Você está na página 1de 21

LEGISLAÇÃO

SOCIAL

Andreia da Silva Lima


Garantias constitucionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Conceituar garantias constitucionais.


 Diferenciar garantias constitucionais de direitos.
 Reconhecer as principais garantias de ordem fundamental.

Introdução
Desde a Antiguidade, havia garantias que limitavam o poder absoluto do
Estado na perspectiva de soberano versus súditos. Só com a luta pelos
direitos individuais burgueses é que podemos pensar nas garantias na
relação cidadão versus Estado, ou seja, a partir da necessidade individual
baseada na soberania popular.
A divisão do Estado em poderes foi a primeira garantia para se acabar
com o poder absoluto e, desde então, essa organização do Estado é
adotada em nações democráticas, mas o Estado liberal apresentava
limitações extremas ao Estado. No século XX, uma nova classe social se
apresentou como protagonista e reivindicava seus direitos, garantidos
por meio da intervenção do Estado na perspectiva social democrática.
O desenvolvimento da sociedade ampliou os direitos a diversos gru-
pos sociais. Atualmente o respeito aos direitos humanos fundamentais
é um consenso mundial, mas a garantia desses direitos, de forma efetiva
e não apenas descrita, é o desafio contemporâneo.
Neste capítulo, você vai ler sobre as garantias constitucionais e a sua
relação com os direitos humanos fundamentais.

Conceitos fundamentais
As garantias constitucionais dão materialidade aos direitos humanos fundamen-
tais na perspectiva da ordem jurídica de um Estado Democrático de Direito,
pois a simples positivação de direitos, mesmo daqueles com eficácia imediata,
2 Garantias constitucionais

não garante sua efetivação. Já que os direitos são conquistas históricas e estão
sempre em disputa, não basta serem reconhecidos e positivados constitucio-
nalmente, assim, é necessário garanti-los, pois sempre serão questionados.

Os direitos individuais datam do século XVIII e apareceram pela primeira vez na De-
claração Americana e na Declaração dos Direitos do Homem e dos Cidadãos. Esses
documentos foram resultantes da luta da burguesia por seus direitos frente ao Estado
absolutista, no qual reivindicavam a liberdade econômica, o direito à propriedade
privada e a participação política.

A burguesia era uma classe sem expressão política no Estado absolutista,


já que os títulos de nobreza e a descendência da linhagem real, além da parti-
cipação no clero, garantiam poder político. Na virada do século XVII para o
século XVIII, a burguesia conquistou grande poder econômico advindo das
relações econômicas potencializadas pelo mercantilismo.
A briga de séculos pela tomada de território colocou o Estado absolutista
em uma grave crise financeira. A partir da organização social e política da
época, o caminho foi o aumento de impostos, que se deu de forma constante.
A burguesia era a classe que mais pagava impostos e não via suas demandas
atendidas pela coroa real.
Esse foi o contexto histórico, social, econômico e político que favoreceu
a revolução burguesa na luta pelos seus direitos individuais e pela restrição
do Estado frente a esses direitos. Esse contexto estava associado também ao
pensamento iluminista, que vinha questionando, de forma social, cultural e
política, a ordem imposta por meio da busca da razão científica em contrapo-
sição às respostas teocráticas. Assim, iniciou-se um processo de busca pelo
direito à liberdade econômica e à liberdade de expressão. O Estado absolutista
era centrado no poder real em todas as relações, sejam elas econômicas,
sociais ou políticas. Não havia liberdade de pensamento que fosse diferente
do pensamento religioso, assim como não havia liberdade econômica, pois
tudo era taxado pelo Estado.
A luta pelos direitos individuais vinha da restrição ao poder do Estado
absolutista. Na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a sepa-
ração dos poderes do Estado era a garantia para não haver abuso de poder.
Montesquieu foi um dos pensadores iluministas que contribuíram para a
Garantias constitucionais 3

Revolução Francesa. Em seu livro O espírito das leis, de 1748, afirmava que
todo homem que tem poder é tentado a abusar dele, assim, é preciso que se
freie esse instinto. A divisão de poderes é o berço do Estado Democrático de
Direito, no qual esse é o mecanismo de proteção do indivíduo contra o poder
e a opressão. Dessa forma, o Estado é dividido entre Legislativo, Executivo e
Judiciário (MARMELSTEIN, 2009). Essa foi a forma adotada de organização
do Estado em nações democráticas. Não é um consenso mundial, mas uma
forma de organização na qual se baseia o Estado Democrático de Direito.
A partir desse momento, diversas nações se organizaram na perspectiva
do Estado Democrático de Direito como forma de garantia dos direitos indivi-
duais, porém na perspectiva liberal, na qual não há intervenção do Estado nas
relações sociais e econômicas, cabendo a este apenas a garantia de segurança
da propriedade privada.
Adam Smith, um pensador liberal, dizia que a mão invisível do mercado
regula todas as relações, sendo que se deve ter um Estado mínimo. Para Gruppi
(1980, p. 31), o Estado sempre representa uma classe. A sua maior intervenção
ou não faz parte da luta de classes. Assim:

