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Direito Processual Civil – Teóricas 2º Semestre

Semana 6 – 18.03 a 22.03


 Documento particular
Os documentos particulares (art. 363º nº2 parte final CC), são todos os que não forem
autênticos.
Dentro destes podemos distinguir entre:
1. Documentos particulares assinados (art. 363º CC) – são, portanto, os documentos
autógrafos, isto é, “grafo” vem do verbo grego que significa escrever, “auto” significa o
próprio, portanto, um documento autografo é um documento assinado pelo seu autor.
Na eventualidade pode ocorrer, de que o autor não saber (não ter capacidade para a
escrita) ou não puder assinar o documento pode ser assinado por um terceiro, é chamada
assinatura a rogo, quem assina fá-lo porque assim foi pedido pelo autor, portanto, o
documento já não é autógrafo é alógrafo. Neste caso, o documento só será atribuível ao
rogante se a subscrição for feita ou confirmada perante notário (art. 363º nº3 1ª parte
CC).
Qual é o problema de regime suscitado pelos documentos particulares?
Nos documentos particulares não se garante, no respetivo processo de feitura, que o conteúdo
dele proveniente, efetivamente, teve como fonte quem nele se afigura como autor. Se não há
nenhum controlo público, o risco de o documento ser indevidamente atribuído a alguém que
não o subscreveu, é naturalmente muito mais elevado, ou seja, o documento particular é muito
mais premiável ao risco de falsificação do que o documento público.
É critico, portanto, a respeito de documentos particulares determinar se eles são ou não
imputáveis aqueles que neles figurem como seus autores, daí o respetivo regime processual, das
duas uma:
o Se o documento particular for apresentado e a parte contrária não confessar, não
impugnar ou declarar que desconhece se a assinatura foi feita por si, a autoria
considera-se provada por admissão (art. 374º nº1 CC);
o Se pelo contrário a parte contrária impugnar será o apresentante do documento que terá
o ónus de provar a atribuição de autoria à parte contrária (art. 374º nº1 CC) – é o
chamado incidente de impugnação da ingenuidade (art. 444º e 445º CPC).
Para evitar que esta impugnação possa vir a ser feita de modo procedente numa eventual ação
declarativa ou pelo menos para reduzir a probabilidade desta procedência, a lei civil admite duas
possibilidades de grande interesse.
o Reconhecimento presencial das assinaturas (art. 365º nº1 CC), se houver o ónus da
prova inverte-se aquele contra quem o documento é apresentado que tem de provar a
sua falsidade (art. 365º nº2 CC);
o Documento particular autenticado – os documentos serão confirmados perante
notário (art. 363º nº3 CC) ou outra entidade autorizada para autenticação. Ora, em
Portugal há um elenco bastíssimo de entidades para o fazerem, por exemplo, os
advogados e solicitadores podem fazê-lo.
Do ponto de vista civil, qual a importância prática de reconhecimento de assinaturas? Ao
garantirem uma entidade de reconhecimento de assinaturas públicas limitam a possibilidade de
impugnação, pela parte contrária, no processo de declaração da autoria do documento.

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Portanto, se a autoria estiver devidamente estabelecida, o valor do documento é de prova plena.


O âmbito provatório é considerarem-se provadas as declarações atribuídas ao seu autor (art.
376º nº1 CC) e os factos que sejam contrários ao interesse do declarante nos termos do regime
da confissão (art. 376 nº2 CC).
A partir deste momento, em que é estabelecida a autoria, a forma probatória do documento
autêntico só poderá ser afastada das seguintes formas:
o Por alegação de prova da falsificação material do documento posterior à
subscrição;
o Pelo preenchimento abusivo de documento assinado em branco – nestes casos, em
que a assinatura é aposta sem que o documento esteja preenchido, as partes celebram
um pacto de preenchimento, ou seja, acordam como é que o documento deve ser
preenchido. A lei permite que, mesmo que a assinatura seja legítima pode afastar-se a
força probatória do documento com fundamento em que este facto foi violado. O
portador do documento cumpre um valor superior àquele que devia;
o Prova de que o signatário não sabia ou não podia ler à data da subscrição (art.
373º nº3 CC) – Por um lado, antigamente era muito corrente, em contexto de quem não
tinha sido escolarizado, que soubesse assinar mesmo sem saber a lei. Assim, não havia
dúvida quanto à assinatura, simplesmente, o assinante não compreendia o que estava a
assinar. Alguém que não saiba ler um documento não pode arcar com os seus efeitos.
Poderá saber ler, mas não compreender o que leu, aí tem de arcar com os respetivos
efeitos.
Em termos de impugnação da autoria, qual será o meio próprio para positiva ou negativamente a
autoria de um documento que tenha sido impugnado? Através de prova pericial, isto é, um
perito em caligrafia.
2. Documentos particulares não assinados
Para os documentos particulares não assinados valerá, mutatis mutandi, o mesmo regime
prevendo a lei disposições específicas para as hipóteses fixadas nos art. 380º e 381º CC que são
os registos e outros escritos em que se fazem nota de pagamento e de nota em seguimento à
margem ou no verso do documento.
Nota: Regime do documento eletrónico – mecanismo de certificação da assinatura, nestes
dispomos da chamada assinatura eletrónica qualificada que é um meio que tem altíssima
credibilidade e que permite criar com facilidade documentos muito seguros do ponto de vista da
imputação da autoria.

