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Saúde Mental e Atenção Psicossocial

Psicopatologia

Aula 3
Fobias e TEPT
TOC
Alguns termos em Psicopatologia
1. Cursos Crônicos

1.1 Processuais - alterações incompreensíveis)


1.2 Desenvolvimentais (alterações compreensíveis)

2. Fenômenos agudos

2.1 Crises – surgimento e términos abruptos


2.2 Episódios – de dias a semanas
2.3 Reação Vivencial anormal – compreensível, mas intenso
2.4 Fase – períodos do transtorno, que pode durar semanas
2.5 Surto – ocorrência aguda, repentina e que deixa sequelas
Alguns termos em Psicopatologia
3. Em relação ao curso:

3.1 Remissão: Retorno ao estado normal

3.2 Recuperação: Retorno e manutenção do estado normal

3.3 Recaída ou recidiva: Retorno dos sintomas após uma


melhora parcial

3.4 Recorrencia: surgimento de um novo episódio, após um


período de remissão
Fobias
Geral: Transtornos de Ansiedade
- Transtornos de Ansiedade: Envolve medo e ansiedade
excessivos e reações comportamentais relacionadas

- Pode envolver ataques de pânico

- São diferenciados em relação aos objetos ou situações que


provocam medo, ansiedade, comportamento de esquiva ou
ideações cognitivas relacionadas
Fobias específicas

Fobia específica: os indivíduos são apreensivos, ansiosos ou se


esquivam de objetos ou situações circunscritos. Uma ideação
cognitiva específica não está caracterizada nesse transtorno
como está em outros transtornos de ansiedade. Medo,
ansiedade ou esquiva é quase sempre imediatamente induzido
pela situação fóbica, até um ponto em que é persistente e fora
de proporção em relação ao risco real que se apresenta.
Existem vários tipos de fobias específicas: a animais, ambiente
natural, sangue-injeção-ferimentos, situacional e outros (DSM-
5).
Fobia social
O indivíduo é temeroso, ansioso ou se esquiva de interações e
situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado.
Estão inclusas situações sociais como encontrar-se com pessoas
que não são familiares, situações em que o indivíduo pode ser
observado comendo ou bebendo e situações de desempenho
diante de outras pessoas. A ideação cognitiva associada é a de
ser avaliado negativamente pelos demais, ficar embaraçado,
ser humilhado ou rejeitado ou ofender os outros (DSM-5).
Ataques de Panico
O indivíduo experimenta ataques de pânico inesperados
recorrentes e está persistentemente apreensivo ou preocupado
com a possibilidade de sofrer novos ataques de pânico ou
alterações desadaptativas em seu comportamento devido aos
ataques de pânico (p. ex., esquiva de exercícios ou de locais
que não são familiares). Os ataques de pânico são ataques
abruptos de medo intenso ou desconforto intenso que atingem
um pico em poucos minutos, acompanhados de sintomas
físicos e/ou cognitivos (DSM-5).

* Funcionam como um marcador e fator prognóstico para a gravidade do


diagnóstico, curso e comorbidade com uma gama de transtornos, incluindo, mas não
limitados, os transtornos de ansiedade (p. ex., transtornos por uso de substância,
transtornos depressivos e psicóticos).
Agorafobia
Os indivíduos são apreensivos e ansiosos acerca de duas ou
mais das seguintes situações: usar transporte público; estar em
espaços abertos; estar em lugares fechados; ficar em uma fila
ou estar no meio de uma multidão; ou estar fora de casa
sozinho em outras situações. O indivíduo teme essas situações
devido aos pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de
que pode não haver auxílio disponível caso desenvolva
sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou
constrangedores. Essas situações quase sempre induzem medo
ou ansiedade e com frequência são evitadas ou requerem a
presença de um acompanhante(DSM-5).
Ansiedade Generalizada

