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SUJEITOS PROCESSUAIS

1. INTRODUÇÃO

Para que a ação condenatória se desenvolva, haverá a participação de 3 sujeitos: autor, réu e juiz. Dentre esses sujeitos, pode-se
fazer a distinção de que os sujeitos parciais são: o autor (MP ou querelante) e o réu; enquanto o sujeito imparcial é o juiz.

Há ainda os sujeitos acessórios, cuja participação não é imprescindível para a existência do processo, mas que nele podem,
acidentalmente, intervir: o assistente de acusação, os auxiliares da justiça, terceiros intervenientes, etc.

2. JUIZ

É a autoridade estatal investida de jurisdição, a quem incumbe dar solução pacífica à lide penal, por meio de substituição da
vontade das partes.

Obs.: em primeiro grau de jurisdição – órgãos jurisdicionais (salvo tribunal do júri) são monocráticos; em segundo grau
(tribunais e turmas recursais) e nas instancias especial e extraordinária (tribunais superiores) são colegiados.

São pressupostos para o exercício da função jurisdicional: investidura, capacidade técnica, física e mental, imparcialidade.

JUIZ NATURAL

A imparcialidade do juiz é condição essencial para o exercício da jurisdição, por isso, há o princípio do juiz natural, de modo de
assenta a impossibilidade de juízo ou tribunal de exceção e afirma que ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente.

Ou seja, o exercício válido da função jurisdicional pressupõe que a atividade seja realizada por juiz a quem a lei previamente
tenha atribuído a competência para a causa.

IMPEDIMENTOS E INCOMPATBILIDADES

O exercício da função jurisdicional resulta da imparcialidade, por isso, há previsão de hipóteses em que o magistrado pode ter de
afastar-se da causa por não se revelar isento o suficiente para julgá-la.

Ao lado das hipóteses de suspeição, a lei também prevê o impedimento e incompatibilidade, em que o afastamento é necessário
para que sua isenção não seja objeto de suspeita por parte dos jurisdicionados.

Impedimentos = motivos que ensejam o afastamento compulsório do juiz, pois retiram a imparcialidade objetiva.

O rol das situações de impedimento é taxativo. A doutrina diverge acerca da invalidade dos atos praticados por magistrado
impedido: uma parte afirma que cuida-se de hipótese de inexistência, enquanto outra parte diz que o vício acarreta nulidade
absoluta. O STF entende pela nulidade absoluta.

O juiz estará impedido de funcionar no processo em que (art. 252 CPP):

- tiver funcionando seu cônjuge ou parente... como defensor ou advogado...: o vínculo familiar do juiz com o defensor,
membro do MP, advogado do ofendido, autoridade policial, serventuário da justiça ou perito o inabilita para exercer a jurisdição
no processo. – união estável equipara-se ao casamento, então isso se aplica aos companheiros.

- ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções servido como testemunha: o juiz estará inabilitado se houver
funcionado no processo do MP, defensor ou advogado, autoridade policial ou auxiliar da justiça ou ainda, que nele houver
colaborado na condição de testemunha. Se o juiz da causa for arrolado como testemunha, deverá esclarecer se tem conhecimento
de fatos que possam influir na decisão: se tiver, declarar-se-á impedido, mas se não souber de nada, mandará excluir seu nome do
rol.

- tiver funcionando como juiz de outra instancia, pronunciando-se, de fato ou de direito sobre a questão: a participação do
juiz, em instância diversa no processo, dá ensejo ao impedimento, desde que tenha praticado ato com algum conteúdo decisório.

- ele próprio ou seu cônjuge ou parente... for parte ou diretamente interessado no feito: se ele próprio ou parente figurar
como parte ou interessado, o juiz não pode funcionar. A convivência em união estável também faz nascer o impedimento.
Nos órgãos jurisdicionais há também a denominada incompatibilidade (art. 253). O art. 448 proíbe de servirem como jurados, no
mesmo conselho de sentença, marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o
cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta ou enteado.

O juiz, nessas causas, poderá se pronunciar de ofício, mas se não o fizer, as partes poderão recusá-lo por meio de exceção (art.
112).

A decisão que o juiz se declara impedido é irrecorrível.

