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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 

Faculdade de Direito 
Economia – Prof. Fernando de Oliveira Marques 
Fernando Petta, Leticia Royzen, Lucas Akamine, Roberto Meirelles, Thayane Heloisa 
Um Capitalismo para o Povo. 
“A Capitalism for the People: Recapturing the Lost Genius of American Prosperity”. 
 
Introdução 
Luigi Zingales é um professor e economista italiano emigrado nos Estados
Unidos. Seus esforços são uma tentativa de oferecer alternativas para que o capitalismo
continue a vigorar no mundo. Ele enxerga hoje problemas que podem causar uma
quebra do sistema do livre-mercado, sendo este substituído pelo que ele chama de
“crony capitalism”, que em tradução livre pode ser descrito como “capitalismo
clientelista” ou até “capitalismo para os amigos”. Isso sugere que há no capitalismo, na
visão de Zingales, uma tendência que favorece as conexões em detrimento do esforço e
da competição – uma afronta aos princípios do livre-mercado. Vejamos as razões pelas
quais Zingales advoga por mudanças e as perspectivas que ele tem para o futuro. 
 
Biografia 
Luigi Zingales é um economista italiano, autor das obras “Um Capitalismo para
o Povo” e “Salvando o Capitalismo dos Capitalistas”. Ele nasceu em 8 de fevereiro de
1963 em Pádua, Itália. Em 1987, ele recebeu seu diploma de bacharel em economia
summa cum laude (que é um termo em latim que significa “com a maior das honras”, ou
seja, representa um reconhecimento ao alto nível acadêmico alcançado por Zingales em
seus estudos) da Università Bocconi na Itália e, mais tarde, em 1992, ele obteve seu
doutorado em economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ele ingressou
no corpo docente do Chicago Booth em 1992, onde atuou como Professor de
Empreendedorismo e Finanças. Ele também atua como membro do Comitê de
Regulamentação do Mercado de Capitais, que examina as questões legislativas,
regulatórias e jurídicas que afetam o funcionamento das empresas públicas. 
As condições socioeconômicas da Itália irão exercer um papel fundamental na
vida de Zingales. Isso porque ele nasce em um país inserido em um contexto de inflação
e desemprego, e, quando ele passa a analisar e estudar as causas, efeitos e circunstâncias
ao seu redor, desenvolve sua grande paixão pela economia. Junto dessa área, ele passa a
se interessar também pelas questões políticas que envolvem a economia, visando
entender e melhorar a situação da pobreza no mundo. Ele fez uma extensa pesquisa nas
áreas de governança corporativa, desenvolvimento financeiro, economia política e os
efeitos econômicos da cultura. Ele é co-desenvolvedor do Financial Trust Index, que
tem o objetivo de monitorar o nível de confiança que os americanos possuem em seu
sistema financeiro. Além de servir no Chicago Booth, Zingales também é pesquisador
do Center for Economic Policy Research e do European Governance Institute. Ele
também atua como diretor do Stigler Center da Universidade de Chicago.  
Sobre o motivo de Zingales ter se mudado para os EUA: Zingales nasceu na
Itália e quando começou a estudar percebeu que seu país não possui uma política a qual
as pessoas conquistam seus objetivos por meio do mérito, mas sim por conhecer pessoas
já poderosas (nepotismo): “Você é promovido com base em quem você conhece, não no
que você conhece”, ideia exposta por Silvio Berlusconi, magnata dublê de político e
governante do país por quase duas décadas. As pessoas que se colocaram contra esse
modo de governo se tornaram indivíduos da esquerda radical.  Por conta disso, Luigi foi
para os EUA, em 1988, e lá percebeu que os sonhos de qualquer um podiam ser
facilmente alcançados. Conseguiu ser contratado pela Universidade de Chicago sem
precisar negociar conexões familiares. Ele estava feliz com o modo que os EUA
lidavam com a economia e com as políticas administrativas. Mas logo percebeu que não
eram muito diferentes das práticas de seu país.
 Importante ressaltar uma comparação feita por Zingales entre o
nepotismo da Igreja Católica e as políticas econômicas italianas. Ele
também justifica o porquê de algumas situações econômicas darem certo
nos EUA e não no resto do mundo, usando a adoção do protestantismo
como incentivo para o trabalho na população.
 
