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Índice

História do Direito Económico……………………………………….6


Princípios Fundamentais económicos…………………………….15
Princípio democrático……………………………………………………7
Princípio subordinação poder económico ao político…….8
Princípio da legalidade…………………………………………………..9
Princípio da participação dos cidadãos na democracia
económica e condução de algumas políticas económicas..10
Princípio do Estado Social ou efetividade dos DESC………..11
Princípio da coesão territorial, económica e social………….12
Princípio da relevância dos direitos económicos fundamentais
clássicos…………………………………………………………………………….14
Princípio da propriedade publica dos recursos naturais e meios
de produção………………………………………………………………………14
Princípio do planeamento……………………………………………….14
Princípio do fomento……………………………………………………….14
Princípio da regulação económica……………………………………16
Direitos Fundamentais económicos clássicos……………………..21
Liberdade de profissão………………………………………………………17
Liberdade de empresa……………………………………………………….21
Direito Económico

Primeira parte:
 Constituição económica
 Princípios fundamentais
 Perspetiva histórica
 Regulação económica e constitucional
 Direitos fundamentais de natureza económica

Segunda parte:
 Regulação especifica do direito da concorrência

Avaliação distribuída- 1 teste (60%) e 1 trabalho documentário a um acórdão da UE


(40%).

 A HISTÓRIA DA INTERVENÇÃO PÚBLICA NA ECONOMIA


O Estado de direito posterior à revolução francesa passando pelas modificações do
seculo XX com a transição do estado liberal para o estado providencia e com o recuo
para o neoliberalismo.

o Estado liberal
A herança do antigo regime não adianta muito para percebermos onde estamos hoje,
quais são as raízes da atualidade económica.
Nesta altura vigorava o princípio do governo representativo, isto significa a ideia de
legitimidade em termos de titularidade e exercício do poder político a título
representativo, ou seja, o poder só se encontra legitimado se e quando exercido por
representantes do povo e da Nação.

Nas caraterísticas que este estado apresenta: tem a sua génese nas ideias da revolução
francesa tendo uma influência na conceção grega da república da democracia, assim
como a justiça, as funções mais justas, também à ideia de bem comum e como
evidente a uma serie de contributos filosóficos, nomeadamente de Locke e Rosseau, o
contrato social, compromisso esse em que há legitimidade política aos governantes,
em troca de proteção dos direitos.
Outro grande princípio foi o princípio da separação de poderes de Montesquieu, ou
seja, o poder tem de estar repartido e controlado mutuamente pelos governantes
escolhidos pelo povo, pelo executivo que executa as ordens do parlamento e as
transforma na regulação propriamente dita e o controlo dos privados.
O estado estava dividido em 3 grandes funções:
 Executiva e a administrativa: titularidade do monarca
 Legislativa: confiada ao parlamento
 Jurisdicional: nos tribunais
Kant, Hobbes com a ideia de imperativo de regras impostas aos governados.

Tudo isto são contributos que vem inspirar toda a regulação económica e jurídica do
estado liberal. O liberalismo vem fundar se na escola clássica de economia inglesa, da
mão invisível, a economia e o mercado não precisam que o estado mande, porque há
uma mão invisível que faz com que os economistas façam aquilo que será de melhor. O
bem comum é o somatório do bem individual. Esta ideia da intervenção mínima do
estado na economia vai influenciar a forma como estado age na economia.
Deste modo, não se queria apenas limitações internas, com a separação do poder, mas
também limitações externas em que o estado devia ser reduzido ao mínimo em
termos de fins, tarefas e objetivos. A este competia zelar pela manutenção da paz, da
ordem e da justiça, confiando à sociedade tudo mais. Assim, a ele competia a definição
as regras, através de um quadro neutro, que devem ser respeitadas por todos os
cidadãos. Do mesmo modo, competia-lhe assegurar as diferentes liberdades civis, de
pensamento, de expressão, etc..

Em que se traduz o estado liberal e de que forma essa conceção se reflete na


intervenção do estado na economia? Há uma serie de caraterísticas que se vão refletir
na forma de intervenção, desde logo a garantia das liberdades individuais e
económicas e assume uma importância grande pela mudança do antigo regime. Daqui
resulta o direito à livre iniciativa económica, tenho direito sem estar sujeito a regras
impostas por beneficiários de interesses individualmente conferidos. O estado passa a
respeitar a livre iniciativa económica, mas estamos a falar do seculo XIX tem de ser
entendido correspondendo com a evolução.
Portanto, esta garantia das liberdades individuais, pressupõe uma menor intervenção
do estado e se abstenha de beneficiar uns em relação a outros.
Por outro lado, há dois aspetos fundamentais em relação a orientação política, o
estado passar a ser representativo, representantes eleitos pelo povo, mas esta não é
absoluta. O estado tem os poderes separados e esta sob o princípio da legalidade,
sendo certo que há vários poderes, a administração exerce o poder executivo e esta
sujeita a lei, não pode exceder os limites traçados pelos representantes dos
governados. uma outra dimensão da lei é a sua dimensão como instrumento de
garantia e proteção da vida, da liberdade e da propriedade dos cidadãos (função
negativa), como instrumento para assegurar e concretizar todos os instrumentos da
vida do cidadão- temos aqui uma ideia liberal de John Locke.
Este princípio é acompanhado pelo princípio da igualdade perante a lei, não apenas
um poder de guardar as liberdades individuais, mas como todos os cidadãos estão em
princípio iguais perante a lei.

Do ponto de vista de direito administrativo, traduz-se numa conceção das regras que
legalizam a administração publica como proteção dos administrados face aos abusos
dos administradores, uma conceção de defesa, porque o Direito Publico assumia um
papel subordinado em relação ao direito privado, isto é, o direito administrativo tem
um papel importante na preservação da ordem publica e da paz publica, mas na vida
económica e social o protagonismo pertence ao direito privado. A sua incidência na
vida económica é muito reduzida, apenas nas atividades de polícia é que temos um
direito incidente na vida económica. A economia, aqui, assenta num sistema de
autorregulação. O estado tem uma atividade negativa, apenas para impedir excessos e
para condenar certas praticas.

Isto traduz-se que durante todo o período liberal, a intervenção publica do estado
servia para garantir que ninguém fosse impedido de utilizar a forma que entendesse
mais conveniente, mas começa a ganhar cada vez mais peso a proteção da
propriedade dinâmica, a empresa. Que tem por objetivo protegê-los da insolvência, os
comerciantes. A propriedade que gera mais propriedade, um conjunto orientado pela
atividade económica que vai gerar mais riqueza, mais bens, produção, multiplicação
dos fatores produtivos, postos de trabalho, ...
Não há preocupação com um princípio de defesa do consumidor, dos contratos,
portanto falamos de autonomia contratual em que cada um é livre de assinar qualquer
contrato, mas tem de arrecadar com as consequências a que se sujeita, uma máxima
liberdade para máxima responsabilidade.

