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RESUMO
O objetivo deste trabalho, desenvolvido por pesquisa bibliográfica, é apresentar a
origem da implementação de agências reguladoras na economia Norte Americana
incorporadas com o objetivo de evitar a desestabilização econômica e financeira.
Relatar a opção do Brasil em implementar as agências reguladoras. Mencionar que o
modelo de regulação tradicional não mais atende às necessidades do mercado, por não
conseguir apresentar as respostas necessárias no tempo adequado. Descrever o novo
modelo de regulação, exposto por Julia Black, regulação policêntrica, que flexibiliza a
unilateralidade do Estado se mostra mais assertivo, mias preciso, visto que busca
envolver todos os atores do mercado regulado. Mostrar que a autorregulação, não é um
fenômeno novo, presente no Brasil, desde o final da década de 70, representado pelo
Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). Exibir casos
recentes de autorregulação, como a plataforma não me perturbe, PIX e Open Banking.
Expor, ao final, os benefícios trazidos ao Estado, aos regulados e aos beneficiários do
serviço regulador advindos desta nova governança.
SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO
3
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Como sair do regime liberal de política econômica e da quase-
estagnação desde 1990. Estudos Avançados [online]. 2017, v. 31, n. 89.
4
BRASIL, Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990.
5
amplo processo de privatizações. É correto afirmar também que não conseguiu apurar
grandes resultados. A segunda, no governo do presidente Itamar Franco, que mantendo a
legislação criada e aliada com a experiência do governo anterior, possibilitou melhores
resultados. Entretanto, durante o governo FHC, foi, de fato, a mais ampla e bem-
sucedida fase do programa de desestatização e os resultados obtidos se fizeram da soma
da convicção do Governo em implementar o programa, aliado à melhora do cenário
macroeconômico e maior apoio político, constituindo a terceira fase 5. Importante expor
que somente neste momento, da terceira fase, que se iniciaram as desestatizações do
âmbito estatual, facilitadas com o advento a lei 9.491/97.
A remodelação da função do Estado para um modelo gerencial, visando diminuir
o tamanho do Estado, para tanto, transferiu para o setor privado serviços públicos
anteriormente executados com exclusividade pelo estado. Entretanto, o fato da
transferência de determinados serviços públicos serem prestados por ente não estatal,
não modifica a natureza pública do mesmo6. O que altera, radicalmente, é a função do
Estado, que conserva a responsabilidade e dever, em relação à prestação de forma
adequada e eficiente do serviço. Mas, por um outro lado, deixa de ser o executor e
assume o papel de planejamento, regulação e fiscalização. É nesse contexto histórico
que são implementadas, por iniciativa do Estado na economia brasileira, as agências
reguladoras7. Assim, com a retirada do Estado da exploração direta da atividade
econômica, mas ainda responsável, houve a necessidade da implementação das agências
reguladoras, o que de fato ocorreu junto com o processo de desestatização da economia.
Idealmente, as agências têm a sua razão de existir para combater as falhas de
mercado que devem ser corrigidas e só se justifica a sua existência, caso haja a
necessidade de regulação para assegurar a competitividade de setores da economia,
diminuir custos de transação inerente à provisão de bens e serviços públicos, e ainda,
para que sejam prestados com eficiência, qualidade e preços competitivos8.
5
GUERRA, Sérgio. Regulação estatal sob a ótica da organização administrativa brasileira.
Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 11, n. 44, p. 229-248,
out./dez. 2013.
6
BARROSO, Luís Roberto, Agências Reguladoras. Constituição, Transformações do Estado e
legitimidade Democrática R. Dir. Adm. Rio de Janeiro. 229: 285-3 J I. Jul./Set. 2002.
7
GUERRA, Sérgio (Org). Regulação no Brasil: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2014.
8
MATTOS. Mauro Roberto Gomes de, in Agências reguladoras e as suas características, Revista
de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, 218:71-91, out./dez 1999.
6
11
FARIAS, Pedro César Lima de, RIBEIRO, e Sheila Maria Reis, in Regulação e os novos modelos
de gestão no Brasil Revista do Serviço Público, Ano 53, Número 3, Jul-Set 2002, p. 10.
12
BRASIL, Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996.
7
13
GUERRA, Sérgio. Regulação estatal sob a ótica da organização administrativa brasileira.
Revista de Direito Público da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 11, n. 44, p. 229-248,
out./dez. 2013.
14
FERRARI, Isabela. Nova Governança. Insights para o aprimoramento da regulação estatal. In
MENDES, Fernando Marcelo; ALVES, Clara da Mota Santos Pimenta; DOMINGUES, Paulo Sérgio
(Orgs.). Brasília: AJUFE, 2019.