Fator histórico de formação dos Estados Unidos 
Zingales expõe alguns fatores históricos para o desenvolvimento do capitalismo
nos Estados Unidos de maneira tão particular e distinta. Antes de se industrializar, os
Estados Unidos já eram uma democracia¹. Para Zingales, essa disposição histórica foi
decisiva para que se formasse um povo “intolerante a injustiça”. Juntamente a isso,
pode-se dizer que o Estado não era tão forte e impositivo como em outros países,
portanto, a forma mais eficaz de produzir riqueza seria construir um setor privado forte
e auto-suficiente2. Nota-se, por exemplo, que as leis anti-trustes foram articuladas ainda
no século dezenove nos Estados Unidos. 
Ao passo que, quando um governo é fraco, o setor privado é mais lucrativo,
quando um governo se torna mais forte e poderoso, a capacidade produtiva do setor
privado é regulada e tem claras dificuldades para progredir. Torna-se, então, mais
produtivo e eficiente associar-se ao setor público. Outra característica do capitalismo
americano decisivo para o seu “sucesso” foi a ausência de grandes influências
estrangeiras. Mesmo a Inglaterra, que permaneceu de certo modo influente na economia
americana, não só teve dificuldades como perdeu a disputa de independência econômica
e política. Os EUA então puderam crescer sem um imperialismo estrangeiro e puderam
exercer influência sobre muitos outros países a ponto de se tornarem a referência
econômica mundial. Por isso, em países industrializados depois da segunda Grande
Guerra, a regulamentação protecionista teve um papel definitivo e as conexões entre
setor privado e público eram mais determinantes para a ascensão do capital. Essa
estrutura de influência e poder, segundo Zingales, deu brecha para corrupção e
concentração de poder público na mão de gigantes do setor privado. Zingales ainda
aponta a ausência de movimentos marxistas nos Estados Unidos como um fator,
também determinante, para a disseminação de uma agenda pró-mercado.  
Todas essas características para que o capitalismo florescesse nos Estados
Unidos são as razões pelas quais a Itália, na visão de Zingales, sofre hoje com o
monopólio do poder econômico. A herança histórica italiana promoveu uma
concentração de capital e poder político na mão de poucos – em especial Silvio
Berlusconi – e promoveu um clientelismo perigoso e que hoje representa uma ameaça a
manutenção do capitalismo.  
Culturalmente, também é possível notar uma distinção dos Estados Unidos para
os outros países. Embora Zingales não determine especificamente o que da cultura
americana é tão distintivamente determinante, ele aponta alguns traços culturais que
influenciaram a ascensão do capital. O primeiro deles é uma base populista3 em que o
povo é quem faz a lei. Apesar da nota, o populismo de Zingales é um conceito
interessante pois distingui o fator impositivo de outras culturas; nos Estados Unidos, o
povo impõe a ele mesmo regras e condutas por ele mesmo criadas. Zingales vai além ao
associar esse pensamento ao sistema de direito de common-law ao determinar que a
criação de leis baseadas nas noções morais comuns aos partícipes da vida civil traduz
uma vontade geral e restringe, certa forma, a “politicagem”. 
 
O Capitalismo Americano de Antes 
O capitalismo dos Estados Unidos, era baseado totalmente no liberalismo
econômico, discorrido por Adam Smith em seu livro “Riqueza das nações”, o modelo
econômico “Leissez faire, laissez passer” que seria: deixa fazer, deixa passar e deixa
fluir. Esse conceito significa que é para o Estado deixar o próprio mercado se
autorregular, e não interferir na sua economia. Já que através da livre concorrência, os
mercados se especializariam em determinado produto para ter a vantagem absoluta,
ajustando assim seus valores, por meio da lei da oferta e da procura. Logo, sua
economia seria regulada como se houvesse uma mão invisível que a guiasse. O Estado,
por sua vez, teria uma participação mínima restrita às situações como: na defesa
nacional, garantir o direito à propriedade, manutenção de obras de instituições públicas,
entre outras.  
Dessa forma, caracteriza um mercado centralizado na economia, com medidas
que as beneficiam. Tal situação garantia a existência do "sonho americano”, uma vez
que a competitividade fomentava tanto o mercado quanto a população, por oferecer
recompensas aos esforços e mérito, essas eram dadas de forma justa, por
reconhecimento, acrescendo os salários reais e prosperidade do consumo. 
No entanto, esse sistema de mercado apresentou problemas em 1929, resultando
na crise da economia, sendo necessárias intervenções estatais com objetivo de a
recuperar. A partir desse acontecimento o Estado começou a regular o mercado, tanto
que de 1950 até o final dos anos 80, a legislação antitruste tinha grande força nos
Estados Unidos, por ser um regulamento que impõe regras de conduta e organização
para empresas, com o objetivo de manter uma concorrência leal entre as companhias e
reprimir o exercício considerado abusivo por parte do mercado. 
 
