplicidade em meio a muita comilança.
Voltei a pilotar um fogão após uns 20 anos de
afastamento. Essa atitude não me fez uma co-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
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zinheira, apenas mostrou que o talento e a habilidade na cozinha,


definitivamente, não pertencem a mim.
“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam e te-
mem a Deus.” (ROMANOS 8:28)

As percepções de tudo que a pandemia


nos trouxe a curto, médio e longo prazo

P recisei tomar decisões, em reunião com uma longa conversa so-


bre panoramas a curto, médio e longo prazo. Mas quando se tem
um bom profissional ao teu lado tudo fica mais fácil. Ao conversar
com meu contador, ele já estava com o desenho de cenários e op-
ções para tomar. A mais doída, porém a mais assertiva decisão, vejo
agora, foi a de diminuir o quadro de funcionários naquele momento.
Enxugar custos e aguardar as medidas do governo.
Na mesma semana que as decisões foram tomadas junto a con-
tabilidade, sete dias após o decreto do governo o CEO da Arezzo
convocou-nos por meio da nova ferramenta de comunicação do mo-
mento, o Zoom, que deixou o distante mais próximo. Isso facilitou
a tomada de decisões importantes; auxiliou a nos mantermos co-
nectadas, naquele momento, das nossas clientes; e a colocar a nossa
solidariedade para com as mesmas.
O texto escrito no livro de (ROMANOS 8:28) nunca fez tanto sen-
tido, a escolha do celular como algo para retirar da loja no momento
do fechamento foi essencial. O celular oferece um sistema aberto,
comunicação na mão. A ideia então era contatar as clientes com uma
única pergunta: Como você está? Estamos aqui e tudo vai passar. Com
esta tarefa não havia tempo de parar para pensar, mas sim agir co-
nectando-se as clientes. As palavras do momento são: conexão e
relacionamento.
A próxima tarefa dada era comunicar-se com os shoppings, veri-
ficando a viabilidade de realizarem vendas pelo app e organizarem
– se para serem vendedores, estoquistas, caixas e entregadores, e
assim foi com o auxílio de três colaboradores até o dia 18 de abril.
Recomeço tímido, muito retraído e ainda com muita insegurança.
Com os clientes sem sair de casa, permanecemos com a estratégia
das vendas on-line da busca por saber como eles estavam, as estra-
tégias foram fluindo. A retomada veio caminhando a passos lentos,
mas caminhando. Creio que ainda teremos um longo caminho a tri-
lhar. Como diz o poeta: “O caminho se faz ao caminhar.”

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam e te-


mem a Deus.” (ROMANOS 8:28)
No período de reclusão e introspecção, algumas conexões ficaram
dispersas e novas foram formadas. Criamos um grupo familiar do
lado paterno, que começou timidamente com sete integrantes e hoje
conta com mais de 40 Barrichellos, que todos os sábados se reúnem
em torno por meio da comunicação virtual. Também está sendo pro-
duzido um livro da história da imigração da família e sua trajetória
aqui no Brasil.
Nesses seis meses, certamente eu e meus dois filhos nos unimos
mais, estreitamos aspectos que permitimos o cotidiano nos tirar,
indo num modo automático não percebemos essa ruptura. Nesse
momento, acordo de uma vida que precisava ser reconectada e de-
paro-me com a proximidade dos meus 60 anos. Certamente já passei
da metade do meu prazo de validade, mas todo esse aprendizado
que o vírus invisível trouxe e mostrou-me, certamente ninguém rou-
bará de mim e o cotidiano jamais o vai engolir.
A nova fase profissional que a Arezzo delineou, despertou-me
para a amplitude do mundo digital e a vontade que já tinha de reto-
mar a minha multimarcas Canuana Calçados. Iniciei o processo de re-
vitalização da logo, pesquisei um nicho para abordar, ainda em 2020
o Site CANUANA entra no ar para oferecer mais uma opção para cal-
çar Ponta Grossa e região. “Todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam e temem a Deus.” ROMANOS 8:28 (BÍBLIA, 2008)

