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Objeção e exceção: A doutrina reserva a expressão objeção para aquelas matérias que
podem ser declaradas de ofício pelo juiz, independentemente de provocação das
partes. Já a exceção versaria sobre questão que não pode ser conhecida de ofício pelo
juiz. Essa doutrina é processual civil, e possui pouca utilidade prática no processo
penal, ainda mais considerada a letra do texto processual penal codificado, cujas
exceções podem, todas, ser conhecidas de ofício, inclusive a de incompetência,
enquanto não houver prorrogação.
Como anotaram Nestor Távora e Rosmar Rodrigues, estamos diante de uma forma de
defesa por meio da qual o acusado objetiva a extinção do processo sem julgamento do
mérito ou ainda a procrastinação do feito. Tal se manifesta mediante a forma de
exceção de suspeição; de incompetência; da ilegitimidade da parte; da litispendência;
da coisa julgada.
A competência penal é questão de ordem pública, seja absoluta ou relativa, e pode ser
reconhecida de ofício pelo juiz. Não sendo reconhecida pelo juiz, caberá a exceção de
incompetência a ser arguida no prazo da defesa. Superada tal fase, há preclusão
temporal, se não ajuizada.
A esse respeito, disse Tourinho Filho que, se ó órgão ofereceu denúncia perante um
juízo, é porque o entendeu competente para conhecer da espécie. Logo, não seria
possível que a parte acusadora oferecesse a declinatoria fori. O mesmo autor admite
que possa o órgão do Ministério Público, no Processo Penal, na qualidade de custos
legis, não como parte, opor a exceptio. Assim, ajuizada a exceção, deverá o juiz intimar
a parte contrária para falar nos autos.
O juiz será suspeito (artigo 254 do Código de Processo Penal): se for amigo íntimo ou
inimigo capital de qualquer das partes ou do advogado da parte; se for ele cônjuge,
ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre
cujo caráter criminoso houver controvérsia; se for ele, seu cônjuge, ou parente,
consanguíneo, ou afim até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder
a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; se tiver aconselhado
qualquer das partes; se for credor ou devedor, tutor, curador, de qualquer das partes.
Dir-se-á que todas as condições que afetam a competência subjetiva do juiz não
passam de incompatibilidades. Será o caso do juiz que é amigo do réu, que é amigo do
advogado ou seu irmão. Haverá incompatibilidade se o juiz estiver funcionando, por
absurdo, num processo, em funções inconciliáveis, como advogado e juiz ao mesmo
tempo. Se as funções distintas forem exercidas pela mesma pessoa, contemporânea e
não simultaneamente, haverá impedimento. Se as funções distintas forem exercidas,
contemporaneamente, por pessoas diversas, que guardem entre si aquele grau de
parentesco estabelecido em lei, haverá impedimento. Se pessoas diversas, parentes
entre si, exercerem, simultaneamente, a mesma função, haverá impedimento.
A arguição deve ser feita em petição dirigida ao próprio juiz que se pretende recusar,
trazendo-se os esclarecimentos sobre o motivo da recusa.
Poderá a exceção ser ajuizada pelo procurador da parte desde que na procuração
outorgada haja poderes especiais. Por sinal, o Tribunal de Justiça de São Paulo, no
julgamento da Exceção de Suspeição 53.839 – 0, Câmara Especial, Relator Oetterer
Guedes, 18 de fevereiro de 1999, entendeu que a arguição deve vir acompanhada de
instrumento de procuração com poderes especiais, como a melhor interpretação do
artigo 89 do Código de Processo Penal.
Será o caso do promotor ajuizar ação penal pública incondicionada quando o caso é de
ação penal privada.
Se a parte for legítima, mas houver defeito de representação será caso de ilegitimidade
processual, seja porque o representante da vítima não está legalmente habilitado ou
porque outro é o seu representante legal e não o que comparece em juízo.
O artigo 110 do Código de Processo Penal permite que, por meio de exceção de
ilegitimidade da parte, poder-se-á arguir a illegitimatio ad causam e a illegitimatio ad
processum.
Oposta tal exceção, o juiz deverá ouvir a parte contrária e o incidente deve ser autuado
em separado.
REFERÊNCIA: