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Tema: Provas em Espécie: Depoimento


Pessoal. Confissão. Testemunhas

Prof. Augusto Grieco Sant’Anna


Meirinho
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Roteiro:
1. Apresentação do Tema

2. Depoimento Pessoal

3. Confissão

4. Testemunhas

5. Conclusão do Tema
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1. Apresentação do Tema
As provas são os instrumentos admitidos em direito como
idôneos a demonstrar um fato ou um acontecimento ou o direito
que interessa à parte no processo, e que objetivam à formação
do convencimento do órgão julgador.
A prova testemunhal é um dos meios mais empregados no
processo trabalhista, sobretudo diante da dificuldade do
reclamante obter documentos para demonstrar os fatos narrados
em sua petição inicial.
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2. Depoimento Pessoal.
É o ato processual pelo qual a parte manifesta-se sobre os
fatos da causa, que constam da petição inicial ou descritos pela
defesa.
A doutrina afirma ser o depoimento pessoal um meio de prova
destinado, além de obter esclarecimentos de fatos da causa, à
confissão da parte contrária.
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Mauro Schiavi conceitua o interrogatório como um instrumento


legal de prova por meio do qual a parte esclarece ao Juiz fatos
da causa, sendo um ato personalíssimo entre o magistrado e a
parte.
Pode ser determinado de ofício pelo magistrado e renovado
quantas vezes entender necessário o Juiz antes da sentença.
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Art. 820 CLT - As partes e testemunhas serão inquiridas pelo


juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu
intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus
representantes ou advogados.

Art. 385 CPC. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da


outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de
instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de
ordená-lo de ofício.
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Nos termos do art. 385, § 2o, do CPC, é vedado a quem ainda


não depôs assistir ao interrogatório da outra parte.
Para Mauro Schiavi, esta regra é compatível com o processo
do trabalho, entendendo, contudo, ser inviável quando a parte
estiver exercendo o seu jus postulandi, diante da ampla defesa
e do contraditório (conhecer o conteúdo do depoimento para
apresentar reperguntas).
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O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção


ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo
poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a
realização da audiência de instrução e julgamento (art. 385, §
3º, CPC).
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Art. 386 CPC. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar


de responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas,
o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de
prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
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Art. 387 CPC. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos


articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente
preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas
breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
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As partes estão obrigadas a responder a todas as perguntas


formuladas pelo juízo, sob pena de reconhecimento da
confissão, salvo algumas exceções previstas expressamente
no art. 388 do CPC.
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Art. 388 CPC. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;

II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;

III - acerca dos quais não possa responder sem desonra


própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em
grau sucessível;

IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das


pessoas referidas no inciso III.
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Art. 819 CLT - O depoimento das partes e testemunhas que


não souberem falar a língua nacional será feito por meio de
intérprete nomeado pelo juiz ou presidente.
§ 1º - Proceder-se-á da forma indicada neste artigo, quando se
tratar de surdo-mudo, ou de mudo que não saiba escrever.

§ 2º - Em ambos os casos de que este artigo trata, as


despesas correrão por conta da parte a que interessar o
depoimento.
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3. Confissão
Segundo José Caio Júnior, o ato processual denominado de
confissão significa o reconhecimento, expresso ou tácito, real ou
fictício, provocado ou espontâneo, da veracidade da afirmativa
do fato que é imputado ao declarante.
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Nos termos do art. 389 do CPC, há confissão, judicial ou


extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário
ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Art. 390 CPC. A confissão judicial pode ser espontânea ou
provocada.
§ 1o A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte ou
por representante com poder especial.
§ 2o A confissão provocada constará do termo de depoimento
pessoal.
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No caso de litisconsórcio, quando há pluralidade de partes da


reclamação trabalhista, a confissão judicial faz prova contra o
confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes (art. 391
do CPC).
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Art. 395 CPC. A confissão é, em regra, indivisível, não


podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no
tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável,
porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos,
capazes de constituir fundamento de defesa de direito material
ou de reconvenção.
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4. Testemunhas
Testemunha é a pessoa que presenciou determinado
acontecimento.
Testemunha é um terceiro em relação ao processo, que presta
depoimento em juízo, por ter conhecimento dos fatos.
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Mauro Schiavi ensina que testemunha é a pessoa física capaz,


estranha e isenta com relação às partes, que vem a juízo trazer
as suas percepções sensoriais a respeito de um fato relevante
para o processo do qual tem conhecimento próprio.
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Nos termos do art. 821 da CLT, cada uma das partes não poderá
indicar mais de 3 testemunhas, salvo quando se tratar de
inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6.
 Número Máximo de Testemunhas:
-Procedimento Ordinário = 3 testemunhas
-Procedimento Sumaríssimo (art. 852-H, § 2º, CLT) = 2
testemunhas
- Procedimento Sumário (Lei nº 5.584/70) = 3 testemunhas
(posição de Mauro Schiavi)
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Art. 825 CLT - As testemunhas comparecerão a audiência
independentemente de notificação ou intimação.
Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas,
ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a
condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso,
sem motivo justificado, não atendam à intimação.

