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1.Explique qual é diferença entre jurisdição e competência.

Conforme Humberto Theodoro Júnior em seu livro Curso de Direito Processual


Civil, vol. I “jurisdição é o poder de julgar e executar, que todo órgão judicial
detém”, ou seja, é o poder conferido ao juiz para aplicar a lei a cada caso.
O referido autor, também denomina competência, como sendo “os limites
dentro dos quais a jurisdição é exercida por determinado órgão judicial”, isto é,
a competência dada ao juiz pela lei ou pela Constituição Federal.
Fazendo um paralelo, podemos notar a diferença entre os dois conceitos,
sendo a jurisdição um direito atribuído ao Estado pela sociedade, afim de
organizar e garantir o direito de todos, enquanto que a competência é a
jurisdição cedida pelo Estado aos órgãos jurisdicionais, tendo como
representantes os juízes, que possuem competência para aplicar as normas
jurisdicionais a cada caso concreto.

2.A competência pode ser classificada em competência internacional


e competência interna. Explique em que consiste cada uma delas.

A competência internacional refere-se à atuação jurisdicional de um Estado em


relação a um conflito que possua como parte, um elemento estrangeiro e está
elencada nos artigos 21 e 22 do NCPC, que trazem as limitações da jurisdição
brasileira. Podemos entender que essas limitações decorrem do fato de que só
deve haver jurisdição até onde o Estado consiga executar suas sentenças.
A competência interna está elencada nos artigos 42 a 53 do NCPC, e relaciona
a função jurisdicional com outros órgãos da justiça nacional, no direito civil,
podemos entender que a justiça civil é residual. Assim, abrange não só o direito
civil, mas também os demais ramos do direito.
No Brasil, as justiças que se encarregam de exercer as jurisdição em matéria
civil, são a Estadual e Federal.

3.A competência internacional pode ser classificada em cumulativa e


exclusiva, explique.
A competência cumulativa é onde a justiça brasileira é considerada competente
para julgar certa demanda, mas não exclui a possibilidade dessa demanda ser
processada e julgada em um tribunal estrangeiro.

Possui alguns critérios, que são: local do domicílio, local do cumprimento da


obrigação e lugar do ato ou do fato.
Sobre a competência cumulativa, dispõe os artigos 21e 22, NCPC:

  Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações


em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no
Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

  Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as


ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens,
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio
ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional.

Diferente da competência cumulativa, a exclusiva não permite que sentenças


ajuizadas no estrangeiro provoquem efeitos na justiça brasileira. Possui o
objetivo de resguardar o território nacional.
Nas demandas de competência exclusiva internacional, não será possível a
homologação de sentença estrangeira no STJ, pois viola a norma de
competência absoluta. Tendo como critério, local da situação dos bens,
estendido também aos bens imóveis.
A competência exclusiva está disposta no art. 23, NCPC:

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer


outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.

4.Explique o que é competência relativa e absoluta.

O legislador dividiu a competência interna em vários órgãos baseados em


critérios ligados por interesse público e interesse privado.
Competência relativa, segundo o art. 63, NCPC, são as que decorrem do valor
do território. Porém, há exceções na competência relativa territorial criadas pelo
próprio legislador, que apesar de competência territorial, são imodificáveis,
sendo elas: ações imobiliárias relativas a direito de propriedade, vizinhança,
servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
(art. 47, NCPC), ações em que a União for autora, ré ou interveniente (arts.
45,51 e 52, NCPC), ações de falência ( art. 145, NCPC) .
Competência absoluta, são sempre as funcionais. Fixado ao juiz, competência
para atuar no processo pelo ajuizamento de causa, onde outro não poderá
decidir o mesmo litígio, com exceção se ocorrer caso superveniente que
desloque a competência por conexão ou continência (art. 58).

