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RESUMO PROCESSO PENAL

AVALIAÇÃO EM 06/11/2023

✅ Formas de conhecimento do crime - A forma como será instaurado o inquérito

policial depende da espécie de ação penal cabível ao tipo do crime que deu ensejo ao
caso.
 Ação penal pública:
o Condicionada - Trata-se de ação penal promovida pelo Ministério
Público e prescinde de manifestação de vontade da vitima ou de
terceiros, logo, permite a atuação ex officio pelo parquet (promotor);
o Incondicionada – Na ação penal pública condicionada, o titular também
o Ministério Público, visto que possui caráter público, no entanto, o
legislador inferiu que existem motivos para necessidade de manifestação
de vontade da vítima, visto que se pode interferir em sua vida privada, a
persecução incondicionada dessa natureza de infrações penais. De um
modo geral, esse permissivo da vítima se denomina como.
Os delitos que necessitam de manifestação de vontade da vítima ou
terceiro (representação, em sentido geral) são frutos de opção legislativa,
portanto, para que se observe se diz respeito a crime de ação penal
pública condicionada basta uma disposição que condicione a
procedibilidade da ação penal.

CPPLei 3689/41)

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de


suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não
poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

✅ Princípios Constitucionais e Informadores do processo penal:

 Juiz Natural - determina um órgão julgador, previamente constituído. É consubstanciado na


proibição do Juiz pós-fato (Tribunal ou Juiz de exceção). De forma análoga, temos a
existência do Promotor natural (fiscal da ordem jurídica).
 Vedação a autoincriminação - indiciado/acusado de não produzir provas contra si mesmo,
de modo a permanecer em silêncio ou não colaborar com a formação dos elementos
probatórios que venham a se contrapor com a sua posição enquanto réu. O silêncio não é
um fator que identifica culpa ou inocência. (nemo tenetur se detegere)
 Reconstituição do crime (possibilidade de recusa);
 Direito constitucional de mentir (Exceções: cometimento dos crimes de falsa
identidade – art. 307, CP e denunciação caluniosa – art. 339, CP) e de não
comparecer a atos processuais.
 Previsão do art. 186 do Código de Processo Penal (tanto para o interrogatório
judicial, quanto para o policial).
 O Supremo Tribunal Federal, por intermédio das ADPF’s no. 395 e 444, decidiu
não recepcionar o art. 260 do CPP e a Lei Federal no. 13.869/2019 (Abuso de
autoridade), ou seja, determinou que o ato de condução coercitiva para fins de
interrogatório é incompatível com a CF.

 Contraditório - a garantia que viabiliza a participação no processo, de maneira a viabilizar


iguais oportunidades de contribuição para ambas as partes influirem no convencimento do
julgador. (art. 5o, inciso LV, CF);

 Ampla Defesa - assegura a vulnerabilidade da defesa daquele que está sendo perseguido
criminalmente pelo Estado, ou seja, podendo ser subdividido em: a) Autodefesa ou
permanecer em silêncio); b) Defesa Técnica: (capacidade postulatória) para defender os
interesses do acusado. (Art. 5o, inciso LV, CF). Plenitude da defesa (Tribunal do Júri) – art.
5o, inciso XXXVIII, CF (Plus).

 Paridade de armas - definição do equilíbrio na procedimentalização do processo penal.

 Presunção de inocência ou não culpabilidade - É a fixação da condição jurídica de


inocente para aqueles indiciados/acusados que estejam se submetendo a persecução
criminal. Tão somente, com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é
legítima a atribuição de culpa aquele sujeito que foi condenado, até então, presume-se
inocente (art. 5o, LVII, CF);

 Devido Processo Legal - um processo regular, perante autoridade competente, respeitando-


se o contraditório e a ampla defesa, em face de uma reprimenda severa, a privaç ão da
liberdade. Um processo é um instrumento de garantias em face da possibilidade de excessos
estatais. (art. 5o, inciso LIV, CF);

