Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Este material foi elaborado para servir de suporte aos estudos dos
alunos do Prof. Rafael Albuquerque, na disciplina Processo Civil –
Processo de Conhecimento. Não se trata de material que exaure todo
o assunto, sendo imprescindível a complementação dos estudos com
as anotações das aulas, doutrina, jurisprudências, legislações,
enunciados etc.
TÓPICO 1
PETIÇÃO INICIAL
Importância da petição inicial: A petição inicial é um ato processual de extrema
relevância. Tem algumas funções importantes na relação processual, tais como: i)
provocar a instauração do processo (uma vez a jurisdição sendo inerte); e ii)
identificar a demanda, decorrência natural da necessidade de menção às partes,
causa de pedir e pedido.
II – Qualificação das partes. Tanto o autor como o réu devem ser qualificados, insto
é, deve-se indicar os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e
residência, bem como, agora, a declaração de existência ou não de união
estável, informação do CPF ou CNPJ e o endereço eletrônico das partes.
Indicar o estado civil das partes é importante, já que algumas ações exige a
presença de ambos os cônjuges, ou ao menos o consentimento do outro que não
é litigante (ver art. 73 do CPC).
Os três parágrafos do artigo 319 dizem respeito a este inciso. Se o autor não tiver as
informações exigidas pelo inciso II, ele pode requerer ao juízo para ajudá-lo na
obtenção de tais informações. Mesmo que faltem algumas dessas informações, a
inicial não será indeferida se for possível citar o réu. Assim como também não será
indeferida se a obtenção dos dados for algo muito oneroso para o autor. Prioriza-
se um amplo acesso à justiça, em conformidade ao princípio da cooperação.
IV – O pedido, com suas especificações: Ver arts. 322 a 329. O pedido compreende
o pedido imediato (tipo de tutela requerida ao Judiciário) e o pedido mediato
(bem da vida pretendido).
O pedido deve ser certo, ou seja, o autor tem que deixar claro o que está pedindo,
o que quer para si. Mas são incluídos automaticamente aí os pedidos implícitos. O
legislador agora os deixa expressos no texto legal, no § 1º do art. 322, bem como
no art. 323.
Não se esqueça que o pedido pode ser unitário, mas também ser feito em
cumulação (ou seja, quando vários pedidos são feitos ao mesmo tempo). O art.
327 do CPC dispõe que a cumulação de pedidos é lícita (permitida), desde que se
observe alguns requisitos. Vejamos:
V – Valor da causa. Toda causa deve ter um valor, ainda que a demanda não
tenha conteúdo econômico aferível (art. 291). Trata-se de requisito importante pois
ele é parâmetro para, por exemplo: i) verificação da competência, ii) estipulação
de multa ao litigante de má-fé, iii) definição do procedimento de algumas ações
(caso do arrolamento nos inventários e partilhas, por exemplo); iv) recolhimento das
taxas judiciárias, etc.
O assunto está disciplinado nos arts. 291 a 293 do CPC. Se atente para as seguintes
questões: i) necessidade de, atualmente, se indicar o valor pretendido nas ações
indenizatórias, inclusive fundada em dano moral (art. 292, V); ii) possibilidade do juiz
corrigir de ofício o valor da causa (art. 292, § 3º).
VI – Provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados:
há quem diga que se trata de um requisito inútil, já que não há impedimento para
que o autor faça uma indicação genérica, podendo especificar na fase de
saneamento. Há autores, no entanto, que acham esse protesto, ainda que
genérico, relevante, para impedir o cerceamento de defesa no caso de
julgamento antecipado da lide.
A petição deve seguir os requisitos arrolados no art. 319, devendo, ainda, ser
acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 320).
Ex.: necessidade de se juntar certidão de casamento numa ação de divórcio.
OBS.: Procedimentos especiais podem exigir requisitos outros para a petição inicial.
TÓPICO 2
POSTURAS DO JUIZ AO RECEBER A PETIÇÃO INICIAL
A primeira conduta a ser praticada pelo juiz quando do recebimento da petição
inicial, é verificar a sua admissibilidade, isto é, verificar se todos os pressupostos
estão presentes, a permitir o prosseguimento, ou não.
Se não estiver tudo ok, deve-se analisar se se trata de um vício sanável ou insanável.
O prazo para o autor emendar é de 15 dias. Exceção: art. 106, § 1º: Quando
postular em causa própria, incumbe ao advogado: I – declarar, na petição inicial
ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participar,
para o recebimento de intimações; § 1º. Se o advogado descumprir o disposto no
inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de
determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição.
Se a emenda for feita e ficar tudo ok, passa-se ao próximo momento do processo.
TÓPICO 3
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Antes mesmo de determinar a citação do réu, o juiz pode julgar improcedente a
ação. Dessa forma, portanto, estará julgando o mérito, proferindo uma decisão
desfavorável ao autor da demanda. Trata-se de um julgamento de mérito
(sentença definitiva) inaudita altera part.
