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Direito Processual Civil III

Morosidade processual

O problema da morosidade do poder judiciário é atribuído por muitos estudiosos ao


excessivo rol de recursos previstos em nosso sistema processual, o que compromete a
sua efetividade.

Panorama do Poder Judiciário

O que é a Justiça Estadual:

A Justiça Estadual, integrante da Justiça Comum (junto com a Justiça Federal), é


responsável por julgar matérias que não sejam da competência dos demais segmentos
do Judiciário –Federal, do Trabalho, Eleitoral e Militar, ou seja, sua competência é
residual.

Como a Justiça Estadual se organiza

Cada Estado tem a atribuição de organizar a sua justiça.

Já o Poder Judiciário do Distrito Federal é organizado e mantido pela União.

Hoje, a Justiça Estadual está presente em todas as unidades da federação,


encarregando-se das questões mais comuns e variadas, tanto na área cível quanto na
criminal.

Como é a sua estrutura

Do ponto de vista administrativo, a Justiça Estadual é estruturada em duas instâncias


ou graus de jurisdição:

• 1º grau: composto pelos juízes de direito, pelas varas, pelos fóruns, pelos
tribunais do júri (encarregados de julgar crimes dolosos contra a vida), pelos
juizados especiais e suas turmas recursais.
• 2º grau: é representado pelos Tribunais de Justiça (TJs). Nele, os magistrados
são desembargadores, que têm entre as principais atribuições o julgamento de
demandas de competência originária e de recursos interpostos contra decisões
proferidas no primeiro grau.

O que são os juizados especiais?

Criados pela Lei n.9.099, de 26 de setembro de 1995, os juizados especiais têm


competência para a conciliação, o processamento, o julgamento e a execução das
causas cíveis de menor complexidade (causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário-mínimo, por exemplo) e das infrações penais de menor potencial ofensivo, ou
seja, as contravenções penais e os crimes para os quais a lei defina pena máxima não
superior a dois anos.

As turmas recursais, por sua vez, integradas por juízes em exercício no primeiro grau,
são encarregadas de julgar recursos apresentados contra decisões dos juizados
especiais.

As Turmas Recursais fazem parte da seção judiciária (1ª instância), mas exercem,
porém, o 2º grau de jurisdição (grau recursal), sendo compostas por juízes federais que
julgam recursos oriundos dos juizados.

O que é a Justiça Federal?

De acordo com o disposto nos artigos 92 e 106 da Constituição Federal, a Justiça


Federal, ramo integrante da estrutura do Poder Judiciário, é composta pelos Tribunais
Regionais Federais e pelos juízes federais.

CF - Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I - o Supremo Tribunal Federal;

I- A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de


2004)

II - o Superior Tribunal de Justiça;

II- A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de


2016)

III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI - os Tribunais e Juízes Militares;

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais


Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) (Vide ADIN 3392)

§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o


território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

CF - Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:


I - os Tribunais Regionais Federais;

II - os Juízes Federais.

A Justiça Federal compõe, juntamente com a Justiça Estadual, a chamada justiça


comum.

Compete, especificamente, à Justiça Federal, julgar as causas em que a União,


entidades autárquicas ou empresas públicas federais sejam interessadas na condição
de autoras, rés, assistentes ou oponentes; as causas que envolvam estados
estrangeiros ou tratados internacionais; os crimes políticos ou aqueles praticados
contra bens, serviços ou interesses da União; os crimes contra a organização do
trabalho; a disputa sobre os direitos indígenas, entre outros.

*Exclui da competência da Justiça Federal as causas de falência, as de acidente de


trabalho e as de competência das justiças especializadas.

Destaca-se que, em razão de inclusão definida pela Emenda Constitucional n.45/2004,


a Justiça Federal também passou a julgar causas relativas a graves violações de direitos
humanos, desde que seja suscitado pelo Procurador-Geral da República ao Superior
Tribunal de Justiça incidente de deslocamento de competência.

Como é a sua estrutura

A organização do primeiro grau de jurisdição da Justiça Federal está disciplinada pela


Lei n.5.010, de 30 de maio de 1966, que determina que em cada um dos estados,
assim como o Distrito Federal, se constituirá uma seção judiciária.

Localizada nas capitais das unidades da federação, as seções judiciárias são formadas
por um conjunto de varas federais, onde atuam os juízes federais. Cabe a eles o
julgamento originário da maior parte das ações submetidas à Justica Federal.

O segundo grau de jurisdição da Justiça Federal é composto por cinco Tribunais


Regionais Federais (TRFs), com sedes em Brasília (TRF 1ª Região), Rio de Janeiro (TRF
2ª Região), São Paulo (TRF 3ª Região), Porto Alegre (TRF 4ª Região) e Recife (TRF 5ª
Região).

Os TRFs englobam duas ou mais seções judiciárias, conforme definido a seguir:

•TRF 1ª Região - Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins;

•TRF 2ª Região – Espírito Santo e Rio de Janeiro;

•TRF 3ª Região – Mato Grosso do Sul e São Paulo;

•TRF 4ª Região - Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina;


•TRF 5ª Região - Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Importante: Nas comarcas onde não houver vara federal, os juízes estaduais são
competentes para processar e julgar determinados tipos de processos (art.15, Lei
n.5.010/1966, com a redação dada pelo art.3º da Lei n.13.876/2019).

Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e
julgadas na Justiça Estadual:

III- as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado e que se
referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca de domicílio do
segurado estiver localizada a mais de 70km (setenta quilômetros) de Município sede
de Vara Federal;

O que são os Tribunais Superiores?

Os Tribunais Superiores são os órgãos máximos de seus ramos de justiça, atuando


tanto em causas de competência originária quanto como revisores de decisões de 1º
ou 2º graus.

São eles:

1. Superior Tribunal de Justiça (STJ);

2. Superior Tribunal Militar (STM);

3.Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e

4.Tribunal Superior do Trabalho (TST).

* Os magistrados que compõem esses colegiados são denominados Ministros.

Superior Tribunal de Justiça:

É o Tribunal Superior da Justiça comum (estadual e federal) para causas


infraconstitucionais (que não se relacionam diretamente com a Constituição Federal),
sendo composto por 33ministros.

Sua principal função é uniformizar e padronizar a interpretação da legislação federal


brasileira, ressalvadas as questões de competência das justiças especializadas (Eleitoral
e Trabalhista).

Suas competências estão previstas no art. 105 da Constituição Federal, dentre as quais
o julgamento em recurso especial de causas decididas em última ou única instância
pelos Tribunais Regionais Federais, pelos Tribunais de Justiça ou pelos Tribunais de
Justiça Militar dos estados quando a decisão recorrida contrariar lei federal.]
O que é o Supremo Tribunal Federal?

O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, tendo sido
instituído pelo Decreto n.520, de 22 de junho de 1890. Ao longo da história da
República diferentes Constituições modificaram suas atribuições.

Hoje, a configuração do Supremo Tribunal Federal é definida pelo art. 102 da


Constituição Federal de 1988, como órgão de cúpula do Poder Judiciário, a quem
compete, precipuamente, a guarda da Constituição.

Entre suas principais atribuições está a de julgar originariamente a ação direta de


inconstitucionalidade, a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal, a arguição de descumprimento de preceito fundamental
decorrente da própria Constituição, as causas e os conflitos entre a União e os Estados,
a União e o Distrito Federal, e a extradição solicitada por Estado estrangeiro.

Em grau de recurso ordinário, cabe ao STF julgar o habeas corpus, o mandado de


segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.

Em grau de recurso extraordinário, cabe ao Tribunal julgar as causas decididas em


única ou última instância, quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da
Constituição.

Na área penal, destaca-se a competência para julgar, nas infrações penais comuns, o
Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, entre outros.

Como ele é formado?

O Supremo Tribunal Federal é composto por onze Ministros, brasileiros natos (art. 12,
§3º, IV, da CF/88), escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 da CF/88), e nomeados
pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.

O Plenário, as Turmas e o Presidente são os órgãos do Tribunal (art. 3º do RISTF/80).


O Presidente e o Vice-Presidente são eleitos pelo plenário do Tribunal, dentre os
Ministros, e têm mandato de dois anos.

Por fim, cada uma das duas Turmas é constituída por cinco Ministros e presidida pelo
mais antigo dentre seus membros, por um período de um ano, vedada a recondução,
até que todos os seus integrantes hajam exercido a Presidência, observada a ordem
decrescente de antiguidade (art. 4º, §1º, do RISTF/80 - atualizado com a introdução da
Emenda Regimental n.25/08).
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

I. Conceituação:
Os recursos pressupõem inconformismo, insatisfação com as decisões judiciais, e que
buscam outro pronunciamento do Poder Judiciário a respeito das questões a ele
submetidas.

Recursos são os remédios processuais de que se podem valer as partes, o Ministério


Público e eventuais terceiros prejudicados para submeter uma decisão judicial a nova
apreciação, em regra por um órgão diferente daquele que a proferiu, e que têm por
finalidade modificar, invalidar, esclarecer ou complementar a decisão.

Recurso é o instrumento jurídico processual através do qual a parte ou outrem


autorizado por lei pleiteia o reexame da decisão, com o fim de modificá-la, cassá-la ou
integrá-la. Assim, enquanto há recurso, há possibilidade de modificação da decisão.

A definição reúne os elementos importantes para a caracterização dos recursos como


tais. A sua voluntariedade (é preciso que haja manifestação de vontade para recorrer),
a circunstância de o recurso desenvolver-se no mesmo processo e suas finalidades:
reformar, invalidar, esclarecer ou integrar decisões jurisdicionais.