O Estado é a expressão da dominação de uma classe, é a necessidade de regu-


lamentar juridicamente a luta de classes, de manter determinados equilíbrios
entre as classes em conformidade com a correlação de forças existentes, a fim
de que a luta de classes não se torne dilacerante. O Estado é a expressão da
dominação de uma classe, mas também um momento de equilíbrio jurídico
e político, um momento de mediação.

Quando se fala na necessidade de restringir as ações do Estado frente aos direitos


individuais, estamos dizendo que há a exploração de uma classe sobre a outra. A
burguesia, classe revolucionária no século XVIII, era explorada pela nobreza absolutista,
que naquele momento detinha o poder econômico, político e social por meio do
domínio estatal. No momento que a classe burguesa teve o controle, assumiu o poder
do Estado e viveu-se um discurso de mão única, que só se baseava na visão de sua classe.

A burguesia, na defesa dos direitos individuais por meio do Estado liberal


de direitos, não garantia à grande massa da população mais empobrecida seus
direitos formais. Ou seja, a liberdade individual era garantida apenas para
uma classe, enquanto outro grupo de indivíduos não conseguia usufruir dos
4 Garantias constitucionais

direitos que se diziam ser para todos. O voto, por exemplo, era censitário, isto
é, apenas donos de terras detinham o poder político.
Assim, terminou a fase revolucionária burguesa e iniciou-se um processo
conservador, materializado na dominação sobre outra classe. Essa outra classe
assumiu o processo revolucionário na luta de classes, reivindicando melhores
condições de trabalho para todos e não mais pela negociação individual. Essa
reivindicação foi questionada por ferir a liberdade individual. Além disso,
como o poder do Estado estava com a burguesia, o sufrágio universal também
entrou na luta pelos direitos. Essa classe — que não possuía bens, que tinha
prole numerosa e que vendia sua força de trabalho em forma de salário — foi
chamada de proletariado.

O proletariado, no século XIX, não detinha poder econômico como a burguesia no


século anterior, mas a sua mão de obra foi fonte do lucro da sociedade capitalista
industrial. A exploração da sua força de trabalho — aliada ao Estado liberal de direitos,
no qual não há intervenção estatal nas relações comerciais — agudizou a pobreza e,
em contrapartida, ampliou a concentração de renda da burguesia industrial.

As demandas e reivindicações do proletariado não eram de caráter indi-


vidual, mas coletivo, necessitando do envolvimento estatal para que os seus
direitos fossem minimamente atendidos. Assim, a questão da intervenção do
Estado não era o problema. A depender do contexto histórico e da necessidade
da classe social, o poder do Estado e a liberdade individual são relativos, ou seja:

[...] enquanto os direitos de liberdade nascem do superpoder do Estado — e,


portanto, com o objetivo de limitar o poder —, os direitos sociais exigem,
para sua realização prática, ou seja, para a passagem puramente verbal à sua
proteção efetiva, precisamente o contrário, isto é, a ampliação dos poderes do
Estado. [...] O exercício do poder pode ser considerado benéfico ou maléfico
segundo os contextos históricos e segundo os diversos pontos de vista a partir
dos quais esses contextos são considerados (BOBBIO, 1992, p. 35).

Dessa forma, não basta ter os direitos fundamentais positivados na Cons-


tituição de uma nação — é preciso garantir que sejam respeitados. O Estado
não é neutro e é permeado pela luta de classes, e as garantias constitucionais
são os instrumentos jurídicos que afiançam o indivíduo na materialização de
Garantias constitucionais 5