SUSPEIÇÃO

O rol que traz essas hipóteses é exemplificativo. Assim, o art. 254 dispõe que o juiz dar-se-á por suspeito:

- se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes: deve existir especial sentimento de afeição entre o juiz e uma
das partes. Não é causa de afastamento a amizade com advogado nem tampouco com o membro do MP. A inimizade capital se
caracteriza pela possibilidade de o juiz causar mal à parte.

- ele se, seu cônjuge...estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia: isso
revela interesse indireto do juiz na causa, o influenciando a apreciar a matéria sob a ótica que mais favoreça a tese que sustenta em
processo do qual é réu ou no qual seu cônjuge, ascendente ou descendente figura como acusado.

- se ele, seu cônjuge, parente...sustenta demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das
partes: o juiz não atuaria com independência se tivesse que julgar ação cuja parte seria responsável pela posterior decisão de
causa em que ele ou seu parente é diretamente interessado.

- se tiver aconselhado qualquer das partes: a suspeição se dará se o juiz revelar seu pensamento ou interesse quanto à questão
que deve julgar.

- se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes: o interesse que retira a imparcialidade pode advir desses
laços.

- se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo: sobressai o interesse financeiro do juiz em
relação ao deslinde da causa.

O juiz pode escusar-se de ofício de funcionar no processo. Acaso não o faça, as partes poderão valer-se da exceção de suspeição.

O reconhecimento da suspeição acarreta nulidade dos atos praticados pelo juiz suspeito, desde que posteriores ao nascimento do
motivo que ensejou a escusa ou a recusa.

CESSAÇÃO DOS IMPEDIMENTOS

Art. 255 – a dissolução do casamento, que pode dar-se pelo divórcio ou pela morte, faz cessar o impedimento ou a suspeição do
juiz em decorrência de vínculo de afinidade, salvo no que diz respeito ao sogro, padrasto, cunhado, genro e ao enteado.

Não subsistirá a causa de impedimento ou suspeição em relação ao parente por afinidade em terceiro grau (sobrinho do cônjuge,
por exemplo).

Ou seja, o divórcio não faz cessar a causa de impedimento ou suspeição no tocante ao ex-cônjuge do juiz.

Se os cônjuges tem filho comum, a dissolução do casamento nenhum reflexo acarreta pra o impedimento ou a suspeição que
deriva do parentesco por afinidade.

SUSPEIÇÃO ARITIFICIOSA

Se a parte injuriar ou de propósito der motivo para arguir a suspeição, não será possível que seja declarada ou reconhecida (art.
156).

FUNÇÕES E PODERES DO JUIZ

De modo a possibilitar que o dever de prestar serviço jurisdicional (inafastabilidade da jurisdição) seja observado, o CPP previu o
art. 251, estabelecendo 2 gêneros de poderes a serem exercidos pelo dominus processus:
- poderes jurisdicionais: englobam poderes ordinatórios e instrutórios. O princípio da verdade real orienta o juiz a não se
contentar com a prova produzida pelas partes e ainda, a adotar iniciativas para suprir a deficiência do quadro probande, sempre
que os elementos de convicção forem insuficientes.

- poderes-fins: poderes decisórios e executórios.

- poderes administrativos: respeitantes à manutenção da ordem no curso dos trabalhos e ao exercício da atividade de direção e
correição sobre os serventuários da justiça.

PRERROGATIVAS E VEDAÇÕES

A CF confere ao juiz as seguintes garantias funcionais:

- vitaliciedade: é garantia de que o juiz não perderá o cargo, salvo por sentença judicial transitada em julgado. É adquirida após
dois anos de exercício e não se confunde com perpetuidade, já que o magistrado será aposentado aos 70 anos.

- inamovibilidade: consiste na prerrogativa de não ser transferido de seu caro senão por sua vontade ou em virtude de interesse
público, por decisão da maioria absoluta do tribunal ou do CNJ, assegurada ampla defesa.

- irredutibilidade de vencimentos: tem por escopo assegurar que o juiz não sofrerá perseguições de ordem financeira por parte
dos superiores ou dos governantes.

As vedações são:

- exercício de outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

- recebimento de custas ou participação em processo;

- dedicação à atividade político-partidária;

- recebimento de auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas
em lei;

- exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração.

3. MINISTÉRIO PÚBLICO

Demonstrando fidelidade à opção pelo sistema acusatório, a CF definiu o MP como instituição essencial à função jurisdicional de
atribuir à instituição a titularidade exclusiva da ação penal pública, ressalvada a possibilidade de propositura de ação penal privada
subsidiária da pública.

