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Sujeitos do Processo Penal

1. Juiz

O juiz é, sem dúvidas, o sujeito processual mais conhecido, por


conta da grande relevância de sua função no curso do processo.
Ele é o representante do Estado capaz de dizer o direito, ou seja,
de exercer a chamada jurisdição – a aplicação do direito ao caso
concreto, que deve ser realizada de forma imparcial - o poder
estatal de aplicar o direito, ou seja, decidir, em relação a um caso
concreto

De acordo com o Art. 251, cabe ao juiz garantir a legalidade do


processo e manter a ordem durante sua realização, tendo a
possibilidade de solicitar o auxílio da força pública para tal fim.
Estes deveres traduzem 2 princípios:

1) Princípio do impulso oficial - O princípio do impulso oficial está


vinculado à chamada regularidade do processo, ato que estabelece
que o julgador tem o dever de prover tal regularidade de
andamento dos processos penais e de manter a ordem dos atos
processuais. Este princípio está previsto no art. 251 do CPP:
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.

2) Princípio da identidade física do juiz - O princípio da


identidade física do juiz é responsável por garantir que o juiz que
colhe as provas seja o mesmo a proferir a sentença. Note que o
processo possui uma fase de instrução (na qual é realizada a
colheita das provas) antes que o julgamento possa ser proferido. O
princípio em estudo, portanto, garante que o juiz que atuar na
instrução seja responsável por sentenciar, o que garante um maior
domínio do julgador sobre a causa em análise. Este princípio está
previsto expressamente no art. 399, § 2º do CPP:
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.

3) Princípio do Juiz Natural – é um princípio constitucional,


previsto na CF/88, no art. 5º, incs. XXXVII (não haverá juízo ou
tribunal de exceção) e LIII (ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente). Trata-se de um
pressuposto para garantir a independência e a imparcialidade do
órgão julgador. Na verdade, evita que o juiz seja “escolhido” para
julgar determinado processo ou afastado do julgamento de um
feito. Da mesma forma, essa garantia proíbe a criação de tribunais
extraordinários (de exceção) e a transferência do processo para
outro juízo. Institui, ainda, a exigência de que a competência do
juízo seja prévia. Trata-se de uma garantia vinculada ao próprio
devido processo legal, porque a legitimidade do processo
pressupõe que um terceiro imparcial examine as provas.

Para poder exercer a jurisdição, o juiz deve possuir as seguintes


características:

 Capacidade funcional: deve estar no regular exercício do


cargo
 Capacidade processual: deve ser competente para a causa
 Imparcialidade: deve realizar o julgamento de forma isenta,
não sendo influenciado por emoções ou sentimentos
pessoais.

Prerrogativas do Juiz
a) Vitaliciedade: após 2 anos, o magistrado torna-se vitalício no
cargo, só o perdendo em caso de sentença transitada em
julgado.

b) Inamovibilidade: garante ao juiz a permanência no local onde


se encontra classificado, salvo por razões de interesse público,
por meio de decisão por voto da maioria absoluta do Tribunal a
que estiver vinculado, ou do CNJ, assegurada a ampla defesa.

c) Irredutibilidade do subsídio: protege o juiz de perseguições de


ordem financeira por parte de governantes.

O acesso à função da magistratura se dá por concurso público,


para o qual é requisito fundamental ser bacharel em Direito com no
mínimo 3 anos de comprovada prática jurídica. As nomeações
acontecerão na ordem de classificação final do concurso.

Vedações ao Juiz

CF, Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou
função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação
em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração.

Causas de Impedimento do Juiz

Apesar da necessidade de ser imparcial, o juiz não deixa de ser


uma pessoa. Assim, a lei antecipa a proibição de o juiz exercer a
jurisdição em determinados casos, presumindo a possibilidade de
parcialidade. No caso dos impedimentos, tal presunção
é absoluta (jure et jure).

O Art. 252 elenca as hipóteses em que o juiz é impedido de atuar


em um determinado processo, ou seja, os casos em que o juiz não
poderá exercer sua jurisdição. Esta relação de causas do art.252 é
TAXATIVA, isto é, o juiz só será considerado impedido nos casos
previstos no art.252, sem possibilidade de incluir outros motivos,
quaisquer que sejam. Assim, o magistrado não poderá exercer a
jurisdição nos processos em que:

1) teve o cônjuge, parente consanguíneo ou afim até o terceiro


grau, inclusive, trabalhando como defensor, advogado, órgão
do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou
perito;

2) ele mesmo atuou em alguma dessas funções ou atuou como


testemunha

3) desempenhou papel de juiz em outra instância e se pronunciou


sobre a questão (de fato ou de direito)

4) ele mesmo ou seu cônjuge, parente consanguíneo ou afim na


linha reta ou colateral até o terceiro grau, incluindo, são partes
diretamente interessadas no processo.