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Este foi um dos ganhos que


a pandemia trouxe: despertou a
jovem empreendedora na casa
dos 60 anos, mostrou-me que
com todas as marcas de que es-
ses anos, posso usar para tratar
assuntos referentes à melhor
idade na internet, e ironicamen-
te a cozinha é um dos tópicos
que trago frequentemente, com
convidados que ensinam recei-
tas e dão dicas de empreende-
dorismo. A força do mundo digi-
tal mostra um novo tempo e um
leque de oportunidades. Quem
disse ou definiu que esse mundo
é apenas para os jovens? Quero
através desse canal, levar aos jovens à compreensão de que habili-
dade e maturidade são fortes aliadas para o sucesso. Ajudar pessoas
que estão entrando na melhor idade a descobrirem-se.

Referências
A BÍBLIA. Somos mais que vencedores. Tradução SOCIEDADE BÍ-
BLICA INTERNACIONAL. São Paulo: King Cross Publicações, 1993, 1410
p.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Ana Glinski -
Família

ANA GLINSKI
F A MÍLI A

Gratidão e alegria em fazer parte desse projeto maravilhoso, com mulheres que fazem a
diferença em seu ambiente e setor representado com garra e determinação, e também
porque esse projeto vai edificar e tocar de alguma forma outras mulheres que podem se
identidicar com a nossa história.
Meu nome é Ana Glinski, natural de Apucarana - Paraná, tenho 40 anos, sou casada
com o Fabiano Glinski, e sou mãe da Anasara, a família é o presente que ganhei do Pai
do céu (DEUS), e sou grata. Empreendedora por vocação e trabalho desda infância, algo
que me trouxe até aqui em minha trajetória como pessoa. Formada em Administração
com pós em Gestão de Pessoas.
Trabalho no comércio a quase 30 anos, sou Empreendedora do Kitutes da Ana a 10 anos
em Ponta Grossa, Cantora Cristã, Líder de célula há 14 anos ministrando a palavra de
Deus como evangelista. Sou uma mulher que sonha em ver e fazer um futuro melhor
para nossa cidade e gerações futuras. Eterna aprendiz, e feliz por cada dia que tenho
oportunidade de experimentar a vida, vivendo.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

PERCEPÇÕES DA SITUAÇÃO ATUAL E PÓS


COVID-19 NA ESFERA DA FAMÍLIA

“Mas o amor leal do Senhor, o seu amor eterno, está


com os que o temem e a sua justiça com os filhos dos seus
filhos, com os que guardam a sua aliança e se lembram de
obedecer aos seus preceitos.”. Salmo 103:17-18

Estação Saudade Cent. de Ponta Grossa

Um pouco da minha história

S ou a Ana Glinski, nascida em 15 de agosto de 1980, casada com o


Fabiano Glinski, mãe da Anasara Glinski. Bacharel em Administra-
ção de Empresas (2016), pela Faculdade Santa Amélia, com pós em
Gestão de Pessoas pela Faculdade Santana Escola de Negócios (2021)
e Curso de Empreendedorismo- bom negócio pelo Fomento Paraná.
São 29 anos na área do comércio e empreendedorismo. Empreende-
dora desde a infância, iniciei com 11 anos de idade como ajudante de
cozinha e limpeza doméstica, onde aprendi a cozinhar. Dos 15 aos 19
anos, tinha dois trabalhos, um era nos finais de semana como canto-
ra de banda de baile e o outro (durante a semana) como secretária.
Dos 19 anos continuei como secretária, e encarregada de uma escola
de inglês. Em setembro de 2002 participei do concurso Popstars em
São Paulo (SP), e fui até a 5ª fase, essa competição formou o grupo
Rouge. Não fui uma das componentes do grupo, mas foi o ponta
pé para me dedicar a carreira artística, então trabalhei ate aos 22

