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Resumo Tipos de Estado – Professor Willian – Sociologia

Estado Liberal
O Estado liberal ou burguês foi inspirado pelos ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e
fraternidade. Esses princípios moveram as lutas políticas da burguesia contra o absolutismo na Europa entre
os séculos XVII e XVIII. Os fundamentos do Estado liberal são a soberania popular e a representação política,
ou seja, o poder é do povo, que o exerce por meio de representantes (partidos políticos e pessoas).

O também inglês John Locke (1632-1704), ao se posicionar em relação à natureza humana e ao


absolutismo, atribui o controle das liberdades individuais e a defesa da propriedade privada ao Estado. Por
associar autoridade e liberdade, Locke é considerado um dos principais teóricos do liberalismo político.

Por sua vez, o político e filósofo francês Charles-Louis de Secondat (1689-1755), conhecido como
Montesquieu, elaborou a ideia de divisão dos poderes ou funções do Estado (Executivo, Legislativo e
Judiciário). O objetivo era contestar as ideias absolutistas, que justificavam a concentração dos poderes nas
mãos do soberano, pois a vontade do líder se confundia com as necessidades do Estado. A separação desses
poderes definiu as diferentes limitações e dimensões do poder político do Estado.

Na esfera econômica, a principal crítica da burguesia ao absolutismo estava na interferência do Estado.


Essa classe defendia que o Estado deveria agir como “guardião da ordem”, zelando pela segurança e pela
manutenção da propriedade privada. Ou seja, o Estado deveria manter a ordem para todos poderem
desenvolver livremente as próprias atividades. Dessa forma, estabelecia-se a separação entre as esferas pública
(aquilo que era de interesse comum e suscetível à interferência do Estado) e privada (o que dizia respeito
exclusivamente aos indivíduos, não passível de intervenção do Estado)

O economista e filósofo escocês Adam Smith, ideólogo do liberalismo econômico, postulava haver
uma “mão invisível” que regularia a quantidade e o preço das mercadorias, sem a intervenção do Estado. O
lema laissez-faire, laissez-passer (deixai fazer, deixai passar) expressava a concepção de que as atividades
econômicas se autorregulariam exclusivamente por meio da oferta e da demanda

Moldado para atender aos interesses da burguesia, o Estado liberal permitiu a superação do regime
absolutista. Entretanto, promoveu uma acirrada competição entre as empresas, dificultou o desenvolvimento
dos pequenos empreendimentos, concentrou o capital nas mãos de poucos proprietários e intensificou o
surgimento de crises econômicas. Com a repetição dessas crises e o aprofundamento das desigualdades sociais,
o Estado começou a ser questionado, repensado e reestruturado, como veremos adiante

Estado Socialista
O socialismo foi a primeira reação sistemática ao Estado liberal. Trata-se de um tipo de sistema político
que questiona a propriedade privada dos meios de produção e denuncia a divisão da sociedade em duas classes
sociais fundamentais: a burguesia e o proletariado. O socialismo defendia a transformação das condições de
produção e a apropriação da riqueza por toda a sociedade. O primeiro Estado socialista surgiu com a
Revolução Russa em 1917. Inspirados nas teorias de Karl Marx e Friedrich Engels, os revolucionários
bolcheviques conseguiram derrubar o regime czarista durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O lema
bolchevique era “pão, terra e liberdade”. A Revolução Russa visava superar o capitalismo, abolir a propriedade
privada e socializar os meios de produção. O Estado teria um papel histórico transitório, que consistiria em
estruturar a sociedade e permitir a livre organização do povo. Marx e Engels enfatizaram que o processo de
superação do capitalismo e a construção da sociedade comunista necessitariam da expansão da revolução
socialista em outros países. Contudo, isso não ocorreu. Com a morte de Lenin e a ascensão de Stalin, em 1924,
foram estabelecidos o Estado centralizado e a economia planificada, cujas diretrizes eram impostas pelo
Partido Comunista.

O modelo ditatorial implantado por Stalin foi “exportado” pela União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas – URSS (nome adotado pela Rússia e nações anexadas após a consolidação do socialismo, em
1922), particularmente após a Segunda Guerra Mundial. O socialismo foi instaurado em países do Leste
Europeu, como Polônia, Hungria, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Iugoslávia e Alemanha Oriental, com
a ocupação pelas tropas do Exército Vermelho logo após 1945. Em outros países da África (Moçambique e
Angola), da Ásia (China, Coreia do Norte e Vietnã) e da América Latina (Cuba), a instauração do socialismo
se deu graças às lutas populares contra ditaduras ou pela independência das potências coloniais.

No final do século XX, acentuou-se o processo de decadência política e econômica da URSS. Limitada
pela aliança entre a burocracia e a elite militar, criticada pela falta de liberdade democrática e sufocada pela
força econômica dos países capitalistas, a URSS implodiu. No entanto, os referenciais teórico-crítico e
valorativo do socialismo ainda são um contraponto ao Estado liberal, estando presentes nos programas de
vários partidos políticos do Ocidente.

Proletariado: Na tradição marxista, o proletariado corresponde ao conjunto dos trabalhadores assalariados, ou


seja, aqueles que, expropriados dos meios de produção, têm de vender sua força de trabalho. Em sua origem
romana, o proletariado correspondia às camadas mais baixas da sociedade, que nada ofereciam ao Estado
senão sua prole.

