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TRANSTORNO FÓBICO-ANSIOSO

(Estado Fóbico, Fobia Simples e Social)

Transtornos Fóbico-Ansiosos compõem um grupo de transtornos nos quais uma ansiedade intensa é desencadeada por situações determinadas e
que não representam algum perigo real. Por esse motivo estas situações fóbicas são evitadas ou suportadas com muito temor ou angústia. As
preocupações da pessoa podem se manifestar com sintomas como palpitações, falta de ar, tremores, extremidades frias, etc, ou uma impressão de
desmaio. Freqüentemente este tipo de ansiedade se associa com medo de morrer, de vir a passar muito mal, de perder o autocontrole ou de ficar
louco.

Geralmente a simples lembrança ou evocação da situação que causa fobia já é suficiente para desencadear uma ansiedade antecipatória.
A Ansiedade Fóbica freqüentemente se associa a uma Depressão. 

A diferença entre a Fobia sintoma e o Transtorno Fóbico, deve serconsiderada como a diferença que se faz entre o sintoma e a doença. A Fobia,
como sintoma faz parte da alteração do pensamento, aparece como um medo imotivado e patológico, ilógico e especificamente orientado para um
determinado objeto ou situação. Normalmente é acompanhada de intensa ansiedade e outros sintomas autossômicos. O Transtorno Fóbico-
Ansioso se caracteriza, exatamente, pela prevalência da Fobia, sintoma, entre os demais sintomas de ansiedade, ou seja, um medo anormal,
desproporcional e persistente diante de um objeto ou situação específica. 
Dentro dos quadros fóbicos-ansiosos destacam-se três tipos (vistos adiante):

1 - Agorafobia;
2 - Fobia Social e;
3 - Fobia Específica.

Em todos os Transtornos Fóbico-Ansiosos pode ocorrer uma ansiedade de antecipação, fazendo com que o quadro ansioso apareça antes mesmo da
pessoa deparar-se, de fato, com a situação de medo, ou seja, no caso do indivíduo pressentir a necessidade de se deparar com a situação de sua
fobia. Essas situações fóbicas são, freqüentemente, evitadas de forma franca ou dissimulada.

Invariavelmente, até para uma questão de se firmar o diagnóstico, o paciente fóbico deve reconhecer a irracionalidade e o absurdo de seu
medo, concorda com a anormalidade de seus sentimentos mas, mesmo assim, percebe-se impotente em combatê-los.

AGORAFOBIA
A característica essencial da Agorafobia é uma Ansiedade que aparece quando a pessoa se encontra em locais ou situações das quais sair dali
(escapar) poderia ser difícil ou embaraçoso ou, na maioria das vezes, em situações nas quais um auxílio imediato pode ser difícil, caso a pessoa
venha a passar mal.

 
A sensação de estar em locais de onde sair
é difícil, onde possa passar mal sem ser
socorrido desenvolve os sintomas da
agorafobia.

 
A Ansiedade agorafóbica pode ser, inclusive, antecipatória, ou seja, aparecer diante da simples possibilidade de ter que enfrentar determinadas
situações. Essa Ansiedadeantecipatória pode levar ao afastamento (fuga) dessas situações causadoras da fobia. Tais situações podem incluir:

a) - estar sozinho fora de casa ou estar sozinho em casa; 


b) - estar em meio a uma multidão; 
c) - viajar de automóvel, ônibus ou avião;
d) - estar em uma ponte ou lugar alto.

Alguns indivíduos mais teimosos podem ser capazes de se expor às situações causadoras de Ansiedade agorafóbica, até com o propósito de tentar
melhorar pelo enfrentamento intencional, mas acabam sempre experimentando considerável temor. De um modo geral essas pessoas são mais
capazes de enfrentar as situações temidas quando acompanhado por alguém de confiança. A esquiva ou fuga dessas situações pode prejudicar, de
alguma forma, o desempenho sócio-ocupacional da pessoa.

O DSM-IV recomenda como critérios para o diagnóstico da Agorafobia o seguinte:


1 - Ansiedade por estar em locais ou situações de onde possa ser difícil (ou embaraçoso)
escapar ou onde o auxílio pode não estar disponível, na eventualidade de ter um Ataque
de Pânico ou de sintomas tipo pânico. Os medos agorafóbicos tipicamente envolvem
situações, que incluem: estar fora de casa desacompanhado; estar em meio a uma
multidão ou permanecer em uma fila; estar em uma ponte; viajar de ônibus, trem ou
automóvel.

2 - As situações capazes de desencadear o medo fóbico são evitadas (por ex., viagens, elevadores,
aviões) ou suportadas com acentuado sofrimento, notadamente com severa ansiedade sobre a
possibilidade de ter um Ataque de Pânico ou sintomas tipo pânico. Para tais situações os pacientes
exigem companhia.

3 - A ansiedade, evitação ou esquiva agorafóbica não é mais bem explicada por um outro
transtorno emocional, tais como Fobia Social (por ex., a esquiva se limita a situações
sociais pelo medo do embaraço), Fobia Específica (por ex., a esquiva se limita a uma
única situação, como elevadores), Transtorno Obsessivo-Compulsivo(por ex., esquiva à
sujeira, em alguém com uma obsessão de contaminação),Transtorno de Estresse Pós-
Traumático (por ex., esquiva de estímulos associados com um estressor severo)
ou Transtorno de Ansiedade de Separação (por ex., esquiva a afastar-se do lar ou de
parentes).

O diagnóstico diferencial para se distinguir os quadros de Agorafobia, Fobia Social, Fobia Específica e Transtorno de Ansiedade de
Separação pode ser difícil, uma vez que todas essas condições se caracterizam pelo afastamento e evitação de situações específicas. Clinica e
terapeuticamente falando, entretanto, tal dificuldade parece não ter a mínima importância, devido ao fato do tratamento médico-psiquiátrico ser,
basicamente, o mesmo para todos esses casos.

FOBIA SOCIAL
A Fobia Social está centrada em torno de um medo de expor-se a outras pessoas e tem como conseqüência o afastamento e evitamento sociais.
Esse tipo de fobia pode se referir a situações específicas, como comer ou falar em público, ou pode ser mais difusas, envolvendo quase todas as
circunstâncias sociais fora do ambiente familiar. Entre as situações fóbicas sociais que resultam em evitação destaca-se o medo de humilhação e
embaraço diante de outras pessoas, o medo de comer em público, falar em público, urinar em banheiro público e, muito freqüentemente, de assinar
cheques à vista de pessoas estranhas.

 
Atividades que podem despertar avaliações
dos outros sobre a pessoa, tais como, falar
em público, escrever diante de pessoas
observando, comer em público ou, em
casos mais graves, simplesmente estar
exposta à observação de muitas pessoas.

 
Na Fobia Social a exposição à situação social ou de desempenho provoca, quase invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade, a qual pode
assumir a forma de um Ataque de Pânico ligado à situação ou predisposto pela situação.

Diretrizes e Critérios de Diagnóstico para Transtorno Fóbico Social:


1- os sintomas psicológicos, comportamentais e autossômicos* devem vir da
ansiedade e não secundários à outros quadros mentais;
2- a ansiedade deve ser restrita e/ou predominar em situações sociais;
3- a evitação das situações fóbicas deve ser proeminente;
4- o comportamento de evitação deve interferir nas atividades sociais ou no
relacionamento interpessoal;
5- a pessoa reconhece que seu medo é irracional e excessivo.
* - do Sistema Nervoso Autônomo, tais como, palpitações, falta de ar, tremores, extremidades frias, sufocação, mal estar no
peito, etc.