Isto altera-se quando o estado tem de intervir, especialmente na conceção europeia


de economia.

o Estado social
No seculo XX, há a guerra mundial tendo um com texto económico, geopolítico e
divisão de poderes. Portanto este contexto já contava com crise de relacionamento
dos estados, com a revolução industrial, não havendo proteção para as classes menos
favorecidas.
No fim das hostilidades, em 1918, temos o estado a não renunciar a esta função
dirigente da economia, uma vez que o fim da guerra levou a outras medidas
relacionadas com os soldados vindos da guerra, criando-se, assim um fenómeno de
intervenção dos poderes públicos na vida social.
Os estados percebem que precisam de financiar, tendo de intervir mais na economia,
não se podem limitar um agente passivo e vigilante das liberdades individuais. Ao
intervir na economia, numa primeira fase, preocupam-se a arranjar formas de
financiamento, passa a ser um estado produtor, intervindo diretamente em setores de
interesse geral. Tem bastante influencia nas políticas americanas, que tentaram uma
distribuição de riqueza através da intervenção direta do estado, especialmente em
grandes obras, com recurso nos trabalhadores do estado. Havendo umas
nacionalizações e criação de empresas publicas para este tipo de distribuições.
Todos estes setores geraram receitas para o estado, para alem disto, o período
posterior foi num grande empoderamento da economia social, surgindo o Plano
Marshall, o banco mundial, o GATT, formas de cooperação económica internacional.
Tudo isto foram formas que o estado encontrou para se financiar para a reconstrução,
para os exércitos, para os sistemas de armamento. Por isso o estado teve de ser um
estado produtor, fornecia serviços, tendo de cobrar pelos mesmos. Levando a que o
estado liberal se tornasse num estado social e intervencionista, no ponto de vista
económico.

Isto durou cerca de 20 anos depois da II GM, os golden 60 e termina quando nos anos
70 fazem o mundo entrar numa crise económica, tendo como consequência a
transformação para estado regulador.

Porque é que se dá o recuo no estado social? Na década de 70/80 o estado social


deixa de ser uma alternativa considerada como viável pelas principais economias de
mercado, do ocidente. Nos anos 70 houve uma crise económica provocada por dois
choques petrolíferos, que tiveram causas relativamente extraeconómicas, retaliação
dos países árabes, Israel e Palestina, após a guerra dos 6 dias, a OPEP reduziu a
produção de petróleo, provocando o aumento do preço. O aumento do preço é um
tipo especial de aumento de preço, quando encarece o petróleo, encarece tudo, todas
as indústrias que dependem deste.
Num segundo choque provocado pela revolução iraniana.
A crise não se sentia no mundo ocidental desde os anos 30, foi uma crise difícil de
enfrentar e teve repercussões, porque por via de custos financeiros e levou a uma
repercussão alem atlântico para os países sul americanos.
Ronald Reagen e Margaret Thatcher são os rostos do recuo do estado social,
conquistas do pós-guerra mundial começam a desaparecer, os cuidados de saúde
deixaram de ser atribuídos.

A par disto no final dos anos 80 e 90 assiste-se ao desmoronar do golpe do Leste,


oposto do bloco ocidental, todos os países do Leste não tinham condições de bem-
estar, nomeadamente de liberdades individuais. Este trade-off foi considerado
demasiado pesado para a população, havendo mudanças de poderes revolucionarias
nesses países. Este fim da união soviética, associados às mudanças da China e da índia,
tornaram insustentável a presença de um estado socialista.
Tudo isto conjugou-se para que a partir desta altura, o estado social tivesse recuado,
isto é, o estado, desde logo, abdicou em muito da sua função de produtor, havendo
um processo de privatização, devolução do setor privado de setores de economia que
o estado tinha assumido. Retirou-se gradualmente da produção de bens, começa a
limitar a sua função prestadora (prestação sociais e de cuidados).
Traduz-se em que se o estado não produz e presta menos, a sua função desloca-se
para a de regulador, o estado não pode alhear-se de repente e completamente de
algumas funções sociais. Não se pode demitir ao dever de fiscalizar a forma como os
privados estão a exercer essas atividades, por exemplo não pode privatizar a produção
energética e não fiscalizar essa atividade, por isso há a criação de entidades regulador
que fiscalizam os privados nas atividades que se comprometeram, especialmente em
setores considerados essenciais (ex: transportes, saúde, comunicação social), podendo
sancionar quem não cumpre o prometido, assumindo desta forma, uma intervenção
publica ao nível da fiscalização e assegurar que esses serviços são prestados em
condições pré-estabelecidas.

 A CONSTITUIÇÃO ECONÓMICA
Estamos a abarcar a:
 constituição formal: o conjunto de princípios e normas de conteúdo económico
que estão explicitados no texto fundamental
 constituição material: conjunto de princípios e regras jus-económicos em que
assenta a ordem económica, independentemente da sua formal inserção no
texto fundamental

Falamos também da:


 constituição estatutária (esta é composta pelas disposições que se destinam a
proteger as caraterísticas básicas do sistema económico consagrado. Trata-se
de princípios e regras densas que, ao mesmo tempo, têm um elevado nível de
abstração)
 constituição programática (as suas normas consistem num conjunto de
diretivas de política económica, num programa de realizações, apontando fins e
tarefas ao estado, aos poderes constitutivos).

3 períodos:
 Período liberal:
Portugal teve 4 constituições liberais, a de 1822, 1826, 1838, 1911.
Foram relativamente semelhantes com algumas nuances, mas todas elas consagravam
os direitos fundamnetais de natureza económica, embora tendencialmente fizessem
decorrer o direito à incitava privada e direito de escolha de profissão do direito à
propriedade. Estas constituições por estarem inseridas num período liberal, o estado
estava ausente da atividade prestadora, devolvia aos privados a atividades
empresarial. As coisas mudam com a revolução de 1926 e com o estado novo.

 Estado novo
De acordo com os tempos, o mundo estava a viver a grande depressão, um período de
grande isolamento económico, em que os estados escolhem subir as taxas
alfandegarias para favorecer as indústrias nacionais. Posto isto, o estado precisa de
intervir, de acordo com este princípio o estado novo quer manter o Portugal o mais
isolado possível, tendo como grande princípio orientador o corporativismo, ou seja,
essencial da atividade económica ser conduzida pelas corporações de profissionais que
decidem as grandes linhas do setor, mas contrariamente ao que parece, é um órgão
completamente controlado pelo estado. Por isto se diz que o corporativismo é do
estado, pois este impõe caminhos a estas corporações profissionais.
Quanto aos direitos económicos, temos uma versão corporativista dos mesmos. A
Constituição de 1933 garante, no seu artigo 8o, no15 o direito de propriedade privada
e o direito de transmissão de bens, em vida ou por morte, proibindo o no12 do mesmo
artigo o confisco de bens. No no7 do mesmo artigo 8o é também consagrada a
liberdade de escolha de profissão ou género de trabalho, indústria ou comércio.

