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O estado liberal ou burguês foi inspirado pelos ideais da Revolução Francesa: liberdade,
igualdade e fraternidade. Esses princípios moveram as lutas políticas da burguesia contra o
absolutismo na Europa entre o século XVII e XVIII. Os fundamentos do Estado Liberal são a
soberania popular e a representação política, ou seja, o poder é do povo, que o exerce por
meio da eleição de representantes (partidos políticos e pessoas).
Por sua vez o político e filosofo francês Charles-Louis de Secondat, conhecido como
Montesquieu, elaborou a “teoria dos três poderes”, com a ideia de divisão dos poderes ou
funções do Estado (Executivo, legislativo e judiciário). O objetivo era contestar as ideias
absolutistas, que justificavam a concentração dos poderes nas mãos do soberano, pois a
vontade do líder se confundia com as necessidades do Estado. A separação desses poderes
definiu as diferentes limitações e dimensões do podes político do estado.
Moldado para atender aos interesses da burguesia, o Estado liberal permitiu a superação do
regime absolutista. Entretanto, por também promover crises econômicas e desigualdades
sociais, tal modelo de estado começou a ser questionado, repensado e reestruturado.
Características do Liberalismo
O liberalismo, como um todo, visava a acabar com a opressão do chamado Antigo Regime (as
monarquias absolutistas que dominaram, durante muito tempo, as potências europeias). Para
os liberais, o ser humano era dotado de direitos naturais (pensamento herdado do filósofo
inglês John Locke) que assegurariam o direito de todos os cidadãos de participar da política e
da economia, de trabalhar, acumular riquezas e adquirir uma propriedade privada. Do mesmo
modo, eram direitos naturais à vida e à liberdade, sendo vedado ao Estado qualquer forma
autoritária e injustificada de restrição da liberdade ou assassinato dos cidadãos.
Para os teóricos liberais modernos, não havia qualquer justificativa para o controle da vida, do
governo e da economia por parte dos monarcas. Isso porque a monarquia absolutista estava
assentada no ideal do direito divino, ou seja, os governantes eram pessoas eleitas por Deus
para guiar o povo. O pensamento moderno, já altamente racional, rejeitava essa noção.
Para os modernos, era a razão, distribuída entre as pessoas, a responsável por criar um projeto
de mundo capaz de impulsionar a sociedade e os indivíduos ao crescimento. Esses ideais, que
constituíam o Iluminismo, geraram o centro do pensamento liberal: a capacidade individual de
trabalhar, criar e evoluir.
Tipos de liberalismo
Liberalismo político
O pensamento liberal, em geral, visava a acabar com a opressão estatal sobre a vida das
pessoas em seus aspectos políticos e econômicos. Para tanto, era necessário abandonar a
visão medieval de governo, baseada no poder absoluto e irrestrito de um governante e no
severo controle da economia por parte do Estado (como ocorreu no mercantilismo, em que os
governos promoviam as ações da economia, baseadas no comércio e na exploração de
colônias, controlando absolutamente tudo).
Liberalismo econômico
No campo econômico, foram as ideias do filósofo e economista inglês Adam Smith que
predominaram para estabelecer as diretrizes desse novo pensamento econômico. O
liberalismo econômico consiste no entendimento de que o Estado não deve interferir na
economia, pois essa deve ser feita a partir da livre iniciativa dos cidadãos, que devem ser livres
para produzir e fazer comércio, sendo responsáveis por si mesmos.
Consequências do Liberalismo
O liberalismo que se apresenta perfeito em suas ideias e em sua teoria se tornou irrealizável.
Tendo em vista a solução dos problemas reais e sociais da sociedade, é inadequado. O Estado
liberal perdeu de vista a realidade da sociedade.
A estratégia excessivamente liberal, delegava ao mercado a capacidade de se ‘auto gerir’ sem
qualquer intromissão por partes dos governantes, de acordo com as teses defendidas por
Adam Smith e David Ricardo, criadores dessa doutrina econômica. Um Estado limitado pela lei,
no qual o governo não poderia intervir nas negociações.
Dentro dos instrumentos desse Estado de Direito está a constituição e a divisão dos poderes. O
homem é livre, porém este é submetido à lei. A lei seria a expressão da vontade de cada
cidadão. Mas não é o que ocorria na prática, na sociedade liberal daquela época.
Os governantes ignoraram a revolução industrial, sendo esta considerada uma das mais
importantes revoluções da história política. Foi na Revolução industrial que surgiram os
operários de fábricas, em sua maioria pessoas que vinham do campo para trabalhar na cidade.
Com o surgimento das fabricas, surgia então uma nova classe social: o proletariado.
Sem qualquer forma de proteção, essa classe viva à mercê dos grandes capitalistas. E muitas
vezes viam seus sonhos desabarem por falta de empregabilidade, principalmente com o
surgimento das máquinas. A cada máquina nova que uma fábrica adquiria, milhares de
pessoas eram postas na rua, em nome da produtividade e do lucro.
O trabalho humano passou então a ser menosprezado e negociado, submetido assim à lei da
oferta e da procura. Trabalhadores operários possuíam salários mínimos e altíssimas jornadas,
mulheres eram obrigadas a deixar seus lares para tentar suprir o que o salário do marido não
cobria, crianças não frequentavam escolas e também eram atiradas ao trabalho indevido,
muitas vezes prejudicial ao seu corpo ainda não formado.
Neoliberalismo e liberalismo
O liberalismo clássico mostrou-se ineficaz no início do século XX, após o advento de crises,
como a Grande Depressão de 1929, em que a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou. O
cenário era de desemprego geral e péssimas condições de vida e trabalho para a classe
operária europeia e estadunidense (principalmente), mas também para as classes operárias de
outros países fora dos grandes eixos industriais.
Um dos economistas que apresentaram uma proposta diferente foi o inglês John Maynard
Keynes, formulando uma doutrina conhecida posteriormente como keynesianismo. Essa teoria
trouxe uma forma de pensar a economia capitalista como um misto de lucro para a iniciativa
privada, mas com uma regulação estatal que assegurasse boas condições de vida para toda a
população, e não somente para uma classe privilegiada.
As formas de governar que surgiram a partir dessas ideias ficaram conhecidas como social-
democracia, sendo aplicadas nos Estados Unidos por Franklin Delano Roosevelt e por países
nórdicos europeus, como a Finlândia. A educação, a saúde, a segurança, o pleno emprego e a
dignidade da vida deveriam ser promovidos pelo Estado quando a iniciativa privada não
conseguisse atingir a todos com os seus benefícios, o que fez surgir um Estado de bem-estar
social, que tornaria mais digna a vida humana e permitiria o acesso ao consumo por parte das
classes trabalhadoras.
A nova realidade não permitiria uma completa e total separação entre a economia e o Estado,
mas permitiria ajustes que os neoliberais consideravam necessários. Esses ajustes visavam, em
geral, à ampliação da iniciativa privada na oferta de serviços básicos e a supressão quase total
das empresas, órgãos e funcionários públicos, a fim de, como dizem os neoliberais, desinflar a
máquina estatal. Por essa lógica, o papel do Estado na economia seria quase nulo, a cobrança
de impostos abaixaria muito e os serviços básicos seriam, em sua maioria, cobrados.