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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL –
ANSIEDADE SOCIAL,
ANSIEDADE GENERALIZADA
E FOBIAS
1
Barlow (2016, p. 118).
2
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. O medo de ofender os
outros – p. ex: por meio de um olhar ou demonstrando sintomas de ansiedade, ou de ser
rejeitado como consequência. Nota: em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso
chorando, com ataques de raiva, imobilidade, comportamento de agarrar-se, encolhendo-se
ou fracassando ao falar em situações sociais.
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade. Um
indivíduo com medo de tremer as mãos pode evitar beber, comer, escrever ou apontar em
público; um com medo de transpirar pode evitar apertar mãos ou comer alimentos picantes; e
um com medo de ruborizar pode evitar desempenho em público, luzes brilhantes ou discussão
sobre tópicos íntimos. Alguns têm medo e evitam urinar em banheiros públicos quando outras
pessoas estão presentes.
E. O medo ou a ansiedade são desproporcionais à ameaça real apresentada pela situação
social e o contexto sociocultural; desproporcionais ao risco real de ser avaliado negativamente
ou às consequências dessa avaliação negativa. Às vezes, a ansiedade pode não ser julgada
excessiva porque está relacionada a um perigo real (p. ex., ser alvo de bullying ou ser
atormentado pelos outros). No entanto, os indivíduos com TAS com frequência superestimam
as consequências negativas das situações sociais e, assim, o julgamento quanto a ser
desproporcional é feito pelo clínico.
G. Medo, ansiedade ou esquiva causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. A
ansiedade antecipatória pode ocorrer às vezes muito antes das próximas situações (p. ex.,
preocupar-se todos os dias durante semanas antes de participar de um evento social, repetir
antecipadamente um discurso por dia). Os indivíduos com frequência evitarão as situações
sociais temidas ou então as suportarão com intenso medo ou ansiedade [...]. Por exemplo,
alguém que tem medo de falar em público não receberia um diagnóstico de TAS se essa
atividade não é rotineiramente encontrada no trabalho ou nas tarefas de classe e se o
indivíduo não tem um sofrimento significativo a respeito disso. Entretanto, se evita ou ignora o
trabalho ou educação que realmente deseja ter devido aos sintomas de ansiedade social, tem-
se o diagnóstico [...] A esquiva pode ser abrangente (p. ex., não ir a festas, recusar ir à escola)
ou sutil (p. ex., preparando excessivamente o texto de um discurso, desviando a atenção para
os outros, limitando o contato visual).
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TEMA 2 – POSSÍVEIS CAUSAS DO DESENVOLVIMENTO DA FOBIA SOCIAL
POSSÍVEIS CAUSAS
Multifatores;
Carga genética;
Problemas de desenvolvimento psicológico precoce;
Fatores ambientais;
Crenças negativas sobre si mesmo, os outros e o mundo;
Carência de habilidades sociais importantes;
Crenças de que seu comportamento social será inadequado ou inapropriado;
Viés atencional para consequências negativas;
Hipervigilância para ameaças sociais;
Fator familiar: ansiedade social é mais comum em familiares de fóbicos sociais;
Modelação do comportamento de abordagem: relacionada ao aumento de atividade
dopaminérgica na fobia social.
CARACTERÍSTICAS MAIS COMUNS
Acomete indivíduos jovens;
Alguns quadros iniciam-se acima dos 10 anos de forma súbita;
50% dos casos acontecem na adolescência;
Alta comorbidade (vide tema 1.1) e morbidade (conjunto de causas capazes de produzir
uma doença);
Grande potencial de mudanças nas áreas de vida dos portadores;
Reduz a qualidade de vida;
Prejuízo acadêmico, profissional e social por causas dos medos;
Mais comum em mulheres;
No caso dos homens, o início é mais comum na infância, quando relacionado a iniciar e
manter conversas; manter-se próximo de alguém; falar com pessoas de autoridade;
participar de festas etc.
3Andretta; Oliveira (2011. p. 329-330); Hope; Heimberg; Turk (2012, p. 24-26); Barlow (2016, p.
114); Kanapp (2004, p. 22-228).
5
Algumas dessas causas, quando combinadas, resultariam provavelmente
num modelo etiológico individual.
4
Hope, Heimberg e Turk, 2012, p. 27.
5
Barlow, 2016, p. 119.
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3.1 Principais tópicos do modelo
7
Quadro 4 – Crenças comuns na fobia social
Semana Atividade
Pré- Entrevista e avaliação diagnóstica para determinar o tratamento apropriado.
tratamento
Uso de escalas de avaliação pelo terapeuta:
LSAS
Escala de Ansiedade Social de Liebowitz (1987)
Escala Breve de Fobia Social
BSPS (1997).
