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Direito processual civil

10/02/2015

Processo de conhecimento
O processo de conhecimento se divide em procedimentos.

1. Procedimentos

Procedimento é a concatenação de atos praticados em juízo que tem por finalidade culminar
em uma sentença onde se visa reestabelecer o direito violado.

O procedimento é divido em duas partes, quais sejam: procedimento comum e procedimento


especial.

1.1.Procedimento comum:
a. Ordinário: É o mais completo, mais eficiente, porém, o mais complexo e moroso.
Aplica-se as regras do procedimento comum ordinário de forma supletiva à todos os
demais procedimentos, tanto ao sumário quanto aos especiais.

O procedimento comum ordinário é dividido em 4 fases:

 Postulatória:

No NCPC (Novo Código de Processo Civil) houveram alterações substanciais.

Exemplo: No Código vigente dividimos o processo em 4 fases:

Na fase postulatória (CPC vigente):

Essa fase é iniciada com a distribuição da Petição inicial, seguida do despacho inicial do juiz.

Diante do já estudado, há de se questionar: Se o autor não atribuiu valor à causa, o que o juiz
fara no despacho inicial? Determinará a intimação do autor para que ele emende a Petição
Inicial. Verificando o juiz que o autor carece do direito de ação, que providência será tomada
pelo juiz? O juiz extinguirá o processo sem a resolução do mérito.

O NCPC prevê que, para qualquer vício ou irregularidades, deverá o juiz determinar a
intimação do autor para emendar a Petição Inicial, sanando as irregularidades, sob pena de
não o fazendo extinguir o processo sem resolução do mérito, permitindo inclusive que o autor
regularize eventual carência do direito de ação (à Exceção, por óbvio, do pedido juridicamente
impossível, onde restará apenas a extinção do processo, de plano). O legislador quis aqui
aproveitar os atos já praticados em juízo.

Exemplo de possibilidade de regularização da Petição Inicial em que há carência do direito de


ação no NCPC:

Num determinado contrato bancário, onde temos o devedor principal e o fiador (casado). Se o
fiador é casado, o cônjuge deve anuir. O credor, por um lapso, ingressou em juízo contra o
cônjuge anuente, porém este não poderia ter sido posto como réu na relação jurídica
processual, visto que é corresponsável no contrato de fiação. Não podemos confundir cônjuge
anuente com cofiador, com codevedor. Somente poderia ter sido posta como ré caso seu
nome tivesse constado no contrato de fiação como um dos fiadores. De acordo com o CPC em
vigência, caberia aqui a extinção do processo de plano pelo juiz, haja vista que o autor carece
do direito de ação na modalidade legitimidade passiva “ad causam”, pois a esposa do fiador
não seria parte legítima para figurar o polo passivo da relação jurídica processual. Já de acordo
com o NCPC, deverá o juiz intimar o ator para regularizar a Petição Inicial, sob pena de não o
fazendo, extinguir o processo sem a resolução do mérito, sendo assim aproveitados os atos já
praticados no processo.

No atual CPC, caso o despacho inicial seja positivo, teremos a citação do réu. O réu será citado
para apresentar resposta e, quando falamos em apresentar resposta, abordamos as diversas
modalidades de resposta.

São modalidades de resposta, devendo serem apresentadas no prazo de 15 dias (contados da


juntada do mandato de citação aos autos):

 Contestação (antítese à tese apresentada pelo autor);


 Reconvenção (ação autônoma) no mesmo processo em que foi demandado, onde se
busca contra-atacar os pedidos formulador pelo autor. A reconvenção apresenta
regras específicas;
 Impugnação à gratuidade;
 Impugnação ao valor da causa;
 Exceção de incompetência territorial;

De acordo com o NCPC, após ser distribuída a Petição Inicial, o juiz proferirá o despacho inicial
(flexível, com a possibilidade de aproveitar os atos já praticados), devendo citar o réu, que é
citado para comparecer em uma audiência, para que haja a tentativa de conciliação entre as
partes, ou seja, haverá audiência de conciliação, e, sendo esta infrutífera, então será
concedido o prazo de 15 dias para o réu apresentar resposta. Se não houver comparecimento
das partes em audiência, entenderemos apenas que não houve interesse em conciliação por
uma ou ambas as partes.

Se o réu quiser contra-atacar, poderá formular pedidos contrapostos na própria contestação,


eliminando os incidentes que dificultam a marcha processual. Ainda na própria contestação
poderá ser impugnada a gratuidade, o valor da causa e a incompetência territorial.

b. Sumário (art. 275, CPC): Tem por finalidade ser mais rápido, mais célere, atos
concentrados. Quando não for possível aplicar o procedimento sumário, então aplica-
se o procedimento ordinário.
1.2.Procedimento especial:

É classificado de duas maneiras, quais sejam, quanto à sua codificação (codificado ou não
codificado) e quanto à jurisdição (jurisdição voluntária e jurisdição contenciosa).
1.2.1. Classificação quanto à codificação no procedimento especial:
a. Procedimento especial codificado: Procedimento especial contemplado em texto de
Lei.

O inventário é um procedimento comum ou especial? Como podemos diferenciar um do


outro?

No livro IV do CPC temos os procedimentos especiais, que serão aplicados quando um conflito
apresenta particularidades contempladas no procedimento especial.

Exemplo: Um cidadão faleceu. Automaticamente se transfere o patrimônio aos herdeiros. A


transferência é imediata, porém a formalização perante os registros públicos não se dá de
forma imediata. Dependemos de um processo de inventário. O processo de inventário é um
procedimento especial, que está no CPC, ou seja, é um procedimento especial codificado.

b. Procedimento especial não-codificado: Procedimento especial não contemplado em


texto de Lei.

Exemplo: O JEC (Juizado Especial Cível) é um procedimento especial que não se encontra
dentro do CPC, ou seja, ele é um procedimento especial não-codificado.

1.2.2. Classificação quanto à jurisdição no procedimento especial:


a. Procedimento especial de jurisdição voluntária:

Aqui não existe lide (conflito de interesses), ou seja, os polos do processo não são ocupados
por partes conflitantes, mas sim por interessados. Não existe também coisa julgada material,
mas coisa julgada formal.

Exemplo: Separação consensual – procedimento especial codificado – (também tratada no


livro IV do CPC), pois, se é consensual, o casal está de acordo com a separação e as cláusulas
obrigatórias (guarda do filho (quando houver), pensão alimentícia, etc).

No entanto, cabe aqui atenção especial à EC 66, que prevê : “Para se separar, basta estar
casado”, ou seja, o que antes era indissolúvel, passou a ser dissolúvel pelo casamento. Antes
da EC 66, para a pessoa se divorciar, ela tinha duas possibilidades:

 Se separar, aguardar um ano e pedir a conversão da separação em divórcio;


 Ficar separada de fato, por dois anos e pedir o divórcio direto.

Isso causou discussão entre os juízes, onde alguns entendiam que não havia mais separação
(porque se, para se separar basta estar casado, não haveria mais interesse de agir nessa
situação), enquanto outros juízes entendiam que continuava existindo a separação (porque
fica a critério dos cônjuges, pois, se separado o casal por algum tempo, podem decidir se
realmente querem se divorciar).

O NCPC (Novo Código de Processo Civil) trata de forma expressa: “O casal poderá requer a
separação ou o divórcio”. Isso poderá ser um problema, pois haverá uma Lei Federal (NCPC)
conflitando com uma norma Constitucional (EC 66).
b. Procedimento especial de jurisdição contenciosa:

Aqui falamos em conflito de interesses, logo, os polos do processo serão ocupados por partes
antagônicas. E a sentença proferida fará coisa julgada material.

Exemplo 1: O processo de inventário é um procedimento especial codificado de jurisdição


contenciosa, ainda que os herdeiros estiverem de acordo e não houver conflito (vide livro IV
do CPC – que trata acerca dos procedimentos de jurisdição voluntária e contenciosa – onde
dentro dos procedimentos de jurisdição contenciosa encontramos o processo de inventário).
Haverá sempre interesses antagônicos no processo de inventário, pois, têm-se que pagar
tributos, ou seja, há interesse do Estado. As partes aqui são o(s) contribuinte(s) e o FISCO.

Exemplo 2: Processo de indenização por meio do JEC (procedimento especial não-codificado),


pois, são aqui tratados interesses antagônicos, logo, os polos do processo são ocupados por
partes antagônicas.

2. Processos nos Tribunais

Há uma tendência em nosso sistema jurídico em supervalorizar precedentes jurisprudenciais.


Temos hoje a súmula vinculante, Recursos repetitivos, ações idênticas.

O Estudo aqui não será o estudado na doutrina, pois, não destacam a importância dos
precedentes jurisprudenciais.

11/02/2015

Procedimento comum ordinário


O processo se divide em quatro partes, quais sejam: Fase postulatória, fase saneadora, fase
instrutória e fase decisória.

1. Fase postulatória:

A fase postulatória se inicia com a distribuição da Petição Inicial.

1.1.Petição Inicial

Na petição inicial devemos observar o previsto nos arts. 282 e 283, CPC – Requisitos para
elaboração da Petição Inicial. ATENÇÃO ao art. 282, VI (Art. 282. A petição inicial indicará: VI -
as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados).

O autor na Petição Inicial deverá indicar as provas ou poderá apenas protestar por provas?

Podemos protestar por provas, pois, admite-se um protesto genérico, ou seja, quando
elaboramos a Petição Inicial, utilizamos um § “chavão”: Protesto provar o alegado por todas as
provas permitidas em Direito, as quais serão especificadas no momento processual oportuno.
Isso porque no procedimento comum ordinário temos uma fase (um momento), próprio para a
indicação das provas que se pretende produzir. Sendo assim, utilizando-se de um protesto
genérico, poderá o autor protestar por provas na Petição Inicial e o autor na Contestação.

No entanto, não devemos confundir o protesto por provas com arrolar testemunhas, pois,
esta, deverá ocorrer já na Petição inicial, devendo conter os dados de cada uma das
testemunhas arroladas.

1.2. Despacho inicial (despacho preliminar)

O despacho inicial consiste em um ato do juiz, que tem por finalidade deferir ou indeferir a
Petição Inicial, extinguir o processo ou determinar a intimação do autor para que regularize a
Petição Inicial. O Despacho Inicial tem natureza jurídica de decisão interlocutória.

Quando do deferimento da Petição Inicial: Verificando o juiz que foram atendidos os requisitos
do art. 282 e 283 (documentos obrigatórios), condições da ação pressupostos processuais, a
Petição Inicial será deferida. O deferimento da Petição Inicial viabiliza a citação do réu.

Outra providência possível quando do Despacho Inicial: Verificando o juiz que há prescrição,
decadência, carência do direito de ação ou inépcia da Petição inicial, o juiz extinguirá o
processo, indeferindo a Petição Inicial. O Indeferimento da Petição Inicial acarreta a extinção
do processo, podendo ser extinta com ou sem a resolução do mérito, avaliando cada caso em
concreto.

Exemplo: Verificando o juiz que já houve prescrição ou decadência, falamos em extinção com a
resolução do mérito, e, consequentemente, falamos em sentença definitiva. Qual a natureza
jurídica do provimento jurisdicional que acarreta a extinção do processo no Despacho Inicial?
Tem natureza jurídica de sentença, que poderá ser com resolução do mérito caso constate o
juiz a prescrição ou decadência e carência do direito de ação, quando será uma sentença
definitiva, ou sem resolução do mérito se tratar-se de ausência de pressupostos processuais
positivos ou presença de pressupostos processuais negativos, quando será uma sentença
terminativa.

Há outra providência possível no Despacho Inicial?

Sim, a emenda da Petição Inicial, constante no art. 284, CPC – Verificando o juiz que a Petição
Inicial não preenche as condições previstas nos arts. 282 e 283, CPC, e constando que há
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito determinará que o autor
complete, no prazo de 10 dias – Então, verificando o juiz que a Petição Inicial não apresenta
causa de pedir, não aplicará o artigo 284, mas determinará a extinção do processo. Porém,
caso constate o juiz que não houve menção ao nome do réu, o juiz determinará a emenda da
Petição Inicial, aplicando o art. 284.

Existe mais alguma possibilidade no Despacho Inicial?

No despacho inicial, podemos ainda ter o indeferimento total ou liminar dos pedidos
formulados pelo autor – Art. 285-A, CPC – Trata da improcedência total e liminar dos pedidos
formulados pelo autor.

Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver
sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser
dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.

§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter
a sentença e determinar o prosseguimento da ação.

§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao
recurso.

Exemplo: Ação de “desaposentação”. Caso o juiz constate o juiz que já houveram, pelo menos
dois julgados idênticos na mesma vara, poderá extinguir de plano o processo, indeferindo
totalmente os pedidos formulados pelo autor, quando haverá a estabilização da relação
jurídica processual. Nesse caso, se o autor não se conformar, poderá recorrer. E, se o autor
recorrer, o juiz poderá se retratar no prazo de 5 dias. Se o juiz não se retratar, determinará a
citação do réu, que será citado para apresentar as contrarrazões recursais. O réu, nesse caso,
não será citado para contestar, mas sim, para apresentar contrarrazões recursais. Os autos
serão remetidos para o Tribunal. Caso o Tribunal acolha o recurso e reforme a sentença, os
autos retornam à 1ª instância, e então o réu será intimado para apresentar as respostas. Nessa
intimação o juiz não fará constar que o réu terá 15 dias para apresentar as respostas, e a
intimação ocorrerá pela Imprensa Oficial.

1.3.Citação

Após o Despacho Inicial positivo, o réu será citado para apresentar resposta em juízo no prazo
de 15 dias após o mandado de citação ser juntado aos autos do processo.

Existem quatro formas de citação previstas no CPC, que estão contempladas em seus arts. 222
a 233, quais sejam:

 Correio (A.R.) – Esta é a regra para citação;


 Oficial de justiça;
 Meio eletrônico;
 Edital

Caso não seja observado o meio adequado para citação (previsto no CPC), atendendo o meio
adverso sua finalidade, não haverá óbice para que o processo continue tramitando
normalmente. Ou seja, caso o réu acate a intimação e compareça em juízo, o vício restará
sanado.

1.4.Respostas

O prazo para apresentação de resposta do réu, será em regra, de 15 dias após a juntada aos
autos do mandado de citação – ou da juntada aos autos do último mandado de citação, nos
casos em que há litisconsórcio – (art. 241, CPC), conforme previsto no art. 297, devendo serem
observados também o disposto nos arts. 191 (prazo em dobro quando há litisconsórcio passivo
em que, os réus estejam representados por procuradores distintos) e 188 (prazo em quádruplo
para contestar e em dobro para recorrer quando no polo passivo constar a Fazenda Pública ou
o Ministério Público).
Formas de resposta:

Art. 297 (ressalvadas exceções)

 Contestação;

Compete ao réu alegar na contestação, toda matéria de defesa (art. 300, CPC) – Princípio da
concentração (ou Princípio da eventualidade), ou seja, deve-se concentrar toda a matéria
defensiva. Esse é o momento processual oportuno. Não confundir esse princípio com o
Princípio da substanciação (relacionado à Petição Inicial) – Recebe esse nome pois, na Petição
Inicial devemos expor de forma substanciosos, não basta expormos fatos, temos que expor os
fundamentos jurídicos, ou seja, por de forma detalhado e que encontram amparo no
ordenamento jurídico nossos pedidos.

Na contestação formulamos a defesa processual e a defesa meritória.

Defesa processual: Somente arguiremos se houver obstáculo processual – art. 301, CPC –
Questões preliminares ao mérito.

Exemplo: Antes de ingressar em juízo, deveria o autor ter constituído a mora, ou notificado o
réu, ou ter tentado resolver o problema de forma extra-judicial. O réu contestará alegando
como defesa processual que nunca foi procurado pelo autor, e no contrato constava que
deveriam as partes notificar a outra antes de ingressar em juízo, logo, carece do direito de
ação o autor, na modalidade interesse de agir.

Exemplo 2: O autor demanda contra o réu e, este alega que nada deve, pois, a dívida foi
novada, logo, a dívida vencida foi substituída, onde falta aqui também o interesse de agir.

Caso o juiz acolha a defesa processual, o processo será extinto sem a resolução do mérito,
pois, o mesmo não chegou a ser apreciado.

Poderá ainda a defesa processual ser direta ou indireta.

Defesa direta: O réu se insurge contra o pedido de forma frontal. Quando o réu ataca o fato
constitutivo do autor, também é uma defesa direta.

