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O que é personalidade evitativa?

Postado em 18/09/2017 em Ansiedade, Psicopatologia e saúde mental, Transtornos de


personalidade por Maitê Hammoud

O transtorno de personalidade evitativa vai muito mais além da timidez ou insegurança. Quando
não tratado, pode ser a porta de entrada para quadros de ansiedade, fobia social e depressão.

Percebidos como pessoas inseguras ou altamente tímidas, quem sofre do transtorno de


personalidade evitativa costuma carecer de informações sobre o diagnóstico. Exatamente por
isso, deixam de buscar o tratamento adequado, e acabam por associar os sintomas do transtorno
a traços comuns de sua personalidade. Quem explica melhor é a psicóloga Maitê Hammoud.

Infelizmente, a insegurança, timidez e baixa autoestima para essas pessoas vão além do
padrão de normalidade, levando ao sofrimento e intenso desgaste, que desencadeia prejuízos
nos diferentes setores de sua vida, e em sua saúde.

O transtorno de personalidade evitativa leva a pessoa a sentir-se retraída em eventos sociais e


profissionais. Elas tendem ao isolamento, temendo críticas, desaprovação ou ser alvo de
atenções. Por não suportar situações em que podem ser o foco, recusam oportunidades, como
uma promoção no trabalho, mesmo sendo altamente capazes para o novo cargo.

O transtorno afeta homens e mulheres, manifestando seus primeiros traços ainda na infância.
Porém, por serem compreendidos como traços de timidez, com expectativa de que diminua ao
longo do desenvolvimento, dificilmente é iniciado o acompanhamento psicológico precocemente.
Isso só serve para agravar o quadro e torná-lo mais intenso no início da vida adulta.

Características do transtorno de personalidade evitativa

Estes são os sinais e comportamentos que comumente podem ser identificados nas
pessoas que sofrem do transtorno:

1) Baixa autoestima e alto nível de insegurança

Quem sofre desse transtorno, evita ao máximo atividades nas quais tenha que interagir com
outras pessoas, principalmente temendo críticas e desaprovação. Na vida profissional, a esquiva
dos trabalhos em equipe ou de aprofundar suas relações interpessoais é uma constante,
enquanto na vida pessoal, os temores continuam presentes, fazendo com que a pessoa aceite
convites para eventos mediante a certeza de que será recebido de forma positiva e acolhedora.

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Por isso, frequentemente desmarca compromissos de última hora, e acaba se envolvendo em
conflitos com amigos e familiares. Vencer os medos que rodeiam seus pensamentos
realmente se trata de uma tarefa árdua e desgastante; fica paralisado diante de movimentos
percebidos como ameaçadores.

2) Extremamente reservados
Pelos medos constantes de ser criticado ou ridicularizado, são pessoas muito reservadas. Pouco
falam sobre si mesmas e resistem que relacionamentos ganhem intimidade. Dessa forma, evitam
celebrações ou ocasiões que favoreçam a proximidade, como por exemplo conhecer a família de
seu parceiro ou frequentar sua casa.

3) Autoavaliação negativa
A percepção de si mesmo vem sempre carregada de baixa autoestima e muitas críticas,
contribuindo para uma autoavaliação de alguém sem atrativos, incapaz e inferior. Sua
autoavaliação reforça ainda mais seus temores sociais, fazendo com que se torne muito difícil
aumentar seu círculo social ou aceitar oportunidades.

Quando é percebido por suas qualidades, sente-se desconfortável e constrangido, tendo


dificuldades de aceitar promoções no emprego, por exemplo. Desmarca entrevistas em cima da
hora, se esquiva de encontros com diferentes justificativas, mas a razão é sempre a mesma:
sentir-se inadequado e temer a crítica e desaprovação dos outros.

Transtorno de personalidade evitativa: diagnóstico e tratamento


Todos esses fatores têm implicações severas no desenvolvimento pessoal e profissional da
pessoa. O transtorno de personalidade evitativa frequentemente é diagnosticado junto ao
transtorno de personalidade dependente, por tornarem-se dependentes dos poucos com quem
constroem vínculos.
Também costuma haver comorbidade (duas ou mais doenças relacionadas) com o transtorno
de personalidade borderline, já que sua autoestima fragilizada contribui para a vulnerabilidade
em relação às críticas e temores sobre si mesmo quando o assunto é sua relação com o mundo.
É indicado que pessoas com esse transtorno de personalidade realizem acompanhamento
psicológico desde as primeiras manifestações dos sintomas, para que seja possível atuar na
construção de sua autoestima. Isso é o que favorecerá a segurança necessária para tomada de
decisões, além de promover a interação social e afetar positivamente na qualidade dos
pensamentos.
A ausência do acompanhamento psicológico contribui para que o quadro se agrave, tornando
a pessoa mais suscetível ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade como fobia
social, agorafobia e síndrome do pânico, além de quadros de depressão.

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