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MATERIAL DE SUPORTE

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


PROCESSO DE CONHECIMENTO

PROF. RAFAEL ALBUQUERQUE


Material de suporte – Direito Processual Civil – Processo de Conhecimento

Este material foi elaborado para servir de suporte aos estudos dos
alunos do Prof. Rafael Albuquerque, na disciplina Processo Civil –
Processo de Conhecimento. Não se trata de material que exaure todo
o assunto, sendo imprescindível a complementação dos estudos com
as anotações das aulas, doutrina, jurisprudências, legislações,
enunciados etc.

Por favor, se você encontrar qualquer incorreção no material, ou tiver


sugestões de melhoria, entre em contato com o professor. Dessa forma,
manteremos o material sempre atualizado e útil para os alunos.

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Material de suporte – Direito Processual Civil – Processo de Conhecimento

TÓPICO 1
PETIÇÃO INICIAL
Importância da petição inicial: A petição inicial é um ato processual de extrema
relevância. Tem algumas funções importantes na relação processual, tais como: i)
provocar a instauração do processo (uma vez a jurisdição sendo inerte); e ii)
identificar a demanda, decorrência natural da necessidade de menção às partes,
causa de pedir e pedido.

Essa segunda função gera algumas consequências, como: i) delimitação dos


limites objetivos e subjetivos da demanda (princípio da congruência); ii)
possibilidade de verificação de ocorrência de litispendência, coisa julgada, etc.;
iii) verificação da ausência de uma das condições da ação; iv) fixação da
competência; v) influência na determinação do procedimento a ser observado
naquela demanda, etc.

Enfim. A petição inicial é um ato processual de muita importância. Precisamos


observar, portanto, algumas formalidades. Costuma-se mitigar um pouco as
formalidades, mas elas nunca serão definitivamente extirpadas. Com relação à
petição inicial, elas persistem, precisamente no que diz respeito aos seus requisitos.

Requisitos da petição inicial: No CPC, os requisitos da petição inicial estão


condensados, na maior parte, no art. 319. Vamos tecer comentários sobre cada
um?

I – O juízo a que é dirigida. Este requisito é o que chamamos de “endereçamento”.


Corrige-se erro do CPC/73, que fazia referência a “juiz”. Na verdade, a petição é
dirigida para o juízo, e não ao juiz, pessoa física. Esse requisito da petição inicial está
diretamente ligado com a competência (arts. 42 a 66 CPC/15).

II – Qualificação das partes. Tanto o autor como o réu devem ser qualificados, insto
é, deve-se indicar os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e
residência, bem como, agora, a declaração de existência ou não de união
estável, informação do CPF ou CNPJ e o endereço eletrônico das partes.

A qualificação é importante por permitir a individualização das partes,


possibilitando, inclusive, a citação do réu.

Indicar o estado civil das partes é importante, já que algumas ações exige a
presença de ambos os cônjuges, ou ao menos o consentimento do outro que não
é litigante (ver art. 73 do CPC).

A importância de se indicar o endereço eletrônico reside no fato de que alguns


atos processuais podem ser comunicados via e-mail, nos termos do art. 270 do CPC.

Os três parágrafos do artigo 319 dizem respeito a este inciso. Se o autor não tiver as
informações exigidas pelo inciso II, ele pode requerer ao juízo para ajudá-lo na
obtenção de tais informações. Mesmo que faltem algumas dessas informações, a

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inicial não será indeferida se for possível citar o réu. Assim como também não será
indeferida se a obtenção dos dados for algo muito oneroso para o autor. Prioriza-
se um amplo acesso à justiça, em conformidade ao princípio da cooperação.

Art. 319 – [...]


§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá
o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a
sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

III – Fatos e fundamentos do pedido: Trata-se da apresentação da causa de pedir


(próxima e remota);

IV – O pedido, com suas especificações: Ver arts. 322 a 329. O pedido compreende
o pedido imediato (tipo de tutela requerida ao Judiciário) e o pedido mediato
(bem da vida pretendido).

O pedido deve ser certo, ou seja, o autor tem que deixar claro o que está pedindo,
o que quer para si. Mas são incluídos automaticamente aí os pedidos implícitos. O
legislador agora os deixa expressos no texto legal, no § 1º do art. 322, bem como
no art. 323.

Art. 322. O pedido deve ser certo.


§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários
advocatícios.
§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e observará o princípio da boa-fé.
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação
em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no
pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e
serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o
devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-
las.

Também deve ser um pedido determinado (contrapondo-se ao pedido genérico).


Pedidos genéricos, só em casos excepcionais. Ver artigo 324.

Art. 324. O pedido deve ser determinado.


§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens
demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as
consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação
depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

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Não se esqueça que o pedido pode ser unitário, mas também ser feito em
cumulação (ou seja, quando vários pedidos são feitos ao mesmo tempo). O art.
327 do CPC dispõe que a cumulação de pedidos é lícita (permitida), desde que se
observe alguns requisitos. Vejamos:

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o


mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja
conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de
procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o
procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a
que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem
incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.

A cumulação dos pedidos pode ser própria (subdividindo-se em simples e


sucessiva) ou imprópria (subdividindo-se em subsidiária ou alternativa). Para melhor
compreensão dessa diferenciação, vamos observar o quadro abaixo, que além
da explicação, possui exemplos:

CUMULAÇÃO PRÓPRIA CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA


Faz-se vários pedidos, e almeja Faz-se vários pedidos, mas não
receber todos eles. Pode ser uma almeja receber todos, e sim apenas
cumulação simples ou sucessiva algum deles. Pode ser uma
cumulação alternativa ou subsidiária
SIMPLES SUCESSIVA ALTERNATIVA SUBSIDIÁRIA
Requer que Requer que Requer o Requer o
todos os pedidos todos os acolhimento de acolhimento de
sejam acolhidos, pedidos sejam apenas um apenas um dos
mas uns não acolhidos, mas pedido, sem pedidos
dependem dos o acolhimento expor preferência formulados, mas
outros. Ex.: ação de um por algum dos deixa
em que se pede depende do pedidos feitos. manifestada a
indenização por acolhimento de Autor pede uma preferência por
dano material e outro. Ex.: ação coisa OU outra, um. Nessa
indenização por de não tendo forma de
dano moral. O investigação preferência por cumulação, o
autor pede as de paternidade qual será autor faz uma
duas coisas, mas c/c pedido de acolhido. Isso escada de
a alimentos. A pode partir de pedidos,
(im)procedência parte autora uma opção sua, deixando clara
de um não almeja que os ao dar uma
interfere na dois pedidos alternativas de preferência. Ele
análise do outro, sejam pretensões que diz que quer X,
sendo que acolhidos lhe satisfazem mas antevendo
ambos podem (declaração igualmente; ou a possibilidade
ser deferidos ou da paternidade então da lei ou do juiz não
indeferidos, e condenação do contrato, acolher esta
assim como um em pagar hipótese em que, pretensão, ele
pode ser alimentos). Mas se a escolhe faz outros

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acolhido ao o segundo competir ao réu, pedidos


mesmo tempo pedido este deverá ter (subsidiários).
em que o outro (alimentos), assegurado o Estes pedidos
não. para ser direito de cumprir subsidiários só
acolhido, a prestação de são analisados
depende do um ou de outro pelo juiz caso o
acolhimento do modo. mesmo rejeite o
anterior pedido
(declaração de principal. Isso
paternidade). porque se o
principal for
acolhido, os
outros estarão
prejudicados.
Previsão Art. 327 Art. 327 Art. 325 e art. 326, Art. 326, caput
Legal p. ú., CPC/15 CPC/15
Valor da Quantia Quantia Quantia Quantia
causa correspondente correspondente correspondente correspondente
à soma dos à soma dos ao pedido de ao pedido
valores de todos valores de maior valor (art. principal (art.
os pedidos (art. todos os 292, VII, CPC/15) 292, VIII)
292, VI, CPC/15) pedidos (art.
292, VI,
CPC/15)

A apresentação dos pedidos é importante, pois ela delimita a atuação do juiz,


considerando que este não pode “proferir decisão de natureza diversa da pedida,
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que
lhe foi demandado” (CPC, art. 492). Princípio da adstrição ou congruência.

ATENÇÃO!!! É possível, após a apresentação da petição inicial, fazer alterações no


pedido e/ou na causa de pedir? A resposta a esta pergunta está no art. 329 do
CPC. Atenção!

a) Até a citação do réu, é possível, independentemente do consentimento do


réu;
b) Depois do réu já ter sido citado, mas antes do saneamento do processo, a
alteração é possível, desde que haja o consentimento do réu;
c) Após o saneamento, não é mais permitida alteração nos elementos objetivos
do processo (pedido e causa de pedir). Diz-se que ocorreu a estabilização
da demanda

V – Valor da causa. Toda causa deve ter um valor, ainda que a demanda não
tenha conteúdo econômico aferível (art. 291). Trata-se de requisito importante pois
ele é parâmetro para, por exemplo: i) verificação da competência, ii) estipulação
de multa ao litigante de má-fé, iii) definição do procedimento de algumas ações
(caso do arrolamento nos inventários e partilhas, por exemplo); iv) recolhimento das
taxas judiciárias, etc.

O assunto está disciplinado nos arts. 291 a 293 do CPC. Se atente para as seguintes
questões: i) necessidade de, atualmente, se indicar o valor pretendido nas ações

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indenizatórias, inclusive fundada em dano moral (art. 292, V); ii) possibilidade do juiz
corrigir de ofício o valor da causa (art. 292, § 3º).

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção


e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do
principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver,
até a data de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a
modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor
do ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais
pedidas pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de
avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia
correspondente à soma dos valores de todos eles;
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido
principal.
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á
o valor de umas e outras.
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual,
se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1
(um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

VI – Provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados:
há quem diga que se trata de um requisito inútil, já que não há impedimento para
que o autor faça uma indicação genérica, podendo especificar na fase de
saneamento. Há autores, no entanto, que acham esse protesto, ainda que
genérico, relevante, para impedir o cerceamento de defesa no caso de
julgamento antecipado da lide.

VII – Opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de


mediação. Como veremos adiante, trata-se de audiência que, em regra, deve ser
realizada, salvo se ambas as partes manifestarem o seu desinteresse. Cabe ao
autor, nesta oportunidade, portanto, dizer se tem interesse, ou não. Caso diga que
tem interesse, de nada adiantará uma manifestação contrária do réu, pois a
audiência acontecerá. Ver art. 334 NCPC.

Conforme se verifica da leitura do CPC/15, não é mais requisito da petição inicial


o requerimento para citação do réu (no CPC/73, isto era expressamente tratado
como requisito essencial).

A petição deve seguir os requisitos arrolados no art. 319, devendo, ainda, ser
acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 320).
Ex.: necessidade de se juntar certidão de casamento numa ação de divórcio.

Outros requisitos da petição inicial, em casos específicos:

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- Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: declarar na petição


inicial, o endereço, seu número de inscrição na OAB e o nome da sociedade de
advogados da qual participar, para o recebimento de intimações. Art. 106.

- Se se tratar de repropositura de ação, cuja anterior fora extinta sem resolução do


mérito, a inicial deve vir acompanhada da prova do pagamento ou do depósito
das custas e dos honorários advocatícios do advogado. Art. 486, § 2º.

- Se se tratar de ação que vise a revisão de obrigação decorrente de empréstimo,


de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, quais são as que pretende controverter,
devendo quantificar o valor incontroverso do débito. Se não fizer isso, a petição
será inepta. Art. 330, § 2º.

OBS.: Procedimentos especiais podem exigir requisitos outros para a petição inicial.

TÓPICO 2
POSTURAS DO JUIZ AO RECEBER A PETIÇÃO INICIAL
A primeira conduta a ser praticada pelo juiz quando do recebimento da petição
inicial, é verificar a sua admissibilidade, isto é, verificar se todos os pressupostos
estão presentes, a permitir o prosseguimento, ou não.