 Estado pós 25 de abril


Em 1974 temos uma revolução do MFA que muda o panorama político, ideológico e
relacionamento dos poderes públicos e privados e que vai conhecer várias fases de
recuos e avanços em termos de orientação económica.
Esta revolução sobretudo depois do golpe de 75 teve um cariz socializante, inspirar
Portugal para o estado socialista. O texto de 76 foi sendo, ao longo das revisões,
faltava o cariz socializante. Claro que esta mudança de paradigma político económico
não podia deixar de ter repercussões extremas da forma como estado participava na
economia.
Houve conversão para a constituição de 76. Esta constituição vem desde logo a
consagrar o princípio da irreversibilidade das nacionalizações. Deixou de haver bancos
privados em Portugal, todos os bancos eram do estado, todos os setores económicos
de base (adubos, cimento, siderurgia) passaram para o estado. A nacionalização fez-se
por empresas e não por setores, sendo que não afetou as empresas internacionais.
Tudo isto conduziu a que numa primeira fase a grande caraterística tenha sido a
transferência do setor privado para o publico, passaram a ser explorados pelo estado e
para isto é preciso ter pessoas competentes e pagar a esses gestores, como não havia
esta política foi um desastre.
A gestão levou a acumulação sucessiva de défices e que inevitavelmente teria de levar
à reprivatização da esmagadora maioria das empresas.
Esta onda de nacionalizações de durou mais ou menos 10 anos e com as sucessivas
revisões foi não apenas atenuando o princípio anterior, como também. Fez
desaparecer o princípio da.... como atenuou constitucionalmente os poderes do banco
de Portugal (substituição da moeda e perda da soberania).
Esta transição de poderes teve de ser caucionada pela constituição. Teve de haver um
reforço constitucional.

Portugal começa com uma constituição liberal refinada com 3 versões diferentes, sofre
uma mudança muito grande com o estado novo com a vontade de o estado controlar
os operadores privados, sofre uma transição brutal em 74 com as nacionalizações que
acompanham a produção industrial e de todos os setores de base.

 Os princípios fundamentais da Constituição Económica portuguesa


Doutor Vieira de Andrade fala de três grandes decisões constitucionais
fundamentais:
 A liberdade
 Democracia
 Justiça social
E à luz desta tripartição que Pacheco amorim faz a estratificação dos princípios da
constituição económica na intervenção do estado na vida económica.

 Princípio democrático
Artigo 1.º - (República Portuguesa)
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade
popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

O princípio democrático tal como esta expresso na CRP, no art.1º, onde se diz que
é a vontade dos eleitores que legitima o poder político e os governantes a
limitarem aquando necessário a sua liberdade económica e nessa medida esta
legitimação tutelar do poder politico começa por ser o grande principio da
constituição económica. Levanta a questão da relação do legislador constituinte
com o legislador ordinário porque a constituição pode autorizar o legislador
ordinário a restringir direitos de natureza económica, mas é o legislador que tem
de escolher a extensão da medida dessa restrição, sendo aferida à luz da CRP. Estas
diretrizes muitas vezes inserem-se na constituição programática, objetivos que o
legislador traça para o estado, sendo por vezes difícil aferir a proporcionalidade das
medidas adotadas em relação a um programa mais vago.

Por exemplo: a aplicação de regras processuais do direito da concorrência; a


proteção de mercado são um valor constitucionalmente consagrado no art.81º/f
CRP. O legislador ordinário está obrigado a adotar medidas legislativas de modo a
assegurar este valor. Evidentemente, para garantir concorrência o legislador teve
de prever sanções para essa concorrência normal (acordos concorrentes e abusos
de posição dominante- carteis e abusos monopolistas). Para disciplinar estas
práticas é preciso que a concorrência tenha meios inquisitórios para os investigar.
A lei da concorrência estipula que a liberdade da concorrência pode realizar
invenções mediante autorização de autoridade judiciaria.
Houve contratação de uma serie de empresas que mais tarde foram condenados,
por um tipo específico de acordo que envolvia terceiras empresas (venda ao
mesmo preço); tudo isto partiu de umas buscas por causa de um outro processo e
nessas a autoridade encontrou emails com outros distribuidores e desenvolveu um
velcro com esses casos todos. Mais tarde, num desses processos uma empresa
recorreu ao TC dizendo que toda a prova obtida era nula, pois devia ter sido
autorizada pelo juiz e não só por um procurador. O tribunal deu a razão. Toda a
prova foi considerada ilegal e todas as condenações vão cair.
Limites constitucionais de defesa dos direitos: concordância prática do estado
garantir a concorrência e os direitos fundamentais. A necessidade deste caso para
proteger a concorrência e as liberdades individuais, impedindo-as adotar certos
comportamentos, isto é, o direito à inviolabilidade de correspondência, tendo de
ter autorização do juiz da instrução.
A intervenção publica tem de ser legitimada pela CRP e proceder com equilíbrio
entre intervenção publica e os direitos fundamentais. Por isso, ainda que
estejamos perante uma norma da CRP programática, e nessa medida esta via
encontrada pelo estado para concretizar o art.81º colidiu com a defesa estatutária
do direito à inviolabilidade da correspondência.
Artigo 81.º - (Incumbências prioritárias do Estado)

Incumbe prioritariamente ao Estado no âmbito económico e social:

a) Promover o aumento do bem-estar social e económico e da qualidade de vida das


pessoas, em especial das mais desfavorecidas, no quadro de uma estratégia de desenvolvimento
sustentável;
b) Promover a justiça social, assegurar a igualdade de oportunidades e operar as
necessárias correcções das desigualdades na distribuição da riqueza e do rendimento,
nomeadamente através da política fiscal;
c) Assegurar a plena utilização das forças produtivas, designadamente zelando pela
eficiência do sector público;
d) Promover a coesão económica e social de todo o território nacional, orientando o
desenvolvimento no sentido de um crescimento equilibrado de todos os sectores e regiões e
eliminando progressivamente as diferenças económicas e sociais entre a cidade e o campo e
entre o litoral e o interior;
e) Promover a correcção das desigualdades derivadas da insularidade das regiões
autónomas e incentivar a sua progressiva integração em espaços económicos mais vastos, no
âmbito nacional ou internacional;
f) Assegurar o funcionamento eficiente dos mercados, de modo a garantir a equilibrada
concorrência entre as empresas, a contrariar as formas de organização monopolistas e a
reprimir os abusos de posição dominante e outras práticas lesivas do interesse geral;
g) Desenvolver as relações económicas com todos os povos, salvaguardando sempre a
independência nacional e os interesses dos portugueses e da economia do país;
h) Eliminar os latifúndios e reordenar o minifúndio;
i) Garantir a defesa dos interesses e os direitos dos consumidores;
j) Criar os instrumentos jurídicos e técnicos necessários ao planeamento democrático do
desenvolvimento económico e social;
A dimensão económica
l) Assegurar destecientífica
uma política princípio, temos trêsfavorável
e tecnológica aspetosaoa desenvolvimento
salientar: do país;
m) Adoptar uma política nacional de energia, com preservação
1. Princípio da subordinação do poder económico ao poder político dos recursos naturais e
do equilíbrio ecológico, promovendo, neste domínio, a cooperação internacional;
democrático:
n) Adoptar
este é o primeirouma política nacional
princípio da água, com
fundamental aproveitamento,
da democracia planeamento
económica; e gestão
concretiza-
racional dos recursos hídricos.
se na norma do art.81º/f, o monopólio confere à empresa monopolista um
poder quase absoluto num determinado mercado, isto é um poder excessivo
concedido a uma empresa. Permitir que uma empresa tenha demasiado poder,
seria fazer perigar o princípio fundamental da decisão de alguém ter
legitimidade do mercado. Não se limita ao art.81º/f, também temos de aferir o
art.87º, ou seja, sem que isto permita Portugal discriminar aquilo que são os
investidores e as empresas estrangeiras, na medida do que seja necessário o
legislador ordinário português para garantir que seja para todos os capitais que
não vai pôr em causa o poder legitimo. Este princípio vale para o setor privado
e publico, o setor publico da economia tem autonomia de gestão, os seus
administradores tem prémios de desempenho, por isso são orientadas para
uma perspetiva de equilíbrio, a verdade é que muitas vezes são orientadas por
uma lógica de mercado, significa que muitas vezes são apanhadas a infrações
da concorrência. Todos eles têm de se basear na legitimidade democrática.
Artigo 87.º - (Actividade económica e investimentos estrangeiros)