De sentença prolatada com base no art. 332, o autor pode apelar, facultando ao
juiz se retratar no prazo de 05 (cinco) dias. (§ 3º). Se o juiz se retratar, o processo
retoma o seu curso, citando-se o réu (§4º). Se o juiz não se retratar, determinará a
citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 dias, e após os autos
são remetidos ao tribunal (§4º).
TÓPICO 4
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
Antes o réu era citado e, no mesmo ato, intimado para contestar. Agora, a regra é
que o réu seja citado e, no mesmo ato, intimado para comparecer à audiência de
conciliação ou mediação, designada pelo juiz no seu despacho inicial.
disposições da lei de organização judiciária. Ver art. 165. Isso é salutar, pois os
conciliadores e mediadores são mais preparados para este ato e as partes tendem
a ficar mais a vontade em se expressar diante de um sujeito que não julgará o feito,
caso não seja alcançada a autocomposição.
Hipótese em que não se realizará a audiência: § 4º. A audiência não será realizada:
I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição
consensual; II – quando não se admitir a autocomposição. Essa manifestação pelo
desinteresse deve ser feita: i) pelo autor, na inicial; ii) pelo réu, em petição
apresentada até 10 dias antes da audiência (§ 5º). Se houver litisconsórcio, o
desinteresse deve ser manifestado por todos, para que não haja a audiência (§ 6º).
Caso o autor tenha dito na inicial que não queria participar da audiência, ainda
assim essa será designada, caso o direito controvertido admita autocomposição,
pois só se o réu também não quiser a audiência, é que a mesma será cancelada.
Se o réu manifestar seu desinteresse, tal qual o autor, deve-se proceder nova
intimação do autor, no sentido de que a mesma não será mais realizada. Isso pode
gerar algumas situações desconfortáveis, como talvez a impossibilidade dessa
intimação sobre o cancelamento da audiência não ser feita em tempo hábil ao
autor, principalmente se o réu deixar para atravessar sua petição no último dia do
prazo (10 dias antes da audiência), Assim, o cartório do juízo teria apenas 10 dias
para proceder a intimação do autor sobre o cancelamento, o que pode acabar
gerando, caso não se observe isso, a ida do autor e do advogado para o fórum
para participar de uma audiência que não será mais realizada.
O art. 27 da Lei nº. 13.140/15 (Lei da Mediação), determina que Se a petição inicial
preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz designará audiência de mediação. A literalidade do dispositivo faz
supor que a audiência de mediação deve ocorrer mesmo que ambas as partes
manifestem desinteresse na sua realização. Parte da doutrina entende que este
dispositivo restou revogado pelo art. 334, § 4º do NCPC, pois mesmo a lei específica
tendo sido publicada depois do NCPC, entrou em vigor antes, já que seu prazo de
vacatio foi menor (apenas 06 meses, contra 01 ano do NCPC).
Se a audiência for realizada e uma das partes deixar de comparecer a ela, por
motivo injustificado, seu ato consistirá em ato atentatório à dignidade da justiça,
aplicando-se-lhe multa de até 2% sobre o valor da causa ou da vantagem
econômica pretendida (§ 8º).
Não sendo caso de ser realizada audiência ou, sendo ela realizada, não for obtida
autocomposição, o réu deverá apresentar a sua resposta.
TÓPICO 5
RESPOSTA DO RÉU
Uma vez o réu estando integrado à relação jurídica processual, o que se dá através
da citação, o réu poderá (não é um dever, portanto), apresentar sua resposta. Essa
resposta poderá ser omissiva (caso da revelia) ou positiva (quando apresenta uma
reação à demanda que lhe é proposta).
5.1. Contestação:
Vem tratada nos arts. 335 a 342 do NCPC. É modalidade de defesa clássica do réu,
pela qual este oferecerá resistência à pretensão do autor, apresentando defesa
tanto de mérito, como também, processual, caso haja alguma irregularidade
desta natureza.
Depende.
Por essa razão, achamos muito improvável que um réu manifeste seu desinteresse
na audiência de conciliação ou mediação, pois isso implicará num início imediato
(do protocolo da petição), do seu prazo de contestação. Para os réus com intuito
protelatório, melhor seria aguardar a audiência para, só daí, ter seu prazo para
contestar iniciado.
para, querendo, apresentar defesa, sendo que o prazo para apresentação desta
seguirá as disposições do art. 231 do NCPC, de acordo com o modo como foi feita.
Dessa forma, designada a audiência por um juízo X, sendo citado e intimado o réu
e alegando ser este juízo incompetente, o art. 340 possibilita que a contestação
seja apresentada perante o juízo de seu domicílio, que pode ser diferente do juízo
X. Com isso, o réu almeja afastar a incompetência do juízo X, inclusive para não ter
que participar de uma audiência por um juízo incompetente.