O nosso sistema jurídico permite, em regra, que as decisões judiciais sejam


reapreciadas. Normalmente, isso é feito por um órgão diferente daquele que proferiu
a decisão (embora haja exceções, como os embargos de declaração ou os embargos
infringentes da Lei de Execução Fiscal).

Conforme leciona José Carlos Barbosa Moreira, recurso é o remédio voluntário idôneo
a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a
integração judicial que se impugna. Desta forma, o recurso impede que a decisão
judicial impugnada se torne preclusa, prolongando o estado de litispendência.

CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS

■ Interposição na mesma relação processual


Os recursos não têm natureza jurídica de ação, nem criam um novo processo.
Eles são interpostos na mesma relação processual e têm o condão de prolongá-la.
Mas existem outros remédios, que têm natureza de ação e implicam a formação de um
novo processo, como a ação rescisória, a reclamação, o mandado de segurança e o
habeas corpus.

Natureza Jurídica de Recurso:


A doutrina majoritária entende que o poder de recorrer se qualifica como aspecto,
elemento, modalidade ou extensão do próprio direito de ação exercido no processo.

■ A aptidão para retardar ou impedir a preclusão ou a coisa julgada


Enquanto há recurso pendente, a decisão impugnada não se terá tornado definitiva.
Quando se tratar de decisão interlocutória, não haverá preclusão; quando se tratar de
sentença, inexistirá a coisa julgada.
( A preclusão é um acidente processual que ocorre quando uma das partes de um
processo perde o direito de se manifestar em dado momento no processo, seja pela
perda do prazo, pela não apreciação das normas ou pela perda do momento
oportuno.)
As decisões judiciais não se tornam definitivas, enquanto houver a possibilidade de
interposição de recurso, ou enquanto os recursos pendentes não tiverem sido
examinados.
Isso não significa que a decisão impugnada não possa desde logo produzir efeitos: há
recursos que são dotados de efeito suspensivo, e outros que não são. Somente no
caso de recurso com efeito suspensivo, a interposição do recurso implicará suspensão
da eficácia da decisão.
Não havendo recurso com efeito suspensivo, a decisão produzirá efeitos desde logo,
mas eles não serão definitivos, porque ela ainda pode ser modificada.
Podem surgir, a propósito, questões delicadas, sobretudo quando houver interposição
de agravo de instrumento, nas hipóteses do art. 1.015 do CPC.
(O agravo de instrumento é o recurso cabível contra as decisões tomadas pelo juiz no
curso do processo – as chamadas decisões interlocutórias – antes da sentença.)
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de
sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à
execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.

Como eles não têm, ao menos em regra, efeito suspensivo, o processo prosseguirá,
embora a decisão agravada não tenha se tornado definitiva. O que ocorrerá com os
atos processuais posteriores à decisão agravada, se o agravo for provido?
Provido o agravo, todos os atos processuais seguintes, incompatíveis com a nova
decisão, ficarão prejudicados, até mesmo a sentença.

Como o agravo de instrumento impede a preclusão, a eficácia dos atos processuais


seguintes à decisão agravada, e que dela dependam, fica condicionada a que ela seja
mantida, porque, se vier a ser reformada, o processo retorna ao status quo ante.

■ Objetivos dos recursos


A reforma da decisão impugnada, consistente na substituição da decisão recorrida por
outra, favorável à parte recorrente, a ser proferida pelo órgão julgador do recurso,
conforme artigo 1.008 do Código de Processo Civil.
Ao fundamentar o seu recurso, o interessado poderá postular a anulação ou a
substituição da decisão por outra.
Deverá expor quais as razões de sua pretensão, que podem ser de fundo ou de forma,
tendo por objeto vícios de conteúdo ou processuais.

Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão


impugnada no que tiver sido objeto de recurso.

O efeito substitutivo é atribuído pelo art. 1.008 do CPC/2015 aos recursos em geral.
Consiste ele na força do julgamento de qualquer recurso de substituir, para todos os
efeitos, a decisão recorrida, nos limites da impugnação.
Trata-se de um derivativo do efeito devolutivo.
Se ao órgão ad quem é dado reexaminar e redecidir a matéria cogitada no decisório
impugnado, torna-se necessário que somente um julgamento a seu respeito prevaleça
no processo.
A última decisão, portanto, i.e., a do recurso, é que prevalecerá.

A invalidação (ou anulação) da decisão, a fim de que o órgão que a prolatou, quando
isto seja possível, profira nova decisão, sanando os vícios que geraram sua anulação.
O esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada, pelo mesmo órgão
que a proferiu, para lhe sanar omissão, contradição ou obscuridade.

Correção de erro material (art. 1.022, inc.III, CPC).


DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
para:
I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz
de ofício ou a requerimento;
III – corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento;
II – incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

■ 3.3. Correção de erros de forma ou de conteúdo


Errores in procedendo: erro de procedimento, são vícios processuais, decorrentes do
descompasso entre a decisão judicial e as regras de processo civil, a respeito do
processo ou do procedimento.
Errores in procedendo enseja a anulação ou declaração de nulidade da decisão, com a
restituição dos autos ao juízo de origem para que outra seja proferida
Errores in judicando: são vícios de conteúdo, de fundo, em que se alega a injustiça da
decisão, o descompasso com as normas de direito material. Consiste naquele erro que
se traduz em vício do magistrado quando o mesmo procede à má avaliação do fato,
quando aplica, sobre os fatos, o direito de maneira errônea ou quando confere uma
interpretação equivocada à norma.
Error in judicando leva à reforma da decisão, quando o órgão ad quem profere outra,
que substitui a originária.

Os embargos de declaração fogem à regra geral, porque sua finalidade é apenas


aclarar ou integrar a decisão, e não propriamente reformá-la ou anulá-la.
Os Embargos de Declaração, também chamados de Embargos Declaratórios, são uma
espécie de recurso com a finalidade específica de esclarecer contradição ou omissão
ocorrida em decisão proferida por juiz ou por órgão colegiado.

■ Impossibilidade, em regra, de inovação


Em regra, não se pode invocar, em recurso, matérias que não tenham sido arguidas e
discutidas anteriormente. Ou seja, não se pode inovar no recurso.
Mas a regra comporta exceções. O art. 493 do CPC autoriza que o juiz leve em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, fatos supervenientes, que
repercutam sobre o julgamento. Esse dispositivo não tem aplicação restrita ao
primeiro grau, mas pode ser aplicado pelo órgão ad quem, que deve levar em
consideração os fatos novos relevantes, que se verifiquem até a data do julgamento do
recurso.

Outra exceção é a do art. 1.014, que permite ao apelante suscitar questões de fato que
não tenha invocado no juízo inferior, quando provar que deixou de fazê-lo por motivo
de força maior.

Há ainda a possibilidade de alegar questões de ordem pública, que podem ser


conhecidas a qualquer tempo. Ainda que não se tenha discutido em primeiro grau a
falta de condições da ação, ou de pressupostos processuais, ou prescrição e
decadência, elas poderão ser suscitadas em recurso, ressalvados os extraordinários (RE
e REsp).

■ O sistema de interposição
Salvo uma única exceção, os recursos são interpostos perante o órgão a quo (A
expressão “a quo” refere-se ao juiz ou ao tribunal de instância inferior de onde provém
o processo objeto do recurso ou o ato que se discute em outro juízo), e não perante o
órgão ad quem (A expressão “ad quem” designa o juízo ou o tribunal para onde se
encaminha ou se remete, em grau de recurso, o processo que se achava em instância
inferior
A exceção é o agravo de instrumento, interposto diretamente perante o Tribunal.

No CPC atual, salvo no recurso extraordinário e no especial, não cabe ao órgão a quo
fazer o juízo de admissibilidade, que será feito exclusivamente pelo órgão ad quem.
A função do órgão a quo será apenas fazer o processamento do recurso, enviando-o
oportunamente ao ad quem, que fará tanto o exame de admissibilidade quanto, se
caso, o de mérito.

Não haverá prévio exame de admissibilidade pelo órgão a quo, nem na apelação (art.
1.009, § 3º), nem no recurso ordinário (art. 1.028, § 3º).

Haverá apenas no recurso extraordinário e especial (art. 1.030, V). Antes de examinar a
pretensão recursal, o órgão ad quem fará o juízo de admissibilidade, verificando se o
recurso está ou não em condições de ser conhecido. Em caso negativo, não conhecerá
do recurso; em caso afirmativo, conhecerá, podendo dar-lhe ou negar-lhe provimento,
conforme acolha ou não a pretensão recursal.
No caso do RE e do REsp, caberá ao presidente ou vice-presidente do tribunal
recorrido realizar o prévio juízo de admissibilidade. Se o recurso for recebido, o
processo será encaminhado ao órgão ad quem, a quem competirá, antes do exame da
pretensão recursal, realizar um novo e definitivo juízo de admissibilidade; se não, da
decisão de inadmissão proferida no órgão a quo caberá agravo, na forma do art. 1.042
do CPC.

