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A vida na cidade e

seus desafios
Módulo: Cidadania e Mundo Global Tema: Urbanização:
mobilidade, moradia e violência

Oswaldo de Oliveira Santos Junior


1

A Vida na cidade e seus desafios


Urbanização: mobilidade, moradia e violência
É sempre lindo andar na cidade de São Paulo
O clima engana, a vida é grana em São Paulo
A japonesa loura, a nordestina moura de São Paulo
Gatinhas punk, um jeito yankee de São Paulo
(Premeditando o breque)

Orientações para o módulo Cidadania e Mundo Global


O objetivo deste texto é apresentar de forma sintética alguns conceitos fundamentais
para nossa reflexão ao longo do semestre. Este texto, articulado com as demais
propostas semanais em língua portuguesa, inglesa e espanhola contribuirão para o
aprofundamento das reflexões realizadas em vídeo aula. A leitura e estudo semanal é
fundamental para o melhor aproveitamento deste módulo.
É necessário destacar o enorme diferencial que temos neste módulo, que é a
possibilidade de desenvolver a leitura de diferentes temas em dois idiomas
simultaneamente, isto proporciona uma riqueza enorme e desejamos que você
aproveite ao máximo desta oportunidade.
Bons estudos e excelente semestre para todas e todos,
Prof. Oswaldo de Oliveira Santos Junior

Guidance for Citizenship and Global World


This text aims at summarizing the fundamental concepts to be debated throughout the
semester. This article contributes to deepening the concepts discussed
in Portuguese, English and Spanish in the weekly video classes of the module, enhancing
the debates, readings and studies done in the module.
It is also highlighted that this module aims to develop reading and reading
comprehension of diverse matters in two languages simultaneously, providing an
enormous opportunity for students’ individual development.
We wish you good studies and an excellent semester,
Profa. Gabriela Peres Guastalli

Direcciones para el módulo de Ciudadanía y Mundo Global


El propósito de este texto es resumir algunos conceptos fundamentales para nuestra
reflexión a lo largo del semestre. Este texto,articulado con las otras propuestas
semanales en portugués, inglés y español, contribuirá a la profundización de las
reflexiones realizadas en la lección en vídeo. La lectura y estudio semanal es fundamental
para el mejor uso de este módulo. Es necesario que se articule la enorme diferencia que
tenemos en este módulo, que es la posibilidad de desarrollar la lectura de diferentes
temas en dos idiomas simultáneamente, esto proporciona una gran riqueza y esperamos
que aproveche al máximo esta oportunidad. Buenos estudios y un excelente semestre
para todxs.
Profa. Celena Pereira Alves
2

Introdução
As cidades são agrupamentos humanos dos mais complexos e desafiadores.
Compreender essa dinâmica e funcionamento das cidades é uma exigência para o pleno
exercício da cidadania e uma obrigação nas mais diferentes atividades profissionais.
Ignorar e desprezar os estudos urbanos se constitui em um grave erro para o profissional
no mundo globalizado. Estas são as razões para buscarmos ao longo do semestre
compreender alguns aspectos dos fenômenos sociais e as políticas públicas nas
sociedades urbanas ao redor do mundo.

Figura 1- Estação CPTM Utinga, Santo André/SP (Mobilidade urbana)

Este texto apresenta algumas inquietações e algumas possibilidades de


interpretação dos fenômenos sociais no mundo urbano. Trabalhamos aqui com alguns
autores essenciais neste debate, tais como: Milton Santos, Manuel Castells, François
Chesnais e outros. Longe de esgotar a discussão, este texto apresenta aspectos que
podem contribuir para iniciar um debate e reflexão sobre a “questão urbana” no mundo
global, e espera as contribuições de todas e todos vocês.
3

Algumas das notas de rodapé neste texto são explicativas e contém dados
importantes sobre os conceitos aqui trabalhados, assim, é importante que você veja
estas notas com atenção.
Ao longo do semestre teremos a oportunidade de debater estes e outros
aspectos nos fóruns e atividades. É muito importante a contribuição de cada estudante,
trazendo outras perspectivas e referencias teóricos e experiências de gestão urbana e
políticas públicas ao redor do mundo para este nosso módulo. Faça também as leituras
indicadas ao longo do texto.