O CPP define a essência da atividade de MP no processo criminal (art. 257): promover privativamente a AP pública e fiscalizar a
execução da lei.

Em regra, ele assume a condição de parte no processo penal (na AP privada intervirá como custos legis). Sua estruturação se
reveste de imparcialidade, assim, mesmo tendo exercido a ação penal, poderá opinar pela absolvição do réu, bem como recorrer
em prol do acusado ou impetrar HC em favor dele.

GARANTIAS E VEDAÇÕES

A CF conferiu aos membros do MP as mesmas garantias dos magistrados:

- vitaliciedade após 2 anos de exercício;

- inamovibilidade salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do MP;

- irredutibilidade de vencimentos.

As vedações impostas ao magistrado também se aplicam aos membros do MP.

IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO
A lei prevê a extensão do regime de impedimentos e suspeições dos juízes aos membros do MP (art. 258). Assim, se o juiz está
impedido de atuar no feito em que seu cônjuge ou parente atuou previamente na condição de MP, o promotor é que estará
impedido de funcionar se seu cônjuge ou parente oficiou precedentemente na qualidade de juiz.

Obs.: não há impedimento na atuação sucessiva, no mesmo processo, de membros do MP que sejam cônjuges ou parentes.

SÚMULA 234 DO STJ: a participação de membro do MP na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou
suspeição para o oferecimento da denúncia.

PROMOTOR NATURAL

A interpretação da garantia do art. 5º, LIII da CF consagra não apenas o princípio do juiz natural, mas também o direito de toda
pessoa ser acusada por um órgão estatal imparcial, cujas atribuições tenham sido previamente definidas em lei – o promotor
natural. Assim, haveria violação do devido processo legal na hipótese de alteração casuística de critérios prefixados de atribuição.

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS

São 3 os princípios que regem a atuação ministerial:

- unidade: do caráter uno do MP decorre o fato de que quando seus membros atuam, fazem-no em nome da instituição e não em
nome próprio.

- indivisibilidade: permite que os membros do MP sejam substituídos uns pelos outros, nas formas da lei, sem prejuízo para o
processo.

- independência funcional: não vinculação do membro do MP a qualquer manifestação processual externada anteriormente por
ele próprio ou por outro integrante da carreira.

PROMOTOR AD HOC

As funções do MP só podem ser exercidas por integrantes da carreira, o que impossibilita a nomeação, pelo juiz, de promotor ad
hoc para o exercício de qualquer atividade cometida à instituição.

ATUAÇÃO E ONUS PROCESSUAIS

Quando atua como parte, tem a atividade vinculada aos princípios da obrigatoriedade/legalidade e da indisponibilidade, devendo
arcar com os ônus processuais decorrentes do exercício do direito de ação, zelando pela produção das provas necessárias ao
convencimento do magistrado.

Nas ações privadas, o MP atua necessariamente na condição de custos legis, sob pena de nulidade do processo.

Diante das funções do MP na ação penal privada subsidiária da pública e da imprescindibilidade de sua atuação, fala-se que é
interveniente adesivo obrigatório.

INTIMAÇÃO

A Lei Orgânica Nacional do MP assegura os integrantes da carreira a prerrogativa de receber intimação pessoal em qualquer
processo e grau de jurisdição, por meio da entrega dos autos com vista. O Estatuto do MP da União, por sua vez, confere aos
membros da instituição a prerrogativa de receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição nos
feitos em que tiver que oficiar.

Os prazos do MP contar-se-ão do termo de vista, salvo para a interposição de recurso, que são contados a partir da intimação ou
da audiência ou sessão em que for proferida a decisão.

INVESTIGAÇÃO DIRETA

Art. 144, §1º, IV e §4º da CF defere à policia federal e civil a exclusividade da titularidade da tarefa investigatória. Mas a análise
correta do conteúdo dos dispositivos revelam equívoco. De início, o legislador constituinte fez distinção entre as atividades de
apuração de infrações penais e as de exercício de funções de polícia judiciária, atribuindo exclusividade à PF somente no que se
refere ao segundo caso. A exclusividade para a realização de investigação criminal jamais poderia se estender às policias civis, já
que, em relação a elas, não há menção no texto constitucional ao termo exclusividade.
A faculdade de realizar investigações criminais decorre da titularidade exclusiva da ação pública conferida ao MP (art. 129, I CF).
essa conclusão decorre da aceitação da doutrina dos poderes implícitos.

