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VOL.

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ESTUDO
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C a
Língua Portuguesa
ANOS FINAIS
DO ENSIN
O FUNDAMENTAL
9º A N O

CEFAE
Célula de
Fortalecimento da
Alfabetização e
Ensino Fundamental

CEMUP
Célula de
Fortalecimento da
Gestão Municipal
e Planejamento de Rede
Governador
Camilo Sobreira de Santana

Vice-Governadora
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretária da Educação
Eliana Nunes Estrela

Secretário Executivo de Cooperação com os Municípios


Márcio Pereira de Brito

Coordenadora de Cooperação com os Municípios para Desenvolvimento da Aprendizagem


na Idade Certa
Maria Eliane Maciel Albuquerque

Articulador de Cooperação com os Municípios para Desenvolvimento da Aprendizagem na


Idade Certa
Denylson da Silva Prado Ribeiro

Orientador da Célula de Fortalecimento da Gestão Municipal e Planejamento de Rede


Idelson de Almeida Paiva Junior

Equipe do Eixo de Gestão – SEDUC


Ana Paula Silva Vieira Trindade - Gerente
Cintia Rodrigues Araújo Coelho
Maria Angélica Sales da Silva - Gerente
Raquel Almeida de Carvalho

Orientador da Célula de Fortalecimento da Alfabetização e Ensino Fundamental


Felipe Kokay Farias

Gerente dos Anos Finais do Ensino Fundamental


Izabelle de Vasconcelos Costa

Equipe do Eixo dos Anos Finais do Ensino Fundamental


Cintya Kelly Barroso Oliveira
Ednalva Menezes da Rocha
Galça Freire Costa de Vasconcelos Carneiro
Izabelle de Vasconcelos Costa
Tábita Viana Cavalcante

Autora
Cintya Kelly Barroso Olveira

Revisão de Texto
Cintya Kelly Barroso Olveira

Designer Gráfico
Raimundo Elson Mesquita Viana

Ilustrações utilizadas (Capas)


Designed by brgfx/Freepin
ATIVIDADE 40

Habilidades do DCRC

(EF69LP08) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião,


dentre outros –, tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão,
características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a relação entre as diferentes
semioses, a formatação e o uso adequado das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e
vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.

D (09): Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.


Caro aluno, você já sabe que quem entende como os autores articulam as ideias de um texto
tem mais chances de ser bom em interpretação textual. Para que seja capaz de realizar uma
leitura eficiente, o leitor precisa perceber que todo texto tem um projeto de dizer e este projeto
está articulado a partir de uma informação principal e das informações que a complementam,
seja ilustrando, seja enriquecendo. Estas informações que enriquecem e complementam a
informação principal são chamadas de informações secundárias. A relação entre a informação
principal e as secundárias garante a coerência e a coesão do texto. Para que você consiga
identificar a informação principal de um texto é necessário que relacione as diferentes
informações de forma a construir o seu sentido total, ou seja, que relacione as diversas partes
que compõem o todo significativo que é o texto. Para que se torne mais claro, observe a questão
a seguir.

Leia o artigo.

ARTIGO | A COVID–19 TEM CLASSE, GÊNERO E COR


A crise causada pelo coronavírus aprofunda as desigualdades e violência contra as mulheres
em todos os países

Silvana Conti*
Sul 21 | Porto Alegre |
15 de Junho de 2020 às 13:33

Inicio esta breve reflexão reconhecendo o meu lugar de fala e meus privilégios enquanto uma
mulher cis, lésbica, que tem a cor da pele branca e portanto nunca sofreu racismo.

Quero destacar as palavras de uma grande feminista negra, que nos aponta a urgência de nestes
dias tão tristes, buscarmos formas de potencializarmos as nossas companheiras negras para nos
representarem na política, nos movimentos sociais, na direção de sindicatos, empresas, nas
associações de bairros, enfim, de erguermos a nossa voz enquanto uma sociedade que luta em
defesa da democracia, pela igualdade racial e busca corrigir o crime de leso-humanidade, que
foi a escravatura.