TOME NOTA
Nas 4 situações acima, a lei entende que existe vedação
ABSOLUTA para o juiz exercer a jurisdição, não importando
se o juiz se sente ou não impedido de atuar – não poderá
fazê-lo, nem se quiser.

Regra Complementar:

Em 1ª instância (as Varas das Comarcas), o juiz emite a sentença


sozinho. Porém em 2ª instância (nos Tribunais, quando houver
agravos ou apelação) ou nos Tribunais Superiores (STJ e STF), os
processos são julgados por TURMAS ou em PLENÁRIO, que nada
mais são do que juízos coletivos, compostos por 3 ou mais
magistrados, chamados desembargadores ou ministros, a
depender do tribunal. Para estes juízos coletivos também há uma
regra de impedimento, prevista no art. 253 do CPP:
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes
que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive.

TOME NOTA
Em processos coletivos, juízes que são parentes,
consanguíneos ou afins uns dos outros na linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, não podem atuar
juntos.

Parentesco:

Causas de Suspeição do Juiz

O Código de Processo Penal também elenca as hipóteses em que


o juiz deverá indicar sua suspeição, sob pena de as partes
arguirem a “exceção de suspeição” e recusá-lo no processo, caso
ele não o faça. Ao contrário do impedimento, a suspeição é
RELATIVA, Vamos ver quais são:

1) amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes


2) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia

3) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o


terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a
processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;

4) ter aconselhado qualquer das partes

5) ser credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;

6) ser sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada


no processo

Cabe ressaltar que se a parte injuriar o juiz ou der motivo para criá-
la propositalmente, a suspeição não poderá ser declarada nem
reconhecida.

TOME NOTA
Finalmente, devemos ressaltar que o impedimento ou
suspeição causada por parentesco por afinidade será
encerrado com o término do casamento que o
originou, exceto se houver descendentes. No entanto,
mesmo que o casamento tenha terminado sem
descendentes, o sogro, padrasto, cunhado, genro ou
enteado de uma das partes não pode atuar como juiz no
processo. (...sogra é para sempre...)

Presunção Absoluta x Presunção Relativa

A presunção absoluta, também conhecida como presunção juris et


de jure, caracteriza-se pela impossibilidade de prova em
contrário. Como exemplo disso, em direito penal, tem-se a
imputabilidade dos menores de 18 anos, pois presume-se de forma
absoluta que os mesmos não possuem condições de entender o
caráter ilícito dos fatos e de se determinarem de acordo com tal
entendimento.
A presunção relativa, por sua vez, tem como consequência
a inversão do ônus da prova, ou seja, quem está sofrendo a
imputação do fato é que vai ter que demonstrar que quem acusa
está errado.

As hipóteses de impedimento do juiz (art. 252) são TAXATIVAS –


de modo que não podem ser arguidas outras causas de
impedimento não previstas em lei.

As hipóteses de suspeição do juiz (art. 254), por sua vez, NÃO


SÃO TAXATIVAS.

Atos processuais praticados por juiz impedido são eivados de


nulidade ABSOLUTA.

Atos processuais praticados por juiz suspeito são eivados de


nulidade RELATIVA!

2. Ministério Público

A CF/88 estabelece as funções do Ministério Público no art. 127:


Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional.

O primeiro ponto observado (a UNIDADE) tem uma consequência


prática: como o MP é uma instituição una, seus membros têm a
prerrogativa de substituir uns aos outros quando necessário.

O segundo ponto, a INDIVISIBILIDADE, denota que os membros


do MP atuam em nome da instituição a que pertencem. A
consequência prática dessa prerrogativa, por sua vez, é o
impedimento de que dois membros do MP atuem, em um mesmo
processo, fazendo a mesma coisa.

O terceiro ponto, que é sem dúvidas o mais cobrado em provas e


também a característica mais marcante do MP, é a
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL. Sua consequência prática é a de
garantir aos promotores e procuradores que atuem sem
determinações de qualquer tipo sobre suas decisões. O membro do
MP presta contas apenas à ordem jurídica instituída no país, e tem
independência para atuar da forma que entender mais correta,
desde que respeite os limites da legalidade. Essa prerrogativa
garante, por exemplo, o direito de o Promotor de Justiça
manifestar-se pelo arquivamento de uma ação penal ou pelo
oferecimento da denúncia contra o réu, sem sofrer influências ou
pressões externas.

