Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Morosidade processual
• 1º grau: composto pelos juízes de direito, pelas varas, pelos fóruns, pelos
tribunais do júri (encarregados de julgar crimes dolosos contra a vida), pelos
juizados especiais e suas turmas recursais.
• 2º grau: é representado pelos Tribunais de Justiça (TJs). Nele, os magistrados
são desembargadores, que têm entre as principais atribuições o julgamento de
demandas de competência originária e de recursos interpostos contra decisões
proferidas no primeiro grau.
As turmas recursais, por sua vez, integradas por juízes em exercício no primeiro grau,
são encarregadas de julgar recursos apresentados contra decisões dos juizados
especiais.
As Turmas Recursais fazem parte da seção judiciária (1ª instância), mas exercem,
porém, o 2º grau de jurisdição (grau recursal), sendo compostas por juízes federais que
julgam recursos oriundos dos juizados.
II - os Juízes Federais.
Localizada nas capitais das unidades da federação, as seções judiciárias são formadas
por um conjunto de varas federais, onde atuam os juízes federais. Cabe a eles o
julgamento originário da maior parte das ações submetidas à Justica Federal.
•TRF 1ª Região - Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins;
Importante: Nas comarcas onde não houver vara federal, os juízes estaduais são
competentes para processar e julgar determinados tipos de processos (art.15, Lei
n.5.010/1966, com a redação dada pelo art.3º da Lei n.13.876/2019).
Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e
julgadas na Justiça Estadual:
III- as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado e que se
referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca de domicílio do
segurado estiver localizada a mais de 70km (setenta quilômetros) de Município sede
de Vara Federal;
São eles:
Suas competências estão previstas no art. 105 da Constituição Federal, dentre as quais
o julgamento em recurso especial de causas decididas em última ou única instância
pelos Tribunais Regionais Federais, pelos Tribunais de Justiça ou pelos Tribunais de
Justiça Militar dos estados quando a decisão recorrida contrariar lei federal.]
O que é o Supremo Tribunal Federal?
O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, tendo sido
instituído pelo Decreto n.520, de 22 de junho de 1890. Ao longo da história da
República diferentes Constituições modificaram suas atribuições.
Na área penal, destaca-se a competência para julgar, nas infrações penais comuns, o
Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, entre outros.
O Supremo Tribunal Federal é composto por onze Ministros, brasileiros natos (art. 12,
§3º, IV, da CF/88), escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 da CF/88), e nomeados
pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.
Por fim, cada uma das duas Turmas é constituída por cinco Ministros e presidida pelo
mais antigo dentre seus membros, por um período de um ano, vedada a recondução,
até que todos os seus integrantes hajam exercido a Presidência, observada a ordem
decrescente de antiguidade (art. 4º, §1º, do RISTF/80 - atualizado com a introdução da
Emenda Regimental n.25/08).
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
I. Conceituação:
Os recursos pressupõem inconformismo, insatisfação com as decisões judiciais, e que
buscam outro pronunciamento do Poder Judiciário a respeito das questões a ele
submetidas.
Conforme leciona José Carlos Barbosa Moreira, recurso é o remédio voluntário idôneo
a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a
integração judicial que se impugna. Desta forma, o recurso impede que a decisão
judicial impugnada se torne preclusa, prolongando o estado de litispendência.
Como eles não têm, ao menos em regra, efeito suspensivo, o processo prosseguirá,
embora a decisão agravada não tenha se tornado definitiva. O que ocorrerá com os
atos processuais posteriores à decisão agravada, se o agravo for provido?
Provido o agravo, todos os atos processuais seguintes, incompatíveis com a nova
decisão, ficarão prejudicados, até mesmo a sentença.
O efeito substitutivo é atribuído pelo art. 1.008 do CPC/2015 aos recursos em geral.
Consiste ele na força do julgamento de qualquer recurso de substituir, para todos os
efeitos, a decisão recorrida, nos limites da impugnação.
Trata-se de um derivativo do efeito devolutivo.
Se ao órgão ad quem é dado reexaminar e redecidir a matéria cogitada no decisório
impugnado, torna-se necessário que somente um julgamento a seu respeito prevaleça
no processo.
A última decisão, portanto, i.e., a do recurso, é que prevalecerá.
A invalidação (ou anulação) da decisão, a fim de que o órgão que a prolatou, quando
isto seja possível, profira nova decisão, sanando os vícios que geraram sua anulação.
O esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada, pelo mesmo órgão
que a proferiu, para lhe sanar omissão, contradição ou obscuridade.
Outra exceção é a do art. 1.014, que permite ao apelante suscitar questões de fato que
não tenha invocado no juízo inferior, quando provar que deixou de fazê-lo por motivo
de força maior.
■ O sistema de interposição
Salvo uma única exceção, os recursos são interpostos perante o órgão a quo (A
expressão “a quo” refere-se ao juiz ou ao tribunal de instância inferior de onde provém
o processo objeto do recurso ou o ato que se discute em outro juízo), e não perante o
órgão ad quem (A expressão “ad quem” designa o juízo ou o tribunal para onde se
encaminha ou se remete, em grau de recurso, o processo que se achava em instância
inferior
A exceção é o agravo de instrumento, interposto diretamente perante o Tribunal.
No CPC atual, salvo no recurso extraordinário e no especial, não cabe ao órgão a quo
fazer o juízo de admissibilidade, que será feito exclusivamente pelo órgão ad quem.
A função do órgão a quo será apenas fazer o processamento do recurso, enviando-o
oportunamente ao ad quem, que fará tanto o exame de admissibilidade quanto, se
caso, o de mérito.
Não haverá prévio exame de admissibilidade pelo órgão a quo, nem na apelação (art.
1.009, § 3º), nem no recurso ordinário (art. 1.028, § 3º).
Haverá apenas no recurso extraordinário e especial (art. 1.030, V). Antes de examinar a
pretensão recursal, o órgão ad quem fará o juízo de admissibilidade, verificando se o
recurso está ou não em condições de ser conhecido. Em caso negativo, não conhecerá
do recurso; em caso afirmativo, conhecerá, podendo dar-lhe ou negar-lhe provimento,
conforme acolha ou não a pretensão recursal.
No caso do RE e do REsp, caberá ao presidente ou vice-presidente do tribunal
recorrido realizar o prévio juízo de admissibilidade. Se o recurso for recebido, o
processo será encaminhado ao órgão ad quem, a quem competirá, antes do exame da
pretensão recursal, realizar um novo e definitivo juízo de admissibilidade; se não, da
decisão de inadmissão proferida no órgão a quo caberá agravo, na forma do art. 1.042
do CPC.
■ pode não conhecer do recurso (Se ausentes quaisquer dos requisitos que
visam a admissibilidade do recurso). Nesse caso, a decisão do órgão a quo
prevalece, e não é substituída por uma nova;
E é preciso que tenha algum conteúdo decisório. Não cabe, portanto, dos despachos,
pronunciamentos judiciais de mero andamento do processo.
■ as sentenças, pronunciamentos do juiz por meio dos quais ele, com fundamento nos
arts. 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como
extingue a execução. Contra elas caberá a apelação e, eventualmente, embargos de
declaração;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
III - homologar:
b) a transação;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
■ os acórdãos, decisões colegiadas dos Tribunais (art. 204); contra elas, além dos
embargos de declaração, poderão caber recurso extraordinário e especial, em caso de
ofensa à Constituição ou à lei federal. Também será admissível o recurso ordinário, nos
casos previstos na Constituição Federal.
2) Momento:
Recurso adesivo - O recurso adesivo é uma manobra judicial que permite que as partes
interponham recursos após o momento apropriado, mas somente se a outra parte
entrar com um dos recursos previstos no Novo CPC para o tema.
Na hipótese de sucumbência recíproca, cada uma das partes poderá interpor seu
recurso no prazo comum, ambos sendo recebidos e processados independentemente,
ou, então, caso uma das partes não tenha ingressado com recurso independente ou
principal, poderá ainda recorrer adesivamente ao recurso da outra parte, no mesmo
prazo de que dispõe para responder a este último, conforme artigo 997, §2º, I do
Código de Processo Civil.
§1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles
poderá aderir o outro.
III – não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.
3) Fundamentação:
a) Livre: Os recursos de fundamentação livre são aqueles nos quais a lei deixa a
parte livre para, em seu recurso, deduzir qualquer tipo de crítica em relação à
decisão, sem que isto tenha qualquer influência na admissibilidade dele. Como
exemplo, tem-se a apelação;
b) Vinculada: Há casos, no entanto, em que a lei, ao estabelecer as hipóteses de
cabimento do recurso, limita sua fundamentação, ou seja, o tipo de crítica que
se pode fazer à decisão através do recurso.