Defesa indireta: O réu invoca a prescrição como defesa, ou então que houve novação
contratual, pois está alegando um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.

Defesa meritória: Aqui atacamos os fatos e os pedidos constantes na Petição Inicial. Caso não
seja acolhida a defesa processual, analisando a defesa meritória e acolhendo-a, o juiz
extinguirá o processo com a resolução do mérito.

Caso o réu constate prescrição e decadência, deverão ser alegadas na defesa meritória, pois,
trata-se de preliminar DE mérito e não AO mérito (vide art. 269, IV, CPC).

Sobre o ônus da prova (art. 333, I e II, CPC) na contestação:


O ônus da prova incumbe a quem alega. CUIDADO, pois, na contestação, dependendo da linha
defensiva, o réu atrai para si o ônus de provar o alegado.

Exemplo: O autor ingressou com ação de cobrança, alegando que o réu deve um determinada
importância. Quando o réu alega que nada deve e a dívida já foi paga, estamos diante de
defesa meritória, pois, se o juiz acolher a defesa do réu, o pedido do autor será julgado
improcedente. Então, nesse caso, o réu terá de provar que a dívida já foi paga.

 Exceção;
 Reconvenção

Faltam:

 Impugnações;
 Ação Declaratória Incidental

24/02/2015
Contestação (continuação)

Defesa processual:

Defesa peremptória: É aquela que acarreta a extinção do processo sem a resolução do mérito
(art. 301, IV);

Defesa dilatória: É aquele em que é possível a intimação do autor para regularizar a Petição
Inicial (art. 284, CPC), e, caso não seja regularizado o vício, o processo será extinto sem a
resolução do mérito.

Convenção de arbitragem: Forma alternativa de solucionar conflito. Haverá quando as partes


tiverem pactuado antes. O invés de ingressar no judiciário, pode-se ingressar com a
arbitragem, que gera economia processual e temporal.

É comum a convenção de arbitragem em contratos interempresariais.

Qualquer pessoa pode ser árbitro, desde que seja maior, capaz e que seja da confiança de
ambas as partes. Poderá ocorrer mais de um árbitro por processo, mas sempre em número
ímpar.

A sentença proferida em sede de arbitragem gera título executivo JUDICIAL, pois, tem o
mesmo valor da sentença proferida por um juiz togado (previsão no artigo 475-N). Não cabe
recurso contra sentença arbitral. E se comprovada a parcialidade do árbitro? Há a possibilidade
de ingressar no judiciário requerendo a nulidade da sentença prolatada pelo juiz arbitral.
Nesse caso, o juiz deverá declarar a nulidade da sentença arbitral, mas não pode julgar o
mérito do processo, mas deverão as partes ingressarem com a ação submetendo-se a outro
árbitro.
Qual o risco assumido pelo autor se, mesmo constando cláusula de arbitragem no contrato
ingressar em juízo? O risco de arcar com os honorários sucumbenciais.

Se o réu não manifestar a cláusula de arbitragem, o processo continuará tramitando no


Judiciário (art. 267, § 3º).

Não observamos na arbitragem um rito rígido como o rito ordinário. O árbitro não precisa ser
conhecedor do direito, basta se valer da equidade.

Caso a parte vencedora no processo regido pela arbitragem se depare com a resistência da
parte vencida, deverá ingressar com um processo de EXECUÇÃO no Judiciário, requerendo o
cumprimento do título executivo (sentença prolatada pelo juiz arbitral).

O art. 267, § 3º, in fine, faz-se necessária uma observação, que temos que tomar cuidado,
porque fala em preliminares, e que, se não arguidas essas preliminares por falha do advogado
do réu e o processo continuar tramitando e 3 meses depois o juiz constata litispendência,
carência do direito de ação, etc., nesses casos, o réu será punido? Sim, responderá pelas custas
de retardamento. A primeira oportunidade que o réu tem de falar nos autos é na contestação,
logo, deve verificar se há preliminares. Sempre ao contestarmos, devemos verificar o caso em
concreto e o art. 267. Podemos alegar quantas forem necessárias as defesas preliminares.
Suscitamos a prescrição e decadência no âmbito meritório.

Finalizando o art. 301 (vide inciso XI).

Pode uma empresa estrangeira demandar em território brasileiro? Sim, se tiver sede aqui. E se
não tiver sede no Brasil, mas tiver contratado com outra empresa brasileira? Existe alguma
exigência para demandar em território nacional? Sim, deverá prestar caução idônea (vincula
um bem como garantia ou deposita em conta judicial o valor suficiente para arcar com as
verbas de sucumbência). Se a empresa estrangeira se deparar com a improcedência do seu
pedido e não tiver caucionado o processo, para que o réu possa exigir o pagamento das verbas
de sucumbência deverá ingressar com um processo de execução por carta rogatória.

Nesse caso, quando da contestação, o réu poderá alegar em preliminares o art. 301, XI, CPC,
sob pena de descumprimento do autor à regularização da Petição Inicial, extinguir o juiz a ação
sem a resolução do mérito.

Podemos ter na contestação defesa direta e indireta (como já tratada anteriormente.

Na defesa direta o réu se insurge contra o pedido de forma frontal.

Exemplo: O autor alega que houve um contrato de compra e venda onde entregou o produto e
não recebeu o preço. O réu conteste e alega que foi celebrado om contrato, o produto foi
entregue, porém efetuou o pagamento, e apresenta o comprovante de pagamento.

Na defesa indireta, há um tangenciamento ao objeto, ou seja, o réu alega outros fatos, outros
institutos para afastar o alegado pelo autor.
Exemplo: O réu diz que o autor alega ter existido uma relação contratual. De fato existiu,
porém, a dívida encontra-se prescrita. Se há prescrição, a obrigação que era civil, passou a ser
uma obrigação natural.

Quando o autor alegou que existiu relação contratual onde houve a entrega do produto e não
houve pagamento, incumbe ao autor provar que não houve pagamento por parte do réu.
Quando o réu alega o pagamento da dívida, ele está alegando um fato negativo do direito do
autor. Logo, quando ataca o fato constitutivo do direito do autor, estamos diante de uma
defesa direta.

Exemplo 2: Dívida novada, ou seja, se o autor alega mora no pagamento por parte do réu, este
poderá arguir em preliminares ao mérito que há sim uma dívida, porém, esta foi novada, ou
seja, as dívidas são vincendas e não vencidas. Nesse caso o autor não está negando a dívida,
mas se o juiz constatar que houve novação, haverá extinção do processo sem a resolução do
mérito.

Nesse exemplo, onde o réu alega que não pagará a dívida porque essa está prescrita, ele está
invocando um fato extintivo do direito do autor, ou seja, não está atacando o pedido do autor,
mas sim o instrumento (processo) através da prescrição, ou seja, a não obrigação do dever de
cumprir o pactuado por já ter prescrita dívida. Nesse caso, não está atacando frontalmente o
pedido do autor, logo, é uma defesa indireta.

A doutrina diferencia a defesa direta e indireta fazendo uma relação ao art. 333, CPC – trata do
ônus da prova.

Quando o réu invoca o art. 333, I, defesa direta, e, quando ataca o inciso III, estamos diante de
uma defesa indireta.

ATENÇÃO:

O autor alegou que havia um contrato entre ele e o réu, alegando que tem o direito de receber
determinado valor. O réu alega que já pagou a dívida. Quem te o ônus de provar o alegado? O
réu tem o ônus de provar que já pagou a dívida.

Outra situação: O autor alega que houve um contrato, e o réu alega que não houve relação
contratual. Nesse caso, o autor é quem tem que provar que houve relação jurídica contratual
entre eles. Se o autor não conseguir aplicar o fato constitutivo do direito do réu, então o juiz
julgará improcedente os pedidos do autor.

Ao elaborar a contestação, ao partimos para a defesa meritória, devemos tomar o cuidado de


avaliar todas as teses possíveis.

Se há fatos novos provados por documentos, a parte prejudicada tem o direito de se


manifestar, quando será cabível à parte contrária a produção de contra-prova.

 Reconvenção:
Na reconvenção o réu formula pedido condenatório contra o autor.

Quando o réu tem interesse em formular pedidos condenatórios contra o autor, há duas
opções: Ou aguarda o trânsito em julgado do processo em trâmite, e, após ingressa com um
outro processo, ou ingressa com uma ação reconvencional (autônoma), no mesmo processo
em que é réu, quando passará a ser denominado réu reconvinte, e o autor passará a ser
denominado autor reconvindo.

Temos na reconvenção pedidos cumulados, pois há pedidos formulados na ação principal e na


ação reconvencional, e, como há pedidos cumulados, podemos concluir que a reconvenção
viabiliza a cumulação objetiva (reunião de ações em um mesmo processo). Não é possível
confundir com cumulação subjetiva, pois, esta é a reunião de pessoas (litisconsórcio).

Requisitos para reconvir:

 Exista conexão entre o pedido formulado na reconvenção e os fundamentos da


defesa;
 Afinidade (Exemplo: Entre A e B existe uma relação contratual, onde A
ingressou em juízo e formulou um pedido, de rescisão contratual, alegando
que o réu descumpriu o contrato, e como no contrato consta uma multa, o réu
terá de pagar a multa. O réu, citado, apresenta a contestação, onde arguiu que
não violou o contrato, não havendo que se falar em pagamento da multa.
Nesse caso, o réu indignado diz ao advogado que o autor alegou em juízo que
ele havia descumprido o contrato, mas que não entregou a mercadoria pois
não recebera o pagamento. Na contestação o réu se defendeu. Na
reconvenção o réu pediu a condenação do autor. Existe algum liame entre o
que foi alegado na Petição Inicial e o que está sendo alegado na Petição Inicial
e à petição Inicial reconvencional? Sim, o contrato.
Exemplo 2: A mulher ingressa com ação de separação litigiosa (não entrando
no mérito se existe separação pós-emenda 66), onde alega que quer a
separação pois o réu violou dever matrimonial, incorrendo em injúria grave,
denegrindo sua imagem. O réu contesta dizendo que em momento algum
denegriu a imagem de sua ex-mulher, mas o que houve foi repulsa contra os
xingamentos contra mim proferidos, e, ao se defender, tentou explicar que a
culpada era a mulher. O réu diz ao advogado que o clima insuportável teve
como marco inicial a traição, ou seja, a mulher violou um dever matrimonial,
logo, quem deu causa à separação foi a mulher, e, em sede de reconvenção o
réu requer que seja decretada a separação, mas não pela injúria que à ele foi
imputado, mas pela traição por parte da mulher. Na reconvenção, o réu requer
a condenação da mulher ao pagamento de danos morais.

Qual a importância da reconvenção?

Fundamentos da reconvenção:
1) Economia processual, pois, no mesmo processo resolve-se várias ações, evitando
assim a instauração de um novo processo. No entanto, ao reconvir, o réu também
precisa pagar as custas processuais (taxa judiciária);
2) Segurança Jurídica, pois, o mesmo juiz decidirá as duas lides, ou seja, será neutralizado
o risco de decisões conflitantes.

25/02/2015

 Reconvenção

Para que o réu possa reconvir, há requisitos. Não possibilidade de reconvir se não houver
conexão dos pedidos da ação reconvencional e a defesa na ação principal. O juízo também
precisa ser competente para julgar ambas as ações.

7 ações não admitem a reconvenção, quais sejam:

 As que tramitam perante o procedimento sumário

O procedimento sumário não admite a reconvenção (art. 278, § 1º, CPC). Por que a lei não
admite? Porque poderá o réu pedir a condenação do réu na própria contestação, ou seja,
admite pedido contraposto na própria contestação.

 As que tramitam perante o procedimento sumaríssimo (JEC);

Também não se admite a reconvenção no procedimento sumaríssimo (JEC) Lei 9099/95, art.
31, porque também pode o réu formular pedidos contrapostos.

Essas ações que admitem duas vias (defesa e ataque) são denominadas dúplices ou bifrontes.

 Ação de prestação de contas;

Não admite-se ainda a reconvenção na ação de prestação de contas, porque essa ação é uma
ação de rito especial (Livro IV, CPC) que tem a finalidade de exigir contas ou ofertar conta, logo
a ação pode ser proposta por quem tem o direito de exigir contas ou de quem tem o dever de
prestar contas. O réu nessa ação pode pedir a condenação do autor na mesma ação.

Exemplo: Existe uma empresa em que A é administrador e B é cotista, e este ingressou em


juízo pedindo a prestação de contas de A, que foi citado e se defendeu alegando que nunca
houve recusa em prestar contas, e que tanto era verdade que o requerente não juntou nos
autos documento provando que ele não prestou contas. E ainda alegou que quem deve é o B,
pois, aportou de seu capital particular para pagar contas que eram da sociedade, do autor.
Então A requereu a condenação do autor do capital que aportou.

 Ação de consignação em pagamento;


Também não é admitida a reconvenção na ação de consignação em pagamento, que também
é uma ação de rito especial.

É cabível a ação de consignação e pagamento quando há dúvida quanto a quem pagar, quando
houver risco de pagar mal (quem paga mal paga duas vezes). Então o credor procura o credor
para saldar a dívida, mas alega que não vai dar baixa na conta. Nesse caso, o devedor não
deverá efetuar o pagamento, pois, se pagar será compelido a pagar novamente. Então o
devedor ingressa com uma ação de consignação em pagamento. Então, se o devedor procura o
credor e admite que o devido é 10, mas o credor diz que o valor devido é 20, e o credor diz que
ou o devedor paga 20 ou nada aceitaria. O réu então deve ingressar com uma ação de
consignação em pagamento. O autor por sua vez alega que a recusa em receber foi justa, pois
não tem obrigação de receber um valor menor. O credor então requer a condenação do
devedor ao pagamento do restante do valor devido.

 Ações possessórias;

Outra ação que não admite a reconvenção são as ações possessórias (gênero de que são
espécies reintegração de posse (quando houver esbulho possessório – privação total da
posse), manutenção de posse (quando houver turbação – privação parcial da posse) e interdito
proibitório (quando se está sob a iminência de turbação ou esbulho – risco iminente da
violação total ou parcial da posse). Entre as ações possessórias, aplica-se o princípio da
fungibilidade, ou seja, não haverá prejuízo caso o juiz entenda que não foi requerido, por
exemplo, a reintegração de posse ao invés da manutenção da posse.

As ações possessórias também não admitem a reconvenção, pois, admitem pedidos


contrapostos. Porém, se o pedido do réu estiver dissociado da posse, aí caberá a reconvenção.

Exemplo: O autor ingressou em juízo contra o réu em uma ação de reintegração de posse,
alegando que o réu praticou esbulho. O réu citado apresentou contestação e na mesma alegou
que não houve esbulho pois, entres eles havia um contrato de comodato que ainda não havia
vencido, e também alega que realizou benfeitorias necessárias, com a anuência do autor, logo,
o autor tem o dever de ressarcir. Esses pedidos contrapostos deverão ser formulados na
própria contestação. Todavia, se o pedido do réu estiver dissociado da posse, então deverá
reconvir, como é o caso de quando o aturo ingressa com ação de reintegração de posse e o réu
se defendeu alegando que houve contrato de comodato realizado entre eles, mas que esse
contrato não foi gratuito (contrato de comodato com encargo – obrigação de fazer), onde o
réu ficou obrigado a cuidar bem da mãe do autor enquanto estivesse com a posse do imóvel.

O autor não respeitando o que foi pactuado nesse contrato ingressou com ação pedindo a
reintegração de posse, então, o réu, inconformado com a atitude do autor, alegou que era
uma ação injusta, já que estava cumprindo com os encargos previstos no contrato. Por tal
motivo, ele então decidiu que não queria mais permanecer no imóvel, mas queria a rescisão
do contrato e que queria receber o valor da multa prevista no contrato. Nesse caso, como o
pedido do réu está dissociado da posse, então ele deverá ingressar com uma ação
reconvencional.
As ações possessórias possuem natureza dúplices ou bifrontes? Sim. E poderá haver
reconvenção? Em regra, não, mas caberá quando o pedido contraposto for dissociado da
posse.

 Ação renovatória de aluguel;

Há ainda outra ação que não admite a reconvenção, que é a ação renovatória de aluguel, que
serve para forçar a renovação do contrato de locação (não residencial).

Exemplo: O locatário realizou um contrato de locação não residencial por um prazo de 5 anos,
e, a 3 anos explora a mesma atividade econômica. Faltando um ano para a resolução do
contrato, notifica o autor de que quer renovar o contrato, pois, nesse local há um ponto
comercial, logo, tem proteção jurídica. O locador não aceita a renovação, alegando que a
atividade econômica exercida pelo locatário é maior que o valor do aluguel.