Bell Hooks, afirma que: “Esse ato de fala, de “erguer a voz”, não é um mero gesto de palavras
vazias: é uma expressão de nossa transição de objeto para sujeito – a voz liberta.”
Nós mulheres e homens não negras(os), temos um compromisso histórico de neste contexto de
agudização das desigualdades sociais, e grande expressão do quanto o racismo é cruel, de nos
colocarmos como escudo, e fazermos todas e todos a luta antirracista.
Os assassinatos racistas das últimas semanas de Maio/Junho de 2020, que visibilizaram a perda
das vidas de Miguel Otávio, aos 5 anos, João Pedro, aos 13, e George Floyd um trabalhador
negro que morreu sob o joelho de um policial branco, escancaram que o Brasil tanto quanto os
EUA, são países em que a cor da pele determina quem tem mais oportunidades e direitos e
quem é mais vulnerável e tem menos chances.

Peço licença para citar a Flávia Oliveira, colunista de Opinião do jornal o Globo quando afirma
que: “Foi o racismo estrutural, no qual o Brasil está assentado, que tomou pelas mãos Miguel
Otávio Santana da Silva, levou-o até o elevador, apertou o botão de um andar alto, liberou a
porta e, indiferente, retornou ao lar. Selou assim o destino ao qual crianças negras estão
vinculadas por um projeto desumano e macabro, travestido de fatalidade. Era filho único da
empregada doméstica Mirtes Renata. Morreu porque era filho da empregada. Se herdeiro da
patroa, estaria vivo.”

A população negra é alvo da morte violenta e sistemática. Todo ano, cerca de 45 mil pessoas
negras são assassinadas no Brasil. Infelizmente a maioria das mortes são “invisíveis” e
banalizadas para o Estado que principalmente desde 2016 e agora neste período de pandemia
através do presidente da república, naturaliza as mortes de mais de 40 mil brasileiros e
brasileiras. Portanto a covid-19 mata e o racismo também mata milhões de pessoas negras.

As mulheres negras sempre são o principal alvo

No país em que as mulheres negras compõem a maior parte da população, somando quase 60
milhões de pessoas, o percentual acende uma luz vermelha para a urgência de encararmos e
combatermos o racismo estrutural que se manifesta em forma de segregação, silenciamento e
violência institucional.

Estamos imersos(as) na necropolítica do matar e deixar morrer. Os serviços públicos de saúde


em colapso, uma crise econômica, política, institucional e civilizatória profunda. O Brasil está
nas mãos de um presidente genocida, racista, perverso e miliciano.

Embora os homens representem entre 60% e 80% dos mortos pela Covid-19, as mulheres são
afetadas de maneira mais severa pelo novo coronavírus. Elas estão mais expostas ao risco de
contaminação e às vulnerabilidades sociais decorrentes da pandemia, como desemprego,
violência, falta de acesso aos serviços de saúde e aumento da pobreza.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2018, mais
de 6,24 milhões de mulheres negras estão no serviço doméstico. Os dados revelam que, mesmo
com a implementação da PEC, as domésticas têm uma das piores escalas salariais e a maioria
ainda estão na informalidade, sem carteira assinada.

A crise causada pelo coronavírus aprofunda as desigualdades e violência contra as mulheres em


todos os países. Além disso, 70% de todos os profissionais da saúde no mundo são mulheres, o
que as expõe de maneira direta à Covid-19.

Essa é a conclusão do relatório “Mulheres no centro da luta contra a crise Covid-19”,


divulgado no final de março pela ONU Mulheres, entidade da Organização das Nações Unidas
para igualdade de gênero e empoderamento.
Em resumo, segundo o estudo, a pandemia afeta mais as mulheres porque:
 70% dos(as) trabalhadores(as) de saúde em todo o mundo são mulheres, fato que as expõe a um
maior risco de infecção pelo novo coronavírus;

 com o isolamento, os índices de violência doméstica e feminicídio têm aumentado no mundo–


como as mulheres estão confinadas com seus agressores e distantes do ciclo social, riscos para
elas são cada vez mais elevados;

 entre os idosos(as), há mais mulheres vivendo sozinhas e com baixos rendimentos;

 A ONU Mulheres estima que, dentre a população feminina mundial, as trabalhadoras do setor
de saúde, as domésticas e as trabalhadoras do setor informal serão as mais afetadas pelos efeitos
da pandemia de coronavírus.