seus direitos. Bobbio (1992) apresenta que a preocupação ainda hoje não está
na teoria dos direitos individuais, mas sim em garantir sua efetivação. Ou
seja, além de teorizar sobre a evolução dos direitos, é importante perceber as
formas que garantem sua materialização em cada contexto histórico e/ou nação.
A partir da luta pelo direito ao trabalho e pelos direitos políticos, estabelece-se
um Estado Social de Direito, que apresenta as demandas de outros grupos sociais
e não apenas de um grupo que diz representar a todos. As Constituições do início
do século XX apresentaram a garantia de atendimento a direitos individuais para
todos como obrigação do Estado, com claras perspectivas sociais. As experiências
do México, da União Soviética e da Alemanha são as primeiras a apresentar a
intervenção do Estado frente à necessidade de todos os grupos sociais.
A garantia da educação básica permeou essas Constituições como dever
do Estado, além de regulamentações das relações trabalhistas, apresentando
a igualdade entre patrões e empregados nas negociações trabalhistas. Na
tensão da luta de classes, alguns direitos individuais foram retirados na União
Soviética em favor da classe trabalhadora. O exemplo clássico é a tomada
de toda a propriedade privada pelo Estado para o usufruto de trabalhadores.
Nessa tensão entre o Estado liberal de direitos e o Estado social de direi-
tos, surgem as demandas de atendimento de dignidade da pessoa humana de
todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade ou da soberania
nacional no século XX.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, elaborada pelos


países-membros fundadores da Organização das Nações Unidas (ONU), é o primeiro
documento internacional a apresentar os princípios dos direitos fundamentais para
todos.

A Segunda Guerra foi marcada pela violação de direitos pelo Estado nazista
alemão. Os campos de concentração apresentaram ao mundo o horror dessa
guerra — caracterizado pelo trabalho forçado, por torturas e pela morte de
milhões de judeus e de minorias sociais — e levaram os países a repensar
os limites do Estado. As pessoas foram presas e levadas para esses campos
devido à sua religião, por serem contrárias ao regime nazista ou por sua
orientação sexual. Ao fim dessa guerra, com a derrota alemã, foi organizada
uma instituição que tivesse o objetivo de resolução pacífica entre as nações.
6 Garantias constitucionais

Assim, a ONU iniciou as suas atividades com 50 países-membros funda-


dores, e a DUDH é seu primeiro documento que busca garantir os direitos
humanos fundamentais em todo o mundo. Desde então, outras nações aderiram
à participação na ONU com a garantia de que seus países cumpram a DUDH
e os demais acordos internacionais que se apresentaram depois.

Saiba mais sobre os campos de concentração nazista na Segunda Guerra assistindo


ao filme brasileiro Olga, que retrata a vida de Olga Benário, uma militante comunista
no Brasil que, durante uma missão, apaixonou-se por Carlos Lacerda. Foi presa e
deportada para Alemanha nazista grávida e vivenciou a realidade do Estado nazista
por professar a fé judaica.

O Brasil é signatário da ONU, assim, na Constituição Federal de 1988,


apresentou a defesa dos direitos humanos (BRASIL, 1988). O Brasil também
é signatário de um rol de legislações sociais que surgiram após as conven-
ções internacionais de direitos humanos, que abordaram diversos grupos de
indivíduos que, em sua vulnerabilidade social, têm direitos fundamentais
básicos violados, como crianças, adolescentes, mulheres, negros, lésbicas,
gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros (LGBTs), refugiados,
entre outros.
Dessa forma, a DUDH e as convenções internacionais também são garantias
para que se efetivem os direitos humanos fundamentais. Dessa forma, a ONU,
que materializa esses espaços, pode ser compreendida como uma garantia em
âmbito internacional.

Garantias constitucionais e os direitos


humanos fundamentais
Antes das Declarações de Direitos no século XVIII, eram apresentadas
aos indivíduos apenas obrigações frente ao Estado. Assim, houve uma mu-
dança substancial de perspectiva a partir do Estado liberal frente ao Estado
absolutista: o que antes era soberano versus súditos agora se apresenta na
forma de cidadãos versus Estado. Temos, assim, a centralidade ao indivíduo
frente ao Estado.
Garantias constitucionais 7

Essa mudança de perspectiva foi conquistada pela luta da burguesia para


os direitos individuais na mudança do Estado absolutista para o Estado liberal,
possível por meio da Revolução Francesa no século XVIII, que conseguiu
declarar esses direitos fundamentais. Os direitos fundamentais de primeira
geração são os direitos civis e políticos, que se apresentam pela liberdade em
vários níveis e pela participação política.
No Estado absolutista, o rei era soberano, e todas as decisões eram con-
centradas em uma só pessoa. A formação social e econômica da Europa foi
organizada por tomadas de poder. A Europa — como conhecemos hoje,
com seus países e territórios — era muito mais fragmentada. Nos séculos
XVI e XVII, havia a necessidade de um Estado forte que pudesse garantir a
soberania nacional, não mais a vivência de golpes de tomada de poder e de
guerras por territórios.