Se o autor ingressa com ação renovatória, o réu contesta, pedindo para o juiz julgar
improcedente os pedidos formulados pelo autor, alegando que o autor não cumpriu o prazo
para notificação, que deveria ser de 6 meses a 1 ano de antecedência, mas que ocorreu com 2
meses de antecedência. No caso em concreto, caso o juiz julgue improcedentes os pedidos
formulados pelo autor, a consequência lógica será a despensa do imóvel do locatário. E, se
essa é a consequência lógica, não tem porque o réu reconvir.

 Ação de divisão e demarcação de terras

Outra ação que não admite reconvenção é a ação de divisão e demarcação de terras – Tem por
finalidade a demarcar os pontos de confrontação da propriedade, regularizar o imóvel perante
os registros públicos. Essa ação não admite a reconvenção em razão de seu objeto.

Diferenças entre pedidos contrapostos e reconvenção:

A reconvenção tem natureza de ação autônoma. Pedidos contrapostos são formulados na


mesma ação.

A Reconvenção é em petição separada, autônoma. Pedidos contrapostos são formulados na


própria contestação.

Na Reconvenção haverá condenação nas verbas de sucumbência. Os Pedidos contrapostos


não, pois não incidem em uma nova ação.

Na Reconvenção temos que recolher taxa judiciária. Os pedidos contrapostos, não, pois não
incidem em uma nova ação.

Na Reconvenção exige-se como requisitos conexão entre o fundamento da defesa e a ação


principal. Os Pedidos contrapostos devem se opor de forma direta ao pedido formulado pelo
adversário.

Logo, a extensão dos Pedidos contrapostos é menor que a da Reconvenção.


Art. 315, CPC:

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção
seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este
demandar em nome de outrem.

§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)

Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu
procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não
obsta ao prosseguimento da reconvenção.

Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

Atenção ao caput do art. 315:

Trata da legitimidade extraordinária, ou seja, trata do instituto da substituição processual. O


legitimado ordinário é o que demanda em nome próprio direito próprio, e o legitimado
extraordinário é o que demanda em nome próprio direito alheio. O legitimado extraordinário
nada mais é que um substituto processual. Então, se estivermos diante de um substituto
processual, o réu não pode ingressar com a ação reconvencional.

Exemplo: Em uma ACP instaurada pelo MP, proposta contra A, porque alega o MP que tal
cidadão promoveu parcelamento clandestino do solo, alegando que a área rural foi parcelada
de forma ilegal, sem autorização própria. O MP formulou um pedido de liminar, para que o
parcelamento fosse imediatamente cessado e que o réu não pudesse mais vender as glebas de
terra. Então A encontra a prova que o permite parcelar e vender as glebas de terra. O réu,
nesse caso está suportando danos diários, pois, não pode cumprir com o pactuado com os
compradores dos terrenos. A então entende por bem instaurar ação reconvencional, pedindo
ao MP o ressarcimento dos prejuízos causados. Nesse caso, não é possível a ação
reconvencional, pois, o MP, no polo ativo está atuando como legitimado extraordinário, ou
seja, está desempenhando a função de substituto processual, logo, não há a possibilidade de
reconvir.

Exemplo 2: Ação popular de um advogado contra um grupo que administra uma rede de
Shoppings, onde alega a utilização de um terreno público, então, pediu liminarmente à
Fazenda Pública que bloqueasse o valor da transação da compra do terreno. O juiz deferiu a
liminar, determinando o bloqueio da conta do grupo, e, por ora o valor ficaria bloqueado. Esse
grupo suportou prejuízos diários por um bom tempo. Nesse caso, também não á possível o réu
ingressar com ação reconvencional, pois, na ação popular o cidadão defende em nome próprio
interesse alheio, portanto, estamos diante da substituição processual.
Pode-se ter litisconsórcio no âmbito de interesses transindividuais? Sim, por exemplo quando
o MP do Estado de São Paulo atua junto ao MP de Minas Gerais, juntamente com o MP de
Goiás, juntamente com o MP Federal, demandando contra um grupo econômico. Nesse caso,
todos os MPs estão defendendo em nome próprio direito alheio.

Quando estamos diante de interesse de menor, o MP atua apenas como custus legis, porém,
quando estamos diante de tutela de criança ou adolescente, nos termos do ECA, a Lei confere
ao MP legitimidade ativa para tutelar os interesses ainda que seja de uma criança ou de um
adolescente.

Exemplo: Quando uma criança ou adolescente não se encontra matriculado em uma


instituição de Ensino Fundamental, o MP tem legitimidade para defender os interesses
daquela criança? Sim, pois é interesse da família, da sociedade e do Estado zelar pelos
interesses dos menores. Isso ocorre no âmbito do ECA e do CDC – onde o MP pode defender
sozinho os interesses).

Se estamos diante de uma ação que versa sobre interesse patrimonial, e o autor não possui
condições financeiras para arcar com as custas processuais e nem com advogado, procura-se a
defensoria, e ingressou em juízo representado pela defensoria. O réu citado, verifica que quem
deve é o autor. Cabe aqui reconvenção? Sim, pois nesse caso não estamos no âmbito da
legitimidade extraordinária, pois, quem está no polo ativo do processo é a parte defendendo
interesse próprio, e não a defensoria defendendo interesse transindividual.

Art. 316, CPC.

Temos de observar o disposto no art. 299, CPC.

Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças


autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.

Nos interessa a primeira parte do artigo, ou seja, a reconvenção será apresentada


simultaneamente à contestação. Cada uma das ações em peças distintas, autônomas.

Pode o réu somente reconvir e não contestar? Sim, pois, a reconvenção é uma ação autônoma,
porém, na prática, não há lógica para o réu somente reconvir.

No âmbito do processo físico, é fácil imaginar como ocorre. Porém, ocorre com os processos
eletrônicos que devem ser apresentados no menor espaço de tempo possível.

A contestação e a reconvenção serão entranhadas aos autos.

Apresentada a reconvenção e intimado da ação o autor, terá este quinze dias para apresentar
sua defesa (contestação) na ação reconvencional.

O valor da causa na reconvenção.

Valor da causa na ação principal: 100 mil reais.


O réu reconvém, qual será o valor da ação: o valor dos pedidos formulados na reconvenção.

Art. 316

Não cabe citação na reconvenção, pois, trata-se do mesmo processo, e, nesse caso, ambas as
partes já se apresentaram em juízo.

Se o advogado do autor recebeu poderes para foro em geral, pode ingressar com a ação
reconvencional? Basta os poderes para o foro em geral, pois, o simples fato da parte estar
representada por um advogado, já confere a possibilidade do advogado receber a intimação. O
prazo para contestar a reconvenção é de 15 dias. O autor apresenta a defesa da reconvenção.
Teremos então duas ações, duas Petições Iniciais, e apenas uma sentença. Na revelia, nem
sempre a revelia será prejudicial, pois, implicitamente se entende que a Petição Inicial já se
opõe à Petição Inicial reconvencional.

Cabe reconvenção da Reconvenção?

Sim, porém não é viável, pois, “se podemos simplificar, para que complicar?” – Elpídio
Donizete.

Se a discussão chegou a tal ponto, que a parte interessada ingresse com um outro processo,
devendo a parte se valer das vias próprias.

Não há possibilidade de se ampliar os limites subjetivos da relação jurídica processual.

Exemplo: Autor ingressa em juízo com ação indenizatória, e formula pedidos apenas por danos
morais. O réu contesta e alega que não deu causa ao ato ilícito, e o responsável pelo ocorrido
foi o autor, e que ele próprio sofreu prejuízos morais e matérias (danos emergentes). O réu
contestou alegando que não foi o culpado pelo acidente e também reconveio pedindo a
condenação do autor. Ao autor contestou a reconvenção alegando que o culpado pelo
acidente foi o réu, e também ingressou com outra ação reconvencional, onde formulou
pedidos por danos matérias por danos emergentes e lucros cessantes.

Em uma única sentença o juiz irá decidir as três ações.

Não haverá impedimento para o autor ingressar com uma segunda ação o que não foi pedido
no primeiro processo.

Caso o juiz indefira a ação reconvencional e extinga o processo, a decisão cabível é o agravo de
instrumento.

A desistência da ação principal não implica o fim da ação reconvencional.

Exemplo: O autor ingressa em juízo formulando o pedido de rescisão de um contrato e a


condenação do réu ao pagamento de multa. O réu contesta e também reconvém. Estamos
diante de uma situação que acarretou a extinção da ação principal. A extinção da ação
principal acarreta necessariamente a ação reconvencional? Não, pois são ações dotadas de
autônomas.

Art. 318.
A ação reconvencional e a principal serão abrangidas pela mesma sentença.

O NCPC muda um pouco a reconvenção.

A reconvenção será apresentada na própria contestação e poderá ser proposta em face de


terceiro, ou seja, permitirá a ampliação dos limites subjetivos da lide em ambos os polos da
reação jurídica processual. Isso ocorreu para que possa diminuir a quantidade de processos
tramitando.

CAPÍTULO VII
DA RECONVENÇÃO

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar


pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado,
para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame
de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de
direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor,
também na qualidade de substituto processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.

03/03/2015
 Exceções

O que é exceção?

São defesas processuais dilatórias, e que não acarretam a extinção do processo, mas ampliam
a discussão.

A exceção poderá recair sobre:

 Juiz – Quando ataca-se a imparcialidade do juiz – Exceção de impedimento ou


exceção de suspeição.
 Juízo (Vara – Órgão judicial) – Exceção de incompetência territorial.
Quanto ao prazo: Aplicamos as regras dos arts. 188 e 191 apenas para as exceções
territoriais.

Exceção quanto ao juízo

Estamos aqui falando em incompetência relativa, porque incompetência absoluta deverá ser
alegada em preliminares na contestação. E se a incompetência é absoluta, o juiz tem o poder
dever de declarar de ofício, e, se por um lapso o juiz não declarar de ofício, o réu deverá arguir
em preliminares na contestação.

Se a incompetência for relativa, não poderá ser alegada em preliminares na contestação, mas
depende do instrumento adequado, qual seja a incompetência territorial.

Na ação de direito real imobiliário, a ação será proposta no local do imóvel, ou seja,
competência territorial racione loci – Art. 95, CPC – é absoluta.

Se a incompetência relativa não for excepcionada na forma e no prazos legais, falaremos na


prorrogação da incompetência territorial. A incompetência absoluta não está sujeita à
prescrição, mas poderá ser arguida quando for detectada, porém, a parte que der causa à
discussão prolongada será condenada ao pagamento das custas do retardamento.

Quem pode excepcionar a incompetência do juízo? Apenas o réu.

Exemplo:

Qual a regra geral de competência? Foro do domicílio do réu (art. 94, CPC).

O réu encontra-se domiciliado em Limeira, o autor encontra-se domiciliado em Piracicaba. Que


direito terá o réu? Requerer o deslocamento dos autos até Limeira. O réu contestou e, em
preliminares alegou que estavam diante de foro incompetente. Teremos aqui a prorrogação da
competência? Não, pois, depende da exceção, logo, ocorrerá a prorrogação.

Se celebraram um contrato, e, neste há clausula de eleição de foro (derrogação), qual seja,


Americana. O que fez o autor? Propôs a demanda na Comarca de Limeira. Nesse caso o réu
terá interesse em excepcionar a competência do foro? Não, pois este foro é favorável ao réu.

Como elaboramos a exceção de incompetência? Em petição autônoma (mas não interpomos


uma nova ação). A exceção não observa os requisitos do art. 282, basta o réu (excipiente)
endereçar a petição ao juízo prevento, manifestar seu inconformismo com a incompetência,
apontar qual o foro competente, e, ao final formular o pedido. A exceção tem natureza jurídica
de incidente processual, onde o juiz deverá dar oportunidade ao autor (excepto) se manifestar
no prazo de 10 dias, decidindo ao final se mantém os autos naquele foro ou se remeterá os
autos para outra comarca.

Art. 265, III e art. 306, CPC – Suspensão do processo.

A suspensão do processo se dá no momento em que o réu protocoliza a exceção.

Exemplo:
Se o réu é citado e o mandado foi juntado dia 05/03, ou seja, o prazo para apresentar resposta
se esgotará no dia 20/03. No dia 12/03 o réu excepciona. No momento em que o réu se
excepciona, interrompe-se o prazo para as demais respostas. Logo, o prazo voltará a correr do
momento em que receber a intimação da decisão da exceção.

O réu não poderá mais excepcionar depois de contestar, pois, ocorrerá a preclusão
consumativa.

Podemos falar em condenação do excipiente ao pagamento de custas? Não, pois, não tem
natureza jurídica de ação autônoma.

Cabe recurso de agravo contra a decisão proferida em sede de exceção.

Ver art. 311, CPC.

Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

Sempre remete-se os autos ao juiz competente quando acolhida a exceção territorial?

Não, pois essa regra é válida para o procedimento comum ordinário.

Há uma falha nesse artigo, pois, deveria constar “juízo” competente ao invés de “juiz”
competente.

Se estivermos diante do procedimento sumaríssimo (JEC), o acolhimento da exceção de


incompetência territorial extinguirá o processo sem a resolução do mérito, pois, no
sumaríssimo existem princípios peculiares (ex.: celeridade processual).

04/03/2015
Art. 297 – Respostas.

Exceções

Exceção quanto ao juiz

Art. 134 e 134, CPC – Acerca do impedimento e da suspeição.

Tanto o autor quanto o réu podem excepcionar a suspeição e o impedimento do juiz.

O prazo para apresentar a exceção será de 15 dias (prazo de resposta), porém, a exceção de
incompetência é de 15 dias a partir do momento em que a parte constata o fato.

Art. 305, CPC – Pode ser proposta a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, ou seja,
inclusive em 2º grau e em instâncias Superiores.

Nessas exceções, o excipiente é tanto o réu quando o autor e o excepto será o juiz, que será
ouvido no prazo de 10 dias. – Vide art. 312, CPC.
Do Impedimento e da Suspeição

Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o


motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída
com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas.

Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição,


ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez)
dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver,
ordenando a remessa dos autos ao tribunal.

Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu
arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao
seu substituto legal.

No caso de exceção de suspeição e impedimento, dispensa-se a incapacidade postulatória do


juiz, e, ele mesmo dará suas razões. Pode o juiz, inclusive arrolar testemunhas e juntar
documentos.

Se o Tribunal entender que o excipiente tem razão, determinará que os autor sejam remetidos
a outro juiz, ou seja, seu substituto legal.

Se o Tribunal entender que o excipiente não tem razão, aquele juiz continuará atuando nos
autos do processo.

Cabe sanção ao juiz caso o Tribunal entenda que o excipiente tem razão (vide art. 314),
devendo remeter os autos ao seu substituto legal.

A exceção que recai sobre o juiz também suspende o curso do processo. Todas as regras da
exceção territorial aplicam-se também nas exceções de impedimento ou incompetência,
conforme disposto no art. 265, III CPC.

Exemplo:

Autor demandou contra o réu, e, este verifica que irá se defender (contestação), segundo, irá
contra-atacar (Reconvenção), terceiro (excepcionará a incompetência territorial), e quarto
(excepcionará a suspeição do juiz). Temos 2 ações (principal e reconvencional) e 2 exceções
(territorial e suspeição).

Qual exceção será julgada primeiro?

Teria lógica o juiz ter sua imparcialidade questionada e julgar a exceção territorial? Não. Então,
primeiro será julgada a exceção de suspeição.

Se definida a imparcialidade do julgador, então partiremos para a exceção de incompetência


territorial. Firmada a competência do juízo, então serão julgadas as ações.

Como ficam os prazos?

Exemplo:
O réu apresentou apenas a exceção de suspeição e aguardou o julgamento da exceção de
suspeição no 5º dia. Logo, foi determinado pelo Tribunal que o juiz não é imparcial, rejeitando
a exceção. Quantos dias ainda restarão para apresentar as respostas? 10

No dia seguinte, o réu apresentou a exceção de incompetência territorial. Isso é possível? Sim,
e o prazo novamente será suspenso, quando da intimação da decisão da exceção territorial.
Restarão mais 9 dias.

Nada impede do réu apresentar todas no mesmo momento.

Todavia, se quiser primeiro excepcionar, também, pode, devendo apenas tomar cuidado com
os prazos.