Indivíduos apresentam ansiedade e preocupação persistentes e


excessivas acerca de vários domínios, incluindo desempenho
no trabalho e escolar, que o indivíduo encontra dificuldade em
controlar. Além disso, são experimentados sintomas físicos,
incluindo inquietação ou sensação de “nervos à flor da pele”;
fatigabilidade; dificuldade de concentração ou “ter brancos”;
irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono.(DSM-
5).
Fobia específica – critérios
diagnósticos
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou
situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver
sangue).
Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por
choro, ataques de raiva, imobilidade ou comportamento de
agarrar-se.
B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca
uma resposta imediata de medo ou ansiedade.
C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou
suportado com intensa ansiedade ou sofrimento.
Fobia específica – critérios
diagnósticos
D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao
perigo real imposto pelo objeto ou situação específica e ao
contexto sociocultural.
E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente
com duração mínima de seis meses.
F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Fobia específica – critérios
diagnósticos
G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de
outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva
de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros
sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou
situações relacionados a obsessões (como no transtorno
obsessivo-compulsivo); evocação de eventos traumáticos
(como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de
casa ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade
de separação); ou situações sociais (como no transtorno de
ansiedade social).
Fobia específica – especificadores
Código baseado no estímulo fóbico:
300.29 (F40.218) Animal (p. ex., aranhas, insetos, cães).
300.29 (F40.228) Ambiente natural (p. ex., alturas, tempestades,
água).
300.29 (F40.23x) Sangue-injeção-ferimentos (p. ex., agulhas,
procedimentos médicos invasivos).
300.29 (F40.248) Situacional:(p. ex., aviões, elevadores, locais
fechados).
300.29 (F40.298) Outro:(p. ex., situações que podem levar a asfixia
ou vômitos; em crianças, p. ex., sons altos ou personagens vestidos
com trajes de fantasia).
Fobia específica – questões culturais

Nos Estados Unidos, asiáticos e latinos relatam taxas


significativamente mais baixas de fobia específica do que brancos
não latinos, afro-americanos e nativos americanos. Além de terem
taxas mais baixas de prevalência de fobia específica, alguns países
fora dos Estados Unidos, em particular asiáticos e africanos,
apresentam diferentes conteúdos de fobia, idade de início e razão
entre os gêneros.
Fobia específica – questões culturais

Nos Estados Unidos, asiáticos e latinos relatam taxas


significativamente mais baixas de fobia específica do que brancos
não latinos, afro-americanos e nativos americanos. Além de terem
taxas mais baixas de prevalência de fobia específica, alguns países
fora dos Estados Unidos, em particular asiáticos e africanos,
apresentam diferentes conteúdos de fobia, idade de início e razão
entre os gêneros.
Fobia específica – Diagnósticos
diferenciais
Agorafobia. A fobia específica situacional pode se parecer com a
agorafobia na sua apresentação clínica, dada a sobreposição nas
situações temidas (p. ex., voar, locais fechados, elevadores). Se um
indivíduo teme apenas uma das situações da agorafobia, então
fobia específica, situacional, pode ser diagnosticada. Se duas ou
mais situações agorafóbicas são temidas, um diagnóstico de
agorafobia é provavelmente justificado.
Fobia específica – Diagnósticos
diferenciais
Transtorno obsessivo-compulsivo. Se o medo ou ansiedade
primária de um indivíduo é de um objeto ou situação como
resultado de obsessões (p. ex., medo de sangue devido a
pensamentos obsessivos acerca de contaminação por agentes
patogênicos transmitidos pelo sangue [p. ex., HIV]; medo de dirigir
devido a imagens obsessivas de causar ferimentos a outras
pessoas) e se outros critérios diagnósticos para transtorno
obsessivo-compulsivo são satisfeitos, então este último transtorno
deve ser diagnosticado.
Fobia Social – Critérios Diagnósticos

A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais


situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação
por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex.,
manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares),
ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de
desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras).
Nota: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que
envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos.
Fobia Social – Critérios Diagnósticos

B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de


ansiedade que serão avaliados negativamente (i.e., será
humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou ofenderá a
outros).
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou
ansiedade.
Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso
chorando, com ataques de raiva, imobilidade,
comportamento de agarrar-se, encolhendo-se ou fracassando em
falar em situações sociais.
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso
medo ou ansiedade.
Fobia Social – Critérios Diagnósticos