O prejuízo na atividade social de pessoas portadoras da Fobia Social pode chegar ao extremo do isolamento. Nas situações sociais ou de
desempenho temidas, os indivíduos com Fobia Social experimentam preocupações acerca de embaraço e temem que outros os considerem
ansiosos, débeis, "malucos" ou estúpidos. O medo de falar em públicopode ser em virtude da preocupação de que os outros percebam o tremor em
suas mãos ou voz. Podem ainda experimentar extrema ansiedade ao conversar com outras pessoas pelo medo não saberem se expressar.

Apesar da Fobia Social ter começado a atrair atenção médica e social somente há pouco tempo, acredita-se que ela seja o transtorno de ansiedade
mais comum atualmente. A prevalência da Fobia Social no decorrer da vida é de 13,3% e 14,4% em estudos americanos e europeus,
respectivamente (Journal of Affective Disorders, 1998; 50: S3-S9). Os sintomas da Fobia Social são crônicos, não desaparecem espontaneamente
sem tratamento e acabam sendo invalidantes com o tempo.

O início da Fobia Social ocorre precocemente no curso da vida. A idade mais comum é ao redor dos 15 anos, e 90% dos pacientes iniciam seu quadro
antes dos 25 anos (Idem, 1998). As características clínicas que distinguem a Fobia Social de outros transtornos de ansiedade são: início na
adolescência (ao redor dos 14 aos 16 anos), incapacitação restrita a situações sociais, enrubescimento facial, precipitação por situações sociais,
cognições (interpretações) únicas e distorcidas. Quanto mais precoce for o início, pior o prognóstico. O curso tende a ser crônico e contínuo.

Sintomas
A Fobia Social é um transtorno caracterizado por medo persistente de situações sociais, como por exemplo, se expor a pessoas que não da família
ou a possíveis questionamentos por terceiros. Essas situações costumam ser evitadas e, quando defrontadas, se acompanham de ansiedade intensa,
angústia e sintomas autossômicos (do sistema nervoso autônomo).

Normalmente o paciente com Fobia Social se sente como se fosse ser humilhado publicamente ou colocado em situações embaraçosas. São
exemplos dessas situações as apresentações em público, alimentar-se em local público, utilizar um sanitário público e conversar com pessoas. A
essência da Fobia Social é o medo extremo de ser avaliado pelos outros em situações sociais e/ou de performance pessoal, com subseqüente
embaraço ou sensação de humilhação, o que freqüentemente culmina na evitação destas situações ou severa ansiedade com sintomas
autossômicos. Os estudos epidemiológicos identificaram 2 tipos de Fobia Social :

1 - O tipo Específico ou não generalizado, o qual é o mais conhecido e usualmente restrito a poucas situações sociais, sendo a mais comum o medo
de falar em público. A Fobia Social restrita à fala, ou condições mais reservadas, corresponde à classificação pela DSM-IV de Fobia Social não
Generalizada.
2 - O outro tipo é a Fobia Social Complexa ou Fobia Social Generalizada. Ao contrário da anterior, esta forma complexa é, habitualmente, mais
incapacitante, familiar e de longa duração, é mais grave e corresponde à grande maioria dos pacientes tratados em clínicas especializadas.

Existe um componente familiar na Fobia Social , observado por estudos epidemiológicos que mostram incidência de até 26,4% do quadro em
familiares de pacientes, contra 2,7% em grupos controles.

Apesar de ser um transtorno comum, os pacientes são muito relutantes em buscar tratamento especializado, o que acaba acontecendo muito
tardiamente porque a maioria não acredita que possa haver cura. Assim sendo, mesmo a Fobia Social tendo forte impacto pessoal e severo prejuízo
sócio-ocupacional, apenas de 4% a 5% dos pacientes procura o auxílio profissional especializado precocemente. Isto se deve, provavelmente, à
falta de conhecimento sobre esse transtorno por parte dos pacientes, e mesmo por parte dos profissionais de saúde. Um certo nível de desconforto
frente a determinadas situações sociais pode ser interpretado como normal pelo paciente, ou banalizado pelos familiares e amigos, existindo ainda
certo estigma social pela procura de um psiquiatra para tratamento.