No plano infraconstitucional, há diversos dispositivos legais que preveem, expressamente, a possibilidade de o MP conduzir,
diretamente, procedimentos investigatórios: art. 26 da Lei orgânica nacional do MP; art. 29 da lei de crimes contra o sistema
financeiro nacional; art. 356, §2º do Código Eleitoral, etc.

O Conselho Nacional do MP editou a resolução 13/2006, que disciplina a instauração e tramitação de procedimento criminal
presidido por membro do MP.

Em 2015, o pleno do STF concluiu o julgamento do RE 593/727/MG, no qual foi reconhecida a repercussão geral do tema,
adotando, por maioria de votos, o entendimento de que o MP dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por
prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou
a qualquer pessoa sob investigação do Estado.

4. ACUSADO

O acusado é a pessoa em face de quem se deduz a pretensão punitiva, ou seja, é o sujeito passivo da relação processual. Tem
capacidade de estar em juízo: as pessoas maiores de 18 anos; as pessoas jurídicas relativamente aos crimes ambientais.

Não tem personalidade judiciária: os entes inanimados, animais e os mortos; os menores de 18 anos; as pessoas com imunidade
parlamentar ou de imunidade diplomática.

Os portadores de anomalia psíquica tem capacidade processual passiva, já que tanto as penas como as medidas de segurança são
aplicadas em decorrência de processo criminal.

IDENTIFICAÇÃO DO ACUSADO

A certeza de quem e o acusado é indispensável para a propositura da ação penal, pois a responsabilidade criminal tem caráter
personalíssimo.

Será sempre necessário identificar o acusado, oferecendo informações sobre caracteres que permitam distingui-lo dos demais
indivíduos.

A ausência de identificação nominal não é fatos impeditivo do exercício da ação penal, nem de seu retardamento, desde que certa
a identidade física do imputado (art. 259).

A denúncia ou o IP que a instrui deve encerrar elementos como prenome, agnome, data de nascimento, profissão, estado civil, etc.
se não dispuser desses qualificativos, o órgão acusador deve indicar característica pessoais que permitam o reconhecimento do
imputado (cor da pele, tatuagens, etc.).

É possível, ainda, que o oferecimento da denúncia ou mesmo a prolação da sentença seja feita a partir do registro fotográfico e do
método dactiloscópico.

RETIFICAÇÃO DA QUALIFICAÇÃO

A qualquer tempo, se for descoberta a qualificação do acusado, deve-se proceder à retificação, por termo, sem qualquer prejuízo
dos atos precedentes (art. 259).

CONDUÇÃO COERCITIVA

É facultado ao juiz determinar a condução coercitiva do acusado que não atender à intimação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que não possa ser realizado sem sua presença (art. 260).

Não se justifica, pois, a condução coercitiva do réu para interrogatório em relação aos fatos, pois ele pode optar pelo silêncio.
Assim, deverá ocorrer apenas quando houver necessidade de qualificação ou de esclarecimento sobre a vida pregressa do réu.

Se o réu deixar de comparecer a ato em que sua presença não seja indispensável, a única consequência que lhe advirá será a
decretação de revelia.

DIREITOS E DEVERES DO ACUSADO


Os diversos direitos e garantias atribuídas ao acusado compõem-se o que se denomina cláusula do devido processo legal 
“ninguém será privado da liberdade ou seus bens sem o devido processo legal”.

Constituem expressões do devido processo legal:

- direito ao processo: a pretensão punitiva estatal deve ser sempre submetida ao Poder Judiciário;

- direito ao conhecimento do teor pela acusação: direito à citação e o direito de prévio conhecimento do teor da imputação;

- direito à presunção de inocência;

- direito ao julgamento em prazo razoável;

Direito ao contraditório e à ampla defesa: direito de produção de provas e exercício de atividade argumentativa, direito à
bilateralidade dos atos, direito à paridade de armas, direito de presença, direito à autodefesa, direito à defesa técnica;

- direito de não ser processado com base em prova ilícita;

- direito ao juiz natural;

- direito ao silêncio;

- direito de não ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente;

- direito de recorrer.

