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PROCESSO PENAL

SUJEITOS PROCESSUAIS

Aula 01 – 21/02

1. Introdução

Os sujeitos processuais podem ser a) principais e/ou essenciais e b) secundários e/ou


acessórios.

a) principais e/ou essenciais: são sujeitos imprescindíveis a existência ou a validade do


processo, quais sejam:

Juiz: cuja presença é imprescindível a existência do próprio processo. Sem juiz não há
jurisdição e se não há jurisdição não há processo.

Autor: que pode ser o MP (ação penal pública) e o querelante (ação penal privada) e são
imprescindíveis a validade do processo.

Acusado: pode ser chamado de acusado, réu na ação penal pública, e de querelado na
ação penal privada. Neste caso, também são sujeitos imprescindíveis a validade do processo.

Os sujeitos principais necessariamente precisam estar presentes em todas as ações


penais para que estas ações existam ou sejam válidas.

b) secundários e/ou acessórios: a sua presença não é imprescindível a existência ou


validade do processo, exemplos:

Assistente de acusação: o assistente de acusação é a vítima. A vítima pode se habilitar no


processo ou não, conforme a sua vontade. Se a vítima não se habilitar como assistente de
acusação, não haverá invalidação e nem inexistência do processo.

Sujeitos auxiliares do juízo: são aqueles sujeitos que prestam auxílio ao juiz, exemplos:
oficiais de justiça, escreventes, peritos etc.

2. Sujeitos propriamente dito

a) Juiz: o juiz tem poderes administrativos (ou de polícia) e jurisdicionais.

Administrativos ou de polícia: promover a manutenção da ordem dos trabalhos, por


exemplo: requisitar apoio policial para determinados atos processuais. Artigo 251 do CPP; artigo
795, parágrafo único, do CPP.

Jurisdicionais: divide-se em poderes meios e poderes fins:


Poderes meio: chamados de ato de impulsão, por exemplo: quando o juiz designa uma
audiência ou quando determina a expedição de uma carta precatória ele não está decidindo algo.
Ele está apenas organizando o processo para que ele termine e possa ao final efetivamente exercer
o seu poder fim de decidir/dizer o direito no caso concreto.

Poderes fins: são os do juiz de decidir e de executar a sua decisão, por exemplo: quando
o juiz decreta a prisão preventiva e manda prender um determinado acusado, o juiz está exercendo
aquilo para o que ele é realmente chamado. Ele está dizendo o direito em um caso concreto.
Lançando mão (fazendo uso) do seu poder jurisdicional para decidir determinada situação
relevante e executar as suas decisões de forma firme/definitiva.

Pontos importantes sobre o juiz:

Dever de imparcialidade: Artigo 8, item 1, Pacto de São José da Costa Rica (Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1969) - Decreto nº 678, de 06 de
novembro de 1992 (previsão legal).

ARTIGO 8

Garantias Judiciais

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e IMPARCIAL, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que
se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
outra natureza.

Por conta da imparcialidade do juiz, há regras no CPP que envolvem impedimento


e suspensão:

Hipóteses especificas de impedimento e suspeição dentro do processo:

Impedimento: artigo 252 do CPP – ROL TAXATIVO.

Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:

I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou


colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério
Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções [são as funções do inciso
I] OU servido como testemunha;

III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
sobre a questão;

Caso o juiz tenha se tornado o desembargador, por exemplo, e decida sobre o processo
que ele decidiu quando ainda era juiz.

IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou


colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que
forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive.

Suspeição: artigo 254 do CPP – ROL EXEMPLIFICATIVO.

Se, eventualmente, o juiz não estiver em uma das hipóteses deste artigo, mas não houver
perfeita isenção dele para apreciar um determinado processo, ele não deverá se pronunciar sobre
o mérito da causa.

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:

I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;

Acusado ou vítima apenas. Amigo do promotor ou defensor não há suspeição.

II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por


fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;

III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda [estiver processando alguém] ou responder a processo que tenha de ser
julgado por qualquer das partes;

IV - se tiver aconselhado qualquer das partes [mesmo antes do processo];

V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;


VI - se for sócio [de uma determina empresa], acionista ou administrador [desde a
Constituição de 88 nenhum promotor ou juiz podem ser administradores de empresas] de
sociedade interessada no processo.

Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará


pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda
que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o
cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo.

Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar
o juiz [provocar/ofender] ou de propósito der motivo para criá-la.

Impedimento Suspeição

Regras de impedimento se refere as As regras de suspeição se referem as


circunstâncias objetivas ligada a fatos internos circunstâncias subjetivas ligadas a fatos
ao processo. externos ao processo.