ATENÇÃO!!! Não esquecer que alguns sujeitos possuem prazo em dobro para
contestar: i) litisconsortes com diferentes procuradores de escritórios distintos (art.
229); ii) Ministério Público (art. 180); iii) Defensoria Pública (art. 186); iv) NPJ (art. 186,
§ 3º); e v) Fazenda Pública (art. 183).
A defesa processual é aquela que não ataca o direito material discutido, mas sim
aponta alguma irregularidade de natureza processual. Por isso, devem ser
suscitadas em preliminar (daí porque chamadas de “preliminares de mérito”).
Para melhor compreensão do assunto, vamos analisar o quadro abaixo, onde são
comentadas cada uma das preliminares, alocadas de acordo com o tipo (se
dilatória, peremptória ou dilatória potencialmente peremptória).
DEFESA PROCESSUAL
(Não atacam a essência do litígio, o mérito, mas sim alguma irregularidade de
natureza processual, ligada, portanto, à relação jurídica processual. São arguidas em
preliminar de contestação, estando previstas no art. 337 do NCPC). Arguindo-se
defesa processual, deve ser oportunizada réplica ao autor, nos termos do art. 351.
DILATÓRIA PEREMPTÓRIA DILATÓRIA
(Seu acolhimento não põe (Seu acolhimento acarreta POTENCIALMENTE
fim ao processo, apenas a extinção do processo PEREMPTÓRIA
aumenta seu tempo de sem resolução do mérito) (Se acolhida, autoriza a
duração, já que demanda correção. Caso esta seja
a correção da feita, apenas dilata o
irregularidade) tempo do processo. Se
não for feita, gera
extinção sem resolução do
mérito)
Inexistência ou Inépcia da petição Incapacidade de
nulidade de citação inicial (art. 337, IV c/c parte (vício ligado a
(art. 337, I) art. 330, § 1º) problema com a
Se tiver alegado apenas Isso, claro, se o juiz não capacidade de estar em
isso, haverá devolução do tiver verificado de início juízo), defeito de
prazo de resposta (art. 239, antes de determinar a representação (vício na
§ 1º), caso se acolha. Se citação do réu, hipótese capacidade postulatória)
não for acolhido, réu será em que teria indeferido a ou falta de
revel, se não tiver inicial
apresentado matéria de
autorização (ex.: art. 73)
mérito (art. 239, § 2º, I), ou (art. 337, IX)
processo segue, caso
tenha.
Incompetência do Perempção (art. 337, Falta de caução ou
juízo (art. 337, II, art. V) outra prestação que a
64)* Ver art. 486, § 3º. lei exige como
Agora não só a absoluta, preliminar (art. 337,
mas também a relativa é XII)
feita em preliminar de Ex.: art. 83, art. 486, § 2º,
contestação. De decisão art. 968, II.
que acolhe ou não, não
cabe AI. Questiona-se o
cabimento de MS.
Conexão ou Litispendência (art. Incorreção do valor
continência (art. 337, 337, VI) da causa (art. 337, III,
VIII) Identidade de processos c/c 293)
Ver arts. 55 a 58. No caso que se encontram em Não é mais por
do art. 57, a alegação de trâmite. (Ver art. 337, §§ 1º, impugnação autônoma
continência pode gerar 2º e 3º)
extinção do processo
(defesa peremptória,
portanto)
Coisa julgada (art. Carência de ação por
337, VII) ilegitimidade passiva
Identidade de processos (art. 337, XI c/c art.
em que, num deles, já se 338 e 339)***
alcançou o final. (Ver art.
337, §§ 1º, 2º e 4º)
ATENÇÃO!!!
A incompetência absoluta pode, ainda, ser conhecida de ofício pelo juiz (art. 64,
§ 1º). Já a incompetência relativa, não. Esta deve ser arguida pelo réu (ou alegada
pelo MP, nas causas em que atuar, art. 65, p. ú.). Exceção: o juiz, antes de
determinar a citação do réu, pode de ofício declarar abusiva cláusula de eleição
de foro constante em instrumento escrito, determinando a remessa dos autos ao
juízo do foro de domicílio do réu (art. 63, § 3º). Se o juiz não fizer isso, determinando
a citação do réu, cabe a este, querendo, arguir na contestação a abusividade da
cláusula e consequente incompetência do juízo. Se não fizer, preclui (art. 63, § 4º).
Outra questão importante quando este tipo de matéria for alegada em preliminar
de contestação, é que o réu, apresentando esta defesa, poderá apresentar a sua
defesa no foro de seu domicílio (art. 340). Nesse caso, a contestação é distribuída
livremente ou juntada aos autos da precatória, se dessa forma tiver ocorrido a
citação do réu (art. 340, § 1º). Uma vê recebida a contestação nestes termos, o
fato deve ser imediatamente comunicado ao juízo da causa, preferencialmente
por meio eletrônico (art. 340).