O regime a que estão submetidos os acusados, contém diversos deveres, cuja inobservância pode acarretar-lhes consequências
jurídicas:

- dever de comparecimento a atos processuais para cuja realização sua presença seja necessária;

- dever de responder com a verdade em relação a sua identidade e seus antecedentes;

- dever de sujeitar-se a medidas cautelares pessoas diversas da prisão.

5. DEFENSOR

É o sujeito processual com qualificação técnico-jurídica, com o auxílio de quem o acusado exerce sua defesa.

A defesa técnica tem caráter necessário, o que conduz à imprescindibilidade da participação do defensor no processo. a autodefesa
é facultativa, constituindo ônus do acusado.

Apenas o advogado pode desempenhar aa defesa técnica. É do interesse da justiça que a defesa seja eficaz e, por isso, uma vez que
a acusação é exercida por órgão qualificado, importa que a defesa também o seja.

A única hipótese em que o acusado pode dispensar a assistência de advogado é aquela em que ele mesmo for habilitado
tecnicamente e optar por realizar a defesa própria.

O art. 497, V do CPP autoriza que o juiz destitua o defensor que deixar o réu indefeso, ainda que se trate de advogado constituído.

SUMULA 523 DO STF: no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova do prejuízo para o réu. – (art. 564, III do CPP).

ESPÉCIES DE DEFENSOR

- defensor constituído:

Também chamado de procurador, é o advogado eleito pelo acusado para auxiliá-lo em sua defesa. É a regra no PP,
permitindo que o acusado escolha um representante de sua confiança. Por isso, há nulidade quando o juiz nomeia um defensor
dativo sem oferecer oportunidade ao réu de constituir outro procurador de sua confiança.
A constituição do defensor pode ocorrer a qualquer momento e o acusado por, a todo tempo, substituí-lo. Há duas formas
de constituição do procurador: por procuração – juntada aos autos do instrumento de mandato -, por indicação no
interrogatório – apud acta, dispensa a junta aos autos.

O acusado deve outorgar poderes especiais ao procurador para aceitar o perdão do ofendido, para arguir suspeição do
juiz, para arguir falsidade de documento.

- defensor dativo:

É o advogado designado por nomeação do juiz para representar o acusado que se omitiu em constituir seu representante.
O procurador dativo será nomeado para qualquer acusado que não tiver defensor independentemente de sua condição econômica –
diferentemente do defensor público – mas o réu que não for pobre, ficará obrigado a pagar seus honorários.

A indisponibilidade do direito à defesa técnica exige que o juiz nomeie defensor dativo ao acusado assim que constatada
a omissão na constituição de procurador, ou ainda quando o acusado ficar sem procurador no curso da ação.

O advogado nomeado pelo juiz para exercer a atividade de defensor dativo não poderá recusar-se a fazê-lo, salvo por
motivos justos (art. 264), que são: estar impedido de exerce a advocacia, ser procurador da parte contrária, etc. (art. 15 da Lei
1060/50).

- defensor público:

A CF criou a Defensoria Pública a fim de dar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos. Assim, essa instituição assumirá a defesa do acusado que não tenha defensor constituído.

A Lei Complementar n. 80/94 assegura aos defensores públicos, a prerrogativa de recebimento de intimação pessoal
mediante entrega dos autos com vista e ainda de contagem em dobro dos prazos processuais. Todavia, isso não é conferido ao MP,
o que viola o princípio do tratamento isonômico das partes. O STF aplicou, então, a teoria da inconstitucionalidade progressiva,
afirmando que a previsão de prazo em dobro será constitucional até que a Defensoria alcance o grau de organização do MP –
cuida-se de dispositivos legais ainda constitucionais, mas em trânsito para a inconstitucionalidade.

- defensor ad hoc:

É aquele nomeado pelo juiz para atos processuais determinados. Ocorre quando o defensor, constituído ou dativo, fica
ausente, e, nessa situação, o juiz, visando a necessidade de garantir que os atos processuais não sejam adiados, nomeia defensor
para a substituição do ausente (art. 265, §2º).

A nomeação de substituto para o ato só poderá ocorrer se o defensor do acusado tiver sido regularmente notificado e
desde que não tenha comprovado, até a abertura da audiência, motivo que justifique sua ausência.

ASSISTENCIA A MAIS DE UM ACUSADO

O juiz, a fim de evitar a colidência de defesas, na hipótese de litisconsórcio passivo, deve nomear apenas um defensor dativo, pois
é possível que venham a sustentar versões contraditórias, tornando deficiente o desempenho defensivo.