■ A decisão do órgão ad quem em regra substitui a do a quo

Quando o órgão ad quem examina o recurso, são várias as alternativas, assim


resumidas:

■ pode não conhecer do recurso (Se ausentes quaisquer dos requisitos que
visam a admissibilidade do recurso). Nesse caso, a decisão do órgão a quo
prevalece, e não é substituída por uma nova;

■ pode conhecer do recurso (quando se encontram presentes os requisitos de


admissibilidade), apenas para anular ou declarar a nulidade da decisão anterior,
determinando o retorno dos autos para que seja proferida outra;

■ pode conhecer do recurso (quando se encontram presentes os requisitos de


admissibilidade), negando-lhe provimento, caso em que a decisão anterior está
mantida; ou dando-lhe provimento, para reformá-la. No caso de mantença ou
reforma, a decisão proferida pelo órgão ad quem substitui a do órgão a quo,
ainda que aquela tenha se limitado a manter, na íntegra, a anterior.
O que deverá ser cumprido e executado é o acórdão, e não mais a decisão ou
sentença.

■ O não conhecimento do recurso e o trânsito em julgado

O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que o recurso, ainda que


não venha a ser conhecido, impede o trânsito em julgado, salvo em caso de má-fé.

Sistema dos meios de impugnação das decisões:

O sistema de impugnação das decisões judiciais é composto por:

i) recursos – são os meios de impugnação das decisões judiciais apresentados dentro


do processo em que a decisão é proferida.

ii) Ações autônomas de impugnação – é meio de impugnação judicial que origina um


novo processo, cujo objeto é a reforma ou anulação da decisão judicial. Distingue-se
do recurso justamente por não ser veiculada no mesmo processo em que a decisão
impugnada foi proferida.
iii) sucedâneos recursais – compreendem todas as demais formas de impugnação das
decisões que não se inserem na categoria de recurso ou de ação autônoma de
impugnação, como é o caso dos pedidos de reconsideração e pedidos de suspensão da
segurança.

■ 4. PRONUNCIAMENTOS JUDICIAIS SUJEITOS A RECURSO

Só cabe recurso contra pronunciamento do juiz, nunca do Ministério Público ou de


serventuário ou funcionário da Justiça.

E é preciso que tenha algum conteúdo decisório. Não cabe, portanto, dos despachos,
pronunciamentos judiciais de mero andamento do processo.

Os recursos são cabíveis contra:

■ as sentenças, pronunciamentos do juiz por meio dos quais ele, com fundamento nos
arts. 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como
extingue a execução. Contra elas caberá a apelação e, eventualmente, embargos de
declaração;

CPC - Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento


válido e regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa


julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o


juízo arbitral reconhecer sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por


disposição legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada


pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente
as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das
despesas e dos honorários de advogado.

§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX,


em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
julgado.

§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu,


desistir da ação.

§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa


pelo autor depende de requerimento do réu.

§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos


deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou


prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na


reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a


decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se.

■ as decisões interlocutórias, pronunciamentos judiciais de conteúdo decisório, que se


prestam a resolver questões incidentes, sem pôr fim ao processo ou à fase
condenatória.
O sistema do CPC atual permite, sempre, a possibilidade de impugnação das decisões
interlocutórias por meio de recurso. Mas é preciso fazer uma distinção: há as decisões
interlocutórias que são recorríveis em separado, isto é, por meio de um recurso
próprio e específico, interposto contra elas, que é o agravo de instrumento (são as
enumeradas no art. 1.015 do CPC); e há aquelas que não são recorríveis em separado,
por meio de agravo de instrumento (as que não integram o rol do art. 1.015), mas que
podem ser reexaminadas, desde que suscitadas como preliminar na apelação ou nas
contrarrazões. Contra as decisões interlocutórias, agraváveis ou não, também cabem
embargos de declaração.

■ as decisões monocráticas proferidas pelo relator. O relator dos recursos ou dos


processos de competência originária dos tribunais tem uma série de atribuições,
elencadas no art. 932. Pode até mesmo, em determinados casos, julgar
monocraticamente o recurso, dando-lhe ou negando-lhe provimento (art. 932, IV e V).
Da decisão do relator cabe agravo interno.

Art. 932. Incumbe ao relator:

I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova,


bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;

II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência


originária do tribunal;

III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio


tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se


a decisão recorrida for contrária a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio


tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for


instaurado originariamente perante o tribunal;

VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;


VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal.

Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o


prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

■ os acórdãos, decisões colegiadas dos Tribunais (art. 204); contra elas, além dos
embargos de declaração, poderão caber recurso extraordinário e especial, em caso de
ofensa à Constituição ou à lei federal. Também será admissível o recurso ordinário, nos
casos previstos na Constituição Federal.

Classificações dos Recursos:

Sob diferentes critérios, podem-se classificar os recursos previstos no Código de


Processo Civil.

As classificações didáticas mais comuns são aquelas que levam em consideração a


extensão da matéria impugnada, o momento da interposição, o tipo de
fundamentação, o objeto tutelado e os efeitos dos recursos.

1) Extensão da matéria impugnada:

Quanto à extensão da matéria impugnada, os recursos podem ser totais ou parciais.

a) Total: é total o recurso que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão,


quando atacar a decisão por inteiro.

b) Parcial: o recurso que impugna a decisão apenas em parte do conteúdo impugnável


da decisão, quando atacar apenas determinado aspecto da decisão.

Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.

2) Momento:

Dependendo do momento em que é interposto, o recurso poderá ser independente


(ou principal) e adesivo, desde que haja sucumbência recíproca, comportando, pois,
recurso de ambas as partes

Recurso adesivo - O recurso adesivo é uma manobra judicial que permite que as partes
interponham recursos após o momento apropriado, mas somente se a outra parte
entrar com um dos recursos previstos no Novo CPC para o tema.

Na hipótese de sucumbência recíproca, cada uma das partes poderá interpor seu
recurso no prazo comum, ambos sendo recebidos e processados independentemente,
ou, então, caso uma das partes não tenha ingressado com recurso independente ou
principal, poderá ainda recorrer adesivamente ao recurso da outra parte, no mesmo
prazo de que dispõe para responder a este último, conforme artigo 997, §2º, I do
Código de Processo Civil.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.

§1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles
poderá aderir o outro.

§2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe


aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e
julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o
seguinte:

I – será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora


interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder;

II – será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso


especial;

III – não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.

3) Fundamentação:

O recurso poderá, ainda, ser de fundamentação livre ou vinculada.

a) Livre: Os recursos de fundamentação livre são aqueles nos quais a lei deixa a
parte livre para, em seu recurso, deduzir qualquer tipo de crítica em relação à
decisão, sem que isto tenha qualquer influência na admissibilidade dele. Como
exemplo, tem-se a apelação;
b) Vinculada: Há casos, no entanto, em que a lei, ao estabelecer as hipóteses de
cabimento do recurso, limita sua fundamentação, ou seja, o tipo de crítica que
se pode fazer à decisão através do recurso.
A título de exemplo, têm-se os recursos especial e extraordinário. No primeiro,
a fundamentação do recurso deve circunscrever-se às hipóteses do art.105, III,
da Constituição da República; já no segundo, a fundamentação do recurso deve
ater-se aos casos previstos no art.102, III, também da Constituição. Esses
recursos se encontram na lei, em numeração taxativa, os tipos de vícios que
podem ser apontados na decisão recorrida.

CF – art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.
§ 2º No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das
questões de direito federal infraconstitucional discutidas no caso, nos termos
da lei, a fim de que a admissão do recurso seja examinada pelo Tribunal, o qual
somente pode dele não conhecer com base nesse motivo pela manifestação de
2/3 (dois terços) dos membros do órgão competente para o julgamento.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022)

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou
última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição .
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

4) Objeto tutelado:

Dependendo do objeto a que visa o sistema jurídico tutelar através dos recursos,
podem eles, ainda, ser classificados em ORDINÁRIOS e EXTRAORDINÁRIOS.

a) ORDINÁRIOS: Os recursos ordinários previstos nos incisos I a V do art. 994 do


Código de Processo Civil objetivam proteger, imediatamente, o direito
subjetivo das partes litigantes contra eventual vício ou injustiça da decisão
judicial, entendendo-se como injusta a decisão que não aplica adequadamente
o Direito aos fatos retratados no processo;
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
I – apelação;
II – agravo de instrumento;
III – agravo interno;
IV – embargos de declaração;
V – recurso ordinário.
b) EXTRAORDINÁRIOS: Os recursos extraordinários, previstos nos incisos VI ao IX
do art. 994 do Código de Processo Civil, têm como objeto imediato a tutela do
direito objetivo, ou seja, das leis e tratados federais, no caso do recurso
especial; da Constituição Federal, no caso do recurso extraordinário stricto
sensu.
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
VI – recurso especial;
VII – recurso extraordinário;
VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX – embargos de divergência.

5) Efeitos:

Quanto aos efeitos, podem os recursos ser classificados em SUSPENSIVOS e NÃO


SUSPENSIVOS.

Somente a existência ou não do efeito suspensivo é considerada para fins de


classificação, por que o outro efeito recursal — o devolutivo —é comum a todos os
recursos, não servindo, pois, de critério diferenciador.

É a lei que determina se o recurso terá ou não efeito suspensivo.

a) SUSPENSIVO: são suspensivos aqueles recursos que impedem a imediata


produção de efeitos da decisão recorrida, ficando o comando nela contido
suspenso até seu julgamento (apelação, embargos de declaração e recurso
ordinário);
b) NÃO SUSPENSIVOS: não suspensivos são aqueles desprovidos, como regra
geral, deste efeito e que, por isto, não obstam a que haja execução provisória
da decisão impugnada, nos termos do art.995 do CPC (recursos especial e
extraordinário).

