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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Das Provas em Espécie


Anderson Ferreira

O inciso mencionado evidencia a situação de psicólogos, médicos, advogados e líderes


religiosos, por exemplo, aos quais segredos recônditos são confiados e, em razão da ética
profissional, devem ser resguardados.

III – acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companhei-
ro ou de parente em grau sucessível;

É... Se houver desonra própria ou do cônjuge ou parente em grau sucessível, não há obri-
gatoriedade em depor. Situação interessante se refere ao fato de não haver menção ao amigo
íntimo na codificação processual contemporânea.

IV – que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III.

Querido(a), alguns processos podem apresentar riscos à integridade física da parte ou dos
parentes dela e, se assim for o caso, também não haverá obrigatoriedade em depor.
Chamo sua atenção para o parágrafo único do artigo 388, que estabelece não serem apli-
cáveis as disposições mencionadas às relações familiares, até porque esses relacionamentos,
muitas vezes, imprimem uma maior dificuldade em se angariar provas.

Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de família.

Da Confissão
Estimado(a) estudante, a confissão ocorre quando uma das partes admite fatos desfavorá-
veis aos seus interesses e, por conseguinte, favoráveis ao adversário. Ela pode ser:
• Judicial: quando a parte admite fatos contrários ao próprio interesse durante o transcor-
rer do processo. Esse tipo de confissão poderá ser espontânea, por meio da qual a parte
confessará em outro momento que não seja no depoimento pessoal (a qual poderá ser
emitida pela parte ou representante com poderes especiais) ou provocada, que ocorre
durante o depoimento pessoal.
• Extrajudicial: quando a parte confessar fora do processo. Esse tipo de confissão deverá
ser provada por meio de documentação ou por prova testemunhal, por exemplo. Esse
tipo de confissão, caso tenha sido feita de forma oral, somente será válida se a lei não
exigir prova literal, conforme o artigo 394 da Legislação Processual Civil.

Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário
ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada.

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Anderson Ferreira

A confissão espontânea pode ser feita pelo procurador, desde que a procuração confira a
ele esse poder especial, como, por exemplo, uma procuração ad judicia et extra, com o empo-
deramento para confessar ou transigir.
A confissão também poderá ser:
• Expressa: quando uma das partes admite algo que lhe é desfavorável por meio de escri-
to o externa de modo verbal
• Ficta ou presumida: quando a parte, diante da pergunta, não responde à indagação ou
é evasivo (parece uma minhoca ensaboada) ou não comparece à audiência. Essa con-
fissão acarreta presunção de veracidade (juris tantum) acerca daquilo sobre o que se
discute.

Se a relação processual contiver mais litigantes no polo passivo ou ativo (litisconsórcio), a


confissão de um não prejudicará os demais litisconsortes. Nas ações que versem sobre bens
imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um dos cônjuges ou compa-
nheiros não terá efeitos sem a do outro, exceto se o regime de casamento for de separação
absoluta de bens (consoante o parágrafo único do artigo 391). Aliás, quando se casa, a vida
muda um pouquinho, e é preciso pedir autorização para confessar, assim como para jogar
futebol com os amigos, respirar, gastar o próprio dinheiro... Essas coisinhas básicas... Rs...
Brincadeira, viu?

Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios,
a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casa-
mento for o de separação absoluta de bens.

Querido(a), chamo sua atenção para o fato de que o artigo 392 da Codificação Processual
estabelece casos nos quais a confissão não será válida ou será ineficaz, vamos analisá-los:

Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.

Ou seja, não valerá a confissão de fatos relativos a direitos indisponíveis, sobre os quais
não é possível transigir, como saúde, a dignidade humana, dentre outros.

§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem
os fatos confessados.

Se não houver capacidade de dispor sobre o direito, não há de se falar em confissão e, por
conseguinte, na atribuição dos efeitos a ela atribuídos.

§ 2º A confissão feita por um representante somente é eficaz nos limites em que este pode vincular
o representado.

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