Brevíssima análise do relatório “a distância que nos une”

Figura 2- Escadaria do Teatro Municipal - São Paulo (Desigualdade social)

A Organização Não-Governamental OXFAM Brasil publicou em setembro de


2017 um extenso relatório com dados e análises sobre a desigualdades social no Brasil,
o título deste trabalho é “A distância que nos une: um retrato das desigualdades
4

brasileiras1” (2017). A extensa e minuciosa pesquisa apresenta dados, gráficos, e tabelas


que revelam de forma contundente a extrema desigualdade social existente no Brasil, o
que afeta a vida de milhões de pessoas. O texto inicia com a seguinte informação:

No Brasil, (...) apenas seis pessoas possuem riqueza


equivalente ao patrimônio dos 100 milhões de brasileiros
mais pobres. E mais: os 5% mais ricos detêm a mesma fatia
de renda que os demais 95%. Por aqui, uma trabalhadora que
ganha um salário mínimo por mês levará 19 anos para
receber o equivalente aos rendimentos de um super-rico em
um único mês. (OXAFAM, 2017, p.6)

Considerando que a população brasileira é estimada em 208,5 milhões estamos


falando de seis pessoas que detém o equivalente a aproximadamente 50% da população
do Brasil. Uma acumulação de riqueza gigantesca. A outra informação é a comparação
entre uma trabalhadora que recebe um salário mínimo (R$ 998,00) e o chamado super-
rico (pessoas com uma riqueza acima dos US$ 30 milhões), esta trabalhadora deve
trabalhar cerca de 19 anos para receber o equivalente ao rendimentos de um mês de
um super-rico, é importante destacar, trata-se do rendimento financeiro de um mês,
que equivale a 19 anos de salário mínimo (R$ 246.506,00 de rendimento em um mês em
média).

É certo que tamanha diferença deixará marcas na sociedade, uma delas é a


questão é o enorme déficit habitacional brasileiro, sendo os estados de São Paulo, Minas
Gerais, Bahia e Rio de Janeiro os estados com os maiores déficits habitacionais do país.
(Fundação João Pinheiro, 2018).

De forma resumida o relatório da OXFAM (2017), apresenta dados sobre a


desigualdade no mundo:

Neste momento, o 1% mais rico da população mundial possui


a mesma riqueza que os outros 99%, e apenas oito bilionários
possuem o mesmo que a metade mais pobre da população no
planeta . Por outro lado, a pobreza é realidade de mais de 700
milhões de pessoas no mundo.

1OXFAM BRASIL. “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras. 2017. Disponível
em: https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/relatorio_a_distancia_que_nos_une.pdf
5

Novamente a extrema desigualdade é observada no mundo, juntos o 1% dos


indivíduos mais ricos da população mundial possuem uma riqueza equivalente aos
outros 99% dos habitantes do planeta.

A situação é preocupante, ao ponto das Organizações das Nações Unidas terem


realizado um encontro em 2015 para tratar do tema, nesta reunião, durante a 70ª
Assembleia da ONU foram criados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS)2, válidos até 2030, neste documento os países firmaram “o compromisso de
erradicação da pobreza no mundo”, e seu entendimento hoje é essencial para todos
nós. Fica a indicação para que você conheça os 17 objetivos e as 169 metas traçadas.

Mesmo com todos os esforços produzidos pelos Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável (ODS). A questão é bastante grave, e atinge um número enorme de pessoas
em todo o mundo, gerando condições de miséria intensa, e colocando muitas pessoas
que vivendo na condição “abaixo da linha de pobreza3”:

Segundo projeções do Banco Mundial, entre 2010 e 2030,


ainda que os 40% mais pobres tenham um incremento de
renda 2% acima da média geral anual, restariam em todo o
mundo cerca de 260 milhões de pessoas abaixo da linha da
pobreza. Reside aqui o tamanho de nosso desafio para a
próxima década: fazer com que os mais pobres se apropriem
das maiores parcelas de crescimento econômico, reduzindo o
abismo que divide sociedades e compromete democracias no
mundo.

A miséria em todo o mundo só será erradicada ou significativamente reduzida


com a diminuição da desigualdade econômica, e isso significa a distribuição de riqueza,
visto que a concentração de riqueza em poucas mãos (1% da população mundial) afeta
a sobrevivência digna de milhões de seres humanos.

2 Esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também
busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reconhecemos que a erradicação da pobreza em
todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito
indispensável para o desenvolvimento sustentável. (Fonte: ONU BRASIL. https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/)
3 De acordo com o Banco Mundial são pessoas que vivem com um rendimento inferior a R$ 406 por mês.

