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ORÇAMENTO E

FINANÇAS PÚBLICAS
Professor: Givanildo Souza
FACHO 2022.1
A FUNÇÃO DO BEM-ESTAR

Estado de bem-estar social,


ou welfare state, é um modelo de
governo no qual o Estado se
compromete a garantir o bem-
estar econômico e social da
população.

Nesta aula, estudaremos os principais aspectos


relativos a função Bem-Estar.
O que é o Bem-Estar

 O objetivo do Estado de bem-estar social é assegurar


aos cidadãos a igualdade de oportunidades e a
distribuição justa das riquezas. Além disso, o Estado se
responsabiliza pelos indivíduos que não possuem
condições para manter uma vida digna através da
distribuição de subsídios, bolsas, concessões e outras
medidas.
 Na prática, as características do Estado de bem-estar
social variam de acordo com o governo de cada
país. Nos Estados Unidos, no entanto, o termo welfare
state possui uma conotação pejorativa que difere do
resto do mundo, significando somente “ajuda aos
pobres”.
O que é o Bem-Estar

 O Estado de bem-estar social pode ser definido de


forma ampla ou restrita. O sentido amplo é pouco
adotado por sociólogos e consiste em qualquer
contribuição do governo para o bem-estar dos
cidadãos, tais como:

 pavimentação de ruas e calçadas;


 transporte público;
 sistema de esgoto;
 coleta de lixo;
 policiamento;
 escolas, etc.
O que é o Bem-Estar

 Em sentido estrito, como é comumente abordado, o


Estado de bem-estar social é aquele que estabelece
medidas como:
 seguro desemprego;
 pensões para idosos;
 licença maternidade;
 assistência médica, etc.
Como Surgiu o Estado do Bem-Estar
No contexto das políticas sociais, o Estado é,
historicamente, classificado em três períodos distintos:
 Estado liberal
 Estado social
 Estado neoliberal

O Estado de bem-estar social está inserido no


segundo momento e é fruto de diversas transformações
ocorridas ao longo do tempo. De forma gradual,
governos ao redor do mundo passaram a assumir a
responsabilidade de garantir o bem-estar da população
através de medidas ativas.
Entre as principais causas que levaram ao
surgimento do Estado de bem-estar social estão:
Como Surgiu o Estado do Bem-Estar

 Conquista de direitos políticos pela classe


trabalhadora

Através da luta de classes, a classe trabalhadora


adquiriu direitos políticos no fim do século XIX,
resultando na socialização da política. Assim, a
sociedade civil passou a ter acesso às tomadas de
decisões e a elite perdeu o monopólio sobre o Estado.

Com a representatividade da classe operária, o


Estado assumiu, aos poucos, o dever de proteger seus
direitos.
Como Surgiu o Estado do Bem-Estar

 Revolução socialista na Rússia

A Revolução de Outubro (também chamada de


Revolução Bolchevique), ocorrida na Rússia em
1917, foi uma revolução de cunho socialista na
qual a classe operária forçou a renúncia do
monarca Nicolau II. O movimento colocou fim ao
czarismo na Rússia e deu origem à União Soviética.

O episódio teve consequências no modelo


capitalista ao redor do mundo, que começou a ser
repensado a fim de evitar revoluções parecidas.
Isso reforçou a importância de se garantir os direitos
da classe operária.
Como Surgiu o Estado do Bem-Estar

 Capitalismo monopolista

Quando o capitalismo saiu da fase


concorrencial para a fase monopolista, o modelo
de Estado liberal passou a ser questionado. Isso
porque o Estado começou a investir nas empresas,
aumentando a velocidade e a produção, o que
resultou na alta concentração de capital nas mãos
de poucos. Essa nova realidade dificultou o
surgimento de pequenos negócios e abalou os
ideais liberais clássicos, facilitando a transição para
o Estado de bem-estar social.
Como Surgiu o Estado do Bem-Estar