E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real


apresentada pela situação social e o contexto sociocultural.
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente
durando mais de seis meses.
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou
em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
H. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos efeitos
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso,
medicamento) ou de outra condição médica.
Fobia Social – Critérios Diagnósticos

I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos


sintomas de outro transtorno mental, como transtorno de pânico,
transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro autista.
J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson,
obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está
presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente não
relacionado ou é excessivo.
Fobia Social – Questões culturais
A síndrome de taijin kyofusho (p. ex., no Japão e na Coreia) é com
frequência caracterizada por preocupações de avaliação social,
satisfazendo os critérios para transtorno de ansiedade social,
associadas ao medo de que o indivíduo deixe outras pessoas
desconfortáveis. Esse sintoma também pode ser encontrado em
contextos não asiáticos. Outras apresentações de taijin kyofusho
podem satisfazer os critérios para transtorno dismórfico corporal ou
transtorno delirante. O status de imigrante está associado a taxas
significativamente mais baixas de transtorno de ansiedade social em
grupos brancos latinos e não latinos. As taxas de prevalência do
transtorno podem não estar de acordo com os níveis autorrelatados
de ansiedade social na mesma cultura – ou seja, as sociedades com
forte orientação coletivista podem relatar níveis altos de ansiedade
social, mas baixa prevalência de transtorno de ansiedade social.
Fobia Social – Diagnótico Diferencial
Timidez normal. A timidez (i.e., reticência social) é um traço de
personalidade comum e não é por si só patológica. Em algumas
sociedades, a timidez é até avaliada positivamente. Entretanto,
quando existe um impacto adverso significativo no funcionamento
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo, um diagnóstico de transtorno de ansiedade social deve
ser considerado, e, quando são satisfeitos todos os critérios para
transtorno de ansiedade social, o transtorno deve ser diagnosticado.
Somente uma minoria (12%) dos indivíduos tímidos
autoidentificados nos Estados Unidos tem sintomas que satisfazem
os critérios diagnósticos para transtorno de ansiedade social.
Fobia Social – Diagnótico Diferencial

Agorafobia. Os indivíduos com agorafobia podem ter medo ou evitar


situações sociais (p. ex., ir ao cinema) porque escapar pode ser
difícil ou o auxílio pode não estar disponível no caso de
incapacitação ou sintomas do tipo pânico, enquanto os indivíduos
com transtorno de ansiedade social têm mais medo da avaliação
dos outros. Além disso, aqueles com transtorno de ansiedade social
ficam normalmente calmos quando deixados inteiramente sozinhos,
o que com frequência não é o caso na agorafobia.
Fobia Social – Diagnótico Diferencial

Fobias específicas. Os indivíduos com fobias específicas podem ter


medo de constrangimento ou humilhação (p. ex., vergonha de
desmaiar quando lhes é tirado sangue), mas geralmente não têm
medo de avaliação negativa em outras situações sociais.
Transtorno de Panico
A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto
abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em
minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.
2. Sudorese.
3. Tremores ou abalos.
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
5. Sensações de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico.
7. Náusea ou desconforto abdominal.
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
9. Calafrios ou ondas de calor.
10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de
estar distanciado
de si mesmo).
12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
13. Medo de morrer.
Transtorno de Panico
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de
uma ou de ambas as seguintes características:

1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de


pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o
controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”).

2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento


relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por
finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios
ou situações desconhecidas).
Transtorno de Panico
C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de
uma substância (p. ex., droga deabuso, medicamento) ou de outra
condição médica (p. ex., hipertireoidismo, doenças
cardiopulmonares).
D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno
mental (p. ex., os ataques de pânico não ocorrem apenas em
resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de
ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas
circunscritas, como na fobia específica; em resposta a obsessões,
como no transtorno obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação
de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse pós-
traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como
no transtorno de ansiedade de separação).
Transtorno de Panico – questões
culturais

A taxa dos medos acerca dos sintomas mentais e somáticos de


ansiedade parece variar entre as culturas e pode influenciar as taxas
de ataques de pânico e de transtorno de pânico. Além disso, as
expectativas culturais podem influenciar a classificação dos ataques
de pânico como esperados ou inesperados. As preocupações
específicas quanto aos ataques de pânico ou suas consequências
podem variar de uma cultura para outra (e entre as diferentes faixas
etárias e os gêneros).
Transtorno de Panico – Diagnóstico
diferencial

