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Conceito de Fobia

Segundo o dicionário, fobia é um medo exagerado. Já para a ciência é um tipo de distúrbio


psicológico. O paciente sente repulsa, um medo persistente e incontrolável de algo específico ou
de determinada situação. E o que perturba o fóbico é algo totalmente inofensivo para as outras
pessoas. Esse pavor pode ter sido causado por um trauma do passado ou ainda não ter uma causa
aparente. Estima-se que 20% da população mundial sofra de algum tipo de fobia. Os sintomas
variam e vão além do desequilíbrio emocional.

Fobia é um tipo de perturbação da ansiedade caracterizado por medo ou aversão persistente a um


objeto ou uma situação. As fobias geralmente causam o aparecimento súbito de medo e estão
presentes por mais de seis meses. A pessoa afetada exerce grandes esforços para evitar a situação
ou o objeto, geralmente a um grau superior em relação ao perigo real do próprio objeto ou
situação. Quando não é possível o objeto ou a situação serem evitados, a pessoa afetada apresenta
sinais acentuados de aflição. No caso de fobia ao sangue ou a ferimentos pode ocorrer desmaio, e
no caso de agorafobia são comuns ataques de pânico. Geralmente, um indivíduo apresenta fobias
a diversos objetos ou situações.

A fobia é caracterizada por um medo irracional. “Pessoas fóbicas sentem tanto medo que evitam
determinadas situações, pessoas e lugares para não se expor ao perigo. Quando expostos ao
objeto causador da fobia, esses indivíduos apresentam uma série de sintomas físicos: falta de ar,
taquicardia, tremedeira e ataques de pânico “, explica a SBIE (Sociedade Brasileira de
Inteligência Emocional)

Segundo o Manual MSD, “as fobias específicas são o tipo mais comum de transtorno de
ansiedade. As pessoas que têm uma fobia específica evitam as situações ou os objetos específicos
que desencadeiam sua ansiedade ou medo, ou os suportam sob intensa angústia, o que algumas
vezes resulta em ataque de pânico. No entanto, reconhecem que sua ansiedade é excessiva e, por
essa razão, estão conscientes de que têm um problema”.

A fobia e seu significado etimológico mora em raízes gregas através do termo “medo”. O medo é
uma emoção desagradável, porém necessária. É a resposta bioquímica do nosso corpo frente ao
perigo e envolve sudorese, aumento da frequência cardíaca e níveis elevados de adrenalina. É um
sinal que o organismo dá para que consigamos fugir ou lutar contra esse perigo.
A resposta emocional ao medo depende de indivíduo para indivíduo. Alguns, se sentem bem com
a adrenalina produzida diante de situações perigosas. Outros, entretanto, evitam esses episódios a
qualquer custo.

O medo na psicologia freudiana é entendido como um sentimento desencadeado pela ameaça de


castração, pelos desejos reprimidos e mal resolvidos na infância e pelos processos primitivos de
pensamento. O psicanalista austríaco Sigmund Freud, considerado o ” pai da psicanálise”, explica
a tese a partir de Hans, um menino que sente enorme medo de cavalos. Mas a partir de sua
análise, o psicanalista concluiu que não era o medo direto dos cavalos a fonte da fobia, afinal, os
medos nos fazem confrontar outras angústias que nos corroem desde o nascimento.

Fobia é doença e já atinge cerca de 20% da população mundial, segundo o Instituto Nacional de
Saúde americano. O medo faz parte da vida e desde muito cedo, somos ensinados conviver com
ele. Seja através das histórias de ninar ou dos contos populares como o bicho-papão, boi da cara
preta e lobo mau, o objetivo é colocar medo nas crianças a fim de frear atitudes imprudentes e
ensinar alguma moral. Sentir medo é normal pois, em níveis equilibrados, ele doutrina a mente
em como agir em determinadas situações.

Diferença entre Medo e Fobia

O medo é considerado uma emoção básica, ou primária, de adaptação do homem frente a


situações de ameaça ou perigo enfrentadas ao longo de sua história evolutiva. Esse estado
emocional é universal, ou seja, é compartilhado entre indivíduos de todas as culturas.

Essa resposta imediata a eventos ambientais ou pensamentos internos desencadeia mudanças de


raciocínio e comportamento. Isso acontece porque a emoção é formada por três componentes:
resposta fisiológica, como taquicardia e sudorese; resposta comportamental, como olhos
arregalados; e sensação, em que a pessoa interpreta essas respostas corporais como “estou com
medo”.