 Mulheres também são maioria em vários setores de empregos informais, como


trabalhadores(as) domésticos(as) e cuidadores(as) de idosos(as);

 Com a pandemia, mulheres têm de se dividir entre diversas atividades,como as seguintes:


emprego fora de casa, trabalhos domésticos, assistência à infância (cuidado com filhos),
educação escolar em casa(já que as escolas estão fechadas) e assistência a idosos da família;

 Antes da covid-19, mulheres desempenhavam três vezes mais trabalhos não remunerados do
que os homens; com o isolamento, a estimativa é que este número triplique;

 Mulheres não estão na esfera de poder de decisão na pandemia: elas são apenas 25% dos
parlamentares em todo o mundo e menos de 10% dos chefes de Estado ou de Governo;

 E, no setor têxtil, um dos mais afetados da indústria em todo mundo e paralisado por causa do
trabalho temporário de lojas, as mulheres são três quartos dos trabalhadores no mundo.

 De acordo com o documento da ONU, “a pandemia teve e continuará a ter um grande impacto
na saúde e no bem-estar de muitos grupos vulneráveis”. O texto prossegue: “As mulheres estão
entre as mais afetadas.”

 Além do aumento da desigualdades e da violência de gênero já existentes, o relatório alerta para


o fato de que as mulheres são maioria na linha de frente contra o coronavírus.

Estes dados demonstram a dura realidade que vivemos e que as pessoas mais afetadas pela
covid-19 tem classe, gênero e cor. Nenhuma novidade para a estrutura social do Brasil.

Finalizo está breve reflexão com a palavras do querido professor Silvio Almeida: “Numa
sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.” Na medida que a
população afrodescendente é hoje majoritária no Brasil, a luta contra as discriminações se
transforma em fator de consolidação da democracia”.

(*) Professora aposentada da Rede Municipal de Educação, de Porto Alegre, Mestranda em


Políticas Sociais da UFRGS, membro do Núcleo de Estudos – NEST.
Edição: Sul 21
Disponível em: https://www.brasildefators.com.br/2020/06/15/artigo-a-covid-19-tem-classe-genero-e-cor.
Acesso em: 10 de nov. 2020.

1. A informação principal do texto é


a) a covid-19 mata e o racismo também mata milhões de pessoas negras e as mulheres negras
sempre são o principal alvo.
b) curiosidades sobre o setor têxtil, paralisado por causa do trabalho temporário de lojas, as
mulheres.
c) os dados estatísticos sobre os casos de covid durante a pandemia.
d) a fala da ativista bell hooks sobre o racismo feminino.

GABARITO: alternativa A.
Inicie esta atividade fazendo uma leitura atenta do texto, colhendo informações importantes
para a construção de seu sentido. Em seguida, leia o comando da questão. Ela pede que você
identifique qual parte do texto contém a informação principal. Leia, também, as alternativas.
Observe que as alternativas (b), (c) e (d) apresentam informações que são importantes, porém,
secundárias no texto, pois elas apenas complementam a informação principal, que gira entre
as discussões que envolve o alto número de mortes de mulheres negras. Portanto, a alternativa
correta é (A).
Agora é com você! Resolva as questões a seguir e exercite a sua habilidade de diferenciar partes
principais de partes secundárias em um texto.
Leia o artigo de opinião.

"UM QUARTO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS NUNCA ELEGEU UMA


MULHER COMO VEREADORA"

Leninha
Brasil de Fato | Belo Horizonte (BH) |
13 de Fevereiro de 2020 às 22:23

Marcha das Mulheres Negras e Indígenas de São Paulo, em 2017 - Paulo Pinto

O que justifica um país onde 27% da população feminina é negra ter no Congresso Nacional
apenas 2% de mulheres negras? Nada, a não ser o preconceito. As barreiras à participação
política das mulheres negras são múltiplas e interrelacionadas, tendo como pano de fundo a
discriminação que nos levou a níveis mais baixos de educação e capital social, a maior pobreza
e marginalização geográfica. Mas vou resumir nossa baixa representatividade a três fatores que
considero centrais: o racismo estrutural, o machismo e a falta de empenho dos partidos para
corrigir essa distorção.

Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais não é diferente: entre os 77 deputados,


somos dez mulheres e, pela primeira vez na história, três mulheres negras. Segundo o Mapa
Étnico Racial das Mulheres na Política Brasileira, elaborado pela Confederação Nacional de
Municípios, a baixa representatividade das mulheres negras nos espaços de poder se
deve também à crença em um estereótipo. Após centenas de entrevistas, o Mapa
conclui que partidos e o próprio eleitorado tendem a associar competência política a um perfil
masculino, branco, heterossexual, casado e de boa posição econômica e
social. Um estereótipo que, definitivamente, não nos comporta.

