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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Impedimento e Suspeição do Juiz


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IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO JUIZ


Esta aula já tinha sido gravada, porém seu conteúdo foi atualizado pelo Supremo Tri-
bunal Federal (STF), então foi preferível gravar o bloco deste tema de novo, pela proba-
bilidade de ser objeto de prova.
O assunto trata dos requisitos de validade do processo:
1. subjetivos – relacionados com as partes ou com o juiz; e
2. objetivos.

A validade do processo com relação ao juiz importa que ele atue dentro dos limites
de sua competência e com imparcialidade, de forma que violar a imparcialidade cause
impedimento ou suspeição. Além do mais, uma das hipóteses em que cabe impedimento
foi declarada inconstitucional pelo STF.

Requisitos de validade processual

Os requisitos de validade processual podem ser subjetivos ou objetivos.


Os subjetivos estão relacionados com as partes e com a figura do juiz ou julgador. Ele
deve atuar dentro dos limites de sua competência e com imparcialidade, de outra forma
ele terá impedimento ou suspeição.
As mesmas hipóteses aplicadas ao juiz, também se aplicam para o membro do Minis-
tério Público eaos auxiliares da Justiça (perito e oficial de justiça). Estes auxiliares,
enquanto auxiliares da Justiça, também devem atuar com imparcialidade, sob pena de
impedimento e suspeição.
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Impedimento

Impedimento tem muito a ver com parentesco, por exemplo, o advogado é parente
do juiz, ou da parte, ou do promotor, ou do defensor, ou do advogado público.
Imagine hipoteticamente que o juiz teve um problema de overbooking. Ele tentou
embarcar num determinado voo e não conseguiu, frustrando suas férias. Desta forma,
ele ingressa com ação indenizatória contra a empresa aérea. Se a ação indenizatória cair
na Vara onde este juiz trabalha, não teria sentido o juiz julgar sua própria petição.
Determinada petição que o juiz assinou quando era promotor destina-se à sua
comarca, também não teria sentido este juiz julgar o mesmo processo que ele assinou
como promotor, pois não teria imparcialidade na causa.

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O impedimento é mais fácil de ser identificado porque as hipóteses são objetivas.


Trata-se de hipótese muito séria, que se o juiz conduzir o processo inteiro, desde a sen-
tença até o trânsito em julgado, não importa, tudo pode ser desfeito.
A ação rescisória que é uma das hipóteses de cabimento. O art. 966 do Código Pro-
cessual Penal trata de decisão proferida por juiz impedido.
Por outro lado, nas hipóteses de suspeição, em que as interferências são mais abs-
tratas e subjetivas. Digamos que o juiz seja amigo da parte, ou é inimigo do advogado das
partes; e está recebendo conselho das partes nos bastidores, além de estar recebendo
presentes. Subtende-se que sua manifestação é para uma das partes ganhar, então sua
atuação não é imparcial.

Obs.: as hipóteses de suspeição são menores. Enquanto que as hipóteses de impedimento


são enormes, então é melhor tentar memorizar as de suspeição.

Código de Processo Civil:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções


no processo:

Lembre-se de que o impedimento é mais grave e é vedado ao juiz exercer suas fun-
ções em certos processos conforme alíneas deste artigo abaixo:

I – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou


como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II – de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III – quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro
do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consan-
guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive.
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No inciso III começa a parte do parentesco. Portanto, trata do caso de o defensor


público, advogado ou membro do Ministério Público ser irmão, sobrinho ou tio do juiz,
casos de parentes colaterais.
Os parentes de linha reta são filhos, netos, pais, avós.
Os parentes por afinidade são os enteados (as), sogro (a) ou o cunhado (a).
Em todos os casos citados, existe hipótese de impedimento do juiz.
Correlacionando as hipóteses de impedimento de Direito de Processo Penal com as
as hipóteses de causas impeditivas de Direito Civil, por exemplo, irmãos e sogro com
nora não podem contrair casamento. As causas impeditivas do casamento estão elenca-
das no art. 1.521 do Código Civil.

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Além dos casos acima, via de regra, tio também não pode casar com sobrinha, a não
ser que tenha prova pericial comprovando que não há comprometimento da prole e
da genética.
Sobretudo, retornando às hipóteses de impedimento do juiz, primo é o tipo de paren-
tesco que não tem impedimento nenhum. Ainda, relacionando com o inciso III, mencio-
nado acima, lembre-se da frase: “primo não dá nada”.

Obs.: é importante ler o art. 1.521 do Código Civil, aproveitando para ler também as
causas impeditivas do casamento, que se aplicam para a união estável quando
necessário.