Outro transtorno de ansiedade especificado ou transtorno de


ansiedade não especificado. O transtorno de pânico não deve ser
diagnosticado se nunca foram experimentados ataques de pânico
com sintomas completos (inesperados). No caso de ataques de
pânico inesperados apenas com sintomas limitados, um diagnóstico
de outro transtorno de ansiedade especificado ou transtorno de
ansiedade não especificado deve ser considerado.
Agorafobia - Critérios
A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco
situações seguintes:
1. Uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens,
navios, aviões).
2. Permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de
estacionamentos, mercados, pontes).
3. Permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas).
4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão.
5. Sair de casa sozinho.
B. O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a
pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio
pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do tipo
pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores (p.
ex., medo de cair nos idosos; medo de incontinência).
Agorafobia - Critérios
C. As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou
ansiedade.
D. As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a
presença de uma companhia ou são suportadas com intenso medo
ou ansiedade.
E. O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real
apresentado pelas situações agorafóbicas e ao contexto
sociocultural.
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando
mais de seis meses.
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Agorafobia - Critérios
H. Se outra condição médica (p. ex. doença inflamatória intestinal,
doença de Parkinson) está presente, o medo, ansiedade ou esquiva
é claramente excessivo.
I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos
sintomas de outro transtorno mental – por exemplo, os sintomas
não estão restritos a fobia específica, tipo situacional; não envolvem
apenas situações sociais e não estão relacionados exclusivamente a
obsessões, percepção de defeitos ou falhas na aparência física ou
medo de separação

Nota: A agorafobia é diagnosticada independentemente da presença


de transtorno de pânico. Se a apresentação de um indivíduo satisfaz
os critérios para transtorno de pânico e agorafobia, ambos os
diagnósticos devem ser dados.
Ansiedade Generalizada - Critérios
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva),
ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com
diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou
profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais)
dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes
na maioria dos dias nos últimos seis meses). (NOTA: Apenas um
item é exigido para crianças)
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
2. Fatigabilidade.
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
4. Irritabilidade.
5. Tensão muscular.
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e
inquieto).
Ansiedade Generalizada - Critérios
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma
substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra
condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno
mental.
Transtornos de Estresse Pós-Traumático
(TEPT)
Classificação: Transtornos Relacionados
a traumas e Outros Estressores
Incluem transtornos nos quais a exposição a um evento traumático
ou estressante está listada explicitamente como um critério
diagnóstico e reúnem o transtorno de apego reativo, o transtorno de
interação social desinibida, o transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT), o transtorno de estresse agudo e os transtornos de
adaptação.
TEPT – Critérios Diagnósticos
Nota: Os critérios a seguir aplicam-se a adultos, adolescentes e crianças acima de
6 anos de idade. Para crianças com menos de 6 anos, consulte os critérios
correspondentes a seguir.

A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência


sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas.
3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos
casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou
amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento
traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais
repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil).
Nota: O Critério A4 não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica,
televisão, filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao
trabalho.
TEPT – Critérios Diagnósticos
B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento
traumático, começando depois de sua ocorrência:

1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático.


(Nota: Em crianças acima de 6 anos de idade, pode ocorrer brincadeira repetitiva na qual
temas ou aspectos do evento traumático são expressos.)
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o sentimento do sonho
estão relacionados ao evento traumático (Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem
conteúdo identificável)
3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o
evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um
continuum, com a expressão mais extrema na forma de uma perda completa de percepção
do ambiente ao redor.)
Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer na brincadeira.
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou
externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se
assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
TEPT – Critérios Diagnósticos
C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento
traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme
evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:
1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou
sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao
evento traumático.
2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas,
lugares, conversas, atividades, objetos, situações) que despertem
recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de
ou associados de perto ao evento traumático.
TEPT – Critérios Diagnósticos
D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático
começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por
dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente
devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool
ou drogas).
2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos
outros e do mundo (p. ex., “Sou mau”, “Não se deve confiar em ninguém”, “O mundo é
perigoso”, “Todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre”).
3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências do evento
traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros.
4. Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha).
5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas.
6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros.
7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar
sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).
TEPT – Critérios Diagnósticos
E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao
evento traumático, começando ou piorando após o evento,
conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou
nenhuma provocação) geralmente expressos sob a forma de
agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos.
2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo.
3. Hipervigilância.
4. Resposta de sobressalto exagerada.
5. Problemas de concentração.
6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou manter o
sono, ou sono agitado).
TEPT – Critérios Diagnósticos