No Brasil, em 2019, o número de pessoas nestas condições é de 55 milhões de pessoas, isto é, 25% da
população brasileira. (Fonte: Vitor Neves https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-tem-55-milhoes-de-pessoas-abaixo-da-linha-da-pobreza/)
.
6

Com estes dados iniciamos a reflexão sobre as causas de inúmeros problemas


urbanos: violência, falta de moradia, mobilidade urbana, saúde, educação e ausência de
políticas públicas que gerem emprego e renda e vida digna para as pessoas. Fica aqui a
indicação para que você pesquise e conheça o relatório “A distância que nos une: um
retrato das desigualdades brasileiras” (2017) na integra.

Milton Santos e a questão das cidades

Figura 3- Igreja e Lago da Pampulha - Belo Horizonte / MG – Uma reflexão sobre o espaço geográfico

A abordagem teórica sobre o espaço geográfico4 experimentou ao longo do


processo histórico, sérios problemas em seu desenvolvimento, dentre eles: o fato de
que os trabalhos realizados nos países subdesenvolvidos foram feitos por estrategistas
pouco preocupados em pesquisar profundamente a dinâmica espacial urbana destes

4
O conceito de Espaço Geográfico, ou seja, toda transformação gerada pelo ser humano no espaço, em
Milton Santos é visto como uma categoria histórica, passivo de ser estudado nas ciências sociais.
Compreende-se ainda como toda realidade social e definido metodologicamente e do ponto de vista
teórico por três conceitos gerais: a forma, a estrutura e a função, não podendo ser analisado em separado.
Assim, “o espaço deve ser considerado como um conjunto de relações realizadas através de formas que
se apresentam como testemunho de uma história escrita por processos do passado e do presente (...) o
espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais que estão acontecendo
diante dos nossos olhos e que se manifestam através de de processos e funções”, (SANTOS, 1997, p. 38;
SANTOS, 2004b, p. 153).
7

países e também porque estes estudos não consideraram, por desconhecimento, as


consequências profundas do período tecnológico sobre a organização do espaço, em
especial a partir de 1960 (SANTOS, 2002, p. 20).

O geógrafo Milton Santos aponta para a realidade na qual a urbanização nos


países denominados subdesenvolvidos possui uma particularidade na sua evolução em
relação aos países desenvolvidos. Ele afirma que:

Essa especificidade aparece claramente na organização da


economia, da sociedade e do espaço e, por conseguinte, na
urbanização, que se apresenta como um elemento numa
variedade de processos combinados (Idem, p. 19).

Parte desta complexidade na organização espacial dos países pobres tem sua
origem no fato de que suas economias se organizam para atender interesses externos e
distantes, o que influirá na construção e transformação do espaço geográfico, desta
forma Milton Santos afirma que:

(...) o espaço dos países subdesenvolvidos é marcado pelas


enormes diferenças de renda na sociedade, que se exprimem,
no nível regional, por tendência à hierarquização das
atividades e, na escala do lugar, pela coexistência de
atividades de mesma natureza, mas de níveis diferentes.

[...]

O comportamento do espaço acha-se assim afetado por essas


enormes disparidades de situação geográfica e individual
(Idem, p.21).

Outra consideração feita por Milton Santos é a de que a maioria dos estudos
sobre a questão do espaço geográfico (mais especificamente a questão da urbanização)
se preocupa mais com os efeitos do que com as suas casualidades históricas,
sociológicas e econômicas, o que torna boa parte destes estudos reduzidos às
estatísticas matemáticas e tabulações de dados, como se observa na escola teorética ou
quantitativa da geografia, que concentra o estudo da geografia nas estatísticas
matemáticas e tabulações de dados, que são importantes fontes para o mercado e para
a pesquisa em geral. Por isso Santos afirma que:
8

O estudo da história dos países subdesenvolvidos permite


revelar uma especificidade de sua evolução em relação às dos
países desenvolvidos. Essa especificidade aparece claramente
na organização da economia, da sociedade e do espaço e, por
conseguinte, na urbanização, que se apresenta como um
elemento numa variedade de processos combinados.
(SANTOS, 2004, p. 19)

A partir do estudo da história, constata-se que não existem “países em


desenvolvimento”, mas sim países subdesenvolvidos, que participam do sistema
capitalista a partir da periferia, servindo aos interesses dos países do centro
(desenvolvidos). Esta característica possui sérias implicações na construção do espaço
geográfico dos países subdesenvolvidos, que é marcado por grandes diferenças de
renda na sociedade (Idem, p. 21).