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

anos somente como cantora de banda de baile, viajava por vários


estados e cidades, até que com 26 anos tive um encontro com Jesus
que mudou a minha vida e me fez escolher (voluntariamente e como
chamado) exercer o DOM de cantar somente para Deus. Em seguida,
trabalhei com produtos de beleza, maquiagem e perfumaria, ganhei
prêmios individuais e em grupo, algo muito especial em minha car-
reira. Dos 27 aos 31 anos, fui para área bancária com financiamentos
e empréstimo para pessoas físicas e imobiliários. Em 2011 recém-
-casada e cheia de compromissos financeiros, fiquei desempregada,
foi quando o empreendedorismo saltou para fora de mim e ficamos
conhecidos por nosso trabalho e determinação. Vendendo lanches,
sucos naturais e tortas de porta em porta no centro de Ponta Gros-
sa, essa oportunidade, nos abençoou, e saímos em jornais e televi-
são locais da cidade, como: Programa Destaque no SBT, RPC, Revista
ACIPG, Jornal Diário Dos Campos e a Revista da faculdade UniSecal.
Em uma aula de empreendedorismo, na mesma faculdade, nasceu o
“KITUTES da ANA””, que hoje é Food Truck, no ramo alimentício há 10
anos. Oferecemos hamburguer artesanal e caldo de cana gourmet,
um dos melhores da cidade (risos), graças a Deus, é o que nossos
clientes dizem. Sou cristã, cantora gospel, discípula e líder de célula,
da comunidade a qual faço parte há 15 anos - Igreja Cristã Presbite-
riana. Trabalho com famílias há 13 anos, obtendo a experiência com
aconselhamento, ministração e atendimento com mulheres, casais,
adolescentes e crianças. Faço trabalho voluntário com moradores de
rua, com a comunidade terapêutica Esquadrão da Vida e bazar para
mulheres.

1. Recebendo a notícia do Lockdown

N o dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde


(OMS), declarou a COVID-19 como uma pandemia mundial. Em
20 de março de 2020, uma sexta feira, veio ordem do Estado e Mi-
nistério Público - para baixar a curva contra a transmissão do vírus e
não causar um colapso no Sistema Único de saúde (SUS)- do fecha-
mento total, através de decreto, lockdown (Lockdown é um protoco-
lo de emergência que se destina a prevenir a mobilidade de pessoas
ou o vazamento de informações de uma área específica, que deve
ser iniciado por alguma pessoa em condição de autoridade. Pode ser
traduzido como fechamento, bloqueio ou suspensão e tem múlti-
plas interpretações e utilidades.), fechou escolas, estabelecimentos
comerciais e públicos, supermercados, shoppings; proibiram o fun-
cionamento de parques, academias, lanchonetes, restaurantes, foo-
dtruks, atividades físicas ao ar livre, enfim parou tudo. Milhares de
pessoas, homens, mulheres, adolescentes e crianças em todo o mun-
do, pararam suas atividades e ficaram em casa por causa da pande-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

mia do coronavírus. De repente o mundo virou de ponta cabeça e de


todos os setores afetados com certeza a família foi o maior deles. Em
pleno século XXI, o mundo parou!

2. Conceito de família
Definição Google
Família - substantivo feminino
1. grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto (esp. o pai, a
mãe e os filhos).
2. grupo de pessoas com ancestralidade comum.

Dicionário On Line
1. substantivo feminino Grupo das pessoas que
compartilham a mesma casa, especialmente os pais, filhos,
irmãos etc. Pessoas que possuem relação de parentesco.
Pessoas cujas relações foram estabelecidas pelo casamento,
por filiação ou pelo processo de adoção. Grupo de pessoas que
compartilham os mesmos antepassados.