Devemos lembrar que a Constituição Federal de 1988 instituiu um


modelo processual acusatório, redefinindo as funções do Ministério
Público.

Assim, além de fiscal da lei e protetor de interesses sociais e


individuais indisponíveis, o Ministério Público tem a promoção
privativa da ação penal.

Oferecimento da Ação Penal

Vejamos um breve fluxograma de como tramita uma ação penal:


Via de regra, quando um indivíduo lesa um bem jurídico
penalmente protegido (ou seja, comete uma infração penal), são
necessárias três elementos para o início da persecução penal:

1º) O Estado deve tomar conhecimento da situação delituosa;


(notitia criminis)

2º) Devem ser colhidos elementos suficientes de materialidade e


autoria (justa causa) – inquérito policial;

3º) quem possui legitimidade para oferecer a ação penal, diante


dos elementos, pode (ou deve) fazê-lo (solicitando ao Estado, que
por meio do poder Judiciário, realize a prestação jurisdicional).

É neste 3º ponto que entra o Ministério Público, por meio de seus


Promotores e Procuradores. A ação penal se divide em pública e
privada. A diferença entre elas é que a ação penal pública é de
titularidade do Estado, enquanto a ação penal privada é de
titularidade da vítima (querelante) – restando a ela a legitimidade
para prestar a queixa.

Em regra, as ações penais são públicas, cabendo ao MP


promovê-las. (as ações penais privadas são exceções)

Esta prerrogativa está expressa tanto na CF/1988 quanto no CPP:


CF/1988 - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I – Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

CPP - Art. 257. Ao Ministério Público cabe:


I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida
neste Código; e II – fiscalizar a execução da lei.

a) Garantias do Ministério Público

Nesse sentido, a Constituição Federal garantiu aos membros do


Ministério Público as mesmas proteções concedidas aos
magistrados, permitindo-lhes desempenhar suas funções com
independência, incluindo a vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade dos vencimentos.
b) Vedações ao Ministério Público

Dever de Imparcialidade

O MP, por ter a responsabilidade constitucional de promover a ação


penal pública em paralelo com a responsabilidade de defender o
regime democrático e a ordem jurídica, tem característica de parte
imparcial.

Ao mesmo tempo que o MP é uma parte formal do processo ( é o


órgão responsável por dar início à ação penal que permitirá o
exercício do direito de punir do Estado), deve também zelar pela
imparcialidade em sua atuação. Em essência, o MP tem a
legitimidade acusatória, porém um Promotor ou Procurador pode
representar pelo arquivamento de um inquérito policial, por
exemplo, quando entender que não estão presentes os
pressupostos para o oferecimento de uma denúncia. A
possibilidade de atuação nesse sentido – basicamente em favor do
acusado – é um exemplo concreto do exercício da imparcialidade
do Ministério Público.

Princípio do Promotor Natural -

A imparcialidade não deve ficar concentrada apenas no juiz,


devendo se estender a outros envolvidos na persecução penal –
inclusive aos responsáveis pela acusação. É essencial que se
garanta a imparcialidade do promotor, que não deve acusar por
acusar, e sim atuar com a mesma imparcialidade do magistrado,
oferecendo denúncias e pedindo arquivamentos de acordo com o
que determina a lei, sem atuar de forma tendenciosa, em
obediência ao princípio do promotor natural, que também tem
por objetivo garantir que o indivíduo que pratica uma infração penal
seja acusado por um órgão imparcial, sem a escolha de um
acusador designado para atuar em um caso específico.

TOME NOTA
O princípio do promotor natural está IMPLÍCITO na
CF/88, ao contrário do princípio do juiz natural, que
está expresso.
O Código de Processo Penal também prevê a mesma aplicação
dos impedimentos e suspeições dos magistrados aos membros do
Ministério Público. O Art. 258 dispõe que nos processos em que o
juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente até o
terceiro grau, os membros do Ministério Público não poderão atuar.
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em
que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as
prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.

3. Acusado e Defensor

Diferença entre “acusado”, “indiciado” e “investigado”:


Investigado: indivíduo que está sob investigação, seja em um inquérito
policial ou outro procedimento (tal como um Procedimento Investigatório
Criminal do MP, por exemplo).

Indiciado: indivíduo sob o qual a autoridade policial entende recair a


responsabilidade por uma infração penal, por meio de uma análise técnico-
jurídica do fato, da autoria e materialidade.

Acusado: indivíduo que foi sujeito de um oferecimento de denúncia ou queixa,


que foi devidamente recebida pelo juízo competente.