Com o objetivo de possibilitar uma maior compreensão da dinâmica do espaço


geográfico, Santos propõe a divisão (do espaço geográfico) em dois circuitos
econômicos: o circuito superior e o circuito inferior.5 Estes dois circuitos estão
interligados, sendo que o circuito superior faz uso de tecnologia de ponta e capital
intensivo enquanto o circuito inferior faz uso do trabalho intensivo e baixo
desenvolvimento tecnológico. Santos adverte que a cidade não pode ser compreendida
como uma “máquina” única, mas como uma relação entre estes dois circuitos (SANTOS,
2004, p. 43-55).

5 Milton Santos compreende o circuito superior como aquele que utiliza tecnologia importada ou de
ponta, com um capital intensivo, e uma organização burocrática; enquanto o circuito inferior faz uso de
“trabalho intensivo” e frequentemente local, sendo o capital bastante reduzido e a organização primitiva.
(2004, p.43-44).
9

O espaço geográfico brasileiro

Figura 4- Grafite - Beco do Batman - Vila Madalena – SP (Arte na rua, expressão da cultura urnaba)

Em A urbanização brasileira (2005), Milton Santos, descreve de forma mais


específica a questão da urbanização no Brasil e a construção do espaço geográfico
brasileiro. Como é descrito por ele, o livro é uma síntese da urbanização brasileira a
partir da visão de um geógrafo, compreendendo, portanto, a urbanização como um
processo, forma e conteúdo muito específicos. Assim, o Brasil alcança a urbanização da
sociedade e do espaço somente em meados do século XX, tendo sido primeiramente
uma urbanização litorânea e somente mais tarde se expandindo para o restante do
território brasileiro (2005, p. 44).

Milton Santos observa que o processo de urbanização6 no Brasil torna-se mais


visível a partir do século XVIII, com a transferência da moradia dos grandes latifundiários
para as cidades, entretanto esse processo é bastante tímido, sendo que: “(...) a expansão
da agricultura comercial e a exploração mineral foram a base de um povoamento e uma
criação de riquezas redundando na ampliação da vida de relações e no surgimento de
cidades no litoral e no interior” (2005, p. 22). Este período é denominado por Santos
como processo pretérito de criação urbana, o que vai acompanhar todo o processo de
urbanização no Brasil (idem, ibid).

6
O Brasil experimentou três etapas de organização de seu espaço e sua população: aglomeração (com o
aumento dos núcleos com mais de 20 mil habitantes), depois concentração (com a multiplicação de
cidades de tamanho intermediário) e por fim metropolização (com o surgimento e aumento das cidades
milionárias, como São Paulo e Rio de Janeiro). SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 5ª ed. São Paulo:
EDUSP, 2005, p.77.
10

Mais tarde no século XIX, já com a produção do café no Estado de São Paulo, este
propicia a acumulação de capitais necessários para a geração da expansão industrial no
Brasil, tornando-se um importante elemento polarizador do processo de urbanização da
região7 sudeste, e modelador do espaço geográfico brasileiro e particularmente da
cidade de São Paulo. Um segundo momento apontado por Santos ocorre entre 1940 e
1980, que é quanto se dá efetivamente uma mudança do quadro populacional
brasileiro, e se consolida definitivamente a urbanização brasileira. Observando que a
taxa de urbanização em 1940 era de 26,35% e em 1980 já alcançava 77%, desta forma,
a população urbana brasileira se multiplica por sete vezes e meia durante este período
(2005, p. 33).

Contudo, é importante notar que o processo de transformação do espaço


geográfico brasileiro não foi linear, nem tão pouco gradativo, durante os anos 1940 a
1980. É possível observar que entre 1960 e 1980 o crescimento da população urbana
teve um aumento de cerca de cinquenta milhões de novos habitantes, algo parecido ao
total da população brasileira em 1950 (2005, p. 32).

Diante desta questão Milton Santos afirma que:

Os anos 60 marcam um significativo ponto de inflexão. Tanto no


decênio entre 1940 e 1950, quanto entre 1950 e 1960, o aumento
anual da população urbana era, em números absolutos, menor que o
da população total do país (2005, p. 32).