 Verdade Real (Processual) - O processo penal tem como finalidade, a reconstrução da


verdade, porém, nem sempre, trata-se da exata situação concreta. Exige-se que se dê a
prevalência da verdade debatida por alegações e pelo cenário probatório construído nos
autos do processo. A verdade é construída nos autos do processo;

 Publicidade -Acesso irrestrito, em regra, aos autos. Excepcionalmente, se admite o sigilo se


da divulgação dos fatos incorrer escândalo ou perigo da perturbação da ordem. (art.5o,
inciso LX, CF e art. 792, §1o, do CPP);

 Favor Rei - Refere-se ao resguardo do direito de liberdade envolvido, em virtude de


possíveis riscos de uma condenação equivocada. O Estado deve justificar a punição, de
forma contundente. Por sua vez, o individuo não precisa motivar o seu direito de permanecer
livre, pois trata-se de garantia fundamental, que em regra, não deve ser subjugada com um
viés dúbio. Em caso de dúvida, existe o favorecimento legal, no âmbito da prolação da
sentença, para o acusado. (Exemplo: art. 386, inciso VII, do CPP);

 Duplo Grau de Jurisdição - As decisões judiciais sejam submetidas a uma possibilidade de


revisão por outro órgão judicial, geralmente, de caráter hierárquico superior. Por sua vez, é
possível, de acordo com o nosso sistema judicial, a mitigação desse princípio devido a uma
condição subjetiva, como é o caso da prerrogativa de foro;

 Persuasão Racional do Juiz - exige do juiz a livre formação do seu convencimento a partir
elementos da instrução processual, consubstanciando fundamentos próprios e razoáveis;

 Identidade física do juiz - mesmo Juízo que formou convencimento com o cenário
probatório, seja o mesmo que vai concluir o feito, prolatando sentença;

 Imparcialidade do Juiz – Juiz deve ser imparcial. Imparcialidade subjetiva (quanto a sua
condição de sujeito processual) e objetiva (quanto ao objeto);

 Proporcionalidade e Razoabilidade - Proporcionalidade: A representação do procedimento


de aplicação/interpretação da norma, com o fim de concretizar direitos fundamentais. De um
modo formal, o seu ponto de partida está respaldado no princípio da legalidade e, em uma
perspectiva material, trata-se do alcance de uma finalidade, justificada racionalmente.
Necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito.

✅ Prisão em flagrante – Trata-se de segregação processual prevista no art. 5o, inciso


LXI, CF, cuja situação fática implica que houve visualização do autor do delito
cometendo a suposta prática criminosa e o consequente encaminhamento até à
autoridade policial. O art. 302 do Código de Processo Penal estabelece a concepção de
flagrância.

Observações: a) PR da República e Agentes Diplomáticos não podem ser presos em flagrante;


b) Deputados Federais/Senadores, Juízes de Direito, Membros do MP e Advogados, no
exercício da profissão, somente podem ser presos em flagrante por crimes inafiançáveis;
c) O eleitor, nos 5 dias anteriores e nas 48 horas posteriores ao encerramento da eleição,
só pode ser preso em flagrante e os candidatos, nos 15 dias anteriores ao pleito. Os
membros das mesas receptoras e fiscais dos partidos, no dia da eleição.

 Flagrante facultativo e obrigatório (art. 301, CPP) – Obrigatório, autoridade; Facultativo,


qualquer cidadão;

 Flagrante próprio –quando a pessoa é pega no momento em que pratica a infração penal ou
logo após de ter cometido o crime;

 Flagrante impróprio –quando a pessoa é perseguida logo após a ocorrência do crime, em


situação na qual aparente ser a autora do delito;
 Flagrante presumido - nessa hipótese a pessoa é encontrada logo depois do crime, portando
instrumentos, armas ou ferramentas que demonstrem ser a possível autora da infração penal;

 Flagrante provocado - quando alguém induz um terceiro a praticar o crime para surpreendê-lo
na prática deste;