A título de exemplo, têm-se os recursos especial e extraordinário. No primeiro,
a fundamentação do recurso deve circunscrever-se às hipóteses do art.105, III,
da Constituição da República; já no segundo, a fundamentação do recurso deve
ater-se aos casos previstos no art.102, III, também da Constituição. Esses
recursos se encontram na lei, em numeração taxativa, os tipos de vícios que
podem ser apontados na decisão recorrida.
4) Objeto tutelado:
Dependendo do objeto a que visa o sistema jurídico tutelar através dos recursos,
podem eles, ainda, ser classificados em ORDINÁRIOS e EXTRAORDINÁRIOS.
5) Efeitos:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal
ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por
decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso.
Conclusão da aula:
Não é a única forma de atacar uma decisão, pois existem os meios autônomos de
impugnação.
Já no erro de julgamento, o juiz julgou mal, apreciou mal as provas, por exemplo.
Neste, pede-se a reforma da decisão judicial.
Por fim, o recurso se diferencia dos demais meios de impugnação, pois é um ato de
inconformismo exercido dentro da mesma relação processual. Ou seja, não se instaura
uma nova relação jurídica processual, como ocorre, por exemplo, no caso da ação
rescisória, a qual constitui ação autônoma de impugnação.
PRINCÍPIOS RECURSAIS
Os princípios genericamente falando, são regras não escritas que decorrem de outras
regras escritas, de um conjunto de regras ou do sistema jurídico como um todo.
Eles orientam não apenas a aplicação do direito positivo, mas também a própria
elaboração de outras regras, que a eles devem guardar obediência e hierarquia.
O devido processo legal é uma cláusula geral ou enunciado normativo aberto, isto é,
seu conteúdo é definido pelo juiz de acordo com as circunstâncias histórico culturais
do momento judicial.
ainda que relevantes, as críticas não desqualificam o duplo grau de jurisdição como
princípio constitucional, ainda que implícito.
Não é deixada ao arbítrio das partes, nem para a competência dos Estados ou
Municípios, tampouco para os regimentos internos dos tribunais, a tarefa de criar
recursos, modificá-los ou extingui-los.
O princípio deve ser entendido no sentido de que somente a Lei pode criar recursos no
sistema processual civil brasileiro. E mais: não se trata de qualquer lei, mas de lei
federal, por força do que dispõe o inciso I do art. 22 da CF. Mesmo o inciso XI do art.
24 da CF, que reconhece aos Estados-membros e ao Distrito Federal competência para
criarem regras de procedimento, não pode inovar o sistema no que diz respeito à
existência, criação ou revogação de recursos.
A eles podem ser acrescentados outros que venham a ser criados por leis especiais.
TÍTULO II
DOS RECURSOS
Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
I – apelação;
II – agravo de instrumento;
IV – embargos de declaração;
V – recurso ordinário;
VI – recurso especial;
IX – embargos de divergência.
Princípio da Unicidade/Singularidade
Estabelece que, para cada ato judicial, cabe um único tipo de recurso adequado.
Cada recurso, por assim dizer, tem aptidão de viabilizar o controle de determinadas
decisões jurisdicionais com exclusão dos demais, sendo vedada – é este o ponto nodal
do princípio – a interposição concomitante de mais de um recurso para o atingimento
de uma mesma finalidade.
• Contra as decisões interlocutórias previstas no art. 1.015, cabe o agravo de
instrumento.
• Contra as sentenças, a apelação;
• contra decisões monocráticas do relator, agravo interno;
• contra acórdãos que se enquadrem nas hipóteses do art. 102, III, da
Constituição Federal, recurso extraordinário; e
• contra acórdãos, nas hipóteses do art. 105, III, recurso especial.
• O recurso ordinário será adequado nas hipóteses previstas na CF, arts. 102, II, e
105, II.
Princípio da efetividade/fungibilidade
Nesse sentido, registre-se que muito embora, o princípio da fungibilidade não decorra
de qualquer regra expressa (princípio implícito), ele encontra se em consonância com
o princípio da instrumentalidade das formas, previsto no art 277 do Código de
Processo Civil.