Mas esse não é o único aspecto que reduz a participação de mulheres negras na política nacional.
Sobre nós incide uma dupla discriminação, a racista e a sexista. Porque não basta vencer o
racismo, temos que ultrapassar outro obstáculo: vencer o machismo. Como a divisão do
trabalho é extremamente desigual – hoje as mulheres chefiam 29 milhões
de lares e ainda assumem as tarefas da casa e o cuidado com os filhos -, falta tempo e
disposição para a participação política.

Mesmo as câmaras de vereadores e prefeituras - porta de entrada para muitas mulheres


por permitirem conciliação da vida política com a vida familiar – nossa presença é
baixíssima: ocupamos menos de 14% do total de cadeiras. Um quarto dos municípios brasileiros
não elegeu sequer uma mulher como vereadora e mais da metade das capitais brasileiras
apresentou queda no número de eleitas entre 2012 e 2016.

O menor acesso aos recursos partidários e a falta de uma legislação sobre aspectos étnicos no
âmbito eleitoral também são fatores que levam a esse cenário. Apesar da cota
de 30% para candidaturas femininas, não há cota para candidaturas étnicas como forma de
reduzir a desigualdade na representação. Mesmo com a criação das cotas, nossa presença nos
espaços de poder continua crescendo a passos lentos.

O direito das mulheres de participar da vida política é garantido pela Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, dentre outras. Alguns países
têm adotado medidas importantes. No Reino Unido, o Comitê para a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher observou que as mulheres negras representavam 5,8% da
população, mas constituíam menos de 1% dos representantes locais. Mesmo com o aumento na
representação feminina no país, as afrodescendentes continuavam sub-representadas.

Para corrigir essa distorção, o Comitê sugeriu medidas especiais temporárias para alcançar a
igualdade de participação, incluindo o recrutamento, assistência financeira e formação de
mulheres candidatas, além de modificação de procedimentos eleitorais, com definição de
objetivos numéricos e cotas.

A pauta política das mulheres negras têm especificidades e precisa de uma representação
legítima e direta. Por isso precisamos eleger representantes negras, porque só quem vive a
discriminação em suas múltiplas dimensões sabe a dificuldade que é, para que nós que
construímos as cidades, estejamos também no centro da construção de pautas políticas
antirracistas e anti machistas em nosso Estado. Num contexto multicultural e desigual, só
avança quem tem legitimidade. Queremos políticas específicas de proteção social, de saúde e
acesso à justiça, eliminando todas as formas de discriminação enfrentadas pelas mulheres
negras ao acessar os serviços essenciais. Não precisamos ser representadas. Podemos e
queremos falar por nós mesmas.

*Leninha é deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e presidenta da Comissão
de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Fonte: BdF Minas Gerais


Edição: Elis Almeida

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/02/13/artigo-por-mais-mulheres-negras-na-politica. Acesso em: 10


de nov. 2020.

2. A informação principal do texto é


a) A quantidade de deputados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais não é diferente:
entre os 77 deputados.
b) o Mapa Étnico Racial das Mulheres na Política Brasileira, elaborado pela Confederação
Nacional de Municípios
c) a presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
d) a discussão sobre a pequena quantidade de municípios brasileiros que elegeu uma mulher.

Leia o artigo de opinião a seguir.

ARTIGO DE KENIA MARIA, DEFENSORA DOS DIREITOS DAS MULHERES


NEGRAS: O RACISMO DEU CERTO NO BRASIL?
25.07.2017

As esculturas, músicas, pinturas, literatura, cinema e publicidade colaboraram para construção do nosso
imaginário. E a arte é predominantemente branca.

Artigo de Kenia Maria, Defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres para o Huff Post Brasil.

Uma literatura genuinamente brasileira escrita por Monteiro Lobato eternizou a imagem da
mulher negra na cozinha, que ama servir e cuidar dos filhos dos outros: a tia Anastácia.

Feche os olhos e imagine uma rainha, um anjo, uma boneca e uma babá. Quais dessas
personagens são negras? A babá, na maioria das vezes, toma o imaginário das pessoas que
participam dessa dinâmica em minhas palestras pelo Brasil. Por que será?