Se estiver tudo ok, passar-se-á adiante.

Se não estiver tudo ok, deve-se analisar se se trata de um vício sanável ou insanável.

2.1. Indeferimento da inicial:


Se o vício for insanável, ou seja, não houver possibilidade de oo autor corrigi-lo, não
restará alternativa ao juiz senão indeferir a inicial, extinguindo o processo sem
resolução do mérito. Art. 330 c/c art. 485, I. Por exemplo, se ao receber a petição
inicial o juiz verificar que o autor é parte manifestamente ilegítima, deverá indeferir
a inicial, extinguindo o processo, já que se trata de um vício que não pode ser
corrigido.

As hipóteses de indeferimento da inicial estão elencadas no art. 330 do CPC:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se
permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

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Dessa sentença de indeferimento da inicial, cabe apelação, facultando-se ao juiz


a possibilidade de se retratar, no prazo de 05 (cinco) dias. Art. 331, c/c art. 485, §
7º.

2.2. Emenda da inicial:


Se o vício for sanável, o juiz deve determinar a emenda da inicial, nos termos do
art. 321. Sempre que possível, a correção do vício deve ser feita, prestigiando-se o
alcance do mérito da causa (princípio da primazia do mérito). A novidade está na
previsão expressa no referido artigo, que impõe ao juiz a necessidade de indicar,
com precisão, o que deve ser corrigido ou completado (princípio da cooperação).

O prazo para o autor emendar é de 15 dias. Exceção: art. 106, § 1º: Quando
postular em causa própria, incumbe ao advogado: I – declarar, na petição inicial
ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participar,
para o recebimento de intimações; § 1º. Se o advogado descumprir o disposto no
inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de
determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição.

Se o autor não realizar a emenda da inicial, a petição será indeferida, extinguindo-


se o processo sem resolução do mérito. Art. 321 c/c art. 330, IV e art. 485, I.

Se a emenda for feita e ficar tudo ok, passa-se ao próximo momento do processo.

TÓPICO 3
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Antes mesmo de determinar a citação do réu, o juiz pode julgar improcedente a
ação. Dessa forma, portanto, estará julgando o mérito, proferindo uma decisão
desfavorável ao autor da demanda. Trata-se de um julgamento de mérito
(sentença definitiva) inaudita altera part.

No CPC73, já havia possibilidade similar, no art. 285-A. A possibilidade persiste, com


algumas alterações substanciais.

As hipóteses de cabimento do julgamento de improcedência liminar estão no art.


332 do NCPC:

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,


independentemente da citação do réu, julgará liminarmente
improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II -
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III -
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de

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súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1o O juiz também


poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição

Diferente do que dispunha o art. 285-A do CPC73, o julgamento de improcedência


liminar não pode levar em consideração os precedentes do próprio juízo, exigindo
contradição entre o pedido do autor e precedentes dos tribunais superiores ou do
tribunal de justiça respectivo, sobre direito local.

Esse dispositivo está ligado à força dos precedentes.

Objetivos desse dispositivo: i) economia processual; ii) celeridade processual; iii)


encerramento das demandas repetitivas; iv) obediência aos precedentes.

Essa decisão do juiz deve ser, necessariamente, fundamentada. O juiz deve


demonstrar a correspondência entre a ratio decidendi do precedente invocado,
com o caso concreto, posto a julgamento. Art. 11 c/c art. 489, § 1º, V.

De sentença prolatada com base no art. 332, o autor pode apelar, facultando ao
juiz se retratar no prazo de 05 (cinco) dias. (§ 3º). Se o juiz se retratar, o processo
retoma o seu curso, citando-se o réu (§4º). Se o juiz não se retratar, determinará a
citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 dias, e após os autos
são remetidos ao tribunal (§4º).

Se o autor não interpuser apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da


sentença (§ 2º).

TÓPICO 4
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

Trata-se de uma novidade preconizada pelo NCPC, impondo a realização de uma


audiência voltada para a busca da autocomposição. A regra é que a mesma
deve ser designada. Este ato processual se coloca, pois, entre a citação do réu e
a apresentação de sua resposta, que poderá ser dispensada caso, na audiência,
se alcance o seu principal objetivo, que é o acordo entre as partes.

Antes o réu era citado e, no mesmo ato, intimado para contestar. Agora, a regra é
que o réu seja citado e, no mesmo ato, intimado para comparecer à audiência de
conciliação ou mediação, designada pelo juiz no seu despacho inicial.

Nesse despacho, aliás, o juiz já deve identificar qual método de autocomposição


é o mais adequado para o caso (se conciliação ou mediação), ocorrendo a
remessa do feito para o centro judiciário de solução consensual, responsável por
realizar tais audiências salvo se, no juízo, no houver o mesmo, caso em que a
audiência realizar-se-á diretamente com o julgador do feito. Art. 334, §1º: O
conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de
conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as

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disposições da lei de organização judiciária. Ver art. 165. Isso é salutar, pois os
conciliadores e mediadores são mais preparados para este ato e as partes tendem
a ficar mais a vontade em se expressar diante de um sujeito que não julgará o feito,
caso não seja alcançada a autocomposição.

A audiência deve ser marcada com antecedência mínima de 30 dias, devendo o


réu ser citado com, pelo menos, 20 dias de antecedência da data da audiência.
Não há prazo máximo para essa designação, até porque isso depende da
estrutura do Judiciário e do centro de solução consensual.

Nesse sentido é o art. 334, caput: Se a petição inicial preencher os requisitos


essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30
(trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de
antecedência.

É possível haver mais de uma sessão destinada à conciliação ou mediação, não


podendo o intervalo entre elas ser superior a 2 meses. Art. 334, § 2º.

Hipótese em que não se realizará a audiência: § 4º. A audiência não será realizada:
I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição
consensual; II – quando não se admitir a autocomposição. Essa manifestação pelo
desinteresse deve ser feita: i) pelo autor, na inicial; ii) pelo réu, em petição
apresentada até 10 dias antes da audiência (§ 5º). Se houver litisconsórcio, o
desinteresse deve ser manifestado por todos, para que não haja a audiência (§ 6º).

Sendo o caso de designação da audiência, portanto, o juiz a designará, na mesma


oportunidade em que determinará a citação do réu e a sua intimação para
comparecer à audiência. Também deverá ser realizada a intimação do autor,
para comparecer à audiência.

Caso o autor tenha dito na inicial que não queria participar da audiência, ainda
assim essa será designada, caso o direito controvertido admita autocomposição,
pois só se o réu também não quiser a audiência, é que a mesma será cancelada.
Se o réu manifestar seu desinteresse, tal qual o autor, deve-se proceder nova
intimação do autor, no sentido de que a mesma não será mais realizada. Isso pode
gerar algumas situações desconfortáveis, como talvez a impossibilidade dessa
intimação sobre o cancelamento da audiência não ser feita em tempo hábil ao
autor, principalmente se o réu deixar para atravessar sua petição no último dia do
prazo (10 dias antes da audiência), Assim, o cartório do juízo teria apenas 10 dias
para proceder a intimação do autor sobre o cancelamento, o que pode acabar
gerando, caso não se observe isso, a ida do autor e do advogado para o fórum
para participar de uma audiência que não será mais realizada.

O art. 27 da Lei nº. 13.140/15 (Lei da Mediação), determina que Se a petição inicial
preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz designará audiência de mediação. A literalidade do dispositivo faz
supor que a audiência de mediação deve ocorrer mesmo que ambas as partes
manifestem desinteresse na sua realização. Parte da doutrina entende que este

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dispositivo restou revogado pelo art. 334, § 4º do NCPC, pois mesmo a lei específica
tendo sido publicada depois do NCPC, entrou em vigor antes, já que seu prazo de
vacatio foi menor (apenas 06 meses, contra 01 ano do NCPC).

Se a audiência for realizada e uma das partes deixar de comparecer a ela, por
motivo injustificado, seu ato consistirá em ato atentatório à dignidade da justiça,
aplicando-se-lhe multa de até 2% sobre o valor da causa ou da vantagem
econômica pretendida (§ 8º).

O § 9º impõe que as partes estejam acompanhadas de seus advogados ou


defensores públicos. Em que pese o dispositivo afirmar que as partes devem,
entende-se que na verdade é uma faculdade. Até porque o dispositivo não prevê
nenhuma consequência pelo descumprimento à previsão legal.

As partes podem constituir representante, por meio de procuração específica, com


poderes para negociar e transigir. Esse representante pode ser o próprio advogado
da parte, devendo constar na procuração apresentada o poder específico, nos
termos do art. 105 do NCPC.

Se houver acordo, o mesmo será reduzido a termo e homologado por sentença,


extinguindo-se o processo com resolução do mérito. Art. 334, § 11 c/c art. 487, III, b.

As pautas entre as audiências devem observar o intervalo mínimo de 20 minutos


entre elas (§ 12). A audiência também pode ser realizada por meio eletrônico (§
7º).

Não sendo caso de ser realizada audiência ou, sendo ela realizada, não for obtida
autocomposição, o réu deverá apresentar a sua resposta.

TÓPICO 5
RESPOSTA DO RÉU
Uma vez o réu estando integrado à relação jurídica processual, o que se dá através
da citação, o réu poderá (não é um dever, portanto), apresentar sua resposta. Essa
resposta poderá ser omissiva (caso da revelia) ou positiva (quando apresenta uma
reação à demanda que lhe é proposta).

As condutas do réu podem consistir, ao lado da revelia (ausência de contestação),


em apresentação de contestação (defesa clássica do réu), de reconvenção,
chamamento ao processo, denunciação da lide, reconhecimento jurídico do
pedido, impugnação ao valor da causa, impugnação à concessão dos benefícios
da justiça gratuita e alegação de litisconsórcio multitudinário.

O NCPC simplificou o tema (resposta do réu), priorizando a alegação do maior


número possível de matérias defensivas, na peça de contestação, extirpando, por
exemplo, as exceções e, mesmo, as impugnações autônomas (a impugnação ao
valor da causa e à concessão dos benefícios da justiça gratuita podem ser feitas

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na própria contestação). Inclusive a reconvenção, tratada em capítulo separado


da contestação, também deve ser feito na mesma peça.

Por essa razão, vamos tratar inicialmente da contestação.

5.1. Contestação:
Vem tratada nos arts. 335 a 342 do NCPC. É modalidade de defesa clássica do réu,
pela qual este oferecerá resistência à pretensão do autor, apresentando defesa
tanto de mérito, como também, processual, caso haja alguma irregularidade
desta natureza.

O prazo para apresentação da defesa é de 15 dias (art. 335).

Mas a pergunta é: Quando começa a contar este prazo?

Depende.

i) Se a audiência de conciliação ou mediação tiver sido marcada, mas não tiver


sido alcançada a autocomposição, seja por ausência de acordo, seja porque
qualquer das partes faltou, os 15 dias começam a contar da data desta audiência
(ou da última sessão, caso tenha acontecido mais de uma). Art. 335, I;

ii) Se o réu tiver atravessado, antes da audiência de conciliação ou mediação,


petição manifestando seu desinteresse na mesma (coincidindo com o desinteresse
do autor, conforme art. 334, § 4º, I), o prazo para apresentar contestação começa
a contar da data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência.

Por essa razão, achamos muito improvável que um réu manifeste seu desinteresse
na audiência de conciliação ou mediação, pois isso implicará num início imediato
(do protocolo da petição), do seu prazo de contestação. Para os réus com intuito
protelatório, melhor seria aguardar a audiência para, só daí, ter seu prazo para
contestar iniciado.

