Você está na página 1de 10

_____________________________________________________________________________

FORMAÇÃO DE PERITOS JUDICIAIS


Modulo 01

1 – NOÇÕES PROCESSUAIS

1.1 - As Instâncias do poder judiciário brasileiro

A hierarquia do Poder Judiciário do Brasil baseia-se em três


instâncias. A decisão de uma instância inferior pode ser modificada por uma
instância superior, mediante recurso.

•A primeira instância, são as varas ou seções judiciárias onde atuam o juiz de


Direito. Essa é a principal porta de entrada do Judiciário. Grande parte dos
cidadãos que entra com uma ação na Justiça tem o caso julgado por um juiz na
primeira instância, que é um juiz chamado de singular (único), que profere (dá)
a sentença (decisão monocrática, de apenas um magistrado).

•A segunda instância, Os desembargadores são os responsáveis por analisar os


recursos vindos da primeira instância, em decisão colegiada, proferida por um
grupo de magistrados Eles examinam o recurso e emitem parecer favorável ou
não, tornando assim, a decisão mais imparcial e justa, uma vez analisadas por
um grupo de desembargadores, em contraposição às decisões monocráticas de
primeira instância. A decisão proferida pelos juízes dos tribunais chama-se
acórdão, justamente indicando o acordo entre aqueles que chegaram a tal
decisão. Mas em alguns processos originários (onde os réus são 'autoridades'
_____________________________________________________________________________
com privilégio de foro como Vice-Governador, deputados, etc), é formada pelos
tribunais de Justiça e de Alçada (os Tribunais de Alçada foram extintos pela
Emenda Constitucional nº45, de 30 de dezembro de 2004) e pelos tribunais
regionais federais, eleitorais e do trabalho.

•A terceira instância é constituída pelos tribunais superiores (Supremo Tribunal


Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal
Superior Eleitoral), que julgam recursos contra decisões dos tribunais de
segunda instância. Na prática, porém, o Supremo Tribunal Federal tem
funcionado como uma quarta instância.
_____________________________________________________________________________
2 - Sistema Judiciário Brasileiro: Organização e competências

O Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus


artigos 92 a 126. Ele é constituído de diversos órgãos, com o Supremo Tribunal
Federal (STF) no topo. O STF tem como função principal zelar pelo cumprimento
da Constituição. Abaixo dele está o Superior Tribunal de Justiça (STJ),
responsável por fazer uma interpretação uniforme da legislação federal.

No sistema Judiciário brasileiro, há órgãos que funcionam no


âmbito da União e dos Estados, incluindo o Distrito Federal e Territórios. No
campo da União, o Poder Judiciário conta com as seguintes unidades: a Justiça
Federal (comum) incluindo os Juizados Especiais Federais, e a Justiça
Especializada composta pela Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça
Militar.

A organização da Justiça Estadual, que inclui os juizados especiais


cíveis e criminais, é de competência de cada um dos 27 estados brasileiros e do
Distrito Federal, onde se localiza a capital do país.

Tanto na Justiça da União como na Justiça dos Estados, os juizados


especiais são competentes para julgar causas de menor potencial ofensivo e de
pequeno valor econômico.

Como vimos anteriormente, em regra, os processos se originam


na primeira instância, podendo ser levados, por meio de recursos, para a
segunda instância, para o STJ (ou demais tribunais superiores) e até para o STF,
que dá a palavra final em disputas judiciais no país em questões constitucionais.
_____________________________________________________________________________
2.1 - JUSTIÇA DA UNIÃO

2.1.1 - Justiça Federal comum

A Justiça Federal da União (comum) é composta por juízes federais


que atuam na primeira instância e nos tribunais regionais federais (segunda
instância), além dos juizados especiais federais. Sua competência está fixada nos
artigos 108 e 109 da Constituição.

Por exemplo, cabe a ela julgar crimes políticos e infrações penais


praticadas contra bens, serviços ou interesse da União (incluindo entidades
autárquicas e empresas públicas), processos que envolvam Estado estrangeiro
ou organismo internacional contra município ou pessoa domiciliada ou
residente no Brasil, causas baseadas em tratado ou contrato da União com
Estado estrangeiro ou organismo internacional e ações que envolvam direito de
povos indígenas.

2.1.2 - Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho, um dos três ramos da Justiça Federal da


União especializada, é regulada pelo artigo 114 da Constituição Federal. A ela
compete julgar conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e patrões,
incluindo aqueles que envolvam entes de direito público externo e a
administração pública direta e indireta da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios. Ela é composta por juízes trabalhistas que atuam na
primeira instância e nos tribunais regionais do Trabalho (TRT), e por ministros
que atuam no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
_____________________________________________________________________________
2.1.3 - Justiça Eleitoral

A Justiça Eleitoral, que também integra a Justiça Federal


especializada, regulamenta os procedimentos eleitorais, garantindo o direito
constitucional ao voto direto e sigiloso. A ela compete organizar, monitorar e
apurar as eleições, bem como diplomar os candidatos eleitos. A Justiça Eleitoral
tem o poder de decretar a perda de mandato eletivo federal e estadual e julgar
irregularidades praticadas nas eleições. Ela é composta por juízes eleitorais que
atuam na primeira instância e nos tribunais regionais eleitorais (TRE), e por
ministros que atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Está regulada nos
artigos 118 a 121 da Constituição.

