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PROCEDIMENTO COMUM
Conforme verificamos na aula inaugural do nosso curso de Prática em Processo Civil, não
havendo título executivo (judicial ou extrajudicial), o (a) Advogado(a) necessitará “começar do
zero”, ou seja, dar início a um processo de conhecimento para a defesa dos direitos do seu
cliente.
Aludido processo de conhecimento poderá ter um rito (procedimento) comum ou especial.
O rito comum, que está previsto nos artigos 319 e seguintes do Código de Processo Civil,
é o mais utilizado de modo que você, advogado ou advogada, irá se valer dele com uma maior
intensidade na praxe forense.
A dinâmica a ser seguida é a seguinte:
1. PETIÇÃO INICIAL
A) Requisitos
Para que produza efeitos, é necessário que a mesma atenda aos requisitos legais,
previstos nos artigos 319 e 320 do CPC:
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O artigo 292 do CPC estabelece as diretrizes para calcular-se o valor da causa: I - na
ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora
vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que
tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição
ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de
alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão,
de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V
- na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em
que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII
- na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver
pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não
corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo
autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.
Ressalte-se que o réu também poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor
atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for
o caso, a complementação das custas.
→ as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados:
a petição inicial trará consigo as provas documentais. As demais serão produzidas por ocasião
da instrução, motivo pelo qual o autor deve apontar, na inicial, aquelas que serão apresentadas
oportunamente.
B) Pedido
A sua importância se justifica no fato de que ele (o pedido) tem a função de delimitar a
atividade jurisdicional, de modo que, uma vez proposta a ação, não pode o juiz julgar fora do
pedido (extra petita), além daquilo que fora pedido (ultra petita) ou deixar de se pronunciar sobre
o pedido (citra ou infra petita).
Finalmente, alguns aspectos de grande relevância referente ao pedido devem ser
analisados.
O primeiro deles diz respeito à cumulação de pedidos.
Pois bem, é possível que a petição inicial contenha mais de um pedido. A dita cumulação
pode se dar de forma:
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# simples: quando houver a possibilidade de se formular pedidos que podem ser
atendidos de forma englobada ou somada, de modo que o autor pretenda obter sucesso em
todos eles (art. 327, CPC). É o que ocorre com a ação de indenização por danos materiais
cumulada com pedido de indenização pelos danos morais.
# sucessiva: quando o autor, de igual modo, formular mais de um pedido, pretendendo
o êxito de todos eles. O que diferencia a cumulação simples da sucessiva é que, nesta, o
resultado da análise de um pedido repercutirá na do outro. É o que acontece na ação de
investigação de paternidade c/c alimentos ou na ação de investigação de paternidade c/c petição
de herança, por exemplo. Perceba que, em ambos os casos, a concessão dos alimentos ou
direito à herança dependerá da procedência do pedido de reconhecimento de paternidade.
# subsidiária ou eventual: quando formulado mais de um pedido para que o juiz, não
podendo conceder o anterior, conheça do posterior (art. 326, CPC). É o que ocorre, por exemplo,
com a ação movida contra companhia aérea para o cumprimento de obrigação de fazer (entrega
de mala extraviada) ou pagamento do correspondente em perdas e danos.
# alternativa: quando a obrigação puder ser satisfeita por mais de uma forma. É o que
ocorre com ação ajuizada contra uma casa de eventos que perturba vizinho. Formulam-se dois
pedidos: que a ré seja condenada a se abster de produzir barulhos a partir de determinado
horário ou que proceda com a instalação de acústica que impeça a proliferação dos ruídos. O
ponto marcante e que diferencia a cumulação subsidiária da cumulação alternativa é que, aqui,
não há ordem de prioridade entre os pedidos. Na cumulação alternativa, o que o autor busca
é a realização da obrigação, não importando como.
O segundo aspecto importante, relativamente ao pedido, é o que ele deve ser certo e
determinado.
A certeza diz respeito à natureza do pedido (o que é devido ao autor, ou seja, o an
debeatur), podendo ser obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entrega de coisa.
Assim, se o autor ajuizar ação requerendo ressarcimento pelos danos materiais sofridos,
não poderá receber indenização por danos morais, ainda que o magistrado perceba um
constrangimento de ordem moral, uma vez que tal pleito não foi formulado.
Porém, existem situações onde, ainda que a parte não formule dado pedido, este será
atendido, por ser o mesmo mera decorrência da sucumbência. É o que chamamos de pedido
implícito, tal como ocorre com a condenação da parte sucumbente ao pagamento das custas
processuais, honorários advocatícios e juros legais, os quais serão deferidos ainda não
formulados.
Ora, o pedido deve ser interpretado de acordo com o conjunto da postulação e
observará o princípio da boa-fé (art. 322, § 2o, CPC). Assim, existem aqueles que são
presumidos como existentes (pedidos implícitos). Para eles não há necessidade de expressa
formulação, por serem decorrentes da lógica factual e jurídica. É o que ocorre com os juros
(Súmula 254, STF) e condenação em custas e despesas processuais bem como nos honorários
advocatícios (Súmula 256, STF). Ademais, as prestações sucessivas considerar-se-ão incluídas
no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, se o devedor, no curso do
processo, deixar de pagá-las ou consigná-las (art. 323, CPC).
Além de certo, deverá o pedido ser determinado, de modo que deve o autor especificar
o montante do pedido (o quanto devido, ou seja, o quantum debeatur). Assim, em uma ação
ajuizada, além do autor indicar a natureza do seu pedido (indenização por danos materiais, por
exemplo), é necessário que ele informe, também, o quanto lhe é devido (quantum debeatur).
O legislador possibilita, excepcionalmente, que o autor formule o chamado “pedido
genérico”. Significa dizer que existem situações em que, embora seja possível ao autor informar
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o que lhe é devido (an debeatur), não tem ele condições de apontar o quanto lhe é devido
(quantum debeatur). É permitido formular pedido genérico nos seguintes casos:
# nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens
demandados: ações universais são aquelas em que se demandam uma universalidade ou
“coletividades” de bens ou direitos. É o que ocorre com o filho que ajuíza ação de petição de
herança, mas não tem conhecimento da totalidade dos bens existentes no patrimônio do autor
da herança. Ele faz um pedido certo, dizendo o que lhe é devido (herança), mas o pedido não é
determinado, pois ele não tem condições de determinar o quanto a que tem direito.
# quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do
ato ou do fato ilícito: é possível que as consequências de um ato ilícito causado ao autor ainda
não tenha cessado quando do ajuizamento da ação. É o que ocorre com alguém que, ao ajuizar
ação de indenização por danos materiais, ainda está em processo de recuperação (pagando
diárias hospitalares, fisioterapias, medicamentos, etc.). Neste caso, apesar de apontar na inicial
o an debeatur, ou seja, o que lhe é devido (indenização por danos materiais), não tem o autor
como apontar o quantum debeatur, ou seja, o quanto devido, haja vista que as consequências
danosas ainda não cessaram.
# quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu: é possível, também, que o quantum debeatur dependa de ato a ser praticado
pelo réu. Exemplo comumente citado é o da ação de prestação de contas. Se João, que mantém
parceria em dado negócio com Marcos, deixa de prestar contas do apurado, impedindo que o
mesmo tenha sua participação real nos lucros, Marcos poderá ajuizar ação de prestação de
contas. Ocorre que o valor devido ao autor dependerá de ato a ser praticado pelo réu (a
prestação das contas).
2. ADMISSIBILIDADE
A) Emenda
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos acima referidos ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o
que deve ser corrigido ou completado.
Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
Vale ressaltar que o prazo em questão, apesar de legal, tem natureza dilatória, sendo
portanto prorrogável.
Este é o entendimento consagrado na doutrina e jurisprudência. Assim, o magistrado,
atendendo aos anseios do chamado "acesso à justiça", deverá aproveitar ao máximo o processo,
concedendo a oportunidade para que o autor emende a inicial antes de decidir extinguir o feito.
B) Indeferimento
A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta: Considera-se inepta a petição inicial quando lhe faltar pedido ou causa de
pedir; o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico; da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; contiver pedidos
incompatíveis entre si.
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Perceba que, como a possibilidade jurídica do pedido deixou de ser condição da ação,
passando a integrar o exame de mérito, a sua ausência não mais importará no indeferimento da
inicial (e consequente extinção sem resolução de mérito), mas, sim, na improcedência do pedido
(extinção com o exame do mérito).
II - a parte for manifestamente ilegítima: a legitimidade é condição da ação, representada
pela pertinência existente entre o sujeito e o direito material posto em juízo.
III - o autor carecer de interesse processual: outra condição da ação, representada pelo
binômio necessidade-adequação;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321: estes artigos referem-se ao
descumprimento de providências emanadas do juiz, a saber: a) dever que tem o advogado de
informar, no prazo de cinco dias, o endereço, seu número de inscrição na OAB e o nome da
sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações, caso não tenha
feito na petição inicial; b) dever de emendar a petição inicial, no prazo de 15 dias, quando
existentes vícios que possam ser corrigidos.
Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco)
dias, retratar-se. Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
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Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo
exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à
composição das partes.
A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
Conforme mencionado anteriormente, a audiência não será realizada em duas hipóteses: I
- se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II
- quando não se admitir a autocomposição.
O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu
deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data
da audiência.
As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos,
podendo as mesmas constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes
para negociar e transigir.
A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença.
4. POSTURAS DO RÉU
A) Inércia
A primeira postura traduz-se em omissão. Apesar de regularmente citado, o réu não
compareceu à relação processual, sendo, por isso, considerado revel.
Revelia é fenômeno representado pela ausência de contestação. Tal fenômeno acarretará
efeitos de natureza material e processual.
→ julgamento antecipado do mérito (artigo 355, II, CPC): como o réu não apresentou a
contestação, os fatos afirmados pelo autor se tornaram incontroversos. Sendo assim, não haverá
necessidade de produção de provas (pois só se prova aquilo que é controvertido!), podendo o
juiz, por consequência, julgar antecipadamente o mérito.
→ dispensa de intimação: não tendo o réu dado a devida importância ao processo, este
também não se importará com aquele. Significa que, se a relação processual tiver que continuar,
os atos processuais serão praticados independentemente da intimação do revel. Assim, por
exemplo, se uma ação é ajuizada por Maria em face de João e Joaquim, sendo este último revel,
a relação processual continuará entre Maria e João. Destarte, todos os atos processuais que
forem realizados daí por diante (intimação para audiência, intimação das decisões, etc.) não
serão informados ao revel mas, tão somente, àqueles que compareceram ao processo.
Quanto aos efeitos materiais, se o réu não contestar a ação, será considerado revel e
presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. Como os fatos narrados
na petição inicial não encontraram resistência pela parte adversária, os mesmos se tornaram
incontroversos e, portanto, presumidos como verdadeiros.
Existem situações, entretanto, em que não ocorrerão os efeitos materiais da revelia. Em
outras palavras, é possível que o réu seja revel, mas o juiz não possa presumir como verdadeiros
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os fatos afirmados na inicial. As hipóteses estão previstas no artigo 345, CPC e para entendê-
las é necessário seguir um simples raciocínio lógico, senão vejamos:
→ quando a petição não estiver acompanhada por instrumento público, a que a lei
considere indispensável à prova do ato: existem documentos que deverão, obrigatoriamente,
acompanhar a petição inicial, pois são indispensáveis à prova do ato gerador do direito. É o que
ocorre, por exemplo, com a ação em que se reivindica imóvel, a qual deve vir acompanhada de
escritura pública. Estando desacompanhada do documento em questão, por mais que o réu seja
revel, não há como presumir-se a veracidade dos fatos, pois a existência do direito independe
da vontade do réu, mas sim da existência do próprio documento.
B) Contestação
A hipótese mais comum de resposta é a contestação. Nela, o réu deduzirá toda a matéria,
de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor.
O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias.
Tal prazo será contado da data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da
última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não
houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação
ou de mediação apresentado pelo réu.
No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo o pedido de cancelamento por parte de todos
os litisconsortes, o termo inicial para apresentação de resposta será, para cada um dos réus, a
data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.
É necessário que o réu apresente todos os argumentos, pois, na eventualidade de o juiz
não acolher o anterior, passará a analisar o posterior. É o que a doutrina denomina de “princípio
da eventualidade”.
Perceba que, neste contexto, é lícito ao réu apresentar todas as defesas possíveis, ainda
que sejam contraditórias entre si. Assim, por exemplo, em uma ação de indenização por danos
morais, o réu poderá levantar dois argumentos, aparentemente contraditórios: 1) que não houve
dano moral; 2) que o quantum indenizatório deve ser pequeno. Este segundo argumento só fora
levantado para ser apreciado na eventualidade do magistrado não acolher o primeiro.
As defesas apresentadas na contestação poderão ser preliminares e de mérito.
Preliminares são defesas de natureza meramente processual. Nelas o réu não discute o
mérito da demanda, mas, tão somente, aspectos relativos a vícios do processo. O objetivo do
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réu é apresentar argumentos que venham extinguir o feito ou, pelo menos, retardar o curso da
relação processual. No primeiro caso, temos as preliminares peremptórias (ex: litispendência e
coisa julgada), cujo vício é insanável e acarreta a extinção do processo. No segundo caso, temos
as preliminares dilatórias (ex: incapacidade de parte e defeito de representação), cujo vício pode
ser corrigido e, por isso, ocasiona apenas um atraso na marcha procedimental.
→ incorreção do valor da causa: aqui, o CPC de 2015 trouxe mais uma mudança
relevante, ao determinar que a alegação de incorreção do valor da causa seja feito na própria
contestação, através de preliminar, ao invés de apresentação de peça específica de impugnação
ao valor da causa, conforme era feito na vigência do CPC de 1973. Assim, agora o réu deverá,
em sede de preliminar de contestação, impugnar o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena
de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas
(artigo 293, CPC).
→ coisa julgada: Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão
transitada em julgado.
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→ conexão: haverá conexão quando, entre duas ou mais causas, houver identidade de
pedido ou causa de pedir. Para evitar decisões conflitantes, o réu poderá arguir a conexão e
pleitear a junção das demandas, a fim de que sejam reunidas e julgadas pelo juízo prevento.
→ falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar: às vezes a
lei pode exigir do autor a prestação de caução para o ajuizamento da demanda, a exemplo do
que ocorre com a ação rescisória (artigos 966 a 975, CPC). A ausência poderá ser alegada pelo
réu, em sede de preliminar.
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Será direta quando o réu negar os fatos (ex: empresa ré que, em ação de indenização,
nega que alarme da loja fora equivocadamente acionado quando o autor estava saindo) ou negar
seus efeitos jurídicos (ex: no exemplo citado, a ré poderia apenas dizer que, embora o alarme
tivesse sido acionado, o fato não constituiria motivo para surgimento de dano moral).
A defesa será indireta quando o réu, embora não negue as afirmações feitas na petição
inicial, apresenta outros fatos que são extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor.
Imagine, por exemplo, uma ação de cobrança de dívida proposta por Maria em face de João.
