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Competência:

Jurisdição: É o Poder do Estado de aplicar o Direito ao caso concreto, ou seja, de dizer


o direito. (Da mihi factum, dabo tibi us= Dai-me os fatos, que te darei o direito), (lura
novit cúria, O tribunal conhece o Direito).
Competência: É a divisão da jurisdição, ou seja, é uma forma de definir quem irá
aplicar a jurisdição em uma determinada situação/caso concreto. A competência é uma
medida da jurisdição.
Quando tiver um conflito de aplicação do direito em caso concreto, cabe ao Estado-Juiz
realizar uma análise e dizer o direito naquela situação, ou seja, exercer a chamada
prestação jurisdicional.
Assim, pode se dizer que todo juiz tem JURISDIÇÃO, mas nem todo juiz tem
COMPETÊNCIA, pois a competência é uma atribuição que dependerá da lei para
atribuir, onde há juízes que possuem uma atribuição maior e outros uma atribuição
menor.
Características da Jurisdição:
1) Inércia: Em regra, um juiz não atua de ofício – dever ser PROVOCADO para tal.
Logo: a prestação jurisdicional deve ser solicitada ao Estado. Por força da inércia o juiz
deve ser provocado, não podendo, portanto, julgar das seguintes formas:
Ultra Petita: Julgar além do pedido.
Citra Petita: Julgar aquém do pedido.
Extra petita: Julgar fora do que foi pedido (concedendo algo distinto).
Além disso, o órgão não possui o direito de se omitir e dizer não julgo, em caso de ser
provocado, e muito menos julgar sem que seja provocado para tal, em razão da
inércia.
Tipificação do Fato: O juiz poderá modificar a descrição do fato contida na denúncia
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência,
tenha de aplicar penas mais grave. Se isso acontecer o Juiz poderá atribuir a
tipificação mais gravosa e cominar a pena ao acusado sem que haja nulidade alguma.
Não pode ocorrer a modificação da DESCRIÇÃO dos fatos na denúncia, pois o réu se
defende dos fatos imputados a ele e não da capitulação jurídica.
2º) Existência de Lide: Deve existir um conflito de interesse (uma lide) para que possa
ocorrer a prestação jurisdicional.
3º) Substitutividade: A vontade do Estado substituirá à vontade das partes, para a
resolução do conflito. É a característica mais importante da jurisdição. Significa que
se a pessoa solicita a prestação jurisdicional para resolver uma lide (um conflito entre as
partes), ocasião em que o órgão jurisdicional ao decidir a lide aplicando a lei ao
caso concreto não vai se obter o que quer as partes, mas sim o que o Estado
determinar.
4º) Imutabilidade: A sentença conclui o exercício da jurisdição, o que, via de regra,
tem caráter definitivo. Salvo casos de revisão criminal, a qual estudaremos
posteriormente, uma sentença transitada em julgado é imutável tem caráter definitivo e
conclui a prestação jurisdicional.
6º) Atuação do Direito: É o objetivo da prestação Jurisdicional, que se realiza na
aplicação do direito ao caso concreto. É a legislação processual que permite a aplicação
do direito ao caso concreto.
Princípios Específicos da Jurisdição Criminal: São os princípios específicos, os quais
conheceremos a seguir:
Indelegabilidade: A Jurisdição não pode ser delegada. Deve ser exercida pelo juiz, e
não há que se falar em delegação. Veremos, no entanto, que em alguns casos
específicos, apenas a competência pode ser delegada;
Inafastabilidade: O Judiciário deverá apreciar lesões ou ameaças a direito, o que
não poderá ser afastado sequer por lei. Este princípio também está previsto na CF/88
art. 5º XXXV.
Irreparabilidade: Princípio que segundo Nucci, veda às partes que “escondam” do
conhecimento do juízo determinadas criminais (mesmo que queiram fazê-lo);
Devido Processo Legal: É um princípio constitucional que determina que ninguém será
privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Indeclinabilidade: O juiz não pode dizer eu não julgo, ou seja, declinar de julgar caos
que lhe sejam apresentados.
Juiz Natural: Também previsto na CF/88, veda a existência de tribunais de exceção
(posto que ninguém será processado ou sentenciado senão pela autoridade competente).
Investidura: A Jurisdição deve ser exercida por um juiz, magistrado devidamente
investido na função de julgador.
Irrecusabilidade ou inevitabilidade: Outro princípio sobre o qual já discorremos
indiretamente. A Jurisdição é imposta (não depende da vontade das partes);
Unidade: Jurisdição é una e pertence ao poder Judiciário. Sua diferenciação ocorre na
esfera de competência, aplicações e especializações.