DEFESAS DE MÉRITO
(Dizem respeito ao direito material alegado pelo autor)
DIRETAS INDIRETAS
(Enfrenta-se diretamente os fatos e (não se nega as alegações
fundamentos jurídicos narrados lançadas na inicial, mas se
pelo autor na petição inicial) acrescenta fato novo, que pode
ser impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor) Se o
réu alega defesa de mérito
indireto, será caso de oportunizar
réplica ao autor. Art. 350.
i) Princípio da impugnação específica dos fatos: Art. 341: Incumbe também ao réu
manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas. Essa regra não se aplica, de
acordo com o parágrafo único do artigo citado, ao defensor público, advogado
dativo e curador especial (admitindo-se defesa por negativa geral). E mesmo que
o réu não possa se valer da negativa geral, a presunção dos fatos não impugnados
não ocorrerá se, sobre estes, não for admissível a confissão; a petição inicial não
estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
ou estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto (art.
341, I, II, III).
5.2. Reconvenção:
A reconvenção consiste no exercício do direito de ação pelo réu, dentro da
própria relação jurídica instaurada pelo autor em seu desfavor. Com a
reconvenção, o réu assume posição ativa, postulando, para si, um bem da vida,
dirigindo este pedido em face do autor. Com a apresentação da reconvenção, o
processo passa a contar com duas demandas: a originária (autor x réu) e a
reconvencional (reconvinte x reconvindo).
Se o réu não quiser contestar e quiser apresentar só reconvenção, ele pode (art.
343, § 6º), ainda que isso possa acarretar a sua revelia no que diz respeito à ação
principal.
5.3. Revelia:
A revelia é um fenômeno ocasionado pela não apresentação de contestação
pelo réu. Art. 344.
i) presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor (art. 344). Este efeito não
se fará presente se: a) havendo pluralidade de réus, algum deles contestar; b) o
litígio versar sobre direitos indisponíveis; c) a petição estiver desacompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável para a prova do ato; d) as alegações
do aturo forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
dos autos. Art. 345.
ii) desnecessidade de intimação do réu revel sobre os atos praticados, não tendo
patrono constituído nos autos (art. 346).
iii) julgamento antecipado do mérito, caso ocorra o efeito de que trata o tópico i
acima e não tiver ocorrido requerimento de prova (art. 355, II).
TÓPICO 6
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Essa fase do processo não é obrigatória. Pode vir a acontecer a depender da
postura do réu, quando de sua oportunidade para se manifestar nos autos. Sua
existência, portanto, dependerá das circunstâncias do caso concreto.
Caso seja necessária a tomada de alguma providência preliminar, esta deverá ser
praticada pelo juiz.
i) Se o réu for revel e não tiver ocorrido o efeito da presunção de veracidade dos
fatos, de que trata o art. 344, o juiz determinará que o autor especifique as provas
que ainda pretenda produzir. Se o efeito do art. 344 tiver ocorrido, essa providência
não será necessária, passando-se diretamente para a próxima fase, já que será
hipótese de julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, II.
TÓPICO 7
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Superada a fase de providências preliminares, chega-se a uma nova fase do
processo. Aqui o juiz proferirá uma decisão, a qual pode extinguir o processo sem
resolução do mérito; extinguir o processo com resolução do mérito; ou
simplesmente sanear o processo (decisão de saneamento ou organização),
abrindo espaço para a fase probatória.
ii) Extinguir o processo com resolução do mérito, se ocorrer as hipóteses do art. 487,
II e III (art. 354, caput);
O NCPC admite que o julgamento antecipado do mérito seja parcial. Nesse caso,
o juiz estará fazendo um julgamento conforme o estado do processo, mas isso não
gerará a extinção do processo, porque haverá parcela do pedido ainda a ser
julgado posteriormente.
Essa hipótese já era prevista, de certa forma, no CPC73, no seu art. 273, § 6º, porém
era tida como tutela antecipada, o que era criticado pela doutrina, já que se
tratava de decisão fundada em cognição exauriente.
Como já dissemos acima, a regra, agora, é que o saneamento seja feito por escrito
pelo juiz. Mas Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de
direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em
cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará
as partes a integrar ou esclarecer suas alegações (art. 357, § 3º). Trata-se de clara
manifestação do princípio da cooperação (saneamento compartilhado). Para
que sejam feitas com calma, visando seu objetivo principal, o §9º impõe que a
pauta observe o intervalo de 01 hora entre as audiências.
TÓPICO 8
DAS PROVAS
é uma fase estanque, que se concentra apenas numa única oportunidade. Na
verdade, durante todo o procedimento é possível que haja a produção de provas.