Este poderia apresentar defesa indireta confirmando a celebração de dívida com o autor, mas
alegando fatos novos, no sentido de que a dívida já fora paga (fato extintivo), fora paga pela
metade (fato modificativo) ou que já prescreveu (fato impeditivo). Considerando que, com a
defesa indireta o réu traz fatos novos, é necessário que o autor seja intimado para se pronunciar
sobre eles por meio do instrumento denominado réplica ou impugnação à contestação (artigo
350, CPC).
Ressalte-se que incumbe ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato
constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas. É o que se
denomina de “ônus da impugnação específica dos fatos”.
A ausência de impugnação específica somente não implicará em presunção de veracidade
dos fatos narrados na inicial em três hipóteses: a) não for admissível, a seu respeito, a confissão;
b) a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância
do ato; c) estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.
Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando relativas a direito
ou a fato superveniente; quando competir ao juiz conhecer delas de ofício; quando, por expressa
autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Existem situações em que o réu alega ter pretensão em face do autor e essa pretensão
está justamente relacionada aos fatos trazidos na ação originariamente intentada. Assim, por
uma questão de economia processual, poderá o réu, em vez de propor ação em separado,
demandar contra o autor no mesmo processo em que fora demandado. Isto se faz por meio do
instrumento de reconvenção. O legislador estabeleceu a sua utilização com o intuito de evitar a
proliferação de ações com pedidos ou causa de pedir semelhantes. A reconvenção será
apresentada na própria contestação, no compartimento destinado ao mérito.
Mas, tecnicamente falando, quando cabe a reconvenção?
Em primeiro lugar, o legislador autorizou o manejo da reconvenção, pelo réu, “para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal...” (artigo 343, 1ª parte, CPC).
É bem simples de entender. A Conexão é fenômeno que representa semelhança entre
ações. Duas ações são conexas (parecidas) quando possuem o mesmo pedido ou a mesma
causa de pedir. Então, a reconvenção será cabível quando ela for conexa (parecida) com a
ação principal, ou seja, quando possuir o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir da ação
principal.
É o que ocorre, por exemplo, com a ação com pedido de rescisão contratual ajuizada
por “A” em face de “B”, alegando o descumprimento de determinada cláusula contratual e a
reconvenção apresentada por “B” pedindo, também, a rescisão, sob a alegação de violação de
outra cláusula contratual. Perceba que ambas as ações possuirão o mesmo pedido (rescisão
contratual), embora estejam fundados em causa de pedir diversas.
A conexão com a causa de pedir ocorre, por exemplo, na ação de cobrança de dívida
movida pelo banco, apoiada em contrato, e a reconvenção do cliente, postulando outra obrigação
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do banco, apoiada no mesmo contrato (conexão pela causa de pedir, já que ambas são
idênticas).
Em segundo lugar, caberá reconvenção quando o réu quiser manifestar pretensão
“conexa com o fundamento da defesa...” (artigo 343, 2ª parte, CPC).
Aqui deve ser entendido o seguinte: o que leva o réu ao “contra-ataque” é justamente o
fundamento da defesa. Em outras palavras, o direito do réu está diretamente relacionado aos
motivos expostos na defesa. É o que ocorre com ação de cobrança de dívida proposta contra
réu e este, por não dever (fundamento), apresenta reconvenção pedindo o pagamento dobrado
da quantia indevida; ou a ação de indenização proposta contra réu em virtude de acidente e este,
alegando culpa do autor (fundamento), apresenta reconvenção pedindo o pagamento de
indenização pelos prejuízos sofridos.
Perceba que, nos exemplos acima, o réu só pediu o pagamento da dívida em dobro
(reconvenção) porque não devia (fundamento da defesa); só pediu indenização por danos
causados no acidente (reconvenção) porque a culpa pelo acidente foi do autor (fundamento da
defesa).
Algumas regras processuais, relativas à reconvenção, merecem destaque.
Pois bem, proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado,
para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Apesar de apresentada na própria contestação, a reconvenção possui caráter de
autonomia. Assim, a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame
de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro, bem como proposta pelo réu
em litisconsórcio com terceiro.
Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em
face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade
de substituto processual.
Urge salientar, por fim, que o réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer
contestação.
Ultrapassada a fase de resposta pelo réu, o juiz passa a ter uma “visão panorâmica” da
relação processual: já conhece a tese trazida pelo autor e a antítese trazida pelo réu. Caberá,
agora, ao mesmo estabelecer a síntese. Mas, antes de dar seguimento ao processo, talvez seja
necessário resolver algumas questões “pendentes”. São as chamadas “providências
preliminares”. Nesta fase poderão ser adotadas as seguintes condutas:
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B) Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor
Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova. É o que se chama de
réplica, momento marcado pelo despacho: “à replica, em 15 (quinze) dias”.
A) Da Extinção do Processo
Ocorrendo qualquer das hipóteses que ocasionam a extinção do processo, SEM resolução
de mérito (litispendência, coisa julgada, ausência de legitimidade ou interesse, etc.) ou COM
resolução de mérito (reconhecimento da procedência do pedido, autocomposição,
prescrição/decadência, renúncia ao direito em que se funda a ação ou reconvenção), o juiz
proferirá sentença.
Aqui, diz-se que a extinção se dará de forma “anormal” porque o “normal” é que o processo
seja extinto quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido.
Caso a extinção seja relativa apenas a parcela do processo, a decisão será impugnável por
agravo de instrumento, tendo em vista que será decisão interlocutória de mérito.
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O julgamento antecipado também ocorrerá quando um ou mais pedidos estiver em
condições de imediato julgamento. Isso ocorre, normalmente, quando um ou mais dos pedidos
formulados já puder ser analisado sem a necessidade de produção de provas, por ter como
controvérsia matéria de direito. Imagine, por exemplo, que o autor ajuíza ação pedindo a
declaração de abusividade de determinada taxa contratual cumulando pedido de indenização
por danos morais por ter sofrido constrangimento causado pelo gerente no interior da agência
bancária. Perceba que o pedido de declaração de abusividade da taxa é matéria unicamente de
direito, não necessitando de prova, de modo que o magistrado já poderá decidir se a taxa é ou
não abusiva. Quanto ao pleito de danos morais (matéria de fato), este necessitará ser instruído,
de modo que o processo prosseguirá para coleta de outros elementos de prova.
A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação
líquida ou ilíquida.
A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que
julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto. Se houver trânsito em julgado da decisão que julgar parcialmente o mérito, a
execução será definitiva.
A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
É mister salientar que a decisão proferida que julgar parcialmente o mérito será impugnável
por agravo de instrumento.
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V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento: a audiência de
instrução somente será designada se houver necessidade de produção de outros meios de prova
(depoimento pessoal e ouvida de testemunhas).
Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar
ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.
As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das
questões de fato e de direito, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.
Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum
não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemunhas. O número
de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a
prova de cada fato.
O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa
e dos fatos individualmente considerados.
Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz
designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes,
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas
alegações. É o que se chama de saneamento compartilhado. Neste caso, as partes devem levar,
para a audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas.
Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deverá nomear o perito
e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização.
As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as
audiências.
É o momento propício para a coleta dos demais elementos de prova. Fala-se em demais,
tendo em vista que a prova documental já fora trazida por intermédio da inicial e da contestação.
No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e julgamento
e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela
devam participar.
Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego
anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem.
Na aludida audiência, o juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe: a) manter a ordem
e o decoro; b) ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem
inconvenientemente; c) requisitar, quando necessário, força policial; d) tratar com urbanidade as
partes, os advogados, os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer
pessoa que participe do processo; e) registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos
apresentados em audiência.