Merece destaque o ato de que a jurisdição não pode ser delegada, enquanto, em casos
pontuais, é possível a delegação de competências.
Prorrogação e Competência: É o estudo da competência que permite dizer qual o
órgão irá atuar em determinados casos. Por isso deve-se entender a prorrogação de
competência processual.
Prorrogação de Competência: É a possibilidade de um juiz ou tribunal é maximizado,
possibilitando que aprecie e julgue processo para os quais, em regra não era competente.
Em regra, a competência processual é improrrogável: deve ser exercida
exclusivamente pelo juízo competente. Em alguns casos excepcionais, admite-se que
um juízo originariamente incompetente posa emanar uma decisão à qual se
submetam as partes. Essa exceção é possibilitada pela lei, e quando ocorrer
estaremos diante da chamada prorrogação de competência. Em alguns casos a lei
permite que um juízo originariamente incompetente atue, sem gerar vício processual.
Competência Absoluta e relativa:
Competência absoluta: É aquela competência que não admite prorrogação. O interesse
é público.
Competência Relativa: Competência que admite prorrogação. Interessa sobretudo às
partes.
Competência Absoluta e suas características: Tem como característica de não admitir
prorrogação. A competência absoluta não admite prorrogação.
Existem três casos em que será considerada a competência do juízo como absoluta:
Competência Funcional: É uma espécie de competência absoluta que se divide em
três tipos:
Por fase do Processo: Situação em que a competência de um mesmo processo acaba
sendo dividia entre dois juízes. É o que ocorre por exemplo: casos de execução da
pena. Um juiz cuida do processo durante o julgamento e sentencia o acusado. Quando
o processo finalmente entra em fase de execução, a competência muda de acordo com a
fase do processo. Tal competência é absoluta, e não respeita-la gera a nulidade
absoluta dos atos praticados.
Por Grau de Jurisdição: Aqui temos uma garantia de respeito ao duplo grau de
jurisdição, que também deve ser respeitada para não gerar nulidade absoluta.
Por objeto do Juízo: Em outros casos temos uma divisão de atribuição dentro de um
mesmo processo, mas não em relação à fase em que o processo se encontra, e sim às
tarefas que devem ser executadas por cada um. Ex: Tribunal do Juri. O juiz presidente
tem algumas tarefas no curso do processo, enquanto o júri tem outras. Essa
competência também deve ser respeitada com caráter absoluto.
Competência por Prerrogativa de Função: Está relacionada simplesmente com o
cargo público ocupado pelo infrator. É competência sobre a qual a mídia mais fala,
chamando-a inadequadamente de foro privilegiado. Ex: Algumas autoridades públicas
devem julgadas no STF e outras no STJ.
Competência em razão da matéria: Ocorre em razão do tipo penal que será julgada. É
a ratione materiae.
Competência absoluta jamais poderá ser modificada, pois é determinada de acordo
com o interesse público. Podendo ser arguida a qualquer tempo e até de ofício.
Pode ser arguida pelas partes. A competência absoluta gera nulidade absoluta.
Competência Relativa: A competência relativa, como o próprio nome nos leva a crer, é
mais tolerante – posto que admite prorrogação, embora a incompetência possa também
ser argumentada pelas partes (assim como a absoluta). A arguição na competência
relativa não poderá ocorrer a qualquer tempo. Caso a arguição da incompetência
de um determinado foro não seja realizada a tempo, ocorrerá a prorrogação da
competência do foro incompetente.
A competência relativa gera apenas nulidade relativa. A competência relativa não é
capaz de anular os atos instrutórios. Só há um caso de competência relativa, que é a
competência territorial
Espécies de Competência:
Competência em razão da matéria:
Tribunal do Juri: Possui competência para julgar os chamados crimes dolosos contra
a vida. Todo o judiciário pode exercer jurisdição. Entretanto, apenas o tribunal do
júri tem a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. São crimes
DOLOSOS contra a VIDA: 1) Homicídio doloso e seus derivados (feminicídio,
homicídio funcional, homicídio qualificado); 2) Induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio; 3) Infanticídio; 4) Variação do delito de aborto.
Os crimes culposos contra a vida, (homicídio culposo) não é de competência do
Tribunal do Juri.
O Fato de o crime tentado ou consumado não influirá na configuração da competência
do tribunal do júri, logo, homicídios dolosos tentado ou consumado será de
competência do júri normalmente.