A lei disciplinará a actividade económica e os investimentos por parte de pessoas


singulares ou colectivas estrangeiras, a fim de garantir a sua contribuição para o
desenvolvimento do país e defender a independência nacional e os interesses dos
trabalhadores.
2. Princípio da legalidade:
Significa que as restrições as liberdades económicas individuais por imposição
às necessidades publicas, tem de ser adotadas sob a forma de lei, ou seja, ou
pela AR ou Governo, na esfera da competência absoluta ou relativa dos atos
legislativos. Isto é patente em tudo que sejam restrições aos DF de natureza
económica, por força do art.18º e do art.165º. o art.47º; 61º (posso exercer a
liberdade de empresa desde que a CRP não proíba); art.62º- art.83º. um
princípio absoluto; Lei 84/87; Intervenção do estado nas empresas privadas;
art.165º/x; art.165º/u; art.165º/m. todas estas concretizações que possam
implicar condicionamento dos DF tem de ser aprovados por atos legislativos.

Artigo 18.º - (Força jurídica)

1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são


directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas.
2. A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente
previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para
salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos.
3. As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias têm de revestir carácter geral e
abstracto e não podem ter efeito retroactivo nem diminuir a extensão e o alcance do
conteúdo essencial dos preceitos constitucionais.

Artigo 165.º - (Reserva relativa de competência legislativa)

1. É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as seguintes


matérias, salvo autorização ao Governo:

a) Estado e capacidade das pessoas;


b) Direitos, liberdades e garantias;
c) Definição dos crimes, penas, medidas de segurança e respectivos pressupostos, bem
como processo criminal;
d) Regime geral de punição das infracções disciplinares, bem como dos actos ilícitos de
mera ordenação social e do respectivo processo;
e) Regime geral da requisição e da expropriação por utilidade pública;
f) Bases do sistema de segurança social e do serviço nacional de saúde;
g) Bases do sistema de protecção da natureza, do equilíbrio ecológico e do património
cultural;
h) Regime geral do arrendamento rural e urbano;
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais contribuições
financeiras a favor das entidades públicas;
j) Definição dos sectores de propriedade dos meios de produção, incluindo a dos sectores
básicos nos quais seja vedada a actividade às empresas privadas e a outras entidades da mesma
natureza;
l) Meios e formas de intervenção, expropriação, nacionalização e privatização dos meios
de produção e solos por motivo de interesse público, bem como critérios de fixação, naqueles
casos, de indemnizações;
m) Regime dos planos de desenvolvimento económico e social e composição do Conselho
Económico e Social;
n) Bases da política agrícola, incluindo a fixação dos limites máximos e mínimos das
3. Princípio da participação dos cidadãos na democracia económica e condução
de algumas políticas económicas:
art.2º CRP. A democracia participativa concretiza-se através de trabalhadores e
associações, traduz-se na existência de interesse económico social (art.92º
CRP), assim como na participação dos trabalhadores na gestão das empresas
publicas e também no art.88º nos termos da política agrícola. Tudo isto, são
concretizações de um princípio estruturante do sistema político, mas que tem
reflexos na constituição económica.

Artigo 2.º - (Estado de direito democrático)

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania


popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na
garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e
interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e
cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

 Princípio do Estado social ou efetividade dos DESC


Estão expressos uma serie de direitos que deixam de ser um direito de um cidadão
economicamente considerado se defender da intervenção do estado, direito de não
ser perturbado no seu exercício de liberdades, passando a ser direitos “a”, direito a ter
trabalho, direito a ter segurança social, direito a ter cuidados de saúde, direito a ter
habitação e ensino. Estes direitos a prestações que passam a ser consagrados nas CRP
constituem uma dimensão importante na CRP económica. O art.2º diz-nos que não
basta que exista uma democracia em que os cidadãos possam eleger os seus
representantes em pé de igualdade, mas também que essa estenda aos campos social,
económico e cultural.
Artigo 2.º - (Estado de direito democrático)
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular,
no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de
efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de
poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento
da democracia participativa.

Se olharmos para o art.9º define as tarefas fundamnetais do estado, enquanto tal e em


geral, na alínea d) fala da igualdade real dos portugueses. Há várias dimensões:
igualdade real, transformação e modernização das estruturas económicas e sociais
(atitude proativa do estado), deixam de ser direitos de defesa, mas sim a uma ação
concreta e proativa do estado. Isto reflete-se no art.81º/a/b a ação positiva e concreta
por parte das entidades publicas, no desenvolver sustentável da economia, promoção
da justiça social, assegurando a igualdade de oportunidades e as correções de
desigualdades. As forças económicas e sociais não vão por si corrigir-se sozinhas
Artigo 9.º - (Tarefas fundamentais do Estado)

São tarefas fundamentais do Estado:


d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses,
bem como a efetivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a
transformação e modernização das estruturas económicas e sociais;

Reflete-se também no favorecimento social no sistema cooperativo e social, por ser


um setor em que a solidariedade social é mais patente, por não buscar lucro nem um
setor que o estado intervenha diretamente.
Princípio que decorre dos tratados europeus e da ideia de solidariedade social e
económica que atravessa todo o texto do TUE e TFUE.
Este princípio encara o princípio da igualdade em termos reais e não formais, isto é,
sendo certo perante a lei que todos os cidadãos são iguais perante a lei, a verdade é
que as coisas não são bem assim, traduzindo-se nos princípios de igualdade de género,
sexual, raça, etc. sendo nem sempre respeitada. É preciso que o estado tome medidas
proativas para punir os comportamentos contra art.13º, se assim é, também é preciso
que o estado intervenha para corrigir as desigualdades económico sociais, criando
condições para essas condições formais se tornem reais. Isto faz-se através da política
fiscal e através do princípio geral de redistribuição de rendimento, em que a última é
uma obrigação do estado no sentido em que só através da ação publica é possível que
a acumulação de capital por parte das empresas e quem tem mais oportunidades
possa beneficiar quem não teve acesso a essas oportunidades.
Traça diretrizes ao estado e legislador ordinário que não pode deixar de as cumprir,
tendo de ser entendido não como uma vinculação estrita, mas como indicações
adaptando às condições económicas do estado, à maior ou menor receita,
concorrência entre diferentes necessidades publicas, mas não pode ficar
absolutamente refém dos preceitos constitucionais.
Dito isto, não quer dizer que o legislador ordinário não esteja vinculado aos preceitos
constitucionais, o legislador ordinário não pode não atuar, a CRP obriga-o a agir, o
legislador não pode recuar nos seus pressupostos, não pode retroceder a níveis sociais.