O rol das hipóteses de impedimento é O rol das hipóteses da suspeição é um


um rol taxativo. rol exemplificativo.

Consequência: E caso um juiz Consequência: E a consequência da


impedido efetivamente oficie em um processo atuação de um juiz suspeito é a nulidade
em que ele não poderia, a consequência será a absoluta, conforme artigo 564, I, do CPP.
inexistência do processo, pois, um juiz
impedido equivale a ausência de jurisdição.

b) Ministério Público:

Polo ativo da ação penal pública = MP.

Polo ativo da ação penal privada = Querelante.

O MP como autor da ação penal a ideia é de impedir a vingança privada.

Assim, atribuiu-se o monopólio da acusação ao poder público, órgão distinto do poder


judiciário, para preservar sua imparcialidade para o julgamento.
Com isso, foi incumbido ao MP a titularidade privativa da ação penal pública, conforme
prevê o artigo 129, I, da CF/88 (funções institucionais do MP).

Qual o papel do MP na ação penal pública? R: Titular da ação penal (artigo 129, I, da
CF/88 – Dominus Litis.

Qual o papel do MP na ação penal privada? R: Fiscal da ordem jurídica. O artigo 257,
II, do CPP, diz que ao MP cabe fiscalizar (em todos os termos) a execução da lei na ação penal
privada.

CAPÍTULO II

DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 257 do CPP - Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
2008).

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código;


e (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

II - fiscalizar a execução da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 258 do CPP - Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em
que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável,
as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.

ATENÇÃO! O MP em 1ª instância agirá como parte na ação penal pública e como


fiscal da lei na ação penal privada. Ocorre que o MP na ação penal pública, embora seja
parte, tem o dever de imparcialidade, tanto que seus membros são proibidos de atuar nos
casos de impedimento e de suspeição.

c) Querelante

É o ofendido (vítima) ou seu representante legal, que ocupa o polo ativo da ação penal
privada (exclusiva/personalíssima ou subsidiária).

Quem será o querelante? R: Ofendido maior de 18 anos e capaz; ofendido incapaz


(menor de 18 anos/interditado). Nestes casos, é o representante legal do querelante (pais,
responsáveis, se for menor de idade; e curador, no caso de interdição); ofendido morto. Neste
caso, será o CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão. Artigo 31 do CPP).

Art. 31 do CPP - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

d) Assistente de acusação/ do MP:

É o ofendido (vítima), ou o seu representante legal, ou o CADI. Art. 268 do CPP.

O assistente de acusação NÃO É O ADVOGADO. O advogado da vítima apenas


representa judicialmente a vítima, o representante legal ou o CADI.

Só é cabível o assistente de acusação na ação penal pública. A ação penal de iniciativa


privada, a vítima é o próprio autor da ação penal.

Até qual o momento a vítima pode se habilitar como assistente de acusação? R:


Poderá ser admitida a qualquer momento do processo, enquanto não houver trânsito em julgado.

Por outro lado, uma vez admitido o assistente de acusação, este receberá o processo no
estado em que se encontra, não havendo repetição dos atos processuais pretéritos (artigo 269 do
CPP).

Na FASE INVESTIGATÓRIA não pode ser admitido o assistente.

Na FASE PROCESSUAL pode ser admitido qualquer tempo.

Na FASE DA EXECUÇÃO PENA não pode ser admitido.

As regras acima no tocante à habilitação do assistente de acusação, aplica-se em todas as


situações, exceto: No tribunal do júri.

No tribunal do júri, o assistente poderá se habilitar até 5 dias antes da data da sessão de
julgamento (artigo 430 do CPP).

Para habilitar o assistente de acusação, o MP será ouvido previamente à emissão do


assistente (artigo 272 do CPP). A decisão de habilitação ou de não habilitação do assistente será
irrecorrível (artigo 273 do CPP).
Atuação do assistente de acusação: o que pode o assistente fazer no processo? R: Artigo
271, caput, CPP e 311 do CPP:

1-Propor provas;

2-Participar de audiências;

3-Requerer perguntas às testemunhas;

4-Participar dos debates orais (audiência e no júri. Dividirá o tempo com o MP. Na
audiência ele terá até 10 minutos para falar depois do MP);

5-Arrazoar recursos do MP (o MP interpôs recurso, ofereceu razões de apelação e o


assistente de acusação poderá reforçar essas razões do MP mediante esta peça processual,
trazendo argumentos consistentes que endossem o recurso do MP);

6-Interpor recursos (na inércia do MP. O assistente tem legitimidade recursal


subsidiária. O assistente somente poderá recorrer, caso MP não interponha o recurso. A
legitimidade recursal do assistente é subsidiária e autônoma, porque o assistente não
depende do MP para que ele possa recorrer, ou seja, da concordância do MP, caso ele se
quede inerte. Artigo 598 do CPP);

7-Requerer prisão preventiva (artigo 311 do CPP).