7Região: Este conceito geográfico, de área com características próprias, foi desenvolvido em princípio no
século XIX pela escola francesa, e logo tomou o sentido político-administrativo tornando-se um
instrumento de planejamento. Milton Santos, rejeita a noção de regionalismo geográfico, por
compreender o mundo como um sistema único e integrado entre as “partes”, a região perdeu sua
coerência interna e passou a ser definida de fora, sendo que seus limites se alteram de acordo com vários
critérios. Assim região é tomada como área que reproduz a totalidade; pode ser vista como as diferenças
entre os lugares, tais diferenciações podem ser inclusive oriundas do processo de globalização. Santos
não considera que a globalização tenha eliminado as regiões, ao contrário, quanto mais este processo
avança mais a diferenciação entre as regiões tornam-se mais evidentes, assim para ele: "as regiões são o
suporte e a condição de relações globais que de outra forma não se realizariam", ou seja, a região é "um
espaço de conveniência",(GIOVANNETTI, 1996, p. 179-180; SANTOS, 2004b, p. 39-41; CASTRO, 2002).
11

No entanto o crescimento urbano brasileiro não representou necessariamente


uma organização espacial em que a igualdade e a justiça social fossem referencias
marcantes, antes, a organização do espaço brasileiro criou e perpetuou uma profunda
desigualdade e foi orientada para privilegiar os interesses corporativos em detrimento
das populações locais (SANTOS, 2005, p. 63), disto resulta a urbanização corporativa,
que veremos em seguida.

Figura 5 - Trio Chocolatto - Av. Paulista - artistas de rua

A região sudeste do Brasil, por exemplo, experimentou um crescimento urbano


e um desenvolvimento das cidades muito mais acentuado que das regiões norte e
nordeste, é certo que este crescimento foi acompanhado, do que Santos (2005)
denominou macrocefalia urbana8, gerando nas grandes cidades da região sudeste
espaços em que a população passou a conviver com a pobreza crônica e a falta de

8 Macrocefalia urbana, refere-se ao crescimento desordenado das cidades, sem que o mesmo seja
acompanhado de políticas públicas que possibilitem a inserção das populações aos sistemas de saúde,
educação, habitação, transporte e outros. Este fenômeno está intimamente relacionado ao processo de
organização econômica dos países pobres, que possuem sua economia orientada para atender aos
interesses externos (SANTOS 2005).
12

equipamentos públicos suficientes para atender suas demandas básicas, como creches,
hospitais e escolas.

A urbanização corporativa e a sociedade líquida

Figura 6 - Vista do Viaduto do Chá / Ao fundo Praça da Bandeira - SP

A organização das cidades no Brasil apresenta características muito semelhantes,


e nesta direção sinaliza Milton Santos quando afirma que:

Com diferenças de grau e de intensidade, todas as cidades brasileiras


exibem problemáticas parecidas. Seu tamanho, tipo de atividade,
região em que se inserem, etc. são elementos de diferenciação, mas,
em todas elas, problemas como os do desemprego, da habitação, dos
transportes, do lazer, da água, dos esgotos, da educação e saúde são
genéricos e revelam enormes carências (2005, p. 105).

Os fatores causadores do caos urbano que se instala nas cidades brasileiras


possuem elementos comuns que são geradores desta desordem. Dentre um destes
elementos situa-se a urbanização corporativa, ou seja, um processo de urbanização
inteiramente orientado para atender aos interesses do mercado e a acumulação de
capitais, ignorando políticas de distribuição de riqueza.
13

Compreende-se que na sociedade contemporânea, o Estado ao orientar as


políticas públicas9, quase que exclusivamente para o atendimento dos interesses
financeiros – e não para o conjunto dos seus cidadãos – o resultado é um processo de
urbanização excludente e que precariza, quando não suprime as relações entre o Estado
e a coletividade, em que a oferta de serviços públicos (saúde, transporte, educação,
lazer) torna-se precária.

Assim, a urbanização corporativa contribui para a desordem urbana,


favorecendo a proliferação dos “guetos”, cortiços e moradias de autoconstrução,
serviço de transporte caótico, ou seja, a total ausência de planejamento urbano e de
uma política urbana voltada para os interesses dos cidadãos. A construção do espaço
geográfico encontra-se voltada para atender aos interesses das grandes corporações,
sem que ocorra uma contrapartida para a sociedade (SANTOS, 2005, p.105).