Nada impede de após a exceção serem apresentadas a contestação e a reconvenção. Porém,


não serão analisadas enquanto não forem julgadas as exceções.

Impugnações

1. Impugnação ao valor da causa:

Qual a natureza jurídica das exceções? Tem natureza jurídica de incidente processual
(Impugnação à gratuidade e impugnação ao valor da causa).

Impugnação à gratuidade.

Exemplo:

Autor demandou contra réu. Na petição inicial o autor formulou pedido de gratuidade e juntou
a declaração de pobreza. O juiz, ao despachar a inicial decidiu por bem que diante da
declaração apresentada pelo autor, concederia os benefícios da gratuidade e determinaria a
citação do réu. O réu não se conformando com os benefícios da gratuidade entende por bem
impugnar os benefícios da gratuidade.

Quando o réu é citado, na própria contrafé consta se o autor é ou não beneficiado pelos
benefícios da gratuidade. A contrafé é grampeada junto ao despacho inicial, onde o juiz
determinou a citação do réu.

Nesse caso o impugnante irá alegar e tem o ônus de provar que o autor não faz jus aos
benefícios da gratuidade. Em sede de impugnação o réu pode formular pedido de expedição
de ofícios à RF, INSS, Banco Central. Com as respostas aos ofícios, conseguirá provar, com o
tempo que o impugnado faltou com a verdade, logo, deveram ser cancelados os benefícios da
gratuidade concedidos ao impugnado, sem prejuízo de sua reponsabilidade criminal por ter
faltado com a verdade em juízo. Esse benefício poderá ser apresentado no prazo de resposta,
qual seja, de 15 dias.

A impugnação à gratuidade NÃO suspende o processo. O réu deverá então tomar o cuidado de
contestar, reconvir, excepcionar e impugnar a gratuidade. Teremos a tramitação simultânea do
processo junto da impugnação.
Recebida a impugnação, o impugnado será intimado para se manifestar nos autos, no prazo de
10 dias, sobre as folhas em que pesem constar a impugnação.

Apesar da impugnação poder ser apresentada no prazo para resposta (15 dias), jamais poderá
ser apresentado após a contestação, pois, estaremos diante da preclusão consumativa.

Admite-se nesse incidente a produção de provas, inclusive oitiva de testemunhas, devendo ao


final o juiz decidir.

Qual o recurso cabível contra a decisão proferida pelo juiz em sede de impugnação? Se na
exceção quando o juiz decidiu (decisão interlocutória) o recurso cabível é o agravo, na
impugnação, caso rejeitada, cabe recurso de apelação. É uma regra que não tem lógica, pois
consta da Lei nº 1.060/50, onde se vê que contra decisão proferida em sede de impugnação, o
recurso cabível é o de apelação.

A impugnação em tese é sempre cabível. A Lei prevê o critério da declaração, porém essa Lei é
anterior à CF. E da CF consta que beneficiário deverá comprovar. Então, depende do
entendimento do julgador a aceitação ou não dos benefícios da gratuidade.

Todavia, se restar provado que o autor da ação principal faltou com a verdade, caberá ação
penal. E aqui o juiz não tem a faculdade, mas o dever de determinar expedição de cópias ao
MP.

Não devemos confundir os benefícios da gratuidade com a representação pela advocacia


pública. Logo, pode inclusive o réu contratar um advogado particular. No entanto se o autor se
depara com tal situação, o primeiro argumento é o de que se tem condição de arcar com os
serviços do advogado tem condições de bancar com as custas do processo.

Exemplo:

Ao autor pleiteou os benefícios da gratuidade e o juiz no despacho inicial indeferiu. O


recurso cabível é AGRAVO, porque nesse caso é uma decisão interlocutória. Somente caberá
apelação contra decisão que indefere os pedidos constantes da impugnação à gratuidade.

Por que o réu impugnaria a gratuidade?

Uma empresa ingressou em juízo formulando um pedido condenatória no valor de 1,5 milhão.
Poderá esse benefício ser concedido? A Lei prevê que sim, pois, não se distingue. No entanto
vem a interpretação dos juízes de que empresas não faz jus aos benefícios. É um
entendimento equívoco, pois, poderá por exemplo um empresa estar iniciando suas
atividades, logo não terá muito retorno de lucro.

A impugnação pode culminar numa forma de defesa extintiva, pois, caso não haja
recolhimento das taxas judiciárias sob o argumento de que não tem condições, o processo será
extinto. O autor repropor a demanda, mas deverá comprovar que pagou as despesas do
processo anterior e recolher as despesas e as custas do novo processo.

A impugnação aos benefícios da gratuidade serve então para forçar o pagamento das taxas
judiciárias.
2. Impugnação ao valor da causa

Quando será cabível? Quando não forem observadas as regras que norteiam o valor da causa.

Exemplo: Quando o réu constata que o valor atribuído à causa não é previsto em Lei, poderá
impugnar o valor atribuído à causa.

Qual a natureza jurídica da impugnação ao valor da causa? Incidente processual.

Vide art. 261, CPC.

Art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa pelo
autor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias.
Em seguida o juiz, sem suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de
perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o valor da causa.

Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à causa
na petição inicial.

Quando o juiz acolhe a impugnação ao valor da causa, cabe recurso? Sim. Recurso de AGRAVO.

Qual o interesse do réu para impugnar o valor da causa? Porque o valor da causa pode
repercutir no valor do recolhimento da taxa judiciária.

Se o juiz acolher as duas impugnações o advogado do impugnante receberá verba honorária


de no mínimo 10% e no máximo 20% do valor da causa.

10/03/2015
Ainda da fase postulatória, devemos prever a possibilidade de o réu não apresentar resposta,
quando estaremos diante da Revelia.

Revelia

No que consiste a revelia? Consiste na ausência de resposta do réu em juízo.

A Revela pode gerar os efeitos da revelia, que são:

Efeito material: Presunção da verdade dos fatos alegados pelo autor.

Efeito processual: Os atos serão praticados independentemente da intimação do réu revel.

O revel pode intervir no processo a qualquer momento? Sim, porém no estado em que se
encontrar.
Devemos relacionar o art. 320, CPC com a fase saneadora, pois, se o juiz diante da revelia
aplicar seus efeitos, poderemos ter a extinção do processo de imediato. No entanto, caso não
seja aplicado os efeitos das Revelia, o processo continuará.

Exemplo 1:

A (vítima de acidente de trânsito) demandou contra o proprietário do veículo e o condutor do


veículo. O proprietário do veículo também é responsável. Nesse caso apenas o proprietário
contestou, e o condutor não apresentou resposta. Nesse caso, o ato de o proprietário
apresentar resposta, impede que sejam aplicados os efeitos da revelia em desfavor do
condutor do veículo. Isto porque estamos diante dos direitos indisponíveis.

Exemplo 2:

Na ação de investigação de paternidade, o pai que se recusar a doar material genético para
realização de exame de DNA não pode ser considerado pai. O fundamento será o inciso III.

Se o juiz não constatar provas suficientes que comprovem o alegado, não poderá aplicar os
efeito da revelia.

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados
pelo autor.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei
considere indispensável à prova do ato.

Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de
pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem
será assegurado o direito de responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos
independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório.

Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado
em que se encontrar.

Se o réu não apresentar resposta, então teremos o encerramento da fase postulatória com o
decurso do prazo para resposta, que poderá ser o de 15 dias, quando não estivermos diante
dos prazos previstos nos arts. 189 e 191 do CPC.

Fase saneadora
Porque se dá o nome de saneadora? O que é sanear o feito? É afastar irregularidades,
questões processuais pendentes, resolver alguns pontos que podem e devem ser resolvidos
nesse momento.

O CPC utiliza o termo providências preliminares, ou seja, são providências que antecedem a
fase instrutória, que antecedem a fase de produção de provas.

Na fase saneadora o juiz deve analisar o que foi alegado e provado pelo autor e o que foi
alegado e provado pelo réu. Temos que analisar aqui num primeiro momento levando em
conta o bom senso. Como assim?

Exemplo 1:

O autor formulou pedidos. O réu, contestou. Na contestação o réu alegou preliminares (arts.
301) e também atacou o mérito. Que providências deverá o juiz tomar nesse caso em
concreto? Não devemos nos esquecer do princípio do contraditório e da ampla defesa. O autor
sustentou uma tese, e o réu uma antítese. Diante da antítese, o que devo o juiz determinar?
Que se manifeste o autor sobre a contestação e documentos juntados, logo, estaremos diante
da intimação do autor para apresentar a réplica. (Vide art. 323, CPC).

Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos autos. O juiz,
no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme o caso, as providências preliminares, que
constam das seções deste Capítulo.

Devemos conjugar o art. 327

Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 301, o juiz mandará ouvir
o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de prova documental. Verificando
a existência de irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à
parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

Nesse caso, a réplica será apresentada nos termos do artigo 327, CPC.

O prazo será o de 10 DIAS. Réplica é uma manifestação importante. Com base no que foi visto
no art. 327, devemos responder a seguinte pergunta:

O autor formulou pedidos e o réu contestou. O réu porém não suscitou preliminares. Se ele
não arguiu preliminares, se o réu atacou diretamente o mérito, o que deverá o juiz fazer no
caso concreto? Qual o prazo para o autor replicar? Se o juiz tiver fixado prazo de 10 dias, será
o prazo de 10 dias. Se não tiver fixado prazo, será o de 5 DIAS. Por que será o de 5 dias?
Porque tem uma regra no art. 185, CPC.

Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo
para a prática de ato processual a cargo da parte.

Também temos o art. 326.

Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias,
facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.

Se o réu alegar na contestação que houve novação da dívida, o prazo para o autor replicar será
o do art. 326, sendo o prazo de 10 DIAS.

Se não estivermos diante da possibilidade aplicarmos o art. 326 e o réu não ter suscitado
preliminares, o prazo é o de 5 DIAS.

Exemplo 2:

O autor formulou pedidos, o réu devidamente citado quedou inerte. Revelia. Diante da revelia,
que providência tomará o juiz no caso em concreto? Depende. Se a revelia tiver produzido
efeitos a solução será uma. Se a revelia não tiver produzidos efeitos, a solução será outra. Se
estivermos diante de uma ação de cobrança (Direito disponível), o autor juntou na sua inicial
provas documentais, ou seja, indícios de provas (comprovante de transferência), o réu não se
manifestou em juízo. O juiz então entende por bem aplicar o art. 319 (presumir-se-ão
verdadeiros os fatos alegados pelo autor). Nesse caso, não precisamos mais praticar nenhum
ato em juízo. O juiz prolatará sentença.

Não deverá o juiz aplicar o disposto no artigo 324, CPC., pois a revelia não produziu efeitos.

Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o efeito da revelia,
mandará que o autor especifique as provas que pretenda produzir na audiência.

Deverá aplicar o juiz o disposto no art. 330, CPC:

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:

I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato,
não houver necessidade de produzir prova em audiência;

II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

Diante do inciso II, o legislador mencionou o art. 319 (quando a revelia tiver produzido seus
efeitos).

Logo, teremos o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330, II, CPC.

O julgamento antecipado da lide está na sessão 2 do capítulo 5 (trata do julgamento conforme


estado do processo). Então, o julgamento conforme estado do processo é gênero do qual são
espécies art. 319 e 330. Não podemos então confundir julgamento antecipado da lide com
julgamento conforme estado do processo.

Exemplo 3:

Autor formula pedidos. O réu é citado e não apresentou resposta. Estamos diante da revelia,
desta feita que não produziu efeitos. Então aplicaremos o disposto no art. 324, CPC. Se o autor
se depara com réu revel (revelia que não produziu efeitos), o juiz determinará a intimação do
autor para especificar as provas que pretende produzir.

Exemplo 4:

O juiz verifica que o autor formulou pedidos e o réu contestou. Na contestação o réu arguiu
preliminares e também formulou defesa meritória. O autor se manifestou em réplica no prazo
de 10 dias. Até aqui nenhuma novidade. Na contestação o réu alegou que o autor carece do
direito de ação. Não é parte legítima. Quem deveria ter demandado era um terceiro. O autor
não comprovou ser autor do direito discutido. Diante do alegado pelo réu o juiz concedeu
prazo para o autor se manifestar, e se manifestou em réplica, alegando que tem interesse, é
parte legítima e o instrumento é o correto. Requereu então a desconsideração da defesa
processual. Nesse momento o juiz constata que tem razão o réu, pois o autor não é parte
legítima pois não comprovou a titularidade do crédito, ou seja, tudo indica que o titular do
crédito é um terceiro. Por esse motivo, decide prolatar a sentença. Qual o fundamento legal
para essa sentença?

Não podemos falar em julgamento antecipado da lide, conforme art. 324, pois não estamos no
âmbito meritório, mas sim no âmbito das preliminares. Logo, o fundamento correto é o do art.
329, CPC.

Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz
declarará extinto o processo.

No caso em questão, trata-se do disposto no art. 267, que trata das hipóteses de extinção do
processo.

Exemplo 5:

O autor formulou pedidos. O réu contestou, e na contestação arguiu preliminares e também


formulou a defesa meritória, juntando documentos. O juiz intimou o autor para se manifestar
em réplica no prazo de 10 dias. Então o juiz chega à conclusão de que o autor alegou fatos e
provou e o réu também apresentou provas, logo, não precisa de mais provas. A questão nos
autos é unicamente de direito. Os fatos já se encontram provados. Se a questão é unicamente
de direito e o juiz conhece o direito, não há necessidade de continuar o trâmite processual. O
autor quando ingressou em juízo idealizava provas documentais, audiência, expedição de
ofícios, e o réu também. Por tal motivo o autor protestou por provas, e o réu na contestação
também. Então o juiz diz que formou seu convencimento. Pode o juiz assim agir com
fundamento no art. 330, I, CPC. Mas e a parte que se sentiu prejudicada? Se a parte se sente
prejudicada, poderá recorrer. Todavia, o juiz tem o direito de agir como agiu pois ele é o
destinatário das provas. Se entender o Tribunal que não havia necessidade de novas provas,
nada poderá ser feito.

Estamos aqui diante da mais uma espécie de julgamento conforme estado do processo.
11/03/2015
As medidas aplicadas ao caso em concreto variarão de acordo com as peculiaridades aplicadas
ao caso em concreto. Então, se estivermos diante de um réu revel, se a revelia tiver produzido
efeitos, teremos o julgamento antecipado da lide, com fundamento no art. 330, II, CPC. Se
estivermos diante de um r[eu revel cuja revelia não produziu efeitos, aplica-se o art. 320, CPC,
quando o juiz determinará a intimação do autor para que especifique as provas.

Outra possibilidade já vista também, é de estarmos diante de um réu que apresentou


contestação. Se o juiz se depara com a contestação do réu, o juiz determinará a intimação do
autor para que se apresente a réplica, de 10 dias quando o réu tiver suscitado preliminares, ou
quando tiver apresentado impedimentos modificativos ou extintivos do direito o autor. Caso
contrário, se o juiz não tiver fixado prazo, será o de 5 DIAS. Poderá porém, o juiz fixar o prazo
de 10 dias.

Apresentada a réplica, verifica o juiz que tem razão o réu e que o aturo carece do direito de
ação, ou então que estão ausente pressupostos processuais. Se o juiz verificar pressuposto
processual intransponível, a solução será a prolação da sentença extinguindo o processo sem
resolução do mérito, com fundamento no art. 329, CPC.

Se o réu, todavia contestou, o autor foi intimado para apresentar réplica e o juiz verificar que
não há necessidade de novas provas pois já formou seu conhecimento, poderá o juiz decidir.
Será prolatada a sentença, com fundamento no art. 330, I, CPC.

Todavia, se o autor formula pedidos porém não foi juntado na petição inicial a procuração. Por
um lapso, não há regularidade na representação do autor. O réu citado apresentou a
contestação, alegando que o autor não se encontra devidamente representado nos autos. Que
providência tomará o juiz nesse momento? Determinará a intimação do autor para suprir a
irregularidade processual. Podemos inclusive na fase saneadora a possibilidade de sanar
determinadas irregularidades ou vícios formais. Nesse fase, será preparado o processo para a
próxima fase.

Todas essas providências poderão ocorrer em uma audiência, qual seja do art. 331, CPC –
audiência de tentativa de conciliação, também denominada audiência preliminar.

Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e
versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a
realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer,
podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.

§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.

§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos
controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem
produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa


evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e
ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o.