 Princípio da coesão territorial económica e social


Este princípio quando pensado para todo território nacional é recente na nossa CRP, só
foi consagrado com a revisão de 2004, e até la só se referia a necessidade de coesão na
relação do continente com as regiões autónomas. Ao longo dos anos, foi-se
constatando que a insularidade das regiões autónomas não foi obstáculo ao seu
desenvolvimento económico, havendo regiões do interior do continente que as
condições económicas e socias não são superiores às regiões autónomas. Em 2004 o
legislador sentiu necessidade de alterar o art.81º/b), introduzindo que a coesão
económico e social tem de ser não apenas entre regiões autónomas e continente, mas
também as zonas urbanas e rurais e as zonas do interior.
Mais uma vez, a lei constitucional foi de encontro ao que dizem os tratados europeus.
Nos anos 90, fala-se da europa das regiões, olhando para as regiões mais
desfavorecidas em cada uma das nações, criando organismos que coletavam fundos
para essas regiões para diminuir a desigualdade entre as regiões, assegurando a
coesão económica e social de cada estado.
Este princípio radica da ideia da igualdade real com sobre ponto à realidade formal,
não podemos dizer que um distrito do interior tenha as mesmas oportunidades que
um distrito do litoral, esta ideia de solidariedades entre regiões é fundamental. Assim
como da ideia da unidade do estado, encontramos no art.5º e art.6º CRP, só existe se
houver um mínimo de coesão entre as regiões.

Na aplicação dos princípios os direitos nacionais funcionam em conjunto com o direito


europeu, nessa medida aplica-se princípios europeus, como o princípio da
subsidiariedade, o que ele significa que são os estados quem estão mais habilitados a
intervir diretamente na implementação deste princípio, mas significa que existe o
primado do direito europeu em relação ao nacional. Se as medidas legislativas de
determinada política económica forem contra diretrizes europeias, estão a violar o
direito europeu e incube o estado de responsabilidade perante as instituições
europeias. Isto faz como que o princípio da coesão material seja de dimensão
europeia, nos termos do qual a solidariedade entre as diferentes nações europeias
impõe transferência dos recursos financeiros para os centros comunitários e dessa
forma, ser distribuído pelas regiões mais desfavorecidas.

 Princípio da relevância dos direitos económicos fundamentais clássicos:


Apesar do direito económico moderno ter superado a ideia de ser um direito de
garantias dos administrados contra os excessos interventivos do estado, continua a ser
extremamente importante o estado e desenvolvimentos dos DF clássicos de natureza
económica. Arts. 47º - direito do trabalho e escolha da profissão, 61º - liberdade de
iniciativa privada, 62º - direito de propriedade, 58º/2 CRP.
Deste direito da propriedade interessa propriedade dos meios de produção, meios de
criar outros bens.
Coexistência de iniciativa económica publica e privada e 3 setores de propriedade de
meios de produção: 61ºCRP, as entidades privadas podem ser de vários tipos, uma
empresa é sobretudo uma sociedade comercial para o direito da concorrência, esta é a
principal operadora económica, contudo as associações de empresas e as ordens
profissionais podem ser sujeitos passivos das normas previstas na lei da concorrência.
A CRP diz que há 3 setores de produção: publico, cooperativo social e setor privado. As
cooperativas e o setor social são um subsetor do setor privado, são entidades privadas,
as cooperativas são uma forma de exercício especial da atividade economia privada.
Dentro da iniciativa privada prevista do 61º, temos não apenas as
empresas/sociedades comerciais bem como a criação de cooperativas que repartem
ere si outro tipo de excedente financeiro em forma de lucros como também outro tipo
de benefícios que justificam a sua constituição como empresas. A esta iniciativa
privada, seja pela forma privada seja pela forma cooperativas acresce necessariamente
uma iniciativa por parte do estado – 80º CRP, estes gozam de liberdade e iniciativa
empresarial. Art.82º - há um imperativo constitucional de criação de condições para
que estes 3 setores existam inclusivamente porque nos limites materiais de revisão
temos a coexistência do setor publico e privado (288º/f). A nossa economia é uma
economia mista, com a coexistência do setor publico e privado, a justificação para a
existência de um setor empresarial do Estado reside na garantia, para certo tipos de
serviços em que é necessário uma cobertura universal, o estado não se pode omitir de
intervir no ensino, na saúde, na energia, nos transportes, o estado pode não ser um
empresário (função produtora) mas não pode deixar de as regular, intervir
indiretamente no controlo daa prestação destes serviços (função de controlo). A
repartição feita entre o setor publico e privado tem em conta o interesse publico, tudo
aquilo que não for justificado pelo interesse publico deve ser deixado nas mãos dos
privados, não estando nós numa economia coletivizada tem de haver um mercado, e
só há mercado se o estado não o ocupar. É necessário que exista para alguns setores
de atividade o exercício de atividade por parte de entidades publicas. Existe uma
igualdade de tratamento que a lei constitui para o setor publico e privado? Não,
porque em função das escolhas político-sociais que foram feitas, o essencial da
atividade de produção de bens e serviços é feita para operadores privados e não para
operadores públicos. Isto são reflexos de uma preferência constitucional pela
economia de mercado que se faz essencialmente por a iniciativa económica privada.
Isto pode no limite, levar a que o Estado em certos setores que considere essenciais
que se reserve para ele próprio apenas o direito de intervir nestes. Começou por ser
um imperativo constitucional em 77, e deixou de o ser em 97, o estado pode ou não
reservar setores para ele próprio. A regulação destes setores tem de ser apertada e
preventiva.
Liberdade de iniciativa económica tem uma natureza diferente consoante se fale em
empresas privadas e publicas. É uma liberdade que se pode ou não exercer, mas no
caso do estado, é um poder funcional e que está nos termos da CRP, obrigado a utilizar
sempre que tal for necessário para prosseguir da melhor forma o interesse geral. Em
relação ao setor publico a questão que se coloca é de saber se aquilo que se entende
por empresa publica ou exercício publico de uma atividade económica deve ter como
critério fundamental a propriedade jurídica ou a propriedade económica das
empresas, é preciso saber se basta que o estado seja dono da empresa ou basta que
este a explore, através da jurisprudência e administração não há dúvida que as
concessões preencham o conceito de atividade publica económica (basta a
propriedade jurídica). Art.81º CRP – obrigação genérica dos meios de produção detidos
pelo estado serem geridos eficientemente (critério diferente daquele utilizado pela
emro4esas privadas – lucro). Art.89º CRP – imperativo constitucional de que os
trabalhadores têm de participar nos órgãos de gestão de empresas publicas na
decorrência do princípio do 80º/g.
Setor cooperativo social: este setor é um subsetor do setor privado, estas são
entidades de natureza privada. O que os caracteriza não é a natureza dos titulares das
empresas, é sim a sua forma de gestão coletiva e apropriação dos excedentes que são
distribuídos de forma coletiva. Estas gozam de vantagens constitucionais: 80º/f, 85º/1,
97º. A partir destas normas a CRP protege o setor cooperativo social. Este setor
subdivide-se em 4 subsetores:
•setor cooperativo (regidas pelo código cooperativo – 51/96): é uma forma de
organização que fica a meio entre uma associação e uma sociedade comercial, estas
têm 4 princípios que estão enunciados no 82º/4/a: princípio da porta aberta, princípio
da filiação voluntaria, princípio da organização democrática e princípio da repartição
equitativa dos excedentes.
•setor comunitário: tem pouco relevo económico, está praticamente confinado à
gestão dos baldios sobretudo de zonas rurais.
•setor autogestionário: é um setor não regulado por lei especial.
•setor solidário: setor que corresponde a entidades de natureza mutualista que não
tem propriamente como objetivo a repartição do excedente. Compreende por
exemplo associações de segurança social, seguradoras, …

 Princípio da propriedade publica dos recursos naturais e meios de produção:


83ºe 84º, os recursos naturais são propriedade publica. Este não é um princípio
universal, em certos ordenamentos as coisas não são assim em que apenas
determinados recursos naturais são de acesso publico. 80º/d: não faz sentido que esta
redação se mantenha, é apenas uma norma habilitante não imperativa, apenas refere
que o estado pode ser detentor de meios de produção

 Princípio de planeamento:
90º a 92º, os planos são indicações genéricas de objetivos que a prazo o estado deve
prosseguir, mas que não o vincula, sendo assim são um documento orientador da
atuação económica do estado que deve ser lido em conjunto com as orientações da UE
para determinados períodos.

