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Lorena Ocampos

Juíza do TJDFT
Mestra em Direito
Professora de processo penal
@prof.lorenaocampos
Princípios constitucionais expressos

Presunção de inocência ou estado de inocência ou não culpabilidade (art. 5º, LVII, CF)

Igualdade processual ou paridade de armas (art. 5º, caput, CF)

Ampla defesa (art. 5º, LV, CF)

Plenitude de defesa (art. 5º, XXXVIII, alínea a, CF)

Favor rei – in dubio pro réu (art. 5º, LVII, CF)

Contraditório ou bilateralidade da audiência (art. 5º, LV, CF)

Juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CF)

Publicidade (art. 5º, LX e XXXIII e art. 93, IX, CF)

Vedação das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF)

Economia processual, celeridade processual, duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF)

Devido processo legal (art. 5º, LIV, CF)

Intranscendência ou pessoalidade (art. 5º, XLV, CF)


Princípios constitucionais implícitos no processo penal
Não autoincriminação (Nemo tenetur se detegere)
Iniciativa das partes / correlação entre a acusação e sentença
Duplo grau de jurisdição
Juiz imparcial
Obrigatoriedade da ação penal pública e indisponibilidade da ação penal pública
Oficialidade
Oficiosidade
Autoritariedade
Vedação da dupla punição ou do duplo processo pelo mesmo fato (ne bis in idem)
Não autoincriminação (Nemo tenetur se detegere)
Expressamente previsto no Pacto de São Jose da Costa Rica.
O Estado é infinitamente superior ao réu no processo penal e
assim não necessita da ajuda do próprio réu para a atividade
persecutória, sob pena de se decretar a falência de seus
órgãos.
Veda-se o comportamento proativo do agente.
Não autoincriminação (Nemo tenetur se detegere)

Doutrina majoritária e jurisprudências do STF e STJ:


O acusado não está obrigado a participar de
atividades probatórias que impliquem em
intervenções corporais, como realização de exames
de DNA, grafotécnico e bafômetro.
Comportamento proativo X comportamento passivo
Iniciativa das partes / correlação entre a acusação e sentença
Veda que o juiz inicie a atividade de ofício, exigindo-se para tanto a
iniciativa do titular da ação (art. 26, CPP – tacitamente revogado).
Correlação entre a acusação e a sentença: o fato imputado ao
réu na peça inicial acusatória tem que guardar perfeita
correspondência com o fato reconhecido pelo juiz na sentença.
Se defende dos fatos e não da capitulação.
Emendatio libelli (art. 383, CPP).
Mutatio Libelli (art. 384, CPP).
Duplo grau de jurisdição
Reexame da causa; decorre da própria estrutura do Poder Judiciário; decorre
também da irresignação natural da parte sobre a decisão.
Apesar de não estar assegurado de modo expresso na Constituição
Federal, parte da doutrina entende que o direito ao duplo grau de jurisdição
encontra-se inserido de maneira IMPLÍCITA na garantia do devido processo
legal (CF, art. 5o, inciso LIV) e no direito à ampla defesa (CF, art. 5o, inciso
LV),
Encontra sua garantia absoluta estampada na referida legislação internacional
(como exemplo o art. 8º., n. 2, letra h, da Convenção Interamericana de
Direitos Humanos- Pacto de San José da Costa Rica).
Juiz imparcial
Decorre do princípio do juiz natural
(complementa).
Mesmo o magistrado estando previamente
investido na jurisdição, pode não ser imparcial,
motivo pelo qual - artigos 252, 253 e 254, CPP.
Jurados – interpretação extensiva – art. 3º, CPP e
jurisprudência do STJ.
Suspeição:
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes.
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por
qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Impedimento:
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral
até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral
até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem
entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive.
Obrigatoriedade e indisponibilidade da ação penal púbica
Obrigatoriedade: dever imposto à polícia judiciária e ao Ministério
Público de, respectivamente, investigar e processar crimes (de ação
penal pública).
Condicionada à representação?
Discricionariedade regrada?
Ação penal privada?
Indisponibilidade: não pode desistir – artigos 42 e 576, CPP
Oficialidade
Atividade persecutória é realizada por órgãos oficiais do Estado, não
sendo possível de ser exercida por particulares.

Oficiosidade
As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem
agir, em regra, de ofício, sem necessidade de provocação ou
assentimento de outrem.
E na ação penal pública condicionada à representação? E na ação
penal privada?
Autoritariedade
Os órgãos investigantes e processantes devem ser
autoridades públicas.
Não se aplica à ação penal privada.

Vedação da dupla punição – ne bis in idem


Impede que a pessoa seja processada e condenada duas
vezes pelo mesmo fato. Implica, ainda, na proibição de o
agente ser processado novamente pelo mesmo fato.
Princípios do processo penal propriamente ditos
Busca da verdade real
Oralidade (concentração, imediatidade, identidade física do
juiz)
Indivisibilidade da ação penal privada
Comunhão de provas
Impulso oficial
Livre convencimento motivado
Lealdade processual
Visão clássica:
Verdade real
Prevalece direitos indisponíveis, portanto, há a busca da verdade
real ou material dos fatos, a verdade do mundo real, a verdade
objetiva.
Não é absoluto. Essa busca da verdade no processo penal está
sujeita a algumas restrições, dentre as quais a própria CF/88 diz
que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos (art. 5º, LVI)

*** crítica na doutrina (inatingível)


Oralidade (após lei 11.719/08): toda instrução, em regra, oral;
sentença oral; atos processuais registrados em sistema audiovisual.
Concentração: toda colheita de prova e julgamento, em regra, em
uma audiência.
Imediatidade: magistrado tem contato direto com a colheita da
prova.
Identidade física do juiz: art. 399, § 2º. Quem processou, julga.
Exceções: juiz convocado, licenciado, afastado, promovido ou
aposentado)
Indivisibilidade da ação penal privada (impedir a
vingança privada)

Aplicável apenas na ação penal privada (STF, HC


104356/RJ; STF, HC 178406/RS): o ofendido não pode
escolher contra quem processar para não se tornar uma
vingança privada.
Comunhão de provas
Uma vez produzida, pertence ao juízo e pode ser
utilizada por todas as partes.

Impulso oficial
Uma vez iniciada a ação penal (já que precisa ser
provocado), o juiz tem o dever de promover o seu
andamento até a sua etapa final, de acordo com o
procedimento previsto em lei (art. 251, CPP).
Livre convencimento motivado – persuasão
racional
Dentre os sistemas de avalição de provas existentes,
adota-se o terceiro - o juiz forma o seu convencimento
de forma livre, mas deve fundamentar sua decisão (art.
155, CPP; art. 93, IX, CF)
Exceção: tribunal do júri – intima convicção
Exceção: art. 158, CPP – análise legal/tarifada
Exceções ao princípio da motivação das decisões judiciais (art.
93, IX, CF):
1- Decisões do conselho de sentença no júri (sigilo das votações,
sistema da íntima convicção);
2- Recebimento da denúncia nos procedimentos que não preveem
defesa preliminar (mero "juízo de prelibação", exceção à motivação,
cabível recebimento tácito se o juiz se omitir sobre o
recebimento, mas determinar prosseguimento do feito. STF, AgR no
HC 107066/SP; STJ, Ag no REsp 1450363, 2017);
3- Despachos de mero expediente (não têm cunho decisório).
Lealdade processual
Dever de verdade, vedando-se o emprego de
meios fraudulentos (art. 347, CP – fraude
processual).

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