 Crise de 1929
A Crise de 1929 (também conhecida como Grande
Depressão) foi um período de forte recessão na
economia mundial. A crise foi causada pelo excesso de
produção que seguiu a Primeira Guerra Mundial, devido
a necessidade de se abastecer o continente. Conforme
os países europeus se restabeleciam, a exportação,
sobretudo nos Estados Unidos, diminuía, criando uma
grande disparidade entre produção e consumo.
A Crise de 1929 revelou as falhas do modelo liberal e
apresentou a necessidade de intervenção ativa do
Estado na economia. Dessa forma, pode-se dizer que o
Estado de bem-estar social ganhou mais relevância a
partir da década de 30.
Crise do Estado do Bem-Estar

Por assumir inúmeras responsabilidades para com os


cidadãos, o Estado de bem-estar social enfrenta diversas
dificuldades e, por isso, tem sua efetividade questionada
ao redor do mundo.

Quando os gastos governamentais, acumulados aos


encargos relacionados ao bem-estar da população,
superam as receitas públicas, o país entra em crise fiscal.
Esse cenário é o que se chama de crise do Estado de
bem-estar social.
Crise do Estado do Bem-Estar

Entre as principais provas da crise do Estado de


bem-estar social estão as medidas tomadas
por Margareth Thatcher no período em que foi
primeira-ministra na Grã-Bretanha (1979-1990).
Thatcher reconheceu que o Estado não
possuía mais condições financeiras para
manter as medidas assistencialistas e, ao
mesmo tempo, promover o crescimento
econômico. Assim, o governo da região fez a
transição para o neoliberalismo.
Quais os Objetivos do Governo na
Economia
Podemos estabelecer basicamente como os seguintes:

 Fornecer bens públicos: se caracterizam por serem não


rivais e não exclusivos – não rival porque a utilização do
bem público por uma pessoa não impede sua utilização
por outra, e não exclusivo porque não é possível excluir as
pessoas de sua utilização.

 Reduzir externalidades negativas: efeitos negativos


causados por ações de um grupo ou indivíduo.
Quais os Objetivos do Governo na
Economia
 Reduzir assimetrias de informações: ocorre quando
uma das partes de uma transação tem
informações que a outra não possui. As principais
modalidades são o risco moral, quando uma das
partes pode eventualmente mudar seu
comportamento, prejudicando a outra; e
a seleção adversa, quando há o risco de escolher
um produto ou transação inadequados, dentre as
opções disponíveis, por falta de informações.
Quais os Objetivos do Governo na
Economia
Logo, podemos aferir que essas atribuições
decorrem de falhas de mercado, onde o
governo precisa identificá-las para corrigi-las.

Tais falhas são ocasionadas pela ineficiência


dos mercados, que não são capazes de
alcançar uma situação ótima sem a intervenção
do governo e para assim conseguir auferir o
maior nível de bem-estar possível.

Desse modo, temos que o principal objetivo


do governo na Economia é identificar e corrigir
as falhas de mercado, por meio das funções
Alocativa, Distributiva e Estabilizadora.
As Funções do Governo

Quais seriam
as funções
do Governo?
Quais os Objetivos do Governo na
Economia
O economista e filósofo britânico Adam Smith é o
principal autor da corrente de pensamento clássico
sobre o papel do Estado na economia, o qual
pregava que a intervenção estatal deveria ser a
menor possível.

A visão clássica é traduzida pela expressão “laissez-


faire”, que significa “deixar fazer” e representa uma
das principais ideias da economia liberal, a qual
sustenta que o governo deve se abster de intervir na
iniciativa privada; uma vez que as forças naturais do
mercado atuam como uma “mão invisível”,
retificando distorções, propiciando eficiência e bem-
estar social.
Quais os Objetivos do Governo na
Economia
Entretanto, para os autores clássicos, a mão
invisível e o bem-estar social não decorrem da
boa índole humana, mas sim da persecução dos
interesses próprios e egoístas da sociedade que
se equilibram positivamente no final.