A regra é que a prova seja produzida dentro do processo em que será utilizada,
porém é admitido, por força da economia processual, que se use prova já
produzida em outro processo (prova emprestada).
STJ já decidiu que o empréstimo é possível mesmo que as partes não sejam
coincidentes, desde que haja o respeito ao contraditório no processo para o qual
se está levando a prova (informativo 532/STJ; EREsp 617.428).
A distribuição estática do ônus da prova continua com a mesma regra: Art. 373. O
ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II –
ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.
Só que agora o § 1º do citado dispositivo reza: Nos casos previstos em lei ou diante
de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de
obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de
modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Trata-se de hipótese de inversão judicial (ope judicis), o que deve ser feito pelo juiz
através de decisão fundamentada, sempre que verificar presentes as condições
impostas pelo dispositivo, o que deve ser feito em momento capaz de dar à parte
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído pela inversão (ver
art. 357, III). Essa já era orientação do STJ, inclusive (ver AgRg no REsp 1.450.473; REsp
1.395.254, e outros).
O tema da ação probatória autônoma vem tratado nos arts. 381 a 383.
Essa ação probatória autônoma tem cabimento nos casos em que: i) haja fundado
receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos
fatos na pendência da ação (manutenção da hipótese atrelada ao periculum in
mora); ii) a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou
outro meio adequado de solução de conflito; iii) o prévio conhecimento dos fatos
possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. Art. 381. Também há possibilidade
no caso de arrolamento cuja finalidade for apenas a documentação (art. 381, §
1º).
Competência para esta ação: é juízo do foro onde a prova deva ser produzida ou
do foro de domicílio do réu. Art. 381, § 2º. O juízo desta ação não ficará prevento
para a ação principal a ser proposta (§ 3º). Há quem critique isso. Daniel Amorim
Assumpção Neves defende que se houver identidade de foros, entre a ação
probatória autônoma e a ação principal, deve-se defender a prevenção daquele,
em respeito ao princípio da imediatidade. Se os processos forem de competência
territorial diversa, não se poderá falar em prevenção (nesse sentido: REsp 712.999;
REsp 487.630).
Entendemos, portanto, que a defesa é admissível, sim. Claro que seu campo é
limitado. Não poderá o réu, por exemplo, se manifestar sobre o direito material
controvertido e que será discutido na ação principal, mas pode se insurgir contra
o cabimento da antecipação da prova naquela ocasião.
- Ata notarial: ainda que já admitida sob a égide do CPC73 (como prova atípica),
o NCPC agora prevê, expressamente, o seu cabimento, criando um novo meio de
prova típico. Art. 384. É uma prova híbrida, tendo forma de prova documental,
lavrada por tabelião, com conteúdo de prova testemunhal, já que o teor dela é,
justamente, as impressões daquele sobre um fato que tenha presenciado.
Porém, o art. 400, p. ú do NCPC dispõe que sendo necessário, o juiz pode adotar
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o
documento seja exibido.
Entende-se, dessa forma, que a súmula nº 372 do STJ está tacitamente cancelada,
por força do art. 400, p ú.
- Prova testemunhal:
Nesse sentido, dispõe o caput do art. 455: Cabe ao advogado da parte informar
ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência
designada, dispensando-se a intimação do juízo.
A intimação só é feita pela via judicial quando (art. 455, § 4º): i) for frustrada a
intimação particular (de que trata o art. 455, § 1º); ii) sua necessidade for
devidamente demonstrada pela parte ao juiz (por exemplo, a testemunha reside
em local não atendida pelo serviço de correspondência); iii) figurar no rol de
testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao
chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir; iv) a testemunha for
uma daquelas previstas no art. 454 (testemunhas egrégias).
Se a testemunha tiver sido intimada pelo juízo (art. 455, § 4º) e não comparecer,
será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento da audiência (art.
455, § 5º).
De acordo com o art. 459 do NCPC, agora as perguntas às testemunhas devem ser
feitas diretamente pelo advogado das partes, e não mais pelo juiz após ouvi-las
dos advogados. Só caberá ao juiz controlar a pertinência das perguntas, podendo
indeferi-las. Trata-se da aplicação da regra do chamado cross examination.
- Prova pericial:
O art. 471 do NCPC mitiga a regra de que a nomeação do perito compete apenas
ao juízo. As partes podem celebrar negócio jurídico processual, escolhendo,
consensualmente, o perito, desde que sejam plenamente capazes e a causa possa
ser resolvida por autocomposição. Antigamente as partes até podiam indicar
nomes, mas a palavra final era do julgador. Agora, não.
resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo
órgão do Ministério Público.
