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UNIDADE III

INVESTIGAÇÃO
CRIMINAL
Ailson Silveira Filho
Persecução Penal

Fase Fase
Investigatória Processual
Polícia Judiciária X Polícia administrativa

a) Polícia Judiciária: encarrega-se, essencialmente, do Inquérito Policial (IPL) ou do


Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), investigando as infrações penais
praticadas.
• Exemplos: Polícia Civil e Polícia Federal.

b) Polícia Administrativa: tem por atividade principal a prevenção da infrações


penais. Eventualmente, poderá realizar atividades investigatórias (inquéritos
militares, por exemplo).
• Exemplo: Polícia Militar.
Espécies de investigação criminal
Inquérito "Judicial"

a) nas infrações penais praticadas por Juízes de Direito ou Juízes Federais – Nessas
hipóteses, a presidência da investigação criminal (do inquérito judicial) (art. 33, pú da Lei
Complementar 35/1979-LOMAN);

b) nas infrações praticadas por qualquer suspeito que tenha foro por prerrogativa de
função. Também nesses casos, o inquérito correrá perante o Tribunal competente para a
ação penal (TJ, TRF, STJ, STF).
Inquérito Ministerial

Trata-se, o inquérito ministerial, de uma uma investigação a ser presidida


pele chefe do Ministério Público. (art. 41, PU da LOMP).

Art. 41, Parágrafo único. Quando no curso de investigação,


houver indício da prática de infração penal por parte de
membro do Ministério Público, a autoridade policial, civil ou
militar remeterá, imediatamente, sob pena de
responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de
Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração.
Inquérito Civil

Trata-se de uma investigação administrativa prévia a cargo do Ministério Público.

objetivo: colher elementos de convicção para que o próprio órgão ministerial


possa identificar se ocorre circunstância que enseje eventual propositura de ação
civil pública ou coletiva.

Art. 41, Parágrafo único. Quando no curso de investigação,


houver indício da prática de infração penal por parte de
membro do Ministério Público, a autoridade policial, civil ou não investiga crimes
militar remeterá, imediatamente, sob pena de (infrações de índole
responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de penal)
Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração.
Inquérito parlamentar (CPI'S)

Realizado pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), conforme o art. 58,


§3° da Constituição e a Lei 1.579/52.

CF, art. 58, §3º: As comissões parlamentares de inquérito, que terão


poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros
previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara
dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração
de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o
caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Possuem preferência de tramitação (Lei 10.001/00)


Procedimento investigatório Criminal (PIC)

É um procedimento investigatório realizado pelo Ministério Público.

O STF no RHC no 97926/GO, relatado pelo Ministro GILMAR MENDES e


julgado em 02/09/2014, reafirmou o entendimento segundo o qual O
MINISTÉRIO PÚBLICO PODE REALIZAR DIRETAMENTE A
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL.

Teoria dos poderes implícitos


Procedimento investigatório Criminal (PIC)

Resolução nº 181/17, Conselho Nacional do Ministério Público:


disciplina o Procedimento de Investigação Criminal (PIC);

No Julgamento, o STF decidiu que o MP só pode investigar


diretamente uma infração penal quando não for possível ou
recomendável que a investigação seja feita pela polícia.

Súmula 234, STJ: “A participação de Membro do


Ministério Público na fase de investigação criminal
não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento de denúncia”.
Procedimento investigatório Criminal (PIC)

a) lesão ao patrimônio público;

b) excessos cometidos pelos próprios agentes e organismos policiais, entre


elas, tortura, abuso de poder, violências arbitrárias, concussão, corrupção;

c) intencional omissão da polícia na apuração de determinados delitos;

d) deliberado intuito da própria corporação policial de frustrar a


investigação, em virtude da qualidade da vítima ou da condição do
suspeito.
Inquérito Militar

Nas infrações penais militares, aquelas previstas no Código Penal Militar, o


inquérito será feito pela Polícia Militar.

Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que,


por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e
sua autoria;
Inquérito Administrativo

Realizado pelas autoridades administrativas, no caso de infrações


disciplinares, tributárias etc.

nos inquéritos administrativos, como há possibilidade


de imposição de pena, é obrigatório o respeito ao
contraditório e à ampla defesa.

CF, art. 5º, LV: aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes.
Acordo de não persecução Penal (ANPP)

Conceito: Trata-se de mais uma exceção ao princípio da


obrigatoriedade da ação penal pública, pois permite que
que o Ministério Público e o suspeito possam chegar a um
acordo com o objetivo de evitar a denúncia.

Art. 28-A, CPP. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado


confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde
que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
Acordo de não persecução Penal (ANPP)

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como


instrumentos, produto ou proveito do crime;

III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo
da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal);

IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser
indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou

V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Inquérito Policial

Conceito: O inquérito policial é um procedimento


preparatório da ação penal, de caráter administrativo,
conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita
preliminar de provas para apurar a prática de uma infração
penal e sua autoria.

Finalidade: identificação das fontes de prova e a


colheita de elementos de informação quanto à
autoria e materialidade da infração penal, a fim de
possibilitar que o titular da ação penal possa
ingressar em juízo. Natureza Administrativa
Características do IPL:
Inquisitorialidade

Conceito: A autoridade policial dirige como bem lhe convier as


atividades investigatórias. Em suma, não há, pelo menos
formalmente, contraditório e ampla defesa no âmbito do
inquérito policial, mesmo porque ainda não há partes, sendo o
suspeito um simples objeto de investigações, embora detentor de
garantias (arts. 14, 107 e 184 do CPP).

Participação de defensor: embora não haja


contraditório e ampla defesa, o investigado
poderá constituir defensor para acompanhar as
diligências.
Características do IPL:
Inquisitorialidade

Art. 7º, XXI, EOAB - assistir a seus clientes investigados durante a


apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente,
de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,
inclusive, no curso da respectiva apuração:

a) apresentar razões e quesitos;


Diligências

Diligências requeridas pelos interessados: o delegado


não está sequer obrigado a realizar as diligências requeridas
pelo ofendido ou indiciado (art. 14), salvo o exame de corpo
de delito (art. 184)

Diligências do MP: quanto às diligiências requisitadas


pelo MP, o delegado de políca é obrigado a realizá-las.
Excepcional exigência do defensor

Se o investigado for um dos servidores vinculados às instituições


dispostas no art. 144 da CF suspeito de praticar o crime usando força
letal, durante exercício profissional, nesse caso, se exige que um
defensor acompanhe a investigação criminal (seja ela qual for) (art.
14-A do CPP introduzido no CPP pela Lei 13.964/2019)

Forças armadas: no parágrafo 6º do mesmo art., estabeleceu-se a


mesma prerrogativa quando os acusados forem vinculados à
Marinha, Exército e Aeronáutica, mas desde que digam respeito a
missões para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Oficiosidade
(iniciativa ex officio)

Tomando conhecimento da prática de uma infração penal de ação pública


incondicionada, fica a autoridade policial, em razão do dever que o Estado tem de
exercer o jus puniendi, obrigada a instaurar o respectivo inquérito policial (art. 24 do
CPP), ainda que não haja provocação da parte ofendida.

Nos crimes de ação penal pública condicionada e nos crimes de ação penal
privada a instauração de ofício não é possível. O Delegado delegado só poderá
instaurar o inquérito quando houver, respectivamente, a representação ou
requisição do MJ e o requerimento.
Indisponibilidade

Conceito: depois de instaurado, o inquérito


policial não poderá ser arquivado pela autoridade
policial (art. 17 do CPP).