A audiência do art. 331 não é obrigatória, apesar do legislador ter dito no art. que o juiz
DESIGNARÁ. Logo, se o juiz verificar que a possibilidade de acordo é remota, poderá intimar as
partes de que se por ventura houver possibilidade de acordo, informarem nos autos que se
designe a conciliação em audiência.

Se verificar o juiz que é caso de extinção pois estamos diante de um vício insanável, obstáculo
processual intransponível, o juiz não designará a audiência do art. 331. No entanto, alguns
juízes entendem por bem ainda sim realizarem tal audiência, e caso esta seja infrutífera, então
extinguirá processo. Por que alguns juízes agem assim? Qual a melhor forma de resolver o
conflito? Através do acordo. Ou seja, quando as partes transigem, estamos diante da solução
definitiva da lide. Então, a conciliação é sempre bem vinda. Decide com acerto o juiz, pois, se
as partes transigem em audiência a lide seria solucionada definitivamente.

O juiz entendendo por bem designar a audiência do art. 331, caso as partes não compareçam,
não sofrerão qualquer sanção, devendo o juiz apenas entender que não há interesse em
conciliação. Pode o advogado comparecer sozinho? Sim, desde que haja poderes específicos
na procuração, e desde que não descumpra o anteriormente acordado. Se não constar os
poderes específicos na procuração, mas apenas poderes para o foro em geral, não poderá
transigir. Todavia, ficará assim mesmo? Há questão do bom senso, logo, para o Estado a
melhor forma para resolver conflitos, é a conciliação. Como no caso em tela há um obstáculo
processual, o juiz poderá condicionar a homologação do acordo com a juntada da procuração
com poderes específicos, sob pena de não o fazendo o juiz não homologar e dar continuidade
do processo.

Neste caso, para extinguir o processo o juiz se valerá do art. 269, III, CPC, onde cada uma das
partes arcará com suas respectivas despesas e os honorários advocatícios. Esse sentença é
uma sentença definitiva. Caso o acordo não seja cumprido, será executada nos próprios autos,
caso em que se aplicará o disposto no art. 475-J, caput.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em


liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido
de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto
no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Devemos observar também o disposto no art. 331, § 2º

§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos
controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem
produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

A Lei prevê uma oralidade. A AIJ tenta conciliar as partes, e, se as mesmas não transigirem, não
é caso de extinção, fixará os pontos controvertidos.

ATENÇÃO: Se não obtida a conciliação o juiz observará se não há obstáculos processuais,


intimando as partes para regularizar. Se for intransponível o obstáculo, extinguirá o processo. E
se as questões discutidas forem unicamente de direito, e já tiver formado seu convencimento,
também prolatará a sentença. O juiz somente fixará os pontos controvertidos quando ainda
for necessária a produção de provas.

Exemplo:

Estamos diante de uma ação de reparação de danos, que envolve responsabilidade de um


profissional. O juiz então fixa como caso controvertido se houve ou não inobservância de regra
técnica por parte do réu. Logo, serão sobre tal fixado o ponto controvertido, logo, o que não
for ponto controvertido, não será objeto de prova. Se o juiz fixou como ponto controvertido,
sobre aquele recairá as provas. E se o advogado não concordar alegando que não é o único
ponto controvertido, mas que também não se desincumbiu do dever de informar? Se o réu
informou ou não o autor dos riscos que a produção de seu serviço poderia causar? Caso o juiz
discorde, apenas dirá que o ponto é incontroverso. Todavia, o advogado deverá recorrer se
entender por bem produzir novas provas. O recurso deverá ser interposto em audiência,
agravando retido. O juiz então confere a palavra ao advogado para que ele dite o recurso ao
escrevente de sala. Após, o juiz dará oportunidade para a parte contrária se manifestar,
apresentando as contrarrazões de agravo. E então o juiz poderá se retratar ou manter a
decisão. Se o juiz mantiver a decisão, estaremos documentando a preclusão do direito. Se não
recorrer da decisão, a parte corre o risco de não poder provar o alegado. Se o juiz fixar os
pontos controvertidos, as partes já saem da audiência intimadas para apresentarem as provas.

Exemplo 2:

O autor pediu e o réu repeliu. Na contestação o réu suscitou preliminares e também mérito. Se
não obtida a conciliação, a lei prevê que o juiz resolva as questões processuais pendente.
Então, o réu suscitou em preliminares que o autor carece do direito de ação. O juiz vai
fundamentar porque rejeita aquela preliminar. Com relação à prescrição, que é uma
preliminar DE mérito. O juiz está afastando os obstáculos processuais, e, então fixará os pontos
controvertidos, intimando as partes especificarem as provas que pretendem produzir,
justificando a necessidade. Não houve ativismo judicial, pois, foram as partes intimadas para a
produção de provas.

Todavia, o juiz poderá determinar a produção por exemplo de provas periciais. Vide art. 130.

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas


necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.

O art. 130 confere ao juiz poder instrutório, poder este que não é amplo. Não pode o juiz
substituir a iniciativa da parte.

O juiz pode determinar a produção de prova pericial? Pode. Pode determinar o


comparecimento da parte para ser interrogada em audiência? Pode. O juiz pode determinar a
produção de prova testemunhal? Somente as testemunhas referidas, ou seja, quando uma
testemunha em audiência cita que outra pessoa presenciou o ocorrido. Nessa situação o juiz
não está deixando de lado sua imparcialidade.

Na audiência do art. 331, temos discussão de mérito?

Não. Pois é uma audiência que se restringe à tentativa de conciliação, ou seja, não há
interrogatório.

Vide art. 331, § 3º

§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa


evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e
ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o.

O referido parágrafo diz que a audiência de conciliação fica a critério do juiz.

Exemplo:

Estamos diante de uma audiência infrutífera, e o juiz fixou os pontos controvertidos da


demanda e intimou as partes para especificarem as provas que pretendem produzir,
justificando a necessidade. Não basta a parte indicar provas, mas precisa também explicar
porque elas são importantes. Na petição inicial ou autor protestou por provas. O réu na
contestação também protestou por provas.

Há um momento oportuno para indicar as provas, qual seja, na fase saneadora. Logo, quando
o juiz saneia o feito, devemos lembrar da metáfora (compara o juiz ao pedreiro, quando o
pedreiro na construção civil para fazer o concreto, precisa de areia, utilizando uma peneira, se
será passada apenas a areia fina, que será utilizada na confecção do concreto. Na peneira,
ficam os resíduos, que são descartados, e passa apenas o que é bom). É o que faz o juiz, pois
quando está presidindo o processo, deixa passar apenas o mérito, as questões processuais,
serão decididas de imediato, exceto quando são intransponível. Então, sanear o feito é deixa-
lo enxuto quando da prolação da sentença.

O mérito será analisado na fase instrutória, onde se terá a produção de provas previstas no
nosso ordenamento jurídico.

Exemplo:

As partes foram intimadas do despacho saneador. O juiz determinou que as partes


especifiquem as provas que pretendem produzir, justificando a necessidade. Se a parte não
justificar a necessidade, o juiz pode indeferir aquele meio de prova.

A parte pode, portanto, requerer, por exemplo, a oitiva de testemunhas e a juntada de novos
documentos. O juiz titular da comarca defere as provas requeridas. O juiz se aposentou e
assumiu um novo juiz, jovem e extremamente técnico. Os advogados que assim agiram, se
depararam com a seguinte decisão: Indefiro as provas requeridas, pois não foram indicadas as
respectivas necessidades, dando por precluso o direito de provas.
Quando falamos em provas, as mesmas passam por momentos. Temos o primeiro momento
que é o momento do requerimento – “Juiz, eu quero provar o alegado por testemunhas” – .
Segundo momento: o juiz deferirá ou não, onde somente deferirá as provas que sejam
pertinentes. Temos ainda o terceiro momento, que é o momento da produção das provas, ou
seja, se o juiz deferiu, produzir-se-á as provas. Quarto momento é o da avaliação do
julgamento, ou seja, as provas produzidas serão levadas em consideração para a prolação da
sentença.

Esse juiz indeferiu (a rodo), e os advogados recorreram ao Tribunal, que entendeu ter razão o
juiz., pois, não basta indicar as provas, mas deve-se também constar a necessidade.

Então, SEMPRE que requeremos as provas, deveremos indicar a necessidade das mesmas.
Quando indicamos as provas, não é certeza absoluta que o juiz deferirá as mesmas.

Exemplo de caso prático:

Uma empresa foi contratada para cobrir uma estação de bombeamento de água do município.
Então a empresa comprou as telhas de determinada fabricante, e as telhas foram instaladas da
forma correta. Porém, 15 dias após empenaram, e, em razão disso a estação foi danificada por
conta de uma forte chuva.

O município exigiu que a empresa contratada ressarcisse os prejuízos e não apenas refizesse o
serviço. A empresa alegou que não era o culpado pelos danos, porque as telhas eram de boa
qualidade, e utilizou a técnica correta para instalação das mesmas. Logo, se alguém tem
responsabilidade, a responsabilidade é a fabricante das telhas. Houve então a denunciação da
lide da empresa fabricante das telhas, para que junto com a empresa contratada, e essa
empresa contratada requereu prova pericial. Então, na audiência do art. 331 o juiz fixou os
pontos controvertidos se no caso em concreto havia ou não responsabilidade de ré quando da
observância das regras técnicas. Porém, o fundamento defensivo era de que as telhas
apresentaram vícios na fabricação. Então, o advogado da ré advertiu o juiz e que tal ponto
controvertido não era o que estava em questão, mas que se encontrava na fabricação das
telhas.

O juiz indeferiu, pois entendeu que o ponto controvertido não era os vícios quando da
fabricação das telhas. Intimou então o advogado para que apresentasse agravo retido, bem
como oportunidade para o autor se manifestar nos autos. Então, para evitar o cerceamento do
direito de ampla defesa, fixou como ponto controvertido também a composição da telha, e já
intimou as partes para indicarem as provas que pretendiam produzir, justificando as
necessidades.

Então foi requerida prova pericial, com o intuito de verificar a composição química e física das
telhas. Então a empresa contratou assistente técnico. Então o assistente técnico constatou que
as telhas foram produzidas num momento em que foi proibido no Brasil a utilização do
amianto, logo, substituíram o amanto por uma outra substância, sustância essa que foi a causa
do ocorrido.
Foi juntado então aos autos o laudo pericial, que comprovava que a falha havia sido na
fabricação das talhas, e não do serviço prestado.

O juiz indeferiu, porque é um fato que não pode ser comprovado por perícia. Mais uma vez,
seria objeto de agravo. Porém, antes de agravar, pediu-se a reconsideração, com o intuito de
se resolver a lide em 1ª instância.

O juiz manteve a decisão, então foi interposto recurso de agravo de instrumento. O TJSP deu
provimento ao recurso. Resolvido o problema? Não, porque quando a empresa apresentou os
honorários que seriam cobrados para realizar a perícia, seria uma perícia laboratorial, em um
laboratório de São Paulo. Quando passaram o valor da perícia, o cliente optou por dar
continuidade, pois sairia mais caro o processo do que a reparação do dano. Então, foram
chamados empresa concessionária do serviço bem como o município para tentarem um
acordo, e foi o que ocorreu. Então a empresa reexecutou o serviço, pagou uma indenização,
com valor não muito alto, e então o problema foi resolvido.

E se o juiz não designar a audiência do art. 331?

Então tudo será feito por manifestação escrita, nos autos do processo.

Fase instrutória
Noções gerais sobre provas

O que são provas? Qual a relevância das provas? O que constitui objeto de provas? Quem é o
destinatário das provas? Como pode-se provar o alegado?

No processo civil, as provas admitidas são: Gravação ambiental; e-mails; fotografias; mapa;
croqui; testemunhas.

Quais provas podem ser produzidas? Todas admitidas em direito.

As provas recaem sobre fatos. Então se perguntarem: Qual o objeto da prova? O fato, pois o
fato alegado precisa ser provado.

Provas recaem sobre fatos, fatos relevantes. O que são fatos relevantes? São os fatos que não
são notórios. São os fatos CONTROVERTIDOS. São os fatos sobre os quais não pairam uma
presunção de verdade.

Precisamos provar que o fogo queima? Que a água molha? Não, pois são fatos notórios. São
fatos incontroversos. Temos um fato alegado na Petição Inicial, que não foi impugnado na
contestação. Ou seja, fato não impugnado na contestação pelo réu, torna-se um fato
incontroverso. Se estamos diante de um fato incontroverso não há necessidade de provar. Isso
ocorre muitas vezes em ação de indenização por danos morais.

Exemplo:
A mãe perdeu o filho. O advogado arrola testemunha para provar a dor que a mãe sofreu pela
perda do filho. Então o juiz pergunta: “Por que o doutor trouxe testemunha? Para prova o
quanto a mãe está sofrendo”.

Não é um fato que precisa necessita ser provado.

APENAS OS FATOS RELEVANTES precisam ser provados.

Prova-se a quem? Quem é o destinatário das provas?

O juiz é o destinatário das provas. Então quando o juiz diz em audiência que o fato já foi
provado, pois, já formou seu convencimento, ele pode julgar. Agora, se o advogado não
concordar pode alegar que prova para o judiciário, e não contra a pessoa do juiz. Logo, pode
ser que o entendimento do Tribunal seja diferente, e que vai recorrer. Então quando falamos
que o destinatário das provas é o juiz, na verdade estamos querendo dizer que é o PODER
JUDICIÁRIO, porque contra sentença sempre caberá recurso.

Qual o grande segredo do processo? Provar o alegado.

O ônus da prova incumbe a quem alega. Podemos nos utilizar de todos os meios de provas que
não contrariem a Constituição Federal. Não podemos nos utilizar de provas ilícitas. As provas
ilícitas são aquelas que contrariam a Constituição Federal ou as demais normas jurídicas.

Interceptação telefônica pode ser utilizada no processo civil? Não. Somente em processo
penal.

Obras recomendadas para teoria geral das provas no processo civil: Renata Albuquerque;
Tereza Arruda Alvim Wambier.

17/03/2015
Fase Instrutória (continuação).

Estudamos de forma separada as fases do processo. Nos dá uma falsa impressão de que o
procedimento é separado de uma forma compartimentada. É uma impressão equivocada,
porque quando falamos em saneamento do processo, o mesmo ocorre desde o despacho
inicial, ou seja, na fase postulatória, pois, quando o autor não junta um documento essencial
na petição inicial (procuração, por exemplo), o juiz intimará a parte para que regularize a
petição inicial. O saneamento do feito ocorre do início ao fim do processo. O mesmo o corre
com a fase probatória. Temos uma falsa impressão de que somente se produz prova na fase
instrutória, pois, quando o autor junta documentos na inicial, está produzindo provas, e
quando o réu junta documentos na contestação, também está produzindo provas.

As provas orais, no entanto, são produzidas, em regra na fase instrutória, pois poderemos ter a
AIJ. Em regra, pois, há exceções. Há situações em que a prova oral pode ser confeccionada
antes da fase instrutória. Estamos falando da obtenção antecipada de provas, situação por
exemplo de quando estamos diante de questões excepcionais, em que há risco da testemunha
não existir por conta de uma grave doença. Nesses casos há possibilidade de requerer a
obtenção de prova antes do momento oportuno.

Sempre que falamos em provas, as provas recaem sobre fatos. Direito não precisa ser provado,
porque o juiz conhece o Direito. Logo, não há necessidade de provar o Direito. Todavia,
devemos tomar cuidado com o art. 337, CPC.

Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário,
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.

Observemos que a lei prevê a possibilidade de comprovação no teor da vigência.

Exemplo:

O juiz se depara com um conflito que envolve contratos celebrados entre empresa brasileira e
empresa estrangeira. Estamos diante de um contrato em que empresas estão pactuando e
elegendo uma Lei para resolução de eventual conflito. Se escolheram o Direito alemão para
regulamentar uma determinada situação específica, o juiz brasileiro é obrigado ao conhecer o
Direito alemão? SIM. Porque o juiz conhece o Direito. Então pode-se exige que junte-se nos
autos o texto traduzido e aguarde o teor da vigência.

O que é Direito Consuetudinário? É Direito costumeiro. A doutrina faz observação


interessante.

Exemplo:

O juiz está na comarca de Piracicaba exercendo sua função. Há necessidade de juntarmos o


texto de Lei municipal para o juiz resolver o conflito de Piracicaba? Sim, pois, se está na
comarca, a obrigação dele é conhecer o Direito local. Então, não precisamos juntar o teor das
leis municipais.

Como provamos teor e vigência de um Direito consuetudinário?

