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REVISÃO PROCESSUAL PENAL

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL MILITAR

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE

Presunção de inocência, presunção de não culpabilidade e estado de inocência são denominações


tratadas como sinônimas. Princípio que foi inserido expressamente no ordenamento jurídico
brasileiro pela Constituição, cuidando do estado de inocência de forma ampla, na medida em que
estabeleceu que “toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma a sua inocência,
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa” (art. 8, Item 2).
A Constituição da República Federativa do Brasil dispôs como limite da presunção da não
culpabilidade o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

IMPARCIALIDADE DO JUIZ
O juiz situa-se na relação processual entre as partes e acima delas (caráter substitutivo), fato que,
aliado à circunstância de que ELE NÃO VAI AO PROCESSO EM NOME PRÓPRIO, nem em conflito
de interesses com as partes. Torna essencial a imparcialidade do julgador.

IGUALDADE PROCESSUAL

Com acendo na Carta Magna, a qual trás a baila que todas às pessoas são iguais perante a lei,
conforme Art. 5º, caput; assim às partes, quando em demandas jurisdicionais, deverão ter as
mesmas oportunidades processuais, ou seja, de fazer valer às suas pretensões, sendo tratadas
na medida de suas igualdades e desigualadas na oportunidade que desigualam-se das demais.

CONTRADITÓRIO

O princípio do contraditório, estabelecido no Art. 5º, LV, da Constituição Federal, tem por escopo
oportunizar às partes envolvidas na lide o conhecimento das alegações apresentadas em juízo
pela parte contrária e contra esse poder contrapor os argumentos apresentados, manifestando
questões de fato e de direito para influenciar no convencimento do magistrado.
Em casos de urgência, poderá o magistrado adotar medidas sem a comunicação da parte
contrária A tomada de uma decisão do Estado-Juiz, sem a comunicação da parte contrária não é
uma exceção ao princípio do contraditório, uma vez que para a prolatação da sentença será dada
vistas a parte contrária do ato praticado pelo magistrado.

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AMPLA DEFESA

Possui previsão Constitucional no Art. 5º, LV, possibilitando ao acusado a mais completa defesa,
podendo ser ela pessoal (autodefesa) ou técnica (efetuada por um defensor).
Envolve o dever do Estado em prestar assistência técnica integral e gratuita àquelas pessoas
necessitadas, de acordo com o estatuído no Art. 5º, LXXIV.

DA AÇÃO OU DEMANDA

É atribuição da parte a provocação jurisdicional para atuação do Estado- Juiz, uma vez que os
órgãos responsáveis pela prestação jurisdicional são inertes. Pode-se destacar como prestação
jurisdicional a capacidade do Estado, pelo intermédio dos órgãos do Poder Judiciário, em resolver
uma lide, ou seja, satisfazer uma pretensão.

DA DISPONIBILIDADE E DA INDISPONIBILIDADE

Disponibilidade pode ser conceituada como a liberdade que as pessoas detêm em exercer ou
não seus direitos. No âmbito do processo criminal, vige razão inversa, pois o crime é uma lesão
ou ameaça de lesão a bem juridicamente tutelado, nessa hipótese deve o Estado-Juiz aplicar
sanção quando ocorrido lesão ou ameaça de lesão a estes bens juridicamente protegidos por
ele.
Exemplo: o dever que possui a autoridade policial em realizar investigações preliminares,
conforme prevê o Art. 5º do CPP. Ainda, a autoridade não pode arquivar o inquérito policial.

OFICIALIDADE

O princípio da oficialidade consiste no dever do Estado-Juiz impulsionar de forma automática o


processo, mediante prévia provocação jurisdicional.
Esse princípio deriva do princípio da indisponibilidade do processo penal, assim os órgãos
incumbidos da prestação jurisdicional deverão pertencer ao Estado, sendo essa função
eminentemente pública, deverá ser praticada por agentes públicos”.

OFICIOSIDADE

Esse princípio estabelece que as autoridades públicas relacionadas à atividade pré-processual e


processual devem agir de ofício, não sendo exigido provocação de parte interessada.
Ocorre uma mitigação nos casos de ação penal privada e ação penal pública condicionada à
representação, nas hipóteses que só poderá às autoridades atuar mediante manifestação da parte
interessada.

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DO IMPULSO OFICIAL

O princípio do impulso oficial estabelece que, após iniciada a relação processual, compete ao
magistrado dar seguimento aos atos procedimentais, até o término da prestação jurisdicional,
prolatação de sentença.

DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS

Com previsão na Constituição Federal, as decisões judiciais devem sempre ser motivadas.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princípios: todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação; (Grifos nosso)

LEALDADE PROCESSUAL

Para que exista a solução de um litígio, deverá haver um relacionamento entre o Estado e as
partes envolvidas, com o objetivo precípuo de solucionar a lide, atuando ambos em harmonia
para o deslinde de conclusão da prestação jurisdicional adequada ao caso concreto.
O princípio da lealdade processual consubstancia-se na boa-fé, ou seja, no dever de verdade,
devendo-se evitar meios fraudulentos sob pena de acarretar sanções de ordem processual.
O princípio da lealdade processual não encontra guarida de forma expressa no Código de
Processo Penal, entretanto o Estado tutelou como bem jurídico relevante, atribuindo como
infração penal, com previsão no Art. 347 do Código Penal.

CELERIDADE PROCESSUAL

Com fundamento Constitucional, previsto no Art. 5º, LXXVIII, o qual estabelece a todos, no âmbito
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Trata-se da possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de
primeiro grau. Esse princípio decorre da própria estrutura do Poder Judiciário.
Há hipóteses em que o duplo grau de jurisdição não é possível, trata-se de casos de competência
originária do Supremo Tribunal Federal.

JUÍZO NATURAL

Trata-se o princípio do juízo natural que ninguém será sentenciado senão pelo juiz competente.
Isto significa que em hipótese alguma será uma pessoa julgada por tribunal de exceção. Assim,
todos têm a garantia de verem-se processados e julgados por órgão do Poder Judiciário,
possuindo, dessa maneira, todas as garantias institucionais e pessoais previstas da Carta Magna
(Art. 5º, LIII,).

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DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

DA LEI DE PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO

Fontes de Direito Judiciário Militar

Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em
tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe fôr estritamente
aplicável.

Divergência de normas
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou
tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.

Aplicação subsidiária
§ 2º Aplicam-se, subsidiàriamente, as normas dêste Código aos processos regulados em leis
especiais.

Interpretação literal

Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas
expressões. Os têrmos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se
evidentemente empregados com outra significação.

Interpretação extensiva ou restritiva


§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando fôr
manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais
ampla, do que sua intenção.

Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal


§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

Suprimento dos casos omissos

Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:


a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem
prejuízo da índole do processo penal militar;

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b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.

Aplicação no espaço e no tempo

Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as


normas dêste Código:
Tempo de paz
I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se
tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que
seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da fôrça
militar brasileira, ou em ligação com esta, de fôrça militar estrangeira no cumprimento de
missão de caráter internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que
se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração
militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;

Tempo de guerra
II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de fôrça militar brasileira, ou
estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança
nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

Aplicação intertemporal

Art. 5º As normas dêste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos
pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior.

Aplicação à Justiça Militar Estadual

Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis,
salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos
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da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os
oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.

INQUÉRITO POLICIAL MILITAR

Finalidade do inquérito

Art. 9º O IPM é a apuração sumária de fato que, em tese, configure crime militar e de sua
autoria. Tem caráter de instrução provisória, com finalidade precípua de ministrar elementos
necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, instrutórios da ação penal: os exames, perícias e avaliações realizados
regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades
deste Código.

Modos por que pode ser iniciado

Art. 10. O inquérito é iniciado mediante PORTARIA:


a) DE OFÍCIO, pela autoridade militar em cujo âmbito de ou comando tenha ocorrido a
infração penal, atendida a hierarquia do infrator;
b) DETERMINAÇÃO OU DELEGAÇÃO da autoridade militar superior, que, se UU ser feita por
via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada posteriormente, por ofício;
c) Requisição DO MINISTÉRIO PÚBLICO;
d) Decisão do SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR;
e) a REQUERIMENTO DA PARTE OFENDIDA ou representante, cuja repressão caiba à JM;
f) DE SINDICÂNCIA feita, resulte indício da existência de infração penal militar.

Superioridade ou igualdade de pôsto do infrator


§ 1º Se o infrator tiver posto igual ou superior ao comandante da área onde ocorreu a
infração, comunicar a autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a
delegação, nos têrmos do § 2° do art. 7º.

Providências antes do inquérito


§ 2º O aguardamento da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, ou
aquele que esteja de serviço, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as
providências cabíveis (no art. 12), uma vez que tenha conhecimento de infração que lhe
incumba reprimir ou evitar.

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Infração de natureza não militar
§ 3º Se a infração penal não fôr, evidente de natureza militar, comunicar o fato à autoridade
policial competente, a quem apresentará o infrator. Se for civil, menor de dezoito anos, a
apresentação será feita ao Juiz de Menores.
Oficial general como infrator
§ 4º Se o infrator fôr oficial general, será sempre comunicado o fato ao ministro e ao chefe
de Estado-Maior competentes, obedecidos os trâmites regulamentares.

Indícios contra oficial de pôsto superior ou mais antigo no curso do inquérito


§ 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios contra
oficial de pôsto superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências necessárias para que
as suas funções sejam delegadas a outro oficial, nos têrmos do § 2° do art. 7º.

Escrivão do inquérito

Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao encarregado, se não tiver sido
feita pela autoridade que lhe deu delegação, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o
indiciado fôr oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos.

Compromisso legal
Parágrafo único: O escrivão prestará compromisso de manter o sigilo do inquérito e de
cumprir fielmente as determinações dêste Código, no exercício da função.

Medidas preliminares ao inquérito

Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na
ocasião, a autoridade (art. 10) deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, PROVIDENCIAR para que NÃO ALTEREM O ESTADO e a situação das
COISAS, enquanto necessário;
b) APREENDER OS INSTRUMENTOS e todos os objetos que tenham RELAÇÃO COM O FATO;
c) EFETUAR A PRISÃO do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) COLHÊR TÔDAS AS PROVAS que sirvam para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias.

Formação do inquérito

Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação dêste:

Atribuição do seu encarregado


a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;

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c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e
perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou
danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos têrmos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do
ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou
a independência para a realização de perícias ou exames.

Reconstituição dos fatos


Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada de
determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução simulada dos
fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a
hierarquia ou a disciplina militar.

Assistência de procurador

Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional importância ou de


difícil elucidação, o encarregado do inquérito poderá solicitar do procurador-geral a indicação
de procurador que lhe dê assistência.

Encarregado de inquérito. Requisitos

Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de pôsto não inferior ao
de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança
nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua
hierarquia, se oficial o indiciado.

Sigilo do inquérito

Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dêle tome
conhecimento o advogado do indiciado.
Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares
figurarem como investigados em inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais,
cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada, o indiciado poderá constituir defensor.

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§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do
procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
a contar do recebimento da citação

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a


autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
indique defensor para a representação do investigado.

§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá
preferencialmente à Defensoria Pública e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a
Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do procedimento
instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de todos os atos
relacionados à defesa administrativa do investigado.

§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de


manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e
com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre os
quadros próprios da Administração.

§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos interesses do
investigado nos procedimentos de que trata esse artigo correrão por conta do orçamento próprio da
instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados

§ 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares vinculados às


instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam
respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.

Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.

Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que estiver
legalmente preso, por TRÊS DIAS no máximo.

Detenção de indiciado

Art. 18. INDEPENDENTEMENTE DE FLAGRANTE DELITO, o indiciado poderá ficar detido,


durante as investigações policiais, até TRINTA DIAS, comunicando-se a detenção à autoridade
judiciária competente. Êsse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo
comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do
encarregado do inquérito e por via hierárquica.

Prisão preventiva e menagem. Solicitação


Parágrafo único: Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará, dentro do
mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de
menagem, do indiciado.

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Inquirição durante o dia

Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que constará da
respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que medeie entre as
SETE E AS DEZOITO HORAS.

Inquirição. Assentada de início, interrupção e encerramento


§ 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das inquirições ou depoimentos; e,
da mesma forma, do seu encerramento ou interrupções, no final daquele período.

Inquirição. Limite de tempo


§ 2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-lhe
facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele
têrmo. O depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para
prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérito.
§ 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro dia que o
fôr, salvo caso de urgência.

Prazos para terminação do inquérito

Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em VINTE DIAS, se o indiciado estiver PRÊSO,
contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de
QUARENTA DIAS, quando o indiciado estiver SÔLTO, contados a partir da data em que se
instaurar o inquérito.

Prorrogação de prazo
§ 1º Êste último prazo poderá ser prorrogado POR MAIS VINTE DIAS pela autoridade militar
superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja
necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação
deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo.

Diligências não concluídas até o inquérito


§ 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade insuperável, a
juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou exames não concluídos
nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos depois dela, serão posteriormente
remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado
do inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as testemunhas
que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.

Dedução em favor dos prazos


3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo previsto no
§ 5º do art. 10.

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Reunião e ordem das peças de inquérito

Art. 21. Tôdas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só
processado e dactilografadas, em espaço dois, com as fôlhas numeradas e rubricadas, pelo
escrivão.

Juntada de documento
Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá despacho do encarregado do
inquérito, o escrivão lavrará o respectivo têrmo, mencionando a data.

Relatório

Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado
mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação
do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração
disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente,
sôbre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos têrmos legais.

Solução
§ 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu
encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe homologue
ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou
determine novas diligências, se as julgar necessárias.

Advocação
§ 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá avocá-
lo e dar solução diferente.

Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição

Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor da Circunscrição Judiciária Militar
onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos
objetos que interessem à sua prova.

Remessa a Auditorias Especializadas


§ 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à especialização de cada uma. Onde houver mais
de uma na mesma sede, especializada ou não, a remessa será feita à primeira Auditoria, para
a respectiva distribuição. Os incidentes ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo
juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por distribuição.
§ 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional serão remetidos à 1ª
Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União, atendida, contudo, a especialização
referida no § 1º.

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Arquivamento de inquérito. PROIBIÇÃO

Art. 24. A autoridade militar NÃO poderá mandar ARQUIVAR AUTOS DE INQUÉRITO, embora
conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.

Instauração de novo inquérito


Art 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas provas
aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado
e os casos de extinção da punibilidade.
§ 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao Ministério
Público, para os fins do disposto no art. 10, letra c.
§ 2º O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se entender inadequada
a instauração do inquérito.

Devolução de autos de inquérito

Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial, a não ser:
I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de formalidades
previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue necessária.
Parágrafo único: Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de VINTE DIAS,
para a restituição dos autos.

Suficiência do auto de flagrante delito

Art. 27. Se, por si só, fôr suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante
delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de
delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu
valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade
policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente, nos têrmos do art. 20.

Dispensa de Inquérito

Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo MP:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, autor identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.

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DO FÔRO MILITAR

Fôro militar em TEMPO DE PAZ

Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra
civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:

Pessoas sujeitas ao fôro militar


I - nos crimes definidos em lei contra as instituições militares ou a segurança nacional:
a) os militares em situação de atividade e os assemelhados na mesma situação;
b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo;
c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no desempenho de
funções militares;
d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros, Militares, quando incorporados
às Fôrças Armadas;

Crimes funcionais
II - nos crimes funcionais contra a administração militar ou contra a administração da Justiça
Militar, os auditores, os membros do Ministério Público, os advogados de ofício e os
funcionários da Justiça Militar.

Extensão do fôro militar


§ 1° O fôro militar se estenderá aos militares da reserva, aos reformados e aos civis, nos
crimes contra a segurança nacional ou contra as instituições militares, como tais definidas em
lei.
§ 2° Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará
os autos do inquérito policial militar à justiça comum.

Fôro militar em TEMPO DE GUERRA

Art. 83. O fôro militar, em tempo de guerra, poderá, por lei especial, abranger outros casos,
além dos previstos no artigo anterior e seu parágrafo.

Assemelhado

Art. 84. Considera-se assemelhado o funcionário efetivo, ou não, dos Ministérios da Marinha,
do Exército ou da Aeronáutica, submetidos a preceito de disciplina militar, em virtude de lei
ou regulamento.

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DA COMPETÊNCIA EM GERAL

Determinação da competência

Art. 85. A competência do fôro militar será determinada:


I - de modo geral:
a) pelo lugar da infração;
b) pela residência ou domicílio do acusado;
c) pela prevenção;
II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço.

Na Circunscrição Judiciária

Art. 86. Dentro de cada Circunscrição Judiciária Militar, a competência será determinada:
a) pela especialização das Auditorias;
b) pela distribuição;
c) por disposição especial dêste Código.

Modificação da competência

Art. 87. Não prevalecem os critérios de competência indicados, em caso de:


a) conexão ou continência;
b) prerrogativa de pôsto ou função;
c) desaforamento.

DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

Lugar da infração

Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de
tentativa, pelo lugar em que fôr praticado o último ato de execução.

A bordo de navio

Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar ou
militarmente ocupado em pôrto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou em águas territoriais
brasileiras, serão, nos dois primeiros casos, processados na Auditoria da Circunscrição
Judiciária correspondente a cada um daqueles lugares; e, no último caso, na 1ª Auditoria da
Marinha, com sede na Capital do Estado da Guanabara.

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A bordo de aeronave

Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro
do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados pela Auditoria da
Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se êste se efetuar em
lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a competência será da
Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos
óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na Circunscrição
houver mais de uma.

Crimes fora do território nacional

Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados
em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte.

Crimes praticados em parte no território nacional

Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional, a
competência do fôro militar se determina de acordo com as seguintes regras:
a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil, será
competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha produzido ou devia produzir
o resultado;
b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será
competente a Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou
execução.

Diversidade de Auditorias ou de sedes


Parágrafo único. Na Circunscrição onde houver mais de uma Auditoria na mesma sede,
obedecer-se-á à distribuição e, se fôr o caso, à especialização de cada uma. Se as sedes forem
diferentes, atender-se-á ao lugar da infração.

DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA RESIDÊNCIA

OU DOMICÍLIO DO ACUSADO

Residência ou domicílio do acusado

Art. 93. Se não fôr conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela residência
ou domicílio do acusado, salvo o disposto no art. 96.

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DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO

Prevenção. Regra

Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois ou mais
juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver antecedido
aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a êste relativa, ainda que
anterior ao oferecimento da denúncia.