O pensamento clássico estabelece que o Estado


deve exercer somente a justiça e a defesa
nacional, alguns autores incluem ainda o
fornecimento de serviços públicos como saúde e
educação.
A Intervenção do Estado

Com o surgimento de monopólios e cartéis nos EUA,


na década de 1890, empresas com concentração de
oferta começaram a aumentar preços muito acima
do nível de bem-estar dos consumidores e colocaram
em xeque a tese da “mão invisível”.

O que levou o governo americano a intervir na


economia, banindo a prática do monopólio industrial
e a formação de cartéis para fixação de preços.

Todavia, foi através da crise de 1929, com o “crash”


da bolsa de Nova York seguido da Grande Depressão
da década de 1930, que fez com que se legitimasse a
maior atuação governamental.
A Intervenção do Estado
Em meio a esse cenário, surgiu o autor John Maynard
Keynes, defendendo a intervenção direta do Estado
na economia, a regulação dos mercados e os
investimentos estatais em tempos de recessão.

Segundo Keynes, o mercado não consegue por si só


distribuir renda de forma justa, fornecer bens e serviços
necessários à sociedade pelo valor justo, tampouco
evitar grandes flutuações econômicas.

Em vista disso, surge então a necessidade de o


governo intervir na economia visando corrigir as falhas
de mercado, para aumentar o bem-estar social, por
meio do desempenho de três funções ou políticas
clássicas: alocativa, distributiva e estabilizadora.
A Função Alocativa
A função alocativa se baseia no fornecimento ou
regulação pelo governo de bens e serviços que o
mercado não pode fornecer de maneira adequada.

O objetivo desta função é corrigir falhas de mercado


por meio do fornecimento de bens públicos,
garantindo que os recursos estejam disponíveis para a
sociedade; alocando-os na economia de forma mais
eficiente, quando o mercado não consegue dispô-los
de modo satisfatório.

Como os bens públicos possuem a característica de


serem “não rivais” e “não excludentes”, torna-se
pouco atrativo para o mercado privado ofertá-los à
sociedade.
A Função Alocativa
Ademais, em função da não exclusividade, os bens
públicos possuem o problema dos “Free
riders” ou “consumidores caronas”, que ocorre
quando indivíduos não pagam pelo bem, mas o
utilizam às custas de outros.

Desse modo, como o mercado por si só não possui


meios ou interesse de fornecimento desses bens, o
Estado deve provê-los para sua população.

Um exemplo de função alocativa é quando o


governo executa obras que beneficiam a população
e elevam o bem-estar social, ou investe em saúde e
educação. Como consequência, são geradas
externalidades positivas para a sociedade como um
todo.
A Função Alocativa

Além disso, os Planos de governo


que buscaram suprir setores
de infraestrutura deficientes no país, também
fazem parte da política alocativa, como
o Plano de Metas do governo JK e os Planos
Nacionais de Desenvolvimento (PND I e II).

A Administração Pública possui as seguintes


maneiras de prover a função alocativa:
financiando, produzindo ou regulando.
Ferramentas da Função
Alocativa
A fim de suprir a demanda de bens públicos, o Estado pode
exercer as seguintes formas de política alocativa:

 Financiamento: através da disponibilização de recursos


financeiros para o setor privado, por meio de subsídios e
ampliação do crédito.
 Produção: Entrega de bens e serviços por empresas
estatais exploradoras de atividade econômica.
 Regulação: Regulamentação da economia e a
fiscalização dos agentes econômicos por meio de
agências reguladoras, concedendo à iniciativa privada
a execução do serviço público, através de concessões e
privatizações. O Estado continua sendo titular, porém
controla as atividades e fomenta a concorrência do
mercado de forma mais eficiente.
Ferramentas da Função
Alocativa

Observe que os
governos em
geral podem
exercer as três
políticas
simultaneamente,
porém a política
reguladora está
cada vez mais
predominante
Função Distributiva
 Tendo em vista as grandes desigualdades de
distribuição de renda em nosso país, surge
dentre as funções do governo na economia, a
necessidade de intervenção, a fim de distribuir
a renda de forma mais justa e equânime. A
renda se caracteriza pelo valor despendido
em troca da utilização dos fatores de
produção: capital, trabalho e os recursos
naturais ou terra.