Opções do MP ao receber o IP:


Somente ao Ministério Público, a quem o Juiz
obrigatoriamente deve encaminhar o inquérito, 1)Oferecer a denúncia.
caberá a opinio delicti. 2)Requerer o arquivamento.
3)Requisitar diligências.
Escrito

Todas as peças do inquérito policial serão escritas, a mão ou


datilografadas (ou mesmo digitadas), sendo que, nos
últimos casos, a autoridade policial deverá rubricar cada
página (art. 9°). (todos os atos tem que ser documentados)
Ausência de rito próprio Dispensabilidade

Não há um rito específico a ser o Inquérito Policial não precisa,


seguido pelo Delegado de Polícia obrigatoriamente, anteceder a
no curso do Inquérito Policial. Ou ação penal. Outras formas de
seja, o Delegado não está investigação poderão servir de
obrigado a observar nenhuma base à instauração do
sequência procedimental. processo.
STJ: Havendo outros meios que forneçam subsídios à acusação, o
inquérito policial torna-se peça dispensável, já que o seu propósito é
fornecer elementos indiciários que sirvam de suporte à denúncia ou
queixa. Neste caso, aliás, não se pode sequer falar em ausência de
inquérito policial, já que este se somou ao inquérito administrativo
instaurado pela autarquia na qual os fatos teriam ocorrido. (RHC
114.616/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 19/09/2019, DJe 27/09/2019)
Sigiloso

Art. 20, CPP - A autoridade assegurará


no inquérito o sigilo necessário à HC 82.354-8/PR
elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade.

Súmula nº 14 do STF: “É direito do defensor, no interesse


do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
Vícios no IP

· Os vícios encontrados no inquérito policial não terão, de maneira alguma, o dom


de torna-lo nulo, muito menos a ação posterior, devem ser encarados como meras
irregularidades.

· A desobediência a certas formalidades legais poderá ter como resultado a


nulidade do ato em si, fazendo com que possa poder o valor probatório ou o poder de
coação.

· STJ: a irregularidade corrida na fase do inquérito policial, não contamina a ação


penal dele decorrente, quando as provas são renovadas em juízo, com o contraditório
e a ampla defesa.
Iniciativa do IPL

a) NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA:

I) o inquérito poderá ser iniciado de ofício pela autoridade policial;

II) por requisição do MP ou do Magistrado, (não pode ser indeferido)

III) por requerimento do ofendido (art. 5°, I e II do CPP); (Pode ser indeferido)

IV) ou por comunicação de qualquer do povo, a chamada delatio criminis (art. 5o, §3º).
Iniciativa do IPL

b) NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA:

I) o inquérito policial só poderá ser instaurado quando forem oferecidas a


representação (art. 5°, §4°)

II) requisição do Ministro da Justiça, dependendo do caso.


Iniciativa do IPL

c) NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA

I) conforme o art. 5o, §5o do CPP, a autoridade policial só poderá instaurar o inquérito se o
ofendido fizer o competente requerimento.

OBS: Incapacidade: sendo o ofendido incapaz, o


requerimento deverá ser feito pelo representante legal.
Iniciativa do IPL

d) CASOS ESPECIAIS (NOTITIA CRIMINIS OBRIGATÓRIA/COMPULSÓRIA)

I) Pessoa no exercício de função pública: de acordo com o art. 269 do CP, art. 66, I da LCP e
art. 45 da Lei de Serviços Postais, toda pessoa que, no exercício de função pública, tomar
conhecimento da prática de crime de ação pública incondicionada, deverá, por dever de
ofício, comunicar a autoridade competente.
Noticia-crime (notitia criminis)

Conceito: meio pelo qual a autoridade policial toma


conhecimento da infração penal, iniciando as
investigações.

a) Cognição direta, imediata, espontânea ou inqualificada: a autoridade toma conhecimento da


infração penal por intermédio de suas atividades de rotina.

b) Cognição indireta, mediata, provocada ou qualificada: nessa hipótese, a autoridade conhece o fato
delituoso através de algum ato jurídico de comunicação formal.

c) Cognição coercitiva ou obrigatória: ocorre nos casos de prisão em flagrante, ou seja, quando o
preso é apresentado à autoridade policial depois de ter sido surpreendido em qualquer das hipóteses
do art. 302 do CPP (mas desde que se trate de crime de ação penal pública incondicionanda).
Atos Investigatórios

O Código de Processo Penal traz, em seu arts. 6º e 7º, um rol exemplificativo de diligências
investigatórias que poderão ser adotadas pela autoridade policial ao tomar conhecimento
de um fato delituoso.