A jurisprudência do STF orienta-se no sentido de que, para a declaração de invalidade de ato ou do processo, é imprescindível a
comprovação do prejuízo.

Pode-se cogitar de nulidade por colidência de defesas quando se trata de defensor público? O STF afirma que não há de se falar
em nulidade decorrente de colidência de defesa, se o defensor foi constituído pelos réus.

O STJ, por sua vez, afirma que não é possível reconhecer nulidade processual por colidencia de defesas, mesmo que um único
defensor represente tosos os réus.

ABANDONO DO PROCESSO

Art. 265 CPP  o defensor incidirá em multa se deixar de praticar ato processual que lhe incumba sem ter antes comunicado ao
juiz a decisão de desvincular-se do feito. Mesmo depois de realizada a renúncia ao mandato, o defensor tem de exercer a
representação pelos 10 dias seguintes à notificação do assistido, salvo se substituído antes desse prazo.

IMPEDIMENTO
O CPP prevê que não funcionarão como defensores os parentes do juiz e, se o advogado atuou anteriormente, está impedido o
juiz; se foi o juiz em primeiro atuou, está impedido o advogado.

6. CURADOR

Curador é a pessoa incumbida de suprir a falta de capacidade plena do réu submetido a incidente de insanidade ou reputado
inimputável pelos peritos.

Não se exige habilitação técnica, basta que a pessoa demonstre maturidade para zelar pelos interesses do acusado. Nada impede
que o próprio defensor ou procurador do acusado seja nomeado para a função.

Não há nulidade ante a falta de nomeação de curador no IP ao réu menor de 21 anos e maior de 18 anos, devido a alteração da
legislação civil acerca da maioridade.

7. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO

A atuação do assistente de acusação não é imprescindível para o desenvolvimento da relação processual, por isso, é parte
contingente/acessória.

Art. 268 CPP  pode intervir em todos os termos da ação penal, como assistente do MP, o ofendido ou seu representante legal,
ou, na falta, seus sucessores.

Essa assistência tem lugar, exclusivamente, na ação penal pública, uma vez que, quando for privada, exclusiva ou subsidiária, o
ofendido atuará na qualidade de querelante.

O assistente atua por intermédio de advogado. O ofendido somente passará a ser sujeito processual se habilitar-se como assistente.

Existem 2 correntes que tentam explicar a finalidade da atuação do assistente:

- o assistente atua tendo em vista apenas a satisfação do interesse reparatório: o assistente não tem por função auxiliar a
acusação, mas, apenas para defender seu interesse na indenização do dano causado pela conduta criminosa.

- o assistente atua para coadjuvar o MP na satisfação da pretensão punitiva e também para preservar seu interesse
indenizatório: a intervenção do assistente transcende a satisfação do interesse patrimonial, se fosse isso, a lei teria interditado a
assistência quando a reparação já tivesse ocorrido ou quando o ofendido renunciasse à indenização.

LEGITIMADOS

O legitimado principal à assistência é o ofendido. Se ele for incapaz, será representado por um dos pais, por guardião, tutor ou
curador.

Se houver morte do ofendido, seus sucessores legitimam-se a exercer a assistência (CCADI).

A assistência conjunta será possível apenas quando se tratar de sucessores que não tenham precedência um sobre o outro: o pai e a
mãe do ofendido morto.

Se, em um mesmo processo, os litisconsortes passivos são simultaneamente acusados e ofendidos, o Código proíbe que o corréu
intervenha como assistente do MP.

Em regra, a Administração Pública não pode ser aceita coo assistente, pois o MP é o órgão estatal incumbido da persecução penal,
mas há previsão legal de intervenção de pessoas jurídicas de direito público em algumas hipóteses: OAB, CVM E Banco central
do Brasil, etc.

PROCESSAMENTO E HABILITAÇÃO
O assistente pode ser admitido em qualquer momento do processo (recebimento  sentença). NÃO CABE assistência na fase de
IP ou execução da pena. Em se tratando de Júri, o assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 dias
antes da data da sessão.

Ajuizado o pedido  juiz ouve o MP. O Juiz não estará adstrito à opinião do MP.

A decisão que admite ou não o pedido de habilitação é irrecorrível. Se for admitido, o assistente recebe causa no estado em que se
achar.