A Família é compreendida como a primeira instituição responsá-


vel pela socialização dos indivíduos em desenvolvimento físico,
cognitivo e de maturidade. Foi no núcleo familiar que pais, mães,
filhos e avós tiveram que mudar seu estilo de vida drasticamente.
Alterar a rotina pré-estabelecida dentro de casa, influenciou outras
áreas como: trabalho, escola, lazer, passeios, visitas e até mesmo dar
abraços nos amados avós, a restrição foi mais severa para os idosos.
Do dia para noite tivemos que parar e ficar em casa.
Para fundamentar a discussão sobre família, quero mostrar al-
guns conceitos que se entrelaçam entre si, com muita harmonia, pois
possuem base parecidas para sua fundamentalização de estudo ao
longo de anos que são: Sociológica, Constituição Federal, Igreja e a Fé
(Bíblia) - Como Cristã usarei bastante a bíblia.
1ª Base - “Para Sociologia, a família representa um congregar de
indivíduos unidos por laços afetivos ou de parentesco de sangue em
que os adultos cuidam, dão assistência e são responsáveis pelo cui-
dado com os bebês e crianças, ensinando e preparando para a vida
adulta. Representa a união entre pessoas que possuem laços sanguí-
neos ou do coração, de convivência e baseados no afeto”.
2ª Base - “A Constituição Federal Brasileira de 1988 trata da Fa-
mília no Art. 226.:“A família, base da sociedade, tem especial prote-
ção do Estado (Governo)”, trazendo um rol exemplificativo, o qual
não exclui a possibilidade de outros modelos de entidade familiar; o
conceito de família abrange diversas formas de organização funda-

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

mentadas na relação afetiva entre seus membros como filhos afeti-


vos ou sanguíneos. (MARQUES, 1988, p.1)”.
3ª Base - “No conceito Eclesiástico da IGREJA Católica: ela é
compreendida como célula vital da sociedade desde o princípio da
humanidade. É a primeira sociedade natural do indivíduo que inte-
rage em seu habitat natural, que é fundada através do matrimônio,
vínculo eterno entre um homem e uma mulher a quem é atribuída
a tarefa educativa, de princípios, construindo um santuário de vida
e amor. A família é importante para o ser e para a sociedade, é no
âmbito familiar que o homem recebe as primeiras noções do bem e
da verdade, aprende a amar e a ser amado, a perdoar e ser perdoado,
respeitar e ser respeitado. As famílias precisam ser fortes na comu-
nhão e estáveis no compromisso, de ensinar valores sociais como:
afeto, solidariedade, empatia, amor ao próximo”.
4ª Base - A luz da Bíblia usada pelo Cristão Evangélico em “Por-
tanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mu-
lher, e serão ambos uma só carne” (Gênesis 2.24). “Deus os abençoou
e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a
terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre
todos os animais que se movem pela terra” (Gênesis 1.28). “Os filhos
são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas
mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o
homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando
enfrentar seus inimigos no tribunal” (Salmos 127.3-5).
A ideia da família na Bíblia
inclui uma afinidade espiritual,
onde não só os sentimentos de
amor, respeito e solidariedade
fazem parte do relacionamento,
mas também os aspectos espiri-
tuais que nos leva à comunhão
com Deus.
Como cristã, tenho fundamen-
to alicerçado na fé, por isso creio
quando a bíblia diz em gênesis
2.1-25, que foi Deus quem insti-
Nosso Casamento dia 17/12/2010
tuiu a primeira família na terra
através de Adão e Eva.