Os sintomas físicos, também chamados de sintomas autossômicos (do Sistema Nervoso Autônomo), podem incluir taquicardia, tremores, perda de
fôlego, sudorese e dores abdominais. Os sintomas cognitivos dizem respeito a pensamentos de desadaptação e crenças inadequadas sobre
situações sociais. Os sintomas comportamentais incluem umasensação de congelamento e paralisia, na qual o paciente não consegue reagir, e
evitação fóbica da situação ou objeto da fobia.

A causa da Fobia Social parece ser devida à combinação de alterações constitucionais e ambientais, portanto, a etiologia parece ter padrão genético-
familiar associado a umpapel familiar como modelo de resposta às situações sociais (a angústia social dos pais pode ser aprendida e exacerbada
pelos filhos, tomando-se patológica).

O ambiente influencia na medida em que os pacientes parecem copiar os modelos de medos de seus pais ou familiares mais próximos de modo
exacerbado. Em termos neurobiológicos, parece haver uma disfunção do sistema dopaminérgico estriatal, com redução dos níveis desse
neurotransmissor e do sistema serotoninérgico, com supersensibilidade do receptor pós-sináptico.

Comorbidade
A concomitância de Fobia Social com outros transtornos emocionais tem servido de objeto de estudo a inúmeros pesquisadores. Alguns estudos (J
Clin Psychiatry, 1996; (57) Il: 519-522) encontraram nestes pacientes 61% de Distimia, 28% de Transtorno de Pânico, 11% de Transtorno Obsessivo-
Compulsivo,11% de Depressão Maior, 11% de abuso oudependência de álcool, e 6% de Ansiedade Generalizada. Juntando-se a Distimia com a
Depressão Maior chega-se à 72% de comorbidade da Fobia Social com quadro depressivo. Esses pacientes que apresentam comorbidade
de Depressão com Fobia Social têm um risco maior de suicídio ou de incapacitação social e 34% deles refere que o transtorno interfere
significativamente com suas vidas (Journal of Affective Disorders, 1998; 50: S11 -S16).

Outros trabalhos apontam que 59% dos pacientes com Fobia Social também sofrem de outro tipo de fobia, 45% tem Agorafobia, 19% de Abuso de
Drogas, 17% de Depressão Maior e 17% são Alcoólatras. A tentativa de suicídio aparece em 15,7% dos pacientes com comorbidade depressiva,
contra 1,0%, aproximadamente, quando a Fobia Social é sem Depressão Maior, algo muito próximo ao da incidência de suicídio na população geral
(Journal of Affective Disorders, 1998; 50: S17-S22).

Fobia Social e Alcoolismo


Muitas pessoas utilizam o álcool para relaxar em ocasiões sociais, entretanto, para os pacientes com Fobia Social, a ansiedade associada com
situações sociais freqüentemente resultam em dependência ao álcool. Esses pacientes utilizam o álcool para auxiliar em situações sociais que os
deixam temerosos, e muitos o usam deliberadamente para aliviar os sintomas da ansiedade antecipatória.

A relação entre a Fobia Social e o alcoolismo é complexa. Os problemas com o álcool tipicamente se desenvolvem secundariamente à Fobia Social ,
com pacientes referindo que eles encontram ajuda no álcool, frente aos sintomas da ansiedade. Contudo, o consumo excessivo de álcool pode
precipitar os sintomas ansiosos, estabelecendo um círculo vicioso de ansiedade e alcoolismo.