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal
ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por
decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso.

O efeito suspensivo (impedimento da imediata execução do decisório


impugnado), passou a ser a exceção no atual CPC, prevista apenas para a
apelação (art. 1.012, caput).
Assim é que o art. 995 dispõe que “os recursos não impedem a eficácia da
decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso”.
Apenas excepcionalmente a decisão será suspensa, “se da imediata produção
de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e
ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso” (art. 995,
parágrafo único).
Isto, todavia, dependerá sempre de decisão do relator, caso a caso.
No tocante à apelação, todavia, a regra a observar é em sentido contrário:
prevalece o efeito suspensivo do recurso, sendo excepcionais os casos em que
ocorre apenas o efeito devolutivo (art. 1.012).

Conclusão da aula:

Recurso é um ato de inconformismo, destinado a reformar, aclarar ou anular uma


decisão.

Não é a única forma de atacar uma decisão, pois existem os meios autônomos de
impugnação.

Cada recurso possui uma destinação específica.

O tipo de recurso dependerá do vício a ser atacado na decisão judicial.

O vício pode dizer respeito ao error in procedendo ou ao error in judicando. O primeiro


significa um erro de procedimento e o segundo é um erro de julgamento.

Se há um erro de procedimento, por exemplo, o juiz que proferiu a decisão era


absolutamente incompetente, ou proferiu decisão de mérito, mas faltava uma
condição da ação ou um pressuposto processual. Não se quer que a decisão seja
reformada, mas sim anulada.

Já no erro de julgamento, o juiz julgou mal, apreciou mal as provas, por exemplo.
Neste, pede-se a reforma da decisão judicial.

Por fim, o recurso se diferencia dos demais meios de impugnação, pois é um ato de
inconformismo exercido dentro da mesma relação processual. Ou seja, não se instaura
uma nova relação jurídica processual, como ocorre, por exemplo, no caso da ação
rescisória, a qual constitui ação autônoma de impugnação.

PRINCÍPIOS RECURSAIS

Função e importância dos princípios

Os princípios genericamente falando, são regras não escritas que decorrem de outras
regras escritas, de um conjunto de regras ou do sistema jurídico como um todo.
Eles orientam não apenas a aplicação do direito positivo, mas também a própria
elaboração de outras regras, que a eles devem guardar obediência e hierarquia.

Os princípios gerais dos recursos são princípios fundamentais aplicáveis ao sistema


recursal como um todo, pois foram adotados pelo sistema jurídico por opção política e
ideológica.

Os recursos são regidos por princípios próprios.

Dentre eles, destaca-se o do duplo grau de jurisdição, tratado entre os princípios


fundamentais do processo civil, que diz respeito diretamente ao direito de recorrer.

Conquanto a Constituição Federal não imponha como regra explícita e permanente a


do duplo grau, o nosso sistema, ao prever a existência de órgãos cuja função é, entre
outras, a de reexaminar as decisões judiciais, em recurso, admitiu-o.

Princípio do duplo grau de jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição consiste no direito concedido à parte de exigir a


revisão do julgamento que lhe fora contrário por uma instância jurisdicional superior.

O princípio visa o controle da atividade do juiz, por conseguinte, a segurança jurídica, a


fim de evitar que decisões contrárias à lei ou à prova dos autos sejam impostas à parte,
sem que seja conferida ao jurisdicionado a possibilidade de sua revisão.

Esse princípio decorre de regra contida no art 5 º, LV, da Constituição da República.

Cassio Scarpinella Bueno considera o duplo grau de jurisdição como um princípio


implícito na CF/ 88. Para ele o Duplo Grau de Jurisdição decorre do sistema recursal
previsto no texto constitucional e da cláusula geral do devido processo legal.

O devido processo legal é uma cláusula geral ou enunciado normativo aberto, isto é,
seu conteúdo é definido pelo juiz de acordo com as circunstâncias histórico culturais
do momento judicial.

O princípio decorre da constatação da existência e da competência dos Tribunais, em


especial dos TJs e dos TRFs.

O princípio do duplo grau de jurisdição, para além de sua expressa previsão


constitucional, merece ser compreendido no sentido de a sentença ser passível de
reexame amplo por outro órgão jurisdicional. É o que, no CPC, é desempenhado
suficientemente pelo recurso de apelação.

Pontos negativos desse princípio:

1) dificuldade de acesso à justiça


2) desprestígio da primeira instância
3) quebra de unidade do poder jurisdicional
4) dificuldade na descoberta da verdade mais próxima possível da real e;
5) inutilidade do procedimento oral.

ainda que relevantes, as críticas não desqualificam o duplo grau de jurisdição como
princípio constitucional, ainda que implícito.

A sua aplicação deve ser ponderada em situações concretas, obedecendo ao princípio


da proporcionalidade, podendo, assim, ser excepcionado para que a legislação
infraconstitucional restrinja ou até elimine recursos em casos específicos.

Princípio da Legalidade/taxatividade (tipificação)

Também chamado de princípio da legalidade, o princípio da taxatividade consiste na


exigência constitucional art. 22, I, da CF/ 88 de que a enumeração dos recursos seja
taxativamente prevista em lei federal.

Não é deixada ao arbítrio das partes, nem para a competência dos Estados ou
Municípios, tampouco para os regimentos internos dos tribunais, a tarefa de criar
recursos, modificá-los ou extingui-los.

O princípio deve ser entendido no sentido de que somente a Lei pode criar recursos no
sistema processual civil brasileiro. E mais: não se trata de qualquer lei, mas de lei
federal, por força do que dispõe o inciso I do art. 22 da CF. Mesmo o inciso XI do art.
24 da CF, que reconhece aos Estados-membros e ao Distrito Federal competência para
criarem regras de procedimento, não pode inovar o sistema no que diz respeito à
existência, criação ou revogação de recursos.

CF - Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;

Mesmo o inciso XI do art. 24 da CF, que reconhece aos Estados-membros e ao Distrito


Federal competência para criarem regras de procedimento, não pode inovar o sistema
no que diz respeito à existência, criação ou revogação de recursos.

Há unanimidade na doutrina de que os recursos e suas hipóteses de cabimento são


matéria de direito processual, a afastar, consequentemente, a competência estadual e
distrital da disciplina do tema. Matéria procedimental, apta, portanto, a ser criada por
lei estadual, em tema de recursos diz respeito, por exemplo, à forma do exercício do
direito de recorrer.

O rol legal de recursos é taxativo, numerus clausus.


Só existem os previstos em lei, não sendo dado às partes formular meios de
impugnação das decisões judiciais além daqueles indicados pelo legislador.

O art. 994 do CPC enumera os recursos cabíveis.

A eles podem ser acrescentados outros que venham a ser criados por leis especiais.

TÍTULO II

DOS RECURSOS

Capítulo I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I – apelação;

II – agravo de instrumento;

III – agravo interno;

IV – embargos de declaração;

V – recurso ordinário;

VI – recurso especial;

VII – recurso extraordinário;

VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX – embargos de divergência.

Princípio da Unicidade/Singularidade

De acordo com o princípio, também conhecido como princípio da unirrecorribilidade


não é possível a utilização simultânea de dois recursos contra a mesma decisão.

Por conseguinte, há no sistema processual apenas um recurso adequado para cada


decisão em determinado momento processual.

Estabelece que, para cada ato judicial, cabe um único tipo de recurso adequado.

Cada recurso, por assim dizer, tem aptidão de viabilizar o controle de determinadas
decisões jurisdicionais com exclusão dos demais, sendo vedada – é este o ponto nodal
do princípio – a interposição concomitante de mais de um recurso para o atingimento
de uma mesma finalidade.
• Contra as decisões interlocutórias previstas no art. 1.015, cabe o agravo de
instrumento.
• Contra as sentenças, a apelação;
• contra decisões monocráticas do relator, agravo interno;
• contra acórdãos que se enquadrem nas hipóteses do art. 102, III, da
Constituição Federal, recurso extraordinário; e
• contra acórdãos, nas hipóteses do art. 105, III, recurso especial.
• O recurso ordinário será adequado nas hipóteses previstas na CF, arts. 102, II, e
105, II.

Importante observar que o princípio em análise comporta exceções, já que, por


exemplo, o art 1 031 do Código de Processo Civil prevê a possibilidade de utilização do
recurso extraordinário e especial contra o mesmo decisum.

Princípio da efetividade/fungibilidade

O princípio da fungibilidade dos recursos consiste na possibilidade de que, existindo


dúvida objetiva a respeito de qual o recurso cabível, o juiz competente receba,
processe e conheça o recurso equivocadamente interposto pela parte, tal como se o
recurso correto tivesse sido interposto.

Há um requisito indispensável, a existência de dúvida objetiva a respeito da natureza


da decisão, que resulta de controvérsia efetiva, na doutrina ou na jurisprudência, a
respeito do pronunciamento.
Não basta a dúvida subjetiva, pessoal, sendo necessário que ela se objetive pela
controvérsia.

O princípio justifica-se no sistema processual civil sempre que a correlação entre as


decisões jurisdicionais e o recurso cabível, prescrita pelo legislador gerar algum tipo de
dúvida no caso concreto.

Ele deriva diretamente de outro, o princípio da instrumentalidade das formas.

Trata- se do recebimento de um recurso como outro, adaptando-se o nomen juris e o


procedimento.