Uma literatura genuinamente brasileira escrita por Monteiro Lobato eternizou a imagem da
mulher negra na cozinha, que ama servir e cuidar dos filhos dos outros, enquanto é insultada
pela única criança que poderia ser seu filho, o Saci. Que, aliás, também é um menino negro
mutilado.

Seria apropriação cultural Dona Benta registrar todos os livros de história e receitas em seu
nome? Dona Benta cozinhava?

Devemos observar que as esculturas, músicas, pinturas, literatura, cinema e publicidade


colaboraram para construção do nosso imaginário.

Certa vez, no aeroporto, uma mulher branca, do sul do País, conversava comigo sobre sua “mãe
preta”. Ela me dizia, emocionada, que sua “mãe preta”, que na verdade era sua babá e apenas
três anos mais velha que ela, nunca tinha sido tocada por um homem e que era virgem.

Na sua conclusão de “filha branca”, a mãe preta tinha nascido para cuidar dela e dos irmãos. E
que o sexo e casamento não lhe interessavam. Me disse tudo isso com a mão no peito e
emocionada. Tia Nastácia não saía da minha cabeça. Parei para pensar, durante o voo indo a
Salvador, por que aquela mulher não conseguia ver mulheres negras como humanas. Sim,
humanas!

Sempre achei a arte fundamental para a educação e a formação de um povo e percebi que quase
toda arte que o Brasil produziu foi racista e machista na maioria das vezes. E cheguei a essa
conclusão depois de uma aula sobre Grécia Antiga na faculdade… A arte é, por si, educação.

Certa vez, um renomado carnavalesco tentou colocar em seu desfile esculturas que reproduziam
a imagem de cadáveres de judeus assassinadas, vítimas do nazismo, e aquilo foi um choque. As
pessoas ficaram indignadas, a comunidade judaica (com toda a razão) achou aquilo
inadmissível e a alegoria foi proibida e censurada.

Na época, eu me perguntei por que as alegorias de negros escravizados não chocavam da mesma
forma. Afinal, estamos falando de um dos maiores crimes contra humanidade: a escravidão.

Posso, num mesmo dia, ver um desfile com esculturas de escravos e pessoas se divertindo sem
parar para pensar que a escravidão foi uma das maiores crises de humanidade, enquanto nas
ruas toca a marchinha “o seu cabelo não nega mulata…”. E Claudia, arrastada pelas ruas do
subúrbio do Rio de Janeiro, é esquecida.

As pessoas se chocam quando digo que o racismo aqui deu certo.

Ora, aqui quase 80% dos jovens que morrem na idade mais produtiva são negros! A morte
desses homens condena as mulheres negras para o resto da vida. Eles são nossos filhos, pais,
irmãos e maridos.

A violência contra a mulher aumenta. Onde os direitos humanos e o Estado não entram.

Glamurizar a favela é muito conveniente. Não existe charme nenhum em acordar às quatro da
manhã, deixar seus filhos com outras pessoas, atravessar a cidade para um trabalho e cuidar de
outras crianças que serão ensinadas a odiar negros, na maioria das vezes.
Sim, o racismo se aprende. Ninguém nasce odiando ninguém. O racismo no Brasil é um
comportamento. Portanto, eu estou sendo ácida sim.

Não quero falar de amor. Não agora. Agora, quero falar de justiça e direitos humanos.
Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/noticias/o-racismo-deu-certo-no-brasil/. Acesso em: 10 de nov.
2020.

3. A informação principal do texto é


a) a glamurização das favelas cariocas.
b) apresentar o racismo na obra de Monteiro Lobato.
c) destacar o racismo que algumas formas de arte expressam.
d) dados sobre o carnaval carioca e as alegorias que se destacam.
ATIVIDADE 41

HABILIDADES DO DCRC
(EF89LP33) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e
estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos
gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas,
romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção
científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema concreto,
ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo
preferências por gêneros, temas, autores.

D04: Inferir uma informação implícita em um texto.


Caro aluno, como você já sabe, os textos apresentam algumas informações explícitas que são
facilmente identificadas a partir de uma leitura atenta do texto; outras informações, porém,
necessitam de uma atenção maior, pois estão implícitas, ou seja, não estão claras, mas podem
ser subentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir além do que
foi dito, ou seja, ler nas entrelinhas. Para compreender melhor, observe a questão seguinte.

Leia o poema.

