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Souza, S. V. A. M. michelle.varas.soto@outlook.com
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos séculos, mais precisamente na história moderna, o papel que os Estados
desempenhavam no sentido econômico sofreu grandes mudanças, que foram desde o
mais completo abstencionismo (liberalismo) a exagerada intervenção.
Durante o período do liberalismo, o modelo econômico utilizado era o que se baseava
em livre iniciativa, livre concorrência e regulamentação privada, onde o Estado era
limitado apenas em garantir que o necessário fosse feito para o mercado funcionar. A
história aponta que ainda que o Estado sempre atuasse no modelo econômico, foi
somente um pouco antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que as ideias
intervencionistas surgiram de fato. È em decorrência da primeira guerra e da Revolução
Francesa em 1789, que muitos sugerem esse ser o marco da eclosão do Estado
Intervencionista, o que posteriormente foi denominado como “economia de guerra”,
principalmente pelo fato de praticamente toda economia Estado girar em torno de
necessidades militares.
Por conta do excesso de neutralidade, e os acontecimentos de ordem histórica
como as duas grandes guerras mundiais e a queda da bolsa de Nova York em 1929, que
gerou uma das maiores crises econômicas da história, o sistema liberal clássico cai, e na
segunda década do século xx, culminou o surgimento do estado de Bem estar Social,
onde o foco político desloca-se para a implementação de algumas medidas de caráter
popular.
Com o novo modelo estatal o Estado deixa de ser coadjuvante e toma para si a
responsabilidade e papéis nos processos de desenvolvimento econômico, e execução de
diversos serviços.
Por conta dos altos índices de desemprego, da grande queda do PIB de diversos
países e da brusca depressão industrial, os Estados, de modo geral, veem-se obrigados a
intervir para impulsionar a atividade econômica e recuperar os países das crises
decorrentes do pós-guerra.
É nesse contexto que surgem as agências reguladoras. Neste novo cenário, em que
predomina a atividade reguladora. O Estado brasileiro busca inspiração no modelo norte-americano
e vem, paralelamente ao processo de desestatização, criando, por meio de lei, autarquias especiais
incumbidas da função de disciplinar, normativamente, quer a atividade econômica propriamente dita,
em setores estratégicos definidos pela Constituição e pela Lei, quer o serviço público, quando
prestado em regime de concessão, permissão ou autorização.
Essa situação despertou nos homens a insatisfação com as políticas adotadas pelos
Estados e os incentivou a lutarem pelos seus direitos contra a intervenção do Estado na vida dos
particulares em favor da economia nacional.
No ano de 1776 é publicado o livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, que traz uma
investigação sobre a natureza e a causa das riquezas das nações, além de analisar
as sociedades comerciais e os problemas na repartição do trabalho, na distribuição de renda e no
acúmulo de capital[3]. Defendia Smith que o Estado só deveria atuar na economia quando a iniciativa
privada não tivesse interesse em desenvolver a atividade, ou quando fosse impossível a prestação
do serviço em regime concorrencial, sendo inevitável o monopólio estatal [4].
Consolidaram-se as idéias de que todos deveriam subordinar-se à lei, pois todos são
iguais perante ela, e que o Estado deveria ficar de fora da iniciativa privada, sem interferir na
economia, e incentivar a livre concorrência. Todos estes fatores contribuíram para o fortalecimento
da burguesia, grande beneficiada com o novo modelo estatal.
Os ideais liberais serviram, portanto, para rejeitar os preceitos que conduziam os sistemas
de governo da época, como o corporativismo, o feudalismo, o poder divino dos reis e o absolutismo,
e incluíram o reconhecimento dos direitos individuais civis, a exemplo do direito à vida, à liberdade,
à propriedade. Além disso, o liberalismo foi a primeira ideologia a reconhecer a economia como
ciência, defendendo a livre concorrência, a lei da oferta e da procura, a economia de mercado e o
trabalho.
Como característica do Estado Liberal podemos notar que o mesmo era mínimo, não
intervinha na economia, para confirmar a liberdade do mercado, estimulando o funcionamento livre
da economia, sem a interferência estatal. O Estado era responsável por desenvolver atividades
referentes à segurança, justiça e a prestação de serviços ditos essenciais. No dizer de Maria
D’Assunção Menezello[6]:
No século XIX acreditava-se que o Estado deveria abster-se de intervir no mercado, cuidando
apenas dos direitos consagrados à pessoa humana distribuindo a justiça, preservando
a propriedade e a ordem pública. Não havia, àquele tempo, a interferência direta do Estado na
economia – ou no direito -, porque ambos seguiam diferentes caminhos, certos de que o Estado
Liberal deveria afastar-se de qualquer intervencionismo.
O Estado não tinha como proteger a classe trabalhadora das novas desigualdades sociais
criadas pelo rápido crescimento econômico. Verificou-se, então, o aumento da injustiça social.
Indignados com esta situação, os trabalhadores começaram a se associar para exigir melhores
condições de trabalho.