É uma dúvida que a doutrina não esclarece, Há possibilidade de se provar juntando uma
sentença prolatada em um caso análogo. Sentença que não se embasou no Direito positivado,
mas no Direito Consuetudinário.

Temos uma regra no CPC que prevê que não há possibilidade de provar um fato somente por
testemunha se o valor almejado extrapolar a 10 salários mínimos. Então, se extrapolar,
devemos ter um início de prova documental, com a finalidade de ratificar a prova testemunhal.

Em um determinado conflito que envolveu um fazendeiro de Barretos, que envolvia valores


elevados, pois eram fazendeiros que há mais de 20 anos celebravam negócios jurídicos. Essas
negociações eram apenas verbais, não existindo pacto escrito, pois ainda embasavam os
contratos na confiança, no chamado fio de vigota. Até que surgiu um conflito. Um dos
fazendeiros não pagou os gados comprados e o credor ingressou em juízo. O credor tinha
como provas, apenas testemunhas. Não tinha nenhum documento. Havia prova
exclusivamente testemunhal, que encontra óbice no processo civil, pois a causa extrapolava os
10 salários mínimos vigente no país. O juiz decidiu, diante das provas exclusivamente orais,
fundamentou da arguindo que embora o CPC traga previsão expressa de que não havia tal
possibilidade, não pode o juízo desprezar na comarca legal, que há o costume de contrato
verbal, baseado na confiança recíproca. Costume também é fonte de Direito. Se o juízo não
considerasse o costume que impera em determinada localidade, não seria possível operar
justiça. Então o juiz julgou procedente o pedido do credor, pois as testemunhas comprovaram
os fatos alegados pelo autor.

Houve Recurso ao TJSP, que manteve a sentença, pois o juiz no caso em concreto
reestabeleceu o Direito violado.

A sentença supracitada poderia ser juntada em um caso análogo, comprovando o teor da


vigência do Direito consuetudinário.

As provas recaem sobre fatos. Por que provar?

Prova é todo elemento que pode evidenciar um fato, que pode levar o conhecimento de fato a
alguém. Uma fotográfica por exemplo é prova. Contrato é outro tipo de prova.

Tudo o que puder relatar uma situação fática, podemos considerar como prova.

Então a prova tem por destinatário o juiz. Então provamos para o juiz, e a finalidade é formar o
conhecimento do julgador (PODER JUDICIÁRIO). Por que o Poder Judiciário? Temos que nos
preocupar também com o órgão colegiado, e não apenas como órgão monocrático (1ª
Instância).

As provas recaem sobre fatos. Nem todos os fatos podem ser provados, mas apenas os que
sejam pertinentes, que sejam relevantes, controvertidos. Fatos que não sejam notórios (vide
art. 334, CPC.)

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos, no processo, como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Se não houve impugnação específica nos autos, aplicamos a regra de que ponto não
impugnado é fato incontrovertido.

Inciso IV:

Temos um princípio geral de Direito, de que a boa-fé é presumida e a má-fé deve ser provada.
Precisamos provar isso? Não.

As provas recaem sobre fatos, e temos os meios probatórios, contemplados no CPC, que não
trata de forma clara, pois quando estudamos depoimento pessoal estudamos confissão e
interrogatório da parte, e temos que conjugar interrogatório da parte, depoimento pessoal e
confissão. O CPC trata também da prova documental, porém, como o mesmo é de 1973, não
encontrávamos os e-mails, meios eletrônicos de comunicação (provas documentais).O NCPC
contempla.

Temos ainda testemunhas, prova pericial, terceiros alheios a essa determinada situação
jurídica processual, que sabem, que presenciaram, que viram.

Estudamos também perícia, prova técnica para comprovar fatos específicos, exibição (que na
essência é uma forma de obter a prova), inspeção judicial, contato direto do julgador como
objeto da prova. Há um rol meramente exemplificativo o das provas (vide art. 332, CPC).

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a
ação ou a defesa.

Existe aqui uma liberdade na atividade probatória. As provas poderão ser admitidas sempre
que não forem ilícitas ou que não forem ilegítimas.

O que diferencia a prova ilícita da prova ilegítima?

A prova ilícita trata-se de prova que contraria a CF, que contraria a moral, que contraria a Lei,
no aspecto da constituição da prova, a exemplo da interceptação telefônica, que é inadmissível
no processo civil. Nesse caso a ilicitude está na prova como essência, e não na sua produção.

Prova ilegítima é aquele que viola o Direito instrumental (processual).

Exemplo:

Há uma ordem para se ouvir testemunhas. Primeiro são ouvidas as testemunhas do autor, e
depois são ouvidas as testemunhas do réu. Se em audiência o juiz inverter a ordem e os
advogados não concordarem, estaremos diante de uma prova ilegítima, pois foi violado direito
processual, e não material.

Exemplo 2:

Foi ouvida uma testemunha menor de 16 anos (capacidade para testemunhar). Estamos diante
de uma prova ilegítima, pois foi violada uma regra de Direito processual.

Temos a chamada prova emprestada, que não está contemplada expressamente no CPC. Prova
emprestada é aquele que foi confeccionada em outro processo e utilizamos esta mesma prova
no processo atual. Existe uma regra na prova emprestada de que a sua validade está
condicionada á participação das partes litigantes da prova em um outro processo.

Exemplo:

A demandou contra B e esse processo tramitou na 1ª Vara cível. Existe um outro processo em
que B demanda contra o A e tramita na 2ª Vara cível. Então, a prova que foi produzida no
processo que está tramitando na 1ª Vara, torna-se relevante para o processo que está
tramitando na 2ª Vara. E as partes são as mesma. O que mudou aqui foi o polo da relação
jurídica processual. A regra aqui, contemplou o contraditório, a ampla defesa já que as partes
participaram da produção das provas.

Podemos portanto, emprestar a prova e utilizar no outro processo.

Exemplo 2:

Se estivermos diante de um processo em que A demanda contra B na 1ª Vara. Existe um outro


processo em que C está demandando contra o B na 3ª Vara. Há possibilidade do C utilizar a
prova emprestada? Não, pois as partes nos processos não são as mesmas, logo, a parte
contrária pode impugnar a prova emprestada indevidamente.

E se o B utilizou a prova do outro processo em que demandou contra o A no processo contra C,


se a parte contrária aceitar, falamos em VALIDADE da prova emprestada. Se houve
impugnação por quem não participou de outro processo, não estaremos diante de uma prova
lícita. Se a parte não se insurgiu, se C concordar, a prova será então aceita.

Outro meio de prova é a reconstituição de fatos, que é admitida no processo civil.

Podemos ter reconstituição de fatos no processo civil, considerando que não consta no CPC?
Podemos utilizar as regras do processo penal para pleitear a reconstituição de fato no processo
civil? Sim, é perfeitamente possível, a exemplo da reconstituição para inspeção judicial, que
dependendo da situação é possível ocorrer no processo civil. A inspeção judicial é um meio de
prova em que o juiz tem contato direto com o fato, com a situação.

Exemplo:

Uma ação indenizatória que envolve responsabilidade de um engenheiro mecânico, que foi
contratado para a composição de um equipamento de grande porte, e o autor alega que o
equipamento apresenta vários vícios. O autor ingressou em juízo e requereu indenização. Há
possibilidade do juiz se deslocar ao local para que ele tenha contato direito com a coisa? Sim,
pois é uma situação que pode ser reconstituída, a exemplo que um acidente, há possibilidade
de se pleitear a reconstituição para que o juiz possa julgar a lide de uma forma mais segura.

CONSIDERAÇÃO:

Se pararmos para pensar, muitas vezes os advogados se preocupam em desenvolver teses


jurídicas. Muitas vezes se preocupam em demonstrar erudição em sua peça. Tratar das várias
facetas de uma determinada regra. Todavia, o mais importante para restabelecimento de
Direito é conseguir comprovar de forma satisfatória os fatos. De nada adianta uma peça
extensa, prolixa, com várias situações, julgados, se a atividade do advogado for deficiente. De
nada adiante se o advogado não conseguir provar. Então, para fins de restabelecimento do
Direito, o juiz o conhece, mas não pode exercer uma atividade proativa para substituir a
iniciativa das partes e viabilizar a produção de provas, pois quem tem o ônus de provar é quem
alega.
Ônus da prova

Considerações do NCPC.

Ônus da prova é um dos assuntos mais importantes da atividade probatória.

Vide art. 333, CPC.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do


autor.

Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova
quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Incisos I e II:

Tratam da chamada concepção estática do ônus da prova, o que implica dizer que a regra geral
no ordenamento geral é o autor provar os fatos constitutivos de seu direito, e o réu provas os
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do Direito do autor.

Exemplo:

O autor ingressa em juízo e alega que o réu não cumpriu obrigação contratual. O autor então
assumiu o ônus de provar que o réu violou o contrato. O réu contestou e alegou que cumpriu
fielmente o que foi pactuado, que pagou a dívida na integralidade, logo, assumiu o ônus de
que pagou na integralidade a dívida advinda do contrato firmado com o autor.

O mesmo artigo, no entanto, prevê em seu parágrafo único o seguinte que há possibilidade do
ônus da prova quando dos sues incisos I e II.

Quando falamos em inversão do ônus da prova lembramos do CDC, quando o juiz inverte o
ônus da prova. Quando falamos em tal inversão, estamos relativizando os incisos I e II do art.
333. Quando houver inversão do ônus da prova imputaremos ao réu o ônus de provar os fatos
negativos do Direito do autor.

Exemplo:

Compramos um veículo novo, que apresente um vício, haja vista que a potência do motor não
corresponde com o previsto para um carro com tal motor.
Pedimos a reparação à fabricante.

Diante da negativa da fabricante em reparar o vício, ingressamos em juízo. Precisamos nos


preocupar em expor porque o veículo não corresponde à potência de um carro com os
mesmos padrões do comprado? Não, basta alegar e provar que o veículo não funciona como
deveria. Se o juiz inverter o ônus da prova, imputará ao réu o ônus de provar os fatos
negativos do Direito do autor, ou seja, o réu citado de defende, alegando que não é
responsável pelo déficit de potência daquele motor, pois o veículo não é Flex e o autor
abasteceu com álcool. Nesse caso o réu está alegando um fato negativo do direito do autor.
Quando isso ocorre, inverte a regra geral do art. 333. Numa situação como essa, invertendo o
ônus da prova condenará ou não o réu? Não foi comprovado o fato negativo do direito do
autor. A sentença será de procedência, a menos que tivesse comprovado que a culpa era o
autor.

O CPC trata da concepção estática do ônus da prova (art. 333, I e II) e da concepção dinâmica
do ônus da prova (art. 333, parágrafo único).

Inciso I, parágrafo único art. 333.

Contempla de maneira implícita a inversão do ônus da prova. É diferente do CDC que prevê de
forma expressa, de que quando há relação de consumo, o ônus da prova é uma possibilidade e
não uma certeza, pois o art. 6º prevê que o juiz poderá inverter o ônus da prova.

O que já era interessante para fins de ônus da prova, e até um pouco complexo, se tornou
mais complexo com o NCPC.

O NCPC contemplou de forma expressão que a jurisprudência a muito tem aplicado. Tratou de
forma expressa da chamada Teoria ou Concepção Dinâmica do Ônus da prova. Por tal teoria o
juiz pode determinar à parte que estiver em melhores condições de provar o alegado, o ônus
da prova. Não podemos confundir a concepção dinâmica do ônus da prova com a concepção
dinâmica do ônus da prova.

Na INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, caberá ao réu provar os fatos negativos do Direito do


autor.

Na CONCEPÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA, caberá â parte que estiver em melhores


condições, provar o alegado. Quando falamos em melhores condições, não estamos dizendo
apenas melhores condições financeiras, mas também condições de provar determinado fato.

Fato negativo, em regra, não pode ser provado. Não devemos confundir fato negativo com
negativa de fato.

Exemplo – Negativa de fato

O réu colidiu no veículo do autor, e se defendeu que não colidiu, mas que foi arremessado.
Está negando então um fato. Tem como provar a negativa de fato? Sim. Esta é uma negativa
de fato.
Exemplo 2 – Fato negativo

O réu alega que nunca esteve em tal lugar. Isso não tem como ser provado, logo é um fato
negativo.

A doutrina entende que é uma prova que não pode ser produzida, por se tratar de tal prova,
não tem como imputar ao autor o ônus da prova.

Quando uma parte alega que nunca esteve em tal local, o réu está em melhores condições de
provar o alegado, pois, basta comprovar que esteve em tal local.

Essa teoria da concepção dinâmica do ônus da prova será muito útil nas ações indenizatórias
que envolvem negligência profissional, principalmente em erro médico.

Exemplo:

Autor ingressa em juízo contra um médico obstetra, porque durante o parto ela sofreu
algumas ocorrências e o médico utilizou de forma não cuidadosa o fórceps. Durante o parto,
em razão do uso de tal instrumento, o bebê que apresentava uma cintilar no cordão se
enforcou, faltou oxigenação do cérebro e isso causou sequelas irreversíveis, e faleceu depois
de alguns meses, e, durante os meses em que viveu, estava num estado vegetativo.

Logo, se aplicarmos a concepção estática do ônus da prova, o médico deverá provar que não
errou, e o autor provar que houve erro médico.

Na inversão do ônus da prova, caberá ao médico provar os fatos negativos dos Direitos do
autor.

Pergunta: Quem está em melhores condições de provar o alegado? Autor ou médico?

O médico, pois responde quando não utilizar de todos os meios que estavam ao seu alcance,
ou seja, detém o conhecimento técnico, que utilizou de todos os recurso cabíveis, e que o
resultado indesejado era inevitável, e por tal motivo não há responsabilidade. Nesses casos a
concepção dinâmica se encaixa como luva.

18/03/2015
A finalidade da prova é formar o convencimento do Poder Judiciário, e a finalidade.

Os conflitos não podem se eternizar, logo, temos um momento para apresentarmos provas.
Então, tem a parte o ônus de provar o alegado. Logo, se o juiz se deparar com uma parte que
alegou fatos mas não comprovou, não pode o juiz deixar de decidir, pois é vedado o “ Non
liquot”, que é o “não decidir”. O juiz não pode deixar de decidir alegando que não há provas
para que se decida. Em tais casos, deverá aplicar conforme a LINDB, analogias, costumes e
princípios gerais do Direito. Nosso ordenamento jurídico é fechado, então não existe lacuna
jurídica, o que existe é lacuna legal, logo, o juiz terá de decidir, ainda que não exista Lei.
Nesses casos em que não há provas, como o juiz decidirá? No processo penal aplicamos o in
dúbio pro reu” e no processo civil? Ônus da prova. Então verificando o juiz que o autor alegou
e não se desincumbiu de provar o alegado e o réu também não provou os fatos negativos do
Direito do autor. Ao final, qual será a solução para o processo? Improcedente, pois,
inicialmente quem teria o ônus de provar o alegado era o autor. Como não se desincumbiu,
julgará improcedente os pedidos formulados pelo autor.

O ônus comporta uma concepção estática (regra geral - art 333, CPC, I e II) e uma concepção
dinâmica (art. 333, parágrafo único, implicitamente), que se desmembra em inversão do ônus
da prova e carga dinâmica da prova.

A inversão do ônus da prova é quando incumbe ao réu comprovar os fatos negativos do Direito
do autor. Caberá quando presentes os requisitos.

Exemplo:

Relação de consumo em que consumidor é hipossuficiente, vulnerável. O fornecedor tem o


ônus de provar que não é o responsável pelo ônus causado ao consumidor. Então, o
consumidor não precisa provar a origem do dano, mas o fornecedor deve provar que não foi o
responsável pelo dano.

Quando falamos em carga dinâmica, significa imputar à parte que está em melhores
condições, o ônus de provar o alegado, e nesse aqui pode ser tanto o autor quanto ao réu.

Nos termos do NCPC, não teremos apenas a inversão do ônus da prova, mas também a carga
dinâmica da prova.

No erro médico citado anteriormente utilizamos a carga dinâmica do ônus da prova, onde será
a analisado quem está em melhores condições de comprovar o alegado.

Em que momento o juiz pode inverter o ônus da prova? Em que momento o juiz irá apontar
quem tem o ônus de inverter o ônus da prova?

No despacho inicial, no despacho saneador o na sentença?

No despacho inicial não pode ser, pois, o juiz ainda não se deparou com a versão do réu.

No despacho saneador, no caso da audiência do art. 331, caso a mesma seja infrutífera, o juiz
já ira fixar os pontos controvertidos, imputando a quem for necessário, o ônus de se provar o
alegado em juízo, juntamente com as provas que serão necessárias para formar o seu
convencimento.

