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2022
Macapá – AP
Para que se possa chegar ao conceito de Desenvolvimento é preciso perceber que este
sempre esteve, e até hoje continua sendo deturpado, limitando-se muitas vezes a ascensão
econômica do indivíduo, da comunidade em que está inserido ou mesmo de sua a nação, ficando
evidente a ausência do discernimento entre o Desenvolvimento e o crescimento econômico,
conforme corrobora Scatolin (1989, p.06):
Poucos são os outros conceitos nas Ciências Sociais que se têm
prestado a tanta controvérsia. Conceitos como progresso,
crescimento, industrialização, transformação, modernização, têm
sido usados frequentemente como sinônimos de desenvolvimento.
Em verdade, eles carregam dentro de si toda uma compreensão
específica dos fenômenos e constituem verdadeiros diagnósticos da
realidade, pois o conceito prejulga, indicando em que se deverá
atuar para alcançar o desenvolvimento.
Vale ressaltar que o Desenvolvimento não é completo quando restrito a pequenos nichos
ou grupos sociais, é necessário que todos tenham os mesmos direitos e a estes sejam aplicados
os memos deveres, caso contrário o que veremos cada vez mais será o aumento das
desigualdades sociais, principalmente no âmbito da concentração de renda, tão gritante em
nosso país. Segundo o estudo do World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades
Mundiais), que integra a Escola de Economia de Paris e é codirigido pelo economista francês
Thomas Piketty, autor do bestseller O Capital no Século 21:
No Brasil, a renda média nacional da população adulta, em termos
de paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês), é de 14
mil euros, o equivalente a R$ 43,7 mil, nos cálculos dos autores do
estudo. Os 10% mais ricos no Brasil, com renda de 81,9 mil euros
(R$ 253,9 mil em PPP), representam 58,6% da renda total do país.
O estudo afirma que as estatísticas disponíveis indicam que os 10%
mais ricos no Brasil sempre ganharam mais da metade da renda
nacional.
Tais políticas públicas acabaram por causar desigualdade na sociedade e embora seja
inegável que nosso Estado possui um desenvolvimento em curso este desenvolvimento
encontra-se padronizado atualmente em uma economia baseada no funcionalismo público e no
comercio varejistas, que são os maiores empregadores de mão de obra no Estado. Este padrão
de desenvolvimento ainda muito desigual se relaciona com a cultura local ainda de forma muito
tímida, tendo em vista que importantes movimentos culturais de nossa população ainda são
marginalizados ou pouco conhecidos, até mesmo pelos moradores do Estado.
Podemos citar por exemplo o movimento cultural do Marabaixo, com suas raízes no
povo negro-quilombola, as louceiras do Distrito do Maruanum e os próprios povos originários
de nossa floresta, os indígenas que ainda hoje sofrem com o preconceito e a falta de apoio até
mesmo dentro de seus ambientes sociais. Desta feita a relação pouco conturbada entre o padrão
de desenvolvimento e as culturas locais acabam por criar preconceitos, que marginalizam ainda
mais nossa cultura, dificultando que haja uma formação identitária consistente das pessoas em
seus próprios nichos sociais.
Tal fato, acaba dando espaço a absorção de culturas importadas dos grandes centros
urbanos e mesmo de outros países, não que essa miscigenação não seja saudável, este não é o
ponto, porém nossas raízes devem ser mantidas e valorizadas para quem desta forma possamos
desenvolver nosso Estado, preservando nossa história e elevando nosso povo à melhores
patamares sociais.