2.1.4 - Justiça Militar

A Justiça Militar é outro ramo da Justiça Federal da União


especializada. Ela é composta por juízes militares que atuam em primeira e
segunda instância e por ministros que julgam no Superior Tribunal Militar
(STM). A ela cabe processar e julgar os crimes militares definidos em lei (artigo
122 a124 da Constituição).
_____________________________________________________________________________

2.2 - JUSTIÇA ESTADUAL

A Justiça Estadual (comum) é composta pelos juízes de Direito


(que atuam na primeira instância) e pelos chamados desembargadores, que
atuam nos tribunais de Justiça (segunda instância), além dos juizados especiais
cíveis e criminais. A ela cabe processar e julgar qualquer causa que não esteja
sujeita à competência de outro órgão jurisdicional (Justiça Federal comum, do
Trabalho, Eleitoral e Militar), o que representa o maior volume de litígios no
Brasil. Sua regulamentação está expressa nos artigos 125 a 126 da Constituição.
_____________________________________________________________________________

2.3 - TRIBUNAIS SUPERIORES

Órgão máximo do Judiciário brasileiro, o Supremo Tribunal Federal


é composto por 11 ministros indicados pelo presidente da República e
nomeados por ele após aprovação pelo Senado Federal. Entre as diversas
competências do STF pode-se citar a de julgar as chamadas ações diretas de
inconstitucionalidade, instrumento jurídico próprio para contestar a
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual; apreciar
pedidos de extradição requerida por Estado estrangeiro; e julgar pedido de
habeas corpus de qualquer cidadão brasileiro.

O STJ, que uniformiza o direito nacional infraconstitucional, é


composto por 33 ministros nomeados pelo presidente da República a partir de
lista tríplice elaborada pela própria Corte. Os ministros do STJ também têm de
ser aprovados pelo Senado antes da nomeação pelo presidente do Brasil. O
Conselho da Justiça Federal (CJF) funciona junto ao STJ e tem como função
realizar a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de
primeiro e segundo graus.
_____________________________________________________________________________

3 - VOCABULÁRIO JURÍDICO

Autor: Pessoa física ou jurídica responsável pela criação do processo;

Réu: O réu é toda parte, pessoa física, ou jurídica, de direito público ou privado,
contra a qual é movido um processo, seja de qualquer natureza jurídica;

Petição inicial: A petição inicial é o instrumento pelo qual o interessado invoca a


atividade jurisdicional, fazendo surgir o processo.

Ajuizamento: No âmbito do Direito, fazer ajuizamento é levar a juízo, é


submeter uma ação a um juiz, é o ato de protocolar uma ação na justiça para
que seja apreciada e julgada por um juiz.

Citação: Para o Direito, consiste no ato processual no qual a parte ré é


comunicada de que se lhe está sendo movido um processo e a partir da qual a
relação triangular deste se fecha, com os três sujeitos envolvidos no litígio
devidamente ligados: autor, réu e juiz; ou autor interessado e juiz.

Contestação: É uma das peças de resposta do réu, onde ele pode se defender
daquilo que lhe foi imputado.
_____________________________________________________________________________

Embargos: É um tipo de recurso ordinário para contestar a decisão definitiva


(declaração, execução, divergência e outros).

Sentença: Deve-se entender a sentença como o ato do juiz pelo qual o mesmo
julga a causa em seu mérito de forma parcial ou plena, rejeitando ou provendo
os pedidos do autor (totalmente procedentes ou parcialmente procedendes, ou
negando o pedido) ou, ainda, quando for o caso, é o ato do juiz pelo qual o
mesmo extingue o processo, sem julgar-lhe a causa.

Acórdão: É a decisão do órgão colegiado de um tribunal (câmara, turma, secção,


órgão especial, plenário etc.), que se diferencia da sentença, da decisão
interlocutória e do despacho, que emanam de um órgão monocrático, seja a
este um juiz de primeiro grau, seja um desembargador ou ministro de tribunais,
estes, normalmente, na qualidade de relator, de presidente ou vice-presidente,
quanto os atos de sua competência.

Mérito: É o assunto principal que está sendo discutido em um processo; é a


questão que deu origem à própria existência daquela ação. Nele é que se funda
o pedido do autor.

Prescrição: Perda da ação atribuída a um direito, que fica assim juridicamente


desprotegido, em consequência do não uso dela durante determinado tempo;
decadência em função do prazo vencido.
_____________________________________________________________________________

Trânsito em julgado: Expressão usada para uma decisão (sentença ou acórdão)


de que não se pode mais recorrer, seja porque já passou por todos os recursos
possíveis, seja porque o prazo para recorrer terminou.

Você também pode gostar