Casos em que pode ocorrer

Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer:


a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou mais
jurisdições;
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições;
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas
ou mais jurisdições;
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem vários os
acusados e com diferentes residências.

DA COMPETÊNCIA PELA SEDE DO LUGAR DE SERVIÇO

Lugar de serviço

Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma situação, ou para
o funcionário lotado em repartição militar, o lugar da infração, quando êste não puder ser
determinado, será o da unidade, navio, fôrça ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo
aplicável o critério da prevenção, salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a
respectiva especialização.

DA COMPETÊNCIA PELA ESPECIALIZAÇÃO DAS AUDITORIAS

Auditorias Especializadas

Art. 97. Nas Circunscrições onde existirem Auditorias Especializadas, a competência de cada
uma decorre de pertencerem os oficiais e praças sujeitos a processo perante elas aos quadros
da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica. Como oficiais, para os efeitos dêste artigo, se
compreendem os da ativa, os da reserva, remunerada ou não, e os reformados.

Militares de corporações diferentes


Parágrafo único. No processo em que forem acusados militares de corporações diferentes, a
competência da Auditoria especializada se regulará pela prevenção. Mas esta não poderá

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prevalecer em detrimento de oficial da ativa, se os co-réus forem praças ou oficiais da reserva
ou reformados, ainda que superiores, nem em detrimento dêstes, se os co-réus forem praças.

DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO

Distribuição

Art. 98. Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a mesma
competência, esta se fixará pela distribuição.

Juízo prevento pela distribuição


Parágrafo único: A distribuição realizada em virtude de ato anterior à fase judicial do processo
prevenirá o juízo.

DA CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

Casos de conexão

Art. 99. Haverá conexão:


a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou
por várias pessoas, umas contra as outras;
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir
na prova de outra infração.

Casos de continência

Art. 100. Haverá continência:


a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração;
b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso.

Regras para determinação

Art. 101. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as


seguintes regras:

Concurso e prevalência
I - no concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderará aquela;
II - no concurso de jurisdições cumulativas:
a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais grave;

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b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as
respectivas penas forem de igual gravidade;

Prevenção
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição especial.

Categorias
III — no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior graduação.

Unidade do processo

Art. 102. A conexão e a continência determinarão a unidade do processo, salvo:


Casos especiais
a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum;
b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores.

Jurisdição militar e civil no mesmo processo


Parágrafo único. A separação do processo, no concurso entre a jurisdição militar e a civil, não
quebra a conexão para o processo e julgamento, no seu fôro, do militar da ativa, quando
êste, no mesmo processo, praticar em concurso crime militar e crime comum.

Prorrogação de competência

Art. 103. Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente, na conformidade do art.


101, terá a sua competência prorrogada para processar as infrações cujo conhecimento, de
outro modo, não lhe competiria.

Reunião de processos

Art. 104. Verificada a reunião dos processos, em virtude de conexão ou continência, ainda
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência,
continuará êle competente em relação às demais infrações.

Separação de julgamento

Art 105. Separar-se-ão sòmente os julgamentos:


a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado à revelia;
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição de juiz de
Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do julgamento.

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Separação de processos

Art 106. O juiz poderá separar os processos:


a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de tempo e lugar diferentes;
b) quando fôr excessivo o número de acusados, para não lhes prolongar a prisão;
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele próprio repute relevante.

Recurso de ofício
§ 1º Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer desses casos, haverá
recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar.
§ 2º O recurso a que se refere o parágrafo anterior subirá em traslado com as cópias
autênticas das peças necessárias, e não terá efeito suspensivo, prosseguindo-se a ação penal
em todos os seus termos.

Avocação de processo

Art. 107. Se, não obstante a conexão ou a continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram
perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade
do processo só se dará ulteriormente, para efeito de soma ou de unificação de penas.

DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DO PÔSTO OU DA FUNÇÃO

Natureza do posto ou função

Art. 108. A competência por prerrogativa do posto ou da função decorre da sua própria
natureza e não da natureza da infração, e regula-se estritamente pelas normas expressas
neste Código.

DO DESAFORAMENTO

Caso de desaforamento (Deslocamento de competência de uma comarca para outra)


Art. 109. O desaforamento do processo poderá ocorrer:
a) no interesse da ordem pública, da Justiça ou da disciplina militar;
b) em benefício da segurança pessoal do acusado;
c) pela impossibilidade de se constituir o Conselho de Justiça ou quando a dificuldade de
constituí-lo ou mantê-lo retarde demasiadamente o curso do processo.

Competência do Superior Tribunal Militar


§ 1º O pedido de desaforamento poderá ser feito ao Superior Tribunal Militar:

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Autoridades que podem pedir
a) pelos Ministros da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica;
b) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou autoridades que
lhe forem superiores, conforme a respectiva jurisdição;
c) pelos Conselhos de Justiça ou pelo auditor;
d) mediante representação do Ministério Público ou do acusado.

Justificação do pedido e audiência do procurador-geral


§ 2º Em qualquer dos casos, o pedido deverá ser justificado e sobre ele ouvido o procurador-
geral, se não provier de representação deste.

Audiência a autoridades
§ 3º Nos casos das alíneas c e d, o Superior Tribunal Militar, antes da audiência ao
procurador-geral ou a pedido dêste, poderá ouvir autoridades a que se refere a alínea b .

Auditoria onde correrá o processo


§ 4º Se deferir o pedido, o Superior Tribunal Militar designará a Auditoria onde deva ter
curso o processo.

Renovação do pedido

Art. 110. O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se o justificar
motivo superveniente.

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DA BUSCA

Espécies de busca

Art. 170. A busca poderá ser DOMICILIAR ou PESSOAL.

Busca domiciliar

Art. 171. A busca domiciliar consistirá na procura material portas adentro da casa.

Finalidade

Art. 172. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guardadas ilìcitamente;
c) apreender instrumentos de falsificação ou contrafação;
d) apreender armas e munições e instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados
a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova da infração ou à defesa do acusado;
f) apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu poder, quando haja fundada
suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crime;
h) colhêr elemento de convicção.

Compreensão do termo "casa"

Art. 173. O termo "casa" compreende:


a) qualquer compartimento habitado;
b) aposento ocupado de habitação coletiva;
c) compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

Não compreensão

Art. 174. Não se compreende no têrmo "casa":


a) hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto abertas, salvo a restrição
da alínea b do artigo anterior;
b) taverna, boate, casa de jôgo e outras do mesmo gênero;
c) a habitação usada como local para a prática de infrações penais.
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Oportunidade da busca domiciliar

Art. 175. A busca domiciliar será executada de dia, salvo para acudir vítimas de crime ou
desastre.
Parágrafo único. Se houver consentimento expresso do morador, poderá ser realizada à noite.

Ordem da busca

Art 176. A busca domiciliar poderá ORDENADA PELO JUIZ, de OFÍCIO ou a REQUERIMENTO
das partes, ou DETERMINADA pela autoridade policial militar.
Parágrafo único. O representante do Ministério Público, quando assessor no inquérito, ou
dêste tomar conhecimento, poderá solicitar do seu encarregado, a realização da busca.

Precedência de mandado

Art. 177. Deverá ser precedida de mandado a busca domiciliar que NÃO fôr realizada pela
própria autoridade judiciária ou pela autoridade que presidir o inquérito.

Conteúdo do mandado

Art. 178. O mandado de busca deverá:


a) indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome
do seu morador ou proprietário; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que a
sofrerá ou os sinais que a identifiquem;
b) mencionar o motivo e os fins da diligência;
c) ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
Parágrafo único: Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado.

Procedimento

Art. 179. O executor da busca domiciliar procederá da seguinte maneira:

Presença do morador
I — se o morador estiver presente:
a) ler-lhe-á, o mandado, ou, se fôr o próprio autor da ordem, identificar-se-á e dirá o que
pretende;
b) convidá-lo-á a franquiar a entrada, sob pena de a forçar se não fôr atendido;
c) uma vez dentro da casa, se estiver à procura de pessoa ou coisa, convidará o morador a
apresentá-la ou exibi-la;
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d) se não fôr atendido ou se se tratar de pessoa ou coisa incerta, procederá à busca;
e) se o morador ou qualquer outra pessoa recalcitrar ou criar obstáculo usará da força
necessária para vencer a resistência ou remover o empecilho e arrombará, se necessário,
quaisquer móveis ou compartimentos em que, presumivelmente, possam estar as coisas ou
pessoas procuradas;

Ausência do morador
II — se o morador estiver ausente:
a) tentará localizá-lo para lhe dar ciência da diligência e aguardará a sua chegada, se puder
ser imediata;
b) no caso de não ser encontrado o morador ou não comparecer com a necessária presteza,
convidará pessoa capaz, que identificará para que conste do respectivo auto, a fim de
testemunhar a diligência;
c) entrará na casa, arrombando-a, se necessário;
d) fará a busca, rompendo, se preciso, todos os obstáculos em móveis ou compartimentos
onde, presumivelmente, possam estar as coisas ou pessoas procuradas;

Casa desabitada
III - se a casa estiver desabitada, tentará localizar o proprietário, procedendo da mesma forma
como no caso de ausência do morador.

Rompimento de obstáculo
§ 1º O rompimento de obstáculos deve ser feito com o menor dano possível à coisa ou
compartimento passível da busca, providenciando-se, sempre que possível, a intervenção de
serralheiro ou outro profissional habilitado, quando se tratar de remover ou desmontar
fechadura, ferrolho, peça de segredo ou qualquer outro aparelhamento que impeça a
finalidade da diligência.

Reposição
§ 2º Os livros, documentos, papéis e objetos que não tenham sido apreendidos devem ser
repostos nos seus lugares.
§ 3º Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do
que o indispensável ao bom êxito da diligência.

Busca pessoal

Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes, pastas, malas e
outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário, no próprio corpo.

Revista pessoal
Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que alguém oculte
consigo:

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a) instrumento ou produto do crime;
b) elementos de prova.

Revista independentemente de mandado

Art. 182. A revista independe de mandado:


a) quando feita no ato da captura de pessoa que deve ser prêsa;
b) quando determinada no curso da busca domiciliar;
c) quando ocorrer o caso previsto na alínea a do artigo anterior;
d) fundada suspeita de que o revistando traz consigo objetos que constituam corpo de delito;
e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou do presidente do inquérito.

Busca em mulher

Art. 183. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou
prejuízo da diligência.

Busca no curso do processo ou do inquérito

Art. 184. A busca domiciliar ou pessoal por mandado será, no curso do processo, executada
por oficial de justiça; e, no curso do inquérito, por oficial, designado pelo encarregado do
inquérito, atendida a hierarquia do pôsto ou graduação de quem a sofrer, se militar.

Requisição a autoridade civil


Parágrafo único. A autoridade militar poderá requisitar da autoridade policial civil a realização
da busca.

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DA APREENSÃO

Apreensão de pessoas ou coisas

Art. 185. Se o executor da busca encontrar as pessoas ou coisas a que se referem os artigos
172 e 181, deverá apreendê-las. Fá-lo-á, igualmente, de armas ou objetos pertencentes às Fôrças
Armadas ou de uso exclusivo de militares, quando estejam em posse indevida, ou seja incerta a
sua propriedade.

Correspondência aberta
§ 1º A correspondência aberta ou não, destinada ao indiciado ou ao acusado, ou em seu poder,
será apreendida se houver fundadas razões para suspeitar que pode ser útil à elucidação do fato.

Documento em poder do defensor


§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo
quando constituir elemento do corpo de delito.

Território de outra jurisdição

Art. 186. Quando, para a apreensão, o executor fôr em seguimento de pessoa ou coisa,
poderá penetrar em território sujeito a outra jurisdição.
Parágrafo único. Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento de
pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora
depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas forem em seu encalço, sabendo, por informações
fidedignas ou circunstâncias judiciárias que está sendo removida ou transportada em
determinada direção.

Apresentação à autoridade local

Art. 187. O executor que entrar em território de jurisdição diversa deverá, conforme o caso,
apresentar-se à respectiva autoridade civil ou militar, perante a qual se identificará. A
apresentação poderá ser feita após a diligência, se a urgência desta não permitir solução de
continuidade.

Pessoa sob custódia

Art. 188. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e
posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

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Requisitos do auto

Art. 189. Finda a diligência, lavrar-se-á auto circunstanciado da busca e apreensão, assinado
por duas testemunhas, com declaração do lugar, dia e hora em que se realizou, com citação das
pessoas que a sofreram e das que nelas tomaram parte ou as tenham assistido, com as
respectivas identidades, bem como de todos os incidentes ocorridos durante a sua execução.

Conteúdo do auto
Parágrafo único. Constarão do auto, ou dêle farão parte em anexo devidamente rubricado pelo
executor da diligência, a relação e descrição das coisas apreendidas, com a especificação:
a) se máquinas, veículos, instrumentos ou armas, da sua marca e tipo e, se possível, da sua
origem, número e data da fabricação;
b) se livros, o respectivo título e o nome do autor;
c) se documentos, a sua natureza.

DA RESTITUIÇÃO

Restituição de coisas

Art. 190. As coisas apreendidas NÃO poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
§ 1º As coisas a que se referem o art. 109, nº II, letra a, e o art. 119, nºs I e II, do Código Penal
Militar, não poderão ser restituídas em tempo algum.
§ 2º As coisas a que se refere o art. 109, nº II, letra b , do Código Penal Militar, poderão ser
restituídas sòmente ao lesado ou a terceiro de boa-fé.

Ordem de restituição

Art. 191. A restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial ou pelo juiz, mediante
têrmo nos autos, desde que:
a) a coisa apreendida não seja irrestituível, na conformidade do artigo anterior;
b) não interesse mais ao processo;
c) não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.

Direito duvidoso

Art. 192. Se duvidoso o direito do reclamante, sòmente em juízo poderá ser decidido, autuando-
se o pedido e assinando-se o prazo de cinco dias para a prova, findo o qual o juiz decidirá,
cabendo da decisão recurso para o Superior Tribunal Militar.

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Questão de alta indagação
Parágrafo único. Se a autoridade judiciária militar entender que a matéria é de alta indagação,
remeterá o reclamante para o juízo cível, continuando as coisas apreendidas até que se resolva
a controvérsia.

Coisa em poder de terceiro

Art. 193. Se a coisa houver sido apreendida em poder de terceiro de boa-fé, proceder-se-á da
seguinte maneira:
a) se a restituição fôr pedida pelo próprio terceiro, o juiz do processo poderá ordená-la, se
estiverem preenchidos os requisitos do art. 191;
b) se pedida pelo acusado ou pelo lesado e, também, pelo terceiro, o incidente autuar-se-á em
apartado e os reclamantes terão, em conjunto, o prazo de cinco dias para apresentar provas e o
de três dias para arrazoar, findos os quais o juiz decidirá, cabendo da decisão recurso para o
Superior Tribunal Militar.

Persistência de dúvida
§ 1º Se persistir dúvida quanto à propriedade da coisa, os reclamantes serão remetidos para o
juízo cível, onde se decidirá aquela dúvida, com efeito sôbre a restituição no juízo militar, salvo
se motivo superveniente não tornar a coisa irrestituível.

Nomeação de depositário
§ 2º A autoridade judiciária militar poderá, se assim julgar conveniente, nomear depositário
idôneo, para a guarda da coisa, até que se resolva a controvérsia.

Audiência do Ministério Público

Art. 194. O Ministério Público será sempre ouvido em pedido ou incidente de restituição.
Parágrafo único. Salvo o caso previsto no art. 195, caberá recurso, com efeito suspensivo, para
o Superior Tribunal Militar, do despacho do juiz que ordenar a restituição da coisa.

Coisa deteriorável

Art. 195. Tratando-se de coisa fàcilmente deteriorável, será avaliada e levada a leilão público,
depositando-se o dinheiro apurado em estabelecimento oficial de crédito determinado em lei.

Sentença condenatória

Art. 196. Decorrido o prazo de noventa dias, após o trânsito em julgado de sentença
condenatória, proceder-se-á da seguinte maneira em relação aos bens apreendidos:

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Destino das coisas
a) os referidos no art. 109, nº II, letra a , do Código Penal Militar, serão inutilizados ou recolhidos
a Museu Criminal ou entregues às Fôrças Armadas, se lhes interessarem;
b) quaisquer outros bens serão avaliados e vendidos em leilão público, recolhendo-se ao fundo
da organização militar correspondente ao Conselho de Justiça o que não couber ao lesado ou
terceiro de boa-fé.

Destino em caso de sentença absolutória

Art. 197. Transitando em julgado sentença absolutória, proceder-se-á da seguinte maneira:


a) se houver sido decretado o confisco (Código Penal Militar, art. 119), observar-se-á o disposto
na letra a do artigo anterior;
b) nos demais casos, as coisas serão restituídas àquele de quem houverem sido apreendidas.

Venda em leilão

Art. 198. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se, dentro do prazo de noventa dias,
a contar da data em que transitar em julgado a sentença final, condenatória ou absolutória, os
objetos apreendidos não forem reclamados por quem de direito, serão vendidos em leilão,
depositando-se o saldo à disposição do juiz de ausentes.

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PRISÃO PROVISÓRIA - DISPOSIÇÕES GERAIS

Definição

Art. 220. Prisão provisória é a que ocorre durante o inquérito, ou no curso do processo, antes
da condenação definitiva.

Legalidade da prisão

Art. 221. Ninguém será prêso senão em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade
competente.

Comunicação ao juiz

Art. 222. A prisão ou detenção de qualquer pessoa será imediatamente levada ao conhecimento
da autoridade judiciária competente, com a declaração do local onde a mesma se acha sob
custódia e se está, ou não, incomunicável.

Prisão de militar

Art 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de pôsto ou graduação superior;
ou, se igual, mais antigo.

Relaxamento da prisão

Art. 224. Se, ao tomar conhecimento da comunicação, a autoridade judiciária verificar que a
prisão não é legal, deverá relaxá-la imediatamente.

Expedição de mandado

Art. 225. A autoridade judiciária ou o encarregado do inquérito que ordenar a prisão fará expedir
em duas vias o respectivo mandado, com os seguintes requisitos:

Requisitos
a) será lavrado pelo escrivão do processo ou do inquérito, ou ad hoc , e assinado pela autoridade
que ordenar a expedição;
b) designará a pessoa sujeita a prisão com a respectiva identificação e moradia, se possível;
c) mencionará o motivo da prisão;
d) designará o executor da prisão.