3. Como tudo começou

N asci na cidade de Apucarana, interior do Paraná, em uma famí-


lia humilde e simples. Sou a terceira filha de quatro irmãos e a

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

única filha mulher. Desde pequena tive um sonho grande de casar,


constituir e edificar uma família onde o amor fosse a chave de tudo;
ter filhos e no futuro ser uma vovó.
Em dezembro de 2010 esse sonho foi realizado, casei com meu
esposo Fabiano Glinski, um momento muito especial para nós, onde
realizamos uma festa simples, porém utilizando criatividade e amor.
Há pequenos detalhes que recordo e guardo com carinho em minha
memória como: a cerimônia de casamento realizada no Acampamen-
to Maanaim (lugar onde nos conhecemos), e também nossa lua de
mel que foi em um navio, na costa brasileira.
Depois de seis anos de casada, nossa família aumentou, fiquei
grávida do nosso primeiro bebê, que não importava se seria menino
ou menina, pois foi o maior presente que recebemos. O sentimento
foi de alegria em nossos corações, uma grande emoção, aos sete me-
ses de gravidez descobrimos que era uma linda menina, escolhemos
o nome de Anasara.
Quem é mamãe vai se identificar, acontece algo em nosso interior
que muda as nossas vidas. Vem um senso de responsabilidade como
um manto sobre nós que nos reveste, nos envolve e nunca mais vai
embora. Aliás ele só aumenta junto com o amor que sentimos por
essa pequena vida. Isso me levou a uma dedicação que nunca tivera,
ler e apreender tudo que podia sobre a maternidade e matrimônio,
pois era o que estava vivendo naquele momento. Foi a partir daí que
algo aconteceu dentro de mim, querendo dar o meu melhor, tomei
uma decisão em meu coração, procurei desenvolver o autoconhe-
cimento pessoal e alinhar isso dentro da minha família nesse novo
tempo. Confesso que não foi nada fácil conciliar o casamento, ser
mulher, mãe de primeira viagem, ter o próprio negócio, ministério de
louvor e liderar (risos), foi espetacular e ao mesmo tempo assusta-
dor, mas acredite, consegui dar conta.
Nós mulheres, nascemos com esse dom, dado por Deus, de fazer
várias coisas ao mesmo tempo. O que é uma dádiva, um presente
divino, amo e sou grata por me ser permitido viver a experiência da
família.
Sobre a experiência de vida conjugal e sonho de casamento que
vou te contar amiga leitora, com afinidade para com você, compre-
endo que talvez você não tenha o mesmo sonho que tive de casar,
formar família, seja você casada, solteira, separada, viúva, divorcia-
da, mãe que cria sozinha seu filho. O meu intuito é compartilhar e
motivar você a se reinventar na área familiar.

4. Minha experiência

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

A construção familiar é o calcanhar de Aquiles da atualidade em


nossa sociedade, e muitas das vezes o que é necessário para re-
solver, é a busca do autoconhecimento individual como forma de
melhoria pessoal e familiar. O famoso psiquiatra, professor e escritor
brasileiro, Augusto Cury defende a importância ensinar e aprender
sobre Inteligência multifocal em seus livros desde da primeira infân-
cia. Segundo o autor, a ”Teoria da Inteligência Multifocal é uma teoria
que relata sobre a construção da inteligência, ou seja, o nascedouro
das ideias, a construção das cadeias de pensamentos, a formação da
história intrapsíquica arquivada na memória, a leitura da memória
pelos fenômenos intrapsíquicos, os tipos fundamentais”... “A Teoria
da Inteligência Multifocal auxilia na construção de relações intra e
interpessoais saudáveis. Também ensina a aprender a se relacionar
consigo mesmo e com os outros, bem como a tolerância, o trabalho
em equipe, a administração de conflitos e o carisma”. Concordo com
sua tese, pois quando assumimos o controle e a responsabilidade do
nosso eu interior, conforme ele sugere em suas palestras e livros, te-
mos uma visão clara do nosso próprio eu, e isso gera transformações
de dentro para fora.
A bíblia é o maior manual de inteligência emocional e sociológi-
co de comportamento humano que existe. Nos ajuda em qualquer
assunto, gera a fé que cura (comprovado cientificamente), produz
resultados positivos em doenças terminais, transforma, ajuda, res-
taura, ilumina todas as coisas, pois é viva e eficaz (HEBREUS 4:12)
Foi isso que fiz, procurei ler livros, assistir palestras, ministrações,
cursos e principalmente praticar princípios bíblicos que me ajudaram
a deixar mais leve toda e qualquer pressão dentro do universo da
maternidade e casamento, transformando-me de dentro para fora.
Posso dizer que está experiência de família foi um florescer, um de-
sabrochar na vida, realmente um feito divino que ainda acontece a
cada dia enquanto o tempo passa e a nossa filha cresce. Não percebi,
mas estou sendo mãe, cuidando de um ser tão pequeno que carre-