Nesse sentido, registre-se que muito embora, o princípio da fungibilidade não decorra
de qualquer regra expressa (princípio implícito), ele encontra se em consonância com
o princípio da instrumentalidade das formas, previsto no art 277 do Código de
Processo Civil.

Se o erro da parte se afigurar grosseiro, o princípio da fungibilidade não é aplicável.


A existência de dúvida fundada ou objetiva sobre o recurso cabível conduz a uma
necessidade de flexibilização do sistema recursal para que sejam admitidos todos os
recursos abrangidos pela dúvida.

Conforme jurisprudência sedimentada no Superior Tribunal de Justiça, deve o


indivíduo interpor o recurso no menor prazo, entre aqueles prazos conferidos aos
recursos abrangidos pela dúvida.

Princípio da Voluntariedade (renúncia/desistência).

Por força da aplicação desse princípio, que deriva do princípio dispositivo, não apenas
se exige a iniciativa da parte interessada para a interposição do recurso, como,
também, confere se a esta a liberdade de delimitar o âmbito do recurso, podendo
impugnar total ou parcialmente a decisão que lhe fora desfavorável.

É também manifestação desse princípio a regra contida no art. 998 do CPC, segundo o
qual o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso por ele interposto.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido


ou dos litisconsortes, desistir do recurso.

Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja


repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de
recursos extraordinários ou especiais repetitivos.

Dá-se a desistência quando, já interposto o recurso, a parte manifesta a vontade de


que não seja ele submetido a julgamento. Vale por revogação da interposição.

A desistência, que é exercitável a qualquer tempo, não depende de anuência do


recorrido ou dos litisconsortes (art. 998 do CPC/2015).

Princípio Dispositivo

O princípio dispositivo é seguido estritamente em alguns países, vedando ao juiz a


possibilidade de determinar a produção de provas ex officio tendo as partes o poder
exclusivo de alegação e de levar ao processo as provas que acharem pertinentes.

No Brasil, não é permitido ao juiz proferir sentença com base em situação fática
estranha à lide, mas se permite, pelo artigo 370 do CPC, que o juiz ordene de ofício
provas necessárias à instrução do processo, além das provas apresentadas pelas
partes, respeitando sempre o tratamento igualitário destas.

O princípio quer dizer que as partes devem ter a iniciativa para levar as alegações ao
processo ou indicar onde encontrá-las, bem como levar material probatório que
poderá ser utilizado pelo julgador para a formação do seu convencimento e
fundamentação da decisão.

De modo geral, a denominação princípio dispositivo é utilizada para indicar que a


iniciativa das alegações e das provas compete às partes, já que o juiz é um sujeito
imparcial e, portanto, não pode agir de ofício.

Princípio da proibição da reformatio in pejus.

A reformatio in pejus consiste na reforma da decisão judicial por força de um recurso


interposto, capaz de resultar para o recorrente uma situação de agravamento, de
piora, em relação àquela que lhe fora imposta pela decisão recorrida. Ou seja, traduz
se num resultado exatamente contrário aquele pretendido pelo recorrente.

Assim, o princípio da proibição da reformatio in pejus tem como objetivo impedir que
essa situação de piora ocorra por força do julgamento do recurso da parte.

Evidentemente, sendo a sucumbência recíproca e havendo recurso de ambas as


partes, a situação de qualquer delas poderá ser agravada como resultado do recurso
interposto pela parte contrária, mas não do seu próprio recurso.

Aquele que recorre só o faz para melhorar a sua situação. Portanto, só impugna aquela
parte da decisão ou da sentença que lhe foi desfavorável.

Como o recurso devolve ao Tribunal apenas o conhecimento daquilo que foi


impugnado, os julgadores vão se limitar a apreciar aquilo em que o recorrente
sucumbiu, podendo, na pior das hipóteses, não acolher o recurso e manter a sentença
tal como lançada.

Daí decorre que, no exame do recurso de um dos litigantes, a sua situação não poderá
ser piorada, sendo vedada a reformatio in pejus. A situação só pode ser piorada se
houver recurso de seu adversário.

Mas os recursos em geral são dotados de efeito translativo, que permite ao órgão ad
quem examinar de ofício matérias de ordem pública, ainda que não sejam alegadas.
Por força dele, a situação do recorrente pode até ser piorada.

Princípio da colegialidade

Decorre da aplicação dinâmica dos princípios do contraditório e do juízo natural, que,


apesar da possibilidade de delegação de poderes monocráticos para o relator, viabiliza
a interposição de agravo interno para o colegiado como instrumento de aplicação de
um contraditório dinâmico sucessivo.
Ressalta se que a aplicação desse princípio está condicionada ao esgotamento das
instâncias ordinárias para o alcance das esferas extraordinárias de recorribilidade, uma
vez que a decisão monocrática não seria de última instância ””(Art 102 II e III, e Art 105
II e III, CRFB/ 88).

Conclusão da aula:

O sistema jurídico não se limita à lei, mas é igualmente formado pelo sistema
principiológico.

A tarefa do juiz consiste na aplicação da lei abstrata ao caso concreto.

Tal processo de aplicação é denominado de subsunção.

Para que seja realizada a subsunção o juiz deve passar por um processo de
interpretação da lei abstrata.

Desta forma, os princípios servem como diretrizes fundamentais para que o julgador
aplique corretamente a norma ao caso concreto.

Os princípios jurídicos são fundamentais para as hipóteses em que a lei se revele


lacunosa ou de interpretação dúbia, além de ser de extrema relevância para promover
a adaptação da lei às mudanças que constantemente se verificam na realidade social.

Assim é tamanha a relevância dos princípios, que a sua aplicação pode resultar na
alteração do sentido literal da norma.

Letra B
Letra D
JUÍZO DE MÉRITO E DE ADMISSIBILIDADE

Antes de apreciar o mérito dos recursos, é preciso que sejam examinados os requisitos
de admissibilidade.

São pressupostos indispensáveis para que o recurso possa ser conhecido e constituem
matéria de ordem pública, que deve ser examinada de ofício.

Sem o seu preenchimento, a decisão não será reexaminada pelo órgão ad quem
(tribunal de instância superior para onde se encaminha o processo, ou seja, para quem
se recorre)

O direito ao recurso depende da análise de diversos pressupostos que querem verificar


não só a sua existência mas também a regularidade de seu exercício.

Admitido o recurso, o órgão ad quem passará ao exame do mérito, isto é, da pretensão


recursal, dando-lhe ou negando-lhe provimento.

O exame é feito pelo órgão ad quem e, exclusivamente no RExrtraordinário e no


REspecial, também pelo órgão a quo.

O juízo de admissibilidade do recurso especial e do recurso extraordinário, é feito


previamente pelo juízo a quo, que pode inadmiti-los se entender que os requisitos
estão ausentes.

Contra a decisão denegatória cabe agravo na forma do art. 1.042 do CPC.

Caso o recurso seja remetido ao órgão ad quem, caberá a ele o juízo definitivo de
admissibilidade.

Interposto determinado recurso, seu mérito não poderá ser apreciado sem que antes
se analisem as condições e os pressupostos recursais, a existência das condições de
admissibilidade e dos pressupostos de desenvolvimento da atividade jurisdicional
recursal.

Assim, quando se fala em conhecimento ou não conhecimento do recurso está-se


diante de juízo de admissibilidade, realizado pelo órgão julgador, em que o recurso
pode ou não ter o mérito conhecido, isto é, ter seu mérito julgado pelo órgão
competente.

As questões de admissibilidade do recurso dizem respeito à possibilidade de


conhecimento do recurso pelo órgão competente, em função das condições e dos
pressupostos genéricos impostos pela lei—como a LEGITIMIDADE, o INTERESSE EM
RECORRER, a TEMPESTIVIDADE, a REGULARIDADE FORMAL DO RECURSO, o PREPARO
etc.—e dos pressupostos específicos (HIPÓTESES DE CABIMENTO) de cada recurso em
espécie.
O juízo de admissibilidade dos recursos compreende o exame acerca dos seguintes
elementos:

(i) cabimento (constatação de qual é o recurso cabível para a decisão


considerada concretamente);
(ii) legitimidade (quem tem legitimidade para apresentar o recurso);
(iii) interesse (demonstração da necessidade de interpor um recurso para a
invalidação, reforma, esclarecimento ou integração da decisão, sem o que
estas utilidades não podem ser alcançadas);
(iv) tempestividade (o recurso precisa ser interposto no prazo a ele reservado);
(v) regularidade formal (há regras formais mínimas – nunca formalismos –, a
serem observadas para garantir, inclusive, a compreensão da postulação
recursal);
(vi) preparo (recolhimento de valores que, como regra, são exigíveis para a
interposição do recurso), e
(vii) inexistência de fato impeditivo ou extintivo (o exercício do direito de
recorrer não pode colidir com fato futuro que o esvazie ou que o
comprometa).

Quando o juízo de admissibilidade é negativo, a decisão recorrida prevalece, em todos


os aspectos, sendo ela que preclui ou transita em -julgado.

■ COMPETÊNCIA PARA O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.

A regra é que o juízo de admissibilidade é de competência do órgão responsável pelo


julgamento do mérito do recurso.

Mesmo nos casos em que o recurso é interposto perante o órgão a quo, como é o caso
da apelação, do recurso especial e do recurso extraordinário, o juízo de
admissibilidade é exercido tão somente pelo órgão ad quem, responsável pela
apreciação do mérito recursal.