 Princípio do fomento:
princípio muito genérico que diz que o estado deve encorajar a iniciativa económico-
privada através de medidas políticas. Ao setor privado temos o 100º/d/e. O estado
deve apoiar as nossas empresas e a sua projeção internacional. Isto é claramente
contrário as regras da organização mundial do comércio sobre as subvenções. Por
causa deste impacto que as subvenções e auxílios públicos tem na liberdade da
concorrência o TFUE proíbe todo o tipo de auxílios públicos.

 Princípio da regulação económica


O conceito de regulação económica e o direito de regulação como área recente dos
países mais industrializados. O salto consistiu numa reação de algumas das principais
economias ocidentais. Tudo isto conduziu a uma mudança do paradigma do tal estado
prestador, especialmente depois da II GM, que assegurava a prestação de serviços
fundamentais (transporte, energia, telecomunicações). As empresas foram fundidas e
nacionalizadas, passando para as mãos do estado.
Este percurso traz uma nova necessidade, atividades que o estado achava necessário
ser ele exercer, atividades de interesse social e geral. Se o estado deixa de os prestar,
porque a transição do estado de direito social para estado regulador (estado não se
sentir capaz de financiar os serviços públicos), as necessidades de financiamento que
as vendas dos privados poderiam fornecer e toda a filosofia de economia mercado
ficou em desuso. Assim, o estado prestador deu origem ao estado regulador.
Esta transição faz surgir o direito à regulação, que é uma área do direito administrativo
praticamente inexistente por falta de necessidade, porque estes setores de interesse
coletivo eram setores que o estado se encarregava diretamente. A partir dessa altura
há necessidade de regular a atividade das empresas que prestam estes serviços, já que
as empresas privadas são orientadas para o lucro para a distribuição pelos sócios. Não
existe nenhuma componente de interesse social e de responsabilidade social no fim
das sociedades. A missão da empresa nem sempre corresponde ao interesse público,
por isso o estado tem de regulador as atividades, sendo feita pelos reguladores
setoriais, para cada um dos setores. Ex.: ERSE; ERSS; ERC; Banco de Portugal (entidade
que regula todo o setor bancário e financeiro); ANACOM; INFARMED; CEVM; - são cada
uma delas responsáveis por um setor da atividade económica.
Enquadram-se nas atividades administrativas independentes, tendo a sua própria lei-
quadro 67/2013 de 28 de agosto.
São autoridades administrativas, tendo uma função de administração, no sentido que
vão exercer competências publicas na gestão de alguns setores de atividade que
atuam nesses setores, estando interligadas com a produção e distribuição de bens de
interesse publico social. Serviços interesse geral (mais ligados com o estado, saúde,
educação, serviços que o estado nunca se demitira totalmente), por outro lado e para
alem da sua função não ser meramente administrativa, também são independentes
(poder discricionário grande na apreciação de situações que tem de regular, mas estão
sujeitos a tutela de mera legalidade, ou seja, não ficam totalmente na mão de uma
entidade independente, sendo controlada pelo tribunal setorial- TCRS- o juízo deste
tribunal tem de saber de concorrência e toda a ação setorial das 14 entidades
reguladoras independentes).
Estas autoridades têm competências administrativas, de ouvir os administrados,
aplicar certas medidas em prol do setor, mas a par destas tem competências quase
legislativas (regulamentos para o exercício da atividade), quase jurisdicional (função de
1ª instância) e sancionatória forte.
O direito da concorrência é um direito económico geral e esta sujeita às regras da
concorrência e autoridade de concorrência, funcionando como regulador transversal,
tendo de agir, muitas vezes, com a autoridade setorial competente.
O decisor/regulador se não decidir de acordo com a tutela corre o risco de sair e ser
substituído por outro. Processo de captura- por interesses individuais e privados ou
por interesses públicos pelos quais deviam ser independentes
O que a lei pode fazer para minimizar os riscos? Quer nos requisitos de acesso e
requisitos de atividade, a lei impõe certos limites, por exemplo, na lei 67/2013, um dos
riscos é a possibilidade do atual administrador querer trabalhar para outra entidade. O
membro do conselho da administração não pode tomar decisões nas entidades a que
não esteja associado e num prazo de 2 anos não pode tomar decisões sobre uma
empresa que não integrou.
Quanto a medidas que a lei possa tomar para impedir que a tutela vá para alem que
deveria, imponha de facto decisões que não sejam contrárias as do governo:
 Mandatos de logos com confiança no exercício do cargo (art.45º)
 Art.20º - cargo de 6 anos só pode ser destituído mediante resolução no
conselho de ministros com motivo justificado

ANÁLISE DOS DIREITOS ECONÓMICOS CLÁSSICOS


Direitos que acabam por se interligar, é evidente no caso da liberdade de empresa.

 Liberdade de profissão
Art.47º CRP- todos tem direito de escolher livremente o objeto de trabalho, salvo as
exceções estipuladas.
O nº1 consagra a liberdade de escolha de profissão ou objeto de trabalho. Este artigo
está no capítulo dos DLG e goza do regime especial devida aos DLG. Especialmente
digno de proteção. O que aqui está já constava de outros preceitos constitucionais, por
exemplo do art.13º CRP, art.266º/2 CRP, estes já dizem o essencial ao direito de acesso
à função publica, por isso a inclusão do nº2 do art.47º era escusada.

A Liberdade de profissão não coincide com o direito ao trabalho, o estado tenta


assegurar que todos os portugueses encontrem trabalho, mas este não garante
trabalho a todos porque estaríamos a ir contra o modelo de economia que temos. A
liberdade de profissão é um direto clássico de cariz liberal, dá-se o direito de exigir que
o estado não vai para alem do que é exigido para o interesse coletivo, nem. Impor
qualquer restrição à profissão a não ser a incapacidade física, psíquica, etc., portanto,
não significa que as duas coisas não possam em alguns momentos sobrepor-se, por
exemplo, o direito de trabalho não é um direito neutro. Não esta na total liberdade das
partes que se comprometam a abster de certos termos de trabalho.

O que é profissão? Será, de uma maneira genérica, qualquer atividade laboral de


prestação de serviços, feita com carater de habitualidade (compatibilizada com as
condições naturais da atividade) e que seja licita e apta e que tanha como resultado
garantir ao seu titular rendimentos para prover à sua subsistência (não quer dizer que
seja a única ou a principal). Isto abrange muitas formas de exercício da profissão:
forma liberal, forma subordinada, forma autónoma.