Uma pessoa será considerada “acusada” somente após o


recebimento de uma denúncia ou queixa contra si.

a) Identidade do Acusado

A autoria é elemento fundamental da ação penal – não há ação


penal sem a indicação de um “autor”, contudo a não identificação
do nome ou outros qualificativos do acusado não impede o
curso da ação penal. Sobre isso dispõe o art. 259 do CPP:

Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro


nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando
certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do
julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua
qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo
da validade dos atos precedentes.

O Art. 259 do Código de Processo Penal nos diz que a falta de


informação sobre o nome verdadeiro ou outros detalhes do
acusado não impedirá a continuidade da ação penal se a sua
identidade física for certa. Todavia, em qualquer momento durante
o processo, julgamento ou execução da sentença, caso seja
descoberto sua verdadeira qualificação, uma retificação será feita
nos autos por meio de um termo, sem prejudicar a validade dos
atos anteriores.

b) Direito ao silêncio

O acusado tem o direito de não se incriminar, podendo calar sobre


os fatos (e até mesmo mentir) em sua defesa. Entretanto, esse
direito não se estende à sua qualificação, de modo que quando
perguntado pela autoridade sobre seu nome e dados sobre sua
identidade, não possui o direito de calar-se ou de mentir sobre sua
identificação.

c) Condução coercitiva do acusado

Caso o acusado não responda à chamada para o interrogatório ou


outro ato processual que dependa de sua presença, a autoridade
poderá ordenar sua condução coercitiva através de mandado que
deverá conter, além da ordem de condução, os requisitos
mencionados no Art. 352 do CPP, conforme veremos abaixo:

Art. 352. O mandado de citação indicará:


I – o nome do juiz;
II – o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III – o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais
característicos;
IV – a residência do réu, se for conhecida;
V – o fim para que é feita a citação;
VI – o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
comparecer;
VII – a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

d) Direitos do acusado:
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando
realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de
manifestação fundamentada.

Baseando-se no princípio constitucional do contraditório e da ampla


defesa, o acusado, mesmo que ausente ou foragido, não poderá
ser processado sem um defensor. Assim, esta defesa técnica, que
pode ser realizada por um defensor público ou por um defensor
nomeado pelo juiz (defensor dativo), deve sempre ser
fundamentada.

Uma das consequências desse direito é a existência de


Defensorias Públicas e seus convênios (ex. com OAB), com a
possibilidade de nomeação de defensor dativo ao acusado que não
pode custear a própria defesa técnica.
Por fim, cabe destacar que o acusado que não for pobre será
obrigado a pagar os honorários do defensor nomeado pelo juiz.

Direitos do acusado:
® À integridade física e moral.
® De ser processado e sentenciado pela autoridade competente.
® Ao devido processo legal.
® Ao contraditório e à ampla defesa.
® À presunção de inocência.
® De não ser submetido à identificação criminal.
® De não ser preso, salvo em flagrante ou por meio de mandado
judicial.
® De ser informado de seus direitos quando preso.
® De não ser preso e nem mantido na prisão, quando a lei
admite fiança ou liberdade provisória.
® De saber quem foi o responsável por sua prisão.
® À assistência jurídica integral e gratuita, quando não possuir
recursos suficientes para constituir advogado.
® À indenização por erro judiciário ou pelo templo que
permanecer preso além da sentença.
® À duração razoável do processo.
® À entrevista prévia e reservada com seu advogado, antes de
ser interrogado.
® Ao silêncio sem que este seja interpretado em seu desfavor.
® A tradutor ou intérprete quando desconhecer o idioma nacional
ou não puder se comunicar em virtude de deficiência.
® À defesa técnica fundamentada, quando assistido por
defensor dativo ou público

TOME NOTA
Se o acusado não tiver um defensor, o juiz nomeará um
defensor para ele, mas ele tem o direito a qualquer momento
de nomear outra pessoa de sua confiança ou de se defender
TOME NOTA
pessoalmente, desde que tenha habilitação para a defesa
técnica (for advogado no regular exercício da profissão).

e) Defensor:

A constituição de defensor independerá de instrumento de


mandado (procuração), se o acusado o indicar por ocasião do
interrogatório. De acordo com o artigo 265, o defensor não pode
abandonar o processo a menos que haja uma razão imperativa, a
ser avaliada pelo juiz. Caso contrário, ele estará sujeito a uma
multa. Contudo, mesmo quando justificada, a ausência do
defensor não resultará em adiamento de qualquer ato do processo,
e o juiz deverá nomear um substituto, mesmo que temporariamente
ou apenas para o propósito daquele ato específico.