8
que em nossos dias, vivencia-se uma fase, por ela denominada de “Estado Pós-
Regulatório” e que a regulação se apresenta de forma policêntrica, de múltiplos agentes,
com características específicas. Configura a ideia central, da regulação mencionada, a
complexidade, fragmentação, interdependência, autonomia (ou ingovernabilidade) e a
ausência de distinção entre público e privado. 15
A complexidade, trazida Julia Black16, compreende que a decisão, tomada por
um dos agentes, reflete nos outros que com ele interagem. A fragmentação, significa
dizer que o estado não pode saber da indústria, mais que ela mesma 17. Neste sentido, os
players do mercado conhecem as nuances de sua área de atuação mais que o governo, e
daí, podem propor regulamentações mais efetivas, eficazes, bem como a fixação de
sanções, que inibam o descumprimento dos atos regulatórios estabelecidos 18. Deste,
deriva interdependência, que busca a quebra do paradigma de que o Estado tem
potencial para solucionar todos os problemas da sociedade. A autonomia (ou
ingovernabilidade) expressa na capacidade dos regulados tende a repetir de maneira
autônoma os regramentos apresentados por eles mesmos, mais que os impostos por
terceiros, constituindo a autorregulação. Por fim, a ausência de distinção entre público e
privado, no sistema regulatório proposto, o sistema de regulação se faz pelo
entrelaçamento de vários atores envolvidos, figurando Estado um desses, e ainda com
uma atuação importante. Desmitificando a ideia de regulação, como uma sanção estatal,
abrindo caminho para soluções eficientes, com a implementação da regulação de
iniciativa privada, com a participação do Estado, a corregulação. Avançando para outro
tipo de regulação, a autorregulação. Aquela desenvolvida pelos próprios regulados, sem
a participação estatal, portanto, não depende interveniência do Estado, autorização
legislativa, para a sua criação e desenvolvimento dos trabalhos regulatórios, que são
desenvolvidos pelos players do mercado, o que motiva o cumprimento das regras
15
GOETTENAUER, C. O Sistema Financeiro Brasileiro, Política de Segurança Cibernética e
Proteção de Dados Pessoais: uma Abordagem sob a Ótica da Regulação Policêntrica. Revista de
Direito, Estado e Telecomunicações, Brasília, v. 12, nº 2, p. 172-186, outubro de 2020. p. 175.
16
BLACK, Julia. (2001). Decentring Regulation: Understanding the Role of Regulation and Self-
Regulation in a 'Post-Regulatory' World. Current Legal Problems. 54. 10.1093/clp/54.1.103
17
BLACK, Julia. (2001). Decentring Regulation: Understanding the Role of Regulation and Self-
Regulation in a 'Post-Regulatory' World. Current Legal Problems. 54. 10.1093/clp/54.1.103.
18
BLACK, Julia; KINGSFORD SMITH, Dimity. Critical reflections on regulation [Plus a reply by
Dimity Kingsford Smith.]. Australasian Journal of Legal Philosophy, v. 27, n. 2002, p. 1-46, 2002.
9
estabelecias, pois foram desenvolvidas pelos próprios regulados19. Aqueles que mais
conhecem os detalhes, os desafios, os atalhos, bem como, as práticas lesivas que
prejudicam os consumidores, os concorrentes e ainda, as práticas que colocam em risco
a própria atividade desenvolvida, por estas razões possuem a capacidade de encontrar
soluções que resguardem a todos envolvidos.
19
BALDWIN, R.; BLACK, J. Really Responsive Regulation. Revista de Direito Administrativo, [S.
l.], v. 281, n. 2, p. 45–90, 2022. DOI: 10.12660/rda.v281.2022.86044.
20
BRASIL, Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019.
21
BRASIL, Lei 13.874, de 20 de sembro de 2019.
10
22
BLACK, j. (1996), Constitutionalising Self-Regulation. The Modern Law Review, 59: 24-55.
https://doi.org/10.1111/j.1468-2230.1996.tb02064.x, acessado em 12/01/2022
23
http://www.conar.org.br/ sobre o CONAR historia, acessado em 28/11/2022.
24
RANGEL, Juliana Cabral Coelho, R. BNDES, Rio de Janeiro, v. 28, n. 55, p. 87-111, jun. 2021.
11
25
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/gtpagamentos, acessado em 02/12/2022.
26
BLACK, Julia. Proceduralisation and polycentric regulation. Especial 1 DIREITO GV L. Rev., p. 99,
2005.
27
https://www.naomeperturbe.com.br/, acessado em 02/12/2022.
12
CONCLUSÃO
28
ANDRADE Vitor Morais de, e SILVA Alexandre Almeida da. Autorregulação do setor de
telecomunicações O que ganham os consumidores e quais os desafios para o setor? disponível
em https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/autorregulacao-telecomunicacoes-28022021,
acessado em 12/01/2022.
29
https://www.cnnbrasil.com.br/business/plataforma-nao-me-perturbe-fecha-2021-com-quase-10-
milhoes-de-numeros-registrados/#:~:text=A%20plataforma%20N%C3%A3o%20me%20Perturbe,de
%20n%C3%BAmeros%20de%20telefone%20cadastrados. Acessado em 12/12/2022
30
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/estatisticaspix. Acessado em 06/12/2022
13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE Vitor Morais de, e SILVA Alexandre Almeida da. Autorregulação do setor
de telecomunicações O que ganham os consumidores e quais os desafios para o
setor? disponível em https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/autorregulacao-
telecomunicacoes-28022021, acessado em 12/01/2022.
FARIAS, Pedro César Lima de, RIBEIRO, e Sheila Maria Reis, in Regulação e os
novos modelos de gestão no Brasil Revista do Serviço Público, Ano 53, Número 3,
Jul-Set 2002.
https://www.cnnbrasil.com.br/business/plataforma-nao-me-perturbe-fecha-2021-com-
quase-10-milhoes-de-numeros-registrados/#:~:text=A%20plataforma%20N%C3%A3o
%20me%20Perturbe,de%20n%C3%BAmeros%20de%20telefone%20cadastrados.
Acessado em 12/12/2022.
SOUTO, Sabine Mara Müller e JÚNIOR, Osvaldo Agripino de Castro, O papel das
agências reguladoras no Brasil, 13º Seminário Internacional – Democracia e
Constitucionalismo Universidade do Vale do Itajaí – Brasil.
RANGEL, Juliana Cabral Coelho, R. BNDES, Rio de Janeiro, v. 28, n. 55, p. 87-111,
jun. 2021.