Assinatura do mandado
Parágrafo único. Uma das vias ficará em poder do preso, que assinará a outra; e, se não quiser
ou não puder fazê-lo, certificá-lo-á o executor do mandado, na própria via deste.

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Tempo e lugar da captura

Art. 226. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as
garantias relativas à inviolabilidade do domicílio.

Desdobramento do mandado

Art. 227. Para cumprimento do mandado, a autoridade policial militar ou a judiciária poderá
expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo em cada um dêles ser
fielmente reproduzido o teor do original.

Expedição de precatória ou ofício

Art. 228. Se o capturando estiver em lugar estranho à jurisdição do juiz que ordenar a prisão,
mas em território nacional, a captura será pedida por precatória, da qual constará o mesmo que
se contém nos mandados de prisão; no curso do inquérito policial militar a providência será
solicitada pelo seu encarregado, com os mesmos requisitos, mas por meio de ofício, ao
comandante da Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, respectivamente.

Via telegráfica ou radiográfica


Parágrafo único. Havendo urgência, a captura poderá ser requisitada por via telegráfica ou
radiográfica, autenticada a firma da autoridade requisitante, o que se mencionará no despacho.

Captura no estrangeiro

Art. 229. Se o capturando estiver no estrangeiro, a autoridade judiciária se dirigirá ao Ministro


da Justiça para que, por via diplomática, sejam tomadas as providências que no caso couberem.
Art. 230. A captura se fará:

Caso de flagrante
a) em caso de flagrante, pela simples voz de prisão;

Caso de mandado
b) em caso de mandado, pela entrega ao capturando de uma das vias e conseqüente voz de
prisão dada pelo executor, que se identificará.

Recaptura
Parágrafo único. A recaptura de indiciado ou acusado evadido independe de prévia ordem da
autoridade, e poderá ser feita por qualquer pessoa.

Captura em domicílio

Art. 231. Se o executor verificar que o capturando se encontra em alguma casa, ordenará ao
dono dela que o entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão.

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Caso de busca
Parágrafo único. Se o executor não tiver certeza da presença do capturando na casa, poderá
proceder à busca, para a qual, entretanto, será necessária a expedição do respectivo mandado,
a menos que o executor seja a própria autoridade competente para expedi-lo.

Recusa da entrega do capturando

Art. 232. Se não fôr atendido, o executor convocará duas testemunhas e procederá::
a) sendo dia, entrará à fôrça na casa, arrombando-lhe a porta, se necessário;
b) sendo noite, fará guardar tôdas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que
amanheça, arrombar-lhe-á a porta e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar à entrega do capturando será levado à presença da
autoridade, para que contra êle se proceda, como de direito, se sua ação configurar infração
penal.

Flagrante no interior de casa

Art. 233. No caso de prisão em flagrante que se deva efetuar no interior de casa, observar-se-á
o disposto no artigo anterior, no que fôr aplicável.

Emprêgo de fôrça

Art. 234. O emprego de fôrça só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência,


resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados
os meios necessários para vencê-la ou para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a
prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.
Emprego de algemas
§ 1º O emprêgo de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão
da parte do prêso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere o art. 242.

Uso de armas
§ 2º O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente necessário para vencer a
resistência ou proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de auxiliar seu.

Captura fora da jurisdição

Art. 235. Se o indiciado ou acusado, sendo perseguido, passar a território de outra jurisdição,
observar-se-á, no que fôr aplicável, o disposto nos arts. 186, 187 e 188.

Cumprimento de precatória

Art. 236. Ao receber precatória para a captura de alguém, cabe ao auditor deprecado:

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a) verificar a autenticidade e a legalidade do documento;
b) se o reputar perfeito, apor-lhe o cumpra-se e expedir mandado de prisão;
c) cumprida a ordem, remeter a precatória e providenciar a entrega do prêso ao juiz deprecante.

Remessa dos autos a outro juiz


Parágrafo único. Se o juiz deprecado verificar que o capturando se encontra em território sujeito
à jurisdição de outro juiz militar, remeter-lhe-á os autos da precatória. Se não tiver notícia do
paradeiro do capturando, devolverá os autos ao juiz deprecante.

Entrega de prêso. Formalidades

Art. 237. Ninguém será recolhido à prisão sem que ao responsável pela custódia seja entregue
cópia do respectivo mandado, assinada pelo executor, ou apresentada guia expedida pela
autoridade competente, devendo ser passado recibo da entrega do prêso, com declaração do
dia, hora e lugar da prisão.

Recibo
Parágrafo único. O recibo será passado no próprio exemplar do mandado, se êste fôr o
documento exibido.

Transferência de prisão

Art. 238. Nenhum prêso será transferido de prisão sem que o responsável pela transferência
faça a devida comunicação à autoridade judiciária que ordenou a prisão, nos têrmos do art. 18.

Recolhimento a nova prisão


Parágrafo único. O prêso transferido deverá ser recolhido à nova prisão com as mesmas
formalidades previstas no art. 237 e seu parágrafo único.

Separação de prisão

Art. 239. As pessoas sujeitas a prisão provisória deverão ficar separadas das que estiverem
definitivamente condenadas.

Local da prisão

Art. 240. A prisão deve ser em local limpo e arejado, onde o detento possa repousar durante a
noite, sendo proibido o seu recolhimento a masmorra, solitária ou cela onde não penetre a luz
do dia.

32
Respeito à integridade do preso e assistência

Art. 241. Impõe-se à autoridade responsável pela custódia o respeito à integridade física e moral
do detento, que terá direito a presença de pessoa da sua família e a assistência religiosa, pelo
menos uma vez por semana, em dia previamente marcado, salvo durante o período de
incomunicabilidade, bem como à assistência de advogado que indicar, nos têrmos do art. 71, ou,
se estiver impedido de fazê-lo, à do que fôr indicado por seu cônjuge, ascendente ou
descendente.
Parágrafo único. Se o detento necessitar de assistência para tratamento de saúde ser-lhe-á
prestada por médico militar.

Prisão especial

Art. 242. Serão recolhidos a quartel ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente,
quando sujeitos a prisão, antes de condenação irrecorrível:
a) os ministros de Estado;
b) os governadores ou interventores de Estados, ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal,
seus respectivos secretários e chefes de Polícia;
c) os membros do Congresso, dos Conselhos da União e das Assembléias Legislativas
d) os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das ordens militares ou civis reconhecidas em lei;
e) os magistrados;
f) os oficiais das Fôrças Armadas, das Polícias e dos Bombeiros, Militares, inclusive os da reserva,
remunerada ou não, e os reformados;
g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional;
h) os diplomados por faculdade ou instituto superior de ensino nacional;
i) os ministros do Tribunal de Contas;
j) os ministros de confissão religiosa.

Prisão de praças
Parágrafo único. A prisão de praças especiais e a de graduados atenderá aos respectivos graus
de hierarquia.

33
DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Pessoas que efetuam prisão em flagrante

Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem fôr insubmisso ou
desertor, encontrado em flagrante delito.

Sujeição a flagrante delito

Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquêle que:


a) está cometendo o crime;
b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser êle o seu autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam presumir
a sua participação no fato delituoso.

Infração permanente
Parágrafo único. Nas infrações permanentes, considera-se o agente em flagrante delito enquanto
não cessar a permanência.

Lavratura do auto

Art. 245. Apresentado o prêso ao comandante ou ao oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou


autoridade correspondente, ou à autoridade judiciária, será, por qualquer dêles, ouvido o
condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como inquirido o indiciado sôbre a
imputação que lhe é feita, e especialmente sôbre o lugar e hora em que o fato aconteceu,
lavrando-se de tudo auto, que será por todos assinado.
§ 1º Em se tratando de menor inimputável, será apresentado, imediatamente, ao juiz de menores.

Ausência de testemunhas
§ 2º A falta de testemunhas não impedirá o auto de prisão em flagrante, que será assinado por
duas pessoas, pelo menos, que hajam testemunhado a apresentação do preso.

Recusa ou impossibilidade de assinatura do auto


§ 3º Quando a pessoa conduzida se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o
auto será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham ouvido a leitura na presença do
indiciado, do condutor e das testemunhas do fato delituoso.

Designação de escrivão
§ 4º Sendo o auto presidido por autoridade militar, designará esta, para exercer as funções
de escrivão, um capitão, capitão-tenente, primeiro ou segundo-tenente, se o indiciado fôr oficial.
Nos demais casos, poderá designar um subtenente, suboficial ou sargento.

34
Falta ou impedimento de escrivão
§ 5º Na falta ou impedimento de escrivão ou das pessoas referidas no parágrafo anterior, a
autoridade designará, para lavrar o auto, qualquer pessoa idônea, que, para êsse fim, prestará o
compromisso legal.

Recolhimento a prisão. Diligências

Art. 246. Se das respostas resultarem fundadas suspeitas contra a pessoa conduzida, a
autoridade mandará recolhê-la à prisão, procedendo-se, imediatamente, se fôr o caso, a exame
de corpo de delito, à busca e apreensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligência
necessária ao seu esclarecimento.

Nota de culpa

Art. 247. Dentro em vinte e quatro horas após a prisão, será dada ao prêso nota de culpa
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

Recibo da nota de culpa


§ 1º Da nota de culpa o prêso passará recibo que será assinado por duas testemunhas, quando
êle não souber, não puder ou não quiser assinar.

Relaxamento da prisão
§ 2º Se, ao contrário da hipótese prevista no art. 246, a autoridade militar ou judiciária verificar
a manifesta inexistência de infração penal militar ou a não participação da pessoa conduzida,
relaxará a prisão. Em se tratando de infração penal comum, remeterá o prêso à autoridade civil
competente.

Registro das ocorrências

Art. 248. Em qualquer hipótese, de tudo quanto ocorrer será lavrado auto ou têrmo, para remessa
à autoridade judiciária competente, a fim de que esta confirme ou infirme os atos praticados.

Fato praticado em presença da autoridade

Art. 249. Quando o fato fôr praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no exercício de
suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o infrator, mencionando a
circunstância.

Prisão em lugar não sujeito à administração militar

Art. 250. Quando a prisão em flagrante fôr efetuada em lugar não sujeito à administração militar,
o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar do lugar mais próximo
daquele em que ocorrer a prisão.

35
Remessa do auto de flagrante ao juiz

Art. 251. O auto de prisão em flagrante deve ser remetido imediatamente ao juiz competente,
se não tiver sido lavrado por autoridade judiciária; e, no máximo, dentro em cinco dias, se
depender de diligência prevista no art. 246.

Passagem do prêso à disposição do juiz


Parágrafo único. Lavrado o auto de flagrante delito, o prêso passará imediatamente à disposição
da autoridade judiciária competente para conhecer do processo.

Devolução do auto

Art. 252. O auto poderá ser mandado ou devolvido à autoridade militar, pelo juiz ou a
requerimento do Ministério Público, se novas diligências forem julgadas necessárias ao
esclarecimento do fato.

Concessão de liberdade provisória

Art. 253. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato
nas condições dos arts. 35, 38, observado o disposto no art. 40, e dos arts. 39 e 42, do Código
Penal Militar, poderá conceder ao indiciado liberdade provisória, mediante têrmo de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogar a concessão.

36
DAS TESTEMUNHAS

Notificação de testemunhas

Art. 347. As testemunhas serão notificadas em decorrência de despacho do auditor ou


deliberação do Conselho de Justiça, em que será declarado o fim da notificação e o lugar, dia e
hora em que devem comparecer.

Comparecimento obrigatório
§ 1º O comparecimento é obrigatório, nos têrmos da notificação, não podendo dêle eximir-
se a testemunha, salvo motivo de fôrça maior, devidamente justificado.

Falta de comparecimento
§ 2º A testemunha que, notificada regularmente, deixar de comparecer sem justo motivo,
será conduzida por oficial de justiça e multada pela autoridade notificante na quantia de um
vigésimo a um décimo do salário mínimo vigente no lugar. Havendo recusa ou resistência à
condução, o juiz poderá impor-lhe prisão até quinze dias, sem prejuízo do processo penal por
crime de desobediência.

Oferecimento de testemunhas

Art. 348. A defesa poderá indicar testemunhas, que deverão ser apresentadas
independentemente de intimação, no dia e hora designados pelo juiz para inquirição, ressalvado
o disposto no art. 349.

Requisição de militar ou funcionário

Art. 349. O comparecimento de militar, assemelhado, ou funcionário público será requisitado ao


respectivo chefe, pela autoridade que ordenar a notificação.

Militar de patente superior


Parágrafo único. Se a testemunha fôr militar de patente superior à da autoridade notificante, será
compelida a comparecer, sob as penas do § 2º do art. 347, por intermédio da autoridade militar
a que estiver imediatamente subordinada.

Dispensa de comparecimento

Art. 350. Estão dispensados de comparecer para depor:


a) o presidente e o vice-presidente da República, os governadores e interventores dos Estados,
os ministros de Estado, os senadores, os deputados federais e estaduais, os membros do Poder
Judiciário e do Ministério Público, o prefeito do Distrito Federal e dos Municípios, os secretários
dos Estados, os membros dos Tribunais de Contas da União e dos Estados, o presidente do
Instituto dos Advogados Brasileiros e os presidentes do Conselho Federal e dos Conselhos
Secionais da Ordem dos Advogados do Brasil, os quais serão inquiridos em local, dia e hora
prèviamente ajustados entre êles e o juiz;

37
b) as pessoas impossibilitadas por enfermidade ou por velhice, que serão inquiridas onde
estiverem.

Capacidade para ser testemunha

Art. 351. Qualquer pessoa poderá ser testemunha.

Declaração da testemunha

Art. 352. A testemunha deve declarar seu nome, idade, estado civil, residência, profissão e lugar
onde exerce atividade, se é parente, e em que grau, do acusado e do ofendido, quais as suas
relações com qualquer dêles, e relatar o que sabe ou tem razão de saber, a respeito do fato
delituoso narrado na denúncia e circunstâncias que com o mesmo tenham pertinência, não
podendo limitar o seu depoimento à simples declaração de que confirma o que prestou no
inquérito. Sendo numerária ou referida, prestará o compromisso de dizer a verdade sôbre o que
souber e lhe fôr perguntado.

Dúvida sôbre a identidade da testemunha


§ 1º Se ocorrer dúvida sôbre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.

Não deferimento de compromisso


§ 2º Não se deferirá o compromisso aos doentes e deficientes mentais, aos menores de quatorze
anos, nem às pessoas a que se refere o art. 354.

Contradita de testemunha antes do depoimento


§ 3º Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir
circunstâncias ou defeitos que a tornem suspeita de parcialidade ou indigna de fé. O juiz fará
consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só não lhe deferirá
compromisso ou a excluirá, nos casos previstos no parágrafo anterior e no art. 355.

Após o depoimento
§ 4º Após a prestação do depoimento, as partes poderão contestá-lo, no todo ou em parte, por
intermédio do juiz, que mandará consignar a argüição e a resposta da testemunha, não
permitindo, porém, réplica a essa resposta.

Inquirição separada

Art. 353. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si , de modo que uma não possa
ouvir o depoimento da outra.

38
Obrigação e recusa de depor

Art. 354. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Excetuam-se o ascendente,
o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, e o irmão de acusado,
bem como pessoa que, com êle, tenha vínculo de adoção, salvo quando não fôr possível, por
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

Proibição de depor

Art. 355. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, devam guardar segrêdo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar
o seu testemunho.

Testemunhas suplementares

Art. 356. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas
pelas partes.

Testemunhas referidas
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, ainda que não haja requerimento das partes, serão ouvidas
as pessoas a que as testemunhas se referirem.

Testemunha não computada


§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão
da causa.

Manifestação de opinião pessoal

Art. 357. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo
quando inseparáveis da narrativa do fato.

Caso de constrangimento da testemunha

Art. 358. Se o juiz verificar que a presença do acusado, pela sua atitude, poderá influir no ânimo
de testemunha, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará retirá-lo, prosseguindo
na inquirição, com a presença do seu defensor. Neste caso, deverá constar da ata da sessão a
ocorrência e os motivos que a determinaram.

Expedição de precatória

Art. 359. A testemunha que residir fora da jurisdição do juízo poderá ser inquirida pelo auditor
do lugar da sua residência, expedindo-se, para êsse fim, carta precatória, nos têrmos do art. 283,
com prazo razoável, intimadas as partes, que formularão quesitos, a fim de serem respondidos
pela testemunha.
39
Sem efeito suspensivo
§ 1º A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.

Juntada posterior
§ 2º Findo o prazo marcado, e se não fôr prorrogado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a
todo tempo, a carta precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.

Precatória a juiz do fôro comum

Art. 360. Caso não seja possível, por motivo relevante, o comparecimento da testemunha
perante auditor, a carta precatória poderá ser expedida a juiz criminal de comarca onde resida a
testemunha ou a esta seja acessível, observado o disposto no artigo anterior.

Precatória a autoridade militar

Art. 361. No curso do inquérito policial militar, o seu encarregado poderá expedir carta
precatória à autoridade militar superior do local onde a testemunha estiver servindo ou residindo,
a fim de notificá-la e inquiri-la, ou designar oficial que a inquira, tendo em atenção as normas de
hierarquia, se a testemunha fôr militar. Com a precatória, enviará cópias da parte que deu origem
ao inquérito e da portaria que lhe determinou a abertura, e os quesitos formulados, para serem
respondidos pela testemunha, além de outros dados que julgar necessários ao esclarecimento
do fato.

inquirição deprecada do ofendido


Parágrafo único. Da mesma forma, poderá ser ouvido o ofendido, se o encarregado do inquérito
julgar desnecessário solicitar-lhe a apresentação à autoridade competente.

Mudança de residência da testemunha

Art. 362. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança de


residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não comparecimento.

Antecipação de depoimento

Art. 363. Se qualquer testemunha tiver de ausentar-se ou, por enfermidade ou idade avançada,
inspirar receio de que, ao tempo da instrução criminal, esteja impossibilitado de depor, o juiz
poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o
depoimento.

Afirmação falsa de testemunha

Art. 364. Se o Conselho de Justiça ou o Superior Tribunal Militar, ao pronunciar sentença final,
reconhecer que alguma testemunha fêz afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia
do depoimento à autoridade policial competente, para a instauração de inquérito.

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INSTRUÇÃO COMPLEMENTAR Nº 001/COR-G/2014

(Normas gerais para a realização de sindicância Brigada Militar)

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Finalidade regular os procedimentos para a realização de sindicância.