TÓPICO 9
SENTENÇA
Conceito: Nos termos do art. 203, §1º, sentença é o pronunciamento por meio do
qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução. Este conceito leva em
consideração o conteúdo e o efeito do ato, para poder ser conceituado como
“sentença”.
i) Com o indeferimento da petição inicial. Art. 485, I, c/c art. 330 NCPC. Se esse vício
for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art. 486, § 1º.
ii) Processo parado durante mais de um ano por negligência das partes. Art. 485, II.
A ação pode ser reproposta, porque não há vício a ser corrigido.
iii) Abandono do processo pelo autor. Art. 485, III. Desídia do autor, que deixa de
praticar os autos ou cumprir diligências indispensáveis ao andamento do processo
por prazo superior a 30 dias. A ação pode ser reproposta, porque não há vício a
ser corrigido.
Nas hipóteses dos incisos II e III, antes de extinguir o processo, o juiz deve determinar
a intimação pessoal das partes para que supram a falta no prazo de 05 dias (§ 1º
art. 485).
conhecido inclusive de ofício. § 3º. Se esse vício for corrigido, a ação pode ser
reproposta. Art. 486, § 1º.
vi) carência de ação. Art. 485, VI. Pode ser conhecido inclusive de ofício. § 3º. Se
esse vício for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art. 486, § 1º.
vii) existência de convenção de arbitragem. Art. 485, VII. Pode ser conhecido
inclusive de ofício. § 3º. Se esse vício for corrigido, a ação pode ser reproposta. Art.
486, § 1º. Ou seja, se de alguma forma a convenção de arbitragem existente deixar
de existir.
viii) homologar desistência da ação. Art. 485, VIII. Desistência da ação é diferente
de renúncia do direito sobre o qual se funda a ação. A desistência pode ser feita
pelo autor até a citação do réu, sem que este consinta. Oferecida contestação,
só se o réu consentir (§ 4º). A desistência pode ser feita até a sentença (§ 5º). Depois
de proferida a sentença, não pode mais haver desistência da ação, mas nada
impede que as partes transacionem sobre o direito discutido.
ix) direitos intransmissíveis. Art. 485, IX. Morte da parte de uma ação cujo direito não
é transmissível. Ex.: divórcio, alteração do nome, mudança do estado civil
(mudança de sexo, interdição, naturalização).
- DEFINITIVA: quando o mérito é resolvido. Hipóteses do art. 489 NCPC. O que marca
esse tipo de sentença é a resolução definitiva do conflito, da crise jurídica que
ensejou o acionamento do Judiciário.
Essa sentença deve ser sempre buscada, pois ela é a forma de extinção normal do
processo, havendo inclusive disposição no sentido de que o juiz resolverá o mérito
sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual
- Quando o juiz homologar a transação realizada pelas partes. Art. 487, III, b.
- Quando o juiz homologar a renúncia do direito do autor. Art. 487, III, c. Diferente
da desistência do processo, que gera extinção sem resolução do mérito.
Por exemplo: não há como se entender como fundamentada uma decisão judicial
que anula arrematação apenas afirmando que o preço do lance vencedor foi vil.
O juiz tem que explicar porque o preço foi considerado vil, desenvolvendo seu
raciocínio com base nas circunstâncias do caso concreto (Daniel Amorim).
Uma decisão sem dispositivo é tida pela doutrina como decisão inexistente.
Princípio da congruência: Art. 492. O juiz não pode decidir além, fora ou aquém do
que lhe foi pedido. Veda-se decisões ultra, extra ou infra petita. Exceções: i)
pedidos implícitos; ii) fungibilidade; iii) art. 497 NCPC.
ESTADOS
DISTRITO FEDERAL 500 (quinhentos)
MUNICÍPIOS CAPITAIS DE ESTADO salários mínimos
(e respectivas autarquias e fundações)
ATENÇÃO!!!
De acordo com o art. 496, §4º do CPC/15, também não se aplica o disposto neste
artigo quando a sentença estiver fundada em:
TÓPICO 10
TUTELA PROVISÓRIA
O NCPC trata, em seus arts. 294 a 311, da tutela provisória.
Por essa razão, e como a sua própria nomenclatura já sugere, a tutela provisória
tem como característica a provisoriedade, pois é concedida para durar um tempo
determinado. Ela é concedida para durar, em regra, até a concessão da tutela
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas
pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo
decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o
período de suspensão do processo.
TUTELA PROVISÓRIA
TUTELA DE URGÊNCIA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Exige, para a sua concessão, o Não exige, para a sua
perigo do tempo. Ela se faz concessão, o perigo do
necessária quando, somando- tempo. Independe da
se à demonstração da demonstração de perigo
probabilidade do direito, haja de dano ou de risco ao
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
resultado útil do processo (art. Tem vez quando o direito
300) do autor é evidente (art.
ANTECIPADA CAUTELAR 311)
Satisfativa Não
satisfativa
A tutela de evidência, por sua vez, só pode ser obtida em sede do processo
principal. O NCPC não prevê hipótese de sua concessão em caráter antecedente.