Registre-se que se na demanda houver litisconsórcio passivo, a audiência de que


trata o art. 334 do NCPC só não ocorrerá se autor e todos os réus disserem que não
a querem. Se um dos réus não manifestar desinteresse, a audiência ocorrerá. É o
que reza o art. 334, § 6º.

Caso todos os litisconsortes passivos demonstrarem desinteresse pela audiência, o


prazo para cada um deles será a data de apresentação de seu respectivo pedido
de cancelamento. Ou seja, os termos iniciais serão autônomos. O prazo não é mais
comum. Ver art. 335, § 1º.

iii) Caso não seja hipótese de designação da audiência de conciliação ou


mediação, seja porque o caso não admite autocomposição (art. 334, § 4º, II), seja
porque, por exemplo, as partes, em fase pré-processual, estabeleceram a sua
desnecessidade (através de um negócio processual), o réu será citado e intimado

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para, querendo, apresentar defesa, sendo que o prazo para apresentação desta
seguirá as disposições do art. 231 do NCPC, de acordo com o modo como foi feita.

Nesse ponto, é importante registrarmos a seguinte questão: como percebemos


com a leitura do art. 335, I, em regra, a contestação é apresentada após a
realização da audiência de conciliação ou mediação. Ocorre que o art. 340 cria
hipótese em que a contestação seja apresentada antes da audiência. Isso porque,
nos termos deste artigo, havendo alegação de incompetência relativa ou
absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato
que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por
meio eletrônico.

Dessa forma, designada a audiência por um juízo X, sendo citado e intimado o réu
e alegando ser este juízo incompetente, o art. 340 possibilita que a contestação
seja apresentada perante o juízo de seu domicílio, que pode ser diferente do juízo
X. Com isso, o réu almeja afastar a incompetência do juízo X, inclusive para não ter
que participar de uma audiência por um juízo incompetente.

Sua contestação é distribuída livremente, ou juntada aos autos da carta


precatória, caso tenha sido citado desta forma (art. 340, § 1º).

Quando essa contestação é apresentada, a audiência deverá ser suspensa, até


que se apure quem é o juízo competente (art. 340, § 3º). Depois que for definido o
órgão competente, nova data será designada (art. 340, § 4º), permanecendo os
autos no juízo X (se este for o competente), ou os autos serão remetidos ao outro
juízo, sendo prevento o juízo para o qual foi distribuída a contestação ou carta
precatória (§ 2º).

ATENÇÃO!!! Não esquecer que alguns sujeitos possuem prazo em dobro para
contestar: i) litisconsortes com diferentes procuradores de escritórios distintos (art.
229); ii) Ministério Público (art. 180); iii) Defensoria Pública (art. 186); iv) NPJ (art. 186,
§ 3º); e v) Fazenda Pública (art. 183).

- Matérias arguíveis em contestação: o réu, em sua contestação, pode apresentar


defesa processual (esta se subclassificando em dilatória, peremptória ou dilatória
potencialmente peremptória) ou defesa de mérito.

A defesa processual é aquela que não ataca o direito material discutido, mas sim
aponta alguma irregularidade de natureza processual. Por isso, devem ser
suscitadas em preliminar (daí porque chamadas de “preliminares de mérito”).

As matérias processuais que podem ser suscitadas em preliminar estão elencadas


no art. 337 do CPC.

Para melhor compreensão do assunto, vamos analisar o quadro abaixo, onde são
comentadas cada uma das preliminares, alocadas de acordo com o tipo (se
dilatória, peremptória ou dilatória potencialmente peremptória).

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DEFESA PROCESSUAL
(Não atacam a essência do litígio, o mérito, mas sim alguma irregularidade de
natureza processual, ligada, portanto, à relação jurídica processual. São arguidas em
preliminar de contestação, estando previstas no art. 337 do NCPC). Arguindo-se
defesa processual, deve ser oportunizada réplica ao autor, nos termos do art. 351.
DILATÓRIA PEREMPTÓRIA DILATÓRIA
(Seu acolhimento não põe (Seu acolhimento acarreta POTENCIALMENTE
fim ao processo, apenas a extinção do processo PEREMPTÓRIA
aumenta seu tempo de sem resolução do mérito) (Se acolhida, autoriza a
duração, já que demanda correção. Caso esta seja
a correção da feita, apenas dilata o
irregularidade) tempo do processo. Se
não for feita, gera
extinção sem resolução do
mérito)
Inexistência ou Inépcia da petição Incapacidade de
nulidade de citação inicial (art. 337, IV c/c parte (vício ligado a
(art. 337, I) art. 330, § 1º) problema com a
Se tiver alegado apenas Isso, claro, se o juiz não capacidade de estar em
isso, haverá devolução do tiver verificado de início juízo), defeito de
prazo de resposta (art. 239, antes de determinar a representação (vício na
§ 1º), caso se acolha. Se citação do réu, hipótese capacidade postulatória)
não for acolhido, réu será em que teria indeferido a ou falta de
revel, se não tiver inicial
apresentado matéria de
autorização (ex.: art. 73)
mérito (art. 239, § 2º, I), ou (art. 337, IX)
processo segue, caso
tenha.
Incompetência do Perempção (art. 337, Falta de caução ou
juízo (art. 337, II, art. V) outra prestação que a
64)* Ver art. 486, § 3º. lei exige como
Agora não só a absoluta, preliminar (art. 337,
mas também a relativa é XII)
feita em preliminar de Ex.: art. 83, art. 486, § 2º,
contestação. De decisão art. 968, II.
que acolhe ou não, não
cabe AI. Questiona-se o
cabimento de MS.
Conexão ou Litispendência (art. Incorreção do valor
continência (art. 337, 337, VI) da causa (art. 337, III,
VIII) Identidade de processos c/c 293)
Ver arts. 55 a 58. No caso que se encontram em Não é mais por
do art. 57, a alegação de trâmite. (Ver art. 337, §§ 1º, impugnação autônoma
continência pode gerar 2º e 3º)
extinção do processo
(defesa peremptória,
portanto)
Coisa julgada (art. Carência de ação por
337, VII) ilegitimidade passiva
Identidade de processos (art. 337, XI c/c art.
em que, num deles, já se 338 e 339)***
alcançou o final. (Ver art.
337, §§ 1º, 2º e 4º)

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Convenção de Indevida concessão


arbitragem (art. 337, do benefício da
X)** gratuidade de justiça
Não pode ser conhecida (art. 337, XIII)
de ofício pelo juiz (art. 337,
§ 5º). Deve ser arguida
pelo réu. Se não for,
preclui, havendo renúncia
ao juízo arbitral (art. 337, §
6º).
Carência da ação por
falta de interesse de
agir ou ilegitimidade
ativa (art. 337, XI)

ATENÇÃO!!!

* Importante registrarmos que em preliminar de contestação, pode ser alegada a


incompetência absoluta ou relativa. Com relação à incompetência absoluta, esta
pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 64, § 1º), então
mesmo que o réu não faça essa alegação em preliminar de contestação, ele pode
fazer em outra oportunidade, porque se trata de um vício que não convalesce,
não estando sujeito à preclusão, portanto. Pode, inclusive, ser fundamento de
ação rescisória (art. 966, II). Já a incompetência relativa deve ser arguida apenas
em preliminar de contestação. Se não for, preclui, ocorrendo a prorrogação de
competência (art. 65).

A incompetência absoluta pode, ainda, ser conhecida de ofício pelo juiz (art. 64,
§ 1º). Já a incompetência relativa, não. Esta deve ser arguida pelo réu (ou alegada
pelo MP, nas causas em que atuar, art. 65, p. ú.). Exceção: o juiz, antes de
determinar a citação do réu, pode de ofício declarar abusiva cláusula de eleição
de foro constante em instrumento escrito, determinando a remessa dos autos ao
juízo do foro de domicílio do réu (art. 63, § 3º). Se o juiz não fizer isso, determinando
a citação do réu, cabe a este, querendo, arguir na contestação a abusividade da
cláusula e consequente incompetência do juízo. Se não fizer, preclui (art. 63, § 4º).

Outra questão importante quando este tipo de matéria for alegada em preliminar
de contestação, é que o réu, apresentando esta defesa, poderá apresentar a sua
defesa no foro de seu domicílio (art. 340). Nesse caso, a contestação é distribuída
livremente ou juntada aos autos da precatória, se dessa forma tiver ocorrido a
citação do réu (art. 340, § 1º). Uma vê recebida a contestação nestes termos, o
fato deve ser imediatamente comunicado ao juízo da causa, preferencialmente
por meio eletrônico (art. 340).

Se tiver sido designada audiência de conciliação ou mediação, esta ficará


suspensa, até que a questão seja resolvida (art. 340, § 3º). Resolvendo-se o impasse,
o processo retoma seu curso (art. 340, § 4º), seja no juízo originário, caso este seja
tido por competente, seja no novo juízo, para onde o processo foi remetido, caso
tenha sido reconhecida a incompetência do juízo originário. Caso o novo juízo

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competente seja o do local onde apresentada a contestação, será prevento


aquele para o qual foi distribuída a contestação ou a carta precatória (art. 340, §
2º).

** Convenção de arbitragem é gênero. Cláusula compromissória e o compromisso


arbitral são espécies. A primeira é feita antes que surja um litígio, é uma cláusula no
contrato. Já o compromisso arbitral ocorre quando já ocorreu conflito, já se
procurou o tribunal arbitral e as partes se submetem a compor o conflito ali. O
NCPC diz que a convenção de arbitragem deve ser arguida em preliminar de
contestação, não interessando se foi cláusula ou compromisso.

*** O NCPC extinguiu a nomeação à autoria como modalidade de intervenção de


terceiro. Agora, sempre que o réu alegar ser parte ilegítima, o autor será intimado
para, em 15 dias, querendo, alterar a petição inicial, substituindo o réu (art. 338,
caput). Feita a substituição, a defesa terá sido apenas dilatória, já que aumentou
o tempo de duração do processo. Nesse caso, autor reembolsará as despesas e
pagará honorários ao procurador do réu excluído, nos termos do art. 338, p. ú). Se
o autor não quiser fazer a alteração, insistindo em demandar aquele réu, o juiz
julgará a questão. Se reconhecer a ilegitimidade do réu, extinguirá o processo (art.
485, VI), caso em que a defesa inicialmente dilatória, terá se tornado peremptória.

Importante registrar que se o réu tiver conhecimento de quem é o sujeito passivo


da relação jurídica, deverá indicá-lo, conforme determina o art. 339 (figura do réu
cagueta, réu X-9). Nesse caso, o autor, no mesmo prazo de 15 dias, poderá: i)
substituir o réu originário pelo indicado, seguindo ainda as disposições do art. 338,
p. ú. (art. 339, § 1º); ou ii) não desistir do réu originário, apenas acrescentar o
indicado, formando litisconsórcio passivo (art. 339, § 2º).

Além da defesa processual (preliminar), o réu também pode alegar defesa de


mérito, a qual se subdivide em direta e indireta. Vejamos a diferença no quadro
abaixo:

DEFESAS DE MÉRITO
(Dizem respeito ao direito material alegado pelo autor)
DIRETAS INDIRETAS
(Enfrenta-se diretamente os fatos e (não se nega as alegações
fundamentos jurídicos narrados lançadas na inicial, mas se
pelo autor na petição inicial) acrescenta fato novo, que pode
ser impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor) Se o
réu alega defesa de mérito
indireto, será caso de oportunizar
réplica ao autor. Art. 350.

ATENÇÃO!!! Outra matéria que deve ser arguida na contestação é a falsidade de


documento, caso este tenha sido juntado pelo autor quando da sua petição inicial
(art. 430). Mas essa matéria não é arguível apenas pelo réu. Também pode ser

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matéria de defesa do autor, se o réu tiver juntado documento, oportunidade em


que caberá ao demandante arguir a falsidade quando da réplica. Ou qualquer
das partes pode arguir no prazo de 15 dias, contado da intimação da juntada do
documento aos autos.