Confira no link a seguir o mapa mental sobre a organização social, política e econômica
do Estado absolutista, sem qualquer espaço para garantia de direitos:

https://goo.gl/UR2umF

Tomas Hobbes e Nicolau Maquiavel são pensadores da Idade Média que


teorizaram o Estado absolutista, necessário naquele momento histórico de
guerras por território, com a necessidade de formação de um tipo de Estado
que pusesse colocar fim a mudanças de poder. Os dois autores tinham em
comum o poder soberano sobre o rei.
Hobbes, em O leviatã, de 1651, afirmava que nada poderia impedir o poder
soberano do rei, pois a ele cabe legislar, julgar e executar, sem a interferência
de outros poderes. O rei só deve prestar contas a Deus, pois os homens são
maus por natureza, e o Estado absoluto pode evitar mortes na luta pelo poder,
já que o poder é único e soberano.
Maquiavel defendia a ideia do Estado absoluto na perspectiva do uso da
força, se necessário fosse, em seu livro O príncipe, de 1532. Segundo ele, um
príncipe amado pode ser atacado, já um príncipe temido não será atacado.
Assim, os fins justificam os meios, e o objetivo é a união de diversos territó-
rios em um Estado único, forte e soberano, no qual não havia espaço para se
discordar ou debater. Segundo Marmelstein (2009, p. 36):
8 Garantias constitucionais

[...] o resultado dessa mistura de Hobbes e Maquiavel é um Estado forte


(Leviatã), absoluto, sem limite e sem escrúpulos, onde o soberano poderia
cometer as maiores barbaridades para se manter no poder. Em outros termos:
a vontade do soberano estaria de qualquer concepção jurídica. Não haveria
limites para o poder estatal.

Este era o contexto combatido pela burguesia no século XVIII: um Es-


tado absoluto sem qualquer espaço para garantia de direitos, mesmo que,
em momentos anteriores, houvesse legislações sociais que apresentassem
um rol mínimo e restrito de direitos fundamentais frente ao Estado. O poder
soberano do rei poderia, a qualquer tempo e momento, não respeitar o que
determinava a lei, pois o Estado era o rei, e a lei era o rei. A ele era garantido
o poder absoluto dado por Deus.
Na Revolução Francesa, esse tipo de Estado é questionado, apresentando
um Estado liberal democrático, no qual a vontade popular deveria ser respei-
tada. John Locke teorizou, em seu livro Dois tratados sobre o governo civil
(LOCKE, 1998), que a relação entre Estado e sociedade civil é um contrato
que pode ser desfeito se não for atendida a vontade do povo. Dessa forma,
muda-se da vontade soberana de um para a de todos.
Nesse período, a conquista pelo direito à liberdade de expressão incluiu a
liberdade de religião. Assim, tivemos a Reforma Protestante, que criticava os
poderes da Igreja Católica, até então a única religião possível. Também incluiu:

 liberdade de ir e vir sem ser questionado por ordem suprema e com


segurança;
 direito à propriedade privada sem ameaça;
 participação política por meio do poder de votar e ser votado.

Esses são os primeiros direitos individuais, cabendo ao Estado apenas


a segurança pessoal e da propriedade privada, com um Estado mínimo em
contrapartida ao absolutismo, que por séculos reinou. Essa passagem não foi
um processo tranquilo, mas sim tenso a partir da luta de classes. Mas como
garantir a materialização desses direitos?
A descentralização do poder, por meio de sua separação, foi a primeira garan-
tia aos direitos individuais, por meio do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
O Executivo é o órgão responsável pela execução das ações do Estado. Essa
execução pode se dar em âmbito central e regional. Cabe a essa instância atender
ao determinado pelos outros dois órgãos com o objetivo de bem comum a todos.
O Legislativo é a instituição na qual se estabelecem as leis de uma so-
ciedade. Nessa instância, organizam-se os direitos e suas garantias, a partir
Garantias constitucionais 9