OBJETIVO DA SINDICÂNCIA

Art. 2º A sindicância é o procedimento formal e escrito que tem objetivo a apuração de fato que
nos termos legais configure, em tese, transgressão disciplinar militar e sua autoria, tendo o
caráter de instrução provisória, que tem finalidade precípua de ministrar elementos necessários
à instauração de Processo Administrativo Disciplinar Militar (PADM).
§1º São, efetivamente instrutórios do PADM: DOCUMENTOS, EXAMES, PERÍCIAS E AVALIAÇÕES
realizadas no curso da sindicância.

CONHECIMENTO DA TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR

§2º O conhecimento da transgressão disciplinar dar-se-á através:


I - DOCUMENTOS OFICIAIS de uso regular da BM.
II – CONCL. DE PROCED. INVESTIGATÓRIOS (IPM, Sindicância, IT, Auditoria e Inspeção
Correicional).
III - COMUNICAÇÃO FORMAL de autoridades e do público em geral.
IV - RECLAMAÇÃO DO OFENDIDO (Militar deverá observar o canal de comando)
V - MEIOS de COMUNICAÇÃO SOCIAL.

SINDICÂNCIA SUMÁRIA. PROIBIÇÃO

§3º É vedada a instauração de sindicância sumária e que não atenda às prescrições desta IC, sob
pena de responsabilização da autoridade militar.
OBS: É um rito mais sucinto, mais rápido; sendo suprimidos algumas formalidades que demandariam tempo, em
benefício de uma justiça mais acelerada.

DISPENSA DA SINDICÂNCIA

Art. 3º Poderá ser dispensada quando as circunstâncias e a autoria do fato já estiverem


suficientemente esclarecidas por documentos ou outras provas materiais, sem prejuízo de
diligências necessárias ao registro de informações complementares, necessárias à correta
instrução do PADM.

41
PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM A SINDICÂNCIA
Art. 4º A sindicância orienta-se pelos princípios da simplicidade, economia procedimental,
celeridade e instrumentalidade.
Parágrafo único. Mesmo que seja nomeado escrivão, não deverão ser elaborados documentos
que atentem contra os princípios do caput deste artigo, tais como despacho, recebimento,
certidão, conclusão ou juntada, contudo, deve constar dos autos o termo de compromisso do
escrivão.

NOTÍCIAS APÓCRIFAS

Art. 5º As notícias apócrifas que narrem eventuais transgressões disciplinares devem ser
apuradas de forma preliminar, com cautela e discrição, no intuito de avaliar a plausibilidade dos
fatos e, em se apurando elementos de verossimilhança, deve ser instaurada sindicância.
Parágrafo único. Na hipótese da notícia apócrifa narrar fatos manifestamente infundados e
incoerentes, poderá a autoridade militar estadual, fundamentadamente, arquivá-la por absoluta
falta de justa causa.

AUTORIDADES COMPETENTES PARA A INSTAURAÇÃO (ART. 20 DO RDBM)

Art. 6º São autoridades competentes no âmbito da Brigada Militar para determinar a


instauração de sindicância:
I - Comandante-Geral.
II -Subcomandante-Geral.
III -Chefe do Estado Maior.
IV - o Corregedor-Geral, o Comandante do Comando do Corpo de Bombeiros, os
Comandantes dos Comandos Regionais de Polícia Ostensiva, os Comandantes dos Comandos
Regionais de Bombeiros, o Comandante do Comando dos órgãos de Polícia Militar Especiais e
os Diretores.
V - o Ajudante-Geral, os Comandantes e Subcomandantes de órgãos Policiais Militares, os
Chefes de Assessorias, Seção, Centros e Divisões, e os Comandantes de Subunidades.
Parágrafo único. Para fins deste artigo consideram-se competentes os oficiais dos Quadros
de Oficiais do Estado Maior (QOEM) e Especial de Saúde (QOES).

SIGILO DA SINDICÂNCIA.POSSIBILIDADE
Art. 7º A sindicância será ostensiva, podendo, conforme o fato, ser classificada, como sigilosa
pela autoridade delegante ou pelo sindicante, no caso de juntada de documentos sigilosos,
hipóteses em que a restrição de acesso não alcançará o sindicado nem seu advogado (se
constituído).

42
TERRITORIALIDADE

Art. 8º A competência para investigar transgressão disciplinar é da autoridade militar estadual


com circunscrição no local onde tenha ocorrido o fato em tese transgressional,
independentemente da subordinação administrativa do Militar Estadual autor, respeitada a
antiguidade ou precedência hierárquica.
§1º Na ocorrência de transgressão disciplinar envolvendo Militares Estaduais de mais de um
OPM/OBM, caberá ao Comandante com responsabilidade territorial sobre a área onde ocorreu o
fato apurar ou determinar sua apuração, e, ao final, remeter os autos à autoridade superior
comum aos envolvidos.
§2º Quando duas autoridades de níveis hierárquicos diferentes com competência disciplinar
sobre o transgressor, tiverem conhecimento da transgressão, caberá à de maior hierarquia apurá-
la ou determinar que a menos graduada o faça.
§3º No caso de ocorrência disciplinar envolvendo Militares das Forças Armadas e Militares
Estaduais, a autoridade militar estadual competente deverá tomar as medidas disciplinares
cabíveis quanto aos seus subordinados, informando o escalão superior sobre a ocorrência, as
medidas tomadas e o que foi por ela apurado, dando ciência do fato também ao Comandante
Militar interessado.
§4º Competência para investigar transgressão cometida por ME da RR ou Reformado, ainda
no serviço ativo, deve-se observar a delegação do Comandante-Geral, prevista na portaria
002/2011.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA
§5º Havendo conflito de competência para instauração de sindicância este será resolvido pela
autoridade militar estadual superior com ascendência funcional comum entre os dois, respeitadas
as regras deste artigo.

CONHECIMENTO DE INFRAÇÃO PENAL DE NATUREZA COMUM

Art. 9º O conhecimento, no transcorrer da sindicância, de eventual infração penal de natureza


comum, obrigará o Sindicante a informar, de imediato, a autoridade delegante, para a adoção
das medidas cabíveis à espécie, sem prejuízo do prosseguimento da investigação.

TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES ESTRANHAS AO OBJETO DA SINDICÂNCIA


Art. 10. No caso de se verificar transgressões disciplinares estranhas ao objeto da sindicância,
a autoridade delegante, após comunicada pelo sindicante, poderá aditar à sindicância em curso
a apuração dos fatos novos, determinar a instauração de novo procedimento investigatório ou
comunicar os fatos ao Comandante dos, em tese, transgressores quando não tiver ascendência
sobre estes, desde que não haja contrariedade ao disposto no artigo 8º desta Instrução
Complementar.

43
NUMERAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA SINDICÂNCIA

Art. 11. Todas as peças da sindicância serão, por ordem cronológica, reunidas em volumes
de até 200 folhas, todas numeradas e rubricadas de forma centralizada e na parte superior.

CAPÍTULO II

DA INSTAURAÇÃO

Art. 12. A sindicância é iniciada mediante portaria:


I - OFÍCIO, pelas autoridades militares estaduais.
II - DETERMINAÇÃO OU DELEGAÇÃO da autoridade superior (caso urgente pode ser por e-
mail.)

REQUISITOS DA PORTARIA

§1º A portaria deverá narrar os fatos em tese irregulares a serem investigados, delimitando
o campo de atuação do sindicante.

SUPERIORIDADE OU IGUALDADE DE POSTO DO INFRATOR

§2º Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, em cujo âmbito de


circunscrição haja ocorrido a transgressão disciplinar, será feita a comunicação do fato, via canal
de comando, à autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a delegação.

PROVIDÊNCIAS ANTES DA SINDICÂNCIA

§3º O aguardo da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, ou o substitua
ou esteja de serviço, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências
cabíveis, uma vez que tenha conhecimento de transgressão disciplinar que lhe caiba investigar.

SINDICANTE. REQUISITOS

Art. 13. A delegação para realizar a sindicância recairá sobre oficiais ativos, ou pertencentes
ao CVMI, respeitando-se a antiguidade ou precedência hierárquica do sindicado.

INDÍCIOS CONTRA OFICIAL DE GRAU HIERÁRQUICO SUPERIOR AO SINDICANTE OU


MAIS ANTIGO

§1º Se no curso da investigação o sindicante verificar a existência de indícios contra militar


estadual de grau hierárquico superior ao seu ou mais antigo, deverá imediatamente suscitar o
seu impedimento à autoridade delegante, suspendendo-se a contagem do prazo.

44
NOMEAÇÃO DE ESCRIVÃO. EXCEPCIONALIDADE

§2º Nos casos de maior repercussão e a critério da autoridade delegante, o sindicante


poderá valer-se de um escrivão para auxiliá-lo nos trabalhos, que será, preferencialmente, um
graduado, excetuando-se os casos em que constem Oficiais como sindicados, nos quais deverão
ser escrivães os oficiais subalternos.

MOVIMENTAÇÃO FUNCIONAL DO SINDICANTE

§3º Na hipótese de movimentação do sindicante para outro OPM/OBM, no transcorrer da


sindicância, este deverá ser substituído, conforme previsão do § 3º do art. 24 do Decreto nº
36.175, de 13 de setembro de 1995.
§4º A nomeação de 1º Tenente CVMI, como sindicante, só poderá ocorrer se este tiver sido
aprovado no Curso Básico de Administração Policial Militar.
Art. 14. A Sindicância será registrada no módulo SIGBM/Cor e constará obrigatoriamente:
I - nome e posto do sindicante e do escrivão, se houver.
II - local dos fatos e nome das partes envolvidas.
III - resumo dos fatos.
IV - número da publicação da Portaria em Boletim.
V - as conclusões do sindicante e a solução da autoridade delegante.

CAPÍTULO III

DOS PRAZOS

Art. 15. O prazo para CONCLUSÃO da sindicância NÃO excederá 30 (TRINTA) DIAS.

PRORROGAÇÃO DO PRAZO

§1º Este prazo poderá ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias, mediante pedido
fundamentado do sindicante à autoridade delegante, feito com antecedência mínima de 02 (dois)
dias úteis do término do prazo.
§2º Será deduzida desse prazo, a suspensão prevista no § 1º do art. 13 desta Instrução
Complementar.
§3º Do prazo para conclusão será excluído o dia do recebimento da portaria, iniciando-se a
contagem no próximo dia útil, e incluído o dia da entrega, que na hipótese de recair em dia de
feriado ou final de semana autorizará a entrega no primeiro dia útil posterior.
§4º Poderá, de forma fundamentada, ser autorizada a suspensão da contagem do prazo uma
única vez, por período não superior a trinta dias.
§5º Já tendo sido concedida a suspensão de que trata o parágrafo anterior e ocorrendo
afastamento, previsto em lei, regulamento ou normatização interna, do sindicante este deverá ser
substituído, cabendo ao substituto concluir o feito sem a possibilidade de nova suspensão.
45
PRORROGAÇÃO ESPECIAL

§6º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade insuperável, a
juízo do Comandante-Geral, via Corregedoria-Geral.
§7º Os laudos de perícias ou exames não concluídos na prorrogação do parágrafo anterior,
bem como os documentos colhidos depois dela, serão posteriormente remetidos à autoridade
delegante, para a juntada aos autos, devendo o sindicante indicar, no seu relatório, se possível,
o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas.

CAPÍTULO IV

DO PARECER E DA SOLUÇÃO DA SINDICÂNCIA

PARECER DO SINDICANTE
Art. 16. A sindicância será encerrada com minucioso parecer, em que o sindicante mencionará
as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, referindo, em conclusão, se há
indícios de transgressão disciplinar e/ou crime, militar ou comum, com a respectiva capitulação
no diploma legal aplicável, com a indicação das suas circunstâncias, incluindo dia, hora e lugar
onde ocorreu.

SOLUÇÃO DA AUTORIDADE DELEGANTE

Art. 17. No caso de ter sido delegada a competência para a realização da sindicância, o
sindicante a enviará à autoridade de quem recebeu a delegação, que a SOLUCIONARÁ no prazo
de TRINTA (30) DIAS, podendo:
I – homologar a conclusão e adotar as medidas pertinentes elencadas no § 2º deste artigo.
II – não homologar, dando solução diferente, devidamente fundamentada, ou determinando
novas diligências, se as julgar necessárias.

SUSPENSÃO DO PRAZO DA SOLUÇÃO

§1º Ficará suspensa a contagem do prazo previsto do caput deste artigo na hipótese,
devidamente fundamentada e publicada em Boletim, de ocorrerem questões prejudiciais ao
convencimento da autoridade delegante relativamente à verdade real dos fatos investigados.

RESULTADOS DA SINDICÂNCIA

§2º Da sindicância pode resultar:


I - o seu ARQUIVAMENTO, se os fatos investigados não constituírem transgressão disciplinar
ou crime militar.

46
II - instauração de PADM.
III - instauração de CONSELHO DE DISCIPLINA ou encaminhamento para o Comandante-Geral,
via Corregedoria-Geral, sugerindo a instauração de CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO.
IV - instauração de INQUÉRITO POLICIAL MILITAR ou, no caso da autoridade delegante não
possuir competência para instaurar, encaminhamento a quem compete instaurá-lo.
V - REMESSA DE CÓPIA da sindicância à autoridade policial competente, caso haja indícios
de CRIME COMUM.
VI - outras MEDIDAS ADMINISTRATIVAS cabíveis à espécie.

DISPENSA DE SOLUÇÃO

§3º Não haverá solução de sindicância instruída pela autoridade militar estadual originária
que deverá, em seu parecer, adotar as medidas pertinentes elencadas no § 2º deste artigo.

REMESSA DA SINDICÂNCIA AO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

§4º Tendo sido solucionada a sindicância SEM INDÍCIOS DE CRIME MILITAR, esta deverá ter
CÓPIAS AUTENTICADAS da sua portaria de instauração e da sua solução remetidas ao Ministério
Público Estadual, no prazo de cinco dias, contados da publicação da sua solução, de acordo com
as previsões da Portaria SSP nº 048, de 31 de março de 2014.

REMESSA DA SINDICÂNCIA À JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

§5º Tendo sido solucionada a sindicância COM INDÍCIOS DE CRIME MILITAR, esta deverá ter
seus AUTOS ORIGINAIS, acompanhados do extrato disciplinar do indiciado, encaminhados
UNICAMENTE à Justiça Militar Estadual, para distribuição e respectiva autuação judicial, de acordo
com as previsões da Portaria SSP nº 048, de 31 de março de 2014.

SINDICÂNCIA. AVOCAÇÃO

Art. 18. As autoridades militares estaduais funcionalmente superiores àquela que instaurou
ou que determinou a instauração da sindicância poderão:
I - avocar para si a sindicância em que se verifique manifesta usurpação de sua competência,
irregularidade na solução ou equívoco no decorrer dos atos de investigação, desde que ainda
não tenham surtido os efeitos legais.
II - determinar que seja imediatamente solucionada ou avocá-la e solucioná-la, quando a
solução esteja sendo indevidamente retardada.

PUBLICAÇÃO DA SOLUÇÃO E CIENTIFICAÇÃO DO SINDICADO

Art. 19. A solução deverá ser publicada em boletim interno ou geral e comunicado o seu
resultado ao sindicado, de forma escrita, mencionando o boletim que a publicou.

47
CAPÍTULO V

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

SUBSIDIARIEDADE DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

Art. 20. Aplicam-se a esta Instrução Complementar, subsidiariamente, respeitados os


princípios do art. 4º, as normas do Código de Processo Penal Militar, especialmente quanto aos
meios de prova, tais como a inquirição de pessoas, requisição de perícias e exames, acareação,
reconhecimento de pessoas e coisas e realização de carta precatória.

AFASTAMENTOS DO SINDICADO. CONTINUIDADE DA SINDICÂNCIA

Art. 21. As dispensas médicas, licenças, férias e outros AFASTAMENTOS TOTAIS DO SERVIÇO
DO SINDICADO NÃO SUSPENDEM ou interrompem a sindicância, tendo em vista a sua natureza
inquisitorial, devendo esta ser concluída mesmo sem a oitiva do sindicado.
Art. 22. As autoridades militares estaduais que tiverem conhecimento de fatos irregulares e
que não possuírem competência para a instauração de sindicância deverão comunicar,
imediatamente, à autoridade superior competente para tal. Fatos que não constituem
transgressão disciplinar
Art. 23. Excluem-se do objetivo da presente Instrução Complementar os fatos que não
constituam transgressão disciplinar em tese e para os quais haja normas específicas de apuração
e também estejam excluídas das previsões da Portaria SSP nº 48, de 31 de março de 2014, tais
como o acidente em serviço, extravio de carteira de identidade funcional ou fardamento, disparo
acidental e acidente de tiro, reconhecimento de ato de bravura e outros.

INSTAURAÇÃO DE NOVA SINDICÂNCIA

Art. 24. O arquivamento de sindicância não obsta a instauração de outra, se novas provas ou
indícios aparecerem em relação ao fato ou ao sindicado, ressalvados a coisa julgada e os casos
de extinção da punibilidade. Direitos e obrigações do advogado
Art. 25. Tendo em vista a natureza inquisitorial da sindicância, a participação de advogados
eventualmente constituídos pelos sindicados restringir-se-á às previsões da legislação.
Art. 26. Os casos omissos na presente Instrução Complementar, e que não puderem ser
supridos pelo Código de Processo Penal Militar, serão dirimidos pelo Corregedor-Geral.