OBS: Essas diligências podem ser obrigatórias e discricionárias


Atos Investigatórios

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais

É de suma importância a presença do Delegado de Polícia no local onde


ocorreu o delito. Deve levar consigo o perito, o médico-legista (se possível) e
até mesmo o fotógrafo. O exame a ser efetuado no local do delito (locus
delicti) é de importância fundamental para a elucidação das infrações
penais perpetradas.
Cadeia de custódia

Art. 158-A. do CPP - Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os


procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir
de seu reconhecimento até o descarte.

STJ: A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao conceder habeas corpus e
absolver um réu acusado de tráfico de drogas, porque a substância apreendida pela
polícia foi entregue à perícia em embalagem inadequada e sem lacre. Para o colegiado,
como a origem e outras condições da prova não foram confirmadas em juízo, ela não
poderia ser utilizada como fundamento para a condenação. (HC 653.515/RJ, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 23/11/2021, DJe
01/02/2022)
Atos Investigatórios

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;

Devem ser apreendidos todos os objetos que tenham qualquer relação com o crime.

Os instrumentos do crime e os objetos relacionados deverão acompanhar os autos do inquérito


(art. 11, CPP).

Conforme o art. 91, II, “a” do CP, que a perda em favor da União dos instrumentos e objetos do
crime, é um dos efeitos de uma sentença condenatória, devendo ser ressalvado, evidentemente,
o direito do lesado e do terceiro de boa-fé.

os instrumentos utilizados na prática delituosa serão periciados para que se verifique a natureza
e eficiência (crime impossível)
Atos Investigatórios

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;

Conforme o §2o do artigo 1o da Lei 12.830/2013, “durante a investigação criminal, cabe ao delegado
de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração
dos fatos.

Busca e apreensão: forma eficiente de se elucidar os crimes, devendo ser realizada sempre que
possível.

Buscas domiciliares: as buscas domiciliares só podem ser efetuadas com autorização judicial.
Atos Investigatórios

IV - ouvir o ofendido;

Condução coercitiva: a autoridade poderá determinar a condução coercitiva do ofendido, isso se


ele, notificado a prestar declarações sobre o fato, deixar de comparecer sem motivo justo (art. 201, §1º
do CPP).

Aplica-se por analogia ao IPL


Atos Investigatórios

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título
Vll, deste Livro , devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
ouvido a leitura;

Interrogatório seguirá o padrão Judicial previsto no art. 188, CPP. A diferença é que o advogado de
defesa e MP se presentes, não poderão fazer perguntas ao investigado.

O termo de interrogatório será assinado por duas testemunhas que tenham ouvido a leitura (art. 6º,
§5º). Ou seja, essas testemunhas não precisam estar presentes ao ato do interrogatório.

Reo res saccra est: é terminantemente proibido,a tortura ou qualquer outro meio ilícito ou ilegítimo
para colher a confissão (se eventualmente obtida por tais meios, perderá totalmente seu valor).

·Reprova-se a invasão psíquica (detector de mentiras) e a narcoanálise (injeção de barbitúrico)


Atos Investigatórios

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

·Reconhecimento: eventualmente, a autorida policial deverá levar a efeito o reconhecimento de


pessoas ou coisas. O ato deverá respeitar as prescrições dos artigos 226, 227 e 228 do CPP.

Acareação: quando existem depoimentos divergentes, pode conflitar (art. 229 do CPP).
Atos Investigatórios

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;

·O exame de corpo delito se não realizado é causa de nulidade. (art. 564, II, b, CPP), ressalvada a
hipótese do art. 167, onde não sendo possível o exame de corpo delito, a prova testemunhal suprirá a
sua falta.

·Há a possiblidade de outros tipos de perícia para a elucidação dos fatos.

·Não será possível a reconstrução dos crimes que atentarem contra a moralidade pública ou a ordem
pública. (art. 7 do CPP)
Atos Investigatórios

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer


juntar aos autos sua folha de antecedentes;

·somente em caso de dúvida sobre a identificação civil do indiciado, a identificação criminal poderá
ser realizada, independente do crime. (art. 5º, LVIII, CF/88).