Não mais era exigido que o Estado se abstivesse em atuar na economia, agora a sua
intervenção se tornava necessária, em face da crise social que ocorria, para que fosse garantido um
mínimo de direitos aos trabalhadores. Nos ensinos de Paulo Motta [8],
Assim, o modelo de mercado e Estado Liberal entra em crise e passa a dar lugar ao
Estado Social, ou do Bem-Estar Social, ou Welfare-State, ou ainda Intervencionista, um tipo de
Estado que promove a proteção social e organiza a economia. Este atua como um agente
regulamentador de toda a atividade social, política e econômica de um país, garantindo a prestação
de serviços públicos e a proteção de sua população.
Este novo modelo de Estado surgiu no final do século XIX na Europa, mas desenvolveu-
se após a crise de 1929, que gerou uma Grande Depressão econômica, finda somente após a
Segunda Guerra Mundial, com o fim dos governos totalitários da Europa Ocidental.
Apesar do avanço legal trazido por leis, como a Constituição Alemã de 1919, que
consagrava direitos sociais relativos ao trabalho, à cultura, à educação e reorganizava o Estado em
função da sociedade, para todos os cidadãos, o Estado continua a praticar o deixem fazer, deixem
passar, ideal inserido nas relações econômicas pelos Liberais.
O Estado se torna empresário e investe na criação de várias empresas públicas [9]. Assim,
temos a origem das indústrias, empresas públicas e sociedades de economia mista, estas formadas
com a junção do capital público e privado. O Estado também passa a investir grandes quantias para
o desenvolvimento e modernização nos diversos setores que atua. Desta forma, além de cuidar da
ordem social, que exige a aplicação de recursos, o Estado tem que desembolsar mais ainda para
concretizar a sua atuação empresária, como nos ensina Menezello [10],
O Estado Intervencionista teve que desembolsar ainda mais dinheiro para executar
diretamente as atividades sociais e econômicas que se propôs. Com o decorrer do tempo, o
desempenho dessas atividades se tornou inviável, pois o Estado não tinha mais recursos para
manter os projetos de satisfação da coletividade e estava sobrecarregado de responsabilidades [12].
Todas as estruturas deste modelo estatal mostraram-se inúteis, o que acarreta o seu
esgotamento. Associadas a isto, observamos também o crescimento da corrupção e a má gestão da
coisa pública, facilitadas pela burocratização e pelo crescimento da máquina estatal. Além dos
excessivos gastos com o exercício direto das atividades, o Estado ainda arcava com o escoamento
do dinheiro público, de forma criminosa, para as contas dos agentes públicos [14]. Desta forma,
podemos verificar o surgimento de uma nova modalidade de atuação estatal na economia, o
Neoliberalismo, que implicou no nascimento do Estado Regulador.
A “crise fiscal” do Estado Social representou a deterioração dos serviços públicos e de sua
estrutura, já que o Estado não conseguia investir ou mantê-la [15]. Assim, o pensamento liberal voltou
a ser discutido e tido como o fundamento capaz de alterar este paradigma estatal.
Esse cenário mostrou-se ideal para a disseminação dos ideais neoliberais. O Estado
deveria reduzir a sua atuação direta no campo econômico, diminuir suas obrigações, e permitir que
o setor privado participasse da economia, e por reflexo, investir na revitalização de diversos setores.
Para isto, o novo modelo de atuação estatal usaria da competência normativa que lhe é inerente
para disciplinar o modo de agir dos particulares.
No entanto, assim como no século XIX, o afastamento do Estado abriu margem para
novos problemas econômicos e sociais. A desigualdade social aumenta cada vez mais, assim como
a desigualdade econômica entre os países ricos e os ditos “emergentes”. O capital, mais uma vez, é
detido na mão de poucos, em detrimento da maioria.
Nos últimos meses vem sendo noticiada no mundo inteiro uma nova crise econômica
mundial. O Estado neoliberal, com seu modelo de livre mercado, também vem demonstrando que
não é o modelo econômico a ser seguido definitivamente, e apresenta atualmente sintomas de
colapso. A não intervenção do Estado na economia tornou-a vulnerável, como também às relações
entre particulares, o que acarretou uma crise de confiança no mercado mundial.
Já no século XIX, por volta do ano de 1860, nascia a Segunda Revolução Industrial,
impulsionada por inovações como: a transformação do ferro em aço, descoberta da
eletricidade, avanços nos meios de transporte (impulsionados pelo aço), meios de
comunicação e desenvolvimento da indústria química entre outros setores.
A busca por maiores lucros levou ao extremo a especialização do trabalho, passou-se a
produzir artigos em série o que reduzia os custos por unidade, fazendo assim surgirem
às linhas de produção. Taylor e Ford foram grandes nomes da época, nesse formato de
produção, desenvolvendo cada um diferentes teorias sobre o trabalho.
Após o término da II Guerra Mundial em 1945, dá-se início a Terceira Revolução
Industrial, liderada pelos Estados Unidos da América, que se tornou uma grande
potência mundial no século, a terceira revolução é marcada pelo o avanço das
tecnologias e pelo desenvolvimento da informática.