48
DECRETO No 71.500, DE 5 DE DEZEMBRO DE 1972.
DISPÕE SOBRE O CONSELHO DE DISCIPLINA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Art . 1º O Conselho de Disciplina é destinado a julgar da incapacidade do Guarda-Marinha,


do Aspirante-a-Oficial e das demais praças das Forças Armadas com estabilidade assegurada,
para permanecerem na ativa, criando-lhes, ao mesmo tempo, condições para se defenderem.
Parágrafo único. O Conselho de Disciplina pode, também, ser aplicado ao Guarda-Marinha,
ao Aspirante-a-Oficial e às demais praças das Forças Armadas, reformados ou na reserva
remunerada, presumivelmente incapazes de permanecerem na situação de inatividade em que se
encontram.
Art . 2º É submetida a Conselho de Disciplina, " ex officio ", a praça referida no artigo 1º e
seu parágrafo único.
I - acusada oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social de ter:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular; ou
c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor militar ou decoro da classe;
II - afastado do cargo, na forma do Estatuto dos Militares, por se tornar incompatível com
o mesmo ou demonstrar incapacidade no exercício de funções militares a ele inerentes, salvo se
o afastamento é decorrência de fatos que motivem sua submissão a processo;
III - condenado por crime de natureza dolosa, não previsto na legislação especial
concernente à segurança do Estado, em tribunal civil ou militar, a pena restritiva de liberdade
individual até 2 (dois) anos, tão logo transite em julgado a sentença; ou
IV - pertencente a partido político ou associação, suspensos ou dissolvidos por força de
disposição legal ou decisão judicial, ou que exerçam atividades prejudiciais ou perigosas à
segurança nacional.
Parágrafo único. É considerada entre os outros, para os efeitos deste decreto, pertencente
a partido ou associação a que se refere este artigo a praça das Forças Armadas que, ostensiva
ou clandestinamente:
a) estiver inscrita como seu membro;
b) prestar serviços ou angariar valores em seu benefício;
c) realizar propaganda de suas doutrinas; ou
d) colaborar, por qualquer forma, mas sempre de modo inequívoco ou doloso, em suas
atividades.
Art . 3º A praça da ativa das Forças Armadas, ao ser submetida a Conselho de Disciplina, é
afastada do exercício de suas funções.
Art . 4º A nomeação do Conselho de Disciplina, por deliberação própria ou por ordem
superior, é da competência:

49
I - do Oficial-General, em função de comando, direção ou chefia mais próxima, na linha de
subordinação direta, ao Guarda-Marinha, Aspirante-a-Oficial, Suboficial ou Subtenente, da ativa,
a ser julgado;
II - do Comandante de Distrito Naval, Região Militar ou Zona Aérea a que estiver vinculada
a praça da reserva remunerada ou reformado, a ser julgada; ou
III - do Comandante, Diretor, Chefe ou autoridade com atribuições disciplinares equivalentes,
no caso das demais praças com estabilidade assegurada.
Art . 5º O Conselho de Disciplina é composto de 3 (três) oficiais da Força Armada da praça
a ser julgada.
§ 1º O membro mais antigo do Conselho de Disciplina, no mínimo um oficial intermediário,
é o presidente; o que lhe segue em antiguidade é o interrogante e relator, e o mais moderno, o
escrivão.
§ 2º Não podem fazer parte do Conselho de Disciplina:
a) o oficial que formulou a acusação;
b) os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado, parentesco
consangüineo ou afim, na linha reta ou até quarto grau de consagüinidade colateral ou de
natureza civil; e
c) os oficiais que tenham particular interesse na decisão do Conselho de Disciplina.
Art . 6º O Conselho de Disciplina funciona sempre com a totalidade de seus membros, em
local, onde a autoridade nomeante julgue melhor indicado para apuração do fato.
Art . 7º Reunido o Conselho de Disciplina convocado previamente por seu presidente, em
local, dia e hora designados com antecedência, presente o acusado, o presidente manda proceder
a leitura e a autuação dos documentos que constituíram o ato de nomeação do Conselho; em
seguida, ordena a qualificação e o interrogatório do acusado, o que é reduzido a auto, assinado
por todos os membros do Conselho e pelo acusado, fazendo-se a juntada de todos os
documentos por este oferecidos.
Parágrafo único. Quando o acusado é praça da reserva remunerada ou reformada e não é
localizado ou deixa de atender a intimação por escrito para comparecer perante o Conselho de
Disciplina:
a) a intimação é publicada em órgão de divulgação na área de domicílio do acusado; e
b) o processo corre à revelia, se não atender à publicação.
Art . 8º Aos membros do Conselho de Disciplina é lícito reperguntar ao justificante e às
testemunhas sobre o objeto da acusação e propor diligências para o esclarecimento dos fatos.
Art . 9º Ao acusado é assegurada ampla defesa, tendo ele, após o interrogatório, prazo de
5 (cinco) dias para oferecer suas razões por escrito, devendo o Conselho de Disciplina fonecer-
lhe o libelo acusatório, onde se contenham com minúcias o relato dos fatos e a descrição dos
atos que lhe são imputados.
§ 1º O acusado deve estar presente a todas as sessões do Conselho de Disciplina, exceto
à sessão secreta de deliberação do relatório.
§ 2º Em sua defesa, pode o acusado requerer a produção, perante o Conselho de Disciplina,
de todas as provas permitidas no Código de Processo Penal Militar.
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§ 3º As provas a serem realizadas mediante a Carta Precatória são efetuadas por intermédio
da autoridade militar ou, na falta desta, da autoridade judiciária local.
§ 4º O processo é acompanhado por um oficial:
a) indicado pelo acusado, quando este o desejar para orientação de sua defesa; ou
b) designado pela autoridade que nomeou o Conselho de Disciplina, nos casos de revelia.
Art . 10. O Conselho de Disciplina pode inquirir o acusador ou receber, por escrito, seus
esclarecimentos, ouvindo, posteriormente, a respeito, o acusado.
Art . 11. O Conselho de Disciplina dispõe de um prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data
de sua nomeação, para a conclusão de seus trabalhos inclusive remessa do relatório.
Parágrafo único. A autoridade nomeante, por motivos excepcionais, pode prorrogar até 20
(vinte) dias o prazo de conclusão dos trabalhos.
Art . 12. Realizadas todas as diligências, o Conselho de Disciplina passa a deliberar, em
sessão secreta, sobre o relatório a ser redigido.
§ 1º O relatório, elaborado pelo escrivão e assinado por todos os membros do Conselho
de Disciplina, deve decidir se a praça:
a) é, ou não, culpada da acusação que lhe foi feita; ou
b) no caso do item III, do artigo 2º, levados em consideração os preceitos de aplicação da
pena previstos no Código Penal Militar, está ou não, incapaz de permanecer na ativa ou na
situação em que se encontra na inatividade.
§ 2º A decisão do Conselho de Disciplina é tomada por maioria de votos de seus membros.
§ 3º Quando houver voto vencido, é facultada sua justificação, por escrito.
§ 4º Elaborado o relatório, com um termo de encerramento, o Conselho de Disciplina remete
o processo à autoridade nomeante.
Art . 13. Recebidos os autos do processo do Conselho de Disciplina, a autoridade nomeante,
dentro do prazo de 20 (vinte) dias, aceitando, ou não, seu julgamento e, neste último caso,
justificando os motivos de seu despacho, determina:
I - o arquivamento do processo, se não julga a praça culpada ou incapaz de permanecer na
ativa ou na inatividade;
II - a aplicação de pena disciplinar, se considera contravenção ou transgressão disciplinar a
razão pela qual a praça foi julgada culpada;
III - a remessa do processo ao auditor competente, se considera crime a razão pela qual a
praça foi julgada culpada, ou
IV - a remessa do processo ao Ministro Militar respectivo ou autoridade a quem tenha sido
delegada competência para efetivar reforma ou exclusão a bem da disciplina, com a indicação de
uma destas medidas, se considera que:
a) a razão pela qual a praça foi julgada culpada está prevista nos itens I, II ou IV, do artigo
2º; ou
b) se, pelo crime cometido, previsto no item III do artigo 2º, a praça foi julgada incapaz de
permanecer na ativa ou na inatividade.

51
§ 1º O despacho que determinou o arquivamento do processo deve ser publicado
oficialmente e transcrito nos assentamentos da praça, se esta é da ativa.
§ 2º A reforma da praça é efetuada no grau hierárquico que possui na ativa, com proventos
proporcionais ao tempo de serviço.
Art . 14. O acusado ou, no caso de revelia, o oficial que acompanhou o processo podem
interpor recurso da decisão do Conselho de Disciplina ou da solução posterior da autoridade
nomeante.
Parágrafo único. O prazo para interposição de recurso é de 10 (dez) dias, contados da data
na qual o acusado tem ciência da decisão do Conselho de Disciplina ou da publicação da solução
da autoridade nomeante.
Art . 15. Cabe ao Ministro Militar respectivo, em última instância, no prazo de 20 (vinte)
dias, contados da data do recebimento do processo, julgar os recursos que forem interpostos
nos processos oriundos dos Conselhos de Disciplina.
Art . 16. Aplicam-se a este decreto, subsidiariamente, as normas do Código de Processo
Penal Militar.
Art . 17. Prescrevem em 6 (seis) anos, computados da data em que foram praticados, os
casos previstos neste decreto.
Parágrafo único. Os casos também previstos no Código Penal Militar como crime
prescrevem nos prazos nele estabelecidos.
Art . 18. Os Ministros Militares, atendendo às peculiaridades de cada Força Armada,
baixarão as respectivas instruções complementares necessárias à execução deste decreto.

52
INTRUÇÃO REGULADORA 001 – CORREGEDORIA GERAL
CONSELHO DE DISCIPLINA
OBJETIVOS

1) Regulamentar e padronizar os procedimentos que devem ser adotados nos CD no CBMRS;


2) Uniformizar procedimentos no CBMRS em adequação à legislação superveniente.

DA APLICAÇÃO
O Conselho de Disciplina (CD) é aplicado à PRAÇA COM ESTABILIDADE e aos ALUNOS-OFICIAIS,
cabendo as seguintes análises:
1. PRAÇAS ESTÁVEIS ou ALUNOS-OFICIAIS que tenham PROCEDIDO INCORRETAMENTE no
desempenho do cargo, tido conduta irregular ou praticado ato que afete a honra pessoal, o
pundonor militar e/ou o decoro da classe, preconizados, sobretudo, no Estatuto dos Militares.
Julgar se o acusado é ou não CULPADO das acusações atribuídas no libelo acusatório e se é
CAPAZ ou INCAPAZ de permanecer na condição de militar ativo ou inativo do CBMRS;
2. Praça estável ou aluno-oficial AFASTADOS do cargo em razão da atuação no serviço mostrar
ser incompatível com o cargo ou demonstrada incapacidade para o exercício das funções de
Bombeiro Militar (art. 37 da Lei nº 10.990/97). Julgar se o acusado é ou não CULPADO das
acusações atribuídas no libelo acusatório e se é CAPAZ ou INCAPAZ de permanecer na condição
de militar ativo ou inativo do CBMRS;
3. Praça estável ou aluno-oficial CONDENADO por crime de natureza dolosa e com pena restritiva
de liberdade com trânsito em julgado: Analisar somente se o Militar é CAPAZ ou INCAPAZ de
permanecer na condição de militar ativo ou inativo do CBMRS, a culpa já foi analisada pelo Poder
Judiciário.
Referente a condenação por crime, deve-se fazer as seguintes considerações sobre o crime
comum e o crime militar:
a) CRIME COMUM: É cabível a instauração do CD, independente do apenamento, desde que não
seja decretada pelo juiz a perda do cargo público como efeito da condenação;
b) CRIME MILITAR: É cabível a instauração do CD quando a pena é de até 2(dois) anos. Pena
superior a 2 (dois) anos há a representação do Procurador do Tribunal de Justiça Militar pela
perda da função.
4. Não cabe a instauração de Conselho Disciplina para praças sem estabilidade e para oficiais,
Praça sem estabilidade: Processo Administrativo Disciplinar Militar (PADM)
Oficiais: Conselho de Justificação (CJ).

CONSIDERAÇÕES EM RELAÇÃO À AÇÃO PENAL MILITAR:

1) A jurisdição penal é independente da jurisdição administrativa, uma vez que a instância penal
tem como foco o delito e a instância disciplinar têm como foco a falta disciplinar. Dessa forma,
não é necessário esperar a decisão da esfera penal para que a medida administrativa imediata

53
seja realizada, independentemente do possível desdobramento de ação penal militar em
concorrência (art. 35, § 2º da Lei nº 10.990/97).
2) Quando houver decisão judicial na esfera penal, tem-se que observar algumas hipóteses:
1. Condenação criminal do militar: a condenação criminal faz coisa julgada em relação a culpa do
militar, não podendo ser negada a culpabilidade na esfera administrativa.
2. Absolvição pela negativa de autoria: a sentença criminal produz efeitos na esfera
administrativa, não podendo o militar ser punido disciplinarmente, caso o militar já tenha sido
punido administrativamente há a anulação da punição disciplinar correspondente ao mesmo fato
julgado no âmbito penal militar.
3. Absolvição por ausência de culpabilidade penal: a absolvição criminal não produz efeitos na
esfera administrativa, pois somente não há um ilícito penal punível, podendo haver punição
disciplinar.
4. Absolvição por insuficiência de provas: a absolvição criminal não produz efeitos na esfera
administrativa, pois uma prova pode não ser suficiente na esfera criminal e ser suficiente na esfera
disciplinar.
5. Absolvição por estar provada a inexistência da materialidade do fato: há a comunicabilidade
entre as instâncias, com a absolvição penal militar resta descaracterizada a transgressão
disciplinar, caso o militar já tenha sido punido administrativamente há a anulação da punição
disciplinar correspondente ao mesmo fato julgado no âmbito penal militar.
6. Absolvição por considerar alguma das excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima
defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito): há a comunicabilidade
entre as instâncias, com a absolvição penal militar resta descaracterizada a transgressão
disciplinar, caso o militar já tenha sido punido administrativamente há a anulação da punição
disciplinar correspondente ao mesmo fato julgado no âmbito penal militar.
7. Extinção da punibilidade na ação penal em razão da prescrição: a decisão de prescrição na
esfera penal não produz efeitos na sanção eventualmente já aplicada na esfera administrativa.
DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL:
1) Quando o(a) Militar acusado(a) estiver em gozo de licença para tratamento de saúde antes de
instaurado o Conselho de Disciplina, deve-se observar o teor da Súmula nº 007/CorG/2019,
devendo encaminhar o(a) Militar Estadual a Junta Militar de Saúde, formulando quesitos para que
se verifique a capacidade de responder pelos seus atos perante o processo a ser instaurado,
conforme Anexo “Y” de quesitos Junta Militar de Saúde.
2) No curso do processo, quando ocorrer dúvida sobre a integridade mental do(a) acusado(a),
cabe ao colegiado apresentar o(a) acusado(a) a Junta Militar de Saúde.
3) No momento da formulação dos quesitos, a defesa deverá ser cientificada para exercer o
contraditório e ampla defesa, formulando seus próprios quesitos caso entenda necessário.

DO PRAZO PRESCRICIONAL

1) O art. 17 do Decreto Federal 71.500/72 fixa prazo de prescrição para a instauração do


procedimento disciplinar, enquanto o art. 197 da Lei Complementar 10.098/1994 (aplicado no
caso em razão do art. 159 da Lei Complementar nº 10.990/1997) estatui o lapso prescricional
do Conselho de Disciplina já instaurado, conforme entendimento consolidado do TJMRS1 .
54
2) O prazo de prescrição para a instauração de Conselho de Disciplina (CD) é de 06 (seis) anos
contados da data em que foi praticado o ato, conforme previsto no art. 2º do Federal 71.500/72.
Observa-se que os casos previstos como crime no Código Penal Militar (CPM) a prescrição é de
acordo com o prazo estabelecido no art. 125 do CPM.
3) Os prazos prescricionais para o regular desenvolvimento do Conselho de Disciplina são
aqueles previstos no art. 197 da Lei Complementar nº 10.098/94, sendo a prescrição da
pretensão executória a mesma da punitiva. Observa-se que o prazo prescricional aplicado nos
casos de suspensão devem ser aplicados para a pena de detenção, em razão da similitude entre
as penas, conforme entendimento do TJMRS.
4) Cabe interrupção e suspensão do prazo prescricional, conforme dispõe o art. 197, § 4º da Lei
Complementar Estadual nº 10.098/94.

DOS AUTOS

1) As folhas do processo serão numeradas em ordem crescente com algarismos arábicos de


acordo com a ordem cronológica de anexação aos autos, sendo rubricadas pelo escrivão no canto
superior direito a partir da autuação, que constituirá a folha nº 2.
2) Os autos serão organizados por volumes.
1. Todos os volumes terão um termo de abertura e um termo de encerramento, exceto o primeiro,
que terá termo de abertura e autuação, e o último que terá um termo de encerramento e remessa.
2. Cada volume conterá aproximadamente 200 (duzentas) páginas, mantendo a integridade do
conteúdo de determinada peça no mesmo volume.
3) O escrivão lavrará ata de cada sessão, na qual fará constar, de forma sucinta, todas as ações
realizadas, tais como as solicitações da defesa, as decisões do colegiado e quaisquer outros
incidentes ocorridos, e que será assinada por todos os membros do conselho, pelo acusado e
seu defensor, se presentes.
4) O Conselho de Disciplina deve ser realizado em uma única via na forma física, devendo constar
em anexo mídia eletrônica com digitalização completa dos autos para disponibilização a parte
acusada e seu advogado.
5) Após finalização do Conselho de Disciplina, deve ser encaminhada via digital dos autos para
a Corregedoria-Geral para arquivamento do procedimento na forma virtual.
g. Da sequência de atos do Conselho de Disciplina (CD): No funcionamento do Conselho de
Disciplina (CD), será observada a seguinte sequência de atos: Da Instauração; Da reunião
preliminar; Do libelo acusatório; Da audiência Inicial; Da defesa prévia; Da Audiência de instrução
(oitivas); Da Audiência de interrogatório; Saneamento do feito; Das alegações finais; Da sessão
de julgamento; Do recurso da decisão do colegiado; Da solução da autoridade nomeante; Do
recurso da solução da autoridade nomeante; Da finalização do Conselho de Disciplina.

DA INSTAURAÇÃO:
1. As autoridades dispostas no art. 4º do Decreto n. 71.500/72 e as autoridades dispostas na
Portaria nº 003/Cor-G/2018 (publicada no BG nº 034/2018) podem instaurar Conselho de
Disciplina, desde que sejam pelos motivos do art. 2º do Decreto 71.500/72.

55
2. Para o controle de procedimentos instaurados, as autoridades, através do setor de correição,
devem encaminhar mensagem eletrônica solicitando número de Portaria a Corregedoria do
CBMRS.
3. Após o número de Portaria, deve haver a publicação em Boletim Interno ou Boletim Geral.
4. Na Portaria acompanhado da nomeação do presidente, interrogante/relator e escrivão, devem
ser publicados os fatos geradores do Conselho de Disciplina. O acusado não pode ter cumprido
punição disciplinar pelos mesmos fatos em face de possível violação ao princípio do non bis in
idem, situação que caso ocorra gerará a nulidade do CD.
5. Não podem fazer parte do Conselho de Disciplina, conforme Decreto 71.500:
5.1 São considerados impedidos de compor o CD:
5.1.1. o oficial que formulou a acusação;
5.1.2. os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado parentesco
consanguíneo, até o quarto grau;
5.1.3. os oficiais que tenham particular interesse na decisão do Conselho de Disciplina.