O processo prossegue independentemente de nova notificação do assistente quando, notificado, deixar ele de comparecer a
qualquer dos atos injustificadamente (art. 271, §2º).

ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE

Só pode atuar nos atos previstos em lei:

- propor meios de prova: ele pode sugerir a realização de diligencias probatórias, cabendo ao juiz verificar sua pertinência. Pode
requerer a oitiva de pessoas como testemunhas do juízo, mas a controvérsias no que tange à possibilidade de arrolar testemunhas.

-dirigir perguntas às testemunhas: art. 271, caput.

- aditar os articulados: cuida-se da previsão da possibilidade de manifestação autônoma por meio de memorial, com o qual
exercerá a atividade argumentativa destinada a influir no convencimento do juiz.

- participar do debate oral: pode participar das alegações orais no procedimento ordinário, sumário e na fase do sumário da
culpa nos processos de competência do Tribunal do Júri.

- arrazoar os recursos interpostos pelo MP: pode apresentar razões autônomas em qualquer recurso interposto pelo MP e pode
apresentar também contrarrazões quando da interposição de recurso pela defesa.

- formular quesitos e indicar assistente técnico: quando for necessária a produção de prova pericial, ao assistente é dado o
direito de formular quesitos e indicar assistente técnico.

- requerer o desaforamento de julgamento afeto ao Tribunal do Júri: o assistente, por meio de requerimento e o juiz por meio
de representação, podem provocar o Tribunal a desaforar julgamento em caso de interesse da ordem pública, dúvida sobre
imparcialidade do júri ou risco para segurança do acusado.

LEGITIMIDADE RECURSAL

O ofendido ou seus sucessores podem interpor recurso em situações específicas, mas isso pressupõe que o MP não tenha
recorrido. São os chamados recursos supletivos.

São 3 hipóteses em que o ofendido pode recorrer supletivamente – seja ele assistente ou não:

 Apelação contra a decisão de impronúncia;

 Recurso em sentido contra decisão que declara extinta a punibilidade do acusado;

 Apelação contra sentença relativa a crimes de competência do Tribunal do Júri ou do juiz singular.

A apelação supletiva não terá efeito suspensivo.

O prazo para interposição dos recursos depende de estar o ofendido habilitado ou não como assistente. Se estiver habilitado  5
dias contados a partir do término do prazo para o MP pu ainda da intimação do assistente, quando intimado após o MP.

Se não for habilitado como assistente, o prazo é de 15 dias contados a partir do dia em que terminar o do MP.

Todavia, o assistente não pode manejar recursos que não guardem relação com as suas atribuições, que são estabelecidas de forma
taxativa (SÚMULA 208 STF – o assistente do MP não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de habeas
corpus).
8. AUXILIARES DA JUSTIÇA

Não são sujeitos processuais, pois não participam da relação processual, mas apenas auxiliam o juiz. São incumbidos de realizar
tarefas que não podem ser efetivadas pessoalmente pelo magistrado, como a realização de diligências fora da sede do juízo,
guarda de bens apreendidos, etc.

Eles podem ser permanentes – atuam em todos os processos em trâmite pelo juízo – e eventuais – que intervêm somente em
alguns processos (intérpretes, peritos, etc.).

Aos serventuários e funcionários da Justiça aplicam-se, no que couber, prescrições sobre a suspeição dos juízes (art. 274 CPP).

PERITOS E INTÉRPRETES

Nos casos em que a solução de determinadas questão de fato depender de conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos
especializados, o juiz valer-se-á de profissional qualificado para auxiliá-lo: o perito.

A nomeação pelo juiz obriga o perito a aceitar o encargo, salvo escusa atendível (art. 277). O perito que se recusar a aceitar o
encargo sem justo motivo ou deixar de obedecer aos deveres legais, incorrerá em multa, e no caso de não comparecimento
injustificado, poderá ser conduzido coercitivamente (art. 278).

Não pode funcionar como perito a pessoa que estiver sujeita à interdição de direitos; que tiver prestado depoimento no processo
ou opinado sobre o objeto da perícia; for analfabeta ou menor de 21 anos.

Os intérpretes são equiparados aos peritos (art. 281).

Nos Juizados especiais criminais existe a figura do conciliador, que deve atuar na audiência preliminar com o objetivo de conduzir
as partes a uma composição.

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