Por força da aplicação desse princípio, que deriva do princípio dispositivo, não apenas
se exige a iniciativa da parte interessada para a interposição do recurso, como,
também, confere se a esta a liberdade de delimitar o âmbito do recurso, podendo
impugnar total ou parcialmente a decisão que lhe fora desfavorável.
É também manifestação desse princípio a regra contida no art. 998 do CPC, segundo o
qual o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso por ele interposto.
Princípio Dispositivo
No Brasil, não é permitido ao juiz proferir sentença com base em situação fática
estranha à lide, mas se permite, pelo artigo 370 do CPC, que o juiz ordene de ofício
provas necessárias à instrução do processo, além das provas apresentadas pelas
partes, respeitando sempre o tratamento igualitário destas.
O princípio quer dizer que as partes devem ter a iniciativa para levar as alegações ao
processo ou indicar onde encontrá-las, bem como levar material probatório que
poderá ser utilizado pelo julgador para a formação do seu convencimento e
fundamentação da decisão.
Assim, o princípio da proibição da reformatio in pejus tem como objetivo impedir que
essa situação de piora ocorra por força do julgamento do recurso da parte.
Aquele que recorre só o faz para melhorar a sua situação. Portanto, só impugna aquela
parte da decisão ou da sentença que lhe foi desfavorável.
Daí decorre que, no exame do recurso de um dos litigantes, a sua situação não poderá
ser piorada, sendo vedada a reformatio in pejus. A situação só pode ser piorada se
houver recurso de seu adversário.
Mas os recursos em geral são dotados de efeito translativo, que permite ao órgão ad
quem examinar de ofício matérias de ordem pública, ainda que não sejam alegadas.
Por força dele, a situação do recorrente pode até ser piorada.
Princípio da colegialidade
Conclusão da aula:
O sistema jurídico não se limita à lei, mas é igualmente formado pelo sistema
principiológico.
Para que seja realizada a subsunção o juiz deve passar por um processo de
interpretação da lei abstrata.
Desta forma, os princípios servem como diretrizes fundamentais para que o julgador
aplique corretamente a norma ao caso concreto.
Assim é tamanha a relevância dos princípios, que a sua aplicação pode resultar na
alteração do sentido literal da norma.
Letra B
Letra D
JUÍZO DE MÉRITO E DE ADMISSIBILIDADE
Antes de apreciar o mérito dos recursos, é preciso que sejam examinados os requisitos
de admissibilidade.
São pressupostos indispensáveis para que o recurso possa ser conhecido e constituem
matéria de ordem pública, que deve ser examinada de ofício.
Sem o seu preenchimento, a decisão não será reexaminada pelo órgão ad quem
(tribunal de instância superior para onde se encaminha o processo, ou seja, para quem
se recorre)
Caso o recurso seja remetido ao órgão ad quem, caberá a ele o juízo definitivo de
admissibilidade.
Interposto determinado recurso, seu mérito não poderá ser apreciado sem que antes
se analisem as condições e os pressupostos recursais, a existência das condições de
admissibilidade e dos pressupostos de desenvolvimento da atividade jurisdicional
recursal.
Mesmo nos casos em que o recurso é interposto perante o órgão a quo, como é o caso
da apelação, do recurso especial e do recurso extraordinário, o juízo de
admissibilidade é exercido tão somente pelo órgão ad quem, responsável pela
apreciação do mérito recursal.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:
Extrínsecos - os que levam em conta fatores que não dizem respeito à decisão
impugnada, mas que são externos a ela.
O recurso não tem natureza de ação, mas os requisitos intrínsecos são as condições
para que ele possa ser examinado pelo mérito.
■ 1. Cabimento
Os recursos são apenas aqueles criados por lei. O rol legal é numerus clausus, taxativo.
Recurso cabível é aquele previsto no ordenamento jurídico e, nos termos da lei,
adequado contra a decisão. Esse requisito aproxima-se da possibilidade jurídica do
pedido, que integra o interesse de agir.
Nada impede que lei especial crie outros, como os embargos infringentes na Lei de
Execução Fiscal, ou o recurso inominado contra a sentença no Juizado Especial Cível.
Nesse ponto, remete-se ao princípio da fungibilidade recursal uma vez que, ainda que
a parte interponha o recurso inadequado contra a decisão, havendo razoabilidade e
dúvida objetiva fundada com relação ao recurso a ser interposto, sendo este
apresentado no menor prazo previsto, poderá o órgão julgador receber o recurso
equivocado como se o correto fosse.