Os recursos interpostos contra decisões colegiadas de tribunais de 2º grau, cabe à


essas cortes a análise prévia da admissibilidade recursal, podendo ser denegado
seguimento aos recursos que não estão nos conformes legais. Quanto ao julgamento
do mérito, cumpre aos tribunais superiores, os quais, antes de fazê-lo reanalisam o
juízo de admissibilidade recursal.

No tocante ao recurso de apelação, o juízo de admissibilidade é exercido tão somente


pelo órgão ad quem, responsável pela apreciação do mérito recursal, conforme se
depreende do artigo 1.010 caput e o seu §3o.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;


II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

IV - o pedido de nova decisão.

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze)


dias.

§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para


apresentar contrarrazões.

§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao


tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

■ REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS

classificação dos requisitos de admissibilidade dos recursos, que os divide em duas


grandes categorias: os intrínsecos e os extrínsecos.

Intrínsecos - aqueles que dizem respeito à relação entre a natureza e o conteúdo da


decisão recorrida e o recurso interposto.

Extrínsecos - os que levam em conta fatores que não dizem respeito à decisão
impugnada, mas que são externos a ela.

■ Requisitos de admissibilidade intrínsecos

O recurso não tem natureza de ação, mas os requisitos intrínsecos são as condições
para que ele possa ser examinado pelo mérito.

Um recurso será cabível quando previsto no ordenamento jurídico como adequado


para determinada situação. Também é preciso que o recorrente tenha interesse e
legitimidade.

Os requisitos intrínsecos concernem à própria existência do poder de recorrer e são


eles:

■ 1. Cabimento

Os recursos são apenas aqueles criados por lei. O rol legal é numerus clausus, taxativo.
Recurso cabível é aquele previsto no ordenamento jurídico e, nos termos da lei,
adequado contra a decisão. Esse requisito aproxima-se da possibilidade jurídica do
pedido, que integra o interesse de agir.

Saber se determinado recurso é ou não cabível significa indagar se a decisão que se


pretende impugnar é recorrível, ou seja, se há previsão legal de recurso contra a
decisão, bem como se o recurso escolhido é adequado contra a decisão judicial que se
quer impugnar.

O art. 994 do CPC enumera os recursos: apelação, agravo de instrumento, agravo


interno, embargos de declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso
-extraordinário e embargos de divergência.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:


I – apelação;
II – agravo de instrumento;
III – agravo interno;
IV – embargos de declaração;
V – recurso ordinário;
VI – recurso especial;
VII – recurso extraordinário;
VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX – embargos de divergência.

Nada impede que lei especial crie outros, como os embargos infringentes na Lei de
Execução Fiscal, ou o recurso inominado contra a sentença no Juizado Especial Cível.

Nesse ponto, remete-se ao princípio da fungibilidade recursal uma vez que, ainda que
a parte interponha o recurso inadequado contra a decisão, havendo razoabilidade e
dúvida objetiva fundada com relação ao recurso a ser interposto, sendo este
apresentado no menor prazo previsto, poderá o órgão julgador receber o recurso
equivocado como se o correto fosse.

■ 1.2. Legitimidade recursal

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e
pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a


relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular
ou que possa discutir em juízo como substituto processual.

Para interpor recurso é preciso ter legitimidade. São legitimados:

■ 1.2.1. As partes e intervenientes

As partes – o autor e o réu – são os legitimados por excelência.

Além deles, podem interpor recurso aqueles que tenham sido admitidos por força de
intervenção de terceiros.
Alguns deles tornam-se partes, como o denunciado, o chamado ao processo e o
assistente litisconsorcial, tratado como litisconsorte ulterior.
Outros não adquirem essa condição, mas têm a faculdade de recorrer, como o
assistente simples

■ 1.2.2. O Ministério Público

O Ministério Público pode atuar no processo como parte ou fiscal da ordem jurídica. O
primeiro caso recai no item anterior; mas o Promotor pode recorrer ainda quando
atue como fiscal da ordem jurídica. Nem é preciso que ele já esteja intervindo no
processo, pois ele pode recorrer exatamente porque lhe foi negada a intervenção. Em
qualquer condição em que recorra, o Ministério Público terá prazo em dobro, na forma
do art. 180, caput, do CPC.

■ 1.2.3. O recurso de terceiro prejudicado

Quem é ele? Aquele que tenha interesse jurídico de que a sentença seja favorável a
uma das partes, porque tem com ela uma relação jurídica que, conquanto distinta
daquela discutida em juízo, poderá ser atingida pelos efeitos reflexos da sentença.

Em suma, aquele mesmo que pode ingressar no processo como assistente simples: os
requisitos para ingressar nessa condição são os mesmos que para recorrer como
terceiro prejudicado.

■ 1.2.4. Pode o advogado recorrer em nome próprio?

O advogado não postula, em juízo, direito próprio, mas age na condição de mandatário
da parte. Portanto, não tem legitimidade para recorrer em nome próprio, mas tão
somente no da parte.

Mas na condenação em honorários advocatícios, que, de acordo com o art. 23 da Lei n.


8.906/94, constituem direito autônomo do advogado, que pode promover-lhes a
execução em nome próprio.

Nessa circunstância, é preciso admitir que o advogado terá legitimidade para recorrer,
quando o objeto do recurso forem os seus honorários.

Como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, “têm legitimidade, para recorrer da


sentença, no ponto alusivo aos honorários advocatícios, tanto a parte como o seu
patrono” (STJ – 4ª Turma, REsp 361.713/RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, j. 17/02/2004).

■ 1.3. Interesse recursal

Para que haja interesse é preciso que, por meio do recurso, se possa conseguir uma
situação mais favorável do que a obtida com a decisão ou a sentença.
Para que o recurso seja admissível, é necessário que haja utilidade, ou seja, do
julgamento do recurso o recorrente deve esperar situação mais vantajosa da que
obtinha com a decisão recorrida, e necessidade na sua interposição, afigurando-se
necessária a via recursal para o atingimento do seu objetivo.

O interesse está condicionado à sucumbência do interessado.

Só tem interesse em recorrer quem tiver sofrido sucumbência, que existirá quando
não se tiver obtido o melhor resultado possível no processo.

É preciso, no entanto, ressalvar os embargos de declaração, cuja apreciação está


condicionada à existência de outro tipo de interesse: não o de modificar para melhorar
a decisão judicial, mas o de aclarar, sanar alguma contradição, integrá-la ou corrigir
erro material.

■ 1.4. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

São os pressupostos negativos de admissibilidade, isto é, circunstâncias que não


podem estar presentes para que o recurso seja admitido.

Os fatos extintivos são a renúncia e a aquiescência; o fato impeditivo é a desistência do


recurso.

• Renúncia e aquiescência
São sempre prévias à interposição, ao contrário da desistência, que pressupõe
recurso já apresentado.
A renúncia é manifestação unilateral de vontade, pela qual o titular do direito
de recorrer declara a sua intenção de não o fazer.
Sua finalidade, em regra, é antecipar a preclusão ou a coisa julgada.
Caracteriza-se por ser irrevogável, prévia e unilateral, o que dispensa a
anuência da parte contrária.
• A aquiescência é a manifestação, expressa ou tácita, de concordância do titular
do direito de recorrer, com a decisão judicial.
Impede que haja recurso, por força de preclusão lógica.
Pode ser expressa quando o interessado comunica ao juízo a sua concordância
com o que ficou decidido; e tácita, quando pratica algum ato incompatível com
o desejo de recorrer.

A renúncia vem tratada no art. 999 do CPC, que explicita a desnecessidade de


aceitação da outra parte; e a aquiescência, no art. 1.000: “A parte que aceitar expressa
ou tacitamente a decisão não poderá recorrer”. O parágrafo único conceitua aceitação
tácita como “...a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de
recorrer”.
• A desistência do recurso
É causa impeditiva, tratada no art. 998 do CPC: “O recorrente poderá, a
qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do
recurso”.
O que distingue a desistência da renúncia é que ela é sempre posterior à
interposição: só se desiste de recurso já apresentado, e só se renuncia ao
direito de recorrer antes da interposição.
A desistência pode ser manifestada até o início do julgamento do recurso e ser
expressa ou tácita. Será expressa quando o recorrente manifestar o seu desejo
de que ele não tenha seguimento; e será tácita quando, após a interposição, o
recorrente praticar ato incompatível com o desejo de recorrer.
Não pode haver retratação da desistência, porque, desde que manifestada – e
ainda que não tenha havido homologação judicial –, haverá preclusão ou coisa
julgada.

■ 2. Requisitos extrínsecos

São aqueles que são exteriores, relacionam-se a fatores externos, que não guardam
relação com a decisão.

Os requisitos extrínsecos dizem respeito ao modo de se exercer o recurso.

São eles:

■ 2.1. Tempestividade

Todo recurso deve ser interposto dentro do prazo estabelecido em lei.

Será intempestivo, e, portanto, inadmissível, o recurso que for apresentado fora do


prazo, devendo ser observado quanto à contagem e à possibilidade de prorrogação o
disposto no CPC, arts. 219 e 224.
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a
comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-
se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do
começo e incluindo o dia do vencimento.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia
útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes
ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.
§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.

Quanto ao início da contagem do prazo devem ainda observar-se as regras do art.


1.003 do CPC, que estabelecem como dies a quo a data da intimação dos advogados
ou sociedade de advogados, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública ou do
Ministério Público.

Todos os recursos do CPC, salvo os embargos de declaração, devem ser interpostos no


prazo de 15 dias.

Os embargos de declaração serão opostos no prazo de cinco dias.