Grávida de 7 meses - Anasara Anasara com um mês de vida

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

gamos na barriga de 38 à 42 semanas, dado por Deus. Lembro-me


quando minha filha nasceu, tive medo, algo normal para todas nós
mulheres. Eram tantas perguntas que eu fazia a mim mesma, pen-
sava se iria dar conta. Descobri que damos conta SIM! Pois o criador
do céu, da terra e do mar nos abençoou para isso e vai nos capacitar
sempre que precisarmos.

5. Impacto inicial da pandemia

Q uando chegou a notícia da pandemia covid-19 e do lockdown,


todas as famílias já viviam suas rotinas, com a nossa não foi
diferente. Minha filha ia a um CMEI em Ponta Grossa no infantil III,
meu esposo e eu trabalhávamos todos os dias em nosso comércio, e
de repente tivemos que mudar toda a nossa agenda, fazer mudanças
necessárias para se adaptar ao novo cenário, e ficar em casa.

Família Glinski - Dezembro de 2017

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

A princípio foi um susto, mas até que levei ligth, com naturalida-
de, pensei comigo mesma: “Ana sem pânico...”, parecia que nada es-
tava acontecendo; tudo dentro dos conformes, refiz os planos, tinha
conseguido mudar a rotina e estava indo tudo bem. Até que depois
de uns meses começou a ficar difícil, ninguém imaginava que a pan-
demia duraria tanto tempo. Então a vida virou, acumulando afaze-
res domésticos, fazer almoço todo dia, trabalhar home office, mídias
sociais do nosso empreendimento, eu participando pela primeira vez
de um pleito eleitoral como candidata a vereadora em Ponta Grossa,
filha pequena em casa que estava acostumada ir para escola. Parecia
que tudo estava dando errado e pensava, que não daria conta.
Nesse momento, busquei auxilio divino e conversei com Deus so-
bre a dificuldade que estava vivendo, em oração e fé pedi uma solu-
ção. Você acredita, que aconteceu o sobrenatural , e ouvi a resposta
para a solução do meu dilema familiar, entro do meu coração. Pois é
minha amiga leitora, creia, isso aconteceu comigo, posso te afirmar
como a luz do sol que vemos a cada manhã, como o vento bate su-
ave em nossa face, como um flash veio em minha mente o que está
na bíblia: ”Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba
com as próprias mãos”( Provérbios 14.1, ano ). Recordei do que plantei
lá atrás, ao buscar conhecimento sobre matrimônio e maternidade, e
como nada nesta vida é em vão, tudo tem um propósito lembrei de
ter lido o livro As Cinco Linguagens do Amor , Gary Chapman, famoso
conselheiro familiar nos Estados Unidos, que fala sobre aprender a
lidar com cada temperamento. Foi aí que percebi que o que estava
faltando para nós era conexão familiar, ser presente e não estar pre-
sente.
Sentamos em família, conversamos sobre a situação e como
prioridade estabelecemos o conceito conhecido na psicologia como
“Tempo de qualidade juntos”, período em que dedicamos exclu-
sivamente nossa atenção a alguém, com o objetivo de estreitar a
relação com uma pessoa. Já tínhamos feito algumas vezes, mas a
correria do dia a dia essa prática ficou de lado e então voltamos a
fazer regularmente. Posso te afirmar que foi como um passe de má-
gica, toda aquela nuvem escura que se formava no ar caiu por terra,
mudando cem por cento a energia da casa. Hoje chego a esquecer, no
âmbito familiar, que ainda estamos vivendo uma pandemia a mais
de oito meses.
Isso foi importante, passei a olhar meu esposo e minha filha de
outra maneira e perceber o que eles precisam no momento oportu-
no. A rotina pode nos tirar esse brilho de percepção dentro do lar,
então pude de alguma forma contribuir e ajudar com encorajamento
usando simples atitudes como um abraço, beijo, carinho, atenção,
olho no olho. Por isso aqui em casa estabelecemos que esse dia é
sem celular e sem falar de trabalho (tentamos ao máximo) exceto em