Bolchevique O termo designava os membros do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que
haviam conquistado o controle do partido (porque formavam a maioria) após o II Congresso do POSDR, em
1903. Os bolcheviques adotavam uma vertente mais ortodoxa do marxismo e criticavam as teses revisionistas
dessa teoria, defendidas pelos mencheviques (minoria dentro do POSDR).
Estado de Bem-estar Social (Welfare State)

Estado de bem-estar social (Ebes), também denominado Welfare State, foi o modelo adotado pelas
grandes economias liberais na primeira metade do século XX. A crise capitalista de 1929, o desemprego, a
inflação, o crescimento do movimento operário, a emergência dos regimes antiliberais e a competição entre
as grandes corporações monopolistas foram alguns dos fatores que contribuíram para sua emergência.

A base intelectual do Ebes é a obra Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada pelo
economista britânico John Maynard Keynes em 1936. Contrariando a ortodoxia liberal, Keynes afirmava que
o Estado deveria intervir no domínio econômico para garantir o pleno emprego, estimular a produção e o
consumo, mediar as relações de trabalho e ampliar a política de assistência.

O Ebes desenvolveu uma política intervencionista, voltada ao atendimento dos direitos sociais básicos,
como saúde, educação, trabalho, salário, transporte e previdência social. O pilar desse Estado estaria na
política do pleno emprego: o Estado deveria enfatizar políticas de geração de emprego, com o objetivo de criar
o vínculo social necessário para a estabilidade, a coesão social e a democracia.

No âmbito político, o Ebes representou uma resposta das economias capitalistas para criar uma
sociedade menos vulnerável às crises do sistema e aos apelos do socialismo, que passaram a crescer em todo
o mundo com o advento da Segunda Guerra Mundial. Seus defensores afirmavam que um Estado que
atendesse às reivindicações por direitos de cidadania da classe trabalhadora produziria funcionários mais
dispostos e empenhados. O Ebes seria, portanto, fruto de um pacto social entre as diferentes classes sociais e
os partidos políticos para priorizar a manutenção da democracia.

No final da década de 1960, o Ebes começou a sofrer críticas diante da inadequação dos gastos públicos
com a previdência, causados pelo aumento do desemprego e pela recessão econômica mundial, que culminou
na crise do petróleo de 1973. Apesar das críticas, permanece como modelo de Estado em alguns países da
Europa ocidental, em especial na Dinamarca, na Noruega e na Suécia.

Estado Nazista e Fascista

O nazismo e o fascismo foram movimentos antiliberais e anticomunistas. Por suas semelhanças,


tornaram-se conhecidos pela expressão “nazifascismo”. Neles, o Estado pairava acima de todas as demais
organizações, públicas ou privadas, e suas expressões morais desdobravam-se sobre todas as esferas da vida
social, principalmente a educação. No plano econômico, buscaram nacionalizar a economia e se afastar de
grupos financeiros e industriais estrangeiros.

O fascismo foi um movimento político surgido na Itália entre 1919 e 1920, liderado por Benito
Mussolini. Nacionalista, fundamentava suas origens no restabelecimento das glórias romanas, com objetivos
de expansão imperialista. O fascismo teorizou um sistema peculiar de poder no qual o Estado, personificado
em um partido único, de massa e hierarquicamente organizado, era o único criador do direito e da moral, não
havendo limites à sua autoridade. Toda oposição era proibida, estando sujeita à ação da justiça (controlada
pelo Executivo). Para o fascismo, a nação era uma unidade moral, política e econômica que se realizava
integralmente no Estado. O regime fascista desprezava os valores do individualismo liberal e se colocava em
oposição frontal ao socialismo.

Já o nazismo foi um movimento político que surgiu na Alemanha também nos anos 1920,
fundamentado na ideologia formulada por Adolf Hitler em seu livro Mein Kampf (Minha luta). O Estado
nazista esvaziou o Parlamento, dissolveu a oposição utilizando-se da violência e submeteu toda a sociedade
ao Partido Nazista

O termo nazismo vem do alemão Nationalsozialismus. Traduzido para o português como nacional-
socialismo, é usado para se referir à doutrina do Partido Nacional-Socialista Alemão e à experiência do
movimento nazista na Alemanha. O nazismo é uma ideologia política caracterizada pelo nacionalismo, ou
seja, a reconstituição das nações e de seus povos originais, considerados “raças superiores”. O nazismo se
diferenciou do fascismo em função de seu caráter racista, que pregava a supremacia da raça ariana, da
xenofobia (aversão ao estrangeiro) institucionalizada e da perseguição étnica a judeus, ciganos, comunistas,
homossexuais e deficientes físicos e mentais.

Embora esse modelo de Estado tenha perdido força depois da Segunda Guerra Mundial, ainda é
possível encontrar diversos grupos e partidos que defendem os ideais nazistas. Esse fenômeno pode ser
observado no crescente fortalecimento dos partidos ultranacionalistas e de movimentos neonazistas em várias
partes do globo.

III Reich: Palavra alemã utilizada para designar império, reino ou nação. Na história alemã, o I Reich (962-1806)
corresponderia ao Sacro Império Romano-Germânico; o II Reich (1871-1918) compreenderia o período entre a
unificação alemã e o final da Primeira Guerra Mundial; e o III Reich seria o período marcado pela ascensão de
Hitler, para quem esse novo Império Alemão perduraria por mil anos.

Fonte: Sociologia em Movimento - 2ªedição - Vários autores – São Paulo: Moderna, 2016

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