Durante as décadas de 60, 70,80 e 90 grandes foram ás tentativas de profetizar o que
aconteceria na humanidade com os avanços da tecnologia. De fato, houveram diversas
transformações, como: robôs industriais, satélites de telecomunicações, computadores,
celulares, foguetes e isso só na década de 50. Nas décadas seguintes as inovações não
pararam, a internet surgiu no fim da década de 60, desenvolvida pela Arpanet, o
computador pessoal que surgiu no início da década de 90, e algumas tecnologias
continuam sendo aperfeiçoadas até os dias de hoje.
Atualmente a quarta revolução industrial já é uma realidade, a Indústria 4.0, que teve
seu início em 2011, chegou para promover a convergência das tecnologias: digitais,
físicas e Biológicas. Segundo Klaus Schwab (2016, p. 1) “estamos no início de uma
revolução que está mudando fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e
nos relacionamos um com o outro”. As transformações associadas ao conceito da
Indústria 4.0 apresentam potencial para aumentar a flexibilidade, a velocidade, a
produtividade e a qualidade dos processos de produção (BCG, 2015a). Porém seus
impactos irão muito além: afetarão a economia, as empresas, os governos, as pessoas e
o trabalho. Assim, não é por acaso que o conjunto dessas transformações venha sendo
retratado como uma quarta revolução industrial (SCHWAB, 2016).
“De acordo com o estudo ‘‘A Revolução das Competências” do Manpowergourp,
apresentado no Fórum Econômico de Davos, no início de 2017, há uma estimativa de
que a tecnologia vai alterar a dinâmica do ambiente de trabalho, fazendo com que em
torno de 45% das atividades feitas por humanos sejam automatizadas daqui a dois ou
três anos.
Segundo Klaus Schwab (2016, p.32) Diferentes categorias de trabalho, particularmente
aquelas que envolvem o trabalho repetitivo e o trabalho manual de precisão, já estão
sendo automatizadas. Outras categorias seguirão o mesmo caminho, enquanto a
capacidades de processamento continuar exponencial.
Portanto, espera-se que os trabalhadores aprimorem as suas características humanas, que
são essenciais no ambiente de trabalho, como a inteligência emocional e a criatividade,
que facilitam as relações entre as pessoas, e a flexibilidade cognitiva, que é a habilidade
de encontrar e identificar as condições de ligações e negociações.
Tendo como cenário a Indústria 4.0 e seus impactos no mundo, o presente artigo visa
identificar as mudanças que a quarta revolução industrial trará no ponto de vista
econômico global e como isso afetará as relações de trabalho conhecidas.
Indústria 4.0
MÉTODO:
A metodologia de pesquisa utilizada será quantitativa teórica, pois se embasará em
dados estatísticos coletados á partir de artigos, e revisões de literatura para concluir seus
resultados.
Por meio de pesquisas em artigos que abordam os impactos da Indústria 4.0 na
economia global, assim como em livros que abordam o tema de forma mais abrangente,
no contexto político e social, espera- se conseguir entender melhor os impactos que os
avanços tecnológicos terão nas relações do trabalho e na economia mundial.
Tendo em vista a importância do assunto, o pequeno número de estudos sobre o
assunto, foram incorporados ao presente artigo dados de duas instituições renomadas
quando se trata de pesquisas sobre o tema, entre elas se destacam o World Economic
Forum (Fórum econômico mundial) e o Boston Consulting Group. Além de análises
feitas a partir do Livro a Quarta revolução industrial de Klaus Schwab, presidente do
WEF/FEM.
RESULTADO
DISCUSSAO
O relatório do Fórum Econômico Mundial (FME/WEF) de 2016 alertou que a
automação poderá acabar com cerca de seis milhões de empregos até 2020 em todo o
mundo. Os trabalhadores do Brasil, China, e Índia serão os mais afetados. No Brasil,
50% dos postos de trabalho poderão ser automatizados, o que significa que cerca de 54
milhões entre as 107 milhões de vagas deixariam de existir.
Levando em consideração que estamos na era da conectividade, uma vez que a 4°
revolução industrial pressupõe que as pessoas estarão mais conectadas entre si e com as
máquinas, pois os avanços e inovações estão acontecendo diariamente a uma velocidade
exponencial, sabe-se que diversos setores de trabalho já estão sendo modificados. O
emprego crescerá em relação á ocupações e cargos criativos e cognitivos de altos
salários e em relação às ocupações manuais de baixos salários; mas irá diminuir
consideravelmente em relação aos trabalhos repetitivos e rotineiros (SCHWAB, 2016).
É visível que ainda é necessário mais pesquisas e aprofundamentos sobre o assunto e
sobre os impactos não só no quesito empregabilidade, como no âmbito social, a
condução de pesquisas, por meio de entrevistas com gestores brasileiros, visando a
identificar se estes possuem visões semelhantes ou distintas àquelas apresentadas neste;
artigo, a necessidade da realização de pesquisas onde os impactos no trabalho seja
contrapostos a outros impactos, como políticos e sócio-econômicos, de forma a obter
um debate mais rico e amplo sobre a temática.
REFERÊNCIAS