5.O CPC/15 prevê regras de modificação da competência nos arts.54 a 63,


em que consiste a prorrogação da competência? Indique e explique
as formas mais comuns de prorrogação da competência.
O CPC dispões sobre regras de modificação de competência que são
aplicáveis a ações sujeito apenas a critérios de competência relativa,
permitindo a prevenção e prorrogação.
Falamos em prorrogação de competência, quando a esfera de competência de
um órgão judiciário é ampliado a conhecer causas que ordinariamente, cão
estariam compreendidas nas atribuições jurisdicionais.
As formas mais comuns de prorrogação de competência são:
Legal ou necessária: é imposta pela própria lei, como por exemplo, os casos de
conexão ou continência(arts. 54 a 56).
Voluntária: decorre do ato de vontade das partes, como no foro de eleição (art.
63).
Também na falta de alegação de incompetência relativa em preliminar de
contestação ou de impugnação com base em convenção de arbitragem (arts.
65 e 337).
Porém, a prorrogação em quaisquer desses casos, pressupõe competência
relativa, pelo fato de que o juiz absolutamente incompetente nunca se legitima
para a causa, ainda que haja conexão ou continência, ou até mesmo acordo
expresso entre os interessados. Em qualquer fase do procedimento, o réu pode
invocar a incompetência absoluta do juízo, e o próprio juiz, ex oficio, tem poder
para reconhecê-la (art. 64). Até mesmo depois do trânsito em julgado da
sentença, ainda será possível usar a ação rescisória para anular o processo
encerrado com tal vício (art. 966).

6. Explique qual é a diferença entre sentença e decisão interlocutória

A sentença é o encerramento da fase de conhecimento do procedimento


comum, ou seja, encerra-se a primeira instância. Ela extingue a execução, que
é a fase de cumprimento da sentença.
Na decisão interlocutória ocorre a mudança de status processual e relação
entre as partes, porém não põe fim ao processo, é definida como o
pronunciamento judicial que decida alguma coisa no processo e que não se
enquadre no conceito de sentença.
7. O que é o impedimento e a suspeição do juiz? Indique pelo menos três
hipóteses de cada um dos institutos.

No impedimento, o juiz não pode julgar e nem participar do caso, pois ele já
atuou em alguma parte do processo.O impedimento é presunção absoluta de
proibição do exercício. Não se trata de uma suspeita de imparcialidade do
juízo como na suspeição.
A suspeição, por sua vez, é de presunção relativa. Ou seja, pode ser discutida
e, inclusive, refutada.Suspeição do juiz é o ato pelo qual o juiz fica
impossibilitado de julgar uma lide, por condição pessoal ou posicionamento
que questionem sua imparcialidade prejudicando a sua função de julgamento, o
exercício da jurisdição e, consequentemente, ameaçando os pressupostos
processuais.
Texto integral de dispositivos do CPC que dispõem sobre impedimento e
suspeição:

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou


voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou
como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença
ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge
ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha
colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em
linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte
na causa.
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao
advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de
parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar
alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para
atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou afins,
em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer da
causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento; caso em que o
segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substituto legal.

Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de


todos os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se declarar
suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes (art. 304).

Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição:


I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos
casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;
II - ao serventuário de justiça;
III - ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)
IV - ao intérprete.
§ 1º A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em
petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em
que Ihe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em
separado e sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco)
dias, facultando a prova quando necessária e julgando o pedido.
§ 2º Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.

Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição,


especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz
da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a
alegação e conterá o rol de testemunhas.

Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a


suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso
contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos
autos ao tribunal.

Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal
determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas
custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.

Conforme o art. 145 do Novo CPC, o juiz será suspeito quando for:

1. amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;


2. que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou
depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do
objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
3. quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
4. interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

8. Em que circunstâncias o Ministério Público deve atuar no processo


cível.

O Ministério Público, como órgão do Estado, exerce a assistência dos


interesses sociais e individuais indisponíveis, junto ao poder judiciário. Já
referindo-se ao processo civil, ele exerce o direito de ação, seja como parte
principal, seja como substituto processual

9. Os mediadores e conciliadores são considerados auxiliares do Poder


Judiciário? Justifique a sua resposta.
Sim, ambos auxiliam na condução das ações, seja ela com vínculo entre as
partes em que são chamados os mediadores, seja sem vínculo entre as partes,
no caso dos conciliadores.

10.Qual é o papel da Defensoria Pública no ordenamento jurídico


brasileiro.

Como no artigo Art. 5, LXXIV, CF/88

“O Estado prestará assistência jurídica gratuita aos que comparem insuficiência


de recursos.’’

A defensoria pública tem extrema importância no ordenamento jurídico


brasileiro, todos tem direito a justiça, sendo assim o Estado teve de intervir na
criação de um órgão para que esse direito não fosse violado, a Defensoria
Pública.

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