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e
pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Além deles, podem interpor recurso aqueles que tenham sido admitidos por força de
intervenção de terceiros.
Alguns deles tornam-se partes, como o denunciado, o chamado ao processo e o
assistente litisconsorcial, tratado como litisconsorte ulterior.
Outros não adquirem essa condição, mas têm a faculdade de recorrer, como o
assistente simples
O Ministério Público pode atuar no processo como parte ou fiscal da ordem jurídica. O
primeiro caso recai no item anterior; mas o Promotor pode recorrer ainda quando
atue como fiscal da ordem jurídica. Nem é preciso que ele já esteja intervindo no
processo, pois ele pode recorrer exatamente porque lhe foi negada a intervenção. Em
qualquer condição em que recorra, o Ministério Público terá prazo em dobro, na forma
do art. 180, caput, do CPC.
Quem é ele? Aquele que tenha interesse jurídico de que a sentença seja favorável a
uma das partes, porque tem com ela uma relação jurídica que, conquanto distinta
daquela discutida em juízo, poderá ser atingida pelos efeitos reflexos da sentença.
Em suma, aquele mesmo que pode ingressar no processo como assistente simples: os
requisitos para ingressar nessa condição são os mesmos que para recorrer como
terceiro prejudicado.
O advogado não postula, em juízo, direito próprio, mas age na condição de mandatário
da parte. Portanto, não tem legitimidade para recorrer em nome próprio, mas tão
somente no da parte.
Nessa circunstância, é preciso admitir que o advogado terá legitimidade para recorrer,
quando o objeto do recurso forem os seus honorários.
Para que haja interesse é preciso que, por meio do recurso, se possa conseguir uma
situação mais favorável do que a obtida com a decisão ou a sentença.
Para que o recurso seja admissível, é necessário que haja utilidade, ou seja, do
julgamento do recurso o recorrente deve esperar situação mais vantajosa da que
obtinha com a decisão recorrida, e necessidade na sua interposição, afigurando-se
necessária a via recursal para o atingimento do seu objetivo.
Só tem interesse em recorrer quem tiver sofrido sucumbência, que existirá quando
não se tiver obtido o melhor resultado possível no processo.
• Renúncia e aquiescência
São sempre prévias à interposição, ao contrário da desistência, que pressupõe
recurso já apresentado.
A renúncia é manifestação unilateral de vontade, pela qual o titular do direito
de recorrer declara a sua intenção de não o fazer.
Sua finalidade, em regra, é antecipar a preclusão ou a coisa julgada.
Caracteriza-se por ser irrevogável, prévia e unilateral, o que dispensa a
anuência da parte contrária.
• A aquiescência é a manifestação, expressa ou tácita, de concordância do titular
do direito de recorrer, com a decisão judicial.
Impede que haja recurso, por força de preclusão lógica.
Pode ser expressa quando o interessado comunica ao juízo a sua concordância
com o que ficou decidido; e tácita, quando pratica algum ato incompatível com
o desejo de recorrer.
■ 2. Requisitos extrínsecos
São aqueles que são exteriores, relacionam-se a fatores externos, que não guardam
relação com a decisão.
São eles:
■ 2.1. Tempestividade
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-
se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do
começo e incluindo o dia do vencimento.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia
útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes
ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.
§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.
■ 2.2. O preparo
Aquele que recorre deve pagar as despesas com o processamento do recurso, que
constituem o preparo.
A beneficiária é a Fazenda Pública, por isso os valores devem ser recolhidos em guia
própria e pagos na instituição financeira incumbida do recolhimento.
Qual a ocasião oportuna para comprovar o recolhimento? O art. 1.007, no caput não
deixa dúvidas quanto ao momento de comprová-lo: no ato de interposição do recurso,
ocasião em que também deve ser comprovado o porte de remessa e retorno.
Deve o recurso obedecer às regras formais de interposição exigidas pela lei para seu
tipo específico.
Todo recurso deve vir acompanhado das respectivas razões, já no ato de interposição.
Não será admitido o recurso que venha desacompanhado de razões, que devem ser
apresentadas, em sua totalidade, no ato de interposição.
■ JUÍZO DE MÉRITO.
Superado o juízo de admissibilidade e sendo ele positivo, o órgão competente para o seu
julgamento passa ao juízo do mérito recursal.