 Documentos não-escritos
São exemplos de documentos não escritos, as fotografias, vídeos e gravações.
O valor probatório dos documentos não-escritos encontra-se no art. 368º CC.
Os documentos não-escritos se não forem impugnados, têm valor de prova plena dos factos ou
coisas que representem. Por exemplo, a gravação de alguém a falar, não é impugnada, faz prova
plena daquilo que se pode escutar.
Pelo contrário, se forem impugnados vale o regime da livre apreciação da prova (art. 366º CC).
II. Confissão (segundo meio de prova)
A confissão é o meio de prova mais credível.

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Em que consiste a confissão? Nos termos do art. 352º CC, a confissão é reconhecimento que
alguém faz de um facto que lhe é desfavorável e que favorece a parte contrária.
Porque é que este meio de prova tem um altíssimo valor epistémico? Porque é altamente
provável que se alguém reconhece aquilo que lhe prejudica é em razão da sua verdade, isto é,
este valor probatório funda-se numa regra de experiência muitíssimo consolidada.
Quanto ao objeto da confissão, deve ela respeitar a facto desfavorável ao confidente (art. 352º
CC), contudo a confissão não faz prova contra o confidente quando se verifica alguma das
causas constantes do art. 354º CC. Quais são elas?

 Ser declarada insuficiente para a lei;


 Recair sobre facto cujo conhecimento a lei proíba;
 Recair sobre factos relativos a direitos indisponíveis (a confissão não vale para factos
que se subtraiam à disponibilidade das partes);
 Se o facto confessado for impossível ou notoriamente inexistente (a confissão é um
meio de prova por ter um valor presumido de verdade, se o facto é inexistente ou
impossível já há certeza quanto à não verdade da confissão, portanto, a confissão não
prova nada.
Quanto à pessoa de quem provém a confissão
Exige-se que a confissão provenha de alguém com capacidade e poder de disposição a respeito
do facto sobre que ela incide, deste modo será irrelevante como meio probatório pleno, a
confissão provinda de incapaz a respeito de um facto que se enquadre no âmbito da
incapacidade (art. 353º nº1 CC).
Em princípio, a confissão deverá provir da pessoa do confidente (art. 353º nº1 CC),
excecionalmente, porém, pode ser feita por mandatário judicial nos articulados da ação (art. 46º
e 356º nº1 1ª parte CC), sendo que, neste caso, a alegação pode ser retificada ou retirada
enquanto não tiver sido aceite especificadamente pela parte contrária (art. 465º nº2 CPC) e
pode, ainda, a confissão porvir de procurador com poderes especiais para o efeito (art. 356º nº1
2ª parte CC).
Quanto à forma, a declaração confessora deve ser inequívoca (art. 357º nº1 CC), atendendo à
gravidade dos seus efeitos, deve resultar do seu teor que claramente o confidente reconheceu o
facto em causa.
Quanto à eficácia, a confissão é irretratável (art. 465º nº1 CPC). Isto significa que, uma vez
realizada a confissão, não poderá ser retirada pelo confidente. Só não é assim no regime da
confusão dos articulados, sendo irretratável, pouco importa que confidente, em momento
posterior, nega esses factos, essa negação nada vale contra o reconhecimento prévio da
confissão, uma vez proferida a confissão, no respeito por este regime, ela só poderá ser atacada
mediante declaração de nulidade ou anulação por falta ou vício da vontade (art. 359º CC), por
exemplo, uma confissão sob coação moral.
A confissão pode ter duas modalidades (art. 355º CC), a diferença é o lugar onde ocorre a
confissão:

 Judicial – feita em juízo (art. 355º nº2 CC).