As taxas de prevalência de alcoolismo em pacientes com Fobia Social variam de 14% a 40%. Por outro lado, as taxas de Fobia Social em alcoólatras
variam de 2,4% a 57%. Em estudo prévio, as taxas de uso de álcool como auxiliar em pacientes que sofriam de Fobia Social foram as seguintes
(Journal of Affective Disorders, 1998; 50: S23-S28):  

Ação Álcoolcomoauxilia Uso


r deliberado de
álcool
Conversar com pessoas importantes 71 57
Alimentar-se acompanhado 71 42
Ser criticado 64 50
Ser visto ou acompanhado 64 36
Falar ou agir frente ao público 57 43

De todos os Transtornos de Ansiedade, as fobias são as que mais freqüentemente se associam ao alcoolismo, ao contrário do Transtorno de
Ansiedade Generalizada, que tende a ser posterior à ocorrência do abuso de álcool. O Transtorno de Pânico e oObsessivo-Compulsivo têm uma
temporalidade variável em relação ao alcoolismo. Vários estudos encontraram taxas entre 82% e 85% de ocorrência de Fobia Social prévia ao
alcoolismo.

Escalas de Diagnóstico
A avaliação clínica dos pacientes com Fobia Social é feita a partir de escalas ou questionários de valor internacional. Destas escalas, a mais utilizada
é a Escala de Sintomas de Fobia Social de Liebowitz, que inclui 24 itens que cobrem um grande número das situações onde o paciente com Fobia
Social pode ter alterações. Uma escala mais curta e mais clínica, com 18 itens, é a Escala Breve de Fobia Social, desenvolvida por Davidson e cols.
Esta última é subdividida em 3 sub-escalas: medo, evitação e sintomas físicos, e com avaliações da gravidade de cada item.
A Escala de Incapacidade de Sheehan foi desenvolvida para auxiliar na correlação entre a gravidade dos sintomas psiquiátricos e a incapacidade
social, avaliando a perda funcional, em uma escala com 10 pontos, de 3 esferas de atividades cotidianas. Mais recentemente, outras escalas foram
desenvolvidas: o Perfil de Incapacidade, a Escala de Auto-Avaliação de Incapacidade de Liebowitz e o Inventário de Qualidade de Vida, o que
permitiu uma avaliação da incapacidade de modo mais abrangente e mais adequado.

Em crianças a Fobia Social pode se apresentar sob a forma de crises de choro, ataques de raiva, imobilidade, comportamento aderente ou
permanência junto à mãe ou à uma pessoa familiar.

FOBIA ESPECÍFICA
O tipo Específico (ou não generalizado) de fobia, é o mais conhecido entre as fobias e usualmente é restrito a poucas situações
sociais. Normalmente os objetos de fobia naFobia Específica são animais, não necessariamente peçonhentos e as situações são aquelas que dizem
respeito ao escuro, à altura, ao abafamento de ambientes fechados, à água dos rios e mares.

Diretrizes e Critérios de Diagnóstico para Fobia Específica:


A. Medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, revelado pela
presença ou antecipação de um objeto ou situação fóbica (por ex., voar,
alturas, animais, injeção, ver sangue). 
B. A exposição ao estímulo fóbico provoca, quase que invariavelmente, uma
resposta imediata de ansiedade, que pode assumir a forma de um Ataque de
Pânico ligado à situação ou predisposto pela situação. 
Nota: Em crianças, a ansiedade pode ser expressada por choro, ataques de raiva, imobilidade ou
comportamento aderente.
C. O indivíduo reconhece que o medo é excessivo ou irracional. 
Nota: Em crianças, esta característica pode estar ausente.
D. A situação fóbica (ou situações) é evitada ou suportada com intensa
ansiedade ou sofrimento.
E. A esquiva, antecipação ansiosa ou sofrimento na situação temida (ou
situações) interfere significativamente na rotina normal do indivíduo, em seu
funcionamento ocupacional (ou acadêmico) ou em atividades ou
relacionamentos sociais, ou existe acentuado sofrimento acerca de ter a fobia.
F. Em indivíduos com menos de 18 anos, a duração mínima é de 6 meses.
G. A ansiedade, os Ataques de Pânico ou a esquiva fóbica associados com o
objeto ou situação específica não são melhor explicados por outro transtorno
mental, como Transtorno Obsessivo-Compulsivo (por ex., medo de sujeira em
alguém com uma obsessão de contaminação), Transtorno de Estresse Pós-
Traumático (por ex., esquiva de estímulos associados a um estressor severo),
Transtorno de Ansiedade de Separação (por ex., esquiva da escola), Fobia
Social (por ex., esquiva de situações sociais em vista do medo do embaraço),
Transtorno de Pânico Com Agorafobia ou Agorafobia Sem História de
Transtorno de Pânico.