F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês.


G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e
prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma
substância (p. ex., medicamento, álcool) ou a outra condição
médica.
TEPT – Especificadores
Com sintomas dissociativos: Os sintomas do indivíduo satisfazem os
critérios de transtorno de estresse pós-traumático, e, além disso, em
resposta ao estressor, o indivíduo tem sintomas persistentes ou
recorrentes de:
1. Despersonalização: Experiências persistentes ou recorrentes de
sentir-se separado e como se fosse um observador externo dos
processos mentais ou do corpo (p. ex., sensação de estar em um
sonho; sensação de irrealidade de si mesmo ou do corpo ou como
se estivesse em câmera lenta).
2. Desrealização: Experiências persistentes ou recorrentes de
irrealidade do ambiente ao redor (p. ex., o mundo ao redor do
indivíduo é sentido como irreal, onírico, distante ou distorcido).
TEPT – Questões culturais
O risco do surgimento e da gravidade do TEPT pode diferir entre
grupos culturais em função da variação no tipo de exposição
traumática (p. ex., genocídio), do impacto do significado atribuído
ao evento traumático na gravidade do transtorno (p. ex.,
incapacidade de fazer os ritos funerários depois um evento com
mortes em massa), do contexto sociocultural vigente (p. ex., morar
entre criminosos não punidos em contextos pós-conflito) e de
outros fatores culturais (p. ex., estresse de aculturação em
imigrantes). O risco relativo de TEPT de exposições específicas (p.
ex., perseguição religiosa) pode variar entre grupos culturais. A
expressão clínica dos sintomas ou conjuntos de sintomas de TEPT
pode variar em termos culturais, particularmente com relação a
sintomas de evitação e torpor, sonhos angustiantes e sintomas
somáticos (p. ex., tontura, falta de ar, sensações de calor).
TEPT – Diagnóstico Diferencial
Transtornos de ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo. No
TOC, existem pensamentos intrusivos recorrentes, mas estes
satifazem os critérios de uma obsessão. Além disso, os pensamentos
intrusivos não estão relacionados a um evento traumático
vivenciado; compulsões costumam estar presentes; e outros
sintomas de TEPT ou transtorno de estresse agudo estão em geral
ausentes. Nem os sintomas de excitação e dissociativos do
transtorno de pânico, nem a evitação, a irritabilidade e a ansiedade
do transtorno de ansiedade generalizada estão associados a um
evento traumático específico. Os sintomas do transtorno de
ansiedade de separação estão claramente relacionados à separação
do lar ou da família, em vez de a um evento traumático..
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
Classificação: Transtorno Obsessivo
Compulsivo e outros transtornos
relacionados
Inclui: transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno
dismórfico corporal, transtorno de acumulação, tricotilomania
(transtorno de arrancar o cabelo), transtorno de escoriação (skin-
picking), transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno relacionado
induzido por substância/medicamento, transtorno obsessivo-
compulsivo e transtorno relacionado devidos a outra condição
médica, outro transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno
relacionado especificado e transtorno obsessivo- -compulsivo e
transtorno relacionado não especificado (p. ex., transtorno de
comportamento repetitivofocado no corpo, ciúme obsessivo).
Transtorno Obsessivo Compulsivo e
outros transtornos relacionados
Presença de obsessões e/ou compulsões. Obsessões são
pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que
são vivenciados como intrusivos e indesejados, enquanto
compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que
um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma
obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas
rigidamente. Alguns outros transtornos obsessivo-compulsivos e
transtornos relacionados também são caracterizados por
preocupações e por comportamentos repetitivos ou atos mentais
em resposta a preocupações. Outros transtornos obsessivo-
compulsivos e transtornos relacionados são caracterizados
principalmente por comportamentos repetitivos recorrentes
focados no corpo.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Critérios Diagnósticos
A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas:
Obsessões são definidas por a) Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e
persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são
experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos,
causam acentuada ansiedade ou sofrimento; b) O indivíduo tenta ignorar ou
suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá--los com algum
outro pensamento ou ação.
As compulsões são definidas por (1) e (2):
1. Comportamentos repetitivos ou atos mentais que o indivíduo se sente
compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que
devem ser rigidamente aplicadas.
2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade
ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses
comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam
neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Critérios Diagnósticos
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. ex., tomam mais
de uma hora por dia) ou causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso,
medicamento) ou a outra condição médica.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Critérios Diagnósticos
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro
transtorno mental (p. ex., preocupações excessivas, como no
transtorno de ansiedade generalizada; preocupação com a
aparência, como no transtorno dismórfico corporal; dificuldade de
descartar ou se desfazer de pertences, como no transtorno de
acumulação; arrancar os cabelos, como na tricotilomania
[transtorno de arrancar o cabelo]; beliscar a pele, como no
transtorno de escoriação [skin-picking]; etc.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Especificadores
Especificar se:
Com insight bom ou razoável: O indivíduo reconhece que as crenças
do transtorno obsessivo--compulsivo são definitiva ou
provavelmente não verdadeiras ou que podem ou não ser
verdadeiras.
Com insight pobre: O indivíduo acredita que as crenças do
transtorno obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras.
Com insight ausente/crenças delirantes: O indivíduo está
completamente convencido de que as crenças do transtorno
obsessivo-compulsivo são verdadeiras.
Especificar se:
Relacionado a tique: O indivíduo tem história atual ou passada de
um transtorno de tique.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Questões culturais