Pode ser feita de modo:
o Espontâneo – quando é a própria parte, eventualmente através de mandatário
ou procurador com poderes para o efeito, a possuir a iniciativa de confessar (art.
355º nº2 CC);

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o Provocado – quando é intencionalmente pedido o depoimento da parte ou a


prestação de informações ou esclarecimentos que permitam retirar a declaração
confessória.
O regime de depoimento de parte encontra-se regulado nos art. 452º e ss. CPC.
O depoimento de parte pode ser:
 Ordenado pelo juiz
 Requerido por qualquer uma das partes – devendo indicar, desde
logo, os factos sobre os quais recaia o depoimento.
Quanto ao seu objeto, a confissão, apenas pode incidir sobre factos pessoais ou de que o
depoente deva ter conhecimento (art. 454º nº1 CPC). Exclui-se, porém, o depoimento da parte
quando incida sobre factos criminosos ou torpes de que a parte seja arguida (art. 454º nº2 CPC),
isto devido ao princípio da proibição da autorresponsabilidade penal.
O depoimento será prestado em princípio na audiência final (art. 456 nº1 CPC).
Se a parte confessar obtemos prova de confissão, se não confessar o juiz pode livremente
apreciar, não há nenhuma particularidade.

 Extrajudicial (art. 355º nº4 CC)


Nos demais casos, a confissão será extrajudicial. Por exemplo, um documento pessoal em que a
pessoa reconheça que prejudicou um terceiro com ato lesivo.
Qual o valor probatório da confissão? Tem valor de força probatória plena nos dois seguintes
casos:

 Quando se trate de confissão judicial escrita ou reduzida a escrito (art. 358 nº1 CC);
 No caso de extrajudicial terá também esse valor probatório caso se verifiquem os dois
seguintes pressupostos:
o caso a confissão conste de documento autêntico ou de documento particular nos
termos aplicáveis deste meio de prova;
o caso o documento tenha sido dirigido à parte contrária (art. 358º nº2 CC);

Ex.: Imaginemos A propõe uma ação contra B, de responsabilidade civil, com fundamento em
que B é um hacker que acedeu ao email escrito por B. Se houver um documento escrito por B,
dirigido a um terceiro, a dizer que foi ele que fez, temos confissão com valor de prova plena?
Não, o valor epistémico decorrer daquele à quem pode aproveitar.
Nos demais casos a confissão é livremente apreciada pelo tribunal, o email pode ser valorado,
mas quem fixa a sua relevância é o próprio tribunal (art. 358º nº3 e nº4 CC e art. 361º CC).
A confissão é indivisível, significa isto que, em princípio, caso a declaração de alguém tenha
elementos desfavoráveis e favoráveis eles devam ser considerados na sua totalidade, isto é, não
se pode cindir o elemento desfavorável sem aproveitar o favorável, esta é a regra (art. 360º CC).
Ex.: Imaginemos, alguém afirma “o réu agrediu-me” e o réu responde “sim, mas foi porque
estava a ser agredido também”. Toda a firmação tem de ser aproveitada.
De todo o modo, muito embora seja esta a regra, a lei prevê determinadas especificações de
regime, perante uma confissão indivisível de alguém, pode a contraparte tomar uma das três
seguintes opções:
1. Prescindir da confissão na totalidade, nesse caso a declaração ficará sujeita à livre
apreciação do julgador (art. 361º CC);
2. Aceitar na totalidade a confissão, fica também provado o que aproveita ao confidente;

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3. Declarar que aproveita a confissão, mas reservar o direito de provar posteriormente a


inexatidão dos factos que aproveitam ao confidente, neste caso, eles em princípio
ficarão estabelecidos salvo se for feita prova do contrário.