Art. 598 do CP - Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se


da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou
qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente,
poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.

Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.

NO ENTANTO, A DOUTRINA E A JURISPRUDÊNCIA TÊM INTERPRETADO


O ARTIGO 598, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP DA SEGUINTE FORMA:

Se o assistente não está habilitado nos autos, ele deverá recorrer no prazo de 15 DIAS.
O prazo COMEÇA A CONTAR DO DIA DO TÉRMINO DO PRAZO DO MP, OU SEJA, A
PARTIR DO 6º DIA QUE MP TOMAR CIÊNCIA DOS AUTOS. Mas, A DOUTRINA DIZ:
SE O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO JÁ ESTAVA HABILITADA NO PROCESSO
DURANTE A INSTRUÇÃO, NÃO FAZ SENTIDO DEFERIR ESTE PRAZO DE 15 DIAS A
ELE. NESTE CASO, O PRAZO SERÁ DE 5 DIAS APENAS, COMO O PRAZO DO MP É
ACUSADO.

Conclusão: O PRAZO RECURSAL DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO SERÁ DE


05 DIAS PARA OS HABILITADOS E DE 15 DIAS PARA OS NÃO HABILITADOS. E É
DE 05 DIAS PARA MP E ACUSADO.

Obs 1: É perfeitamente possível assistente de acusação pessoa física ou jurídica. Se o juiz


impedir pessoa jurídica de atuar como assistente, caberá qual recurso? Não cabe recurso da
decisão de habilitação ou não do assistente, mas é cabível o uso do mandado de segurança.

Obs 2: Não se aplicam ao assistente de acusação os impedimentos previstos em lei para


o juiz e MP, visto que o assistente do MP é a própria vítima, que não tem dever de imparcialidade
no processo.

Obs 3: Assistente de acusação não pode aditar a denúncia ofertada pelo órgão de
acusação.

Obs 4: Assistente de acusação não é admitido na ação penal privada. É admitido apenas
na ação penal pública.

Obs 5: O corréu não pode figurar como assistente da acusação quanto ao outro réu, no
mesmo processo. O assistente de acusação é a vítima.

Obs 6: O assistente pode requerer perguntas às testemunhas, pode participar do debate


oral, mas não pode arrolar testemunhas. Pode propor meios de prova e arrazoar os recursos
interpostos pelo MP ou por ele próprio.

e) Acusado:

O acusado figura no polo passivo da demanda (ação penal pública). Na ação penal privada
quem configura no polo passivo é o querelado.

O acusado é o sujeito ativo da infração penal (ele é o autor, coautor ou participe do crime).
O acusado é pessoa física ou jurídica que compõe o polo passivo de uma ação penal.

Terminologias que envolvem o acusado na persecução penal:

A persecução penal tem 3 fases (investigatória, processual e execução penal).


O sujeito será chamado de suspeito antes da formalização da portaria do inquérito policial.

Investigação: a partir da formalização da portaria do IP ou PIC (procedimento


investigatório criminal) ou da lavratura do TC (Termo Circunstanciado), o sujeito passará a ser
chamado de investigado ou de averiguado.

Após, a partir do formal indiciamento pela autoridade policial de uma determinada


pessoa, ela passará a ser chamada de indiciado.

Processual: ao chegar ao MP a investigação, se o MP oferecer a peça acusatória contra


o sujeito (denúncia), ele passará a ser chamado de denunciado.

Depois, a partir do momento em que o juiz receber a denúncia, o sujeito irá se tornar
acusado.

Execução: quando eu posso chamar alguém de réu legitimamente? R: Apenas após o


trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Na fase da execução, o sujeito é chamado de
reeducando.

Mas quem tem capacidade para ser acusado dentro do processo penal? R: Somente
as pessoas maiores de 18 anos. Os adolescentes são inimputáveis e responderão por seus atos
infracionais, perante a Vara da infância e da Juventude (artigo 228 da CF).

ATENÇÃO! Se um adolescente pratica um ato infracional sozinho, ele será julgado na


Vara da Infância e Juventude, mas se o adolescente praticar um furto em coautoria com uma
pessoa maior de idade, o artigo 79, II, deixa claro que neste caso não haverá unidade de
julgamento na Vara Criminal, o maior de idade será julgado na Vara Criminal e o adolescente
será julgado na Vara da Infância e Juventude, sem que haja unidade de julgamento, nestes 2 casos.