Lei 12.037/2009
Atos Investigatórios

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal


quando:

I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;


II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
Atos Investigatórios

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e


social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem


alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
filhos, indicado pela pessoa presa.
Prazo no IPL

Sendo o caso de difícil elucidação e estando o indiciado


solto, o Delegado poderá requerer prorrogação do
inquérito ao Juiz para realizar outras diligências (art. 10,
§3o)
Demora excessiva no IPL

Embora o CPP não limite o prazo do inquérito policial, permitindo inúmeras prorrogações, esse
não pode estender-se excessiva e indefinidamente, pois que ofenderia, entre outros casos, o
princípio da razoável duração do processo:

STJ: Embora o prazo de conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto, seja
impróprio, ou seja, podendo ser prorrogado a depender da complexidade das investigações, a
delonga por aproximadamente 14 anos se mostra excessiva e ofensiva ao princípio da razoável
duração do processo. 2. Mostra-se inadmissível que, no panorama atual, em que o ordenamento
jurídico pátrio é norteado pela razoável duração do processo (no âmbito judicial e administrativo)
– cláusula pétrea instituída expressamente na Constituição Federal pela Emenda Constitucional
no 45/2004 -, um cidadão seja indefinidamente investigado, transmutando a investigação do fato
para a investigação da pessoa. Precedente. (RHC 61.451/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe 15/03/2017)
Prazo do IPL Natureza penal ou
processual penal

Prazo Processual Penal: não se computa o dia do começo (ou seja, começa a ser
contado no primeiro dia útil após a cientificação), incluindo-se o dia do vencimento
(art. 798 §1o do CPP)

Prazo Penal: computa-se tanto o dia do começo como o do fim.

Caso o investigado esteja solto o prazo será processual penal, estando o mesmo
preso, será prazo penal
Prazo do IPL Natureza penal ou
processual penal

Prazo Processual Penal: não se computa o dia do começo (ou seja, começa a ser
contado no primeiro dia útil após a cientificação), incluindo-se o dia do vencimento
(art. 798 §1o do CPP)

Prazo Penal: computa-se tanto o dia do começo como o do fim.

Caso o investigado esteja solto o prazo será processual penal, estando o mesmo
preso, será prazo penal
Prazo do IPL Natureza penal ou
processual penal

A Lei no 13.964/2019 incluíu, no CPP, o artigo 3o-B, §2º, que prevê a possibilidade do
juiz das garantias prorrogar por 15 dias, uma única vez, o prazo do inquértio, mesmo
estando o investigado preso.

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da


autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada.

OBS: Esse dispositivo, todavia, encontra-se


suspenso por decisão do STF.
Arquivamento e trancamento
do IPL

Hipóteses passíveis de arquivamento:

a) quando o fato em apuração for atípico;


b) quando estiver clara a extinção da punibilidade;
c) quando o fato já tiver sido objeto de sentença (no bis in idem); e
d) quando não houver justa causa para sua instauração (fumus comissi delicti).
Arquivamento e trancamento
do IPL

Art. 28, CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,


requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o
juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia,
designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Arquivamento e trancamento
do IPL
Nova redação dada pelo Pacote anticrime:

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da


mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei.

§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito


policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.

§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a
revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.
Arquivamento de ações
originárias no STF

Nos processos em que o investigado tem foro por prerrogativa no STF (ações penais
originárias), o Relator do inquérito poderá arquivá-lo de ofício, nos termos do artigo
231 do Regimento Interno do próprio STF, que tem força de lei
Arquivamento ≠ Trancamento

Arquivamento: é realizado pelo Juiz a pedido do MP.

Trancamento: é realizado pelo Juiz a pedido interessado (investigado)


Arquivamento e trancamento
do IPL

Art. 18 do CPP - Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a
novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Súmula n° 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho


do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação
penal ser iniciada sem novas provas.
Indiciamento no IPL

Ato privativo do Delegado de Polícia

1) Não vinculação do MP ao indiciamento

2) Investigado com foro de prerrogativa de função

O Delegado não pode indiciar, tendo em vista que nesses casos ocorre o inquérito
judicial.