As partes estão representadas por seus advogados, que são dotados de aptidão técnica, logo,
sabem de antemão que existe a possibilidade do juiz inverter o ônus da prova, e devem ainda
saber quais provas serão necessárias produzir para se provar o alegado. O juiz não precisa no
despacho saneador indicar que será invertido o ônus da prova. Poderá inverter o ônus da
prova na própria sentença, ou seja, diante de todos os fatos e provas presentes nos autos,
deveria o réu ter comprovado fatos negativos do Direito do autor. Como o réu não comprovou,
por inverter o ônus da prova na própria sentença, o juiz julgará procedente os pedidos
formulados pelo autor.

Ambas as duas últimas posições convencem, em por tal motivo a doutrina ainda discute se o
juiz pode ou não inverter o ônus da prova quando da prolação da sentença.

As provas são necessárias para comprovar os fatos, para se comprovar o que é verdade. Para o
Direito, o que é verdade?

Estudamos no Direito que a verdade pode ser classificada em três formas:

a. Verdade real

É aquele que busca a verdade fática, pura, sobre a qual não se paira dúvida. NO processo penal
falamos em verdade real, logo, se pairar alguma dúvida quando da autoria, será aplicada o “in
dúbio pro réu”. No processo civil falamos em verdade real? Não, mas verdade dos autos, logo,
é verdade processual, verdade da forma, verdade FORMAL.

b. Verdade formal

No processo civil vigora a verdade formal, ou seja, aquilo que não estiver nos autos, não existe
no mundo do juiz. O juiz tem poder instrutório, mas no processo civil, é mais restrito, por se
falar em verdade formal. Há verdade relativa no processo civil?

c. Verdade judicial (entendimento da jurista Ada Pelegrini Grinover)

No processo civil, não podemos desprezar a verdade real, pois, a verdade é sempre um bem
jurídico buscado, almejado, pois é sempre através da verdade que buscamos readquirir o
Direito violado. Então, não podemos falar em uma verdade meramente formal. É lógico que no
processo civil há uma relativização dos poderes instrutórios do juiz, mas o mesmo deve sim
buscar a verdade. Como o juiz é dotado de poderes instrutórios, é dotado de mecanismos para
obtenção de tais provas. Vide art. 130, CPC.

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas


necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.

O art. 130 deixa claro que o juiz é dotado de poderes instrutórios, ou seja, poderes para
determinar a produção de provas, todas que forem úteis para a elucidação da verdade.

No processo civil, esse poder instrutório também comporta gradação. Logo, quando estamos
diante de Direito patrimonial, ou seja, Direitos disponíveis, esse poder instrutório do juiz é
atenuado. Quando estivermos diante de Direito indisponíveis (guarda de menores), os poderes
instrutórios do juiz é ampliado. O poder instrutório do julgador varia de acordo com a natureza
da lide.

Exemplo:

Numa ação de alimentos, o filho alega que o réu tem condições financeira para arcar com
pensões no valor X. Porém, para comprovar a possibilidade econômica do réu, o filho precisa
ter acesso a informações que são sigilosas, como informações bancárias, fiscais, trabalhistas.
Se o autor não requerer, pode o juiz de ofício decretar a quebra do sigilo bancário do réu?
Pode. Pode determinar uma ordem de ofício a Receita Federal para juntar, para apresentar em
juízo as declarações do imposto de renda? Pode. Pode de ofício determinar a expedição de
ordem para a empregadora do réu para informar o valor do salário? Pode. Porque estamos
diante de interesses de incapaz, então o poder instrutório nesse caso acaba sendo ampliado.

Não falamos então inverdade formal no processo civil, falamos em verdade judicial.

Pode o juiz de ofício requerer prova pericial? Sim. Pode de ofício o juiz requere prova
testemunhal? Somente se for testemunha referida. O juiz não pode determinar a oitiva de
testemunhas de ofício, pois se assim agisse estaria deixando de lado sua imparcialidade,
ferindo o princípio do dispositivo, que prevê que o juiz precisa ser provocado para agir. Agora,
caso o juiz esteja ouvindo testemunha que foi arrolada pelo autor e a mesma diz que não sabe,
mas que fulano sabe, pode o juiz ouvir o fulano ex ofício? Pode, com fundamento no art. 130,
pois é dotado de poder instrutório.

As provas como já dito, passam por diversos momentos.

1º Requerimento das provas;

2º Deferimento – Se as provas serão ou não deferidas;

3º Produção – Onde as provas serão produzidas;

4º Avaliação das provas

As provas uma vez produzidas, pertencem ao processo, ao Estado. O que existe é o


requerimento da prova pelo autor e requerimento pelo réu. Uma vez produzida a prova, deixa
de pertencer à parte, e passa a pertencer ao Estado. A atividade probatória não se restringe à
fase instrutória.

Temos em nosso Direito sistemas de avaliação de provas.

Sistema tarifado (sistema da prova legal): O juiz deverá analisar as provas de acordo com
valores preestabelecidos em Lei. Exemplo: Prova documental vale X pontos, prova
testemunhal vale Y ponto.

No Brasil, não adotamos tal sistema, pois, aqui não há hierarquia no que diz respeito à provas.
Os fatos podem ser provados por todos os meios de provas (regra em geral).

Vide art. 366, CPC – resquício da prova legal.

Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma
outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.

Determinados fatos somente podem ser provados por instrumento público, não existindo a
possibilidade de outros meios de produção de provas. Se não juntarmos instrumento público,
o fato não será considerado provado. O juiz analisará o conjunto fático e probatório, à exceção
do art. 366.

Sistema é o do livre convencimento: Não adotamos esse sistema, pois este sistema dá, como
o próprio nome já diz, livre e irrestrito poder de julgar a lide como o juiz bem entender. Esse
sistema já vigorou em nosso Direito, quando vigorava o sistema das Ordálias.

Sistema da persuasão racional (sistema do livre convencimento motivado, ou então, sistema


da discricionariedade motivada): O juiz é livre para decidir, devendo no entanto fundamentar
porque decidiu de tal forma. Se não estiver fundamentada a decisão será nula, ou seja, não
produzirá efeitos. A liberdade o juiz se encontra em sua fundamentação, conforme art. 131,
CPC.

Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes
dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos
que Ihe formaram o convencimento.

Art. 334, IV

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

A quitação da parcela posterior traz uma presunção de que as parcelas anteriores também
foram quitadas, logo, caberá ao Banco provar que foram pagas as demais parcelas.

Temos regras técnicas de julgamento que são complexas, ou seja, depende o livre
convencimento motivado. Logo, se não se está conformado, deverá ser interposto Recurso.

Art. 212, C.C.:

Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser
provado mediante:

I - confissão;

II - documento;

III - testemunha;

IV - presunção;

V – perícia.

As provas não se restringem ao Estudo do Direito processual. A provas são regidas por normas
eterotópicas, ou seja, são regidas por normas que se completam por outras normas.

Art. 231 e 232, C.C.:

Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá
aproveitar-se de sua recusa.

Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia
obter com o exame.

No C.C. não se estuda prova pericial. Se Estuda no CPC. Porém, no C.C., os dois arts.
Supracitados, nos ajuda nos casos em que a pessoa se escusa a produzir uma prova pericial,
logo, iremos complementar as regras. Estamos diante de uma ação de investigação de
paternidade. O pai se recusa a ceder o material genético, logo, não há como produzir prova
pericial. Nesse caso, a recusa do réu é um meio de prova, um indício, uma presunção de que é
pai. Ainda sim analisaremos as demais provas constantes nos autos, como por exemplo fotos
de quando o pai e a mãe mantinham um relacionamento amoroso, e por fim, o ato de recusa
ao ceder material genético para o exame de DNA.

Provas em espécie

O CPC, em seus arts. 332 ao 340, tratam das disposições gerais. A partir do art. 342 e 348,
estudamos uma modalidade de prova oral. Logo, quando estudamos as provas em espécie,
analisamos primeiro as provas orais, depois, as provas documentais e por fim, as provas
periciais.

Provas orais (gênero de quais são espies):

O CPC nesse ponto não é muito claro, porque trata de forma englobada, conjunta,
depoimento pessoal e interrogatório das partes, nos dando a falsa impressão de que são
meios de produção de provas idênticos, quando são completamente diferentes.

Vide art. 342, CPC.

Qual a diferença do interrogatório e do depoimento pessoal?

1. Interrogatório das partes:

Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o


comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.
No interrogatório, as partes são interrogadas com a finalidade de esclarecer fatos, sem
maiores consequências. O juiz pode interrogar as partes quantas vezes quiser, quantas se
fizerem necessárias. Não existe um limite quantitativo para o interrogatório, porém , CPC
prevê esse possibilidade. O interrogatório pode ser determinado “Ex ofício”.

No interrogatório, quem pergunta primeiro é o juiz, e, após, o advogado da parte, e por


último o advogado do adversário.

2. Depoimento pessoal:
3.

Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o
depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento.

§ 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão


confessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse
a depor.

§ 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe


aplicará a pena de confissão.

O depoimento pessoal implica no requerimento da parte para que o adverso seja ouvido em
audiência, logo, é sempre a parte adversa que requer o depoimento pessoal da outra parte.
Assim sendo, o autor requer o depoimento pessoal do réu e o réu requer o depoimento
pessoal do autor.

Como se dá tal prova?

Quando se está na AIJ (representa um marco de transição entre a fase instrutória e a


decisória), onde o réu requereu o depoimento pessoal do autor e vice versa. O juiz primeiro
tenta conciliar as partes. Caso seja infrutífera a tentativa de conciliação, então o juiz partirá
para o depoimento pessoal, não sem antes perguntar se insistem em prosseguir com o
depoimento pessoal. Então o juiz ouvirá a parte, que ouvirá as perguntas formuladas pelo juiz,
e, após, o advogado da parte adversa, ordem descrita no art. 344. Quando o autor senta diante
do juiz, o réu deve sair da sala de audiência durante o depoimento pessoal, haja vista o
previsto no § único do art. 344, CPC. Após, o juiz pergunta se o autor insiste em continuar com
o depoimento pessoal do réu. Caso o mesmo aceite, não haverá necessidade do autor sair da
sala enquanto o réu está dando o seu depoimento, pois, a outra parte já fora ouvida.

As perguntas formuladas às partes no depoimento pessoal tem como finalidade a confissão.

O autor muito bem instruído por seu advogado está precavido quanto a algumas perguntas
que poderão ser feitas pelo juiz. Caso o autor não responda as perguntas formuladas pelo juiz,
poderá ser prejudicado, conforme sanção prevista no art. 345, CPC.

Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for
perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos
de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
A parte é obrigada a responder qualquer tipo de pergunta realizada pelo juiz no depoimento
pessoal? Não. Todavia, se acabar confessando um crime, responderá pelo mesmo. Daí se
indaga como fica o princípio de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo?
Vide art. 347, CPC.

Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:

I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados;

II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação
de casamento.
Se a resposta implicar na confissão de um crime, a parte que está sendo ouvida poderá alegar
que não responderá, nos termos da Lei.

Também se aplica o disposto no art. 347, CPC, nos casos em que a pessoa está sendo ouvida e
a resposta implica na quebra de sigilo profissional ou de Estado (médicos, advogados).

Exemplo:

O autor requereu o depoimento pessoal o réu, e o réu requereu o depoimento pessoal do


autor. Na audiência o juiz tenta conciliar as partes. A audiência é infrutífera. Então o juiz
pergunta ao advogado do réu se insiste no depoimento pessoal do autor. O advogado diz que
não, que dispensa o depoimento pessoal do autor, pensando condigo mesmo que como a tese
da parte contrária está bem construída, o depoimento pessoal poderá influenciar
negativamente. Há possibilidade do juiz ouvir o autor nos casos em que o advogado dispensa o
depoimento pessoal? Sim, mas nesse caso, como interrogatório da parte., e não mais como
depoimento pessoal. No interrogatório não há pena de confesse, mas apenas esclarecimento
de fatos, onde o juiz formulará perguntas. Quem perguntará primeiro nesse caso é o juiz, e
após o advogado da parte ouvida, e por fim, o advogado da parte adversa.

A lei prevê que a parte que não depôs, deve sair da sala. Há possibilidade de solicitar a retirada
do autor quando o réu estiver sendo ouvido? A regra geral é que não, pois a Lei não prevê essa
possibilidade. Entretanto, há a possibilidade do juiz determinar a saída do autor se, devido a
particularidade do caso, a permanência do autor puder comprometer a colheita da prova. Essa
saída pode ser requerida tanto de ofício pelo juiz, quanto a requerimento da parte. Não há que
se falar em inobservância do princípio do contraditório e da ampla defesa, pois, o advogado da
parte que se retirou permanece na sala de audiência para resguardar os direitos de seu cliente.

Quando observarmos no caso em concreto que é importante colher a versão da parte


contrária para que se busque a confissão, devemos deixar claro que pretendemos utilizar
como meio de provas o depoimento pessoal. Se não especificarmos, nada impede do juiz ouvir
a parte como sendo interrogatório da parte.

No depoimento pessoal, busca-se a confissão de fatos, e é requerido pela parte adversa.

Exemplo:

O autor requer o depoimento pessoal do réu e o réu do autor.

Então, quando o juiz intima as partes para especificarem as provas que pretendem produzir,
expondo a necessidade, podemos indicar como meio de prova o depoimento pessoal do
adverso, para comprovar o fato X, porque pode ser que no depoimento pessoal, pode ser que
sejam confessados fatos, pode ser que contribuam para se buscar a comprovação dos fatos
que se buscava.

Para que o depoimento pessoa acarreta a confissão, devemos observar as formalidade que o
CPC impõe, conforme, se observa no art. 343, parágrafo 1º.

Exemplo:
O autor requereu o depoimento pessoal do réu. O réu requereu o depoimento pessoal do
autor. O autor ao requerer o depoimento pessoal do réu já esclareceu que o queria para
provar determinado fato, assim como o fez o réu. As partes devem ser intimadas
pessoalmente, e não na pessoa do advogado. A intimação é direta à parte. O oficial de justiça
entrega em mãos a intimação. Consta no mandado que o não comparecimento implicará na
pena de confesso. Logo, quando a parte é intimada para comparecer em um depoimento
pessoal, ela é obrigada se apresentar em juízo, pois corre o risco de ter determinado fato como
provado, diante da confissão. Se a parte não for intimada para depoimento pessoal, mas o juiz
designou AIJ e determinou que a parte comparecesse junto de seu advogado. Se a parte não
comparecer, poderemos falar que o juiz aplicará a pena de confesso? Não, pois a parte que
não comparece, o problema que enfrentará é não ter esclarecido determinado fato.

No depoimento pessoal, quem formula perguntas primeiramente é o juiz, e após, o advogado


do adversário. Aqui o advogado da parte que está sendo ouvida não formula perguntas.

A recusa em depor no depoimento pessoal, também acarreta a pena de confesso.

Obs.: Se não constar no mandado de intimação para depoimento pessoal a sanção prevista
para a sua ausência, não poderá o juiz aplicar a pena de confesso, ou seja, não basta a
intimação. Daí a importância da parte quando especifica as provas em expor o porque requer o
depoimento pessoal ou qualquer outra prova, porque no caso da intimação para depoimento
pessoal, caso não esteja especificado exatamente como previsto no CPC, não poderá o juiz
aplicar a pena de confesso.

24/03/2015
1. Oitiva de testemunha:

Quem pode ser testemunha?

Qualquer pessoa que sabe, que conhece o fato que é objeto de prova, fato que é pertinente.

Testemunha pode ser parte? Não.

Exemplo:

Estamos diante de um litisconsórcio passivo, onde A demanda contra B, C e D. Há possibilidade


de C ser testemunha de D? De forma alguma, pois, C é um terceiro. Humberto Theodoro Júnior
diz que parte é quem não é terceiro e terceiro é quem não é parte.

Testemunha não é aquela que ouviu dizer, é aquela que conhece, que sabe. Logo, quando uma
testemunha diz ao juiz: “-Excelência, ouvi dizer que fulano praticou tal ato.” Estamos diante de
uma testemunha que merece credibilidade? Não, pois não pode declarar o que acha ou o que
ouviu dizer, mas aquilo que sabe, que viu. A testemunha é os “olhos” do Estado, logo, como o
mesmo não é onipresente, não está em todos os locais ao mesmo tempo, necessitam do
Estado. Logo, é por tal motivo que testemunha não pode ter o seu dia de trabalho quando está
contribuindo para a Justiça. Então, testemunha que compareceu no Fórum pede uma
declaração que é apresentada ao empregador e aquele dia não pode ser descontado da sua
folha de pagamento.