Art. 822 CLT - As testemunhas não poderão sofrer qualquer


desconto pelas faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu
comparecimento para depor, quando devidamente arroladas ou
convocadas.
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Art. 828 CLT - Toda testemunha, antes de prestar o
compromisso legal, será qualificada, indicando o nome,
nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando
empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador,
ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.

Art. 458 CPC. Ao início da inquirição, a testemunha


prestará o compromisso de dizer a verdade do que souber
e lhe for perguntado.
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre
em sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta
a verdade.
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Art. 829 CLT - A testemunha que for parente até o terceiro grau
civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não
prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples
informação.
Considerando que a CLT é bastante singela no que tange aos
requisitos para que determinada pessoa possa ser ouvida como
testemunha, aplicam-se as regras do CPC, subsidiariamente.
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Art. 447 CPC. Podem depor como testemunhas todas as
pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1o São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;

II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental,


ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou,
ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções;

III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos


sentidos que lhes faltam.
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§ 2o São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em
qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das
partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o
interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da
pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz
repute necessária ao julgamento do mérito;

II - o que é parte na causa;

III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o


representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e
outros que assistam ou tenham assistido as partes.
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§ 3o São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;

II - o que tiver interesse no litígio.


§ 4o Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das
testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5o Os depoimentos referidos no § 4o serão prestados
independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o
valor que possam merecer.
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 Procedimento:
Nos termos do CPC, a inquirição das testemunhas passa a ser
feita diretamente pelos advogados.
Segundo José Cairo Júnior, embora haja regra expressa no art.
820 da CLT (sistema presidencial de oitiva de testemunhas, por
intermédio do juiz), não haveria obstáculo para a adoção da
regra do novo CPC que admite a formulação direta de
perguntas pelos advogados das partes.
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Contudo, a Instrução Normativa nº 39/2016 do TST, em seu art.


11, dispõe que não se aplica ao Processo do Trabalho a norma
do art. 459 do CPC no que permite a inquirição direta das
testemunhas pela parte (CLT, art. 820).
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Contradita = procedimento pelo qual uma das partes impugna


a oitiva de uma testemunha, pelo fato de ser incapaz, suspeita
ou impedida de depor.
Sendo omissa a CLT, aplica-se o disposto no art. 457, § 1º, do
CPC:
Art. 457, § 1o, CPC. É lícito à parte contraditar a testemunha,
arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeição,
bem como, caso a testemunha negue os fatos que lhe são
imputados, provar a contradita com documentos ou com
testemunhas, até 3 (três), apresentadas no ato e inquiridas em
separado.
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Admitida ou não a contradita, a parte prejudicada pode solicitar


ao magistrado o registro de seu protesto em ata, para ser
utilizado quando do recurso definitivo, na medida em que a
decisão sobre a contradita é interlocutória, não cabendo recurso
imediato.
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Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da


parte:
I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da
parte ou das testemunhas;

II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de alguma


delas com a parte, quando, sobre fato determinado que possa
influir na decisão da causa, divergirem as suas declarações.
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Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4o e
5o do art. 357, a parte só pode substituir a testemunha:
I - que falecer;

II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;

III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho,


não for encontrada.
Como não se apresenta rol no processo do trabalho, não
haveria maiores dificuldades em apresentar testemunha
diversa. Contudo, caso a parte requeira ao juiz a intimação da
testemunha, apresentando rol antecipado, é de se aplicar o
art. 451 do CPC.
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Por fim, cabe destacar que o falso testemunho é tipificado no
art. 342 do Código Penal Brasileiro:
Art. 342 CP. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(…)
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
declara a verdade.
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5. Conclusão do Tema
Na presente aula, estudamos o depoimento pessoal das
partes e a prova testemunhal.
No processo do trabalho, diante do princípio da oralidade, a
prova falada revela-se de fundamental importância para a
demonstração dos fatos veiculados na petição inicial e na
peça de defesa.
Ao magistrado cabe a valoração da prova testemunhal, não
apenas quanto ao conteúdo das declarações, mas também
do comportamento das testemunhas, sopesando no conjunto
probatório constante dos autos.

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