Crony Capitalism 
A definição de crony capitalism é dispersa, mas pode ser sintetizada da seguinte
maneira: uma forma de capitalismo que ao invés de seguir os fundamentos liberais de
competitividade e livre circulação de capital, privilegia as conexões e relações que
permitem a imposição de monopólios e a acumulação desigual de capital em detrimento
do esforço e empenho individual4. A partir dessa conceituação superficial, é possível
traçar uma linha histórica que demonstra não o surgimento da dicotomia, mas a
imposição dela mundialmente. 
Durante quase quarenta anos, o mundo esteve dividido em dois blocos
econômicos: o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco socialista
soviético, sob a influência da URSS. A distinção entre esses blocos é notável, mas, de
modo sucinto:  
No Capitalismo, se tem propriedade individual dos meios de produção, isto é,
cada indivíduo particular pode ser dono dos meios que produzem mercadoria e dos
eventuais lucros ou prejuízos. A maior parte dos recursos são trocados mediante a
voluntariedade, de modo que, possuindo algum tipo de recurso (mercadoria, bem, meio
de produção), um indivíduo necessita apenas de sua própria vontade para estabelecer
um contrato5. Portanto, há uma liberdade de firmamento contratual, em que se
restringem apenas a sua própria alienação. Tendo esses pressupostos determinados, há
liberdade para criação de negócios e empresas. No Socialismo Soviético6, os meios de
produção eram controlados pelos órgãos estatais, assim como a distribuição de recursos
e os determinantes de troca. Havia, também, restrições governamentais
para firmamentos contratuais e criação de negócios e empresas individuais. 
Até 1989 (talvez um pouco impreciso, mas, de modo geral essa é a limitação
histórica do período), o mundo vivia essa dicotomia. Zingales afirma que, após a queda
do muro de Berlim (9 de novembro de 1989), a dicotomia antiga se transformou, dado
que uma das partes deixou de existir. Agora as partes da dualidade eram faces da mesma
moeda7: o próprio sistema capitalista, dividido em Competitive Capitalism (capitalismo
competitivo) e Crony Capitalism (capitalismo compadril/clientelista). 
Estabelecido o contexto de vigor dessa dualidade, podemos atentar-nos as
dintinções como feitas por Zingales. No Capitalismo Competitivo (e aqui me valho de
tradução livre), a aplicação da lei e da violência estatal são imparciais, de modo que não
há distinção para a execução dos julgamentos8 (Zingales aponta as falhas no sistema por
meio da possibilidade de fraude e corrupção). Há um nivelamento das condições
competitivas do mercado e dos negócios contratados. Ligados a esse esforço de
nivelamento, há, também, até certo ponto, um esforço de regulação de normas
antitruste, para fomentar a competição. De um modo geral, na visão de Zingales, o
Capitalismo Competitivo busca igualar, dentro das possibilidades do próprio sistema, as
oportunidades. De maneira análoga, o Capitalismo Clientelista, por definição, atribui
parcialidade as relações sociais, concedendo privilégios tanto no âmbito legal e jurídico,
como dentro do próprio mercado de trabalho. No âmbito jurídico, a parcialidade nos
julgamentos explicita o caráter determinante das relações compartilhadas. No âmbito
legal, a formulação de leis e normas baseiam-se nos interesses particulares daqueles
dotados de poder. Dessa forma, não há impedimento nenhum para a formação de
monopólios comerciais ou trustes que restringem a competição capitalista. Isso permite
o desenvolvimento de dinastias econômicas e políticas que direcionam e controlam o
rumo das ações do Estado e das particulares.  
A distinção é importante, na visão de Zingales, para demonstrar que, apesar de o
capitalismo gerar desigualdade, de fato, há maneiras de se lidar com a desigualdade e
torná-la aceitável. Segundo Zingales, há três cenários em que a desigualdade gerada
pelo sistema capitalista é tolerada dentro de uma organização democrática: primeiro, se
todos considerarem ela justa, isto é, como esforço individual e consequentemente uma
remuneração condizente; segundo, se todos melhorarem, apesar da desigualdade, por
exemplo, quando um país aumenta o seu nível de desigualdade, mas seu crescimento
econômico melhora as condições totais da população daquele país; e terceiro, se, na
concepção ideal do povo9, todos tiverem uma oportunidade, de modo que é o esforço o
fator determinante da riqueza. O Capitalismo Clientelista descontrói toda essa
justificativa para a desigualdade.    
 