As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem,
preferencialmente:
I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos;
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais;
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas.
Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não
poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz.
A audiência poderá ser adiada nas seguintes hipóteses:
I - por convenção das partes;
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II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva
necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário
marcado.
O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz
procederá à instrução.
O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo advogado ou
defensor público não tenha comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao Ministério
Público.
Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, determinará a intimação dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da
nova designação.
Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao
membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de
20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz, para a
apresentação das razões finais orais.
Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá
ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem
como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15
(quinze) dias, assegurada vista dos autos.
A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na
ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordância das partes.
Diante da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do julgamento no mesmo
dia, o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta
preferencial.
Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência
ou no prazo de 30 (trinta) dias.
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DA EXECUÇÃO
1. ASPECTOS GERAIS
A) título executivo
É o documento a que a lei atribui força executiva, necessário para que se desencadeie
a atividade jurisdicional executiva.
A sua Importância no contexto da execução é vislumbrada na medida em que não há
atividade jurisdicional executiva senão a partir da existência de um título (nulla executio sine
titulo).
Os requisitos para que os títulos possam propiciar o desencadeamento da atividade
jurisdicional executiva são a certeza, a liquidez e a exigibilidade (artigo 783, CPC). Título com
obrigação certa é aquele que possui crédito sobre o qual não pairam dúvidas, seja porque
formalmente preenche os requisitos necessários para que possa ter validade perante o mundo
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jurídico (títulos extrajudiciais), seja pelo fato de que a decisão judicial que originou o crédito
transitou em julgado (títulos judiciais); a liquidez é a fixação da coisa ou quantia devida no título
executivo. Título executivo que não apresenta obrigação líquida (coisa ou quantia devida) precisa
passar por um procedimento prévio denominado de “liquidação”; quanto à exigibilidade, é
questão que diz respeito ao vencimento da obrigação prevista no título. É exigível a dívida já
vencida. Em outros termos, estará satisfeito tal requisito se houver a indicação de que a
obrigação já deva ser cumprida, seja porque ela não está sujeita a termo ou condição, seja
porque estes já foram demonstrados.
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Por outro lado, os títulos extrajudiciais (art. 784, CPC) são documentos, públicos ou
particulares, que consubstanciam uma relação jurídica de crédito e de débito e que recebem
força executiva mediante expressa previsão legal. São eles:
→ títulos de crédito: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e
o cheque.
→ A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.
→ O documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas:
diversamente da escritura pública ou documento público, aqui existe a necessidade da presença
de duas testemunhas ao ato jurídico, haja vista a natureza particular do documento. É comum
visualizar a espécie em questão na chamada confissão de dívida, a teor do consubstanciado na
Súmula 300, STJ.
→ O instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores: muito comum vislumbrar o
instrumento em tela, no âmbito do MP, quando da celebração do Termo de Ajustamento de
Conduta. Questão interessante é que a Lei nº 11.737/08, dando nova redação ao artigo 13 da
Lei nº 10.741/03, outorgou legitimidade, também, à defensoria pública para efetuar transação de
alimentos que envolvam idosos (antes só pertencia ao MP). É certo que a legitimidade para
referendar as transações relativas aos alimentos deve ser ampla, envolvendo, inclusive, àquelas
concernentes a outras pessoas;
→ os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os
de seguro de vida.
→ O crédito decorrente de foro e laudêmio: os créditos em questão surgem do instituto
da Enfiteuse. Pode ser definida como sendo o direito real que autoriza uma pessoa a usar, gozar
e dispor de determinada coisa, mediante o pagamento de uma pensão anual (foro). Outrossim,
o laudêmio é a compensação devida pelo não-uso do direito de preferência, por parte do senhorio
direto, quando da alienação do imóvel.
→ o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.
→ a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma
da lei: a inscrição da dívida ativa deverá ser feita findo o prazo final para o pagamento, fixado
pela lei, ou após decisão administrativa final. A Certidão da Dívida Ativa é um documento que
goza de presunção relativa de certeza e liquidez, e servirá de fundamento para o início de um
processo de execução fiscal contra o devedor (Lei nº 6.830/80). Evidentemente, diz-se que a
presunção de certeza e liquidez é relativa, porque admite prova em contrário. O
devedor/executado poderá provar em seus embargos qualquer irregularidade na constituição do
crédito tributário e poderá alegar até mesmo a inconstitucionalidade da lei que serviu de
supedâneo para o lançamento do tributo.
→ o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia
geral, desde que documentalmente comprovadas;
→ a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas
tabelas estabelecidas em lei;
→ todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva:
o inciso em tela demonstra que as hipóteses arroladas no artigo são meramente exemplificativas
(numerus apertus), de modo que o legislador, em outros diplomas legislativos, poderá atribuir
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força executiva a certos documentos, a exemplo do que ocorre com o par. 6º do artigo 5º da
LACP (Lei nº 7.347/85), o qual trata do termo de ajustamento de conduta firmado junto aos entes
legitimados para a ação (União, estados, municípios, autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedade de economia mista, MP, Defensoria Pública, Associação).
B) Inadimplemento
Para que se torne viável a execução, é mister, além da presença do título, que tenha
havido a violação da norma jurídica, consistente na não satisfação espontânea da obrigação nele
consubstanciada. É por isso que o legislador afirma que “O credor não poderá iniciar a execução
ou nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação...” (art. 788, CPC).
A simples verificação, no título, de que ocorreu o vencimento é prova suficiente do
inadimplemento e consequente desencadeamento da atividade executiva.
Neste diapasão, incumbe ao devedor o ônus de provar a quitação da dívida, mediante
defesa em impugnação ao cumprimento de sentença (se a execução for de título judicial) ou
embargos à execução (se a execução for de título extrajudicial).
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decorrem outras garantias, tal como a impossibilidade de penhora de certas categorias de bens,
a exemplo do bem de família (lei 8.009/90) e dos bens listados no artigo 833 do CPC.
1.4. IMPENHORABILIDADE
Os atos executivos não devem levar o devedor a uma situação incompatível com a
dignidade da pessoa humana.
A preocupação com a dignidade da pessoa humana é questão erigida a foro
constitucional, sendo mais precisamente um dos fundamentos de nossa república federativa
(artigo 1º, III da Constituição Federal). O CPC de 2015 também consagrou tal princípio através
do seu artigo 8º.
A condição de devedor não desapossa a pessoa de sua dignidade e a atividade
jurisdicional de cumprimento da obrigação deve ter em vista essa condição original e imutável.
Assim é que formas de exposição do devedor são repelidas pelo ordenamento jurídico e sujeitam
o infrator à reparação do dano moral.
Por isso é que bens que permitam uma vida com dignidade são preservados da ação
estatal executiva, a exemplo do que ocorre com o bem de família, previsto na Lei nº 8009/90.
Eis alguns artigos que merecem destaque:
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ATENÇÃO!
Aponte-se que, à luz da jurisprudência pacificada no STJ, o conceito de
impenhorabilidade do bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas ou viúvas (Súmula 364).
O conceito de bem de família não alcança a vaga de garagem autônoma que tenha
matrícula própria no registro de imóveis, consoante Súmula 449, STJ. É que, neste caso, a
unidade constitui-se em unidade independente e, por consequência, poderá ser objeto de
relações jurídicas autônomas (cessão, locação, venda, etc.), não se confundindo com o principal.
É impenhorável o imóvel que esteja locado a terceiro, desde que a renda obtida seja
revertida para a subsistência ou a moradia de sua família (Súmula 486, STJ).