O Ministério Público, a Fazenda Pública, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública


têm os prazos recursais e de contrarrazões em dobro. O prazo será dobrado também
para a interposição de recurso adesivo.

Os litisconsortes com advogados diferentes, de escritórios distintos, desde que o


processo não seja eletrônico, têm em dobro o prazo para recorrer – sob a forma
comum ou adesiva – e para contrarrazoar.

■ 2.2. O preparo

Aquele que recorre deve pagar as despesas com o processamento do recurso, que
constituem o preparo.

A beneficiária é a Fazenda Pública, por isso os valores devem ser recolhidos em guia
própria e pagos na instituição financeira incumbida do recolhimento.

Além do preparo, também haverá o recolhimento do porte de remessa e retorno,


quando o recurso tiver de ser examinado por órgão diferente daquele que proferiu a
decisão, salvo quando se tratar de processo eletrônico.

O recorrente, ao interpor seu recurso, deverá comprovar o pagamento das custas


processuais respectivas, que são fixadas no âmbito da Justiça Federal, por lei federal,
e, no âmbito das Justiças estaduais, por leis dos respectivos Estados.
Salvo nos casos expressamente previstos em lei, o preparo é obrigatório, excetuando-
se os beneficiários da justiça gratuita, a União, Estados, Municípios e suas autarquias, e
os casos de embargos de declaração.
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando
exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e
de retorno, sob pena de deserção.

§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos


interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados,
pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,


implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em


autos eletrônicos.

§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o


recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de
deserção.

§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive


porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º.

§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção,


por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena


de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento,
intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

A falta de preparo gera a deserção, que importa trancamento do recurso, presumindo


a lei que o recorrente tenha desistido do respectivo julgamento (art. 1.007, caput, in
fine; §§ 4º, 6º e 7º).

Se o preparo for feito a menor, não se decretará de imediato a deserção. O recorrente


será sempre intimado, na pessoa de seu advogado, a completá-lo em cinco dias e
somente no caso de não o fazer é que será trancado o recurso (art. 1.007, § 2º).

Há necessidade de preparo no recurso especial e no extraordinário? a Lei n.


11.636/2007 o exige expressamente: agora é preciso àquele que interpõe recurso
especial recolher o preparo e o porte de remessa e retorno.
Com relação ao recurso extraordinário, o regimento interno do Supremo Tribunal
Federal também exige o recolhimento de preparo e porte de remessa e retorno.
Há preparo em recurso adesivo? O art. 997, § 2º, do CPC dispõe que são aplicáveis ao
recurso adesivo as mesmas regras do recurso independente, quanto aos requisitos de
admissibilidade. Se o recurso principal recolhe preparo, o adesivo também recolherá.

Qual a ocasião oportuna para comprovar o recolhimento? O art. 1.007, no caput não
deixa dúvidas quanto ao momento de comprová-lo: no ato de interposição do recurso,
ocasião em que também deve ser comprovado o porte de remessa e retorno.

■ 2.3. Regularidade formal

Deve o recurso obedecer às regras formais de interposição exigidas pela lei para seu
tipo específico.

Dependendo da espécie de recurso utilizada, poderá a lei estabelecer requisitos


específicos de regularidade formal, como, por exemplo: a juntada de peças
obrigatórias no caso de agravo de instrumento, na forma do art.1.017, I do CPC.

Os recursos são, em regra, apresentados por escrito. No entanto, a lei autoriza


interposição oral, em casos excepcionais. É o caso dos embargos de declaração no
Juizado Especial (art. 49 da Lei n. 9.099/95).

Todo recurso deve vir acompanhado das respectivas razões, já no ato de interposição.

Não será admitido o recurso que venha desacompanhado de razões, que devem ser
apresentadas, em sua totalidade, no ato de interposição.

Não se admite que as razões sofram acréscimos, sejam modificadas ou aditadas,


posteriormente. Fica ressalvada, porém, a eventual modificação, alteração ou
complementação da sentença por força de embargos de declaração.

Ao apresentar o recurso, a parte deve formular a sua pretensão recursal, aduzindo se


pretende a reforma ou a anulação da decisão, ou de parte dela, indicando os
fundamentos para tanto.

■ JUÍZO DE MÉRITO.

Superado o juízo de admissibilidade e sendo ele positivo, o órgão competente para o seu
julgamento passa ao juízo do mérito recursal.

O mérito do recurso é a pretensão recursal, que pode ser a de invalidação, integração, reforma
ou esclarecimento da decisão impugnada.

Importante observar que o mérito do recurso não necessariamente será idêntico ao mérito da
causa.

A causa de pedir do recurso pode se fundar em:


• error in procedendo, o qual consiste em um erro na decisão judicial apto à sua
invalidação;
• error in judicando, o qual refere-se a uma interpretação equivocada dos fatos ou do
direito aplicável à questão, o que poderá ensejar a reforma da decisão.

■ EFEITOS DOS RECURSOS

■ 1. Introdução

São as consequências que o processo sofre com a sua interposição.

Não decorrem da vontade das partes ou do juiz, mas de determinação legal. É a lei que
estabelece quais os efeitos de que um recurso é dotado.

Constituem matéria de ordem pública, não sujeita a preclusão.

O julgador que tenha, por equívoco, atribuído a determinado recurso efeitos de que
ele seja desprovido deverá voltar atrás, afastando-os.

■ 2. Efeito devolutivo

Consiste na aptidão que todo recurso tem de devolver ao conhecimento do órgão ad


quem (superior) o conhecimento da matéria impugnada.

Todos os recursos são dotados de efeito devolutivo, uma vez que é de sua essência
que o Judiciário possa reapreciar aquilo que foi impugnado, seja para modificar ou
desconstituir a decisão, seja para complementá-la ou torná-la mais clara.

O órgão ad quem deverá observar os limites do recurso, conhecendo apenas aquilo


que foi contestado. Se o recurso é parcial, o tribunal não pode, por força do efeito
devolutivo, ir além daquilo que é objeto da pretensão recursal.

Ele é consequência da inércia do Judiciário: não lhe cabe reapreciar aquilo que, não
tendo sido impugnado, presume-se aceito pelo interessado.

O efeito devolutivo é impeditivo do trânsito em julgado.

2.1. Extensão do efeito devolutivo

A parte sucumbente pode ficar inconformada com a rejeição de todas as suas


pretensões, ou de apenas algumas delas. Isso será indicado quando ela interpuser o
recurso: nele, dirá qual a extensão das matérias que pretende que sejam
reexaminadas pelo tribunal, se todas as pretensões em que sucumbiu, ou se apenas
algumas delas. Se o recurso for parcial, o tribunal só reexaminará a parte recorrida.
Em regra, o recurso não devolve ao tribunal o conhecimento de matéria estranha ao
âmbito da decisão a quo. Na forma do artigo 1.013 do Código de Processo Civil,
somente é devolvido o conhecimento da matéria impugnada.
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões


suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde
que relativas ao capítulo impugnado.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher


apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve


decidir desde logo o mérito quando:

I – reformar sentença fundada no art. 485;

II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do
pedido ou da causa de pedir;

III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-
lo;

IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o


tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem
determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.

§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é


impugnável na apelação.

2.2. Profundidade do efeito devolutivo

Prevista no art. 1.013, § 1º, do CPC e no art. 1.013, § 2º.

O aspecto profundidade do efeito devolutivo não diz respeito às pretensões


formuladas, mas aos fundamentos que a embasam.

Para que seja possível compreendê-lo, é indispensável lembrar que, em suas decisões,
o juiz precisa apreciar todas as pretensões formuladas, mas não necessariamente
todos os fundamentos trazidos pelas partes, mas apenas os suficientes para o
acolhimento ou rejeição da pretensão.

Se, no curso do processo, o juiz entender que um dos fundamentos já está


comprovado, acolherá o pedido, sem necessidade de produzir provas do outro
fundamento, ou de examiná-lo. O processo deve chegar ao resultado adequado, da
forma mais econômica possível: se o juiz já tem condições de acolher o pedido, com
base num dos fundamentos, não se justifica que determine o seu prosseguimento
apenas para colher provas em relação ao outro.

Por força da profundidade do efeito devolutivo do recurso, será dado ao tribunal,


dentro dos limites do julgamento, reexaminar todos os fundamentos invocados, ainda
que não tenham sido apreciados na decisão ou sentença. Afastado o primeiro
fundamento, o tribunal não poderá modificar o julgamento sem examinar o segundo.

Do ponto de vista da profundidade, o efeito devolutivo devolve ao conhecimento do


tribunal não apenas aquilo que foi decidido pelo juiz e impugnado pelo recorrente,
mas todas as questões discutidas nos autos, relativas ao capítulo impugnado.

A apelação, nos casos do art. 1.013, § 3º, devolve ao conhecimento do tribunal o


mérito que podia ter sido apreciado pelo juízo de origem, mas não foi. O órgão ad
quem estará livre para acolher ou rejeitar as pretensões formuladas na inicial,
julgando-as procedentes ou improcedentes. Não há óbice à improcedência, pois não
há reformatio in pejus quando o órgão de origem não apreciou o mérito.

■ 3. Efeito suspensivo

É a qualidade de impedir que a sentença proferida se torne eficaz até que ele seja
examinado.

O comando -contido na sentença não será cumprido, até a decisão do recurso.