Art. 2o, §6º, L. 12.839/2013 - O indiciamento, privativo do delegado de polícia,


dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que
deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
STJ: INDICIAMENTOS DE INVESTIGADOS PELA PF COM FORO NO STJ SÃO INVALIDADOS. O
ministro Paulo Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), anulou os indiciamentos de todos os
investigados com foro privilegiado que foram interrogados pela Polícia Federal (PF) no inquérito que
apura a suposta participação de prefeitos, advogados, conselheiros de tribunais de contas estaduais
e magistrados em um esquema que permitiu o desvio de R$ 200 mi dos cofres públicos. [...] O
magistrado requereu não ser interrogado pela autoridade policial encarregada das investigações no
inquérito em razão do que determina a Lei Orgânica da Magistratura (LOMAN). [...] A determinação
preserva todos os atos já praticados pela PF. Diante disso, o relator reconheceu a inviabilidade de
manter os indiciamentos daqueles que possuem foro por prerrogativa de função. Isso porque,
explica o ministro, embora se trate de “ato meramente administrativo, não vinculando a atuação do
Ministério Público”, os seus efeitos são inegáveis, daí a conclusão de que não devem ser feitos pelo
delegado da Polícia Federal responsável pelo inquérito, “justamente em razão da aludida
preservação da competência do Superior Tribunal de Justiça”. Assim, tornou sem efeito a
determinação para que essas pessoas compareçam à PF para serem interrogadas e invalidou os
indiciamentos já feitos, proibindo que outro seja efetivado. [INQ 603]
Relatório

Relatório Final: terminada as investigações, deve a autoridade policial elaborar um


relatório descrevendo as diligências realizadas no transcurso das investigações.

Classificação do delito: no relatório, deverá o Delegado classificar a infração


apurada, mas não deverá manifestar-se sobre o mérito da prova colhida. Basta o
relato.

·Opinio delicti do MP: a incumbência de formar a opinio delicti é do órgão do MP.


Termo circunstanciado de ocorrência
(TCO)

Praticada uma infração penal de menor potencial ofensivo (contravenção ou


crime com pena máxima menor ou igual a dois anos), a autoridade policial,
ao invés de instaurar inquérito policial, lavrará um termo circunstanciado,
encaminhando-o (o termo) imediatamente ao Juizado, junto com o autor do
fato e a vítima, providenciando-se, ainda, as requisições dos exames periciais
necessários.

Lei 9.099/95
Prisão em flagrante no crime de menor potencial
ofensivo

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.
Uso de entorpecentes para consumo próprio
e o TCO

O STF entende que a conduta de porte de substância


entorpecente para consumo próprio, prevista no art. 28 da Lei n.
11.343/2006, foi apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas
não descriminalizada, em outras palavras, não houve abolitio
criminis.

Penas do art. 28 da Lei 11.343/06:


I - advertência sobre os efeitos das drogas;
para o crime de posse de
II - prestação de serviços à comunidade;
entorpecente para uso próprio não
III - medida educativa de comparecimento a
pode ser preso. Fará sempre o TCO.
programa ou curso educativo.
Não se trata de um boletim de ocorrência. No BO, há somente o
registro de um acontecimento por parte de um interessado. É
unilateral. O TCO é bem mais detalhado e completo que o BO, pois
deve conter todos os dados possíveis dos envolvidos, assim como um
breve resumo do fato;

No TCO, o Delegado fará a classificação da infração, que é provisória e


Peculiaridades nem vincula o titular da ação penal (MP ou ofendido);

do TCO Chegando o TCO às mãos do titular da ação penal, as informações nele
contidas serão avaliadas e uma das seguintes alternativas deverá ser
tomada:

a)requerimento de arquivamento;
b) requisição de realização de diligências imprescindíveis;
c) requerimento de designação de audiência preliminar (onde poderá
ser realizada a composição civil dos danos e a transação penal).

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