.
Para referir:
Ballone GJ - Transtornos Fóbicos-Ansiosos, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007

O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por obsessões, compulsões ou ambas.


Asobsessões são ideias, imagens ou impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam
ansiedade e são intrusivos. As compulsões (também conhecidas como rituais) são determinadas ações
ou atos mentais que a pessoa se sente impelida a praticar para tentar diminuir ou evitar a ansiedade
causada pelas obsessões

.
 A maioria dos casos de comportamento obsessivo-compulsivo está relacionada a preocupações com danos ou riscos.

 O médico diagnostica o transtorno quando a pessoa tem obsessões, compulsões ou ambas.

 O tratamento pode incluir terapia de exposição (com prevenção de rituais compulsivos) e determinados antidepressivos
(inibidores seletivos de recaptação da serotonina ou clomipramina).

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um pouco mais frequente em mulheres que em homens e afeta entre 1% e 2% da
população. Em média, o TOC tem início entre os 19 e 20 anos de idade, porém, mais de 25% dos casos começam antes dos 14 anos
de idade ( Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtornos relacionados em crianças e adolescentes ). Até 30% das pessoas com
TOC têm ou já tiveram um transtorno de tique .
Nesse ponto, o TOC difere dos transtornos psicóticos, nos quais a pessoa perde o contato com a realidade. O TOC também é diferente
do transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva , embora pessoas com esses transtornos possam apresentar as mesmas
características, como ser metódico, confiável ou perfeccionista.
Sintomas

A pessoa com TOC tem obsessões – pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem frequentemente, mesmo que ela não queira.
Essas obsessões surgem mesmo quando a pessoa está pensando e fazendo outras coisas. Além disso, as obsessões normalmente
causam grande angústia e ansiedade. As obsessões normalmente envolvem pensamentos de dano, risco ou perigo.

As obsessões comuns incluem:
 Preocupação com contaminação (por exemplo, supor que tocar em maçanetas provocará alguma doença)

 Dúvidas (por exemplo, supor que a porta da frente não foi trancada)

 Preocupação com objetos que não estão perfeitamente alinhados ou uniformes

Uma vez que as obsessões não causam prazer à pessoa, frequentemente ela tenta ignorá-las e/ou controlá-las.

Compulsões (também chamadas de rituais) são uma forma que a pessoa tem de responder às suas obsessões. Por exemplo, elas
sentem vontade de fazer algo - repetitivo, propositado e intencional - para evitar ou aliviar a ansiedade causada pelas obsessões.

As compulsões comuns incluem:
 Lavar ou limpar algo para evitar contaminação

 Verificar algo para eliminar dúvidas (por exemplo, verificar muitas vezes que uma porta está trancada)

 Contar (por exemplo, repetir uma ação um determinado número de vezes).

 Ordenar (por exemplo, arrumar talheres ou objetos da mesa de trabalho em um padrão específico)

A maioria dos rituais, como lavar as mãos com muita frequência ou verificar repetidamente se a porta está trancada, pode ser
observada. Outros rituais não podem ser observados, como o cálculo repetitivo ou afirmações em voz baixa com a intenção de diminuir
algum perigo.
Os rituais podem ser realizados de forma precisa de acordo com regras rígidas. Os rituais podem ou não estar logicamente conectados
com a obsessão. Quando as compulsões estão logicamente conectadas à obsessão (por exemplo, tomar banho para evitar ficar sujo ou
verificar o fogão para evitar incêndios), elas são claramente excessivas. Por exemplo, é possível que a pessoa tome banho durante
muitas horas todo dia ou verifique o fogão trinta vezes antes de sair de casa. Todos os rituais e obsessões exigem tempo. É possível
que a pessoa gaste horas todos os dias dedicada a eles. Eles podem causar tanta angústia ou interferir tanto com a capacidade
funcional da pessoa que algumas chegam a ficar incapacitadas.