O TOC ocorre em todo o mundo. Existem semelhanças substanciais


entre as culturas na distribuição por gênero, idade de início e
comorbidade do transtorno. Além do mais, em todo o globo existe
uma estrutura de sintomas similar envolvendo limpeza, simetria,
acúmulo, pensamentos tabus ou medo de danos. No entanto,
existem variações regionais na expressão dos sintomas, e os fatores
culturais podem moldar o conteúdo das obsessões e compulsões.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Diagnóstico diferencial
Transtornos de ansiedade. Pensamentos recorrentes, comportamentos de esquiva
e solicitações repetitivas de tranquilização também podem ocorrer nos
transtornos de ansiedade. Entretanto, os pensamentos recorrentes que estão
presentes no transtorno de ansiedade generalizada (i.e., preocupações) são
geralmente relacionados a preocupações da vida real, enquanto as obsessões do
TOC não costumam envolver preocupações da vida real e podem incluir conteúdo
estranho, irracional ou de natureza aparentemente mágica; além disso, as
compulsões frequentemente estão presentes e em geral são ligadas às obsessões.
Assim como os indivíduos com TOC, aqueles com fobia específica podem ter uma
reação de medo a objetos ou situações específicas; no entanto, na fobia
específica, o objeto temido está geralmente muito mais circunscrito, e os rituais
não estão presentes. No transtorno de ansiedade social (fobia social), os objetos
ou situações temidas estão limitados às interações sociais, e a esquiva ou busca
de tranquilização é focada na redução desse medo social.
Transtorno Obsessivo Compulsivo –
Diagnóstico diferencial
Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva. Embora o transtorno da
personalidade obsessivo-compulsiva e o TOC tenham nomes semelhantes, suas
manifestações clínicas são bem diferentes. O transtorno da personalidade
obsessivo-compulsiva não é caracterizado por pensamentos intrusivos, imagens
ou impulsos ou por comportamentos repetitivos que são executados em resposta
a essas intrusões; em vez disso, ele envolve um padrão mal-adaptativo duradouro
e disseminado de perfeccionismo excessivo e controle rígido. Se um indivíduo
manifesta sintomas de TOC e transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva,
ambos os diagnósticos podem ser dados.

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