Quando o acusado for menor de idade, será nomeado um curador


para atuar em seu nome.

TOME NOTA
Primordialmente, cabe ressaltar que a audiência pode ser adiada
se o defensor não puder comparecer por uma razão válida.
Contudo, é de responsabilidade do defensor comprovar o
impedimento antes do início da audiência. Se ele não o fizer, o juiz
não permitirá o adiamento de nenhum ato do processo e deverá
nomear um defensor substituto, mesmo que temporariamente ou
apenas para o propósito daquele ato específico.

Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os parentes do juiz.

Importante destacar que, como já tratado acima nas hipóteses de


impedimento e suspeição do juiz, os parentes do juiz não poderão
atuar como defensores do acusado.

Ainda, o defensor tem a obrigação de PEDIR A ABSOLVIÇÃO de


seu cliente em qualquer caso, sob pena de atrair a nulidade
absoluta de falta de defesa (art. 564 do CPP) e ser substituído no
processo.

f) Assistentes

1. Admissão do Assistente

O Código Processual Penal afirma que o ofendido ou o


representante legal poderá intervir como assistente do Ministério
Público em todos os termos da ação penal pública. Caso o
ofendido ou seu representante não possam, também são
competentes para desempenhar esta função o seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.

O Ministério Público deverá ser ouvido previamente sobre a


admissão do assistente e do despacho que admiti-lo ou não, não
caberá recurso – é decisão irrecorrível - devendo, entretanto,
constar dos autos o pedido e a decisão. Contudo, cabe Mandado
de Segurança contra essa decisão.

A legislação preleciona que o assistente só poderá ser admitido


enquanto a sentença não transitar em julgado e receberá a causa
no estado em que ela se achar.

2. Permissões concedidas ao assistente

O Art. 271 do Código de Processo Penal nos diz que ao assistente


é permitido:

 Propor meios de prova (Neste caso, o juiz decidirá acerca da


realização das provas propostas, após ouvir o Ministério Público)
 Requerer perguntas às testemunhas
 Aditar o libelo e os articulados
 Participar do debate oral
 Arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público
 Arrazoar os recursos interpostos por ele próprio, nos casos dos
arts. 584, § 1º, e 598.
3. Ausência do Assistente

Quando o assistente, após intimado, não comparecer aos atos de


instrução ou de julgamento, sem comprovação de motivo de força
maior, o processo deverá prosseguir normalmente, independente
de nova intimação.

TOME NOTA
Não poderá intervir o corréu no mesmo processo como
assistente do Ministério Público.

4. Serventuários / Funcionários da Justiça

A aplicação das regras sobre suspeição dos juízes também se


estende aos serventuários e funcionários da justiça, sempre que for
adequado.
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos
serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável.

5. Peritos e Intérpretes

Os Arts. 275 a 281 do Código de Processo Penal dispõe acerca


dos peritos e dos intérpretes, conforme detalharemos abaixo.

a) Peritos

O perito nada mais é do que um especialista num assunto


específico que auxilia o juiz no levantamento de informações sobre
questões técnicas. Pode ser oficial ou não oficial.
Independentemente de ser oficial ou não, o perito estará sujeito à
disciplina judicial e sua escolha não poderá ser influenciada pelas
partes. Além disso, o perito escolhido pela autoridade deverá
aceitar o encargo sob pena de multa quando não apresentar uma
justificativa aceitável e quando, sem justa causa,
comprovadamente:

a) Ignorar a intimação ou convocação da autoridade


b) Não se apresentar no dia e local designados para a realização
da perícia
c) Não conceder o laudo ou contribuir com atos que impeçam a
realização da perícia dentro do prazo estabelecido.

Assim, é importante destacar que caso o perito não compareça


sem a devida justa causa, a autoridade poderá determinar sua
condução.

Pessoas proibidas de serem peritos:

 os sujeitos à interdição de direito


 os que prestarem depoimento no processo ou opinado
anteriormente sobre o objeto da perícia
 analfabetos
 menores de 21 anos
TOME NOTA
Os peritos estão sujeitos às mesmas disposições de
suspeição aplicáveis aos juízes.

Por fim, o art. 281 equipara peritos e intérpretes.

b) Intérprete

Por fim, o intérprete, é a pessoa responsável por traduzir, para as


autoridades policiais, judiciárias e partes, o conteúdo de um escrito
em uma língua estrangeira ou o pensamento de alguém que não
pode se expressar na língua nacional, devido à falta de
conhecimento do idioma ou a uma deficiência orgânica.

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