Já a ansiedade é uma mistura de emoções, em que o medo é predominante. Esse sentimento ajuda
as pessoas a anteciparem eventos futuros e a buscarem novas formas de enfrentar os desafios,
sendo também parte normal e benéfica na vida diária. Os níveis de medo e ansiedade variam de
pessoa para pessoa, podendo aumentar ou diminuir de acordo com a circunstância.
Em situações de ameaça ou perigo, o medo e a ansiedade se relacionam, gerando um estado de
apreensão e tensão e comportamentos de proteção, defesa, fuga e esquiva. Porém, quando a
ansiedade ou o medo é angustiante, persistente ou incontrolável na ausência de perigo real, é um
indício de que a pessoa está sofrendo de fobia.

Portanto, a grande diferença entre o medo e a fobia é a intensidade dos sentimentos e das
emoções e as consequências negativas que esse distúrbio traz para a vida da pessoa.

Sintomas

Pessoas que apresentam fobias geralmente conhecem as causas dos seus medos e evitam ao
máximo entrar em contato com o que temem, não apresentando sintomas expressivos no dia a
dia. Porém, em alguns casos, o simples fato de pensar na origem da fobia já desencadeia uma
série de manifestações adversas.

Apesar de variarem de acordo com o tipo e o grau do transtorno, alguns sintomas são comuns a
maioria das fobias e aparecem de forma repentina, principalmente quando ocorre um ataque de
pânico. Entre os sintomas físicos, podemos destacar:

 tontura e vertigem;
 náusea;
 tremores;
 calafrios;
 dor de cabeça;
 tensão muscular;

Há também sintomas psicológicos, como preocupação excessiva, fixação nos problemas,


irritabilidade, dificuldade para dormir, desorientação, confusão mental e medo de perder o
controle, de enlouquecer ou de morrer.

Em alguns casos, dois ou mais problemas de saúde mental acometem o mesmo indivíduo, como
transtorno de ansiedade e depressão, podendo levar ao aparecimento de outros sintomas. Por isso,
é importante procurar orientação de profissionais para receber um diagnóstico completo e
preciso.

Tratamento
As fobias são transtornos mentais incapacitantes que devem ser tratados por especialistas a fim de
trazer mais qualidade de vida ao indivíduo e evitar o desenvolvimento de outros problemas de
saúde, como depressão, isolamento social e pensamentos de morte.

Como visto, o medo irracional e incontrolável pode gerar sofrimento e trazer limitações
relevantes no dia a dia das pessoas, por isso o diagnóstico e o tratamento precoces das fobias é
fundamental para a manutenção da saúde do indivíduo, evitando constrangimentos e limitações.

O tratamento de uma fobia deve ser iniciado após um diagnóstico minucioso, que abranja
aspectos físicos, cognitivos e psicossociais. Essa avaliação clínica detalhada serve como ponto de
partida para a escolha das técnicas mais eficazes para atender às necessidades específicas de cada
paciente.

Os principais tratamentos para esse tipo de transtorno são os medicamentosos e os


psicoterapêuticos, que podem ser indicados pelos médicos de maneira isolada ou conjunta,
dependendo das causas do problema e do grau de incapacitação da pessoa atendida.

Fobia social

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais - DSM-IV-TR, da


Associação Psiquiátrica Americana (2002), o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) ou Fobia
Social caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho
nas quais o indivíduo teme se sentir envergonhado ou embaraçado. Os principais medos estão
relacionados à exposição, como parecer ridículo, dizer tolices, ser observado pelas outras
pessoas, interagir com estranhos ou pessoas do sexo oposto, ser o centro das atenções, comer,
beber ou escrever em público, falar ao telefone e usar banheiros públicos.

Fobia social ou ansiedade social é um transtorno originado da ansiedade intensa ou medo de ser
julgado, avaliado negativamente ou rejeitado em uma situação social ou em um período de
avaliação de desempenho.

Pessoas com fobia social podem se preocupar em excesso ou agir de forma visivelmente ansiosa
em situações sociais (corar, gaguejar, perder o ar enquanto falam, entre outros). Como resultado,
muitas vezes evitam situações sociais, sofrendo com extrema angústia.
Muitas pessoas com transtorno de ansiedade social também experimentam fortes sintomas
físicos, como ritmo cardíaco acelerado, náusea e sudorese, e podem sofrer ataques completos
quando confrontados com uma situação temida. Embora reconheçam que seu medo é excessivo e
irracional, as pessoas com fobia social frequentemente se sentem impotentes diante de sua
ansiedade.

Causa

A principal responsável pela formação e controle das emoções em nosso cérebro é a chamada
amígdala cerebelosa. Pessoas que possuem essa estrutura funcionando em maior atividade, são
capazes de apresentar quadros maiores de ansiedade e insegurança na medida em que são postas
em momentos de sociabilidade.