O objetivo do legislador foi fazer com que o devedor, alegando a moradia simultânea em
mais de um imóvel, quisesse se escusar do cumprimento de suas obrigações.
ATENÇÃO!
A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza. Mas existem situações em que o bem de família
poderá ser penhorado, senão vejamos:
# pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo
contrato;
# pelo credor de pensão alimentícia;
# - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
# para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou
pela entidade familiar;
# por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
# por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Além do bem de família, existem outras categorias de bens que não podem sofrer atos de
constrição, pelas mesmas razões de proteção da dignidade.
Estes bens estão elencados no artigo 833, CPC:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
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II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de
elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos
de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens
móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-
mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da
lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação
imobiliária, vinculados à execução da obra.
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OBRIGAÇÕES PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA
A execução por quantia certa tem por objetivo expropriar bens do devedor a fim de
satisfazer o direito do credor, consubstanciado no título executivo judicial ou extrajudicial.
Conforme exposto alhures, os procedimentos executivos possuem algumas diferenças,
conforme se baseiem em título judicial ou extrajudicial, especialmente quanto à forma de defesa
do devedor. No mais, os traços procedimentais são os mesmos, tendo em vista a aplicação
subsidiária da disciplina de execução de quantia certa de títulos extrajudiciais ao rito do
cumprimento de sentença de obrigação de mesma natureza.
O cumprimento de sentença já foi objeto de estudo. Agora, cabe-nos deter na disciplina
jurídica que norteia o procedimento executivo das obrigações para pagamento de quantia certa.
A ação de execução de título extrajudicial segue, basicamente, o seguinte esquema
procedimental:
→ citação: o executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,
contado da citação. Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a
avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo
assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado. Se o oficial de justiça não
encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2
(duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora
certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido. Incumbe ao exequente requerer a citação
por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
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→ atitudes do devedor: recebida a inicial e realizada a citação, o credor poderá tomar
as seguintes atitudes: 1) Efetuar o pagamento voluntário: haverá a extinção do processo
executivo e os honorários advocatícios serão reduzidos pela metade; 2) Requerer o
parcelamento (art. 916, CPC): poderá o executado, no prazo dos embargos, reconhecendo o
débito e juntando (trinta por cento) do valor em execução, requerer seja admitido a pagar o
restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um
por cento) ao mês. Tal benefício não constitui ato que vincula o magistrado, o qual poderá ou
não deferi-lo. O exequente será intimado para manifestar-se sobre o pedido de parcelamento e
o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. Enquanto não apreciado o requerimento, o
executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.
Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido
em penhora; Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão
suspensos os atos executivos. O descumprimento de qualquer das prestações importará o
vencimento antecipado das demais e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos
atos executivos bem como a imposição de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das
prestações remanescentes; 3) Apresentar embargos à execução: os embargos qualificam-se
como a defesa com a natureza jurídica de ação incidental autônoma. Serão os embargos
distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças
processuais relevantes. Serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias. Vale ressaltar que, não
obstante seja a execução movida em face de litisconsortes com diferentes procuradores, o prazo
dobrado do artigo 229, CPC, não lhes será aplicado. Recebidos os embargos, será o exequente
ouvido no prazo de 15 (quinze) dias. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo (art.
919, CPC). O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos
embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que
a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. É o caso, por
exemplo, dos embargos versarem sobre a penhorabilidade de bem protegido por lei;
→ Penhora: tendo em vista que os embargos não mais possuem efeito suspensivo, os
atos de constrição e expropriação seguirão paralelamente ao seu rito. A expropriação apenas
não se aperfeiçoará acaso seja deferido efeito suspensivo aos embargos.
Pois bem, não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de
justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo
auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.
A penhora pode ser definida como o ato que individualiza bens no patrimônio do
devedor, os quais serão sujeitos a posterior expropriação.
Quanto aos limites, a penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios.
A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem
indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição
proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
O ato judicial em questão deverá obedecer à ordem de prioridade estabelecida no
artigo 835, CPC, a saber: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira (para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a
requerimento do exequente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário,
preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do
executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na
execução. As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor
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indicado na execução); II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal
com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV -
veículos de via terrestre; V - bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII -
navios e aeronaves; IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual
do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos
derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros
direitos.
ATENÇÃO!
Três observações precisam ser feitas:
Em primeiro lugar, se não encontrar bens penhoráveis, o oficial comunicará ao juiz, que
intimará o devedor para que indique bens passíveis de expropriação. Considera-se ato
atentatório à dignidade da jurisdição a conduta do devedor que, intimado, não indica ao juiz
quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores (artigo
774, V, CPC).
Em segundo lugar, atente-se que é prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas
demais hipóteses, alterar a ordem acima referida de acordo com as circunstâncias do caso
concreto (art. 835, § 1o, CPC).
Finalmente, quanto ao registro da penhora, vale salientar que será tarefa do exequente
proceder com o registro da penhora no cartório competente, tudo com o fito de dar publicidade
e conhecimento para terceiros de boa-fé; Atento ao mandamento em questão, a Corte Especial
do Superior Tribunal de Justiça sumulou a questão (Súmula 375). O texto determina que o
reconhecimento da fraude de execução dependa do registro da penhora do bem alienado ou da
prova de má-fé do terceiro adquirente.
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pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a
respectiva carta, se bem imóvel (este documento substitui a tradicional compra e venda entre
particulares). Urge ressaltar que a carta só será emitida juntamente com a prova da quitação dos
tributos (a serem pagos pelo adquirente). Em se tratando de bem móvel, será expedido mandado
de entrega ao adjudicante.
# Alienação por iniciativa particular (arts. 879 e 880, CPC): dá-se quando, não
realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente requerer sejam eles alienados por
sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante a
autoridade judiciária. A negociação do bem é feita extrajudicialmente, devendo o juiz fixar: a) o
prazo em que a alienação deve ser efetivada; b) a forma de publicidade; c) o preço mínimo; d)
as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem.
Concluída a negociação, a alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz,
pelo exequente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de
alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega
ao adquirente.
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A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula ou
individuação e aos seus registros, a cópia do auto de arrematação e a prova de pagamento do
imposto de transmissão, além da indicação da existência de eventual ônus real ou gravame.
O Estado realiza a jurisdição sob duas formas: pela cognição, quando o magistrado,
diante dos elementos trazidos aos autos pelas partes (provas), faz a concreção da norma ao
caso abstrato, dizendo a vontade da lei; e pela execução, quando torna efetiva, vale dizer, real,
esta mesma vontade.
Acontece que a prestação não surge instantaneamente, sendo certo que o adequado
decisório apenas se dará após uma longa sequência de atos que levarão ao convencimento do
juiz.
E é justamente nesse interregno (demora-tempo) que o estado de pessoas e bens pode
sofrer mutações (desvio, deterioração, alienação etc.) que, se não obstadas, levam à inutilização
do provimento jurisdicional.
De nada adiantaria determinar a partilha de bens em divórcio se um dos cônjuges já
tivesse dilapidado os bens ao tempo da prolação da sentença; ou determinar que o devedor
pagasse dívida quando este, no curso do processo de conhecimento, já tivesse dissipado os
bens que possuía.
Tanto pessoas quanto os bens podem, em virtude da demora, enfrentar situação de risco
de dano, por conduta de um dos litigantes ou por evento ocasional, casos que poderão
comprometer o resultado útil do processo. Para a proteção provisória de todos eles tem
cabimento a atuação da tutela de urgência de natureza cautelar.