Características da competência do júri: 1º) Tem competência constitucional do júri
está prevista expressamente na CF/88, no art 5º XXXVIII; 2º) Competência do tribunal
do júri é considerada MÍNIMA (ou seja, lei ordinária pode ampliá-la sujeitando
novas condutas à apreciação do tribunal do júri), mas nunca poderá ocorrer é sua
competência ser reduzida, logo os crimes dolosos contra a vida não podem deixar de
ser competência do tribunal do júri por força de lei.
Os crimes conexos contra a vida também passam a ser de competência do tribunal
do júri, assim se ocorrer um estupro e um homicídio, de forma conexa, ambos os
delitos serão julgados pelo tribunal do júri. Os delitos de latrocínio, estupro seguido
de morte e lesões corporais seguidas de morte não são de competência do tribunal
do júri.
Justiça Militar: Vai competir processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Estes crimes estão previstos no Código Penal Militar, e existem circunstâncias que
farão com que crime comuns (como homicídio ou crimes previsto na legislação
especial) sejam considerados como crimes militares. Para apurar estes crimes,
temos os seguintes órgãos:
Justiça Militar da União: Julga os crimes militares em geral (relacionados ao Exército,
Marinha, Aeronáutica e servidores e órgãos integrantes das forças da união).
Justiça Militar Estadual: Julga os crimes militares praticados pelos miliares dos
estados e ações judiciais contra atos disciplinares militares.
Observações sobre a Justiça Militar: 1) Vítima civil de homicídio: Se o homicídio
praticado por militar contra civil, por expressa previsão constitucional, e competência
do tribunal do júri; 2) Justiça Militar da União: Tem a competência de julgar civis,
aos quais a justiça militar estadual não possui essa competência.
Crimes dolosos contra a vida e justiça militar: Se o crime for doloso contra a vida
cometidos por militares das forças armadas contra civil, serão da competência da Justiça
Militar da União. Estes crimes vão ser praticados no seguinte contexto: I) do
cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República
ou pelo Ministro de Estado da Defesa; II) de ação que envolva a segurança de
instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou III) de
atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: A) Lei n. 7.565, de 19
de dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica; B) Lei complementar n.º 97,
de junho de 1999, C) Decreto lei n.º 1002/69, Código de Processo Militar; D) Lei n.º
4.737/65 Código Eleitoral.
Se for militar das forças armadas e não as estiverem presentes situações acima
descritos será julgado pro Tribunal do Juri.
Se o militar estadual cometer algum crime contra vida será tribunal do júri.
Justiça Eleitoral: É a lei complementar que deve dispor sobre a organização e
competência da justiça eleitoral é o Código Eleitoral.
Justiça Federal: É a mais extensa da competência em razão da matéria. São de
competência da Justiça Federal:
Da competência dos Juízes Federais:
Causas em que o autor, o réu o assistente ou oponente são: A) A União; B) Entidade
Autárquica; C) Empresa Pública Federal; D) Exceções: Causas de Falência; Acidente
de trabalho e. sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.
Causas relacionadas à Estado Estrangeiro: A) Entre Estado Estrangeiro; B)
Organismo Internacional e Municípios ou pessoa domiciliada ou residente no Brasil; C)
Causas Fundadas em tratamento da União com Estado Estrangeiro ou Organismo
Internacional.
Causas relacionadas à crimes: A) Crimes políticos; B) infrações penais em detrimento
de bens e serviços da União, suas autarquias e empreses públicas; C) Exceções:
Contravenções Penais e causas de competência da Justiça Eleitoral e Justiça do
Trabalho.
Outras Causas Relacionadas à Crime: A) Previstos em tratados ou convenções
internacionais; B) Cuja execução foi iniciada no Brasil e o resultado ocorreu ou
deveria ter ocorrido no estrangeiro (ou vice-versa).
Outras Causas relacionadas a crimes: A) Crimes contra organização do trabalho; B)
Crimes contra o sistema financeiro ou ordem econômico-financeira (em casos
determinadas por lei).
Outras Competências: A) HCs nas causas criminais de competência da Justiça
Federal; B) HCs contra constrangimento perpetrados por autoridades cujos atos não
estão sujeitos à outras jurisdições; C) Execução de carta rogatória; D) Execução de
sentença estrangeira (Após Homologação).
Outras competências: A) Habeas Data e Mandado de Segurança contra atos de
autoridade federal; B) Exceção: competência dos Tribunais Federais; C) Causas
relativas à Direitos Humanos; (§5º); Direitos Indígenas; D) Naturalização e
Nacionalidade.
Causas relacionadas à crime: A) Crimes praticados a bordo de navio ou aeronaves; B)
Exceção: Competência da Justiça Militar; C) Crimes de ingresso ou permanência
irregular no estrangeiro.