O art.47º refere-se à escolha da profissão, o elemento substancial da liberdade


profissional, mas a nossa não se reconduz só ao momento da escolha, mas também ao
do exercício. Evidentemente, as duas coisas estão ligadas, o facto de escolher
determinada profissão pressupõe escolher os limites inseparáveis da forma como
exerço a profissão. Nem sempre é fácil separar a restrição à escolha e a escolha ao
exercício, a lei pode limitar a liberdade profissional com dois fundamentais:
 interesse coletivo: este interesse que fala o legislador constitucional, reconduz
ao art.18º, que não se traduzem em direitos positivamente consagrados, mas
que integram o espírito da constituição. Esta restrição, por abrir as portas a
alguma incerteza no âmbito desta liberdade só pode ser justificação não para a
liberdade de escolha, mas para a liberdade de exercício. O acesso á ordem
profissional não pode ser negada a quem preenche os requisitos presentes na
lei.
 capacidade da pessoa para exercer a profissão: por exemplo, a lei não pode
permitir que um individuo invisual pilote um avião; há interesses relativos aos
direitos de quem vai ser destinado dos bens e serviços prestados que tem de
ser assegurados. Não estamos só a falar de capacidades físicas e mentais inatas
à pessoa, por exemplo uma certificação publica de conhecimentos técnicos e
especificas que limitam o acesso e escolha da profissão a quem tenha
demonstrado a capacidade técnica e científica para exercer a profissão.

Art.47º/2- liberdade de acesso à função publica; estabelecido por regra por concurso,
em qualquer organismo publico há uma pessoa especifica equacionada para ocupar a
vaga. Abrange não apenas a função publica propriamente dita, mas existem profissões
que pressupõe o exercício das funções publicas privadas.

 Liberdade de empresa
Liberdade de iniciativa económica que é uma liberdade que, não obstante o
princípio da coexistência de três setores de produção (publico, privado e negocial)
a atividade é exercida através de empresas e essas podem ser privadas
(esmagadora maioria que colaboram na economia de mercado), empresas
coletivas e empresas publicas. Esta liberdade é constitucionalmente consagrada no
art.61º e refere-se especialmente aos setores privados, não obstante o próprio
estado se reservar a si próprio o direito de exercer qualquer tipo de atividade
económica que seja importante exercer, tendo o estado um meio de
financiamento que os setores privados não tem, ele deve deixar aos operadores
privados o mercado, isto é, deve conceder aos operadores privados a liberdade
jurídica de constituir empresas, mas também conceder o espaço de liberdade
económica que precisam para se desenvolver. O estado reserva-se a si próprio
algumas áreas de intervenção económica, em que os privados não podem atuar,
tirando essa reserva de setor publico (lei 88ª/87) a liberdade de empresa é uma
liberdade tendencialmente absoluta.
Temos de distinguir dois momentos, tal como na liberdade de profissão:
- Acesso
- Exercício

A liberdade de escolha ou criação é o principal objeto de proteção do art.61ºCRP. Isto


remete para o art.18º CRP, porque se devem proteger interesses que decorrem do
conjunto de valores salvaguardados pela constituição e podem justificar uma restrição
a este tipo de liberdades, tanto da profissão como da empresa (art.47º).
Porque é que, na nossa ótica, o legislador constituinte distingue a liberdade de
profissão da empresa, com uma proteção mais reforçada da primeira? A liberdade da
escolha de profissão é um valor quase absoluto, apenas sendo restringida consoante
as capacidades do seu titular, já que esta é uma concretização de um direito geral de
personalidade e de escolhas fundamentais que cada pessoa terá de ter. A liberdade de
empresa não será importante, porque esta é de certa forma funcional quanto á
liberdade de profissão, ou seja, a empresa é um meio, entre outros, de realização da
profissão. A empresa não é uma necessidade iminente de realização pessoal, esta é um
veículo que não corresponde á essência de realização pessoal junto com a liberdade
profissional, esta é uma concretização da liberdade profissional.
Embora não esteja tao intrinsecamente ligada á realização pessoal, a verdade é que a
liberdade de empresa tem uma importância grande quer no quadro geral à luz liberal
que nasceu, quer nas economias de mercado de atualmente, a partir do momento em
que o estado delega aos privados produção de bens e serviços, é evidente que tem de
dar aos particulares uma liberdade jurídica de estes conseguirem assumir a
responsabilidade de a empresa produzir os bens que o estado não consegue produzir.
A liberdade de empresa tem mais a ver com o funcionamento de economias de
mercado liberais.

O que é uma empresa? Como já foi dito, o conceito de empresa não é uniforme nos
diferentes ramos de direito. Por exemplo, no direito do trabalho, comercial e da
concorrência não tem conceitos convergentes, há certas entidades que não são
abrangidas por uns. Desde logo, empresa é um conceito que pode ser entendido de
perspetiva objetiva e subjetiva, ou seja, para o direito comercial, a empresa é
sobretudo uma coisa, um bem que pertence ao património do empresário, a mesma
pessoa ou sociedade pode ser dona de várias empresas, no DC a empresa é coisificada,
cujo âmbito pode ser difícil de delimitar. Por isso mesmo, para o DC a grande
importância do conceito de empresa tem a ver com a sua transmissão e aquilo que se
transmite quando há uma locação de estabelecimento, por isso uma empresa tem de
ser um bem transferível, caso contrário deixa de ser uma empresa e deixa de ter
aptidão de ser objeto de efeitos jurídicos. Por exemplo, um escritório de advogados e
um consultório medico não é uma empresa para o DC, porque dentro destas
organizações produtivas, as pessoas estão ligadas ao empresário e não á empresa,
portanto esta estrutura não é transferível enquanto empresa, apenas os elementos
que individualmente a compõem. Uma empresa tem de ser autónoma do empresário,
tem de existir mesmo que o empresário desapareça.

Uma empresa tem de ter como finalidade o lucro? As sociedades têm por fim a
obtenção de lucro, contudo, nem todas as empresas são sociedades, há empresas
publicas e coletivas que não seguem a forma societária e nem todas as sociedades tem
de ser empresa, uma sociedade pode constituir-se sem que seja uma empresa, apenas
sendo uma pessoa jurídica sem que uma empresa exerça o seu objeto. Em certos
casos, embora a regra seja de que qualquer empresa privada é constituída para obter
lucro, as empresas poderão não ter como finalidade a obtenção de lucro, por exemplo
as empresas publicas têm como finalidade o equilíbrio financeiro, as empresas
cooperativas apesar de gerarem benefício para os seus membros, não distribuem
lucros. Para o DC tendencialmente a empresa é um objeto separável (empresário) e
transferível (para terceiros) e que tendencialmente tem lucro.
Para o direito da concorrência já não é assim, os profissionais liberais são empresários,
não interessa se podem ou não transferir para terceiros, todos estes operadores
económicos são empresários. Isto levanta-nos a questão de saber, o que é empresa à
luz da CRP? O art.61º remete para o art.86º, que concretiza e através da qual o estado
assume a obrigação de incentivar a atividade económica privada. Antes havia uma
reserva constitucional de setor publico e agora é apenas uma faculdade, reflexo da
mudança da perspetiva económica que a nossa CRP sofreu a partir de 76. Portanto, a
nossa CRP não nos diz o que é uma empresa o que significa que temos de adotar um
conceito que nos permita abranger a liberdade de constituir uma entidade que
organize meios produtivos com a finalidade de estabelecer interações com terceiros. A
constituição obriga o legislador a não restringir, para alem do que é essencial, a
liberdade de escolha da forma empresarial, a liberdade de qualquer cidadão criar uma
empresa e através desta exercer a sua profissão, através desta trocar com terceiros
bens e serviços que são necessários para que a economia funcione. Por isso, o âmbito
da liberdade de empresa é funcional quanto ao da liberdade profissional, já que temos
a escolha de um meio no qual o outro se pode exercer. Maioria das profissões não
requerem que o titular do direito crie a empresa para o exercício do seu trabalho, por
isso a liberdade de profissão esta um patamar acima no que toca à realização pessoa e
os direitos de personalidade do que a liberdade de criação de empresa.