Princípios ligados à resposta do réu:

i) Princípio da impugnação específica dos fatos: Art. 341: Incumbe também ao réu
manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas. Essa regra não se aplica, de
acordo com o parágrafo único do artigo citado, ao defensor público, advogado
dativo e curador especial (admitindo-se defesa por negativa geral). E mesmo que
o réu não possa se valer da negativa geral, a presunção dos fatos não impugnados
não ocorrerá se, sobre estes, não for admissível a confissão; a petição inicial não
estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
ou estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto (art.
341, I, II, III).

ii) Princípio da eventualidade (ou da concentração de defesa): O réu deve


apresentar toda a matéria de defesa que tiver para arguir, na contestação. Art.
336: Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo
as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando
as provas que pretende produzir. Se não fizer, acontece preclusão consumativa,
não podendo querer deduzir a matéria posteriormente. A não ser que sejam casos
listados no art. 342: Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas
alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao
juiz conhecer delas de ofício (matérias de ordem pública, prescrição, decadência
legal); III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer
tempo e grau de jurisdição (por exemplo, decadência convencional).

5.2. Reconvenção:
A reconvenção consiste no exercício do direito de ação pelo réu, dentro da
própria relação jurídica instaurada pelo autor em seu desfavor. Com a
reconvenção, o réu assume posição ativa, postulando, para si, um bem da vida,
dirigindo este pedido em face do autor. Com a apresentação da reconvenção, o
processo passa a contar com duas demandas: a originária (autor x réu) e a
reconvencional (reconvinte x reconvindo).

A reconvenção é uma faculdade. Pode o réu, se quiser, ingressar com ação


autônoma, ainda que nesse caso, se a ação do réu originário for proposta quando
ainda em curso a ação originária, ambas serão reunidas por força de conexão (art.
55). Art. 343: Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

De acordo com o NCPC, a reconvenção não deve ser apresentada em petição


autônoma (como acontecia sob a égide do CPC/73). Essa pretensão
reconvencional é feita na própria contestação, nos termos do que reza o art. 343,
caput. Parcela da doutrina já defendia a possibilidade da reconvenção ser

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proposta na própria contestação (princípio da instrumentalidade das formas), mas


o STJ, quando do julgamento do EREsp 1.284.814, rejeitou a tese. O NCPC veio
pacificando a questão, derrubando o entendimento do STJ, portanto.

Se o réu não quiser contestar e quiser apresentar só reconvenção, ele pode (art.
343, § 6º), ainda que isso possa acarretar a sua revelia no que diz respeito à ação
principal.

Proposta reconvenção, o autor será intimado para apresentar resposta, no prazo


de 15 dias (art. 343, § 1º). A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva
que impeça o exame de seu mérito, não obsta ao prosseguimento do processo
quanto à reconvenção (art. 343, § 2º).

Os §§ 3º e 4º do art. 343 também ostentam novidade, ao disporem que pode haver


uma ampliação subjetiva da demanda quando da apresentação da
reconvenção, podendo esta ser manejada não só contra o autor, mas também
contra um terceiro (criando um litisconsórcio de reconvindos), assim como pode
ser apresentada pelo réu em conjunto com um terceiro (litisconsórcio de
reconvintes).

5.3. Revelia:
A revelia é um fenômeno ocasionado pela não apresentação de contestação
pelo réu. Art. 344.

A revelia pode gerar alguns efeitos:

i) presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor (art. 344). Este efeito não
se fará presente se: a) havendo pluralidade de réus, algum deles contestar; b) o
litígio versar sobre direitos indisponíveis; c) a petição estiver desacompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável para a prova do ato; d) as alegações
do aturo forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
dos autos. Art. 345.

ii) desnecessidade de intimação do réu revel sobre os atos praticados, não tendo
patrono constituído nos autos (art. 346).

iii) julgamento antecipado do mérito, caso ocorra o efeito de que trata o tópico i
acima e não tiver ocorrido requerimento de prova (art. 355, II).

TÓPICO 6
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Essa fase do processo não é obrigatória. Pode vir a acontecer a depender da
postura do réu, quando de sua oportunidade para se manifestar nos autos. Sua
existência, portanto, dependerá das circunstâncias do caso concreto.

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Caso seja necessária a tomada de alguma providência preliminar, esta deverá ser
praticada pelo juiz.

Estas providências se situam após o prazo para a contestação, e antes do


julgamento do processo, conforme o seu estado. As providências servem, portanto,
para manter o processo devidamente aquecido pelo contraditório, tornando-o
regular para a próxima fase, que é o seu julgamento.

Art. 347: Findo o prazo para contestação, o juiz tomará, conforme o


caso, as providências preliminares constantes das seções deste
Capítulo.

As providências que podem ser tomadas são as seguintes:

i) Se o réu for revel e não tiver ocorrido o efeito da presunção de veracidade dos
fatos, de que trata o art. 344, o juiz determinará que o autor especifique as provas
que ainda pretenda produzir. Se o efeito do art. 344 tiver ocorrido, essa providência
não será necessária, passando-se diretamente para a próxima fase, já que será
hipótese de julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, II.

ii) Oportunização da réplica ao autor, se o réu tiver apresentado contestação e,


nesta, tiver deduzido defesa de mérito indireta ou defesa processual (preliminares).
Ver arts. 350 e 351. Se a defesa processual apresentada for dilatória
potencialmente peremptória, cabe ao juiz determinar a sua correção, em prazo
nunca superior a trinta dias. Art. 352.

iii) Oportunização às partes para especificação das provas, momento em que


autor e réu deverão dizer quais provas ainda pretendem produzir, caso queiram.

Após o cumprimento das providências preliminares, ou não sendo elas necessárias,


passa-se à próxima fase do processo, que é o julgamento conforme o estado do
processo.

Art. 353: Cumpridas as providências preliminares ou não havendo


necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do
processo, observando o que dispõe o Capítulo X.

TÓPICO 7
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Superada a fase de providências preliminares, chega-se a uma nova fase do
processo. Aqui o juiz proferirá uma decisão, a qual pode extinguir o processo sem
resolução do mérito; extinguir o processo com resolução do mérito; ou
simplesmente sanear o processo (decisão de saneamento ou organização),
abrindo espaço para a fase probatória.

A depender do estado do processo, portanto, pode o juiz:

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i) Extinguir o processo sem resolução do mérito, se ocorrer qualquer das hipóteses


do art. 485 (art. 354, caput);

ii) Extinguir o processo com resolução do mérito, se ocorrer as hipóteses do art. 487,
II e III (art. 354, caput);

iii) Extinguir o processo com resolução do mérito, julgando antecipadamente o


pedido, sempre que não houver necessidade de produção de outras provas ou,
se o réu tiver sido revel, ocorrer a presunção de veracidade dos fatos alegados
pelo autor (art. 355). Essa extinção é possível quando restar verificada a
desnecessidade de se passar para uma outra fase do processo, a saber, a fase
probatória;

Nesse ponto, uma observação:

O NCPC admite que o julgamento antecipado do mérito seja parcial. Nesse caso,
o juiz estará fazendo um julgamento conforme o estado do processo, mas isso não
gerará a extinção do processo, porque haverá parcela do pedido ainda a ser
julgado posteriormente.

A previsão da possibilidade de julgamento antecipado parcial do mérito está no


art. 356, identificando-se quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcelas
deles: a) mostrar-se incontroverso; ou b) estiver em condições de imediato
julgamento, nos termos do art. 355.

Essa hipótese já era prevista, de certa forma, no CPC73, no seu art. 273, § 6º, porém
era tida como tutela antecipada, o que era criticado pela doutrina, já que se
tratava de decisão fundada em cognição exauriente.

O NCPC veio consertando esta questão. Agora há expressa previsão legal a


possibilitar o julgamento fracionado de mérito.

A decisão proferida com base no art. 356 é interlocutória, passível de agravo de


instrumento (art. 1.015, II).

iv) Saneamento e organização do processo: as hipóteses anteriores levam à


extinção do processo (com ou sem mérito). Se não for nenhum dos casos vistos, o
que caberá é o saneamento e a organização do processo, que não gera a
extinção do processo, mas apenas a introdução para uma próxima fase, a
probatória.

Não é mais regra, neste momento, designar audiência para se tentar


autocomposição. A regra, agora, é que o saneamento seja feito por escrito.
Excepcionalmente, através de audiência.

Nesse ato de saneamento e organização, caberá ao juiz o seguinte (art. 357,


incisos): a) resolver eventuais questões processuais ainda pendentes; b) fixar os
pontos controvertidos, sobre os quais as provas ainda a serem produzidas deverão
se concentrar; c) determinar os meios de prova que serão produzidos, decidindo

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acerca dos requerimentos feitos pela parte no momento processual anterior, ou


mesmo determinando produção de prova de ofício, conforme lhe permite o art.
370; d) detalhar a distribuição do ônus da prova, caso este seja feito de forma
dinâmica; e) delimitar as questões de direito relevantes para a decisão; f) designar,
se necessário, audiência de instrução e julgamento (quando necessária a
produção de prova oral).

Se for deferida produção de prova testemunhal, o juiz designará AIJ e intimará as


partes para que, no prazo comum de 15 dias, apresente o rol das testemunhas (art.
357, §4º).

Se for deferida produção de prova pericial, o juiz já deve nomear perito e, se


possível, fixar calendário para a sua realização (art. 357, § 8º). Da intimação desse
ato, o perito terá 05 dias para apresentar proposta de honorários, currículo e
contatos profissionais (art. 465, § 1º), e as partes terão 15 dias para arguir
impedimento ou suspeição do perito, indicar assistente técnico e apresentar
quesitos (art. 465, § 2º).

Feito o saneamento unilateralmente pelo juiz, as partes podem, num prazo de 05


dias, pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, findo o qual a decisão se torna
estável. Não caberia AI dessa decisão, pois não é hipótese arrolada no art. 1.015
do NCPC, com exceção da decisão relativa à distribuição do ônus da prova (art.
1.015, XI).

Como já dissemos acima, a regra, agora, é que o saneamento seja feito por escrito
pelo juiz. Mas Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de
direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em
cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará
as partes a integrar ou esclarecer suas alegações (art. 357, § 3º). Trata-se de clara
manifestação do princípio da cooperação (saneamento compartilhado). Para
que sejam feitas com calma, visando seu objetivo principal, o §9º impõe que a
pauta observe o intervalo de 01 hora entre as audiências.

Nada impede, também, que as próprias partes formulem negócio processual,


estabelecendo, consensualmente, a delimitação das questões de fato e de direito,
cabendo ao juiz homologar (art. 357, § 2º).
Após o tratamento das fases processuais vistas anteriormente, o NCPC passa a
tratar da audiência de instrução e julgamento (arts. 358 a 368) e das provas (arts.
369 a 484), disciplinando o que se costuma chamar de “fase probatória”. Essa não

TÓPICO 8
DAS PROVAS
é uma fase estanque, que se concentra apenas numa única oportunidade. Na
verdade, durante todo o procedimento é possível que haja a produção de provas.

As provas são os meios de que podem se valer as partes para comprovarem a


veracidade de suas alegações de fato.

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Sobre o assunto, importante atentar para as seguintes questões:

8.1. Prova emprestada:


O novo CPC agora prevê, expressamente, o cabimento da prova emprestada, ao
dispor em seu art. 372 que o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o
contraditório. O tema já era pacífico na doutrina e jurisprudência, só que não havia
disciplina no Código processual.

A regra é que a prova seja produzida dentro do processo em que será utilizada,
porém é admitido, por força da economia processual, que se use prova já
produzida em outro processo (prova emprestada).

O que se deve observar, para o uso de prova emprestada, é o contraditório. Há


controvérsia na doutrina se este contraditório deve ter sido observado quando da
produção da prova no processo de origem, isto é, se é necessário que a prova seja
trasladada para um processo que tenha as mesmas partes do processo de origem.