Isso é criticado por parte da doutrina, pois esta espécie de tutela nada mais é do
que um tipo de tutela de urgência antecipada, só que com requisitos diferentes
(sem o perigo do tempo). Tanto aquela como esta, são tutelas que permitem ao
autor já usufruir do direito discutido, destinadas a antecipar o próprio resultado
prático final do processo. São, portanto, satisfativas. Por que, pois, é possível se falar
em tutela de urgência antecipada antecedente e não de tutela de evidência
antecedente, mormente pelo fato de em algumas hipóteses não se necessitar
aguardar a manifestação do réu (art. 311, II e III)?
Qualquer decisão proferida no meio desta linha, isto é, sem se ter chegado ao
extremo da certeza, é pautada numa cognição sumária. Há diferentes graus de
convencimentos. Alguns mais próximos da dúvida, outros mais próximos da certeza.
O art. 300 do NCPC reza que a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito.
Que elementos são esses? Não há especificação. Há uma certa liberdade para o
juiz e para as partes colacionarem e identificarem elementos suficientes à deflagrar
a probabilidade (ou não) do direito alegado na peça inicial, o que é verificado
por força da fundamentação contida na decisão. É nesta decisão que o juiz vai
explicitar porque, num restou convencido da probabilidade de o direito existir.
Não é por outra razão, aliás, que o art. 298 do NCPC enfatiza o dever de
fundamentar a decisão, precisamente no que diz respeito àquela voltada para
conceder, revogar, modificar ou revogar a tutela provisória, devendo a mesma ser
feita de modo claro e preciso.
outra parte pode vir a sofrer com a efetivação da medida, caso esta seja
revogada ou modificada posteriormente, seja ainda em cognição sumária, seja
por decisão definitiva. Art. 300, § 1º.
Quando conceder: Nos termos do art. 300, § 2º, a tutela de urgência pode ser
concedida liminarmente ou após justificação prévia. Esta justificação prévia
consiste na designação de uma audiência em que o juiz poderá se valer de outros
elementos probatórios capazes de formar o seu convencimento precisamente
para decidir sobre a concessão ou não da tutela provisória de urgência. Caso,
porém, o seu convencimento esteja formado, seja para uma resposta positiva ou
negativa, essa audiência pode não ocorrer, decidindo o juiz de maneira liminar.
Essa justificação prévia pode ocorrer no caso da tutela de urgência ser pedida
incidentalmente ou em caráter antecedente.
Além disso, a petição inicial deve indicar o valor da causa, que deve levar em
consideração o pedido de tutela final (art. 303, § 4º).
O que acontece se o juiz indeferir o pedido? O autor terá o prazo de 5 dias para
aditar a sua petição inicial, complementando a sua causa de pedir, confirmando
o pedido de tutela definitiva e trazendo documentos indispensáveis à ação, se
ainda não tiverem sido juntados. Se essa emenda não for feita, o processo é extinto
sem resolução do mérito (art. 485, X c/c art. 303, § 6º). Sendo feita essa emenda, o
processo segue o procedimento cabível, citando-se e intimando-se o réu para
comparecer à audiência de conciliação e mediação.
O que acontece se o juiz deferir o pedido? O juiz deve tomar duas providências:
i) intimar o autor para que num prazo de 15 dias (ou mais, se o juiz entender
necessário) emende a inicial, complementando a sua causa de pedir,
confirmando o pedido de tutela definitiva e trazendo documentos indispensáveis
à ação, se ainda não tiverem sido juntados. Se essa emenda não for feita, o
processo é extinto sem resolução do mérito (art. 485, X c/c art. 303, § 1º).
ii) citar e intimar o réu, para que cumpra a decisão e para que compareça à
audiência de conciliação ou mediação (art. 334). Se não for o caso de ter
audiência, o réu será citado para apresentar resposta, mas essa comunicação
deve ser feita apenas após o autor ter adita a sua inicial. Depois disso o processo
seguirá o procedimento cabível.
Para o autor, é que ele vai se beneficiar no plano prático daquilo que lhe interessa,
pois a tutela provisória concedida é satisfativa.
Para o réu, é que em algumas situações pode ser que este não tenha, realmente,
nenhum interesse em apresentar resistência à pretensão do autor, então para ele
é melhor que o processo se extinga com a estabilização da tutela antecipada, de
modo que não haja maiores custos processuais e de modo que ele pague
honorários advocatícios reduzidos (aplicação analógica do art. 701 do NCPC,
referente à ação monitória)
Ex.: Imagine um caso em que um estudante, que ainda não havia concluído o
ensino médio, tenha sido aprovado no vestibular para um curso superior. A
instituição de ensino, seguindo determinação do Ministério da Educação, não
realizou a matrícula. O estudante vai a juízo e obtém uma tutela satisfativa liminar,
ordenando a matrícula. Para a instituição de ensino, pode ser que não haja
qualquer interesse em contestar a medida – ela somente não matriculara o aluno,
porque o Ministério da Educação proibia. (Fredie Didier). Nesse caso, o réu não
apresentaria resistência. O processo se extinguiria, com a tutela se estabilizando. O
autor teria seu direito satisfeito. O réu também, pagando custos e honorários
menores do que pagaria se fosse um procedimento comum.