III. Prova por declarações de parte (terceiro meio de prova)


Nota: A prova por declarações de parte foi estabelecida em 2013.
Já falamos do depoimento de parte, quando se pede que a parte contrária intervenha ou o juiz o
determine para tentar obter uma confissão.
Quid iuris caso seja a parte a querer intervir? Para tal finalidade introduziu-se a prova por
declarações de parte. Tal meio de prova não se limita a factos desfavoráveis, pode incluir factos
favoráveis ao declarante. É possível requerê-lo até ao início das declarações orais em 1ª
instância incidindo sobre factos de que a parte tenha conhecimento direto ou tenha participado
pessoalmente (art. 466 nº1 CPC). Pode ter lugar a pedido das partes ou por determinação do juiz
no exercício do poder inquisitório (art. 466º nº2 CPC). Às declarações de parte aplica-se o
regime de depoimento de parte com a respetivas alterações. Estas declarações são apreciada
pelo juiz, salvo quando constituam confissão (art. 466 nº3 CPC). Não é um meio de prova que
tenha, naturalmente, grande valor.
IV. Prova pericial (quarto meio de prova)
A prova pericial encontra-se prevista no art. 388º CC.
Consiste na perceção ou apreciação de factos por intermédio de um perito. Tem lugar quando,
para a referida apreciação, sejam necessários conhecimentos de que o julgador não disponha ou
que não justifiquem a inspeção judicial, que é outro meio de prova distinto.
Do ponto de vista processual, a prova pericial está regulada nos art. 467º e ss. CPC. Na prova
pericial há um terceiro, especialmente qualificado, que auxilia o tribunal na apreciação de certos
factos e, auxilia, na medida em que, dispõe de um conhecimento qualificado de que o julgador
está privado.
Esta perícia pode incidir sobre pessoas, por exemplo, um exame médico legal ou sobre coisas,
por exemplo, a avaliação de um imóvel, do estado de um imóvel, a genuinidade da assinatura de
um documento, etc.
Nos termos do art. 467º nº1 1ª parte CPC, a perícia deverá ser a título de regra realizada em
estabelecimento laboratório ou serviço oficial apropriado (ex.: instituto de medicina legal,
laboratório nacional de engenharia civil). Quando não haja tal serviço público será selecionado
um perito pelo juiz, com prévia audição das partes de entre pessoas com reconhecida idoneidade
e competência (467º nº1 CPC).
Havendo acordo entre as partes em respeito de um perito, em princípio, deve ser ele o
designado, só negará o juiz dessa escolha quando houver razões que permitam suspeitar da sua
idoneidade e competência (art. 467º nº2 CPC).
Em processo civil, é sempre juiz singular e um juiz é um jurista. Mas noutro tipo de processos
há outros meios ao dispor que não passam por uma perícia, na arbitragem, por exemplo, em que
o tribunal arbitral, nomeadamente, é colegial, é comum em litígios que obrigam a grande
apreciação técnica ter um tribunal constituído por um juiz e dois técnicos. A perícia só é
concretamente necessária quando no comum dos julgadores, não há competência para o efeito.
A perícia pode ser realizada:

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 a requerimento da parte (art. 467º e 474º e ss. CPC);


 determinada por iniciativa do juiz (467º nº1 e 477º CPC).
Uma vez designado o perito, ele deverá desempenhar as suas funções de modo diligente (art.
469º nº1 1ª parte CPC), podendo o juiz condená-lo em multa caso incumpra os seus deveres de
cooperação (art. 469º nº1 2ª parte CPC), pode, também, ser destituído da sua função.
Aos peritos cabe o mesmo regime de impedimentos e suspeições que cabem aos juiz (art. 470º
nº1 CPC).
No momento de realização da perícia poderão assistir, quer o juiz, quer as partes (art. 480º nº1 a
nº3 CPC) que podem mesmo participar ativamente na perícia (art. 480º nº4 CPC). Com isto se
pretende garantir o contraditório na produção de prova.
No âmbito da perícia, as partes podem fazer-se acompanhar de técnico (art. 50º nº1 CPC).

O relatório pericial deverá ser apresentado imediatamente ou, se não for possível, no prazo
fixado pelo juiz que não deve ser posterior a 30 dias após o fim da diligência (art. 483º nº1
CPC).
Nota procedimental: Pode ser ordenada a presença dos peritos na audiência final para poderem
ser interrogados, nesses casos os esclarecimentos são feitos sobre juramento (art. 486º CPC).
Nota procedimental: É possível pedir uma segunda perícia destinada a averiguar os mesmos
factos e corrigir possíveis inconclusões (art. 487º CPC).
A prova pericial está sujeita à livre apreciação da prova (art. 389º CC).
O facto de estar sujeita à livre apreciação da prova não quer dizer que a perícia não tenha um
valor qualificado, mas por outra via, o juiz está sujeito ao dever de fundamentação racional da
sentença e a prova pericial exige uma razoabilidade de aceitação das conclusões do perito.
V. Prova por inspeção (quinto meio de prova)
A prova por inspeção está regulada nos art. 390º CC e nos art. 491º e ss. do CPC.
A que se destina? Destina-se a facultar o acesso direto a precessão direta do tribunal de
determinados factos.
Ex.: Numa ação de demarcação o juiz deslocar-se aos próprios prédios a demarcar para ver
diretamente.
A prova por inspeção esta sempre dependente de um juízo de conveniência feito pelo tribunal
(art. 490º nº1 CPC) a parte não tem direito a exigir que este meio de prova seja realizado, desde
logo, porque é um meio de prova que pode causar um enorme transtorno ao julgador.
Quando tenha sido requerido pela parte deverá ela fornecer ao tribunal os meios necessários
para a realização da diligência (art. 490º nº2 CPC).
Quanto ao seu valor probatório aplica-se a livre apreciação da prova (art. 391º CC).
VI. Prova Testemunhal (sexto meio de prova)
A prova testemunhal encontra-se prevista nos art. 392º e ss. CC e 495º CPC.
Em que consiste? Consiste na narração de factos de que um terceiro teve conhecimento. Esses
factos são o testemunho.