5.2. De acordo com o Código de processo penal militar (CPPM), são considerados impedidos de
compor o CD os oficiais que tiverem:
5.2.1. desempenhado a função de encarregado, auxiliar, perito ou testemunha em processo ou
procedimento administrativo ou ainda em processo judicial que deu causa à nomeação;
5.2.2. desempenhado a função de juiz militar em processo penal militar que deu causa à
nomeação;
5.2.3. cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, que atuou nas
situações citadas nas alíneas anteriores;
5.2.4. cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, que tenham
particular interesse na decisão do CD; e
5.3. São suspeitos, de acordo com o art. 37 do Código de processo penal militar (CPPM), os
oficiais que:
5.3.1 sejam amigos íntimos ou inimigos do acusado;
5.3.2. sustentem demanda contra o acusado ou respondam a processo demandado pelo acusado,
ou ainda, possuam cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, até o segundo grau inclusive, nas
mesmas condições;
5.3.3. sejam procuradores do acusado ou tenham como procurador o acusado, ou ainda,
possuam cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, até o segundo grau inclusive, nas mesmas
condições;
5.3.4. tenham dado parte oficial do crime que deu causa à nomeação do CD;
5.3.5. tenham aconselhado o acusado em fatos relacionados à nomeação do CD;
5.3.6. sejam herdeiros, donatários ou usufrutuários do acusado, bem como possuam cônjuges
nas mesmas condições; e
5.3.7. sejam credores ou devedores do acusado.
56
5.4. Ademais, qualquer membro do CD que se julgar impedido ou suspeito de participar do
conselho deverá explicitar suas razões em reunião preliminar.
2) Da reunião preliminar
1. Ao receber o ato de nomeação, o presidente do Conselho de Disciplina deve convocar por
meio de ofício o interrogante/relator e o escrivão para a reunião preliminar.
2. Na reunião preliminar, deve ser verificada a situação sanitária do(a) acusado(a), caso necessário
deverá ser encaminhado a Junta Militar de Saúde.
3. Verificação das mídias e seu conteúdo indispensável para a confecção do libelo acusatório,
efetuando impressão do que for necessário.
4. Preparação dos documentos em mídias para entrega ao advogado constituído e ao(à)
acusado(a), a fim de proporcionar “carga permanente” dos autos – a entrega deve ficar registrada
em Ata e devidamente assinada pela defesa/acusado;
5. Juntar aos autos o Extrato Disciplinar com comportamento atualizado do(a) acusado(a);
6. Verificação de Suspeição/Impedimento de algum membro do CD (art. 5º §2º do Dec.
71.500/72);
7. Compromisso do colegiado, o qual será lavrado pelo escrivão e assinado pelos demais
membros do CD;
8. Sempre que o acusado, regularmente notificado para a prática de atos no processo, deixar de
se manifestar tempestivamente ou permanecer inerte, o escrivão certificará tal situação nos autos
mediante a lavratura de certidão.
9. O presidente deve verificar se o(a) acusado(a) foi afastada das funções e teve solicitada sua
agregação, pois é obrigatório e imediato o afastamento, conforme art. 37 da Lei Complementar
nº 10.990/97 e art. 3º do Decreto nº 71.500/72, devendo o(a) acusado(a) estar à disposição
integral do colegiado, para comparecimento a qualquer dia e horário regulamentar que for
requisitado.
10. Publicar em Boletim Geral/Interno a Composição do colegiado.
3) Do libelo acusatório:
1. Para que não seja ferido o princípio constitucional da ampla defesa, deverá ser dado um prazo
razoável para que o(a) acusado(a) tenha a possibilidade de, com seu defensor, prepararse para a
sua defesa em sessão inicial, conhecendo dos motivos da acusação, caso requeira o interrogatório
neste momento.
2. Cópia do libelo acusatório será encaminhado em anexo com o ofício informando da audiência
inicial, devendo ser entregue ao(à) acusado(a) com antecedência mínima de 72 horas da referida
audiência.
3. O Libelo Acusatório deve ser entregue mediante recibo na audiência inicial com demais
documentos do CD.
4. O Libelo tem o intuito de expor o fato transgressional e/ou criminoso, indicando o nome do(a)
acusado(a), circunstâncias agravantes e a descrição dos fatos, bem como toda a capitulação
prevista para o caso concreto de acordo com a Portaria de Instauração e o rol nominativo das
testemunhas de acusação, sendo o número máximo de 06 (seis) por acusação, salvo razões
devidamente fundamentadas.

57
5. O acusado deverá ser intimado da juntada aos autos de qualquer documento.
4) Da audiência Inicial:
1. A abertura da sessão deve ser efetuada pelo Presidente do Conselho de Disciplina;
2. Deve-se verificar a presença do(a) acusado(a);
3. Deve-se verificar a constituição de defensor(a) pelo(a) acusado(a);
a) Caso o advogado não apresente procuração, observar art. 5º, parágrafo 1º da Lei Nº 8.906,
de 04 de julho de 1994.
b) Se o(a) acusado(a) não tiver defensor, deve o colegiado solicitar formalmente à Defensoria
Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
4. Verificação de impedimento e suspeição arguida pelo(a) acusado(a) ou seu defensor e decisão
do Conselho;
5. Leitura da Portaria de Nomeação do CD, da publicação em Boletim que determinou o
afastamento do(a) acusado(a) de suas funções e do Libelo Acusatório;
6. Entrega ao(a) acusado(a) e seu defensor do libelo acusatório, da integralidade do procedimento
de origem e da portaria de instauração do CD com seus anexos;
7. Juntada de documentos oferecidos pelo(a) acusado(a);
8. Notificação do acusado do dia e hora para oitiva de testemunhas arroladas pelo Conselho;
9. Deve ser informado ao(a) acusado(a) que a audiência de interrogatório será efetuada ao final
do CD, após a oitiva de testemunhas e demais atos, conforme prescreve o art. 400 do CPP2 ,
visando garantir a ampla defesa do(a) acusado(a). Entretanto, deve ser oportunizado ao(à)
acusado(a) e seu advogado se manifestarem nos autos caso desejem realizar o interrogatório na
sessão inicial, de acordo com o rito estabelecido no Decreto nº 71.500/72, devendo constar em
ata referida manifestação.
10. Encerramento da sessão pelo Presidente do CD e elaboração da ata da sessão pelo escrivão
com assinatura de todos os presentes.
5) Da defesa prévia:
1. O(a) militar terá prazo de 05 (cinco) dias após a audiência inicial para apresentar a sua defesa
prévia, na qual deve constar as testemunhas abonatórias (art. 9º do Dec. Nº 71.500/72). 6)
Audiência de instrução (oitivas):
1. Primeiro as de acusação, depois as abonatórias;
2. Máximo 6 (seis) por fato, salvo razões fundamentas;
3. Oitiva por precatória é possível, conforme art. 359 do CPPM.
4. Caso os membros do CD constatem que a presença do(a) acusado(a) poderá influir no ânimo
da testemunha, de modo que prejudique a verdade do depoimento, a inquirição será feita sem
contato visual com o acusado, com a presença do seu defensor, consignando-se a ocorrência e
os motivos que a determinaram em ata e, posteriormente, no relatório.
5. Quando o(a) acusado(a) se manifestar de forma a intimidar a testemunha ou essa assim
declarar, a inquirição poderá ser feita em separado, com a presença do defensor do(a) acusado(a),
consignando-se a ocorrência e os motivos em ata e, posteriormente, no relatório.

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8) Do interrogatório do(a) acusado(a):
1. Como regra, o interrogatório do acusado(a), do qual será lavrado o “Auto de Interrogatório”,
será o último procedimento a ser realizado no curso do CD (art. 400 do CPP), devendo seguir-
se a este ato, a etapa de saneamento do feito.
2. O(a) acusado(a) e seu advogado podem requerer pela realização do interrogatório na sessão
inicial, conforme rito estabelecido no Decreto nº 71.500/72.
3. No interrogatório o presidente informará ao(à) acusado(a) que não está obrigado(a) a
responder às perguntas e que o seu silêncio não importará confissão, nem será interpretado em
prejuízo de sua defesa.
9) Saneamento do feito:
1. Observar prazo de vistas ao feito em cartório a defesa, conforme o art. 427 do CPPM;
2. O colegiado deve analisar se há necessidade de reinquirições, acareações, reconhecimento,
coleta de provas e outros atos pertinentes ao procedimento.

10) Das alegações finais:


1. Após transcorrido o prazo de saneamento do feito, oportuniza-se a defesa o prazo de 08
(oito) dias (art. 428 do CPPM) para apresentar alegações finais.
11) Da sessão de julgamento
1. Deve ser confeccionado e lido o relatório, no qual é imprescindível que sejam descritos todos
os fatos e as diligências realizadas, o qual é elaborado pelo relator, e a decisão do Colegiado,
devendo analisar as provas colhidas, confrontar as teses defensivas ponto a ponto, bem como a
fundamentação dos motivos com argumentação jurídica da decisão de cada membro (art. 12 do
Dec. Nº 71.500/72).
2. Cada membro do colegiado deve se manifestar e motivar seu voto, não bastando apenas
informar que “acompanha” o voto de um dos integrantes.
3. Caso a defesa e o(a) acusado(a) estejam presentes, já se consideram notificados da decisão,
iniciando a contagem de prazo para recurso;
10) Do recurso da decisão do colegiado:
1. Abertura do prazo processual para recurso é de 10 (dez) dias com início da intimação do
acusado e de seu advogado (Art. 14, § único do Dec. Nº 71.500/ 72).
2. O colegiado deve aguardar o decurso do prazo e então remeter o Conselho de Disciplina
instruído para a autoridade nomeante.
11) Da solução da autoridade nomeante:
1. A autoridade nomeante tem o prazo de 20 (vinte) dias para solucionar o Conselho de Disciplina
(Art. 13 do Dec. nº 71.500/ 72), fazendo análise do recurso (caso interposto) da decisão do
colegiado.
2. A solução deve ser publicada em Boletim Geral/Interno.
12) Do recurso da solução da autoridade nomeante:

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1. O prazo processual para recurso é de 10 (dez) dias com início da intimação do acusado e de
seu advogado (Art. 14, § único do Dec. Nº 71.500/ 72). Observa-se que no momento em que
for interposto o recurso a Corregedoria-Geral deve ser informada da sua interposição por e-mail
(corg-sadm@cbm.rs.gov.br) e os autos devem ser encaminhados, com o parecer sobre a
tempestividade do recurso, para a autoridade competente para fins de análise do recurso.
2. Poderão ser interpostos recursos de Reconsideração de Ato, Representação ou Queixa, nos
moldes e nos prazos do RDBM, pois mais benéfico para o acusado, conforme Súmula nº 06 da
Brigada Militar, recepcionada por intermédio da Portaria Corregedoria-Geral CBMRS nº
001/2019, de 11 de novembro de 2019.
13) Da finalização do Conselho de Disciplina:
1. Após a solução do recurso ou o transcurso do prazo recursal in albis, deve-se dar o seguinte
encaminhamento:
a) Se o(a) militar for considerado culpado e capaz, a solução será sancionada nos moldes do
RDBM, com a devida ciência do(a) Militar e de seu defensor, devendo o(a) Militar ser empregado
nas funções e revertido ao QO.
b) Se o(a) acusado(a) for considerado(a) culpado(a) e incapaz, deve-se dar o seguinte
encaminhamento:
b.1) remeter os autos para o Comandante-Geral (via Corregedoria-Geral) para que este julgue o
Conselho de Disciplina, caso o mesmo não tenha se manifestado nos autos anteriormente,
publicando sua decisão em Boletim Geral/Interno, com a devida ciência do(a) Militar e seu
defensor, para fins de garantia do contraditório e da ampla defesa.
b.2) Posteriormente, caso o Comandante-Geral tenha considerado o(a) acusado(a) culpado(a) e
incapaz, após prazo recursal, encaminha-se o Conselho de Disciplina à Secretaria de Segurança
Pública (SSP), devendo constar parecer sobre a tempestividade do recurso, caso seja interposto,
com vistas ao Governador do Estado para fins de exclusão do(a) Militar (SSP → Casa Civil → PGE
→ Ato do Governador em DOE).
b.3) Com a publicação do ato do Governador em DOE, deve-se cientificar o(a) Militar e seu
defensor, bem como deve-se encaminhar a respectiva publicação ao DA para os devidos fins
administrativos no caso de exclusão, como cessar os pagamentos, recolher identidade funcional
e demais atos.

4. PRESCRIÇÕES DIVERSAS:
a. O presidente do Conselho de Disciplina participará os fatos que não sejam objeto do CD e que
tenham indícios de crime ou transgressão disciplinar à autoridade nomeante para as devidas
providências.
b. Cabe ao presidente do conselho a manutenção da ordem e da disciplina durante as sessões,
podendo, dentre outras medidas, cassar a palavra de quem utilizar de linguagem incompatível
com o decoro e a disciplina militares ou, ainda, ofensiva à autoridade pública, registrando o fato
em ata, bem como adotando as providências decorrentes em relação a comportamentos
inadequados.
c. A defesa e o(a) acusado(a) podem abrir mão dos prazos processuais, desde que devidamente
registrado em ata e assinado.

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INTRUÇÃO REGULADORA 003 – CORREGEDORIA GERAL
PADM

OBJETIVOS

1) Regulamentar e padronizar os procedimentos que DEVEM ser adotados nos PADM do CBMRS.
2) Uniformizar procedimentos, para contribuir para interpretação mais adequada da legislação.

DA APLICAÇÃO

1) CONCEITO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR (PADM)

1. Finalidade de analisar a conduta do Militar acusado em tese de prática


transgressões disciplinares.
2. São transgressões disciplinares as ações e omissões contrárias à disciplina militar
especificadas no Anexo I do RDBM, bem como todas as ações ou omissões ou atos não
especificados na relação de transgressões do Anexo citado que afetem a honra pessoal,
o pundonor militar, o decoro da classe ou o sentimento do dever e outras prescrições
contidas no Estatuto dos Servidores Militares Estaduais, Leis e Regulamentos, bem como
aquelas praticadas contra regras e ordens de serviço emanadas de autoridade
competente.
3. O PADM destina-se à apuração da responsabilidade disciplinar dos militares
estaduais estáveis e não estáveis.
4. O PADM deve proporcionar condições para o exercício do contraditório e da ampla
defesa, devendo ser citado pessoalmente o Militar e o advogado (pode ser cientificado
eletronicamente, se sido constituído nos autos).
5. A instauração do PADM deve ocorrer sempre que existirem indícios suficientes da
transgressão disciplinar e da sua autoria. Caso não se tenham indícios suficientes ou
comprovação da autoria, deve ser instaurada sindicância ou inquérito militar para
apuração.
6. Cabe PADM com fins de licenciamento a bem da disciplina à praça não estável que
cometer transgressão disciplinar passível de sanção de natureza expulsória, uma vez que
o PADM pode ser utilizado para responsabilizar o mesmo em quaisquer hipóteses,
inclusive visando à aplicação de pena disciplinar de natureza expulsória, consistente no
licenciamento a bem da disciplina, conforme dispõe o Art. 9º, inciso V, do RDBM.
7. Cabe destacar que quando se tratar de cometimento de transgressão disciplinar
passível de sanção de natureza expulsória que tiver como autor militar estável, deve ser
instaurado o devido Conselho de Disciplina, para a praça estável ou aluno oficial, conforme
dispõe o Decreto Federal nº 71.500/72, ou o devido Conselho de Justificação, na hipótese
de o autor ser oficial, conforme dispõe a Lei Federal nº 5.836/72.

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2) DA ABRANGÊNCIA DE APLICAÇÃO DO RDBM

1. Finalidade especificar e classificar as transgressões disciplinares e estabelecer


normas relativas às punições disciplinares, aos recursos e ao comportamento do Militar.
O RDBM estabelece o regime disciplinar a que estão submetidos os integrantes da Brigada
E do Corpo de Bombeiros do RS.
2. O RDBM é aplicado aos Bombeiros Militares ativos e alunos matriculados em órgão
de formação de Bombeiro Militar (art. 2º, caput, RDBM), de acordo com o art. 3º, §1º, I,
da Lei complementar nº 10.990/1997 os Militares na ativa são os seguintes:
a) os servidores MILITARES DE CARREIRA;
b) os servidores MILITARES TEMPORÁRIOS;
c) os componentes da RESERVA REMUNERADA, quando CONVOCADOS;
d) os ALUNOS de órgãos de FORMAÇÃO de servidor militar da ativa.

3) DA COMPETÊNCIA

1. A competência disciplinar é inerente ao cargo, posto, sendo que as autoridades


competentes para instaurar o PADM estão previstas no art. 20 do RDBM, e na Portaria nº
001/Cor-G/2017.
2. As autoridades competentes para instaurar o PADM são as seguintes:
a) O Governador do Estado;
b) O Chefe da Casa Militar aos que estiverem sob suas ordens;
c) O Comandante-Geral e o Subcomandante-Geral do CBMRS a todos os Militares
Estaduais sujeitos ao RDBM, exceto o Chefe da Casa Militar e àqueles que servirem sob
as ordens deste;
d) O Chefe do Estado-Maior aos que estiverem sob suas ordens;
e) O Corregedor-Geral aos Militares do CBMRS, conforme Portaria nº 001/Cor- G/2017;
f) Os Comandantes dos Batalhões de Bombeiro Militar e os Diretores aos que estiverem
sob suas ordens ou integrantes das OBM subordinadas;
g) Os Comandantes e Subcomandantes de órgãos de Bombeiro Militar, os Chefes de
Assessorias, Seção, Centros e Divisões, e os Comandantes de Subunidades aos que
estiverem sob seu comando, chefia ou direção;
h) Os Comandantes de Pelotões Destacados, aos que servirem sob suas ordens.
3. A competência é conferida em razão do cargo e não do grau hierárquico, de modo
que a instauração deve ser realizada pela autoridade na qual o Militar Estadual esteja
subordinado funcionalmente ou pelas autoridades que tem competência para instaurar
PADM sobre todos os Militares Estaduais pertencentes ao CBMRS.
4. Incluem-se os Comandantes de Pelotões Destacados como autoridades
competentes para exercer a função de autoridade instauradora e encarregado de PADM
com base no inciso VII do Art. 20 do RDBM. Ademais, caso seja desempenhada referida
função por um Graduado, o mesmo será autoridade competente para instauração,
62
procedimento e julgamento do PADM, tendo em vista que a competência disciplinar neste
caso é inerente à função desempenhada pelo militar, conforme dispõe o Art. 19 c/c o
Art.29 do RDBM.
5. O Comandante de Pelotão não poderá aplicar a primeira punição de detenção com
prejuízo do serviço ou prisão. Tratam-se de sanções de competência privativa das
autoridades elencadas no inciso I ao VI do Art. 20 do RDBM, conforme podemos observar
no Art. 37, § 3º do RDBM.
6. O processo será instaurado preferencialmente pela autoridade de menor nível
hierárquico com ascendência sobre o acusado, com o intuito de se evitar a supressão de
instância administrativa. Caso seja necessário, a autoridade de nível superior competente
poderá instaurar o PADM nas seguintes hipóteses:
a) Para garantir a unidade processual, no caso de haver vários envolvidos na transgressão
disciplinar, devendo o PADM ser instaurado por uma só autoridade que tenha ascendência
funcional sobre todos;
b) Por avocação da Corregedoria-Geral;
c) Por determinação do Comandante-Geral;
d) Quando houver impedimento ou suspeição da autoridade de menor nível hierárquico.