Competência da Justiça Estadual é residual, logo se não está no rol da Justiça
Federal, será da Justiça Estadual.
Crimes Conexos: Acontece quando um crime de competência da Justiça Federal é
praticado de forma conexa com um crime de competência da Justiça Estadual.
Jurisprudência Relevante: Relacionados a Justiça Federal:
Contravenções Penais: Contravenções penais competem à Justiça Estadual, mesmo
que estejam conexas a crimes de competência da Justiça Federal (STJ).
Sociedades de Economia Mista: Crimes contra Sociedades de Economia Mista são de
competência da Justiça Estadual.
Fundações Públicas Federais: Fundações Públicas Federais são consideradas
Autarquias (são as chamadas Fundações Autárquicas). Por isso, crimes praticados em
detrimento dessas entidades também são de competência da Justiça Federal.
Conselhos Profissionais: Crimes praticados contra Conselhos profissionais (tais
como a OAB) também são de competência da Justiça Federal.
Lei de Terrorismo: Os delitos previstos na lei 11.260/16 são de competência da
Justiça Federal.
Justiça Eleitoral e Militar: A competência da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar EM
REGRA prevalece sobre a competência da JF, em caso de conflito.
Compete à Justiça Federal processar e julgar: A) Crimes praticados contra
funcionário público federal, relacionados ao exercício da função; B) Falsificação de
papel moeda de forma não grosseira; C) Crimes de falso testemunho em processos
trabalhista; D) Crimes uso de passaporte falso; E) Desvio de verbas sujeitas a prestação
de contas perante órgão federal, praticado por prefeito; F) Tráfico internacional de
drogas para exterior; G) Tráfico internacional.
Compete à Justiça Estatual processas é julgar: A) Crimes de falsa anotação da
CTPS; B) Falsificação grosseira de papel moeda; C) Falsificação e uso de documento
falso de escola particular; D) Desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio
municipal (praticado por prefeito);
Competência Territoriais: Via de regra será determinada através do local em que se
consumou o delito, ou no caso de tentativa, o local em que foi praticado o último ato
de execução. Segundo a Doutrina aplica-se a chamada TEORIA DO RESULTADO na
definição de competência.
Quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas
ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Prevenção: É uma prefixação de competência, concedida ao juiz que primeiro tomar
conhecimento da infração penal e praticar um ato ou tomar uma medida no
processo ou inquérito.
Quando não houver outro critério para solucionar uma situação em que dois juízes
possam ser considerados competentes para atuar em um determinado inquérito ou
processo, o legislador se utiliza da prevenção para solucionar o impasse.
Para não se confundir, quando for resolver uma questão sobre a competência da justiça
brasileira para julgar um delito de caráter internacional, aplica as regras e teorias
previstas no CP. Você estará solucionado os casos dos chamados crimes a distância.
Se for crime plurilocais (praticados em múltiplos locais dentro do território
nacional), você deve utilizar as regras e teorias do CPP. Vai utilizar a Teoria do
Resultado.
Em casos de homicídio, deve prevalecer o juízo do local da AÇÃO ou da OMISSÃO;
segundo a jurisprudência majoritária. Logo, em casos homicídio, temos que a teoria
utilizada por definição judicial, é a teoria da atividade, e não a do resultado, que é a
regra do CPP.
Sem saber o Lugar da infração: Quando não for conhecido o lugar d infração, a
competência regular-se pelo domicílio ou residência do réu.
Réu sem residência certa ou de paradeiro ignorado: Juíz que primeiro tomar
conhecimento do fato.
Competência de Ação privada: Se for exclusiva o querelante poderá preferir o foro
do domicílio da residência do réu; ainda quando conhecido o lugar da infração. Não
se aplicará aos casos de ação penal privada subsidiária da pública.
Competência Territorial: A regra geral é que o juízo competente será o do lugar da
consumação do delito ou do último ato de execução da tentativa.
Regra supletiva: Se não tiver conhecimento sobre o local da consumação do crime,
utiliza-se o foro do domicílio do réu ou residência do réu para determinar o juízo
competente.
Distribuição: É a forma em que o legislador optou para dizer sorteio, logo se tiver dois
juízes igualmente competentes na mesma circunscrição judiciária, será selecionado
qual julgará um determinado caso por sorteio, o que normalmente é efetuado por um
sistema informatizado desenvolvido com essa finalidade.
Alteração da Competência: É a possibilidade de alterar o lugar da competência. E para
isso existem as seguintes. Tal alteração será feita cos os chamados critérios de conexão
e continência:
Tanto na conexão como na continência, não se deve reunir processos se de um deles
já tiver sido julgado.