STJ já decidiu que o empréstimo é possível mesmo que as partes não sejam
coincidentes, desde que haja o respeito ao contraditório no processo para o qual
se está levando a prova (informativo 532/STJ; EREsp 617.428).

8.2. Distribuição dinâmica do ônus da prova:


Outra novidade do NCPC é a previsão sobre a possibilidade da inversão do ônus
da prova. Mais uma vez, não se trata de inovação absoluta, porque isso, como é
cediço, já era previsto no ordenamento pátrio, precisamente no art. 6º, VIII, do
CDC, aplicado, por analogia, aos demais feitos cíveis. A novidade está, portanto,
na previsão expressa destinada pelo NCPC.

A distribuição estática do ônus da prova continua com a mesma regra: Art. 373. O
ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II –
ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.

Só que agora o § 1º do citado dispositivo reza: Nos casos previstos em lei ou diante
de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de
obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de
modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

Trata-se de hipótese de inversão judicial (ope judicis), o que deve ser feito pelo juiz
através de decisão fundamentada, sempre que verificar presentes as condições
impostas pelo dispositivo, o que deve ser feito em momento capaz de dar à parte
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído pela inversão (ver

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art. 357, III). Essa já era orientação do STJ, inclusive (ver AgRg no REsp 1.450.473; REsp
1.395.254, e outros).

OBS.: Da decisão acerca da distribuição do ônus da prova, cabe agravo de


instrumento (art. 1.015, XI).

OBS.: Ao lado da inversão judicial, vista acima, doutrina costuma apontar a


inversão legal e a inversão convencional, esta última prevista expressamente no
NCPC no art. 373, §§ 3º e 4º.

8.3. Produção antecipada da prova:


A produção antecipada da prova já era medida prevista no CPC73, porém de
natureza cautelar (sendo requisito para sua concessão, pois, o periculum in mora).
Agora, com a extinção do processo cautelar autônomo, a produção antecipada
da prova continua sendo possível, mas tendo natureza de ação probatória
autônoma, não se tornando indispensável o risco do tempo.

A produção antecipada da prova pode ser feita antes da propositura da ação


principal (caso que a parte deve se valer do procedimento para a ação probatória
autônoma), ou incidentalmente, no processo já em curso, caso em que se estará
diante de tutela provisória.

O tema da ação probatória autônoma vem tratado nos arts. 381 a 383.

Essa ação probatória autônoma tem cabimento nos casos em que: i) haja fundado
receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos
fatos na pendência da ação (manutenção da hipótese atrelada ao periculum in
mora); ii) a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou
outro meio adequado de solução de conflito; iii) o prévio conhecimento dos fatos
possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. Art. 381. Também há possibilidade
no caso de arrolamento cuja finalidade for apenas a documentação (art. 381, §
1º).

Competência para esta ação: é juízo do foro onde a prova deva ser produzida ou
do foro de domicílio do réu. Art. 381, § 2º. O juízo desta ação não ficará prevento
para a ação principal a ser proposta (§ 3º). Há quem critique isso. Daniel Amorim
Assumpção Neves defende que se houver identidade de foros, entre a ação
probatória autônoma e a ação principal, deve-se defender a prevenção daquele,
em respeito ao princípio da imediatidade. Se os processos forem de competência
territorial diversa, não se poderá falar em prevenção (nesse sentido: REsp 712.999;
REsp 487.630).

Procedimento: autor deve elaborar petição inicial, observando os requisitos


genéricos, previsto no art. 319, e mais ainda os específicos, tratados no art. 382,
quais sejam, a apresentação das razões que justificam a necessidade de
antecipação da prova e a indicação precisa dos fatos sobre os quais a prova há
de recair.

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Deve ser determinada a citação de interessados na produção da prova ou no fato


a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso (art. 382, § 1º). A
legitimidade passiva é daquele sujeito que figure em alguma relação jurídica com
o requerente e que terá contra ele oposta, no processo principal, prova produzida
antecipadamente. Isso é importante pois esta prova, para ser usada
posteriormente, deve ter sido produzida com observância do contraditório.

O juiz não deve se pronunciar sobre a ocorrência ou inocorrência do fato, nem


sobre as respectivas consequências jurídicas. Esta valoração da prova deve ser
feita pelo juiz no processo em que a mesma será utilizada. É este juízo quem faz a
valoração. Art. 382, § 2º.

No § 4º do art. 382, o legislador dispõe que neste procedimento, não se admitirá


defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da
prova pleiteada pelo requerente originário. Essa norma é muito criticada.
Repetiram regra que, no CPC73, era referente à justificação, ocorre que a maioria
das produções antecipadas de prova, se reveste de caráter contencioso, de modo
que seria inconstitucional impedir que, nestes procedimentos, não haja
contraditório.

Entendemos, portanto, que a defesa é admissível, sim. Claro que seu campo é
limitado. Não poderá o réu, por exemplo, se manifestar sobre o direito material
controvertido e que será discutido na ação principal, mas pode se insurgir contra
o cabimento da antecipação da prova naquela ocasião.

Mesmo entendimento sobre a possibilidade de interposição de recursos. Como


ensina Daniel Amorim: é inadmissível tornar o juiz um pequeno soberano na
produção da prova sem que exageros e/ou ilegalidades possam ser revistas pelo
tribunal de segundo grau. O juiz determina a oitiva de testemunha incapaz e a
parte não pode recorrer? O juiz admite a produção de prova ilícita e não há como
se impugnar a decisão? O juiz fixa os honorários periciais num valor estratosférico e
ninguém poderá recorrer? Fica realmente difícil explicar a opção do legislador sem
ofender frontalmente o princípio do contraditório. (Manual... pg. 682)

Findo o procedimento, os autos ficam disponíveis em cartório durante um mês,


para extração de cópias pelos interessados. Depois, são entregues ao promovente.
Art. 383.

8.4. Meios de prova:


O NCPC prevê diversos meios típicos de prova, quais sejam: ata notarial (art. 384);
depoimento pessoal (art. 385 a 388); confissão (art. 389 a 395); exibição de
documento ou coisa (art. 396 a 404); documental (art. 405 a 441); testemunhal (art.
442 a 463); pericial (art. 464 a 480) e inspeção judicial (art. 481 a 484).

Vamos tecer alguns comentários sobre algumas novidades relevantes sobre


determinados meios de prova.

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- Ata notarial: ainda que já admitida sob a égide do CPC73 (como prova atípica),
o NCPC agora prevê, expressamente, o seu cabimento, criando um novo meio de
prova típico. Art. 384. É uma prova híbrida, tendo forma de prova documental,
lavrada por tabelião, com conteúdo de prova testemunhal, já que o teor dela é,
justamente, as impressões daquele sobre um fato que tenha presenciado.

- Exibição documento ou coisa em face de parte: A súmula nº 372 do STJ dispõe


que “na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa
cominatória”. A razão desse enunciado sumular está no fato de que, quando a
pretensão é deduzida contra a própria parte, já existiria prejuízo a esta caso não
exibisse o documento determinado, como a presunção de veracidade dos fatos
que se pretendia comprovar com o mesmo. Assim, a aplicação de multa
cominatória só seria admitido quando a exibição fosse oposta em face de terceiro.

Porém, o art. 400, p. ú do NCPC dispõe que sendo necessário, o juiz pode adotar
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o
documento seja exibido.

Entende-se, dessa forma, que a súmula nº 372 do STJ está tacitamente cancelada,
por força do art. 400, p ú.

- Documentos eletrônicos: NCPC prevê dispositivos sobre os documentos


eletrônicos. Art. 439 a 441. Dispões que a sua utilização no processo escrito
depende de sua materialização de alguma forma, para que possa ser juntado.
Devem-se observar as legislações específicas (MP 2.200/2001; Lei nº. 11.419/2006;
Lei nº. 12.682/2012). Caso não haja observação, quando da conversão, aos
ditames legais, caberá ao juiz apreciar, livremente, o valor probante do
documento.

- Prova testemunhal:

O rol das chamadas “testemunhas egrégias” aumentou, conforme se verifica no


art. 454 do NCPC. Agora, também são inquiridos em sua residência ou onde
exerçam suas funções, além daqueles que já eram previstos no CPC73:
conselheiros do CNJ e do CNMP; advogado geral da união, procurador geral do
estado e o do município, defensor público geral federal e do estado, prefeito,
deputados distritais e o procurador geral de justiça.

Uma novidade importante sobre este meio de prova, referente ao ato de


intimação das testemunhas (art. 455). Agora, como regra geral, esta intimação
deve ser feita pelo próprio advogado da parte que tiver arrolado a testemunha. A
intimação judicial das testemunhas para comparecer à AIJ, é exceção.

Nesse sentido, dispõe o caput do art. 455: Cabe ao advogado da parte informar
ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência
designada, dispensando-se a intimação do juízo.

Poderá a parte, portanto, optar por alguma das medidas:

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Proceder com a intimação da Apenas informar a testemunha da


testemunha audiência
Como fazer: intimação da Como fazer: advogado se
testemunha deve ser feita pelo compromete a levar a
advogado da parte que a arrolou, testemunha independentemente
por carta com aviso de de intimação, apenas informando-
recebimento. Deve-se juntar aos a informalmente (art. 455, § 2º)
autos, com antecedência de pelo
menos 3 dias da audiência, o
comprovante de recebimento e
cópia da correspondência (art.
455, § 1º)
Se a testemunha não for: a Se a testemunha não for: a
audiência pode ser redesignada, audiência é realizada,
conduzindo-se a testemunha e presumindo-se que a parte desistiu
respondendo, esta, pelas da inquirição da testemunha (art.
despesas do adiamento (art. 455, 455, § 2º)
§ 5º)

A intimação só é feita pela via judicial quando (art. 455, § 4º): i) for frustrada a
intimação particular (de que trata o art. 455, § 1º); ii) sua necessidade for
devidamente demonstrada pela parte ao juiz (por exemplo, a testemunha reside
em local não atendida pelo serviço de correspondência); iii) figurar no rol de
testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao
chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir; iv) a testemunha for
uma daquelas previstas no art. 454 (testemunhas egrégias).

Se a testemunha tiver sido intimada pelo juízo (art. 455, § 4º) e não comparecer,
será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento da audiência (art.
455, § 5º).

De acordo com o art. 459 do NCPC, agora as perguntas às testemunhas devem ser
feitas diretamente pelo advogado das partes, e não mais pelo juiz após ouvi-las
dos advogados. Só caberá ao juiz controlar a pertinência das perguntas, podendo
indeferi-las. Trata-se da aplicação da regra do chamado cross examination.

- Prova pericial:

O art. 471 do NCPC mitiga a regra de que a nomeação do perito compete apenas
ao juízo. As partes podem celebrar negócio jurídico processual, escolhendo,
consensualmente, o perito, desde que sejam plenamente capazes e a causa possa
ser resolvida por autocomposição. Antigamente as partes até podiam indicar
nomes, mas a palavra final era do julgador. Agora, não.

O art. 473 agora esmiúça o conteúdo do laudo pericial: i) a exposição do objeto


da perícia; ii) a análise técnica ou científica realizada pelo perito; iii) a indicação
do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente
aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; iv)

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resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo
órgão do Ministério Público.

TÓPICO 9
SENTENÇA
Conceito: Nos termos do art. 203, §1º, sentença é o pronunciamento por meio do
qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução. Este conceito leva em
consideração o conteúdo e o efeito do ato, para poder ser conceituado como
“sentença”.

Classificação: Levando em consideração a resolução ou não do mérito, a


sentença poderá ser:

- TERMINATIVA: quando não há resolução do mérito. Hipóteses do art. 485 NCPC.