Manuel Castells e a “cultura urbana”


Ao abordar o conceito de urbanização, Manuel Castells faz referência a dois
sentidos diferentes do termo urbanização:

1. o primeiro faz referência à concentração espacial de uma população em


relação aos limites espaciais e de densidade (forma espacial) e o
2. segundo faz referência à “difusão do sistema de valores, atitudes e
comportamentos denominado ‘cultura urbana’” (conteúdo cultural), esta
segunda também denominada tendência culturalista da análise da
urbanização (2000, p.39), ou seja, a cidade não se resume aos seus aspectos
físicos, mas também é marcada por um estilo de vida muito particular, a vida
urbana, tornando este modelo um modo de vida que ultrapassa os limites
físicos da própria cidade (SANT'ANNA , 2002).

9
Política Pública: Trata-se de um conjunto de diretrizes garantidas por lei, que possibilitam a promoção
e a garantia de direitos para o cidadão. A sociedade civil tem uma participação considerável na elaboração
das políticas públicas, tornando o acompanhamento e execução delas muito mais eficientes. “No contexto
internacional, a doutrina neoliberal passou a ser o fundamento de políticas públicas, configurando-se
como ideologia conservadora e hegemônica no Ocidente a partir do final dos anos de 1970 e, sobretudo,
durante a década de 1980, quando foi posta em prática pelos governos Thatcher, na Grã-Bretanha, e
Reagan, nos Estados Unidos.” (GROS. Fev. 2004).
14

A partir das considerações de Castells, observa-se que urbanização e


industrialização são dois processos que caminham conjuntamente gerando uma forma
própria de organização espacial. Entretanto, Castells menciona que a relação entre o
que se denomina forma espacial e conteúdo cultural não pode se constituir num
elemento de definição da urbanização (2000, p. 40).

Figura 7- Linha Amarela do metrô - São Paulo – Não há a figura do condutor do trem.

Para fundamentar a necessidade de uma análise histórica, Castells, propõe a


observação das relações estabelecidas historicamente entre espaço e sociedade, o que
em sua visão permite a base dos estudos sobre a urbanização. Desta maneira ele
procede a investigação sobre as primeiras aglomerações sedentárias na Mesopotâmia,
Egito, China e Índia na antiguidade; as cidades imperiais, particularmente Roma, onde
ele observa que as cidades eram locais de gestão e domínio administrativo, e não de
produção; já a cidade da Idade Média, vai se caracterizar pela luta da burguesia
comercial em se libertar do feudalismo, o que dá origem a uma organização espacial
própria (CASTELLS, 2000, p. 41-44).
15

Castells também analisa a urbanização ligada à primeira fase da revolução


industrial, que por sua vez está inserida totalmente no sistema de produção capitalista.
A organização do espaço a partir deste momento se alicerça sobre duas características
fundamentais:

1. A decomposição prévia das estruturas sociais agrárias e a emigração


da população para os centros urbanos (...), fornecendo a força de
trabalho essencial à industrialização.

2. A passagem de uma economia doméstica para uma economia de


manufatura, e depois para uma economia de fábrica (...),
concentração de mão-de-obra, criação de um mercado e constituição
de um meio industrial (CASTELLS, 2000, p. 45).

O capitalismo provoca e modela os espaços urbanos, organiza e domina a


paisagem10 urbana, constituindo novos elementos nas relações humanas. Castells
(2000, p.46) aponta que os problemas atuais do espaço urbano giram em torno de
quatro dados fundamentais, que são:

1. O acelerado ritmo de crescimento urbano (que irá afetar diretamente


as paisagens);
2. O fato deste crescimento ocorrer especialmente nas regiões
denominadas subdesenvolvidas, provocando as macrocefalias e o
surgimento das hipercidades;
3. O surgimento de novas organizações urbanas, as grandes metrópoles;
4. A relação do fenômeno urbano com novas formas de articulação
oriundas do modo de produção capitalista.

Desta forma Castells termina por conceituar urbanização como:

(...) a constituição de formas espaciais específicas das


sociedades humanas, caracterizadas pela concentração
significativa das atividades e das populações num espaço

10
O conceito de paisagem compreende dois elementos básicos: 1. Os objetos naturais, isto é, aqueles
que não são obra do ser humano e nem jamais foram por ele tocados; 2. Os objetos sociais, ou seja,
aqueles que testemunham o trabalho humano tanto do passado como do presente. Isto nos faz perceber
que a paisagem não possui nada de fixo ou imóvel, estando em permanente transformação todas as vezes
que a sociedade passa por mudanças econômicas, sociais e políticas. Assim “a paisagem representa
diferentes momentos do desenvolvimento de uma sociedade” (SANTOS, 1994, p.37-38).
16

restrito, bem como à existência e a difusão de um sistema


cultural específico, a cultura urbana (2000, p. 46).