de candidatos eleitos democraticamente, que, representando os interesses do


povo, apresentam um rol de determinações legais da Constituição de um país.
Com a Carta Magna da nação aprovada, cabe a essa instância de poder estatal
defender e legislar de acordo com o que está descrito na Lei Maior.
Ao Judiciário, cabe a defesa do indivíduo frente ao poder do Estado. Nesse
âmbito, as garantias constitucionais são materializadas. Quando os direitos,
que foram organizados pelo Legislativo, não são atendidos pelo Executivo, é
no Judiciário que as pessoas irão exigir a garantia desses direitos, seja ela de
forma individual ou coletiva.
A separação dos poderes e as funções de cada instância também são matéria
constitucional, ou seja, constam na Carta Magna das nações que se organizam
na perspectiva do Estado Democrático de Direito, que alia os direitos e as
garantias constitucionais. No Estado Democrático de Direito, cabe ao Estado
suprir as necessidades individuais e coletivas por meio dos direitos humanos
fundamentais. O Estado não é neutro, sendo permeado pela luta de classes,
e os direitos serão sempre questionados. Assim, não basta a positivação dos
direitos de forma constitucional, por isso, são necessários instrumentos legais
que possam garanti-los em momentos de violação ou debate.
É um consenso internacional a perspectiva dos direitos humanos fundamen-
tais, porém a discussão posta é como garanti-los. Marmelstien (2009) alerta sobre
a existência de diversas ameaças à dignidade humana e à limitação do poder.

A globalização neoliberal tem atacado, cada vez mais, os direitos sociais com o discurso
de livre comércio. Assim, é latente a luta de classes na reivindicação dos direitos. Já a
solicitação da burguesia internacional é o Estado não interventor.
Também temos o medo do terrorismo, que tem justificado torturas e mortes, ou
seja, um Estado interventor forte que garanta a segurança a um grupo, mesmo que,
para isso, sejam utilizados meios cruéis.

Assim, são importantes tanto as garantias constitucionais de uma nação


quanto os instrumentos jurídicos internacionais. Não basta que se tenha um
consenso na perspectiva do direito. Há de se ter garantias para que os indivíduos
ou os grupos sociais mais vulneráveis consigam reclamar sobre a violação ou
a ausência de materialidade desses direitos. Ou seja, por meio das garantias
constitucionais, podem ser exigidos os direitos frente ao Estado.
10 Garantias constitucionais

Dessa forma, as garantias constitucionais não aparecem de uma única vez,


mas vão evoluindo junto com os direitos humanos fundamentais. Na verdade,
a evolução da sociedade democrática impõe novos direitos a novos atores
sociais e, para cada grupo de direitos, temos as suas garantias. A simples
positivação dos direitos não afasta a possibilidade de questionamentos e
retrocessos, assim, é importante termos garantias constitucionais para que
o direito se materialize.
No século XVIII, tivemos como momentos históricos centrais a Revolução
Francesa e a classe burguesa como protagonistas. Na conquista dos direitos civis
e políticos, a divisão de poderes do Estado foi a garantia para que esses direitos
se materializassem. O Estado absolutista tinha a concentração do poder, que
era incontestável. Com a divisão dos poderes autônomos e independentes entre
si, esse poder é desconcentrado, e uma instância cumpre o papel de fiscalizar
a outra. Assim, o Executivo terá sempre o Legislativo para acompanhar suas
ações, e o Judiciário será acionado caso haja violação de direitos.
No século XX, a Revolução Industrial fez emergir uma nova classe social:
o proletariado, que não dispunha dos direitos conquistados pela burguesia no
século passado. A liberdade econômica foi importante para a classe burguesa,
já os trabalhadores só tiveram violação de diretos. Dessa forma, na conquista
dos direitos sociais, foi essencial o papel interventor do Estado na garantia
da perspectiva social.
Finalmente, no século XX, após a constatação dos horrores da Segunda
Guerra, 50 países se uniram com o objetivo de não mais permitir a violação
dos direitos humanos em âmbito mundial. A ONU é a instituição que garante
internacionalmente os direitos humanos fundamentais a toda a humanidade,
sem qualquer distinção.

Garantias constitucionais no ordenamento


jurídico brasileiro
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 apresenta, em seu Título II, os direitos
e as garantias fundamentais. Quanto aos direitos, eles estão organizados da
seguinte forma (BRASIL, 1988):

 direitos individuais e coletivos;


 direitos sociais,
 direito de nacionalidade;
 direitos políticos.
Garantias constitucionais 11

Esses são os direitos fundamentais previstos constitucionalmente, que


reconhecem a existência de prerrogativas substanciais consideradas indispo-
níveis e essenciais ao cidadão (SIMÕES, 2009).

Os direitos humanos fundamentais, no ordenamento jurídico brasileiro, têm caráter


de execução imediata. São direitos que não podem ser suprimidos, são cláusulas
pétreas, nem por emenda constitucional. Há a possibilidade de ampliação, como nos
direitos sociais, que incluíram o direito à alimentação, à moradia e ao transporte no
art. 6º da Constituição Federal.