O mérito do recurso é a pretensão recursal, que pode ser a de invalidação, integração, reforma
ou esclarecimento da decisão impugnada.
Importante observar que o mérito do recurso não necessariamente será idêntico ao mérito da
causa.
■ 1. Introdução
Não decorrem da vontade das partes ou do juiz, mas de determinação legal. É a lei que
estabelece quais os efeitos de que um recurso é dotado.
O julgador que tenha, por equívoco, atribuído a determinado recurso efeitos de que
ele seja desprovido deverá voltar atrás, afastando-os.
■ 2. Efeito devolutivo
Todos os recursos são dotados de efeito devolutivo, uma vez que é de sua essência
que o Judiciário possa reapreciar aquilo que foi impugnado, seja para modificar ou
desconstituir a decisão, seja para complementá-la ou torná-la mais clara.
Ele é consequência da inércia do Judiciário: não lhe cabe reapreciar aquilo que, não
tendo sido impugnado, presume-se aceito pelo interessado.
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do
pedido ou da causa de pedir;
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-
lo;
Para que seja possível compreendê-lo, é indispensável lembrar que, em suas decisões,
o juiz precisa apreciar todas as pretensões formuladas, mas não necessariamente
todos os fundamentos trazidos pelas partes, mas apenas os suficientes para o
acolhimento ou rejeição da pretensão.
■ 3. Efeito suspensivo
É a qualidade de impedir que a sentença proferida se torne eficaz até que ele seja
examinado.
A regra geral do CPC, no seu artigo 995, é que os recursos não são dotados de efeito
suspensivo, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
A não suspensividade dos recursos como regra geral visa promover a efetividade e a
celeridade processuais, valorizando a decisão de primeira instância e autorizando a
execução provisória da decisão recorrida.
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil
ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso.
VI - decreta a interdição.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se
o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
A mesma solução deve ser dada quando houver cumulação de pedidos, e apelação
apenas em relação a um deles. O outro, que se tornou incontroverso, pode ser
executado. Se o capítulo da sentença sobre o qual se recorreu manter vínculo de
dependência com o incontroverso, de sorte que o acolhimento do recurso repercuta
neste. Se é assim, a suspensividade deve estender-se a ele.
Efeito suspensivo concedido pelo relator
Os arts. 1.012, § 3º, 1.019, I, 1.026, § 1º, e 1.029, § 5º, do CPC concedem ao relator o
poder de atribuir ao recurso efeito suspensivo, nos casos em que ele não o tenha, que
podem ser resumidas pela fórmula “sempre que houver risco de lesão grave e de difícil
reparação, sendo relevante a fundamentação”.
■ 4. Efeito translativo
■ 5. Efeito expansivo
Ele possibilita que o resultado do recurso se estenda a litigantes que não tenham
recorrido; ou a pretensões que não o integrem.
O seu acolhimento pode produzir efeitos seja em relação a quem não recorreu, seja
em relação a pretensões que não haviam sido impugnadas.
■ 6. Efeito regressivo
A apelação, em regra, não tem esse efeito. Mas há duas hipóteses em que o juiz pode
voltar atrás: a da sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485), no prazo de
cinco dias (art. 485, § 7º, do CPC); e a sentença de improcedência liminar do pedido,
também no prazo de cinco dias (art. 332, § 3º).
■ 8. Efeito interruptivo.
Assim, eventual ação rescisória deverá ser dirigida contra a última decisão, que
substituiu a decisão recorrida.
■ 1. APELAÇÃO
■ 1.1. Conceito
Serve tanto para as sentenças definitivas, em que há resolução de mérito, quanto para
as extintivas.
I – apelação; (...)
Apelação, portanto, é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro
grau de jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais do segundo grau,
visando a obter uma reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo sua
invalidação.
2) sentenças de mérito: se fundada no art. 487, será sentença de mérito, pois porá fim
ao processo com resolução de mérito, decidindo definitivamente a lide.
■ 1.2. Interposição.
A apelação deverá ser interposta no prazo geral de 15 dias, como disposto no art.
1.003, § 5º do CPC.
O recurso poderá ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, atuando como parte ou como fiscal da ordem jurídica, conforme
previsto no art. 996 do CPC.
Assim, a admissibilidade é realizada pelo órgão ad quem, na forma prevista no art. 932
do CPC, que dispõe sobre os poderes do relator.
Art. 932. Incumbe ao relator:
III – não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;