Quando dotado de efeito suspensivo, a interposição do recurso impede que a decisão


recorrida produza efeitos concretos, sejam eles executivos, declaratórios ou
constitutivos, e seja passível de execução até a decisão do recurso ou, se for o caso, o
último recurso ao qual se atribui efeito suspensivo.

A regra geral do CPC, no seu artigo 995, é que os recursos não são dotados de efeito
suspensivo, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

A não suspensividade dos recursos como regra geral visa promover a efetividade e a
celeridade processuais, valorizando a decisão de primeira instância e autorizando a
execução provisória da decisão recorrida.
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil
ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso.

O agravo de instrumento, em regra, não tem efeito suspensivo, mas é possível ao


agravante postulá-lo ao relator, conforme o art. 1.019, I, do CPC.
Os embargos de declaração não têm efeito suspensivo, mas a eficácia da decisão
também poderá ser suspensa, na hipótese do art. 1.026, § 1º.

O recurso ordinário, o especial, o extraordinário e os embargos de divergência não


são dotados de efeito suspensivo, mas o recorrente poderá requerê-lo, na forma do
art. 1.029, § 5º, do CPC.

A apelação é o único recurso dotado, como regra, desse efeito, ressalvadas as


hipóteses previstas nos incisos do parágrafo 1º do referido dispositivo legal.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos


imediatamente após a sua publicação a sentença que:

I - homologa divisão ou demarcação de terras;

II - condena a pagar alimentos;

III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do


executado;

IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

VI - decreta a interdição.

§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento


provisório depois de publicada a sentença.

§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser


formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua


distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se
o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Quando há recurso parcial, somente a parte impugnada é que fica suspensa. A


incontroversa pode ser executada, com a formação de autos suplementares, enquanto
os autos principais sobem ao tribunal para apreciação do recurso.

A mesma solução deve ser dada quando houver cumulação de pedidos, e apelação
apenas em relação a um deles. O outro, que se tornou incontroverso, pode ser
executado. Se o capítulo da sentença sobre o qual se recorreu manter vínculo de
dependência com o incontroverso, de sorte que o acolhimento do recurso repercuta
neste. Se é assim, a suspensividade deve estender-se a ele.
Efeito suspensivo concedido pelo relator

Os arts. 1.012, § 3º, 1.019, I, 1.026, § 1º, e 1.029, § 5º, do CPC concedem ao relator o
poder de atribuir ao recurso efeito suspensivo, nos casos em que ele não o tenha, que
podem ser resumidas pela fórmula “sempre que houver risco de lesão grave e de difícil
reparação, sendo relevante a fundamentação”.

Tal providência depende de requerimento do recorrente, não sendo possível que o


relator a conceda de ofício.

Da decisão monocrática do relator a respeito, caberá agravo interno para o respectivo


órgão colegiado, nos termos do art. 1.021, caput, do CPC.

■ 4. Efeito translativo

É a aptidão que os recursos em geral têm de permitir ao órgão ad quem examinar de


ofício matérias de ordem pública, conhecendo-as ainda que não integrem o objeto do
recurso.

Questões como prescrição, decadência, falta de condições da ação ou de pressupostos


processuais poderão ser examinadas pelo órgão ad quem ainda que não suscitadas.

Difere do efeito devolutivo, que consiste na devolução ao tribunal do reexame daquilo


que foi suscitado; o translativo o autoriza a examinar o que não o foi, mas é de ordem
pública.

Todos os recursos ordinários são dotados de efeito translativo, incluindo os embargos


de declaração e os agravos.

Não há efeito translativo apenas nos recursos especial e extraordinário.

■ 5. Efeito expansivo

É a aptidão de alguns recursos cuja eficácia pode ultrapassar os limites objetivos ou


subjetivos previamente estabelecidos pelo recorrente.

Ele possibilita que o resultado do recurso se estenda a litigantes que não tenham
recorrido; ou a pretensões que não o integrem.

O seu acolhimento pode produzir efeitos seja em relação a quem não recorreu, seja
em relação a pretensões que não haviam sido impugnadas.

5.1. Efeito expansivo subjetivo

Havendo litisconsórcio, o recurso interposto por um dos litisconsortes pode,


dependendo das circunstâncias, beneficiar aqueles que não recorreram.
Isso se verificará em duas hipóteses: quando for unitário, ou, sendo simples, as
matérias alegadas pelo -recorrente forem comuns aos demais.

5.2. Efeito expansivo objetivo

Há pedidos interdependentes, que mantêm entre si relação de prejudicialidade. Não é


possível modificar a decisão a respeito de um deles sem que haja repercussão sobre os
demais. Nessa situação, ainda que haja recurso apenas em relação a um deles, o
provimento repercutirá sobre os outros, ainda que estes não sejam especificamente
impugnados.

■ 6. Efeito regressivo

É a aptidão de que alguns recursos são dotados de permitir ao órgão a quo


reconsiderar a decisão proferida, exercer juízo de retratação.

O recurso de agravo de instrumento e o de agravo interno são dotados de efeito


regressivo, pois sempre permitem ao prolator da decisão reconsiderá-la.

A apelação, em regra, não tem esse efeito. Mas há duas hipóteses em que o juiz pode
voltar atrás: a da sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485), no prazo de
cinco dias (art. 485, § 7º, do CPC); e a sentença de improcedência liminar do pedido,
também no prazo de cinco dias (art. 332, § 3º).

■ 7. Efeito impeditivo / obstativo do trânsito em julgado.

Na medida em que o recurso devolve ao Poder Judiciário, por força do efeito


devolutivo, a apreciação da matéria impugnada, enquanto não julgado o recurso não
se poderá falar em coisa julgada ou em preclusão, na forma do artigo 502 do CPC.
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível
a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

O STJ vem manifestando o entendimento no sentido de que, independentemente da


inadmissão do recurso, a data do trânsito em julgado é a data do trânsito em julgado
da última decisão.

■ 8. Efeito interruptivo.

A interposição de recurso dotado de efeito interruptivo interrompe o prazo para a


interposição dos demais recursos. É o caso, por exemplo, dos embargos de declaração,
conforme o artigo 1.026 do CPC.
■ 9. Efeito substitutivo.

Sempre que houver julgamento de mérito do recurso, a decisão deste substituía


decisão recorrida, passando a produzir efeitos e comportar execução.

A substitutividade encontra previsão no artigo 1.008 e não ocorrerá se o recurso não


vier a ser julgado no mérito, ou não for conhecido.

O efeito substitutivo se justifica pela impossibilidade de coexistirem duas decisões com


o mesmo objeto.

Assim, eventual ação rescisória deverá ser dirigida contra a última decisão, que
substituiu a decisão recorrida.

■ 1. APELAÇÃO

■ 1.1. Conceito

A apelação é o recurso que cabe contra sentença, definida como o pronunciamento


que, proferido com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução.

Serve tanto para as sentenças definitivas, em que há resolução de mérito, quanto para
as extintivas.

Aquele que apela objetiva a reforma ou a anulação da sentença, por um órgão


diferente e superior àquele que a proferiu. Serve para que se alegue tanto error in
procedendo (erro que o juiz comete no exercício de sua atividade jurisdicional, no
curso procedimental ou na prolação de sentença, violando norma processual na sua
mais ampla acepção) como error in judicando (vício do magistrado quando o mesmo
procede à má avaliação do fato, quando aplica, sobre os fatos, o direito de maneira
errônea ou quando confere uma interpretação equivocada à norma).

Há algumas poucas exceções.

• Na Lei de Execução Fiscal, contra a sentença que julga os embargos de pequeno


valor, o recurso cabível é o de embargos infringentes.
• Da sentença que decreta a falência, cabe agravo de instrumento, e não
apelação.
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I – apelação; (...)

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será


intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas


no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

Apelação, portanto, é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro
grau de jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais do segundo grau,
visando a obter uma reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo sua
invalidação.

Nesse contexto, as sentenças podem ser classificadas como:

1) sentenças processuais ou terminativas: a sentença, se fundada no art. 485 do CPC,


será considerada sentença processual, hipótese na qual não haverá a resolução do
mérito do litígio;

2) sentenças de mérito: se fundada no art. 487, será sentença de mérito, pois porá fim
ao processo com resolução de mérito, decidindo definitivamente a lide.

■ 1.2. Interposição.

A apelação deverá ser interposta no prazo geral de 15 dias, como disposto no art.
1.003, § 5º do CPC.

O recurso poderá ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, atuando como parte ou como fiscal da ordem jurídica, conforme
previsto no art. 996 do CPC.

Deverá a petição de apelação ser dirigida ao juízo de primeiro grau (prolator da


sentença). que não fará nenhum juízo de admissibilidade.

O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias, e, então,


os autos serão remetidos ao tribunal, independentemente de juízo de admissibilidade
(pár. 3º, art. 1.010 CPC).
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:

I – os nomes e a qualificação das partes;

II – a exposição do fato e do direito;

III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;


IV – o pedido de nova decisão.

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze)


dias.

§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para


apresentar contrarrazões.

§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao


tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Assim, a admissibilidade é realizada pelo órgão ad quem, na forma prevista no art. 932
do CPC, que dispõe sobre os poderes do relator.
Art. 932. Incumbe ao relator:

I – dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova,


bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;

II – apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de


competência originária do tribunal;

III – não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;

IV – negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio


tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

V – depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso


se a decisão recorrida for contrária a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio


tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

VI – decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for


instaurado originariamente perante o tribunal;

VII – determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;

III – exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal.


Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o
prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

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