Já as garantias constitucionais têm caráter processual (SIMÕES, 2009),


ou seja, necessitam de um rito jurídico para serem efetivadas. Para Moraes
(2011), não se pode conceituar um Estado Democrático de Direito sem a
existência de um Poder Judiciário autônomo e independente. Assim, a
materialização das garantias tem no Poder Judiciário seu grande aliado. A
eficácia dessas garantias está fundada na perspectiva econômica e social,
uma novidade em relação às Cartas Magnas anteriores, que tinham na
questão dos direitos sociais um aspecto secundário. Assim, a Constituição
Federal de 1988 tem sua eficácia assentada em uma política pública de
direitos humanos, que deve ser juridicamente desvinculada da lógica do
mercado (SIMÕES, 2009).
A doutrina jurídica conceitua as garantias constitucionais como remédios
constitucionais. Nas palavras de Silva (2011, p. 181):

[...] a doutrina e a jurisprudência dão o nome de remédios constitucionais


aos meios postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar
a intervenção das autoridades competentes, visando a sanar, corrigir,
ilegalidades e abusos de poder em prejuízo de seus direitos e interesses.
Alguns revelam-se meios de provocar a atividade jurisdicional — e, então
têm natureza de ações constitucionais. São garantias constitucionais, em
sentido amplo, na medida em que são instrumentos destinados a assegurar
o gozo de direitos violados ou em vias de serem violados, ou simplesmente
não atendidos.

Dessa forma, as garantias são remédios constitucionais que visam curar,


no sentido jurídico, uma ação ruim do Estado frente aos direitos humanos
12 Garantias constitucionais

fundamentais. Na Constituição Federal brasileira, temos as seguintes garantias


constitucionais previstas no art. 5º (BRASIL, 1988):

 direito de petição;
 direito de certidões;
 habeas corpus;
 mandado de segurança;
 mandado de injunção;
 habeas data;
 ação popular.

Veja, a seguir, cada uma dessas garantias constitucionais presentes no


ordenamento jurídico brasileiro.

Direito de petição
No art. 5º, XXXIV, da Constituição Federal de 1988, consta “[...] que se assegura
a todos o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de Direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder” (BRASIL, 1988, documento on-line).
O direito de petição pode ser definido como:

[...] o direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos Poderes
Públicos sobre uma questão ou situação, seja para denunciar uma lesão con-
creta, e pedir a reorientação da situação, seja para solicitar uma modificação
no Direito em vigor, mais favorável a liberdade (SILVA, 2011, p. 182).

O direito de petição tem duplo caráter:


 um de reclamação ou queixa encaminhada às autoridades representativas, ou seja,
para o Legislativo ou Executivo, assim, não é jurisdicional;
 um de informação ou de uma aspiração dirigida a certas autoridades em nome da
manifestação da liberdade de expressão.
Pode ser realizado por qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, brasileira ou es-
trangeira, e por grupos. É vedado apenas para as forças militares, a não ser de forma
individual e respeitadas as hierarquias.
A petição pode ser encaminhada a qualquer um dos três poderes do Estado, ou
seja, ao Legislativo, ao Executivo e ao Judiciário. O órgão ao qual foi destinado não
pode negar-se a receber o documento e sobre ele emitir parecer.
Garantias constitucionais 13

Segundo Silva (2011), esse direito está presente no ordenamento jurídico


brasileiro desde a nossa primeira Constituição, em 1891, e fez parte de todas
as seguintes. É um direito com “[...] dimensão coletiva, consistente na busca
ou defesa de direitos ou de interesses coletivos” (SILVA, 2011, p. 184). Essa
garantia constitucional, segundo o autor, apesar de ser uma constante no
sistema jurídico brasileiro, caracteriza-se mais como uma sobrevivência do
que uma realidade. Assim, é pouco utilizada.

Direito de certidões
O direito de certidões é uma garantia que apareceu pela primeira vez no Brasil
na Constituição de 1946 e se manteve nas de 1967 e 1969. Tem o caráter de
direito individual, ou seja, apenas o próprio interessado pode exigi-lo em
nome do seu interesse. Nessas constituições citadas, essa garantia deveria ter
regulamentação futura. Essa é a principal mudança em relação à Constituição
Federal de 1988, que já apresenta essa garantia constitucional como de eficácia
plena e aplicabilidade imediata.
Na Constituição Federal de 1988, art. 5º, XXXIV, b, está descrita a obtenção
em repartições públicas para defesa de direitos e esclarecimentos de situações
de caráter pessoal (BRASIL, 1988). Assim, é uma garantia constitucional
clara na defesa do direito individual, porém há diversos casos em que essa
garantia é negada, sendo utilizada outra garantia constitucional: o mandado
de segurança (SILVA, 2011).