A maioria das pessoas com TOC possui tanto obsessões como compulsões.

A maioria das pessoas com TOC sabe que seus pensamentos obsessivos não refletem riscos reais e que seus comportamentos
compulsivos são excessivos. No entanto, algumas pessoas estão convencidas que suas obsessões são bem fundamentadas e que
suas compulsões são plausíveis.

Algumas pessoas com TOC estão cientes de que seus comportamentos compulsivos são excessivos. Por isso, elas geralmente
realizam os rituais de maneira secreta, mesmo quando esses rituais consomem muitas horas do dia.

Dessa forma, os sintomas do TOC podem causar um desgaste nos relacionamentos e a pessoa com TOC pode ter um pior
desempenho escolar ou no trabalho.

Muitas pessoas com TOC também têm outros transtornos de saúde mental. Aproximadamente 75% das pessoas com TOC também têm
um diagnóstico vitalício de transtorno de ansiedade , aproximadamente 50% a 60% têm um diagnóstico vitalício de transtorno depressivo
maior e 23% a 32% têm transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo . Aproximadamente 15% a 20% das pessoas com TOC têm
transtorno depressivo maior no momento em que o transtorno é diagnosticado.
Aproximadamente 50% das pessoas com TOC têm pensamentos suicidas em algum momento e até 25% delas comete tentativa de
suicídio. O risco de haver uma tentativa de suicídio é maior se a pessoa também tiver transtorno depressivo maior.

Você sabia que...

A maioria das pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo reconhece que suas obsessões e compulsões são
irracionais.

Diagnóstico

 Avaliação de um médico com base em critérios diagnósticos específicos

O médico diagnostica o transtorno obsessivo-compulsivo tomando por base os sintomas: a presença de obsessões, compulsões ou
ambas. As obsessões ou compulsões precisam atender, no mínimo, um dos quesitos a seguir:

 Tomar muito tempo

 Causar angústia significativa ou interferir com a capacidade funcional da pessoa

Tratamento

 Terapia de exposição e de prevenção de rituais

 Determinados antidepressivos

A terapia de exposição e a terapia de prevenção de rituais (resposta) costumam ser eficazes no tratamento do transtorno obsessivo-
compulsivo. A terapia de exposição consiste na exposição gradativa e repetida da pessoa àquilo (situações ou pessoas) que
desencadeia as obsessões, rituais ou desconforto, sem permitir que ela realize o ritual compulsivo (terapia de prevenção de ritual). O
desconforto ou a ansiedade diminuem gradativamente durante a exposição repetida, na medida em que a pessoa passa a reconhecer
que a realização de rituais é desnecessária para a redução do desconforto. A melhora geralmente persiste por anos, provavelmente
porque as pessoas que dominam essa abordagem conseguem continuar a praticá-la após o tratamento formal ter sido concluído.
Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina  (por exemplo, fluoxetina), que são um tipo de antidepressivo, e a clomipramina, que
é um tipo de antidepressivo tricíclico, costumam ser eficazes. Muitos especialistas supõem que uma associação entre a terapia de
exposição e de prevenção de rituais e a farmacoterapia seja o melhor tratamento.
Psicoterapia psicodinâmica (que enfatiza a identificação dos padrões inconscientes de pensamentos, sensações e comportamentos
atuais) e psicanálise, em geral, não têm sido eficazes em pessoas com TOC.

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