 Flagrante esperado – hipótese em que, após o recebimento de uma denúncia anônima, os


policiais se posicionam de forma a observar se o crime efetivamente ocorrerá. Neste caso, a
autoridade policial espera a ação ilícita para efetuar a prisão;

 Flagrante forjado (foco)- Hipótese em que policiais ou particulares 'criam' provas de um crime
inexistente. Tentam criar falsamente, um lastro probatório fático;

 Flagrante retardado ou ação controlada (foco)- é idealizado para que se promova a captura
em flagrante no momento mais estratégico. Está previsto na Lei de Organizações Criminosas
(basta a comunicação ao juiz), bem como na Lei de Drogas (necessária autorização judicial0;

 Flagrante cataléptico - Aquele que o agente público exige uma vantagem indevida para que se
libere da prisão em flagrante;

✅ Prisão preventiva - Modalidade de prisão processual determinada exclusivamente

por autoridade judiciaria, e desde que presentes os pressupostos dos arts. 312 e 313
do Código de Processo Penal.
 Requisitos:
o Fumus commissi delicti (comprovação da existência de um crime e indícios suficientes
de autoria) e periculum libertatis (risco de manter em liberdade) (pressupostos);
o Medida excepcional, tendo em vista a presunção da inocência;
o Necessidade de análise do caso concreto, visto que o ordenamento jurídico exige
adequação e proporcionalidade e fundamentação suficiente (não pode encampar os
argumentos acusatórios) para o cerceamento da liberdade;
o Decisão interlocutória simples (Cabe RESE e HC);
o STJ (RHC 75.716/MG) – Necessidade de oitiva da defesa, quando não ensejar riscos
para o sucesso;
o Descumprimento de medidas cautelares; Conversão do flagrante e demonstração das
necessidades no curso do processo;
o Garantia da ordem pública e/ou da ordem econômica, conveniência da instrução
criminal, garantia da futura aplicação da lei penal, descumprimento de obrigações
impostas por medidas cautelares aplicadas (fundamentos);
o Crimes dolosos com pena máxima superior a 4 anos; condenação anterior definitiva
por outro crime doloso no prazo de 5 anos da reincidência; crime resultante de violência
doméstica para garantir a execução de medidas protetivas de urgência (condições de
admissibilidade);
o Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou insuficiência de elementos para
esclarecimento;
o Indícios de excludentes de ilicitude e pena diversa do cerceamento de liberdade
(vedação);
o Formalidades do mandado (art. 285, CPP);
o Jurisprudência e a estipulação de prazos, em virtude da impossibilidade de prisão
indeterminada. Excesso de prazo em razão da defesa (Súmula 64/STJ) Entendimento
doutrinário: 120/125 dias;
o Término da instrução ficará superada a alegação de constrangimento ilegal (Súmula
52/STJ);
o Avaliação da razoabilidade e proporcionalidade, caso a caso;
o Prisão preventiva domiciliar (faculdade): arts. 317 e 318, do CPP. Monitoração
eletrônica;
o Lei anticrime: Revisão da prisão preventiva (90 dias), fundamentação idônea da decisão
judicial (art. 315, §2o, CPP) .

✅ Características da jurisdição - Jurisdição Penal trata-se do poder estatal responsável

pela aplicação do direito penal as situações que lhe forem apresentadas como violadoras
de bens jurídicos. Substitutividade, inércia e definitividade.