Habeas corpus
O habeas corpus foi a primeira conquista liberal, que remonta ao século
XIII na Inglaterra e que veio, com o passar dos tempos, como uma garantia
constitucional de liberdade dos súditos e prevenção de encarceramentos por
exagerado poder do Estado absolutista. No Brasil, apresenta-se no ordenamento
jurídico desde a época imperial.
O habeas corpus já foi utilizado tanto na perspectiva civil quanto penal.
Ruy Barbosa, nosso principal jurista constitucional brasileiro do século XIX,
apresentava:

[...] logo, o habeas corpus não está circunscrito aos casos de constrangi-
mento corporal: o habeas corpus hoje se estende a todos os casos em que
um direito nosso, qualquer direito, estiver ameaçado, impossibilitando
seu exercício, pela intervenção de abuso de poder ou de uma ilegalidade
(SILVA, 2011, p. 186).
14 Garantias constitucionais

A Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926 mudou essa perspectiva


para a estritamente penal, relativa ao direito individual de liberdade. Assim,
mantém-se até hoje na Constituição Federal, com a seguinte redação:

Art. 5º [...]
LXVIII — conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por
ilegalidade ou abuso de poder;
[...] (BRASIL, 1988, documento on-line)

Assim, o habeas corpus pode ser preventivo quando uma pessoa sentir que
pode ter o direito à liberdade violado por abuso de poder. Essa é uma garantia
individual, ou seja, apenas de interesse pessoal e intransferível. Assim, qualquer
pessoa pode impetrá-lo junto à autoridade judicial, não sendo necessária a
presença de um profissional de direito. Essa garantia constitucional não cabe
a punições disciplinares relativas às forças armadas.

O habeas corpus preventivo é uma garantia constitucional muito utilizada por agentes
políticos em momentos de crise política. O Brasil, após o impeachment da presidenta
Dilma Rousseff, vivenciou essa tensão, que, para alguns, pode representar um abuso
de poder e perseguição política.
Confira nos links a seguir a utilização do habeas corpus preventivo de personalidades
políticas.

https://glo.bo/2Ek9rSX

https://bit.ly/2HWxblN

Mandado de segurança
O mandado de segurança aparece no ordenamento jurídico brasileiro na
Constituição de 1934. O habeas corpus até 1926 tinha o caráter duplo: civil e
penal. Depois passou a se restringir à perspectiva penal na defesa do direito
individual de liberdade coagido ou ameaçado por abuso de poder. Assim, foi
pensado um remédio constitucional que garantisse os direitos na esfera civil.
Garantias constitucionais 15

Inspirados na doutrina jurídica mexicana, diversos juristas debateram


sobre uma garantia na Constituição de 1934, que foi acolhida com a seguinte
redação: “[...] para a defesa do direito, certo e incontestável, ameaçado ao
violado por ato manifestadamente inconstitucional ou ilegal de qualquer
autoridade” (SILVA, 201, p. 187). Essa garantia constitucional foi mantida
em todas as seguintes Cartas Magnas. Inicialmente foi uma inovação no
sistema constitucional brasileiro, ganhando maturidade até chegar à Cons-
tituição de 1988.
Assim, o mandado de segurança atualmente apresenta duas perspec-
tivas: a individual e coletiva. A garantia individual consta no art. 5º da
Constituição Federal de 1988, LXIX, da seguinte forma (BRASIL, 1988,
documento on-line):

Art. 5º [...]
LXIX — conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
[...]

Ou seja, uma garantia constitucional para a defesa de um direito indi-


vidual só pode e deve interessar ao próprio indivíduo na defesa de direito
líquido e certo.
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político
com representação no Congresso Nacional ou organização sindical, entidade
de classe ou associação legalmente constituída em funcionamento por, pelo
menos, 1 ano em defesa dos seus membros ou associados, como apresentado
no art. 5º, LXX, da Constituição Federal.
Os partidos políticos podem impetrar esse remédio constitucional na
perspectiva de violação de direitos coletivos e difusos de qualquer grupo de
indivíduos. Já as organizações, entidades e associações apenas podem entrar
com a mesma garantia constitucional se for ferido o direito individual de um
grupo de pessoas a elas associadas.

Mandado de injunção
O mandado de injunção é uma garantia constitucional nova no ordenamento
jurídico brasileiro e está descrito no art. 5º, LXXI, com o seguinte enunciado
(BRASIL, 1988, documento on-line):
16 Garantias constitucionais

Art. 5º [...]
LXXI — conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucio-
nais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
[...]