ATENÇÃO: A estabilização não gerará coisa julgada material, pois a decisão que
concedeu tutela antecipada (e que foi estabilizada), não foi com base em
cognição exauriente. Logo, não é de mérito (art. 304, § 6º).
Coisa julgada é uma forma de se tornar indiscutível uma decisão, mas com base
numa cognição exauriente, acobertando uma decisão proferida pelo juiz com
base num juízo de certeza. A estabilidade também permite, de certa forma, a
vinculação de uma prestação jurisdicional, mas não por força de uma coisa
julgada (ligada à certeza alcançada pelo juiz), mas sim pela inércia do réu.
a) O autor tem que ter dito na petição inicial, expressamente, que pretendia se
valer do benefício da tutela antecipada antecedente, de modo a tornar explícito
o seu interesse na estabilização, caso ela viesse a ocorrer;
Essa ação deve ser proposta perante o mesmo juízo que concedeu a tutela
(competência funcional absoluta) (art. 304, § 4º)
Nessa ação, caberá à parte suscitar a ausência dos requisitos autorizadores para
a concessão de tutela antecipada, reclamando a abertura de uma cognição
exauriente. Pode ser que o juiz, baseando-se num juízo de probabilidade,
mantenha a tutela provisória e parta para a cognição exauriente, confirmando ou
não a decisão liminar.
O autor vai apresentar petição inicial, a qual deve conter os seguintes requisitos: i)
o requerimento da tutela provisória de urgência cautelar; ii) a indicação da lide e
seu fundamento; iii) a demonstração dos requisitos para concessão da tutela
provisória, quais sejam: iii1.) demonstração da probabilidade do direito que se
busca acautelar; e iii.2) demonstração do perigo da demora.
Se o juiz deferir, a parte autora deve formular, dentro do mesmo processo, o pedido
principal, ajustando a sua petição, não só o pedido, mas também a causa de
pedir, a juntada de documentos indispensáveis, se for o caso, etc.
Bem, mas como dito, feito o pedido de tutela cautelar antecedente, é possível
também que o juiz indefira esta medida provisória. Se isso acontecer, cabe ao
autor, querendo, formular o pedido principal, seguindo os trâmites necessários. Se
ele não fizer, extingue-se o processo.
Por vezes a probabilidade do direito alegado pelo autor pode restar latente, mas
não estar presente o perigo do tempo, isto é, não haveria perigo de que a demora
na concessão da tutela definitiva pudesse causar danos irreparáveis ao
interessado.
As hipóteses em que isso é possível estão disciplinas nos incisos do referido art. 311.
Ex.: o autor propõe uma ação para obter a restituição de uma taxa que, em sede
de recurso repetitivo, foi reconhecida como devida. Por que o processo deve
tramitar segundo os rigores de todos os procedimentos, se já se sabe, de antemão,
que o direito material é devido? Antecipa-se a tutela, que é evidente, em razão
da tese firmada em recurso repetitivo.
O contrato de depósito é aquele pelo qual uma das partes (depositário) recebe
de outra (depositante) uma coisa móvel para guardá-la e restituí-la na ocasião
aprazada ou quando o depositante a reclamar. Antigamente, o depositante tinha
a seu dispor uma ação específica para obter a restituição da coisa (a ação de
depósito), que seguia um procedimento especial.
iv) Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar
dúvida razoável: esse caso será cabido quando o autor comprovar,
documentalmente, o fato constitutivo do direito que alega ter, e o réu, quando de
sua resposta, não opuser nenhuma prova capaz de gerar dúvida razoável acerca
do direito reclamado. Isso torna o direito evidente, passível de ser antecipado,
portanto, através de uma tutela provisória. Se o réu pugnar pela produção de
alguma prova (testemunhal, por exemplo), entendemos que não é o caso de
conceder a tutela de evidência, pois só com a produção desta é que se verificaria
a ocorrência de dúvida razoável ou não. Esse dispositivo teria vez no caso do réu
não opor nenhuma prova capaz de gerar a dúvida razoável. Não apresentaria
prova documental e nem pugnaria pela produção de outras. Nesse caso seria,
inclusive, hipótese para julgamento antecipado da lide, com base no art. 355, I,
mas a concessão de tutela provisória de urgência pode ser útil para o caso de
afastar o efeito suspensivo da apelação eventualmente interposta em face da
sentença definitiva.