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

situações emergências. O “Dia Da Família” é o tempo para ficarmos


juntos, dar plena atenção um ao outro, nos conhecer melhor, fortale-
cer, regar nossos laços de amor, cuidar, brincar, amar usando recursos
ou não. Quando não podemos sair, fazemos piquenique no quintal
de casa, damos banho nos animais, pulamos no colchão, fazemos
acampamento na sala, assistimos filmes, tomamos um sorvete ou
preparamos uma refeição, coisas simples não é preciso luxo.

Cafeteria Parada em Posto Passeio na chácara

6. Covid-19, sentimento e percepção


dessa experiência

E sta pandemia veio para mostrar que a maioria de nós, não estava
preparado para tais mudanças repentinas, somos frágeis e tudo
isso é natural. Temos sentimentos, angustias, dores e nem sempre
sabemos exatamente como agir em certas situações. Em pleno sé-
culo 21 mudamos e avançamos muito na tecnologia, porém na área
humana e social é preciso evoluir também.
No ambiente familiar não é diferente, precisamos adquirir o au-
toconhecimento que será o diferencial no ceio familiar, construir um
“estoque reserva“ de momentos de amor e unidade em família, pois
não sabemos quando o mal sobrevirá em nossas vidas. E em mo-
mentos difíceis como esse, a unidade gerada em família, o saber lidar
com cada um fará total diferença e manterá a
estrutura familiar.
À conclusão que cheguei, é que como o ali-
cerce de um prédio, precisa ter uma fundação
bem estruturada para sustentar muitos anda-
res, assim é a base da nossa família, buscar inte-
ragir com maior profundidade no seio familiar,
separar um tempo de qualidade para a família,
colocando-a como prioridade é essencial para
esse alicerce acontecer.

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Esse tempo que meu esposo, a minha filha e eu vivemos dentro


de casa, foi de um enorme aprendizado para mim. Busquei ativida-
des criativas, redobrei-me em aprender ser professora amadora da
minha filha, divertir-me com brincadeiras de infância, assistir com
ela desenhos educativos na internet e ao mesmo tempo ministrei
valores em seu carácter. Ampliei o repertório de brincadeiras em fa-
mília com custo zero, otimizei o tempo, os recursos, e hoje vejo que
tudo isso teve seu lado bom, viver essa experiência que no começo
foi assustadora, mas tudo cooperou para o nosso bem.