Essa garantia constitucional deve ser impetrada no Poder Judiciário


caso o exercício de qualquer direito fundamental seja impedido por falta
de regulamentação. O Supremo Tribunal Federal (STF) tem apresentado
matéria sobre Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão a partir
de mandados de injunção de grupos ou indivíduos que apresentam violação
de direitos.
O mandado de injunção defende o direito individual, assim, só cabe
ao interessado, ou seja, não é possível que outrem apresente esse remédio
constitucional que garanta um direito que não o atende. A partir da decisão
judicial em favor da garantia do direito reclamado, não há necessidade de
regulamentação. É de aplicação imediata, assim, o Legislativo pode depois
legislar sobre a matéria, mas a decisão do STF já garante sua execução a
partir da sentença.

Habeas data
O habeas data, que confere a garantia da intimidade individual, tem por
objetivo defender:

a) usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios frau-


dulentos, desleais ou ilícitos; b) introdução, nesses registros de dados sen-
síveis (assim chamados os de origem radical, opinião política, filosófica
ou religiosa, filiação partidária ou sindical, orientação sexual etc.); c) a
conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em lei
(SILVA, 2011, p. 198).

Essa garantia constitucional tem um rito processual disciplinado pela Lei


nº. 9.507, de 12 de novembro de 1997, no qual o interessado apresenta o reque-
rimento para conhecimento da forma como seus dados estão registrados na
instituição. Se for necessária a retificação dos dados, o setor tem 10 dias e, se
não obtiver sucesso, tem mais 15 dias para apresentar o pedido de retificação
deferido. Senão, deve ser comunicado ao Poder Judiciário.
Dessa forma, o habeas data consiste em assegurar o direito de acesso e
conhecimento sobre as informações do impetrante nas entidades públicas e o
Garantias constitucionais 17

direito à retificação, supressão e correção dos dados, sendo sigiloso o processo


tanto na esfera administrativa quanto na esfera judicial.

Ação popular
A ação popular é uma garantia desde as sociedades mais antigas. Desde a
sociedade romana, atribuía-se ao povo a legitimidade de pleitear, junto ao
Estado, os interesses coletivos. Esse direito não era para todos, já que a pers-
pectiva de cidadãos — independentemente de renda, classe social, religião,
entre outros — é algo do século XX, a partir da instituição da DUDH em
1948, a qual a nossa Constituição Federal de 1988 segue.
No art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal de 1988, consta que (BRASIL,
1988, documento on-line):

Art. 5º [...]
LXXIII — qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor a salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus de sucumbência;
[...]

Segundo Silva (2011), a ação popular apresenta a oportunidade de o


cidadão exercer diretamente a função fiscalizadora do Estado. Essa fun-
ção, em geral, é delegada aos representantes eleitos democraticamente
que ocupam as Casas Legislativas. Tem caráter de direito coletivo e visa à
correção, já que apresenta a falha do Poder Público. Qualquer cidadão pode
impetrar uma ação popular, porém existem restrições aos estrangeiros, às
pessoas jurídicas e aos partidos políticos. Dessa forma, apenas o cidadão
comum, exercendo sua função fiscalizadora e em pleno gozo dos seus
direitos políticos, pode usufruir desse remédio constitucional na busca pelo
direito coletivo.
Percebemos, assim, que a Constituição Federal brasileira está vinculada
ao Estado Democrático de Direito, que apresenta os direitos e as garantias
fundamentais em seu art. 5º. Dessa forma, temos os direitos e suas garantias,
que não estão apenas na letra fria da lei ou na mão de representantes eleitos
que ocupam a Casa Legislativa. As garantias constitucionais apresentam a
forma como cada indivíduo ou grupo de indivíduos pode exigir, de forma
ativa, seus direitos.
18 Garantias constitucionais

BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 1992.


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/cons-
tituicao.htm. Acesso em: 29 mar. 2019.
GRUPPI, L. Tudo começou com Maquiavel: as concepções de Estado em Marx, Engels,
Lênin e Gramsci. Porto Alegre: L&PM, 1980.
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo civil. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MARMELSTEIN, G. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2009.
MORAES, A. Direitos humanos fundamentais: teoria geral. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
SILVA, J. A. O constitucionalismo brasileiro: evolução institucional. São Paulo: Malheiros
Editores, 2011.
SIMÕES, C. Curso de Direito do serviço social. São Paulo: Cortez, 2009.

Você também pode gostar