 Classificação:
a) Quanto à matéria (civil ou penal);
b) Quanto ao objeto (Contencioso ou voluntário);
c) Quanto ao grau de jurisdição (primeiro ou segundo grau);

 Princípios:
a) Do juiz natural – Órgão julgador, previamente constituído Juiz pré-determinado;
b) Da investidura - Necessidade de aprovação em concurso público, nomeação, posse e
exercício para que se efetive a jurisdição (Quinto Constitucional (art. 94, CF));
c) Da indeclinabilidade -Impossibilidade de se dispor de realizar ou da lei afastar a
prestação jurisdicional (art. 5o, inciso XXXV, CF);
d) Da indelegabilidade - Impossibilidade de se delegar a atividade jurisdicional que lhe
foi outorgada. Ver Expedição de carta precatória, rogatória e de ordem;
e) Da improrrogabilidade - Impossibilidade do Juiz invadir área de atuação de outrem,
salvo em hipóteses autorizadas em lei (prorrogação de competência em casos de
conexão);
f) Da inevitabilidade (ou irrecusabilidade) - As partes não podem recusar o juiz que foi
designado ao caso. Ver questões sobre Suspeição, impedimento e incompetência;
g) Da inércia (ou da iniciativa das partes) - O juiz não pode dar início à ação penal. Ver
Art. 156, inciso I e II, CPP.

✅ Legitimidade ativa da ação ex-delict – A legitimidade ativa pertence à vítima, seu

representante legal e os herdeiros (art. 63, CPP). Possibilidade do MP ou advogado


dativo (municípios que não tem Defensoria Pública) promover a ação, em caso de
vítima pobre. Inconstitucionalidade progressiva do art. 134, CF. A legitimidade
passiva pertence ao autor do crime a ao responsável civil (ações de conhecimento).

✅ Sistema de reparação de danos:


 Sistema da confusão - Duas pretensões desenvolvidas em ação única no juízo criminal.
Pedido condenatório (criminal) e reparatório (danos civis)

 Sistema da união - Duas ações, civil e penal, se desenvolvendo em um processo único.


Podendo ser movidas por pessoas distintas, contra responsáveis diversos. São duas
pretensões e dois pedidos, tramitando no mesmo processo.
 Sistema da livre escolha - A parte opta pelo pleito reparatório na esfera cível ou na esfera
penal.

 Sistema da Separação - Era o modelo adotado no Brasil, até o ingresso da Lei Federal no.
9.099/1995 e em função do art. 387, inciso IV, do CPP (2008), visto que ambos mitigaram a
separação de esferas para tratar de cada pedido (reparatório e condenatório).

✅ Questões prejudiciais – Homogêneas (natureza penal) heterogêneas (natureza


extrapenal). As heterogêneas são:

 Absolutas/obrigatórias (obrigam suspensão do processo); e,
 Relativas/facultativas (facultam suspensão do processo)
✅ Exceções dilatórias e peremptórias – Conforme o art. 95 do CPP, as exceções

podem ser relacionadas à suspeição, incompetência do juízo, litispendência,


ilegitimidade de parte e coisa julgada. Importante destacar qual é o momento processual
adequado de alegar alguma exceção.
✅ Juiz prevento – É uma das formas de fixação de competência do juízo. Em linhas

gerais, quando há dois ou mais juízes competentes ou com jurisdição cumulativa, será

prevento o juiz que tiver realizado algum ato do processo antes dos demais juízes.
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, §
3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).

✅ Litispendência - Identidade entre dois processos: No processo civil, dois

processos são idênticos quando possuem o mesmo pedido, as mesmas partes e a


mesma causa de pedir. No processo penal, não. A identidade do processo penal
está no fato e na identidade do acusado .

 Exceção de litispendência. Exceção peremptória: A exceção de litispendência


objetiva extinguir a pretensão punitiva. Por isso, é peremptória. O efeito
peremptório da exceção de litispendência nem sempre se verifica no processo
em que ela é arguida. Pode ocorrer no outro. Ver subtítulo Quem é quem no
título Objeção, exceções dilatórias e peremptórias, em comentários ao artigo
95.

Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa


julgada, será observado, no que lhes for aplicável, o disposto sobre a
exceção de incompetência do juízo.
§ 1o Se a parte houver de opor mais de uma destas exceções, deverá fazê-lo
numa só petição ou articulado.
§ 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao
fato principal, que tiver sido objeto da sentença.

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