A cidade deixa de ser tão somente uma aglomeração de pessoas, numa complexa
relação econômica, e passa a ser caracterizada também pelo surgimento de uma cultura
urbana, dentro de um sistema cultural específico. Urbanização, portanto, significa
concentração de atividades e a criação de uma cultura específica nesta sociedade,
denominada cultura urbana. Refere-se, portanto, ao processo de concentração
populacional num espaço determinado, em que se constituem aglomerações
internamente interdependentes e hierarquizadas, denominada rede urbana (CASTELLS,
2000, p. 47).

Assim, Castells afirma que:

Quando falamos de “sociedade urbana”, não se trata nunca


da simples constatação de uma forma espacial. A “sociedade
urbana”, no sentido antropológico do termo, quer dizer um
certo sistema de valores, normas e relações sociais possuindo
uma especificidade histórica e uma lógica própria de
organização e de transformação (Idem, p. 127).

A sociedade urbana possui um sistema de valores, normas e relações sociais


muito próprias, onde as formas associativas se opõem às formas comunitárias. A
segmentação dos papeis e os rompimentos dos laços de solidariedade marcam as
relações nas sociedades urbanas. Novamente observamos os sólidos se desmanchando
frente às imposições de expansão permanente do capital: voraz destruidor de tudo o
que toca. Observa-se que este processo vem se aprofundando na medida em que avança
a globalização neoliberal.

François Chesnais e a mundialização


Para o economista francês François Chesnais, a mundialização corresponde aos
encadeamentos entre uma diversidade de fatores, tais como, “punções da finança sobre
o investimento público e privado, redução do Estado, mobilidade internacional do
capital – cujos efeitos cumulativos representam um terrível obstáculo para o
17

crescimento e portanto, do emprego” (2005, p. 18). Desta forma Chesnais conceitua


mundialização, como um fluxo intenso de capitais em busca de melhores mercados.

Figura 8 - Cachoeira – Bahia (Recôncavo Baiano)

Em sua reflexão, Chesnais, afirma que a estrutura econômica internacional atual,


baseada na dominação do capital, resulta da articulação de dois processos: o primeiro é
o ressurgimento e a consolidação de uma forma específica de acumulação de capital,
onde uma parcela cada vez maior de pessoas, “conserva a forma dinheiro e pretende se
valorizar pela via de aplicações financeiras nos mercados especializados”; o segundo
processo, ocorre a partir de Ronald Reagan (EUA) e Margaret Thatcher (Inglaterra), com
a imposição de políticas de liberalização, desregulamentação, privatização e
flexibilização. A precarização e a flexibilização das leis trabalhistas, por exemplo,
tornaram-se marcas desta sociedade urbana globalizada. Bauman, descreve este
ambiente da seguinte forma (2005, p. 20):

Modernizar a maneira como a empresa é dirigida consiste em


tornar o trabalho “flexível” – desfazer-se da mão-de-obra e
abandonar linhas de produção de uma hora para outra,
18

sempre que uma relva mais verde se divise em outra parte,


sempre que possibilidades comerciais mais lucrativas, ou
mão-de-obra mais submissa e menos dispendiosa, acenem ao
longe. (...) o próprio capital já se tornou encarnação da
flexibilidade (BAUMANN, 2003b, p. 50).

A mundialização entrou em uma nova fase, no final do século XX, em que os


grandes conglomerados, bancos e fundos de investimentos, em especial dos países
centrais, foram quase que exclusivamente os únicos beneficiários. Argumentando nesta
mesma direção, Chenais afirma que:

A consolidação da mundialização como um regime


institucional internacional do capital concentrado conduziu a
um novo salto na polarização da riqueza. Ela acentuou a
evolução dos sistemas políticos rumo à dominação das
oligarquias obcecadas pelo enriquecimento e voltadas
completamente para a reprodução da sua dominação (2005,
p. 21).