 Em suma, o governo pode distribuir a renda


basicamente através de políticas
fiscais: transferências, impostos e subsídios,
buscando assim reduzir diferenças sociais e
econômicas.
Função Distributiva
ATENÇÃO! Política
monetária NÃO promove
distribuição de renda, já que
afeta toda a população
igualmente.

A transferência de renda em
benefício da população mais
desfavorecida é característica
da política distributiva, esse
favorecimento pode ser em
detrimento ou não das classes
mais abastadas.
Função Distributiva
Como exemplos de políticas distributivas,
podemos citar a cobrança de alíquotas
progressivas de impostos (Imposto de
Renda), os Fundos de Participação dos
Municípios e dos Estados (FPM e FPE), os
Programas sociais (Bolsa Família, Fome
Zero) e de habitação do governo (Minha
Casa Minha Vida).

IMPORTANTE! Essa função pode ser


classificada como REDISTRIBUTIVA,
quando os recursos distribuídos para a
população carente são custeados pelas
classes mais ricas. E DISTRIBUTIVA,
quando a renda é custeada pela
população em geral.
Função Estabilizadora
Levando em consideração a incapacidade do
mercado de não conseguir conter as variações nos
níveis de emprego, produto, renda e preços da
economia; a função estabilizadora vem minimizar os
efeitos indesejados dos ciclos econômicos, através
das políticas monetária, fiscal e cambial.

Ela tem como objetivo manter o crescimento


econômico sustentado, a partir da estabilidade dos
índices econômicos; como o controle da inflação,
pleno nível de emprego, equilíbrio do câmbio e
balança comercial, aumento da taxa de crescimento
econômico, entre outros.
 Para tanto, o governo se utiliza de Políticas Fiscais e
Monetárias, expansionistas ou contracionistas, além
da política cambial. Em tempos de grave
Função Estabilizadora
Para tanto, o governo se utiliza de Políticas Fiscais
e Monetárias, expansionistas ou contracionistas,
além da política cambial. Em tempos de grave
instabilidade e hiperinflação no Brasil, foram
criados Planos Econômicos, típicos da função
estabilizadora, os Planos:

 Cruzado
 Bresser
 Verão
 Collor
 Real
Função Estabilizadora

No intuito de corrigir uma alta na inflação, o governo


pode se valer de uma Política Monetária
Contracionista ou Restritiva. Dessa maneira, o Banco
Central promove uma redução do consumo,
reduzindo a oferta de moeda com a compra de
títulos públicos, resultando no aumento da taxa de
juros.

Por outro lado, caso queira aumentar a atividade


econômica, pode-se utilizar de uma Política Monetária
Expansionista. Dessa forma, o Banco Central aumenta
a oferta de moeda com a venda de títulos públicos,
resultando em uma redução da taxa de juros.
Função Estabilizadora

Outrossim, por meio da Política Fiscal Contracionista, o


governo também pode conter a inflação, quando
aumenta os impostos e diminui seus gastos. Em
contrapartida, na intenção de aquecer a economia,
pode adotar uma Política Fiscal Expansionista,
aumentando a demanda através da redução de
impostos e elevação dos gastos públicos.

Enquanto que a política cambial visa preservar o


equilíbrio no fluxo de moeda estrangeira em
circulação no país. Por meio da taxa de câmbio o
governo pode evitar a valorização ou desvalorização
excessiva de sua moeda, mantendo assim a
estabilidade econômica.

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