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Resumo de DPPM
Juiz, Auxiliares e partes do processo
Prof. Rogério Silvio
Juiz, auxiliares e partes do processo
O Código de Processo Penal Militar prevê, em seu artigo 36 e seguintes, a função do juiz. A atribuição
judicial na pessoa do magistrado é assegurar a regularidade do processo, bem como a execução da lei, podendo,
inclusive, requisitar força militar para que possa manter a ordem no curso dos atos realizados.
O juiz possui independência funcional, devendo apenas obediência à autoridade judiciária a ele superior,
conforme salienta o artigo 36, parágrafo 2º, do CPPM.
O juiz está subordinado à lei e à sua consciência. Decide de acordo com o seu entendimento e a prova dos
autos (art. 387 do CPPM). Cita-se, ainda que o art. 93, IX, da CF, prevê que todos os atos do juiz devem ser
motivados:
A jurisdição pode ser exercida livremente pelo magistrado, e por isso a lei prevê as causas impedimento,
suspeição e incompatibilidades (arts. 37-41, do CPPM). As três causas aplicam-se tanto ao juiz togado (singular)
quanto aos juízes militares (conselhos).
IMPEDIMENTO: tem caráter objetivo. Presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade do juiz.
SUSPEIÇÃO: relaciona-se com o subjetivismo do juiz. Tanto que o magistrado pode alegar questão de
foro íntimo. Presunção relativa (juris tantum) de parcialidade.
IMCOMPATIBILIDADES: são outras graves razões de conveniência que devem ser declaradas.
IMPEDIMENTO Art. 37. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
a) como advogado ou defensor, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar de justiça ou perito, tiver
funcionado seu cônjuge, ou parente consanguíneo ou afim até o terceiro grau inclusive;
b) ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
c) tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
d) ele próprio ou seu cônjuge, ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, for parte ou
diretamente interessado.
Os atos judiciais, quando exercidos por juiz impedido, são considerados inexistentes. Se o ato é inexistente
nem precisa cogitar sobre sua nulidade.
A inexistência dos atos não alcança os juízes militares integrantes dos conselhos, face à redação do art. 509
do CPPM:
Art. 509. A sentença proferida pelo Conselho de Justiça com juiz irregularmente
investido, impedido ou suspeito, não anula o processo, salvo se a maioria se constituir
com o seu voto.
Muito embora o CPPM silenciou-se acerca dos impedimentos dentro dos conselhos de justiça, o Jorge
César de Assis entende que aplica-se com ressalvas, o previsto no art. 448 do CPP (tribunal de júri), ipsis literis:
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SUSPEIÇÃO Art. 38. O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
a) se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas;
b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de um ou de outro, estiver respondendo a processo por fato
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim até o segundo grau inclusive, sustentar demanda ou
responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
d) se ele, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea anterior, sustentar demanda contra qualquer das partes ou
tiver sido procurador de qualquer delas;
e) se tiver dado parte oficial do crime;
f) se tiver aconselhado qualquer das partes (já manifestou seu entendimento sobre o feito);
g) se ele ou seu cônjuge for herdeiro presuntivo, donatário ou usufrutuário de bens ou empregador de qualquer das
partes;
h) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade interessada no processo;
i) se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes.
A suspeição alcança também a relação entre adotante e adotado, mas não se aplica aos parentes do adotado
(art. 39) e cessa com a dissolução.
SUSPEIÇÃO PROVOCADA: não pode ser alegada nem reconhecida quando a parte injuriar o juiz, ou de
propósito der motivo para criá-la (art. 41)
Situação que pode ocorrer no caso dos réus perigosos. Se o juiz declarar-se suspeito nestas condições,
pode ser que ele nunca mais possa exercer sua jurisdição.
Escrivão (art. 43) - funcionário: Providenciará para que esteja em ordem e em dia as peças e termos do processo.
Hoje existe uma nova nomenclatura para a figura do escrivão, chamando-o de técnico judiciário.
Oficial de justiça (art. 44) - funcionário: agora chamado de Oficial Avaliador. Realiza, via de regra, funções
externas determinadas pelo juiz, certificando os atos nos autos.
As diligências serão realizadas entre as 06 às 18 horas, e se possível, testemunhados por duas pessoas.
Peritos ou intérpretes (art. 47-53) – são nomeados pelo juiz, as partes podem, no máximo, formular quesitos.
- podem ser nomeados em qualquer fase, a depender da natureza da perícia.
- o Encarregado de IPM, também pode nomear peritos e intérpretes (art. 13, “f” e art. 301 do CPPM).
- são nomeados, preferencialmente, dentre os oficiais da ativa com a devida especialidade, prestando
compromisso (art. 48).
- o encargo não pode ser recusado, sob pena de incorrer em multa. Pois, trata-se de um múmus público
(dever).
- não podem ser (art. 52)
a) os que estiverem sujeitos a interdição que os inabilite para o exercício de função
pública (suspensão do exercício – art. 55 do CPM e inabilitação - art. 99, VI do CPM e
os casos do CP);
b) os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o
objeto da perícia;
c) os que não tiverem habilitação ou idoneidade para o seu desempenho;
d) os menores de vinte e um anos.