As hipóteses em que isso pode ocorrer são:

i) Com o indeferimento da petição inicial. Art. 485, I, c/c art. 330 NCPC. Se esse vício
for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art. 486, § 1º.

ii) Processo parado durante mais de um ano por negligência das partes. Art. 485, II.
A ação pode ser reproposta, porque não há vício a ser corrigido.

iii) Abandono do processo pelo autor. Art. 485, III. Desídia do autor, que deixa de
praticar os autos ou cumprir diligências indispensáveis ao andamento do processo
por prazo superior a 30 dias. A ação pode ser reproposta, porque não há vício a
ser corrigido.

Nas hipóteses dos incisos II e III, antes de extinguir o processo, o juiz deve determinar
a intimação pessoal das partes para que supram a falta no prazo de 05 dias (§ 1º
art. 485).

No caso da extinção por abandono, se já ocorrida a citação do réu, essa só é


possível mediante requerimento do réu (§ 6º). Se não for requerida pelo réu, a
interpretação literal faz supor que o juiz não pode extinguir, a não ser que o
processo fique parado por mais de um ano e o juiz extinga com base no inciso II.

As espécies de sentença de que trata os incisos II e III podem levar ao fenômeno


da perempção (art. 486, § 3º): se o autor der causa, por 3 vezes, a sentença
fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar
em defesa o seu direito. Evita-se, com isso, o abuso do direito de ação.

iv) ausência de um pressuposto processual de constituição e de desenvolvimento


válido e regular do processo (pressupostos positivos). Art. 485, IV. Pode ser

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conhecido inclusive de ofício. § 3º. Se esse vício for corrigido, a ação pode ser
reproposta. Art. 486, § 1º.

v) presença de um pressuposto processual negativo, a saber, litispendência, coisa


julgada e perempção. Art. 485, V. Pode ser conhecido inclusive de ofício. § 3º. Se
o vício da litispendência for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art. 486, § 1º.
No caso de coisa julgada ou perempção, a ação não pode mais ser reproposta,
a não ser que tenha ocorrido a rescisão da coisa julgada por meio de ação
rescisória. Se for reproposta a ação nestes casos, será novamente extinta sem
resolução do mérito.

vi) carência de ação. Art. 485, VI. Pode ser conhecido inclusive de ofício. § 3º. Se
esse vício for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art. 486, § 1º.

vii) existência de convenção de arbitragem. Art. 485, VII. Pode ser conhecido
inclusive de ofício. § 3º. Se esse vício for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art.
486, § 1º. Ou seja, se de alguma forma a convenção de arbitragem existente deixar
de existir.

viii) homologar desistência da ação. Art. 485, VIII. Desistência da ação é diferente
de renúncia do direito sobre o qual se funda a ação. A desistência pode ser feita
pelo autor até a citação do réu, sem que este consinta. Oferecida contestação,
só se o réu consentir (§ 4º). A desistência pode ser feita até a sentença (§ 5º). Depois
de proferida a sentença, não pode mais haver desistência da ação, mas nada
impede que as partes transacionem sobre o direito discutido.

ix) direitos intransmissíveis. Art. 485, IX. Morte da parte de uma ação cujo direito não
é transmissível. Ex.: divórcio, alteração do nome, mudança do estado civil
(mudança de sexo, interdição, naturalização).

Em todos os casos em que se admite a repropositura da ação, essa só é possível se


houver prova do pagamento ou do depósito das custas e honorários de advogado
(art. 486, § 2º). Trata-se de mais um requisito da petição inicial.

Ao lado das sentenças terminativas, a sentença pode ser ainda:

- DEFINITIVA: quando o mérito é resolvido. Hipóteses do art. 489 NCPC. O que marca
esse tipo de sentença é a resolução definitiva do conflito, da crise jurídica que
ensejou o acionamento do Judiciário.

Parte da doutrina costuma dizer que existe a sentença genuinamente de mérito,


que é a hipótese do art. 487, I, posto que é o único caso em que o juiz irá,
efetivamente, apreciar a controvérsia, resolvendo-a. Na outras hipóteses, dos
incisos II e III, o juiz não chega a enfrentar a controvérsia.

Essa sentença deve ser sempre buscada, pois ela é a forma de extinção normal do
processo, havendo inclusive disposição no sentido de que o juiz resolverá o mérito
sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual

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pronunciamento nos termos do art. 485. Trata-se da consagração do princípio da


primazia do mérito.

Vejamos agora as hipóteses do art. 487.

- Acolhimento ou rejeição do pedido. Art. 487, I. Trata-se da conclusão se o pedido


é procedente ou improcedente.

- Quando o juiz homologar o reconhecimento do pedido. Art. 487, III, a. Difere da


confissão, pois esta atinge somente a matéria fática, não implicando no
automático reconhecimento do pedido.

- Quando o juiz homologar a transação realizada pelas partes. Art. 487, III, b.

- Quando o juiz homologar a renúncia do direito do autor. Art. 487, III, c. Diferente
da desistência do processo, que gera extinção sem resolução do mérito.

- Quando o juiz reconhecer a ocorrência de prescrição ou decadência. Art. 487, II.


Interessante notar que este fundamento pode ensejar, inclusive, a sentença de
improcedência liminar do pedido, isto é, aquela sentença de mérito proferida
antes mesma da citação do réu, conforme prevê o art. 332, § 1º do NCPC.

OBS.: Julgamento antecipado parcial do mérito. Art. 356. Em essência, trata-se de


ato decisório que tem como conteúdo o art. 487, I, mas não é considerado
sentença pois não está pondo fim à uma fase do processo de conhecimento. É
decisão interlocutória, portanto.

Elementos da sentença: Os elementos que compõem uma sentença estão


disciplinados no art. 489 do NCPC.

- RELATÓRIO: Trata-se de um resumo da demanda, devendo conter a identificação


das partes, uma síntese do pedido, da resposta do réu e a descrição dos principais
acontecimentos do processo. Nos JEC’s, o relatório é dispensável (art. 38, Lei
9099/95).

- FUNDAMENTAÇÃO: São os porquês do ato decisório, a exteriorização dos motivos


que levam o juiz a concluir de tal forma e não de outra.

Trata-se de exigência, inclusive, constitucional, posto que o art. 93, IX da CF


determina que toda decisão judicial deve ser fundamentada. O art. 11 do NCPC
repete o princípio da fundamentação.

A fundamentação tem uma função endoprocessual, isto é, para a própria relação


jurídica processual em que é proferida, mais precisamente aos sujeitos processuais
que dela participam, permitindo, por exemplo, que o sucumbente tenha
conhecimento das razões de decidir do julgador e possa, querendo, bem elaborar
o seu recurso; bem como permitindo ao órgão que julgará o recurso, verificar o
acerto ou desacerto da decisão impugnada, podendo concluir se a mesma deve
ser reformada ou não, por exemplo.

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Mas a fundamentação também tem a sua função extraprocessual, extrapolando


para outros processos que não apenas aquele em que a decisão é proferida, vez
que a fundamentação permite verificar a correção, imparcialidade e lisura do
julgador, o que pode ser feito por toda a coletividade. Ademais, diante da
possibilidade de uma decisão se tornar um precedente a ser seguido por casos
futuros, a decisão também estende a sua importância, nestes casos, para outras
demandas.

O art. 489 exemplifica o que não pode ser considerado fundamentação.

i) Limitação a indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo: o juiz não


pode apenas citar ou transcrever uma norma. Ele deve explicar sua interpretação,
porque esta norma se aplica ao caso concreto.

ii) Conceitos jurídicos indeterminados: é quando o legislador, não podendo prever


todas as situações fáticas possíveis, deixa a cargo do aplicador do direito essa
integração. Por exemplo, quando ele fala sobre o caráter manifestamente
protelatório do recurso. Isso precisa ser enfrentado pelo juiz para dizer, que no caso
concreto, o recurso é protelatório. Por quê? Cabe ao legislador explicitar que
naquele caso, o ato é protelatório pelas razões verificadas. Da mesma forma,
“perigo de dano” para a concessão de tutela de urgência; “repercussão geral”
para o caso de admissibilidade de recurso extraordinário; relevância da matéria
para admissão do amicus curiae. Tudo isso é conceito indeterminado que precisa
ser integrado pelo juiz, para que ele aplique a norma, o que é feito através da
fundamentação.

Por exemplo: não há como se entender como fundamentada uma decisão judicial
que anula arrematação apenas afirmando que o preço do lance vencedor foi vil.
O juiz tem que explicar porque o preço foi considerado vil, desenvolvendo seu
raciocínio com base nas circunstâncias do caso concreto (Daniel Amorim).

iii) Motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão:

iv) enfrentamento de todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em


tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.

v) aplicação de súmula ou precedente como fundamento do decidir: é preciso


que o juiz faça a correlação entre os fundamentos determinantes do precedente
com o caso o caso concreto;

vi) distinção e superação de precedente: se ele for deixar de seguir um


precedente, tem que demonstrar a distinção que existe ou a superação do
precedente. Técnicas do distinguishing e do overruling.

vii) no caso de colisão de normas, deve-se apontar os critérios de ponderação.

Uma decisão não fundamentada é decisão nula. Trata-se de vício gravíssimo


(nulidade absoluta).

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- DISPOSITIVO: Conclusão decisória da sentença. Gera os efeitos práticos da


decisão. É o que causa impacto no mundo dos fatos.

Uma decisão sem dispositivo é tida pela doutrina como decisão inexistente.

Princípio da congruência: Art. 492. O juiz não pode decidir além, fora ou aquém do
que lhe foi pedido. Veda-se decisões ultra, extra ou infra petita. Exceções: i)
pedidos implícitos; ii) fungibilidade; iii) art. 497 NCPC.

Da imodificabilidade da sentença pelo juízo sentenciante: Essa é a regra geral,


salvo exceções.

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:


I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte,
inexatidões materiais ou erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.

Deve-se acrescer a estas hipóteses do 494, a possibilidade de retratação. Art. 331,


332, 485, § 7º.

Remessa necessária: Prerrogativa processual conferida à Fazenda Pública. Trata-


se de condição de eficácia da sentença. De acordo com o art. 496 do CPC, as
sentenças proferidas em desfavor da fazenda pública, só produzirão efeito depois
de confirmadas pelo tribunal. Ou seja, quando a fazenda pública se deparar com
uma sentença a si desfavorável, poderá recorrer. Porém, caso não faça isso, a
sentença, ainda assim, deverá ser remetida ao tribunal (daí porque isso ser
chamado de remessa necessária.

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo


efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no
prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se
não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a
remessa necessária.

Não se procede com a remessa necessária se a sentença contiver conteúdo


econômico de valor certo e líquido inferior a certos “tetos”, a depender de quem
é o ente sucumbente. Vejamos o quadro abaixo, elaborado de acordo com a
previsão contida no art. 496, § 3º do CPC:

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Não haverá remessa necessária quando a condenação ou o proveito


econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

UNIÃO 1.000 (mil)


(e respectivas autarquias e fundações) salários mínimos

ESTADOS
DISTRITO FEDERAL 500 (quinhentos)
MUNICÍPIOS CAPITAIS DE ESTADO salários mínimos
(e respectivas autarquias e fundações)

DEMAIS MUNICÍPIOS 100 (cem)


(e respectivas autarquias e fundações) salários mínimos

ATENÇÃO!!!

De acordo com o art. 496, §4º do CPC/15, também não se aplica o disposto neste
artigo quando a sentença estiver fundada em:

I - súmula de tribunal superior;


II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada
no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em
manifestação, parecer ou súmula administrativa.

TÓPICO 10
TUTELA PROVISÓRIA
O NCPC trata, em seus arts. 294 a 311, da tutela provisória.

A tutela provisória é concedida com base em cognição sumária (e não


exauriente), pois quando o juiz a concede, ainda não teve acesso a todos os
elementos de convicção possível, daí porque se sustenta num juízo de
probabilidade, de mera aparência, e não de certeza.