IV – quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou


parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
V – quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica
parte no processo;

Se o juiz é parte de determinada empresa que está sendo demandada, ele não pode
julgar essa causa. Afinal, o juiz deve manter-se equidistante das partes; não é à toa
que, na ilustração da pirâmide, a relação jurídica triangular processual, as posições são:
autor no lado inferior direito; réu no lado inferior esquerdo e no topo, na parte superior,
o Estado Juiz. Desta forma, o Estado Juiz mantém-se na mesma distância do autor e
do réu, numa equidistância, pois ele não pode envolver-se para não comprometer sua
imparcialidade.
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VI – quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer


das partes;
VII – em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços.

Por exemplo, determinado juiz ministra aulas em uma instituição de ensino que é
demandada; óbvio que este juiz não pode pegar demandar esse processo.
Segue a parte mais importante da aula, a parte alterada:

VIII – em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
(Vide ADI 5953).

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Por exemplo, na empresa X, quem faz a parte jurídica é o escritório W, que tem um de
seus advogados, cônjuge e parente do juiz. Por isso, o escritório W pede para o advogado
da empresa X assinar a petição para evitar impedimento, embora se saiba que o escri-
tório W é da esposa do juiz.
Por causa do exposto, o Supremo Tribunal Federal, ano passado, 2023, julgou a
seguinte decisão:
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente a presente ação direta, declaran-
do-se a inconstitucionalidade do inciso VIII do art. 144 da Lei 13.105, de 16 de março de
2015, do Código de Processo Civil (CPC), nos termos do voto do Ministro Gilmar Mendes,
Redator para o acórdão, vencidos os Ministros Edson Fachin (Relator), Rosa Weber
(Presidente), Cármen Lúcia e Roberto Barroso. Plenário, Sessão Virtual de 11.8.2023 a
21.8.2023.
Conclui-se, portanto, que o inciso VIII do art. 144 do Código Processual Civil foi jul-
gado inconstitucional.
Por isso, se um escritório assinar uma ou mais petições em nome de outro escritório,
será considerado inconstitucional.

IX – quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

Imagine que o juiz tem uma ação indenizatória contra seu vizinho, chega um processo
em suas mãos que a parte é seu vizinho, neste caso há hipótese de impedimento.

§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor pú-


blico, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes
do início da atividade judicante do juiz.

O inciso III é a parte do parentesco.

§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento


do juiz.
20m § 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advo-
gado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não inter-
venha diretamente no processo.

Embora aquele parente não esteja atuando diretamente no processo, ele trabalha
naquele escritório, daí resulta também, em situação de impedimento.

Obs.: o impedimento é mais grave e as hipóteses são mais objetivas. É mais grave porque
se pode fazer alegações até mesmo quando o processo já finalizou e já transitou em

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julgado; por exemplo, no caso de ação rescisória, que aliás, somente o impedimento
a autoriza. Por outro lado, a suspeição não autoriza a ação rescisória.

Numa dissertativa sobre as hipóteses estudadas nesta aula, o aluno pode até querer
redigir uma interpretação extensiva, mas não é aconselhável. O STF inclusive já se mani-
festou a respeito, estabelecendo que as hipóteses de impedimento e de suspeição são
taxativas.
Retornando à decisão do STF, pode-se considerá-la bem estranha. Na maioria das
vezes é muito difícil comprovar os fatos, por isso julgar o inciso VIII inconstitucional
parece ultrapassar o entendimento de que não há violação figurar como parte, os exem-
plos citados no inciso; observando até mesmo de longe, existe violação da imparcialidade
sim; porém o STF entendeu diferente, desta forma, o referido inciso foi descartado.

Suspeição

Na suspeição, as hipóteses são mais abstratas e subjetivas, à vista disso, são mais
difíceis de comprovar. O Código Processual Civil dispõe:

Art. 145. Há suspeição do juiz:


I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

O problema é provar a amizade.


Para invocar impedimento e suspeição, deve ser por meio de petição própria, petição
de arguição de impedimento ou suspeição do juiz e criação de incidente processual. No
incidente, o juiz é o réu, o arguido e tudo tem que ser provado, por exemplo, por meio de
prints das redes sociais provando que ele frequenta a casa do juiz; viaja com ele. Porém,
muitas vezes, a pessoa com quem se tira foto ou com quem se está junto em várias
situações não é amigo íntimo.
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II – que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou de-
pois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

O juiz não tem que dar conselhos para nenhuma das partes.

III – quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV – interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

Perceba que são casos mais singelos, e há apenas quatro hipóteses de suspeição, por
isso é mais fácil memorizá-las do que as hipóteses de impedimento.

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Enfim, se o juiz tem amizade ou inimizade; recebe presentinhos; dá conselhos; qual-


quer das partes é credora ou devedora dele; ou o juiz é interessado no julgamento, lem-
brar que são hipóteses de suspeição.

��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Raquel Bueno.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.

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