Intervenções Estatais 
Primeiramente, antes de abordar a crise em si é de grande importância
contextualizar o cenário americano da época. Anteriormente a crise ocorreu a Primeira
Guerra Mundial que teve como resultado a Europa, em geral, totalmente devastada. Já
os Estados Unidos tiveram o seu território ileso pois nenhum confronto se passou em
território americano. Aproveitando esse cenário, os EUA queriam tomar o posto de
maior potência econômica mundial, e para alcançar tal proeza, a indústria americana
começou a produzir desenfreadamente. 
É importante ressaltar alguns problemas fundamentais dessa jogada americana: a
Europa era o maior consumidor dos americanos, mas eles estavam em período de
reconstrução e não conseguiam comprar os produtos americanos. Para consumir os
enormes estoques das indústrias os industriais acreditavam que o mercado interno seria
capaz, seguindo o modelo “American way of life” o que não aconteceu. Até a eleição de
Franklin D. Roosevelt a economia americana andava livremente, baseando-se no
modelo clássico do liberalismo, o que impossibilitou o Estado tomar ações
intervencionistas anteriormente. 
Como consequência desse cenário, ao passo que as primeiras empresas repletas
de estoque e sem consumidores para os seus produtos começaram a falir, a economia
americana como um todo colapsou. Milhares de pessoas perderam seus empregos, uma
crise social devastou milhares de famílias pois as pessoas não tinham mais como
comprar alimentos. Fazendeiros perderam suas fazendas e suas plantações devido à falta
de consumo, as hipotecas realizadas pelos fazendeiros acabaram tirando a posse de suas
terras. Como consequência do alto endividamento os bancos pararam de receber
dinheiro e colapsaram consequentemente. 
Somente em 1933, quando Franklin D. Roosevelt foi eleito presidente que a
situação começou a ser revertida. Por meio do seu plano denominado “New Deal” o
governo federal interveio na economia americana reerguendo-a. Por meio desse plano o
governo: delimitou metas de produção a serem seguidas pelas empresas, com a
finalidade de não existirem enormes estoques; injetou dinheiro no setor bancário
fazendo com que ele funcionasse novamente; alavancou a construção civil por meio de
enormes obras como estradas, ferrovias, usinas, barragens ... gerando muitos empregos
e permitindo que as famílias conseguissem consumir produtos produzidos internamente
em solo americano; na agricultura o governo custeou produções reduzidas que reduziam
produções excedentes e aumentaram os preços de produtos agrícolas; criou leis que
acabavam com concorrências desleais, salário mínimo e máximo de horas permitidas de
trabalho (National Recovery Administration); garantiu alívio nas hipotecas de pessoas
desempregadas, entre outras ações. 
Por volta dos anos 1940 a economia americana estava reerguida e prosperando
novamente. 
Em 1971, o governo federal americano passou o “Emergency Loan Guarantee
Act”, em tradução livre, Lei10 de Empréstimo Emergencial Garantido. A lei garantia um
fundo emergencial para qualquer grande empresa que estivesse em crise. O insucesso
dessa legislação representou inúmeras perdas de empregos e uma queda significativa no
PIB americano. O primeiro recipiente (quem, também, fez o “lobby” para que essa
legislação passasse) foi a empresa Lockheed, uma fornecedora de componentes de
defesa (quaisquer peças necessárias para a indústria de defesa, notavelmente grande nos
Estados Unidos). Combinando mau planejamento e equívocos estratégicos, estava
prestes a quebrar, em meio a guerra do Vietnã. As conexões que possuíam permitiram
que a “lei” passasse, salvando a Lockheed, mas, abriu caminho para que inúmeras
outras empresas usufruíssem desse aparato legal para seu proveito próprio. 
Em primeiro lugar é bom contextualizar os antecedentes da crise antes de
abordar ela propriamente dita. Após a crise de 1929 a economia americana viveu anos
de prosperidade. Por volta dos anos 80 os bancos de investimento abriram seu capital na
bolsa de valores, acumulando uma enorme quantia de capital e tornando-os muito
poderosos. Em 1981 o atual presidente Ronald Reagan, nomeia Donald Reagan (ex
CEO do banco de investimentos Merril Lynch) como secretário do Tesouro, o que