O que parece estar relacionado a causas genéticas como a hereditariedade, por exemplo, a Fobia
Social está mais propensa a ser uma doença com características de ser aprendida pelo ambiente
no qual a pessoa está inserida. Alguns psicólogos afirmam que se pode associar a Fobia Social
com a forma como a pessoa foi educada pelos pais, ou por algum trauma que tenha sofrido na
infância, como bullying, rejeição ou ridicularização.

Agorafobia

A palavra agorafobia é usada para designar o medo irracional de lugares abertos, fechados ou de
multidões devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que não terá ninguém por
perto para receber auxílio caso apresente sintomas incapacitantes, como pânico ou crises agudas
de ansiedade.

Normalmente, quem sofre desse transtorno fica muito dependente de outras pessoas, pois precisa
ter uma companhia sempre por perto para ter a sensação de segurança. A falta de independência e
de confiança em si mesmo pode trazer muito sofrimento emocional para o indivíduo com
agorafobia.

O simples fato de sair de casa para ir ao supermercado ou à farmácia, por exemplo, pode se
transformar em uma experiência terrível e ameaçadora. Apesar de saberem que seus medos são
irracionais, os agorafóbicos não conseguem deixar de pensar que estão em constante perigo.

Causas da agorafobia
Não se sabe quais são as causas exatas, mas alguns médicos dizem que pode estar ligado também
a aspectos biológicos. Além disso, esse transtorno é mais comum em mulheres e se manifesta, na
maioria dos casos, entre o final da adolescência e o começo da idade adulta.

Fatores de risco da agorafobia:

 Outros transtornos de ansiedade, fobias ou pânico;


 Ambiente de estresse;
 Reações com crise de pânico e medo irracional excessivo;
 Abuso de substâncias – o uso crônico de tranquilizantes e pílulas para dormir, como os
benzodiazepínicos;
 Comportamento ansioso, inquieto e nervoso;
 Memória de eventos traumáticos;
 Infância violenta;
 Histórico da doença na família.

Acrofobia

A acrofobia é caracterizada pelo medo irracional de altura e pode ser causada por diversos
fatores, como instinto de sobrevivência exacerbado e experiências traumáticas. Uma pessoa que
caiu de um lugar alto ou presenciou um acidente envolvendo queda livre, por exemplo, tem
grandes chances de desenvolver esse tipo de fobia.

Os indivíduos que sofrem desse transtorno costumam apresentar sintomas físicos e emocionais
intensos quando estão em locais altos, como vertigem, tremor e pânico. Nos quadros mais graves,
o acrofóbico não consegue subir escadas, morar em prédios, entrar em elevadores ou dirigir sobre
pontes.

Aerofobia

Diferentemente do que muitos pensam, uma pessoa que sofre de acrofobia nem sempre terá medo
de andar de avião. Por isso, há um nome específico para o medo irracional de voar, que é
aerofobia. Geralmente, a pessoa que desenvolve esse transtorno de ansiedade se restringe ao uso
de transportes terrestres ou marítimos.
A aerofobia pode limitar a vida do indivíduo tanto em questões de lazer quanto profissionais, pois
muitos acrofóbicos deixa de viajar para outros países nas férias, de participar de congressos
internacionais ou de ir a reuniões em filiais estrangeiras da empresa devido à ansiedade
incontrolável que esta situação causa.

Claustrofobia

Permanecer por muito tempo em um lugar fechado e pequeno é o maior temor dos
claustrofóbicos. Esse transtorno muitas vezes é confundido com a agorafobia, mas apresenta
características distintas de diagnóstico. Quem sofre desse transtorno sente medo do confinamento
em ambientes fechados.

Entrar em elevadores, trens do metrô e aparelhos de ressonância magnética, por exemplo, pode
paralisar ou causar pânico em indivíduos que desenvolvem essa fobia, dificultando suas relações
sociais e atividades do cotidiano. Estima-se que a claustrofobia atinja cerca de 4% da população.

Coulrofobia

O medo irracional de palhaços é denominado coulrofobia e, na maioria dos casos, é desenvolvido


devido a experiências traumáticas na infância. Embora sejam coloridas e alegres, essas criaturas
mascaradas típicas do circo transformaram-se no pesadelo de muitas pessoas.

As expressões faciais desconhecidas e os gestos exagerados dos palhaços são alguns dos atributos
que causam pânico em quem sofre desse transtorno de ansiedade. Além disso, muitos filmes e
seriados de terror têm o palhaço como protagonista, o que pode ter contribuído para o aumento
dessa fobia entre adolescentes e adultos.