Testemunha é todo aquele maior de 16 anos que sabe, que conhece os fatos. Testemunha não
pode ter interesse na causa, deve ser livre, desimpedida, não deve buscar beneficiar uma das
partes. Testemunha assume compromisso, de falar verdade, sob pena responder pelo crime de
falso testemunho. Testemunha não poderá se incapaz, impedida ou suspeita.

Art. 400, CPC.

Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.
O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:

I - já provados por documento ou confissão da parte;

II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.

Exemplos acerca do art. 400, I, CPC:

Se o réu leva comprovante de pagamento de uma dívida, não há necessidade de se levar


testemunha.

Se o réu confessa que entre ele e o autor existiu um negócio jurídico, não há necessidade de se
levar testemunha para alegar que não houve celebração de negócio jurídico entre eles.

Exemplos acerca do art. 400, II, CPC:

Na ação de investigação de paternidade, o autor leva testemunhas na audiência para


comprovar que o réu é o pai. No entanto, testemunhas não comprovam vínculo de parentesco,
que somente é comprovado através de exame de DNA, prova pericial.

Estado civil também não é provado por testemunhas, até porque a certidão é um documento
público, sendo que a via original sempre fica retida no cartório.

Art. 401, CPC.

Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não
exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram
celebrados.
Exemplo:

Estamos diante de uma causa que não extrapola 10 salários mínimos. Podemos provar com
testemunhas? Sim, pois não extrapolou 10 salários mínimos.

Se extrapolar 10 salários mínimos, temos que ter um início de provas documentais, onde a
testemunha suprirá a suficiência probatória.
Testemunha não poderá ser incapaz, impedida ou suspeita.

Quando se fala em incapacidade, impedimento e suspeição, essas causas estão previstas no


arr. 405, CPC

Incapacidade é uma causa geral. Ou seja, testemunha incapaz é incapaz em qualquer situação.
OU seja, é genérica, é geral.

Exemplo:

Um adolescente de 15 anos, pode testemunhar? Não. O problema está na capacidade. É


incapaz de testemunhar em qualquer processo.

Podemos ter uma testemunha que atua em certos momentos com lucidez. Logo, quando da
presença do fato não estava em suas plenas faculdades mentais, se, na data da audiência ele
estiver apto para declarar os fatos, estamos diante de uma testemunha incapaz.

O menor de 16 anos não pode ser testemunha, mas quando da data do fato ou na data da
audiência?

É a típica situação que quando se formula a Lei não se param para pensar.

Outra hipótese de incapacidade é o cego e o surdo, pois falta o sentido que se necessita para
comprovação do fato.

Impedimento é circunstancial, ou seja, se restringe a determinado caso.

Suspeição também é circunstancial, ou seja, se restringe a determinado caso.

Exemplo:

A testemunha não pode atuar naquele processo, mas em outro sim.

O impedimento é para o processo: Cônjuge, ascendente ou descendente ou colateral até o


segundo grau.

Exemplo: A mãe não pode testemunhar em favor do filho? E o filho em favor da mãe? Não. E o
primo em favor do outro? Pode, porém, pode haver suspeição.

Impedimento é circunstancial e objetivo.

Suspeição é circunstancial e subjetivo.

O impedimento não é um obstáculo intransponível, ou seja, pode-se ouvir quando houver


interesse público, ou em causas de famílias, o que é comum ouvir parentes.

São suspeitos para testemunhar o condenado por crime de falso testemunho, havendo
transitada em julgado a sentença. “Uma vez mentiroso, será sempre mentiroso”.
Existe uma discussão doutrinária se a reabilitação criminal afastaria essa suspeição. As causas
de suspeição são subjetivas, logo, o juiz pode até não ouvir a testemunha, mas pode ouvir a
pessoa como informante da Justiça, sem compromisso algum em dizer a verdade.

O que seria uma testemunha que por seus costumes não é digna de fé?

A doutrina cita o seguinte exemplo: Em uma determinada comarca, Joãozinho boca mole,
conhecido por suas histórias e anedotas, ou seja, nada do que fala é levado a sério, por suas
mentiras contumaz. Em uma comarca grande como Piracicaba, deveríamos levar outras
testemunhas que tal testemunha não é digna de fé.

É suspeito também aqueles que são amigos íntimos ou inimigos capitais.

E por fim será suspeita aquela testemunha que tem interesse na causa, interesse em se
beneficiar ou beneficiar alguém.

O juiz no entanto, pode ouvir como informante aquela pessoa suspeita ou impedida para
testemunhar. Quando há contradita de testemunha busca-se impedir que o juiz ouça a pessoa
como informante.

Sogro, sogra e cunhado se encontram, em regra, impedidos.

Exemplo:

A arrolou como testemunha a mãe da primeira esposa, porém, já estava no 5º casamento.


Existe impedimento, pois não existe ex-sogra.

Quando estivermos diante de testemunha incapaz, impedida ou suspeita, há possibilidade do


advogado da outra parte contraditar a testemunha. Testemunhas são arroladas antes da
audiência. Não devemos confundir o prazo fixado no art. 407, CPC.

Se o juiz não fixar prazo, as testemunhas serão arroladas 10 dias antes da audiência – Art. 407,
CPC.

É importante que a parte que arrolou testemunha informe os dados pessoais de cada
testemunha para fins de identificação das mesmas pela parte adversa.

As testemunhas podem comparecer em juízo independentemente de intimação.

Se o advogado assumiu o risco que a testemunha compareceria sem a necessidade de


intimação, pode ser que no dia da audiência a testemunha não compareça e a parte veja seu
direito de produzir provas testemunhais prescrito, e o juiz dará continuidade na audiência.

No dia da audiência o advogado da parte contrária pode requerer a contradita de testemunha


arrolada, que significa oposição. Logo, o advogado pode requerer que o juiz não ouça porque
há amizade íntima entre a parte e a testemunha.

Se não observado o prazo legal, falaremos no direito de arrolar testemunhas precluso.

O prazo para arrolar testemunhas será o prazo que o juiz fixar, e, caso não fixe prazo, será o
prazo de 10 dias antes da data da audiência. Muitas vezes o juiz faz o seguinte: “Designo AIJ
para o dia 10/09/2015, às 14:00 horas, devendo as partes arrolar testemunhas no prazo 10
dias, a partir da intimação, que não será prazo retroativo.

Arroladas as testemunhas, a parte contrária terá ciência, logo, terá argumentos para
contraditar tais testemunhas.

NÃO SE PODE CONTRADITAR A TESTEMUNHA APÓS O INÍCIO DA AUDIÊNCIA.

A contradita pode acarretar:

a. Não ouvir a testemunha;


b. Ouvir a testemunha na qualidade de informante da Justiça

São aceitas 3 testemunhas para comprovarem a suspeição, impedimento ou incapacidade da


testemunha contraditada. NÃO DEVEMOS confundir com o número de testemunhas que é
possível arrolar para a audiência, que são 10 cada parte, 3 por fato, sem contar as
testemunhas da contradita.

25/03/2015
Substituição da testemunha contraditada

Há possibilidade de substituir testemunha?

Somente há possibilidade de substituir quando estivermos diante das hipóteses tratadas no


art. 408, CPC.

Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só pode
substituir a testemunha:

I - que falecer;

II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;

III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça.

Há uma praxe arrolar testemunhas no prazo e para não precluir o Direito o advogado informa
endereço inexistente, então terá o direito de pleitear a redesignação da audiência. Todavia,
essa prática fere o princípio da boa-fé, e, se descoberto, gera uma sanção para aquele que se
utilizou da má-fé.

Se arrolarmos 4 testemunhas e uma delas faleceu, substituiremos apenas aquela testemunha.


Logo, se oferecermos um rol de 5 testemunhas, somente falaremos em substituição e não em
ampliação.

Dependendo da situação, será necessária a redesignação da audiência, porque o rol deverá ser
juntado com antecedência mínima de 10 dias quando o juiz não fixar o prazo para arrolar as
testemunhas.
As testemunhas são ouvidas em audiência no momento oportuno, quando da AIJ.

Há possibilidade de designar essa audiência para ouvir uma testemunha antes mesmo de
existir um processo principal? Sim. Estamos diante da produção antecipada de provas. Em
situações excepcionais. Nesses casos ingressamos com uma ação cautelar de produção de
provas para ouvir a testemunha. Isso porque a testemunha “chave” para comprovar tal ato é
uma pessoa doente, idosa, que poderá não estar viva quando do momento da AIJ. Então,
nesses casos, não iremos esperar, mas já exporemos ao juiz que existe o direito de provar
alegado. Nesse caso temos um processo que viabiliza a colheita de prova que será utilizada em
um outro processo. A finalidade do processo cautelar em tela é perpetuar a prova e viabilizar
no caso em concreto a comprovação daquele fato. No curso do processo, a qualquer momento
poderemos requerer a produção antecipada de provas.

Exemplo:

Distribuímos a Inicial em uma ação indenizatória e tomamos conhecimento de que a


testemunha se encontra em uma situação de risco. Poderemos então requerer a audiência de
imediato (audiência para produzir tal prova, e não a AIJ). Então tudo o que foi dito de
contradita, será aplicado nessa audiência.

A AIJ é realizada na sede do juízo (no Fórum) em que tramita o processo, Comarca em que
tramita o processo, em regra. Há exceções, encontradas nos arts. 410 e 411, CPC.

Há possibilidade de se ouvir uma testemunha em outra Comarca? Sim, através de carta


precatória, conforme disposto no art. 410, II.

Quem paga pelos gastos gerados pelo deslocamento de uma testemunha? A parte que o
arrolou, conforme disposto no art. 419, CPC, de imediato ou no prazo de 3 dias.

Outra situação em que a testemunha também será ouvida fora da sede do juízo:

As testemunhas que por motivo de doença ou outro motivo relevante estão impossibilitadas
de comparecer em juízo. Nesses casos, o juiz se deslocará até a testemunha.

Nos casos do art. 410, estamos flexibilizando o princípio da identidade física do juiz.

Exemplo:

Temos um tipo de testemunha ouvida por carta. O juiz ouve aquela testemunha por carta não
fica vinculada ao processo.

O art. 411 trata das causas de deferência, onde está previsto um rol de autoridades que
podem informar ao juiz o dia, local e hora em que serão ouvidos. Essa regra não viola o
Princípio da Isonomia, pois não existe um privilégio à pessoa, mas ao cargo.

Como é a ordem para a Oitiva de testemunhas? Consta no art. 413, CPC.

Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as do autor e


depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o depoimento das outras.
O art. 413 deve ser seguido para que se evite a contaminação das provas, logo, uma
testemunha que já foi ouvida, poderá permanecer na sala de audiência.

Pode o juiz inverter a ordem?

Exemplo:

No dia da audiência o autor arrolou 3 testemunhas, e o réu também arrolou 3 testemunhas.


Não compareceu uma testemunha do autor, todas as testemunhas foram intimadas. Se o
autor não desistir da testemunha que faltou, pode o juiz realizar a audiência? Não. Se o autor
insistir naquele testemunha, falaremos em redesignação de audiência. Todavia, se o juiz falar
para o advogado que as 3 testemunhas do réu compareceram e que uma do autor faltou, ele
não pode realizar a audiência porque o autor insistiu naquela testemunha faltante. Há
possibilidade do juiz ouvir as testemunhas do réu e depois marcar uma nova data para ser
ouvida a testemunha faltante? Sim, desde que os advogados concordem. Se um dos
advogados não concordar o juiz não poderá inverter a ordem.

O juiz não pode também ouvir uma testemunha hoje e designar uma nova data para ouvir as
testemunhas do autor. Se for feito de forma compartimentada, haverá uma grande
possibilidade de as testemunhas se falarem entre elas. Então, por tal motivo, a Lei não permite
a cisão.

Não existe hierarquia para fins processuais, no entanto os advogados estão ali para resguardar
os direitos de seus clientes, e, isso inclui o zelo para que não haja contaminação da prova.

As testemunhas são instruídas antes da audiência? Sim. Mas que orientação deve o advogado
dar à testemunha? Que fique tranquila, você sentará diante do juiz e dirá a verdade.

A testemunha não é confiável porque muitas vezes diante do juiz tudo o que foi dito no
escritório de advocacia acaba sendo distorcido, seja pelo nervosismo, seja pelas circunstâncias.

PROVA PERICIAL

Quando utilizaremos?

Quando o fato existente no processo exigir conhecimentos técnicos. Se o juiz tiver


conhecimento técnico, pode ele próprio realizar a perícia?

Sim, pois não pode dispensar a documentação do fato. Então, por mais técnica que tenha o
juiz num determinado ramo profissional, terá que nomear um perito, porque a partir do
momento em que documentamos um fato, estaremos assegurando o direito de ampla defesa,
do contraditório, logo, não pode o juiz se valer do livre convencimento puro e simples, pois no
Brasil utilizamos o livre convencimento motivado. Então para que o juiz seja motivado, temos
que documentar o fato por meio de prova.

O juiz ficará vinculado ao laudo pericial? Não, pois o juiz é o perito peritório, o perito dos
peritos, conforme art. 436, CPC.
Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos.

A prova pericial é importante porque no Brasil vigora o sistema do duplo grau de jurisdição,
logo, se a decisão não for correta a parte prejudicada poderá recorrer. Na justiça trabalhista
tem se tornado comum o juiz contrariar o laudo pericial.

O juiz não pode dispensar prova pericial se a questão exige conhecimento técnico.

Se a parte não requerer prova pericial, verificando o juiz que há necessidade de prova pericial,
poderá requerer que seja realizado um exame pericial. Todavia, pode ocorrer de nem o juiz e
nem o advogado terem conhecimento técnico e, nesse caso, se a parte não requerer prova
pericial, o juiz pode entender que também não há necessidade, e, nesse caso a parte será
prejudicada.

O juiz nomeia perito, as partes, indicam assistentes técnicos.

Logo, se é uma causa que envolve erro médico, o juiz nomeará um perito, que será um
médico. As partes poderão indicar assistentes médicos, que serão contratados pelas partes e
auxiliarão os advogados na elaboração do laudo pericial.

Quando falamos em perícia, há três modalidades (art. 420, CPC):

a. Exame

Pode recair tanto sobre bens móveis (coisas), quanto pessoas.

Exemplo: Estamos diante de uma ação indenizatória em que o autor postula danos morais em
razão da sua capacidade laborativa. Nesse caso, precisamos indicar assiste técnico (perito),
para apurar qual o percentual da perda da capacidade laborativa. Estamos diante de uma
prova pericial consistente em EXAME.

Isso ocorre por exemplo também quando ocorre quando há um dano em um veículo.

b. Vistoria

Recai sobre bens imóveis.

Exemplo: Estamos diante de um conflito que envolve vizinhos, direito de vizinhança. São
propriedades rurais lindeiras. Uma propriedade explora agricultura e a outra, pecuária. Então
os gados do vizinho arrebentaram a cerca e destruíram as plantações do outro. Existe aqui
responsabilidade civil? O pecuarista diz que não tem culpa porque foram os gados quem
invadiram, porém, ele é o responsável pelos gados, é o proprietário.

Nesse caso temos que vistoriar para comprovar que houve prejuízo. Porém, tanto no exame
quanto na vistoria podem envolver avaliação.

c. Avaliação
Quando existe mensuração, quantificação.

No caso da propriedade agrícola, será realizada a vistoria para comprovar o dano e também
um avaliação para quantificar o prejuízo causado ao fazendeiro.

Podemos ter uma perícia que se restrinja à avaliação, como por exemplo uma perícia contábil,
onde não falamos em exame, em vistoria, mas em cálculos.

No exemplo da perícia laboratorial há apenas exame, e não avaliação.

O perito é da confiança do juízo.

Perito é nomeado pelo juiz, e o juiz confere um prazo para que seja apresentado o laudo
pericial.

O juiz nomeia perito e as partes são intimadas acerca da nomeação do perito, e, nesse
momento, poderão indicar assistente técnico, formular quesitos e impugnar (exceção) a
nomeação do perito, no prazo de 10 dias.

Existem discussões entre advogados e peritos.

Aqui cabe as exceções de impedimento e exceção.

Cabe impugnação quando o perito não tem conhecimento na área. Caso o juiz mantenha a
decisão, cabe agravo.

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