Existem situações, entretanto, em que a urgência vai mais além, justificando a entrega
imediata do próprio objeto da relação litigiosa, sob pena de perecimento do direito postulado pela
parte: são os casos de tutela de urgência de natureza antecipada.
Imagine, por exemplo, que o plano de saúde negasse autorização de cirurgia a
determinado paciente, levando-o a ajuizar ação de obrigação de fazer. Sendo a cirurgia de
urgência, não poderia o autor esperar todo o transcorrer da relação processual para só ao final
poder submeter-se a intervenção cirúrgica. Assim, seria necessária providência de urgência que
possibilite o gozo imediato do próprio objeto do litígio (no caso, a obrigação de fazer).
Dentro de uma perspectiva do amplo acesso, o objetivo da jurisdição é conceder a
solução “justa”, ou seja, apta a produzir efeitos que restabeleça, em efetivo, a ordem jurídica
abalada.
O CPC de 2015 tratou das tutelas de urgência (de natureza cautelar e antecipada) em
sua parte Geral, Livro V.
Passaremos a tecer considerações que julgamos relevantes acerca dos institutos em
tela para este nosso curso de Prática em Processo Civil.
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ASPECTOS COMUNS ÀS TUTELAS DE URGÊNCIA
A) Considerações gerais
B) Requisitos
C) Características
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→ Instrumentalidade: a instrumentalidade decorre do fato das tutelas servirem à
efetividade do processo.
O objetivo do processo é o acertamento do conflito submetido à apreciação judicial. O
mais comum é que o processo seja manejado por quem acha que teve um direito violado. A
ação, então, é para que aquele que, em tese, violou o direito da parte, submeta-se a uma
pretensão, efetuando a devida reparação.
Ocorre que, no mais das vezes, pessoas e coisas sofrem alterações no seu estado em
função do decurso natural do tempo ou por uma ação voluntária de outrem. Todas as vezes que
a alteração no estado das pessoas e das coisas puder causar dano ou risco ao resultado útil do
processo, é possível o manejo das medidas de urgência.
A efetividade do processo e dos direitos é uma das maiores preocupações dos que
operam o direito na atualidade. O processo é efetivo quando a atividade jurisdicional é
transformada em um resultado prático e útil em proveito daquele que tinha o direito.
É neste sentido que se diz que as medidas de urgência têm caráter acessório,
exatamente pelo fato de existem em função do processo ao qual visam tutelar.
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D) Distinção
Conforme verificado nas linhas anteriores, a tutela de urgência de natureza cautelar objetiva
resguardar pessoas ou coisas, com a finalidade de assegurar o resultado útil do processo.
Cabe-nos, agora, analisar o procedimento para o seu deferimento, seja em caráter
incidental, seja em caráter preparatório.
Com o CPC de 2015, a tutela de natureza cautelar, quando já existente processo em curso,
passa a ser requerida através de simples pedido no processo principal, dispensado o
recolhimento de custas ou abertura de nova relação processual.
A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida
idônea para asseguração do direito.
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Vale ressaltar que o pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de
tutela cautelar (art. 308, § 1o, CPC).
O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal,
salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.
→ Adoção do rito comum: apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para
a audiência de conciliação ou de mediação, por seus advogados ou pessoalmente, sem
necessidade de nova citação do réu.
Destarte, não havendo autocomposição, seguir-se-á o prazo para contestação e demais
termos.
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maior que o juiz fixar. Não realizado o aditamento, o processo será extinto sem resolução do
mérito.
Vale salientar que o aditamento dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas
custas processuais.
→ procedimento comum: o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou
de mediação. Não havendo autocomposição, seguir-se-á o procedimento, com a apresentação
da contestação e demais termos.
→ estabilização da medida de urgência de natureza antecipada: A tutela antecipada
torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso, caso em
que o processo será extinto.
Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar
a tutela antecipada estabilizada. A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não
revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação ajuizada.
Para instruir a petição inicial da ação, qualquer das partes poderá requerer o
desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, devendo a demanda ser distribuída
por dependência perante o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada extingue-se após 2
(dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo.
A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos
respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em
ação ajuizada por uma das partes.
DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Sabemos que, geralmente, é o autor que acaba sofrendo o ônus da demora do processo,
sendo certo que somente alcançará aquilo que postula em juízo ao final do trâmite processual,
máxime com o trânsito em julgado da decisão ou, ao menos, com decisão que não esteja sujeita
a recurso com efeito suspensivo.
Ocorre, todavia, que existem situações onde o direito da parte é tão evidente que seria
injusto fazê-la esperar por todo o trâmite processual para que a mesma viesse gozar o bem da
vida.
É neste contexto que surge a tutela de evidência como modalidade de tutela provisória que
consiste na antecipação do objeto da demanda, independentemente da existência de urgência.
As situações estão listadas no artigo 311, CPC, senão vejamos:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte: aqui a doutrina costuma denominar como “tutela de evidência punitiva”,
uma vez que o motivo de sua concessão é exatamente um comportamento “reprovável” por parte
do réu. É o que ocorre, por exemplo, quando o réu é contumaz ligante, e se utiliza de defesas
“padrão”, muitas vezes impugnando pedidos que, sequer, foram formulados pelos autor, tudo no
intuito de protelar o feito.
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e
houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante: nesta
hipótese, a ideia é que o magistrado possa conceder o gozo provisório à parte do direito
“pacificado” no âmbito dos tribunais, seja através de súmula ou de julgamento de casos
repetitivos.
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do
contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
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custodiado, sob cominação de multa: a hipótese trata da chamada “ação de depósito”, a qual
era disciplinada como procedimento especial no CPC de 1973. O atual CPC deixou de discipliná-
la como ação de rito especial (passando a ser, por consequência, ação de rito comum), mas
assegurou o deferimento imediato de medida provisória que assegurasse ao autor reaver a coisa
depositada.
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável: caso a petição inicial esteja devidamente instruída com prova suficiente dos fatos
constitutivos do autor, e o réu não apresente prova que seja capaz de colocar o magistrado
diante de dúvida razoável, poderá haver o deferimento da tutela de evidência.
Considerando que as hipóteses descritas nos itens I e IV pressupõem a existência de um
comportamento por parte do réu, a tutela de evidência somente poderá ser deferida
“liminarmente” sem a oitiva do réu nas hipóteses dos incisos II e III.
AÇÃO MONITÓRIA
Certamente que aquele que pretende ver satisfeita uma determinada obrigação deve se
valer de um determinado documento que legitime a sua pretensão. Para tanto, no momento da
constituição de uma dada relação jurídica obrigacional, a lei confere força executiva aos
documentos que fizeram erigir ou, ao menos, serviram de força probante ao negócio jurídico
realizado: são os conhecidos títulos executivos. Assim, de acordo com o artigo 784, CPC, temos
o contrato assinado por duas testemunhas, a duplicata com aceite na compra e venda de
mercadorias, a nota promissória, etc.
Ocorre que algumas obrigações, apesar de firmadas na realidade factual, acabam por
perder certa força no mundo jurídico, justamente em virtude da ausência de força executiva do
documento do qual dispunha o credor. Imaginemos uma carta na qual o devedor agradece o
empréstimo contraído, prometendo pagar futuramente a quantia devida; ou um contrato sem
assinatura de testemunhas; um cheque prescrito, uma fatura que comprova despesas com
internação em hospital despesas durante a estadia em hotel, etc.
Em todas as situações acima estamos do seguinte quadro: existe um credor, um
devedor, bem como um documento que, embora não possua força executiva, tem uma alta
carga probatória, na medida em que, diante de uma simples leitura, chega-se à conclusão da
existência do crédito nele consignado.