ADIS-5-L (entrevista estruturada para TAS para o DSM-5 (2013)
Autoavaliação/pacientes:
SIAS (1998)
SPAI (1989)
SPS (1998)
SPIN (2000)
FNE (1983)
Sasci (2008)
Beck BDI II (1996 *conferir uso favorável)
1 Material de psicoeducação
Estabelecimento de rapport (boa relação para boa aliança de trabalho)
Fundamentação do tratamento
2 Material de psicoeducação sobre ansiedade, como, p. ex, os três componentes
da ansiedade (componente fisiológico/reações corporais; componente
cognitivo/o que uma pessoa pensa [p.ex. “eu me sinto com cara de bobo”];
componente comportamental/ o que faz [p. ex: evitar olhar nos olhos])
3 Hierarquia de medo e evitação com a Escala Suds (1996)
4 Concluir hierarquia de situações
Psicoeducação sobre etiologia da ansiedade social x origens dos pensamentos
automáticos (negativos, distorcidos e irracionais x de si, do mundo, do futuro)
5e6 Aprender habilidades de reestruturação cognitiva
Relação pensamento/sentimento/comportamento
Principais distorções cognitivas do paciente (p. ex.: ler pensamentos, prever a
sorte, desqualificar o positivo)
Formulário BYOCT (seja seu próprio terapeuta cognitivo)
7 Primeira exposição na sessão
8 Segunda exposição na sessão
9 a 11 Continuar exposições na sessão
Reestruturação cognitiva e planejamento mais elaborado de exposições in vivo
como tarefa de casa
Sem exposição na sessão
12 Reestruturação cognitiva avançada e crenças nucleares. Ex.: para a crença “eu
tenho de ser perfeito para ser aceito pelos outros”, usa-se exposição in vivo
“comentando erros intencionais”; notar se os outros continuam aceitando-o
Uso da seta descendente
Pode ser ampliada para uma segunda sessão se necessário (para pacientes
mais graves)
13 a 15 Exposições adicionais na sessão com planejamento cognitivo aprofundado
(criando exposições na sessão usando a Suds)
Planejamento de exposições in vivo
16 Avaliação do progresso, prevenção de recaídas (evitar a evitação)
Término sem exposição na sessão
20 Permite-se levar até 20 semanas para finalizar o tratamento
Pós- Avaliação de pós-tratamento
tratamento Planejamento para tratamento de outros problemas que não tenham sido
resolvidos, se necessário
As sessões de avaliação, pós-tratamento e feedback
não são contadas dentro das 16 sessões)8
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A fase inicial, definida como “pré-tratamento”, propõe o uso de entrevista
clínica. O modelo pode ser baseado na conceitualização cognitiva ou numa que
abranja todas as áreas de vida do paciente. Na fase inicial também são utilizadas
escalas para complementar a avaliação diagnóstica, além do DSM-5. Algumas
dessas escalas estão padronizadas e validadas para o português, outras estão
publicadas apenas em inglês. Na fase de psicoeducação são utilizados materiais
sobre a ansiedade na fobia social, abordando como a ansiedade pode ser normal
ou problemática e como ela pode afetar os pensamentos (parte cognitiva), as
emoções (componentes fisiológicos) e os comportamentos (o que o paciente faz
“quando”). A fase seguinte (da 3ª à 6ª sessão) do protocolo tem como objetivo a
construção da hierarquia de situações de medo e evitação (Suds), como uma fase
de preparação para as exposições comportamentais de situações de ansiedade.
Nessa fase também são usadas as técnicas de reestruturação cognitiva,
estabelecendo para o paciente a relação de seus pensamentos com as
consequências dos comportamentos. A parte das exposições começa na fase
intermediária (7ª à 8ª sessão) e vai até o fim do processo, quando são
coordenados os trabalhos de reestruturação cognitiva (contestação das crenças,
pensamentos disfuncionais) e a exposição (miniexperimento), que permite, para
provocar ansiedade, ativar pensamentos automáticos e testá-los. As sessões
finais (16ª, ou até a 20ª) estão direcionadas à avaliação do progresso e à
prevenção de recaídas, ou seja, ensinar o paciente com ansiedade social a “evitar”
a evitação de situações provocadoras de ansiedade.
Dica
Se após a visão geral do tratamento da fobia social for necessário
aprofundar os conteúdos das sessões de tratamento passo a passo, sugiro
consultar os protocolos de tratamento nas bibliografias recomendadas.
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(Barlow, 2016). Há disponível também o protocolo de tratamento específico para
a modalidade de grupo.
Reestruturação:
A exposição:
8Barlow (2016, p. 140). Pensamentos: “Não vou falar com ela, porque não tenho nada a dizer”; ”Eu
não devo dizer nada sobre ela me ligar, porque ficaria estranho”. Sentimentos: “Eu me sinto triste”;
“[...] também fico com um pouco de raiva e frustração [...]”. Pensamentos de enfrentamento:
“Vamos pensar em formas de transmitir a mensagem sem se sentir agressiva ou direta: perguntar
se podemos sair algum dia”; “Ela pode me pedir desculpas e perguntar se quero ir”; “Afinal, ela me
convidou antes de tudo, só não me chegou a ligar para confirmar, porque achava que eu não
queria ir”.
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Suds: escala de hierarquia de medo e evitação (avaliação de 0 a 100%).
12
resposta(s) racional(is); discutir quaisquer pensamentos automáticos inesperados
ou novos. Aqui, paciente e terapeuta e/ou participantes da cena da exposição
reagem ao desempenho do paciente; outro objetivo é colocar em forma gráfica e
interpretar os padrões de classificação da Suds (escala de medo e evitação),
examinando as evidências relacionadas aos pensamentos automáticos e as
respostas emocionais do paciente. Num último momento, o paciente requantifica
a crença nos pensamentos automáticos, as respostas racionais e resume o que
foi aprendido com a exposição (Barlow, 2016).
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A principal abordagem sugerida para o modelo de tratamento do TAS é a
integração da exposição e a reestruturação cognitiva.
Modelos de treinamento de habilidades sociais e tratamento em grupo são
utilizados pela Terapia Cognitivo-Comportamental.
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REFERÊNCIAS
DSM-5. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento et. al. Porto Alegre: Artmed,
2014.
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