Podem as pessoas jurídicas constarem no polo passivo de uma ação penal? R: A


CF/88 prevê esta possibilidade em 2 hipóteses: a) crimes contra a ordem financeira (artigo 173, §
5º, da CF/88; b) crimes ambientais (artigo 225, § 3º, CF/88).

Alguns pontos importantes sobre o acusado:

O acusado que não comparecer em juízo nos atos para os quais foi intimado será
considerado revel. No processo penal o efeito da revelia se resume à ausência de intimação
(desnecessidade de intimação apenas) para os atos processuais futuros, exceto a sentença (o
acusado deve ser intimado da sentença, pois, ele tem legitimidade autônoma para recorrer, por
mais que seu advogado não queira).

DIFERENTEMENTE do processo civil, neste caso, se o requerido não reagir a petição


inicial, ele será considerado revel, e serão presumidos como verdadeiros os fatos alegados pelo
autor.

Já no processo penal, o princípio da presunção da Inocência impede que isso aconteça, e


o MP continua sendo o responsável por demonstrar o ônus da prova.

Condução coercitiva:

O artigo 260 do CPP prevê - Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade
[policial/judicial] poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide ADPF 395)(Vide ADPF 444).

Entretanto, o STF decidiu na ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, que a expressão “para o
interrogatório do acusado” prevista no artigo 260 não foi recepcionada pela Constituição.

Dessa forma, não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou do acusado com
o objetivo de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos.

OBS: vítimas e testemunhas que não comparecem para ser ouvidas pode condução
coercitiva.

f) Defensor (polo passivo):

É um profissional com habilitação técnica [deve estar inscrito nos quadros da OAB ou
deve ser defensor público, aprovada em concurso público], cuja função é promover a defesa
técnica [o princípio da ampla defesa, previsto no artigo 5º, LV, CF é composto por 2 direitos:
direito a autodefesa - no interrogatório o acusado pode contar a sua versão dos fatos - e
direito à defesa técnica] do acusado.

Característica fundamental no processo penal é a sua indispensabilidade (obrigação). O


artigo 261 do CPP prevê que nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor.

Súmula 523 do STF - do processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência [nulidade relativa], só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
O acusado caso queira, poderá deixar de comparecer à Audiência de Instrução e
Julgamento (AIJ); ou, querendo comparecer, poderá exercer seu direito constitucional de
permanecer em silêncio. Isso ocorre, pois ele pode renunciar à sua autodefesa. Entretanto, a defesa
técnica é indispensável.

Há 4 espécies de defensor:

1) Constituído, chamado de procurador: É o defensor contratado pelo acusado às suas


expensas;

2) Defensor dativo: Defensor nomeado pelo juiz, sempre que o acusado não constituir
defensor, especialmente nas comarcas onde não houver Defensoria pública.

Artigo 263 do CPP diz - Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz,
ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-
se, caso tenha habilitação.

Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do
defensor dativo, arbitrados pelo juiz;

3) Defensor Público: É o membro da Defensoria que presta assistência integral e gratuita


aos hipossuficientes.

Obs: Ainda que o acusado não seja hipossuficiente, mesmo assim, o defensor deverá
fazer sua defesa, porque a defesa técnica no processo penal é irrenunciável.

4) Defensor “ad hoc” (leia-se adoc): Nomeado pelo juiz especificamente para
determinado ato, diante da ausência injustificada do defensor constituído ou dativo.

Artigo 265, § 2º, CPP - Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da
audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo
nomear defensor substituto [AD HOC], ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato.

Abandono injustificado do defensor: O defensor não poderá abandonar o processo, exceto


por motivo justificado, sob pena de multa (antes da alteração feita pela Lei 14.752/2023)

Artigo 265, caput, do CPP - O defensor não poderá abandonar o processo senão por
motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem)
salários-mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. (antes da alteração feita pela Lei
14.752/2023).
Novidade legislativa (dez/2023):
Lei 14.752/2023: extinguiu a multa do art. 265 do CPP.
Nova redação: “Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo sem justo motivo,
previamente comunicado ao juiz, sob pena de responder por infração disciplinar perante o
órgão correicional competente”.

Ausência justificada: em caso de ausência justificada do defensor em audiência, o juiz


deverá adiar o ato processual.

Artigo 265, §1º, do CPP - A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o
defensor não puder comparecer. Exemplo: o advogado tem 2 audiências marcadas no mesmo
dia e horário. Neste caso, o juiz que marcou a audiência primeiro, deverá contar com a
presença do defensor, já o juiz que marcou a audiência por segundo, deverá redesignar o
ato.

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