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DO ACUSADOR
Previsto pelos artigos 54 e seguintes, do Código de Processo Penal Militar, o Ministério Público é um órgão
de acusação, assim também considerado no processo militar. O procurador-geral possui a função de atuar nas
causas de competência originária do Superior Tribunal Militar, diferentemente dos procuradores, que receberam a
atribuição de atuar em ações perante órgãos judiciários em primeira instância.
A nomenclatura "órgão de acusação" não significa que o procurador deve somente acusar. Ao contrário, a
função do procurador é promover a justiça opinando pela acusação ou absolvição do indivíduo. Nos dois casos,
deverá o procurador fundamentar seu parecer em razões de fato e de direito (art. 54, parágrafo único).
A função peculiar do Ministério Público Militar é a fiscalização do cumprimento da lei penal militar (custus
légis), verificando especialmente o resguardo das normas de hierarquia e disciplina, como bases da organização das
Forças Armadas (art. 55).
Impedimentos
Art. 57. Não pode funcionar no processo o membro do Ministério Público:
a) se nele já houver intervindo seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o
terceiro grau inclusive, como juiz, defensor do acusado, autoridade policial ou auxiliar
de justiça;
b) se ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções;
c) se ele próprio ou seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau
inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Muito embora o Ministério Público tenha poder investigatório, tal encargo não se confunde com a
atividade policial (Encarregado de IPM). Registra-se que o próprio CPPM em seu art. 14 previu a possibilidade da
assistência do MP durante o IPM quando o fato delituoso for de excepcional importância ou de difícil elucidação.
Pois, se assim o fosse, o Procurador estaria impedido de atuar nas causas em que ele tenha participado na
fase investigatória. Vide súmula 234 do STF:
A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal
não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
DA DENÚNCIA
Conceito: Peça acusatória, exclusiva do MP, pela qual o mesmo exerce seu direito de ação, visando iniciar o
processo penal militar contra alguém.
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d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que
possível;
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
f) as razões de convicção ou presunção da delinquência (opinio delecti);
g) a classificação do crime (não inviabiliza o recebimento da denúncia, a classificação errada – no julgamento pode
dar classificação diferente art. 437 (decisão do conselho), o promotor pode desclassificá-la nas alegações escritas e
pode aditar a queixa);
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis (há casos em que podem ser dispensadas – deserção e
insubmissão), com a indicação da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação.
A Denúncia que não tiver algum desses requisitos essenciais, ela será rejeitada (art. 78, “a”. do CPPM).
Neste caso, o juiz concede um prazo de três dias ao MP, para que preencha os requisitos.
Embora não conste no texto, os doutrinadores (Jorge César de Assis e outros) afirmam que deve constar na
denúncia o pedido de condenação, pois, trata-se de uma consequência lógica.
A denúncia será rejeitada, também:
- se o fato não constituir crime militar (basta que o fato narrado, aparentemente, configure crime militar)
- se já estiver extinta a punibilidade (art. 123 do CPM – falta interesse de agir).
- for incompetente o juiz (princípio do juiz natural - declarará em despacho fundamentado e determinará a
remessa dos autos ao juiz competente)
- for ilegítimo o acusador (princípio do promotor natural - legitimidade da parte - será válida, depois de
promovida por acusador legítimo).
Registra-se que não existe a figura do promotor ad’hoc no processo penal, pois fere o princípio do
promotor natural. Dessa forma já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:
Obs.: De acordo com Jorge César de Assis, no processo penal militar a rejeição da denúncia é um ato
vinculado às hipóteses legais de estão taxativamente listadas no art. 78 do CPPM, não podendo o juiz entrar no
mérito dos indícios apontados na denúncia. Afora os casos listados, a rejeição da denúncia poderia afrontar o art. 5º,
XXXV da CF.
Prazo para Denunciar (art. 79) - se o réu estiver preso o prazo é de 5 dias. Se o réu estiver solto é de 15 dias. O
prazo pode ser prorrogado ao dobro ou ao triplo em caso excepcional e se o réu estiver solto (§1º).
Denúncia Fora do Prazo - É uma mera irregularidade. Não preclusivo.
Aditamento - o Promotor pode aditar a denúncia até as alegações finais. Embora o CPPM é omisso neste assunto,
aplica-se o art. 3º do CPPM c/c art. 569 do CPP. E o TJMMG já decidiu que o aditamento deve ser feito até a fase
de alegações finais (Apelação n. 2.137/99-TJMMG).
Extinção da punibilidade: deve ser reconhecida em qualquer fase do processo. (art. 81).
As causas de extinção da punibilidade estão previstas no art. 123 do CPM. No caso de morte do agente,
não se declara extinção sem o atestado de óbito (art. 82).
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Na fase das investigações, ainda que se verifique extinta a punibilidade, o arquivamento dos autos depende
da decisão do juiz a requerimento do MP. Vide súmula 13 do STM: “A declaração de extinção de punibilidade em
IPI (insubmisso), IPD (desertor) e IPM deve ser objeto de Decisão, que, também, determinará o arquivamento dos
autos.”