Não obstante a inexistência da força executiva do chamado “quase-título” (utiliza-se
deste termo em virtude de faltar-lhe algum requisito que lhe torne exigível), o legislador, atento
à realidade factual bem como com vistas a evitar o enriquecimento sem causa do beneficiário do
negócio jurídico, previu, por meio da Lei nº 9.079/95, instrumento apto a imprimir a realização do
direito do credor de documento desprovido de força executiva, sem a necessária delonga típica
do processo de cognição. É a chamada “Ação Monitória”.
O procedimento monitório, previsto nos artigos 700 a 703, CPC, resulta da fusão de atos
típicos de cognição e de execução e é informado pela técnica da inversão do contraditório. Nele,
a cognição é fundada em prova documental apresentada de forma unilateral pelo autor, de modo
a permitir, de imediato, a emissão de um mandado dirigido ao réu contendo comando para
pagar soma em dinheiro, entregar bem móvel ou imóvel ou cumprir com obrigação de
fazer ou não fazer.
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A) Definição
É a ação, de rito especial, que tem por objetivo atribuir força executiva a documento
desprovido de tal caráter, para a consequente satisfação do direito do credor, mediante o
pagamento de soma em dinheiro, entrega de bem móvel ou imóvel ou cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer.
B) Procedimento
→ Petição Inicial: além dos requisitos gerais do artigo 319, CPC, a petição deverá vir
acompanhada de prova escrita (documento em sentido estrito), de modo a permitir a cognição
superficial típica deste procedimento. Vê-se que o modelo estrito de documento (escrito) adotado
pelo legislador afasta outras espécies de documentação em sentido amplo, a exemplo de uma
fita cassete. Têm sido considerados instrumentos hábeis à instrução da ação monitória: um
cheque prescrito (Súmula 299, STJ), uma nota promissória rasurada, contrato particular sem
assinatura de testemunhas, contrato de abertura de crédito em conta corrente (Súmula 247,
STJ), etc.
→ Atitudes do Réu: uma vez citado, o réu, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá tomar
as seguintes atitudes: a) inércia: a contumácia acarretará a revelia. No panorama da monitória,
ela é vislumbrada de maneira mais qualificada, mais forte, tendo em vista a presença do quase-
título, o qual acaba por possuir uma presunção quase que absoluta, transmudando-se em título
executivo judicial, autorizando a consequente instauração da execução, por meio da técnica do
cumprimento de sentença; b) cumprimento voluntário do mandado: é a opção mais favorável
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ao réu quando o mesmo reconhece a sua posição de devedor, tendo em vista que, não se
opondo ao cumprimento da obrigação, ficará ele isento das custas processuais. Mais que mera
vantagem, a isenção em questão representa um verdadeiro convite ao réu para não apresentar
embargos, buscando, assim, o ideal de solução de conflitos por meio de atividade das partes; c)
apresentação de Embargos ao Mandado: quanto à sua natureza, constitui ele uma espécie de
defesa (contestação), com a pretensão de combater a prova escrita na perspectiva de evitar a
formação do título executivo judicial; Quanto ao prazo, serão os embargos propostos em 15
(quinze) dias; quanto ao conteúdo, poderão versar a imprestabilidade do documento como
fundamento da monitória, em virtude de não evidenciar a intenção de pagar ou entregar coisa.
ATENÇÃO!
Duas observações devem aqui ser consignadas:
Em primeiro lugar, nada impede a apresentação de reconvenção no procedimento
monitório, consoante os termos do artigo 702, § 6o, CPC.
A segunda observação é no sentido de que cabe ação Monitória em face da Fazenda
Pública. Embora surgissem vozes no sentido de não vislumbrar a possibilidade, ante a
normatividade dos precatórios, hoje o posicionamento é uniforme no sentido de permitir a
monitória em face da Fazenda Pública, como processo de formação abreviado do título judicial.
Isto quer dizer que a especialidade vai até a formação do título, de modo a respeitar,
posteriormente o preceituado para a execução contra a fazenda pública. O CPC de 2015, seguiu
esta trilha, ao permitir o manejo da monitória em face da fazenda pública (art. 700, § 6o, CPC).
APELAÇÃO
A) Definição
B) Objeto
Apesar de atacar a sentença, o recurso em exame poderá versar sobre matérias contidas
na sentença ou em decisões interlocutórias não sujeitas a agravo de instrumento. Vejamos:
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→ matérias decididas na sentença: conforme salientado, o recurso em análise é apto
a atacar sentença seja ela de mérito ou terminativa.
Interposto o recurso, o tribunal estará adstrito à análise da matéria que é objeto da
impugnação recursal, nos limites, é claro, do objeto da ação (regra do tantum devolutum quantum
apellatum). É o que se chama de “efeito devolutivo em extensão” da apelação (prisma horizontal).
Entretanto, dentro da limitação imposta, o tribunal poderá visitar todos os argumentos
que foram levantados pelas partes (“questões suscitadas”), mesmo que tais espécies não
tenham sido objeto de análise da sentença ou do instrumento recursal, tudo com vistas a proferir
uma decisão qualitativa. É o que se chama de “efeito devolutivo em profundidade” da apelação
(prisma vertical).
Reforçando tal circunstância, o legislador apontou que, quando o pedido ou a defesa
tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal
o conhecimento das demais.
É o que ocorre, por exemplo, quando o juízo de primeiro grau julga a improcedência do
pedido ao acolher o argumento de pagamento da dívida. O autor apela e o tribunal julga
improvida a sua apelação, porém com fundamento no pagamento. Perceba que ambos os
argumentos- pagamento e prescrição- foram levantados na peça de defesa, porém apenas um
deles havia sido acolhido pela sentença.
O recurso de apelação veicula pelo menos um dos seguintes vícios:
# Error in procedendo: diz respeito à desobediência de normas ligadas ao procedimento
(ex: julgar antecipadamente a lide quando não era o caso, visto que existia prova a ser produzida
a favor do prejudicado)
# Error in judicando: ligados ao juízo de mérito (ex: má valoração de provas, como no
julgamento baseado em depoimento de única testemunha de acidente, quando comprovado
robustamente por perícia a culpabilidade da parte declarada vencedora na sentença).
C) Formalidades
O recurso de apelação obedecerá as seguintes formalidades:
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impedimento, poderá o magistrado relevar a pena de deserção (ex: agência bancária encerra
expediente forense mais cedo ou advogado que fora assaltado).
D) Efeitos
ATENÇÃO!
No artigo 1.012, § 1o do CPC, o legislador tratou de estabelecer o efeito tão somente
devolutivo no recurso em análise, haja vista a natureza emergencial das matérias nele
veiculadas, de modo que a concessão de efeito suspensivo em tais situações poderia acarretar
lesão a direitos. Assim, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a
sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III
- extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga
procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela
provisória; VI - decreta a interdição.
E) Processamento
Até que seja julgado, o recurso de apelação percorre um caminho que vai desde o juízo
de primeiro grau até o de segundo (tribunal). Assim, o percurso é desenvolvido da seguinte
forma:
ATENÇÃO!
Caso a apelação seja interposta contra sentença que indeferiu a petição inicial (artigo
331, CPC) ou julgou a improcedência liminar (artigo 332, § 3o CPC), é possível que, apresentado
o recurso, o magistrado venha exercer seu juízo de retratação, no prazo de 5 (cinco) dias.
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→ No juízo de segundo grau:
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Existe uma série de comandos judiciais que, embora não ponham fim à relação
processual, acabam por criar gravame ou inconveniente a uma das partes, contra a qual o
decisório foi emitido.