gerou nos anos posteriores uma desregulamentação financeira na economia americana,
permitindo que empresas privadas cometessem atrocidades. Já no ano de 2003, após o
atentado de 2001, o Fed (Federal reserve system) baixou a taxa de juros americana para
a casa do 1% com o intuito de acelerar a economia que vinham crescendo em um ritmo
não muito acelerado. Essa diminuição dos juros estimulou o refinanciamento
imobiliário, aquecendo a demanda e elevando os preços dos imóveis, colocando o
mercado imobiliário em uma verdadeira bolha. 
Algumas problemáticas são essenciais para o entendimento da crise. Entre ela
está a crescente oferta dos “subprimes” que são financiamentos concedidos a mutuários
cujo perfil de crédito é de qualidade muito baixa para serem enquadrados nas hipotecas
de primeira linha. Os motivos podem incluir um histórico de crédito que apresenta
problemas ou nível de renda muito baixa para fazer face aos pagamentos das prestações.
Aliado a esse fator, entra o fenômeno da Securitização. Esse tipo de investimento
consiste em formar um pacote com empréstimos de baixo risco e subprimes, classificá-
lo como seguro e vender para bancos do mundo todo, com a garantia de alto retorno.
Essa junção de fatores anteriormente elencada, chega em 2007, ano em que os juros
voltaram a subir nos Estados Unidos, como uma verdadeira bomba pois a bolha no setor
imobiliário acaba e os preços voltam ao seu valor real. 
Como consequência da quebra da bolha bancos entram em falência, como foi o
caso do Lehman Brothers que no dia 15 de setembro decretou falência. Foi então apenas
questão de tempo que outras instituições tomassem o mesmo rumo e a crise imobiliária
dos Estados Unidos se tornasse a maior crise desde 1929, levando diversos países junto. 
Agora chegamos na parte mais relevante para esse trabalho, que consiste nas
intervenções estatais que o governo americano tomou para contornar a crise. Vale
ressaltar que diversas ações foram tomadas, mas o nosso interesse é explicitar as ações
tomadas pelo Fed. Logo em 2007, quando a crise começava a eclodir, o Fed injetou
liquidez no mercado disponibilizando recursos e taxas inferiores à de redesconto. Foram
criados dois outros instrumentos, o TAF (Term Auction Facility) e o TSLF (Term
Securities Lending Facility). O primeiro consistiu na ampliação a facilidade de crédito
para reduzir as pressões dos financiamentos de curto prazo. Já o segundo reduziu a
liquidez no sistema de financiamento de curto prazo, oferecendo treasuries em troca de
títulos de agências federais, títulos federais garantidos por hipotecas residenciais e
títulos de hipotecas emitidos por instituições privadas. Por fim, o Fed participou
ativamente da aquisição do banco Bear Steaners (quinto maior banco de investimentos,
na época) pelo banco JP Morgan, reduzindo o empréstimo entre bancos e respaldando
30 bilhões aos ativos do Bear Steaners. 
 
Solução para superar o Crony Capitalism
Para Zingales, a solução para a situação atual é recuperar os elementos que
tornem a economia excepcional, como no passado, e entrar em sintonia com as
necessidades da população. Para ele, isso deve ser feito pela união do melhor do
histórico populista estadunidense com a orientação pró-mercado: “Ao contrário de
muitos outros países, onde populismo significa demagogia e ditadores autocráticos, a
América tem uma tradição populista positiva de proteger os impotentes. Como
explicarei, essa veia populista contribuiu muito para tornar o capitalismo americano
melhor do que todas as outras formas de capitalismo e pode continuar a fazê-lo. O
capitalismo para o povo não é um paradoxo, mas uma esperança: a esperança de que, ao
fundir o melhor da tradição populista americana com sua forte orientação pró-mercado,
possamos combater a degeneração do nosso sistema”.
“O capitalismo para o povo” defende a ideia de que se deve buscar uma
igualdade mínima de oportunidades de saúde, educação, segurança física e emocional,
que poderá aumentar não só o desenvolvimento do capital humano de uma nação, mas
também permitirá que o bom funcionamento dos mercados gere desigualdades de renda
que fiquem mais restritas às diferentes distribuições de esforços e talentos dos
indivíduos e empresas.

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