Os interesses (financeiros) destes gigantescos conglomerados é que ditam as


decisões planetárias. Afetam as vidas de bilhões de pessoas e acelerando as crises
políticas, sociais e ecológicas, ou seja, ameaçam diretamente a reprodução da vida das
populações e das camadas sociais mais pobres e vulneráveis. Desta forma fica bastante
evidente que as questões locais não podem ser debatidas como temas restritos ao
lugar11 (a cidade), mas são antes problemas de ordem global, exigindo portanto,
reflexões de cunho global, a partir da análise da complexidade e da totalidade. Assim,
por exemplo, problemas locais, como a destruição ou transformação dos lugares, como
praças, marcos históricos, etc, obdecem a uma lógica que está para além do próprio
lugar12.

11
Para Milton Santos é por meio do estudo do lugar que se pode compreender o mundo. O conceito de
lugar pode ser compreendido como produto da experiência humana, tratando-se assim de uma
construção subjetiva, ou ainda o resultado de um processo histórico muito singular (LEITE, 1998, p. 1-15).
Ainda para Adriana Leite: “Os lugares normalmente não são dotados de limites reconhecíveis no mundo
concreto. Isto ocorre porque sendo uma construção subjetiva e ao mesmo tempo tão incorporada as
práticas do cotidiano que as próprias pessoas envolvidas com o lugar não o percebem como tal” (Idem, p.
11). “O lugar é, pois, o resultado de ações multilaterais que se realizam em tempos desiguais sobre cada
um dos pontos da superfície terrestre. (...) O lugar assegura assim a unidade do contínuo e do
descontínuo”, assim para compreender o lugar é necessário analisar os processos históricos locais e
extralocais. (SANTOS, 2004b, p. 258)
12
Para entender essa questão fica a dica para ver o filme “Cinema Paradiso”
19

Em todos os países em que se privilegiou excessivamente os interesses


corporativos em detrimento dos interesses da cidadania ocorreu o aumento das tensões
sociais, políticas e ambientais que eclodiram e seguem aparecendo sistematicamente
no interior das sociedades submetidas a este modelo de organização político, social e
econônico que exclui um enorme contigente de seres humanos.

Figura 9 - Grafite: próximo av. 23 de maio / SP

Os países nos quais a formação de oligarquias “modernas” poderosas avançou


junto com fortes processos endógenos de acumulação financeirizada e a valorização de
“vantagens comparativas” conforme as necessidades das economias centrais, (...) são
hoje integradas ao funcionamento do regime internacional da mundialização
(CHESNAIS, 2005, p. 22).

Considerações finais
Compreende-se que o espaço é uma instância social e historicamente em
contrução, portanto para além de seus aspectos físicos e quantitativos. Deve-se
considerar ainda que a extrema desiguldade social tem sido um fator gerador de
inúmeros problemas urbanos, como foi observado, por exemplo no relatório da OXFAM.
20

É urgente que a comunidade internacional e nós como cidadãos e cidadãs


tomemos a responsabilidade no enfrentamento desta grave situação em todo o mundo
e em nosso país. Precisamos usar nossos conhecimentos e habilidades a favor da justiça
social e da transformação do mundo em um lugar habitável, um mundo onde caibam
todas as pessoas, que ninguém fique à margem do caminho.

Com estas reflexões iniciamos nossa discussão, com o convite para sua
contribuição, com textos, notícias e ideias. Termino retomando duas indicações:

1. A leitura do relatório A distãncia que nos une


2. O estudo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Os dois textos nos darão uma clareza sobre as questões que discutimos neste
semestre, além de serem documentos recorrentes na formação cidadã.

Figura 10 - Praça do Pôr-do-Sol - São Paulo –

A cidade como espaço de toda a cidadania, uma cidade para todas as pessoas, sem exclusões de nenhuma
espécie, que concretize os objetivos do desenvolvimento Sustentável.

As praças públicas são expressões de uma cidade preocupada com a cidadania, são lugares de
convivência e encontro.

Assim diz o Senhor Deus: Ainda nas praças da cidade sentar-se-ão velhos e velhas, levando cada um na
mão o seu cajado, por causa da sua muita idade. E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas,
que nelas brincarão.

Thus saith the LORD of hosts; There shall yet old men and old women dwell in the streets of Jerusalem,
and every man with his staff in his hand for very age. And the streets of the city shall be full of boys and
girls playing in the streets thereof. Profeta Zacarias 8. 4-5
21

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Referência das Fotografias


Oswaldo de Oliveira Santos Junior

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