7. Caso o militar acusado seja transferido para outra OBM durante o trâmite
processual, antes da publicação da solução em boletim, a competência para solucionar
será da autoridade com competência funcional sobre o militar após a transferência,
visando a garantir a ampla defesa e o contraditório ao Militar acusado.
8. O encarregado deve terminar os atos incumbidos a ele mesmo com a transferência
do Militar, devendo remeter a autoridade instauradora o PADM e após a autoridade
remeterá o PADM a autoridade com competência funcional sobre o militar para solução.
9. Caso o justificante seja transferido após a publicação da solução em boletim
geral/interno, a competência para apreciar o recurso de reconsideração de ato será da
autoridade que possui competência funcional na atualidade sobre o militar.
10. A Corregedoria-Geral deve ser informada do encaminhamento do PADM a outro
OBM.

4) DA PARTE DISCIPLINAR

1. Deverá conter: o fato, o dia do fato, a hora aproximada, as testemunhas e a


identificação do militar transgressor, devendo atender aos critérios gerais de elaboração
de qualquer documento oficial, independentemente do assunto sobre o qual verse, quais
sejam: clareza, precisão, concisão e impessoalidade.
2. Destaca-se que uma criteriosa elaboração da parte disciplinar é fundamental para
o desenvolvimento eficiente e célere do PADM, uma vez que quanto mais informações
precisas ficarem consignadas no âmbito de uma investigação preliminar realizada no
momento da ocorrência do fato, maior eficácia terá a investigação subsequente,

63
colaborando assim para o esclarecimento adequado dos fatos na busca da verdade real
processual.
3. A apresentação de parte disciplinar constitui um dever daquele que venha a tomar
conhecimento de qualquer fato contrário à disciplina, devendo ser dirigida à autoridade
hierárquica imediatamente superior ao comunicante e, quando feita verbalmente, deve ser
firmada por escrito, no máximo em dois dias úteis após essa verbalização. Dessa forma, a
regra, portanto, é de que a parte disciplinar, para atingir sua finalidade, seja apresentada
por escrito, conforme dispõe o art. 26 e art. 27 do RDBM.

5) DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL

1. Quando o Militar acusado(a) estiver em gozo de licença para tratamento de saúde (LTS)
antes de instaurado ou no decorrer do PADM, deve-se observar o teor da Súmula nº 007/Cor-
G/2019, encaminhando o Militar Estadual a Junta Militar de Saúde, formulando quesitos para
que se verifique a capacidade de responder pelos seus atos perante o processo a ser
instaurado, conforme modelo de quesitos à Junta Militar de Saúde.
2. No curso do processo, pode ocorrer dúvida sobre a integridade mental do acusado,
dessa forma cabe também a apresentação do acusado a Junta Militar de Saúde.
3. No momento da formulação dos quesitos, a defesa deverá ser cientificada para exercer
o contraditório e ampla defesa, formulando seus próprios quesitos caso entenda necessário.
4. Sendo constatada a incapacidade do militar de responder por seus atos, deverá ser
nomeado curador, a fim de que se torne possível dar prosseguimento ao processo, de forma
oportuna e adequada ao devido processo legal (Súmula nº 11 da Brigada Militar).

6) DA CIENTIFICAÇÃO DO MILITAR E DO ADVOGADO

1. A comunicação dos atos processuais ao advogado poderá ser realizada por qualquer
meio escrito, inclusive na forma eletrônica, desde que se assegure a comprovação da sua
ciência, observando-se o disto na Portaria nº 034/Comando-Geral/Cor-G/2020, publicada no
boletim geral nº 034, de 20 de agosto de 2020.
2. Caso não conste a autorização para ciência do advogado de forma eletronicamente na
procuração, o encarregado poderá questionar o advogado na audiência de instrução quanto
a possibilidade de receber notificações na forma eletrônica ou, após a entrega dos autos a
autoridade instauradora, o militar da seção de correição pode entrar em contato por telefone
com o advogado com o intuito de informar sobre a possibilidade de cientificação por
mensagem eletrônica, devendo constar nos autos referido questionamento.
3. A mensagem eletrônica com a solução deverá ser encaminhada pelas seções de
correição ao e-mail do advogado no horário de expediente administrativo de cada OBM, após
a publicação do boletim que constou a solução do PADM, conforme orientações na intranet
do CBMRS na página da Corregedoria-Geral. Deve-se informar no e-mail encaminhado que a
solução encaminhada possui senha, a qual será encaminhada após a confirmação de
recebimento do e-mail.
4. A senha de abertura do arquivo encaminhado ao advogado será definida pela seção
de correição, devendo ser personalizada para cada documento.

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5. Os recursos podem ser entregues na forma física ou remetidos eletronicamente ao e-
mail setorial da seção de correição que tramita o PADM, neste último caso quando constituída
defesa nos autos, devendo a seção de correição confirmar o recebimento do e-mail e informar
a Corregedoria-Geral da interposição do recurso.
6. Ressalta-se que a ciência do Militar deve ser realizada na forma presencial, tanto para
a audiência de justificação quanto para a solução do PADM e solução de recursos, após a
publicação do boletim que constou a solução.
7. O prazo recursal, conta-se a partir da ciência que for realizada por último, seja do(a)
justificante seja do advogado constituído.
8. Cumprida a cientificação, deverá o Militar da seção de correição certificar a realização
do ato, consignando nos autos do PADM o referido procedimento.

7) DO PROCESSO:

1. Da sequência de atos do Processo Administrativo Disciplinar Militar (PADM)


a) O PADM surge com a prática de uma infração disciplinar noticiada à autoridade
competente para o exercício do poder disciplinar, a qual deve investigar acerca da
procedência dessa notícia.
b) Com a instauração do PADM e sendo exercido o direito ao contraditório e ampla
defesa ao acusado, a autoridade instauradora julgará os fatos, ponderando todo o
conjunto argumentativo e probatório produzido, lançando uma decisão terminativa, da
qual caberá recurso, até que se torne definitiva.
c) O PADM no âmbito do CBMRS ocorrerá, preferencialmente, na seguinte ordem:
1ª Solicitação de número de Portaria de PADM da autoridade instauradora ao Setor
de Correição, contendo o nome do encarregado, do acusado, síntese do fato e
enquadramento disciplinar; (autoridade instauradora).
2ª Instauração do PADM pela autoridade instauradora, após o recebimento da
Portaria, a qual fará a confecção da Portaria do PADM, e da Notificação Disciplinar,
documentos entregues ao encarregado do PADM (autoridade instauradora).
3ª Entrega da Portaria do PADM, Notificação Disciplinar e documentos anexos ao
Encarregado do PADM a fim de que o mesmo proceda os atos de cientificação e Audiência
de Justificação; (autoridade instauradora)
4ª Cientificação e colher assinatura do Militar acusado na Notificação Disciplinar
(Encarregado);
5ª Realização da Audiência de Justificação (Encarregado);
6ª Realização da Oitiva de testemunhas de defesa, caso solicitado (Encarregado);
7ª Confecção do Termo de Juntada dos documentos (Encarregado);
8ª Elaboração e remessa do Termo de Restituição com os autos do PADM à
Autoridade Competente (Encarregado);
9ª Confecção da Solução do PADM (Autoridade Instauradora);
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10ª Publicação em Boletim da solução do PADM;
11ª Cientificação do(a) militar justificante, e o seu procurador constituído (Seção de
Correição);
12ª Se o militar justificante não interpor recurso, lavrar e publicar Certidão de
esgotamento de instância administrativa, bem como diligenciar no sentido de providenciar
o cumprimento de punição do militar justificante, inclusive realizando a publicação do ato
em boletim interno e ou geral (Seção de Correição);
13ª Se o militar justificante interpor Recurso de Queixa, a seção de Correição do OBM
deverá remeter os autos do PADM para a autoridade de nível superior competente para
análise do recurso (Seção de Correição);
14ª Realizar análise e confecção da Solução do Recurso de Queixa (Autoridade com
ascendência hierárquica em relação a autoridade instauradora);
15ª Publicação em boletim da Solução do Recurso de Queixa;
16ª Elaboração e remessa dos autos do PADM ao OBM para fins de cientificação do
militar justificante acerca da Solução do PADM, bem como seu procurador constituído;
17ª Cientificar o militar justificante acerca da solução do recurso de queixa, bem como
seu procurador constituído (Seção de Correição);
18ª Lavrar e publicar Certidão de esgotamento de instância administrativa (Seção de Correição);
19ª Providenciar o Cumprimento de Punição por parte do militar justificante, inclusive
realizando a publicação do ato em boletim (Seção de Correição);
20ª Publicação em boletim da Certidão de esgotamento de instância administrativa e
do Cumprimento de Punição.

2. Dos autos
a) As folhas do processo serão numeradas em ordem crescente com algarismos arábicos
de acordo com a ordem cronológica de anexação aos autos, sendo rubricadas pelo
encarregado no canto superior direito (quando numerada a frente da página) a partir do
termo de abertura, que constituirá a folha nº 2, não sendo numerada a capa.
b) Como regra, o verso da folha não será numerado. Entretanto, quando necessária a sua
identificação terá como referência a letra "v", da palavra verso, a qual deve ser escrita no
canto superior esquerdo. Exemplo: fl. 02v.
c) Os autos serão organizados por volumes.
c.1) Os volumes terão um termo de abertura e um termo de encerramento, exceto o
primeiro, que terá termo de abertura e o último que terá um termo de restituição.
c.2) Cada volume conterá aproximadamente 200 (duzentas) páginas, mantendo a
integridade do conteúdo de determinada peça no mesmo volume.
d) O PADM deve ser realizado em uma única via na forma física, devendo constar em
anexo mídia eletrônica com digitalização completa dos autos para disponibilização a parte
acusada e seu advogado.
e) A solução do PADM, solução de recurso e a certidão de esgotamento de instância
administrativa devem ser encaminhadas na forma digital para a Corregedoria-Geral, com
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o número do boletim e data em que foi publicado, com o intuito de atualizar planilha de
controle de PADM.

3. Dos deveres do encarregado


a) Elaborar a capa do PADM;
b) Notificar pessoalmente o acusado, entregando uma via da notificação disciplinar
com data para audiência de justificação, a qual deve ser realizada no prazo mínimo de 3
(três) dias úteis contados da notificação formal do acusado.
c) Designar escrivão, caso entenda necessário, para a audiência de justificação,
devendo ser realizada a nomeação em boletim, recaindo sobre 1º Tenente se o acusado
for Oficial e Sargento nos demais casos. pós a publicação da designação, o escrivão
prestará compromisso de manter o sigilo do PADM e de cumprir fielmente as
determinações pertinentes ao exercício da função.
d) Ter, sob sua responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de sua guarda,
exceto para devolução à autoridade instauradora e para consulta do acusado e/ou
defensor dos autos do PADM, podendo ser fornecida cópia digitalizada dos autos;
e) Elaborar termos de oitivas de defesa;
f) Determinar a realização de provas e exames periciais que julgar necessários ou
quando solicitados;
g) O encarregado pode limitar ou excluir as provas e testemunhas que considerar
excessivas, impertinentes ou protelatórias (art. 31, parágrafo único, do RDBM);
h) Solicitar e juntar aos autos a declaração de classificação comportamental do Militar
acusado;
i) Numerar as folhas do PADM;
j) Elaborar termo de Restituição.

4. Da instauração
a) A instauração do processo dar-se-á pela autoridade com atribuição disciplinar,
consoante o disposto no Art.20 do RDBM.
b) O PADM será instaurado de ofício ou por determinação de autoridade superior,
devendo ser instaurado por meio de Portaria com numeração controlada pela
Corregedoria- Geral do CBMRS.
c) Para o controle de procedimentos instaurados, a autoridade competente para
instaurar o PADM, através da seção de Correição, deve solicitar número de Portaria através
de sistema eletrônico, seguindo orientações da Corregedoria-Geral do CBMRS;
e) Após o fornecimento de número de Portaria para instauração do PADM, a
autoridade instauradora deve redigir a Portaria com a nomeação do encarregado.
f) Além da Portaria, a autoridade que instaurou o PADM deverá redigir a notificação
disciplinar, a qual deve constar as seguintes informações:

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f.1) nome do encarregado do PADM, caso tenha sido delegada referida função pela
autoridade instauradora;
f.2) nome do acusado com número da id funcional;
f,3) descrição da conduta infracional;
f.4) capitulação do regulamento disciplinar;
f.5) natureza da falta;
f.6) testemunhas da acusação e documentos utilizados para a instauração da PADM;
f.7) Deverá ser deixada lacuna na notificação disciplinar para que o encarregado
preencha a data e o horário da audiência de justificação;

5. Da entrega do PADM ao encarregado


a) O encarregado do PADM deve ser militar da ativa (oficial ou graduado na função de
comandante de pelotão destacado) que tenha precedência hierárquica sobre o acusado,
conforme art. 29, parágrafo único, do RDBM.
b) A nomeação de 1º Tenente do Programa Mais Efetivo (PME), como encarregado de
PADM, independe do Curso Básico de Administração Bombeiro Militar.
c) O encarregado pode ser substituído pela autoridade instauradora caso esta tenha
motivo relevante.
d) Não pode fazer parte do PADM o encarregado que se enquadrar nos seguintes
casos: Militar mais moderno que o acusado; Militar que formulou a acusação que se fundou
a instauração do PADM; Inimigo ou amigo íntimo da vítima ou do acusado; Cônjuge ou
companheiro, parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, do acusado ou da vítima.
e) Após receber a Portaria, a Notificação Disciplinar e os demais documentos, o
encarregado deve dar seguimento ao PADM.
f) O encarregado deve sempre, sob pena de responsabilidade disciplinar, pautar sua
conduta de forma proativa e eficiente, buscando por meio de todos os recursos
disponíveis elucidar os fatos, fornecendo ao final do PADM o máximo de informações que
possibilite a autoridade instauradora a decisão mais justa.
g) O encarregado deve documentar todos os procedimentos realizados, devendo ser
realizado o PADM em uma única via com todas as folhas numeradas e rubricadas em seu
canto superior direito.
h) Se, no transcorrer do processo, o encarregado averiguar a existência de outra
infração disciplinar, diversa da que lhe foi determinado apurar, imputável ao acusado,
deverá informar, obrigatoriamente, este fato, à autoridade instauradora que poderá tomar
uma das seguintes providências:
h.1) Aditar a portaria inicial, atribuindo competência ao (à) encarregado(a) para
investigar igualmente esta outra infração disciplinar imputada ao(à) acusado(a); ou
h.2) Editar nova portaria, designando outro(a) encarregado(a) para apurar esta outra
transgressão disciplinar imputada.

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6. Da audiência de justificação
a) O acusado que, regularmente citado, não comparecer a audiência de justificação, sem
motivo justificado, será considerado revel, sendo decretada a revelia pelo encarregado
nos autos do PADM.
b) O acusado, declarado revel, caso compareça mais tarde, será qualificado e
interrogado sem poder opor impedimentos e requerer repetição de qualquer ato já
praticado durante a instrução.
c) O comparecimento do acusado aos atos procedimentais do PADM, exceto aqueles
em que sua presença é facultativa, é considerado ato de serviço, cuja falta sem motivo
justo implicará em sanção disciplinar pela autoridade competente.
d) A confissão da transgressão pelo acusado deverá ser apresentada por escrito ou
mediante declaração reduzida a termo, neste caso, em presença de 02 (duas) testemunhas
ou de seu defensor, conforme Anexo II, item 11, letra “m”, do RDBM.
e) Antes do início da audiência de justificação, o escrivão deverá oportunizar ao acusado
a leitura da portaria e demais documentos que deram origem ao PADM;
f) O termo da audiência de justificação, ao final, após ser redigido e lido, deverá ser
assinado e rubricado por todos que participaram da audiência.
g) O acusado deve comparecer a audiência de justificação com as suas testemunhas,
sendo no máximo de 6 (seis) testemunhas por fato, podendo ocorrer a oitiva por
precatória, conforme art. 359 do CPPM. Na impossibilidade de comparecimento das
testemunhas, deve ser agendada data para a sua inquirição.
h) Após a finalização da audiência de justificação e não sendo necessária a oitiva de
outras testemunhas, prova pericial e demais documentos, os autos serão conclusos à
autoridade competente para a solução do PADM.
i) A audiência de justificação pode ser realizada via sistema audiovisual, desde que o
ato seja todo gravado e anexado aos autos em mídia eletrônica, devendo ser
confeccionado o termo de audiência, no qual deve constar o dia, o local e a hora de início
e término do ato.
Salienta-se que o termo de audiência deverá ser remetido eletronicamente ao militar
acusado que assinará e restituirá ao militar encarregado, o qual deve assinar e juntar aos
autos.

7. Da solução da autoridade instauradora


a) Recebidos os autos do PADM, a autoridade instauradora publicará nota com o
recebimento dos autos a qual deverá ser publicada em boletim e expedirá a solução do
processo.
b) Ao final da solução, a autoridade instauradora determinará:
b.1) O arquivamento do PADM, se considerar procedente as alegações de defesa do
acusado;
b.2) A aplicação de pena disciplinar, se considerar culpado o acusado, neste caso, deverá
subsequentemente realizar o enquadramento da conduta do militar no Regulamento
Disciplinar, o qual deverá conter: indicação da infração incorrida e sua natureza, punição
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disciplinar, circunstâncias agravantes e atenuantes, degradação ou permanência de
comportamento, etc.
b.3) A abertura de Inquérito Policial Militar, se constatado indícios de crime militar;
b.4) Encaminhar via ofício cópia do PADM à Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul,
no caso de constatação de indícios de crime comum ou contravenção penal;
b.5) O encaminhamento de cópia do PADM ao órgão competente para acionamento dos
meios legais, em se havendo a necessidade de reparação de danos causados à
Administração Pública.
b.6) Cientificação do acusado e do defensor constituído.
b.7) Envio de cópia da solução com o respectivo número de publicação em boletim para
a Corregedoria-Geral.
c) Na solução, a autoridade instauradora não poderá deixar de expor sua decisão de forma
clara e objetiva sobre as responsabilidades envolvidas no processo.