Glossofobia

Apesar de ser um grande desafio, muitas pessoas conseguem vencer a ansiedade de apresentar
trabalhos ou fazer apresentações na frente de uma plateia. Mas, quando essa situação é
paralisante e causa um medo persistente, é um alerta para o diagnóstico de transtorno mental.

Glossofobia é o termo usado para designar o medo irracional de falar em público. Um estudo
publicado no International Journal of Research indica que aproximadamente 75% das pessoas
sofrem dessa fobia. Esse transtorno traz diversas complicações para a vida social do indivíduo, já
que essas situações ocorrem com frequência na escola e no ambiente de trabalho.
Hematofobia

Hematofobia, ou hemofobia, é o nome dado à patologia psicológica apresentada por pessoas que
têm medo exagerado e irracional de ver sangue. O sintomas mais comuns são desmaio, enjoo,
tontura, calafrio e falta de ar. Porém, esses sintomas podem variar de pessoa a pessoa dependendo
do grau do transtorno.

Alguns hematofóbicos também podem desenvolver medo de objetos cortantes e perfurantes,


como facas e agulhas, que podem estar associados ao sangramento. Por isso, muitas vezes deixam
de fazer exames médicos que necessitam da retirada de sangue e uso desses instrumentos
médicos. Como qualquer distúrbio exagerado, a pessoa precisa ser tratada para que não afete sua
qualidade de vida.

Ofidiofobia

O medo irracional de cobras ou serpentes é chamado de ofidiofobia. Assim como a aracnofobia,


esse é um dos transtornos de ansiedade mais comuns envolvendo animais. As pessoas que
desenvolvem essa patologia começam a passar mal e a apresentar sintomas de pânico ao se
depararem com esse tipo de réptil.

Em casos mais graves, somente a menção ou a visualização de uma imagem de cobra pode levar
a pessoa a uma intensa reação de pavor, calafrios e, em alguns casos, problemas cardíacos.

Um dos motivos que tornam essa fobia uma das mais prevalentes na população geral é o fato de
que algumas espécies de cobras são peçonhentas, ou seja, injetam seus venenos nas vítimas,
sendo, muitas vezes, mortais. Mesmo sem nunca ter tido contato direto com esses animais, as
pessoas podem desenvolver esse tipo de transtorno de ansiedade.

Para alguns neurocientistas, o medo de cobras é uma herança ancestral, pois esses animais
representavam uma grande ameaça à sobrevivência, principalmente para os povos primitivos. Ao
longo da evolução, as pessoas começaram a detectar os répteis que conseguiam se camuflar
facilmente entre o mato e as árvores, reconhecendo o perigo.

Tripofobia

Apesar de parecer inusitado, a aversão a padrões irregulares ou a agrupamentos de pequenos


buracos ou saliências atinge cerca de 15% da população. Segundo uma pesquisa realizada na
Universidade Emory, nos Estados Unidos, a tripofobia está mais relacionada à emoção de nojo do
que de medo.

Os dados da pesquisa mostram que a reação das pessoas frente a um conjunto de furos ou buracos
está relacionada a um mecanismo visual primitivo presente em todos os seres humanos. Ao
contrário da resposta de luta ou fuga própria do medo, os voluntários do estudo tiveram uma
resposta que retardou a ação, emitindo um alerta de cautela.

Existem também fobias específicas incomuns, como a amaxofobia — medo de estar em um


veículo em movimento —, a araquibutirofobia — medo de que comidas pastosas grudem no céu
da boca —, a barofobia — medo da gravidade —, a geliofobia — medo de risadas —, e a
gnomofobia — medo de gnomos de jardim.

Intervenção Psicológica

Algumas abordagens psicoterapêuticas têm sido eficazes no tratamento de fobias, principalmente


a terapia de exposição e a terapia cognitivo-comportamental. Essas modalidades baseiam-se na
aplicação de técnicas psicológicas para entender as causas do transtorno e fazer com que a pessoa
confronte as situações causadoras da ansiedade ou do medo.

As sessões de psicoterapia devem ser regulares para chegar aos objetivos traçados. Nesse
processo, o papel do profissional é fazer com que a pessoa compreenda que é possível enfrentar
seus medos e temores mais profundos de forma a superar sua fobia e aumentar sua autoestima.

A escolha da psicoterapia mais adequada depende de vários fatores, como evolução do


transtorno, sintomas apresentados, histórico clínico e colaboração do paciente atendido. Esse tipo
de tratamento visa desde a solução de problemas até a modificação de comportamentos, para que
o indivíduo conheça a si mesmo e o mundo a seu redor.

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