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É um meio de prova que pode ter uma enormíssima relevância no caso jurídico concreto por
indisponibilidade dos demais meios de prova, mas que é extremamente falível.
Mesmo se eliminarmos o elemento de não colaboração, isto é, a mentira intencional, ele
continua a ter um valor epistémico bastante reduzido pela falibilidade da memória
Quanto à admissibilidade podem ser testemunhas quaisquer pessoas, diferentes das partes e dos
seus representante (art. 496º e 453º CPC).
A capacidade para testemunhar depende da aptidão psicológica para depor sobre factos objeto
de prova assim, um menor pode depor como testemunha? Sim, se tiver capacidade. O critério é
o da capacidade natural (art. 495º nº2 CPC.
Nos termos gerais, quem seja indicado como testemunha, tem o dever de prestar depoimento
(art. 417º nº1 CPC). Admite-se, porém, que as pessoas elencadas no art. 497º possam recusar a
depor, isto é, descendentes, ascendentes, sogros, noras e genros e, nas causas recíprocas,
cônjuges, ex-cônjuges e pessoas que vivam em união de facto. Uma vez que há um dever de
testemunhar não devemos forçar a testemunhar, aqueles que fossem colocados numa colisão
legal. Podem ainda recusar-se a depor aqueles sujeitos a um dever profissional.
Caso seja prestado um testemunho falso, pode incorrer-se na prática de um crime (art. 360º CP).
A prova testemunhal, quanto à matéria, é excluída nas hipóteses do art. 393º e 395º CPC.
Como pode ser introduzida a prova testemunhal? Por iniciativa das partes ou do juiz, as partes
devem indicar o rol de testemunhas nos articulados, que podem ser editados ou alterados até 20
dias antes da audiência final. A regra é que cada parte pode presentar 10 testemunha (art. 511º
nº1 CPC) embora o juiz possa admitir, por decisão, um número superior (art. 511º nº4 CPC),
este limite é reduzido para metade nas ações de valor não superior à alçada da 1ª Instância. A
parte pode a todo tempo desistir da testemunha (art. 498º nº2 CPC), o que não pode é, após o
testemunho realizado, prescindir dele.
A prova testemunhal será feita na audiência final, presencialmente ou por videoconferência (art.
500º CPC). Há uma exceção para certas entidades que gozam e prerrogativa de inquirição, o
Presidente da República goza da faculdade de ser inquirido na sua residência (Palácio de
Belém) e, além disso, quer este, quer as entidade do art. 503º nº2 CPC gozam da possibilidade
de depor por escrito.
Terminado o depoimento pode seguir-se ou:

 a chamada contradita, que consiste em alegar uma circunstância que põe em causa a
credibilidade da testemunha (art. 521º CPC) quer a respeito da fonte do seu
conhecimento, quer seja a credibilidade da própria testemunha). Deduzida a contradita,
a testemunha é ouvida sobre a matéria alegada. Não havendo confissão, segue-se a
produção de prova sobre o facto em causa (art. 521º CPC).
 Ou a acareação - consiste em colocar face a face testemunhas com depoimentos
contraditórios, esta é conduzida pelo juiz.
Prestado o depoimento à testemunha é dado a dispensa. A testemunha pode exigir as despesas
em que incorreu e uma indemnização equitativa (art. 525º CPC).
O valor probatório da prova testemunhal é de livre apreciação da prova (art. 396º CC).
Os meios de prova seguintes não irão ser desenvolvidos.
VII. Prova por admissão (sétimo meio de prova)
VIII. Consulta processual da parte (oitavo meio de prova)

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IX. Sentença proferida em processo penal (nono meio de prova)


X. Sentença estrangeira não revista (décimo meio de prova)

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