Qual o âmbito de atuação do Estado na conformação da liberdade de empresa e no


exercício da liberdade empresarial? Art.86º CRP o nº2 estabelece um princípio
importante, quanto á liberdade de exercício o princípio é o de que só excecionalmente
é o que o estado pode intervir na gestão de uma empresa privada. Em relação ao
exercício, compete ao empresário tomar todas as decisões e exercer a sua liberdade
de empresa. O professor ainda considera a liberdade de dispor da empresa, a
liberdade de a vender ou de liquidar podem estar mais associadas ao direito de
propriedade do que da liberdade de empresa, pressupõe a propriedade o conjunto de
meios produtivos no qual o empresário pode livremente dispor. É verdade que esta
liberdade tem a ver com as caraterísticas de coisa e com as prerrogativas do direito de
propriedade do que liberdade de empresa, mas há uma autonomia que deve ser
considerada. Muitas vezes a liberdade de vender a empresa é uma componente
importante na decisão de adquirir parte da empresa, por exemplo nos investimentos
financeiros feitos em empresas, muitas vezes são feitos por pessoas que não tem
intenção de serem empresários, de intervirem na gestão de empresa, mas é um
financiador é importante que a empresa atraia novo capital para crescer, é importante
que a sua capitalização cresça. O direito em dispor a empresa deve estar contido nesta
forma de exercício.

Liberdade de escolha e criação de empresa: liberdade que constando da CRP, esta


permite ao estado que se estabeleça uma reserva da vida económica. Há outros
setores que não estando incluídos na lei 88A 97 também gozam desta reserva do setor
publico, até de reserva por via dos princípios constitucionais. Qualquer exploração do
domínio público só pode ser feita por particulares mediante a concessão do estado.
Estando de uma maneira geral a gestão do setor público limitada, há zonas de
atividade em que o acesso ao privado pode ser dificultado por falta de
regulamentação.

Quando uma empresa é declarada insolvente, todos os bens que constituem o


património da empresa vão ser geridos por um funcionário judicial, alguém que exerce
a título privado funções publicas.

Passaremos, então, ao momento da escolha que se traduz na criação da empresa para


exercer certa atividade: o estado pode intervir neste momento e vai fazê-lo
ativamente nesta opção fundamental do particular criar empresa. O grau de
intervenção do estado vai fazer muita diferença, o estado por razoes de planeamento,
urbanísticas, segurança publica, ter de ter conhecimento ou ter de criar o direito a
favor do particular e ter de intervir na criação das empresas. Vamos ver os dois polos
extremos:
Imaginemos que uma empresa pretende ser concessionaria do serviço de limpeza
urbana. Como vimos, isto é um setor em princípio reservado ao estado, mas também
vimos que a concessão do serviço publico pode ser outorgada a particulares mesmo
com capital exclusivamente particular. Portanto, as empresas do setor privado não
têm nenhum direito em exercer esta atividade, um direito que o estado reserva em si
próprio, o legislador ordinário aprovou a lei 88 97, o estado pode constituir um direito
a favor das empresas do setor privado, enquanto concessionarias de ficar com essa
tarefa do setor publico. Compete aos municípios decidir se vão ou não concessionar,
apenas tem discricionariedade técnica, orientada por princípios de eficiência, e
enquanto não o fizerem as empresas não pode aspirar a ser uma concessionaria, tem
apenas uma expetativa. A concessão é uma exceção, não uma regra, para os setores
que sejam reservados ao estado, por isso é natural que a entidade concedente goze de
alguma discricionariedade quanto à criação e quanto aos requisitos. Em relação a estes
setores reservados ao estado, em setores que exijam o uso de prerrogativas de
concessão publica, o processo é dito.
A concessão é limitada no tempo, por tempo relativamente longo, já que é necessária
uma garantia para a amortização do investimento que se faz. Deve cumprir os termos
da concessão, sendo que se poderá tirar o título se não cumprir, e por razoes de
interesse publico, a concessão pode ser retirada. Relação sujeita a uma intervenção
muito próxima da entidade concedente, o estado pode fiscalizar, conformar, modificar
ou extinguir a atividade. Isto tudo, porque a posição do concessionário é uma posição
de exceção e não de regra, apenas tem este estatuto, porque lhe foi conferido, não
porque já tem esse direito.

Uma autorização é muito diferente da concessão, depende de o estado dizer ao


particular se pode exercer o direito que este já o tem, mas apesar de já o ter, porque
podem influenciar a posição de terceiros, este estabelecimento vai funcionar de uma
área não reservada à entidade publica, este pode abrir desde que cumpridas as regras,
desde que o estado o autorize. Por exemplo, para abrir um estabelecimento há que
confirmar que este não cause um perigo aos interesses de terceiros, da sociedade, do
ambiente e só aí é que poderá haver uma autorização para o empresário exercer o
direito que este tem. Essas autorizações podem ser mais fáceis ou difíceis de obter e
podem ou não ser tacitas, pode haver um diferimento tácito para certo tipo de
atividades. O esquema do diferimento tácito garante simplificação processual e
proporciona maior rapidez de resposta à obrigação.

Tem havido, progressivamente, uma tendência para o estado exercer de uma forma
cada vez mais ligeira a sua atividade de prestador a favor da sua atividade regulatória
para que a regulação feita através de concessões passe para um regime de
autorizações. Muitas atividades que só poderiam ser exercidas através de concessão,
passaram a estar sujeitas ao regime de autorização, como atividades que estavam
sujeitas ao regime de autorização, sem a resposta ao qual não pode a empresa ser
criada, há um outro esquema para atividades que não representem um tao potencial
para interesses de terceiros, o regime da mera comunicação ou notificação. Quando
não haja um perigo grande para interesses de terceiros para a abertura de
determinado estabelecimento quando o estado verifique as condições para a abertura
do local e para não empatar o tempo do empresário, haverá apenas comunicação da
abertura e depois confirma-se as condições necessárias, ou seja, autorizam o
empresário a abrir a empresa acompanhada da notificação e documentação necessária
e depois essa entidade competente tem a prerrogativa de fiscalizar o cumprimento de
todas as condições estabelecidas por lei para o exercício da atividade. Se essas
condições não se verificarem, não só a empresa deixa de estar autorizada a atuar,
suspensão do direito, como haverá uma coima por ter exercido a atividade sem
condições (sanção pecuniária). Tudo isto tem a ver com a tendência para a
desburocratização da atividade privada, facilitada pelos meios tecnológicos, e com a
relação dos privados com o estado.

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