Por essa razão, e como a sua própria nomenclatura já sugere, a tutela provisória
tem como característica a provisoriedade, pois é concedida para durar um tempo
determinado. Ela é concedida para durar, em regra, até a concessão da tutela

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definitiva (essa concedida após cognição exauriente). Seja confirmando a tutela


provisória, se ao final atestar-se que o requerente tem mesmo o direito que já
aparentava ter no início; seja cassando-a, se ao contrário verificar-se que o autor
não tem o direito que alegava ter.

A característica da provisoriedade implica numa outra, qual seja, a da


revogabilidade, pois a tutela provisória pode ser, a qualquer tempo, revogada, se
ficarem descaracterizados ao longo do processo os requisitos para a sua
concessão. Nada impede, portanto, que após o juiz a conceder, por estar
convencido de que estão presentes os seus requisitos, ele a revogue, se
posteriormente estes requisitos se mostrarem ausentes.

Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas
pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo
decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o
período de suspensão do processo.

A tutela provisória pode ser de urgência ou de evidência (art. 294). A tutela


provisória de urgência, por sua vez, pode ser tutela de urgência antecipada ou
tutela de urgência cautelar, sendo concedidas em caráter antecedente ou
incidental (art. 294, p. ú.).

Para melhor visualização do tema, conforme estabelecido pelo NCPC, tem-se o


seguinte esquema:

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A principal diferença entre tutela de urgência e tutela de evidência, bem como a


principal diferença entre tutela de urgência antecipada e tutela de urgência
cautelar, é a seguinte:

TUTELA PROVISÓRIA
TUTELA DE URGÊNCIA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Exige, para a sua concessão, o Não exige, para a sua
perigo do tempo. Ela se faz concessão, o perigo do
necessária quando, somando- tempo. Independe da
se à demonstração da demonstração de perigo
probabilidade do direito, haja de dano ou de risco ao
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
resultado útil do processo (art. Tem vez quando o direito
300) do autor é evidente (art.
ANTECIPADA CAUTELAR 311)
Satisfativa Não
satisfativa

As tutelas de urgência, como dito, podem ser requeridas em caráter antecedente


ou incidentalmente. Quando da vigência do CPC73, era muito natural a obtenção
de uma tutela cautelar em caráter antecedente, porém não havia cabimento de
tutela antecipada antecedente. Agora é possível, aproximando-se as duas
espécies de tutela de urgência.

A tutela de evidência, por sua vez, só pode ser obtida em sede do processo
principal. O NCPC não prevê hipótese de sua concessão em caráter antecedente.
Isso é criticado por parte da doutrina, pois esta espécie de tutela nada mais é do
que um tipo de tutela de urgência antecipada, só que com requisitos diferentes
(sem o perigo do tempo). Tanto aquela como esta, são tutelas que permitem ao
autor já usufruir do direito discutido, destinadas a antecipar o próprio resultado
prático final do processo. São, portanto, satisfativas. Por que, pois, é possível se falar
em tutela de urgência antecipada antecedente e não de tutela de evidência
antecedente, mormente pelo fato de em algumas hipóteses não se necessitar
aguardar a manifestação do réu (art. 311, II e III)?

OBS.: Quando a tutela provisória for requerida incidentalmente, ela independe do


pagamento de custas (art. 295).

A tutela de urgência, ainda que possa ser antecipada ou cautelar, garante a


fungibilidade entre estas subespécies, conforme reza o art. 305, p. ú. do NCPC.

Ainda, porém, que o procedimento para a concessão da tutela de urgência


antecipada ou cautelar tenha se aproximado bastante, sendo, inclusive, ambas
tratadas como subespécies da tutela de urgência (exigindo os mesmos requisitos
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para a sua concessão), ainda há algumas diferenças que sustentam, portanto, a


distinção entre tutela antecipada e tutela cautelar (ex.: estabilização da tutela
prevista no art. 304 se aplica apenas à tutela de urgência antecipada).

10.1. Tutela provisória de urgência


Requisitos comuns: Quando um processo se inicia, o juiz parte da mais completa
ignorância e desconhecimento a respeito dos fatos postos para apreciação,
devendo formar o seu convencimento a medida que sua cognição vai se
aprofundando, até chegar a certeza, estando apto a proferir uma decisão
definitiva. É como se tivéssemos uma linha do convencimento, portanto.

Qualquer decisão proferida no meio desta linha, isto é, sem se ter chegado ao
extremo da certeza, é pautada numa cognição sumária. Há diferentes graus de
convencimentos. Alguns mais próximos da dúvida, outros mais próximos da certeza.

Sob a égide do CPC73, os requisitos para as tutelas cautelar e antecipada eram


diferentes. Para a primeira, exigia-se a presença do fumus boni iuris, ao passo que
para a segunda, a prova inequívoca da verossimilhança da alegação. Este
requisito mais próximo da certeza do que aquele.

O NCPC, unificando a tutela antecipada e a tutela cautelar como espécies da


tutela de urgência, unificou, também, os requisitos para as suas concessões. Iguala-
se o grau de convencimento para a concessão de qualquer tipo de tutela de
urgência.

O art. 300 do NCPC reza que a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito.

Que elementos são esses? Não há especificação. Há uma certa liberdade para o
juiz e para as partes colacionarem e identificarem elementos suficientes à deflagrar
a probabilidade (ou não) do direito alegado na peça inicial, o que é verificado
por força da fundamentação contida na decisão. É nesta decisão que o juiz vai
explicitar porque, num restou convencido da probabilidade de o direito existir.

Não é por outra razão, aliás, que o art. 298 do NCPC enfatiza o dever de
fundamentar a decisão, precisamente no que diz respeito àquela voltada para
conceder, revogar, modificar ou revogar a tutela provisória, devendo a mesma ser
feita de modo claro e preciso.

Além do requisito atrelado à probabilidade, exige-se para a concessão da tutela


de urgência o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Trata-se de
requisito ligado à impossibilidade de espera da concessão da tutela definitiva sob
pena de grave prejuízo ao direito a ser tutelado e de tornar-se o resultado final inútil
em razão do tempo.

Eventualmente, caso o juiz ache necessário, pode exigir, para a concessão de


tutela de urgência, a prestação de caução. Isso visando reparar os danos que a

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outra parte pode vir a sofrer com a efetivação da medida, caso esta seja
revogada ou modificada posteriormente, seja ainda em cognição sumária, seja
por decisão definitiva. Art. 300, § 1º.

Especificamente à tutela de urgência antecipada, como esta é satisfativa, exige-


se que seja reversível. Nesse sentido, o art. 300, § 3º reza que a tutela de urgência
de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Quando conceder: Nos termos do art. 300, § 2º, a tutela de urgência pode ser
concedida liminarmente ou após justificação prévia. Esta justificação prévia
consiste na designação de uma audiência em que o juiz poderá se valer de outros
elementos probatórios capazes de formar o seu convencimento precisamente
para decidir sobre a concessão ou não da tutela provisória de urgência. Caso,
porém, o seu convencimento esteja formado, seja para uma resposta positiva ou
negativa, essa audiência pode não ocorrer, decidindo o juiz de maneira liminar.

Essa justificação prévia pode ocorrer no caso da tutela de urgência ser pedida
incidentalmente ou em caráter antecedente.

Concessão de ofício: Sob a égide do CPC73, vigorava o entendimento de ser


possível ao juiz conceder tutela cautelar de ofício. A tutela antecipada, porém,
para ser concedida, estava condicionada, por expressa previsão legal, ao
requerimento da parte.

O NCPC não trata sobre a necessidade de requerimento da tutela de urgência,


havendo entendimento atual, portanto, de que o poder geral de cautela, que
autoriza a concessão da tutela cautelar de ofício, se transforme no poder geral de
tutela de urgência, permitindo que o juiz conceda seja a tutela cautelar, seja a
tutela antecipada, de ofício, quando presentes os requisitos para tanto.

Vigorando esse entendimento, há restrição ao princípio dispositivo.

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TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Como dito, a tutela provisória de urgência antecipada (assim como a cautelar),


pode ser obtida em caráter incidente ou em caráter antecedente.

A concessão em caráter incidente não guarda maiores dúvida.

Já a concessão em caráter antecedente é novidade no NCPC.

Tutela antecipada em caráter antecedente: o autor pode, ao invés de ingressar


com a petição inicial apresentando todas as suas matérias fáticas e jurídicas
(analisadas no processo principal e aptas a instaurar a cognição exauriente), se
limitar a ingressar com uma petição requerendo a tutela antecipada.

Essa petição inicial deverá observar, portanto, os seguintes requisitos específicos: i)


requerimento da tutela provisória de urgência antecipada; ii) indicação do pedido
de tutela final; iii) indicação dos requisitos da tutela de urgência, quais sejam: iii.1)
exposição da lide e do direito que se quer realizar (para que o juiz possa verificar a
ocorrência da probabilidade do direito); iii.2) indicação do perigo de dano ou do
risco ao resultado útil do processo (perigo do tempo). Art. 303, caput.

Além disso, a petição inicial deve indicar o valor da causa, que deve levar em
consideração o pedido de tutela final (art. 303, § 4º).

Cabe ao autor, ainda, indicar na petição, expressamente, que pretende adotar o


procedimento da obtenção de tutela de urgência antecipada em caráter
antecedente (art. 303, § 5º).

Procedimento: recebida a petição inicial, o juiz analisará o pleito da tutela


provisória de urgência. Esse pedido pode ser indeferido ou deferido.

O que acontece se o juiz indeferir o pedido? O autor terá o prazo de 5 dias para
aditar a sua petição inicial, complementando a sua causa de pedir, confirmando
o pedido de tutela definitiva e trazendo documentos indispensáveis à ação, se
ainda não tiverem sido juntados. Se essa emenda não for feita, o processo é extinto
sem resolução do mérito (art. 485, X c/c art. 303, § 6º). Sendo feita essa emenda, o
processo segue o procedimento cabível, citando-se e intimando-se o réu para
comparecer à audiência de conciliação e mediação.

O que acontece se o juiz deferir o pedido? O juiz deve tomar duas providências:

i) intimar o autor para que num prazo de 15 dias (ou mais, se o juiz entender
necessário) emende a inicial, complementando a sua causa de pedir,
confirmando o pedido de tutela definitiva e trazendo documentos indispensáveis
à ação, se ainda não tiverem sido juntados. Se essa emenda não for feita, o
processo é extinto sem resolução do mérito (art. 485, X c/c art. 303, § 1º).

ii) citar e intimar o réu, para que cumpra a decisão e para que compareça à
audiência de conciliação ou mediação (art. 334). Se não for o caso de ter

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audiência, o réu será citado para apresentar resposta, mas essa comunicação
deve ser feita apenas após o autor ter adita a sua inicial. Depois disso o processo
seguirá o procedimento cabível.

ATENÇÃO: Se o réu estiver inconformado, deve também impugnar a decisão que


deferiu a tutela antecipada. Se o réu não impugnar a decisão, esta vai estabilizar.

Estabilização da tutela antecipada concedida em caráter antecedente: como visto


acima, a decisão que conceder a tutela antecipada nos termos do art. 303 (em
caráter antecedente) vai se estabilizar se o réu não a impugnar. O que isso
significa? Significa que o processo vai ser extinto (sem resolução de mérito, pois o
juiz não vai partir para a cognição exauriente), mas os efeitos da decisão provisória
vão se manter.

Qual a vantagem disso?

Para o autor, é que ele vai se beneficiar no plano prático daquilo que lhe interessa,
pois a tutela provisória concedida é satisfativa.