Se o ofendido tiver interesse, poderá se habilitar como assistente do Ministério Público Militar (art. 60).
Fundamento da Admissão do Assistente - é a obtenção da reparação dos danos, nos termos do art. 109, I, do
CPM.
Destaca-se que na assistência, não só a vítima poderá se habilitar, mas também seu representante legal e
seu sucessor são legítimos para tal procedimento. Para melhor elucidar, o representante legal é o ascendente,
descendente, tutor ou curador do ofendido menor de 18 anos ou incapaz, e o sucessor é o ascendente, descendente
ou irmão (art. 60, parágrafo único).
Muito embora o preceito não mencione o cônjuge, alguns doutrinadores (incluindo Jorge César) entendem
que este também pode figurar como assistente (sucessor).
O ofendido, seu representante legal e seus sucessores podem, caso queiram, constituir advogado para o
encargo (art. 60, parágrafo único).
Conforme assevera a doutrina, cada uma das pessoas pode exercer a assistência, excluindo as demais, na
ordem do artigo. Não havendo acordo o juiz designará (art. 60, paragrafo único)
2) O assistente recebe o processo na fase em que se encontra (art. 62) e não é avisado dos atos processuais, salvo, a
notificação para assistir o julgamento (art. 66).
Jorge César entende que o assistente deve ser intimado e notificado de todos os atos do processo.
3) deve ser ouvido o MP. Afinal de contas, este órgão receberá a assistência (art. 61).
5) a habilitação será negada quando o requerente não fizer parte do rol do art. 60 e se não manifestar interesse
legítimo;
6) o juiz poderá cassar a sua admissão se tumultuar o processo (ex: não devolver os autos no prazo estipulado) ou
infringir a disciplina judiciária (atrapalhar o serviço do escrivão) (art. 67).
7) a assistência não pode ensejar impedimento ou suspeição (do Juiz, MP e escrivão). O juiz deverá cassar o
assistente e poderá nomear outro previsto no art. 60 (art. 68) .
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Atividades que não podem ser exercidas pelo Habilitado (art. 65, parágrafo único)
Obs: Sobre a proibição de interpor recurso, a doutrina entende que pode e cita a súmula 448 do STF: “O
prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do
Ministério Público”. E invocam o art. 3º, “a” do CPPM, para a aplicação do art. 271 do CPP que prevê a
possibilidade do recurso pelo assistente.
Em primeiro lugar, o indivíduo só pode ser denominado acusado se tiver contra ele uma imputação de
infração penal em denúncia, já recebida.
Este indivíduo, agora acusado, deve ter sua identificação através do nome, qualificações e qualificativos.
No entanto, quando não for possível sua identificação correta, nada impede que o processo penal militar
tenha andamento, desde que certa a identidade física do acusado (cor, altura, compleição física). OBS.: Jorge César
entende que a identificação física deve ocorrer quando for incerta a identificação civil. Mas, deve ser quase certa a
autoria do delito (agente reconhecido pela vítima-testemuha).
Se o indiciado estiver solto e desconhecida sua identidade civil, seria temerário denunciá-lo. Como se faria
a citação por edital? (por exemplo).
Se, por ventura, houver necessidade de retificar os qualificativos do indivíduo, deverá ser feita por termo
nos autos, tanto no curso do processo, quanto no momento da execução da sentença, sem que exista prejuízo da
validade dos atos antecedentes.
A constituição deste defensor não requer a apresentação de instrumento de mandato, desde que o acusado o
indique no momento de seu interrogatório ou em qualquer outra fase do processo, mas agora, por termo nos autos.
Em não havendo a constituição de um defensor, o acusado não poderá deixar de ser defendido, devendo,
então, ser nomeado defensor dativo, ficando a critério do acusado de, a qualquer tempo, constituir outro de sua
confiança.
Ainda que o acusado tenha qualificação para se autodefender (advogado), a nomeação de defensor dativo
será realizada pelo juiz, a menos que o acusado expressamente abra mão de tal nomeação.
Se o acusado for advogado poderá fazer sua autodefesa (art. 71, § 3º)
O advogado nomeado é obrigado a aceitar a nomeação (art. 71, § 4º) e não poderá abandonar o processo,
exceto em caso de motivo imperioso, o qual fica a critério do magistrado. Mesmo assim, se isso vier a ocorrer, ao
advogado caberão as sanções aplicadas pela Ordem dos Advogados do Brasil, que será comunicada pelo juiz da
causa.
Contudo, se for advogado de ofício (defensor público), ou seja, advogado da Justiça Militar, as sanções
serão aplicadas pelo Superior Tribunal Militar, o qual será comunicado pelo juiz através de seu presidente.
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Por fim, importante descrever a figura dos curadores. A curadoria existe para a defesa dos incapazes. Nos
termos do artigo 72, do Código de Processo Penal Militar, "o juiz dará curador ao acusado incapaz" (menor de 21
anos e maior de 18 anos – art. 500, III, “f”).
Súmula 352: Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a
assistência de defensor dativo.
Súmula 523: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o
anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
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