7. Mensagem final às mulheres e futuras


gerações

S ou uma mulher de fé, creio em JESUS CRISTO, e que ele ressusci-


tou e vivo está no céu ao lado de Deus. Busco permanecer nEle
todos os dias, mesmo em meio a momentos difíceis que já passei
em minha vida, luto para tomar posse da vitória que é sempre certa,
eu creio! Em janeiro de 2020 me perguntaram qual versículo bíblico
marcou a minha última década, rapidamente respondi aquele que
me sustentou e deu força durante ela “E sabemos que todas as coi-
sas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos
8:28). Este versículo me faz ver o lado bom de todas as coisas, mes-
mo que seja difícil.
Nada acontece por acaso, em tudo há permissão divina: “Até os
cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Lucas 12.7). Por isso
digo a você: tende bom ânimo, com fé, esperança e amor podemos
todas as coisas em Deus, pois é Ele que nos fortalece na hora da an-
gustia (Filipenses 4.13)
Com as convicções adquiridas pelas experiências vividas, o amor e
graça que já provei na fé em Deus Pai, gostaria de deixar uma men-
sagem de fé e esperança para você que está lendo este livro, pois
a COVID- 19, aflições ou situação inusitada não serão para sempre!
“Tudo passa”, esta frase clássica é a mais pura verdade, por isso com
carinho entrego quatro chaves que deram certo em minha vida e
podem te auxiliar durante momentos difíceis.
Primeira chave: acreditar que a família é um projeto divino idea-
lizado por Deus e tudo que diz respeito a ela (relacionamento conju-
gal e intrafamiliares, educação de filhos, problemas de diálogos etc)
pode-se recorrer a oração, com fé conversar com o Senhor e pedir
uma solução. Quando oramos entramos em outra dimensão e nível
espiritual. Creia Deus ouvirá!

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
em 7 setores de atuação

Segunda chave: dedicar um tempo de qualidade para sua famí-


lia, edificando um dia semanal exclusivo somente entre vocês, sem
trabalho, tecnologia. Busque acordar isso previamente em amor.
Terceira chave: criatividade, use sua intuição, inspire-se olhando
em seu interior, produza algo novo que fluirá de dentro para fora
quando se dedicar a fazer algo a mais por sua família e acredite você
tem esse potencial.
Dica - Faça atividades usando (ou não) recursos financeiros, nem
sempre é necessário gastar, use o que você tem a sua disposição.
Pode ser: acordar seus familiares cantando uma música alegre ou o
que vocês amam cantar juntos; uma carta escrita à mão; um recado
de batom no banheiro; fazer juntos uma comida que vocês gostam;
passeio ao ar livre, contemplar a natureza, uma festinha surpresa em
casa; um bolo; uma pipoca; uma limonada feita com o limão rosa do
fundo de casa, na internet encontramos muitas dessas ideias legais,
dinâmicas fáceis de fazer.
Quarta chave: tenha certeza que Deus te dotou de dons e ha-
bilidades, que talvez você nem saiba que tem ou é capaz de fazer.
Procure dentro de você, vai estar aí, quem sabe à primeira vista es-
tará tímido, mas com o tempo vai dar frutos e florescerá de dentro
do seu interior.
Para terminar, quero te fazer um convite: Olhe para suas mãos...
o que você vê? Muitas das vezes elas serão o único recurso que você
vai precisar!
Que Deus te abençoe, faça-te feliz, realizada e determinada a
construir e edificar seus sonhos com sua família e em todas as áreas
da sua vida.

8. Referências
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988
BÍBLIA SAGRADA ALMEIDA REVISTA E ATUALIZADA 2011
BÍBLIA ON LINE - https://www.bibliaonline.com.br/
DICIOÁRIO ON LINE - https://www.dicio.com.br/familia/
https://blog.opinionbox.com/piramide-de-maslow/
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-
-um-grupo-mas-um-fenomeno-social.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki
https://super.abril.com.br/ciencia/a-ciencia-da-fe/

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A percepção de 7 mulheres sobre a pandemia da COVID-19
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https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/10/17/estudo-
-da-onu-aponta-que-tamanho-das-familias-no-brasil-esta-abaixo-
-da-media-mundial.ghtml
https://www.todamateria.com.br/familia-sociologia/#:~:text=-
na%20sociologia%2c%20a%20fam%c3%adlia%20representa,res-
pons%c3%a1vel%20pela%20socializa%c3%a7%c3%a3o%20dos%20
indiv%c3%adduos.
https://bit.ly/3axsfsf
https://www.google.com.br/search?safe=active&sxsrf=alekk01r-
z8io7ztrwpv7zratoydzyxjhqq%3a1600646198075&ei=nuxn-
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