Para o réu, é que em algumas situações pode ser que este não tenha, realmente,
nenhum interesse em apresentar resistência à pretensão do autor, então para ele
é melhor que o processo se extinga com a estabilização da tutela antecipada, de
modo que não haja maiores custos processuais e de modo que ele pague
honorários advocatícios reduzidos (aplicação analógica do art. 701 do NCPC,
referente à ação monitória)

Ex.: Imagine um caso em que um estudante, que ainda não havia concluído o
ensino médio, tenha sido aprovado no vestibular para um curso superior. A
instituição de ensino, seguindo determinação do Ministério da Educação, não
realizou a matrícula. O estudante vai a juízo e obtém uma tutela satisfativa liminar,
ordenando a matrícula. Para a instituição de ensino, pode ser que não haja
qualquer interesse em contestar a medida – ela somente não matriculara o aluno,
porque o Ministério da Educação proibia. (Fredie Didier). Nesse caso, o réu não
apresentaria resistência. O processo se extinguiria, com a tutela se estabilizando. O
autor teria seu direito satisfeito. O réu também, pagando custos e honorários
menores do que pagaria se fosse um procedimento comum.

A estabilização da tutela antecipada é uma técnica de monitorização do


processo civil brasileiro. Não é a única manifestação nesse sentido. Também se tem
essa técnica na ação monitória.

A palavra “monitória” vem do latim “monitio”, que significa “advertir”, “avisar”.


Numa concepção jurídica, monitória compreende, portanto, o aviso para que
uma pessoa se manifeste sobre determinado fato, sobre determinada cobrança,
sujeitando-se esta pessoa, caso não prestasse o esclarecimento esperado, a uma
sanção pela omissão.

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ATENÇÃO: A estabilização não gerará coisa julgada material, pois a decisão que
concedeu tutela antecipada (e que foi estabilizada), não foi com base em
cognição exauriente. Logo, não é de mérito (art. 304, § 6º).

Portanto, estabilização é diferente de coisa julgada.

Coisa julgada é uma forma de se tornar indiscutível uma decisão, mas com base
numa cognição exauriente, acobertando uma decisão proferida pelo juiz com
base num juízo de certeza. A estabilidade também permite, de certa forma, a
vinculação de uma prestação jurisdicional, mas não por força de uma coisa
julgada (ligada à certeza alcançada pelo juiz), mas sim pela inércia do réu.

A tese da estabilidade processual, portanto, ligada à técnica de monitorização do


processo, é uma realidade, ainda mais forte com o NCPC. Pois além do exemplo
que já tínhamos no CPC73, qual seja, a existência da ação monitória (cujo alcance
ficou maior, conforme se pode verificar dos arts. 700 a 702), temos também a
estabilização da tutela antecipada antecedente (aqui analisada, art. 304); a
estabilização da decisão de saneamento do processo quando não questionada
pelas partes (art. 357, § 1º); a estabilização da sentença terminativa, que impede
a repropositura da ação (por exemplo, sentença que extingue o processo sem
resolução de mérito por reconhecer perempção, litispendência ou coisa julgada).

Bem, voltemos a falar sobre a estabilização da tutela antecipada concedida em


caráter antecedente.

Para que a estabilização ocorra, é necessário o preenchimento de alguns


requisitos.

a) O autor tem que ter dito na petição inicial, expressamente, que pretendia se
valer do benefício da tutela antecipada antecedente, de modo a tornar explícito
o seu interesse na estabilização, caso ela viesse a ocorrer;

b) O autor não pode ter manifestado interesse no prosseguimento do processo. Isso


porque talvez seja possível que o autor queira que o processo continue, visando
obter uma decisão de mérito, apta a fazer coisa julgada material;

c) prolação de decisão concessiva de tutela antecipada antecedente;

d) ausência de impugnação do réu à decisão concessiva da tutela antecipada


antecedente.

Ação autônoma de impugnação de tutela antecipada concedida em caráter


antecedente: após a estabilização da tutela, qualquer parte poderá propor, num
prazo de até 02 anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo,
ação autônoma com pedido de revisão, reforma ou invalidação da decisão que
concedeu a tutela (art. 304, §§ 2º, 3º, 4º e 5º).

Essa ação deve ser proposta perante o mesmo juízo que concedeu a tutela
(competência funcional absoluta) (art. 304, § 4º)

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Nessa ação, caberá à parte suscitar a ausência dos requisitos autorizadores para
a concessão de tutela antecipada, reclamando a abertura de uma cognição
exauriente. Pode ser que o juiz, baseando-se num juízo de probabilidade,
mantenha a tutela provisória e parta para a cognição exauriente, confirmando ou
não a decisão liminar.

TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CAUTELAR

A tutela cautelar, diferente da antecipada, não tem cunho satisfativo. É uma


medida que visa apenas assegurar a eficácia da futura tutela definitiva satisfativa.

Essa espécie de tutela de urgência pode ser requerida incidentalmente no


processo em que se pede o pedido final, ou pode ser pedida em caráter
antecedente.

A primeira forma não guarda maiores dificuldades de compreensão.

Foquemos na obtenção da tutela de urgência cautelar requerida em caráter


antecedente.

Tutela de urgência cautelar requerida em caráter antecedente: Antes de fazer o


pedido da tutela definitiva, pode o interessado apresentar apenas o pedido de
tutela de urgência cautelar, visando resguardar um bem ou uma situação de
modo a tornar viável, posteriormente, a efetivação do direito que parte alegar
possuir.

Assemelha-se com o que antes chamávamos de cautelar preparatória.

O autor vai apresentar petição inicial, a qual deve conter os seguintes requisitos: i)
o requerimento da tutela provisória de urgência cautelar; ii) a indicação da lide e
seu fundamento; iii) a demonstração dos requisitos para concessão da tutela
provisória, quais sejam: iii1.) demonstração da probabilidade do direito que se
busca acautelar; e iii.2) demonstração do perigo da demora.

Recebida a petição inicial, o juiz deverá analisar o pleito da tutela provisória,


concedendo-a ou não. Ato contínuo, deve citar o réu, para que este possa
apresentar contestação no prazo de 5 dias. Essa contestação se limita ao pedido
de tutela provisória de urgência cautelar. Ainda não é a resposta ao pedido de
tutela definitiva, porque este sequer ainda foi deferido.

Apresentada a contestação, o processo segue, para que o juiz chegue à


conclusão se deve deferir a tutela provisória, ou não. Se o réu não apresentar
contestação, ele será revel. Mas atenção: esta revelia implica presunção dos fatos
alegados pelo autor, mas precisamente aqueles referentes à probabilidade do
direito alegado. Não é uma revelia que gera presunção dos fatos a serem
alegados quando do requerimento da tutela definitiva. Sendo revel, o juiz tem 5
dias para decidir o pedido de tutela de urgência cautelar.

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Bem, feito o pedido de tutela cautelar em caráter antecedente, o juiz precisará


decidir se o defere ou não, como já dito acima.

Se o juiz deferir, a parte autora deve formular, dentro do mesmo processo, o pedido
principal, ajustando a sua petição, não só o pedido, mas também a causa de
pedir, a juntada de documentos indispensáveis, se for o caso, etc.

A formulação do pedido principal deve ser feita no prazo de 30 dias. Se o autor


não fizer isso, cessa-se a eficácia da tutela cautelar. O processo é extinto.

Sendo feito o pedido principal, o processo passa a seguir o procedimento


pertinente. O juiz designará, se for o caso, audiência de conciliação ou mediação,
intimando-se as partes desta data, nos termos do art. 334. Não é necessária nova
citação. Não havendo acordo, o réu terá prazo de 15 dias para apresentar
resposta. Agora, sim, essa resposta é referente ao mérito da lide principal.

Bem, mas como dito, feito o pedido de tutela cautelar antecedente, é possível
também que o juiz indefira esta medida provisória. Se isso acontecer, cabe ao
autor, querendo, formular o pedido principal, seguindo os trâmites necessários. Se
ele não fizer, extingue-se o processo.

10.2. Tutela provisória de evidência

Por vezes a probabilidade do direito alegado pelo autor pode restar latente, mas
não estar presente o perigo do tempo, isto é, não haveria perigo de que a demora
na concessão da tutela definitiva pudesse causar danos irreparáveis ao
interessado.

Nesse caso, em tese, dever-se-ia seguir o procedimento normalmente, com a


abertura do contraditório e só ao final conceder-se ou não a tutela definitiva. Mas
o ordenamento também se preocupa em tutelar a evidência, o que pode ser feito
através da concessão de tutela provisória.

Portanto, a tutela provisória de evidência é uma espécie de tutela satisfativa sem


urgência.

O art. 311 é claro ao dispor que a tutela da evidência será concedida


independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo.

As hipóteses em que isso é possível estão disciplinas nos incisos do referido art. 311.

i) Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto


propósito protelatório da parte: Trata-se de exemplo de tutela de evidência
punitiva, pois pune o réu que apresenta embaraços injustificados ao processo.

Exemplo de condutas que autorizam a concessão da tutela de evidência:


reiterada retenção dos autos por tempo delongado; apresentação de defesa

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manifestamente protelatória, como aquelas apresentadas por réus habituais que


simplesmente reproduzem as teses; fornecimento de endereços inexatos a fim de
embaraçar intimações, etc.

Imagine-se o exemplo, portanto, de ação proposta por consumidor que almeja a


substituição de um produto defeituoso ou, então, a restituição de valor pago. A ré,
ao apresentar defesa, limita-se a fazer alegações genéricas e sem uma
impugnação específica dos fatos controvertidos naquela demanda. Isso autoriza
ao juiz conceder uma tutela provisória, mesmo que não haja urgência na
obtenção da medida, mas porque o direito da autora se mostra evidente em
função da conduta praticada pela demandada.

ii) Quando as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em precedente obrigatório: nesse caso,
o direito do autor se mostra evidente, pois já há precedente obrigatório no sentido
de sua pretensão. O sucesso do réu é remoto, ligado apenas à demonstração de
uma distinção ou superação.

Ex.: o autor propõe uma ação para obter a restituição de uma taxa que, em sede
de recurso repetitivo, foi reconhecida como devida. Por que o processo deve
tramitar segundo os rigores de todos os procedimentos, se já se sabe, de antemão,
que o direito material é devido? Antecipa-se a tutela, que é evidente, em razão
da tese firmada em recurso repetitivo.

iii) Quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental


adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de
entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa:

O contrato de depósito é aquele pelo qual uma das partes (depositário) recebe
de outra (depositante) uma coisa móvel para guardá-la e restituí-la na ocasião
aprazada ou quando o depositante a reclamar. Antigamente, o depositante tinha
a seu dispor uma ação específica para obter a restituição da coisa (a ação de
depósito), que seguia um procedimento especial.

Agora não há procedimento especial, devendo a ação seguir o procedimento


ordinário. Mas, feito o pedido reipersecutório, se este estiver fundado em prova
documental adequada, o juiz poderá conceder a tutela provisória de evidência,
que consistira na decretação da entrega do objeto custodiado, sob cominação
de multa.

iv) Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar
dúvida razoável: esse caso será cabido quando o autor comprovar,
documentalmente, o fato constitutivo do direito que alega ter, e o réu, quando de
sua resposta, não opuser nenhuma prova capaz de gerar dúvida razoável acerca
do direito reclamado. Isso torna o direito evidente, passível de ser antecipado,
portanto, através de uma tutela provisória. Se o réu pugnar pela produção de
alguma prova (testemunhal, por exemplo), entendemos que não é o caso de
conceder a tutela de evidência, pois só com a produção desta é que se verificaria

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a ocorrência de dúvida razoável ou não. Esse dispositivo teria vez no caso do réu
não opor nenhuma prova capaz de gerar a dúvida razoável. Não apresentaria
prova documental e nem pugnaria pela produção de outras. Nesse caso seria,
inclusive, hipótese para julgamento antecipado da lide, com base no art. 355, I,
mas a concessão de tutela provisória de urgência pode ser útil para o caso de
afastar o efeito suspensivo da apelação eventualmente interposta em face da
sentença definitiva.

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