Para todos os casos, cabível será a interposição do recurso de agravo de instrumento.
A) Definição
B) Objeto
Do conceito supra, verifica-se que o recurso deve ser manejado em face de decisões
interlocutórias expressamente consagradas em lei, em especial pelo Código de Processo Civil
(artigo 1.015).
De acordo com o artigo 1.015 do CPC, cabe agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição
da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade
jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII -
rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de
terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à
execução; XI - redistribuição do ônus da prova.
As decisões interlocutórias que não sejam suscetíveis de agravo não serão atingidas
pela preclusão, podendo ser atacadas em futura preliminar de apelação ou nas contrarrazões da
apelação (artigo 1.009, § 1º, CPC). Assim, imagine que o juiz, no curso do processo, proferiu
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decisão interlocutória excluindo uma testemunha arrolada pelo réu. Como tal decisão não está
sujeita ao agravo de instrumento, por não constar no rol do artigo 1.015, a parte não poderá
agravar. Destarte, o mesma deverá esperar a futura prolação da sentença e, sendo a mesmo
desfavorável a ele, poderá apelar e, em preliminar, suscitar a nulidade da decisão interlocutória
que negara a oitiva de sua testemunha.
Questão interessante é a que diz respeito à natureza do aludido rol do artigo 1.015, CPC:
seria ele taxativo ou meramente exemplificativo? Bem, a princípio, o intento do legislador foi
estabelecer um taxativo, evitando, no decorrer do processo judicial, a proliferação de agravos no
âmbito do tribunal.
Ocorre que a realidade é bem mais “rica” que a teoria. Com o tempo, percebeu-se que
existiam diversas decisões interlocutórias que, embora não constassem no rol do artigo 1.015,
CPC, precisavam ser imediatamente levadas ao conhecimento do tribunal. A demora poderia
representar a inutilidade de sua apreciação apenas por ocasião de futura apelação.
Imagine, por exemplo, que alguém requeresse o sigilo no processamento do feito e este
fosse negado pelo juiz. Caso essa decisão (que não consta no rol do artigo 1.015, CPC) somente
fosse apreciada por ocasião de futura apelação, de nada adiantaria, uma vez que os dados que
deveriam ser sigilosos já teriam sido expostos no transcorrer da relação processual.
Outro exemplo é o que diz respeito à decisão que rejeita a alegação de incompetência.
Como ela não consta do rol do artigo 1.015 do CPC, não poderia ser combatida de imediato
através do agravo de instrumento. Mas, perceba que se apenas a mesma for apreciada ao final
do processo, quando da interposição do recurso de apelação, toda uma sequência de atos
processuais poderá restar inútil se praticada por um juízo que, de fato, era incompetente.
Em virtude das aludidas incongruências, o Superior Tribunal de Justiça, por sua corte
especial, quando do julgamento dos recursos especiais repetitivos de Nº 1.696.396 e 1.704.520,
da lavra da Ministra Nancy Andrighi, adotou a chamada tese da taxatividade mitigada. De acordo
com o julgado, o rol do artigo 1.015 é, de fato, taxativo, mas será possível interpor agravo de
instrumento todas as vezes que a questão necessitar ser levada de imediato ao conhecimento
do tribunal, dada a inutilidade da apreciação por ocasião de futura apelação.
Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase
de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.
C) Formalidades e Processamento
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recebimento; IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista
em lei.
Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou
similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.
O preparo deverá ser comprovado no ato de interposição do recurso, incluídos os
valores relativos ao porte de remessa e retorno (que são despesas com o deslocamento do
recurso), conforme tabela publicada pelos tribunais.
Deve o agravante, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do recurso, requerer
a juntada, ao juízo de primeiro grau, cópia da petição do agravo, do comprovante de sua
interposição, além da relação dos documentos que instruíram o recurso, sob pena de não
conhecimento do agravo, desde que arguido e provado pelo agravado. O objetivo, aqui, é
possibilitar ao magistrado o exercício de sua retratação, após o conhecimento do inconformismo
da parte recorrente. Se assim o fizer, o recurso estará prejudicado (art. 1.018, § 1o, CPC).
Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o
caso de imediata negativa de seguimento ou concessão imediata de provimento ou seguimento,
o relator, no prazo de 5 (cinco) dias, poderá adotar as seguintes posturas: I - atribuir efeito
suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão
recursal, comunicando ao juiz sua decisão; II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente,
por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da
Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no
prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao
julgamento do recurso; III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por
meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15
(quinze) dias.
Adotas as providências necessárias, o relator solicitará dia para julgamento em prazo
não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
O princípio do amplo acesso é atendido na medida em que o cidadão não apenas extrai
do poder judiciário um decisório qualquer, mas uma decisão límpida, despida de qualquer vício
que possa dificultar a postulação ou defesa de direitos perante o aparato estatal.
Pensando nisso, o legislador previu os embargos de declaração como instrumento
apropriado a integrar as decisões judiciais, de modo a expurgar eventuais vícios (obscuridade,
omissão ou contradição) que a mesma venha possuir.
O recurso em tela classifica-se como espécie intermediária, na medida em que o mesmo
se situa entre a sentença e a apelação, o acórdão e o RESP ou REX; entre a decisão
interlocutória e o agravo de instrumento.
A) Conceito
É o remédio recursal, previsto nos artigos 1.022 a 1.026 do CPC, que visa integrar
decisório judicial (sentença, acórdão, decisão interlocutória e decisão monocrática), sanando
obscuridade, omissão ou contradição existente.
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O recurso será apresentado quando a decisão contiver um dos seguintes vícios:
→ obscuridade: a obscuridade surge de decisão incompreensível, ininteligível, como
quando o magistrado transcreve considerações acerca de um possível direito que teria alguma
das partes (benfeitorias, por exemplo) e, ao final, se omite no pronunciamento da questão. Ou
mesmo no caso de quando o julgador, não obstante tenha sido postulado danos morais e
estéticos separadamente, atribui condenação de único montante a ambos, impossibilitando a
compreensão do quantum dirigido a cada dano.
→ omissão: ocorre quando o magistrado deixa de apreciar questões relevantes,
arguidas pelas partes. Certamente que o magistrado não está obrigado a apreciar todas as
questões levantadas pelos litigantes.
Porém existem aquelas que possuem suma relevância de modo a poder influenciar,
inclusive, no julgamento da questão controvertida (por exemplo, pronúncia do magistrado acerca
de condenação do vencido em custas e honorários advocatícios, a existência de caso fortuito,
prescrição, culpa exclusiva da vítima, etc.). É por isso que, não raro, a omissão é a causa ou
condição que possibilitar o manejo dos embargos de declaração com efeitos modificativos.
→ contradição: ocorre geralmente quando há uma contraposição entre o raciocínio
veiculado na fundamentação e o resultado emitido no dispositivo do decisório (por exemplo, no
corpo da sentença o magistrado transcreve raciocínio que indica o deferimento de determinado
título e, na parte dispositiva, o indefere, ou vice-versa).
→ erro material: o CPC/2015 passou a admitir o manejo dos embargos declaratórios
quando houver mero erro material.
C) Efeitos
D) Processamento
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Exemplo clássico é o do magistrado que se esquece de apreciar a alegação de
prescrição, julgando a demanda procedente. Aviando os embargos, o réu solicita manifestação
jurisdicional sobre a questão, seja para negá-la, seja para acolhê-la. Verifique que, declarando a
existência da prescrição, o resto do decisório restará comprometido.
Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. É o que a
doutrina chama de princípio da complementariedade.
G) Embargos e prequestionamento
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