Respeitando a Mãe Terra nada irá faltar

Da terra se tira tudo


Tira água pra beber
Batata doce de rama
E feijão para comer.

A palha para a oca


O cipó pro caçoá
O peba para o almoço
O peixe para o jantar.

Mandioca pra farinha


O milho pro mungunzá
Torrado se faz fubango
Moído se faz fubá.

Seca rio, morre peixe


É grande o devastamento
A Mãe Terra aquecendo
E geme o seu lamento

Os lixões em todo canto


Destroem o ambiente
Poluem terra e água
Matam peixe matam gente.

O sertão fica mais seco


A terra vira poeira
Há poluição na terra
Só se encontra sujeira.

A água está acabando


A chuva logo não vem
O capitalismo no mundo
E a culpa é de quem?

Onde tem uma aldeia


Tem uma reserva do lado
Nós índios cuidamos da terra
Este nosso solo sagrado.

A Mãe Terra foi criada


Com a mais sublime beleza
Florestas lindas e belas
Preenchem a natureza.

O homem com sua ganância


Sua ânsia de riqueza
Destrói a Terra sagrada
Acaba a natureza.

Deus nos deu inteligência


O único animal que a tem
Destruindo o que Deus fez
Iremos morrer também.

Mãe Terra, nós povos indígenas


Somos uma só nação
Podemos morrer lutando
Em prol dessa missão.

Defendendo a senhora
Que muitas histórias têm
Se a nossa mãe morre
Iremos morrer também.

(Reginaldo Kanindé, poeta indígena do povo Kanindé, de Aratuba, Ceará).

Link: http://www.thydewa.org/wp-content/uploads/2014/12/livro-mae-terra-web.pdf

1.Os versos “O capitalismo no mundo E a culpa é de quem?” tem como mensagem implícita
a) a mãe terra é respeitada.
b) da mãe terra tudo se colhe.
c) o homem explora a mãe terra sem cuidar dela.
d) o homem cuida da mãe terra mesmo explorando-a.

GABARITO: alternativa C.
Inicie esta atividade lendo o texto com atenção. Em seguida, leia o comando da questão.
Observe que ela solicita que você identifique a mensagem que não está aparente no texto, aquela
que está implícita. Nesse caso, você deve ser capaz de compreender que o texto fala que a mãe
terra ou natureza dá ao homem todas as riquezas, dela ele pode retirar tudo, porém o capitalismo
e os valores financeiros que movem o ser humano fazem com que o homem maltrate a terra
com sua exploração indiscriminada.
Após a leitura do texto, leia as alternativas, verificando se a informação que a alternativa
apresenta está de acordo com o que a questão solicita. Você perceberá que a alternativa correta
é a (C), pois o capitalismo a que o texto se refere diz respeito à exploração financeira do homem
sobre a terra sem cuidar da natureza. Agora é com você! Resolva as questões a seguir e exercite
a sua habilidade de identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a
narrativa.

Leia o poema a seguir.

(Antônio Nilton Kanindé, indígena da etnia Kanindé, de Aratuba, Ceará).

Fonte: In: Memórias do Movimento Indígena do Nordeste. p. 33. Link: http://www.thydewa.org/wp-


content/uploads/2015/03/LIVRO-MOVIMENTOSCARTOGRAFICOS-FINAL_web.pdf. Acesso em: 27 de out.
2020.

2. A expressão “Só falta se perder no meio da plantação” quer dizer


a) que a mata da aldeia é perigosa.
b) que a variação da agricultura é exuberante.
c) que as crianças estão esperando o almoço.
d) que todos estão animado à beira do fogão antes da janta.
Leia o poema.

(Fonte: CEARÁ. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Desenvolvimento da escola. Célula de


Aperfeiçoamento Pedagógico. O Livro da vida, v.3. Tapeba – Fortaleza: Importec, 2007, p. 77.)

3. A expressão “Eu sinto o cheiro de lá” significa


a) que a voz do poema lembra de um lugar que está na memória.
b) que a voz do poema não tem saudade da Cachoeira de Santa Rosa.
c) que a voz do poema não relaciona a dança do toré a um lugar de memória.
d) que a voz do poema sente saudade da vida que não se relaciona à natureza.
GABARITO

ATIVIDADE 40
2. alternativa D
3. alternativa C

ATIVIDADE 41
2. alternativa B
3. alternativa A

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