8. Do recurso
a) O Recurso disciplinar é o meio hábil para propiciar ao(à) militar o exame de decisão
interna pela própria Administração, por razões de mérito e legalidade.
b) O justificante será formalmente comunicado da solução, para que possa impetrar o
recurso disciplinar cabível, obedecendo o trâmite e os prazos regulamentares para
recursos.
c) São cabíveis, conforme art. 47 do RDBM, a partir do conhecimento da decisão da
autoridade delegante, os seguintes recursos disciplinares: RECONSIDERAÇÃO DE ATO,
QUEIXA E REPRESENTAÇÃO.
d) Os prazos para a interposição dos recursos disciplinares de reconsideração de ato e
de queixa são de 3(três) dias úteis a contar da cientificação do militar justificante.
e) O recurso de reconsideração de ato é interposto à autoridade que praticou, ou aprovou,
o ato disciplinar, com a finalidade de que o reexamine.
f) A competência para apreciar o recurso de reconsideração é da autoridade que na
atualidade detém o poder disciplinar sobre o Militar Estadual.
g) Punição aplicada pelo Comandante-geral do CBMRS o recurso de reconsideração de
ato é o único recurso cabível.
h) O pressuposto básico autorizador da queixa é a denegação do pedido de
reconsideração de ato interposto pelo recorrente em relação ao ato punitivo, de modo
que se o punido não interpuser o recurso de reconsideração não poderá beneficiar-se do
recurso de queixa.
i) A representação é o recurso disciplinar interposto por autoridade que julgue
subordinado seu ser vítima de injustiça, ilegalidade, arbitrariedade, abuso de autoridade
ou prejudicado em seus direitos por ato de autoridade superior hierárquico.
j) A autoridade representante terá o prazo de 3 (três) dias úteis contados a partir do dia
imediato ao que tomar conhecimento, oficialmente, da publicação da decisão da
autoridade em boletim interno ou geral, para requerer a representação contra o ato
julgado injusto.
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k) A autoridade competente para a apreciação do recurso de representação é, assim como
na queixa, a autoridade imediatamente superior àquela que praticou o ato disciplinar, uma
vez que a solução do recurso implica também em dirimir um conflito de opiniões entre
autoridades subordinadas.
l) A decisão do recurso não pode agravar a punição da parte recorrente.
m) A efetivação da sanção disciplinar só deverá ser aplicada após esgotamento da
instância administrativa.

9. Do esgotamento da instância administrativa


a) Ficará a cargo da autoridade instauradora, através da seção de correição, confeccionar
certidão de esgotamento da instância administrativa depois de transcorrida a fase recursal.
b) A certidão de esgotamento da instância administrativa deve ser publicada em boletim
geral, interno ou reservado para o devido registro nos assentamentos do(a) militar.

8) PRAZOS E PRESCRIÇÃO

1. Todo o prazo da parte justificante terá início no primeiro dia útil após a cientificação, tendo
em vista que o computo dos prazos exclui o dia do começo e inclui o do vencimento, sendo
contado somente em dias úteis.
2. Não basta a publicação em boletim geral, interno ou reservado, deverá ser assegurada a
cientificação do acusado e de sua defesa técnica, caso tenha constituído nos autos.
3. Após instaurada a portaria e nomeado o encarregado, este tem que notificar o acusado do
procedimento instaurado com a entrega da notificação disciplinar, devendo constar a data da
audiência de justificação, a qual deve ser realizada no prazo mínimo de 3 (três) dias úteis da
referida notificação.
4. A autoridade instauradora tem o prazo de 60 dias, após a instauração do PADM, para a
conclusão do PADM, admitida sua prorrogação por igual período em circunstâncias de cunho
excepcional (art. 159 da Lei nº 10.990/97 e no art. 212 da Lei 10.098/94).
5. Ocorrendo situação excepcional que justifique a prorrogação de prazo, deverá o Encarregado
do PADM realizar a devida solicitação de prorrogação para a Autoridade Instauradora,
acompanhada de breve justificativa (indicação do que já foi feito e do que está pendente de se
fazer). Recomenda-se que tal pedido seja efetuado em até 48 horas de antecedência do
encerramento do prazo originário, a fim de que a autoridade tenha tempo hábil para realizar as
providências cabíveis. Sendo deferida tal solicitação, deverá a autoridade instauradora informar
a Corregedoria-Geral do CBMRS.
6. Quando for imprescindível juntar aos autos laudo pericial, peça técnica ou se deparar com
fato/circunstância que impeça a continuidade dos trabalhos (ex.: férias acusado), poderá,
justificadamente, ser sobrestado o PADM pela autoridade instauradora, começando a fluir o prazo
de onde parou quando cessar o motivo do sobrestamento.
7. O prazo será suspenso por motivo de saúde quando houver laudo da Junta Militar de Saúde
atestando que o acusado encontra-se em situação impeditiva de responder ao processo.

71
8. Havendo a interposição de recurso a autoridade competente terá o prazo de até 8 (oito) dias,
a contar do próximo dia útil da data do recebimento do recurso, para a decidir sobre o recurso
(art. 56 do RDBM).
9. Não há nulidade da solução por conta da inobservância do prazo pela autoridade julgadora
para exarar a competente decisão, não se cogitando a nulidade do procedimento desenvolvido
por não ter, justificadamente, concluído suas atividades no prazo fixado pela Lei, desde que isso
não tenha implicado prejuízo à defesa do Militar envolvido1, uma vez que trata-se de prazo
impróprio.

10. Do prazo prescricional:


a) A prescrição na esfera administrativa começa a fluir a partir do conhecimento formal do ato
tido como transgressional pela autoridade competente com ascendência funcional e competência
disciplinar sobre o Militar Estadual.
b) A legislação que trata do PADM silencia sobre o tema prescricional. Entretanto, o Estatuto dos
Servidores Militares da Brigada e dos Bombeiros Militares do Estado do Rio Grande do Sul (art.
159 da Lei nº 10.990/1997) remete nos casos omissos ao Estatuto dos Servidores Civis do RS
(Lei nº 10.098/1994), devendo ser utilizado o prazo prescricional do art. 197 da Lei nº
10.098/84, até a edição de legislação específica.
c) Nos termos da Lei n.º 10.098/94, ocorre a interrupção do prazo prescricional pela instauração
do PADM, voltando a correr por inteiro após 140 (cento e quarenta) dias, prazo máximo para
conclusão do processo administrativo e imposição de sanção2;
d) A prescrição da ação disciplinar tem início a partir da data em que houver o conhecimento do
fato por autoridade com competência funcional ou após 140 dias da instauração do PADM3.
Devendo-se observar os seguintes prazos:
d.1) Para as infrações puníveis com a pena de detenção a prescrição ocorre em vinte e quatro
meses.
d.2) Infrações puníveis com a pena de repreensão ou advertência a prescrição ocorre em doze
meses.
d.3) Para as infrações puníveis com a pena de Prisão, esta somente pode ser aplicada para
atender determinação judicial.
d.4) Caso a infração disciplinar for também capitulada como crime ou contravenção, o prazo de
prescrição será o mesmo previsto na legislação penal.
e) Ocorre a interrupção e suspensão do prazo prescricional de acordo com legislação em vigor,
devendo tal solicitação ser feita pelo encarregado do processo a autoridade instauradora
f) A interrupção faz com que o prazo comece a correr do zero no momento em que se encerrar
o seu motivo.
g) Como regra a prescrição não pode ser declarada pela autoridade militar instauradora, devendo
ser encaminhado o PADM para análise do escalão imediatamente superior ao seu. Entretanto,
sendo a autoridade instauradora o Comandante-Geral do CBMRS, este deve fazer a análise da
prescrição.

72
9) DA APLICAÇÃO DA SANÇÃO DISCIPLINAR

1. Na aplicação da sanção disciplinar devem ser considerados os motivos, as circunstâncias,


consequências da transgressão, as circunstâncias agravantes e atenuantes.
2. São circunstâncias atenuantes (art. 35 do RDBM): estar classificado, no mínimo, no
comportamento bom; relevância de serviços prestados; ter cometido a transgressão para a
preservação da ordem ou do interesse público; ter admitido, com eficácia para elucidação dos
fatos, o cometimento da transgressão.
3. São circunstâncias agravantes (art. 36 do RDBM): estar classificado no comportamento
insuficiente ou no comportamento mau; prática simultânea ou conexão de duas ou mais
transgressões; reincidência; conluio de duas ou mais pessoas; falta praticada com abuso de
autoridade; ter sido cometida a transgressão: em presença de subordinado; durante a execução
de serviço; com premeditação; em presença de tropa; em presença de público.
4. As penas aplicáveis, conforme art. 37 do RDBM, são as seguintes: advertência ou repreensão
para as transgressões classificadas como de natureza leve; de repreensão até dez dias de
detenção com prejuízo do serviço para as transgressões classificadas como de natureza média;
de detenção com prejuízo do serviço, até trinta dias, para as transgressões classificadas como de
natureza grave.
5. Em razão da vigência da Lei nº 13.967, de 26 de dezembro de 2019, que veda as sanções
administrativas disciplinares privativas e restritivas de liberdade, resta prejudicada a execução da
punição de detenção com prejuízo e sem prejuízo ao serviço, devendo remanescer os efeitos da
punição no comportamento do servidor militar.
6. A autoridade que decretar medida de privação de liberdade em desconformidade com as
hipóteses legais pode se enquadrar no crime de abuso de autoridade, conforme art. 5º, caput,
da Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019 (crimes de abuso de autoridade).
7. Salienta-se que a pena de prisão somente ocorre para atender determinação Judicial Militar,
não podendo a autoridade solucionante de PADM punir o Militar com a pena de prisão
administrativa.
8. A aplicação da sanção disciplinar, por maior que tenha sido a falta cometida, deve ser feita
com justiça, serenidade e imparcialidade, a fim de que o transgressor punido fique consciente e
convicto de que a autoridade competente agiu no estrito cumprimento do dever legal e que a
sanção visa o benefício educativo do transgressor e da coletividade.
9. A sanção disciplinar independe de processo civil ou criminal a que se sujeite também o militar
estadual, relacionado ao mesmo fato.
10. As instâncias criminal e administrativa são independentes e podem ser concomitantes, na
ocorrência de transgressão disciplinar residual ou subjacente ao fato.
11. Quando o Militar acusado estiver em gozo de licença para tratamento de saúde (LTS), deve-
se observar o número 3(execução, letra “b” (da aplicação) do item 5 (do incidentemental). o item
“3.” subitem “b.” número “5)” da presente IR.

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10) DO COMPORTAMENTO BOMBEIRO-MILITAR

1. O art. 46 prevê a classificação de comportamento para fins disciplinares e para outros efeitos,
o comportamento bombeiro-militar do Praça, em cinco categorias, conforme podemos observar
abaixo:
a) excepcional, quando no período de setenta e dois meses de efetivo serviço tenha sofrido até
no máximo uma advertência;
b) ótimo, quando no período de quarenta e oito meses tenha sofrido até no máximo uma
repreensão, ou o equivalente;
c) bom, quando no período de vinte e quatro meses tenha sofrido até no máximo uma punição
de detenção, ou o equivalente;
d) insuficiente, quando no período de doze meses tenha sofrido até no máximo uma punição de
detenção com prejuízo do serviço ou o equivalente;
e) mau, quando no período de doze meses tenha sofrido até duas punições de detenção com
prejuízo do serviço ou o equivalente, e mais uma outra punição qualquer.
2. Além disso, a reclassificação do comportamento se dará ex-officio, de acordo com os prazos
estabelecidos no art. 46 do RDBM.
3. Para fins de equivalência acerca da classificação de comportamento, duas advertências
equivalerão a uma repreensão, duas repreensões a uma detenção sem prejuízo do serviço e duas
detenções sem prejuízo do serviço a uma detenção com prejuízo do serviço e a prisão
administrativa, de que trata o art. 13 do RDBM, corresponderá a uma detenção com prejuízo do
serviço.
4. A reclassificação do comportamento do militar terá como base a data em que houver o
esgotamento da instância administrativa, salvo em caso de permanecer integralmente a primeira
decisão, ocasião em que a reclassificação terá como base a respectiva publicação da punição.
5. A reclassificação do comportamento do militar se dará gradativamente e será proporcional à
sanção, tomando como base o comportamento bom e se dará após a decisão definitiva.
6. As punições canceladas ou anuladas não serão consideradas para reclassificação do
comportamento.

11) DO CANCELAMENTO E DA ANULAÇÃO


1. DO CANCELAMENTO
a) O cancelamento de sanção disciplinar consiste na retirada dos registros realizados nos
assentamentos do Militar.
b) O cancelamento será concedido ao Militar que o requerer, satisfeitas as seguintes condições
(art. 61, do RDBM):
b.1) não ser a transgressão objeto do cancelamento, atentatória ao sentimento do dever, à honra
pessoal, ao pundonor militar ou ao decoro da classe;
b.2) ter o requerente bons serviços prestados e comprovados pela análise de suas alterações;
b.3) ter o requerente parecer favorável de seu Comandante;

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b.4) ter o requerente completado, sem qualquer outra punição superveniente:
b.4.1) seis anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de detenção com prejuízo do
serviço ou prisão;
b.4.2) quatro anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de detenção sem prejuízo
do serviço;
b.4.3) dois anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de advertência ou repreensão.
c) A eliminação das anotações nos assentamentos e fichas disciplinares se dará de modo que não
seja possível a sua leitura, registrando-se apenas o número e a data do ato administrativo que
formalizou o cancelamento, conforme dispõe o art. 62 do RDBM.
d) A decisão do pedido de cancelamento de punição é de competência das autoridades elencadas
nos incisos I, II, III, IV, V e VII do artigo 20, do RDBM. Destarte, não há previsão regulamentar
para as autoridades do inciso VI cancelarem punições que deverão processar o requerimento
emitindo parecer e encaminhando a autoridade superior competente (art. 64).
e) Os atos administrativos somente podem ser desconstituídos (cancelados/revogados) por
aquela autoridade que lhe deu origem, ou superior a esta.
f) O Comandante-Geral do CBMRS, “ex-officio”, ou mediante requerimento do interessado, após
parecer do Comandante imediato deste, independentemente das condições enunciadas nos
artigos anteriores, poderá cancelar as sanções dos Militares Estaduais que tenham prestado
relevantes serviços e não tenham sofrido qualquer punição nos últimos dois anos (art. 66 RDBM)
g) O efeito do cancelamento é “ex-nunc”, tal seja, a partir da data do ato de cancelamento.
2. DA ANULAÇÃO
a) A anulação de punição consiste em tomar sem efeito sua aplicação, de maneira que sendo essa
oriunda essencialmente de ilegalidade do ato praticado, deve gerar um efeito tal que se tenha o
ato como inexistente, como se o ato não tivesse sido praticado.
b) O efeito da anulação é “ex-tunc”, tal seja, retroativo à data de edição do ato disciplinar
impugnado.
c) Conforme parágrafo 2º do art. 67 do RDBM, a punição poderá ser anulada nos seguintes casos:

c.1) a qualquer tempo autoridades elencadas no artigo 20,I, II e III, deste Regulamento
(Governador, Chefe da Casa Militar, Comandante e subcomandante geral).
c.2) no prazo de CENTO E VINTE DIAS (peremptório) pelas demais autoridades previstas nos
incisos do artigo 20 do RDBM.
d) A anulação da punição importará na eliminação de toda e qualquer anotação ou registro nos
assentamentos do punido relativo à sua aplicação. Logo, pode se dizer que a anulação é o
desfazimento do ato administrativo por razões de injustiça ou ilegalidade devidamente
comprovadas.
12) DAS ESPECIFIDADES DO PADM COM FINS DE LICENCIAMENTO
1. Modalidade de licenciamento aplicada às praças sem estabilidade, podendo ocorrer a qualquer
momento, através de processo administrativo, conforme o disposto no RDBM.

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2. A autoridade instauradora do Processo de Licenciamento a Bem da Disciplina, caso entenda
que é caso de licenciamento, encaminhará os autos, mediante ofício, à Corregedoria-Geral para
envio dos autos ao Comandante-Geral do CBMRS, o qual efetuará análise e julgamento do PADM
de Licenciamento a Bem da Disciplina, conforme Portaria SSP nº 108 de 01 de julho de 2019.
3. Somente o recurso de reconsideração de ato no PADM de Licenciamento a Bem da Disciplina.
4. O licenciando deverá ser notificado, impreterivelmente, com a antecedência mínima de 03
(três) dias úteis, de todos os atos do PADM de Licenciamento a Bem da Disciplina, para que,
possa presenciar.
5. Caso o militar não constitua defesa técnica, o encarregado do PADM deverá questionar o
militar quanto ao seu interesse de constituir ou não advogado e posteriormente fazer constar em
ata da audiência de justificação a referida informação.

6. Caberá ao OBM do Militar:


a) Sendo caso de licenciamento, encaminhar os autos à Corregedoria-Geral;
b) Cientificar o Militar da solução do PADM, para que, apresente sua defesa à decisão.
c) Manter arquivado na forma digital os autos do PADM até o encaminhando da via física
mediante ofício à Corregedoria-Geral;

7. Caberá a Corregedoria-Geral do CBMRS:


a) Receber o expediente oriundo do OBM;
b) Analisar os processos e saneá-los, se necessário;
c) Encaminhar o PADM ao Comandante-Geral para que julgue com objetivo de efetuar o ato de
licenciamento do Militar, publicando sua decisão em boletim geral/interno. Cientificar o militar e
o seu procurador para que querendo apresente recurso.
d) Encaminhar o processo saneado ao Departamento Administrativo.

8. Caberá ao Departamento Administrativo:


a) Confeccionar o ato de licenciamento a bem da disciplina para fins de publicação em Diário
Oficial do Estado (DOE);
b) Providenciar os demais atos de sua competência.

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