Continência: Ocorre quando um fato criminoso está contido (engloba) outro. Não é
possível a cisão (separação dos delitos em processos diferentes (pois estão contidos
uns nos outros). Regra prevista no art. 77 do CPP.
A Continência será determinada quando: I) Duas ou mais pessoas forem acusadas
pela mesma infração; II) No caso de infração cometida nas condições previstas nos art.
51 §1º, 53, segundo parte do Código Penal.
Se duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração, ou na hipótese de
concurso formal de crime, previstas no Código Penal, teremos a determinação de
competência pela continência.
Conexão: Ocorre quando existe uma ligação entre infrações penais (liame) que
justifique sua união em um mesmo processo para facilitar seu julgamento. A
conexão serve para evitar decisões contraditórias, bem como para facilitar o tramite
geral do processo (e atos como a produção de prova)
Competência será determinada pela conexão: I) se, ocorrendo duas ou mais
infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas,
ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias
pessoas, umas contra as outras; II) se, no mesmo caso, houverem sido umas
praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou
vantagem em relação a qualquer delas; III) quando a prova de uma infração ou de
qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração; A
Doutrina esquematiza estes incisos da seguinte forma:
Conexão intersubjetiva por concurso: Ocorre quando estamos diante de duas ou mais
infrações, praticadas por duas ou mais pessoas. É prevista no art. 76, inciso I.
Conexão intersubjetiva por reciprocidade: Ocorre quando estamos diante de duas ou
mais infrações, praticadas por várias pessoas umas contra as outras. Também
prevista no art. 76, inciso I.
Conexão Objetiva ou Finalista: A conexão entre as infrações penais se dá através da
existência de um objeto, seja ele o de facilitar ou de ocultar outras infrações penais, ou
para garantir a vantagem ou a impunidade de qualquer delas. Prevista no art. 76,
inciso II.
Conexão Probatória, Processual ou Instrumental: Ocorre quando estamos diante de
uma conexão gerada por uma prova, relevante o suficiente para influir na prova de
outra infração penal. Prevista no art. 76, inciso III.
Prevalência de Foro: É selecionar qual dos juízes deverá manter sua competência no
momento da união dos feitos. Essa unificação de várias infrações gera uma
consequência bastante, pois onde havia dois ou mais juízes competentes agora
apenas um irá prevalecer. E para definir a competência por conexão e continência
deve-se observar as seguintes regras:
Inciso I: Competência do Juri prevalece sobre outras competências; a exceção é a de
concurso entre crimes de competência do júri e de competência da justiça militar ou
eleitoral (nesse caso os efeitos devem permanecer separadas).
Inciso II: Mesma categoria significa juízes aptos a julgar mesmos tipos de causas
(como por exemplo, dois juízes de primeiro grau) nesse caso, segue-se uma lista de
prioridades, na seguinte ordem: Foro do local da infração mais grave, foro onde foi
cometido o maior n.º de crimes, e caso permaneça o conflito, prevenção.
Inciso III: Aqui trata do conflito entre jurisdição superiores e inferiores. Ocorre nos
casos de foro por prerrogativas de função. Imagine crimes conexos praticados por um
indivíduo com foro no STJ e outro com foro comum. Os efeitos serão unidos e
prevalecerá a competência do STJ para julgar o caso.
Inciso IV: Quando houver conflito entre a jurisdição especial (como a eleitoral, por
exemplo) e a jurisdição comum, prevalecerá a especial. Logo, em concurso entre
crimes eleitorais e crimes comuns, a Justiça Eleitoral deverá julgar todos os
delitos.
Em caso de concursos de crimes de jurisdição MILITAR e jurisdição COMUM, deve
ocorrer a disjunção dos feitos.
Casos de Separação Obrigatória: São aqueles casos em que mesmo diante de um caso
de continência e conexão, os processos não devem ser reunidos mantendo-se a
separação dos feitos. Tais casos de separação estão previstos no art. 79 CPP.
Competência para julgar a FALSIFICAÇÃO do documento: definida em razão do
órgão expedidor.
Competência para julgar o USO do documento falso: definida em razão do órgão a
quem é apresentado.
CPP, art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo:
I) no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II) no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu,
sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido
que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461
Separação entre a Justiça Comum e o Juízo de Menores: Quando houver um
concurso entre um menor de 18 anos e um outro autor maior de idade, o menor será
julgado pelos juizados da infância e juventude, enquanto o maior de idade terá sua
participação apurada pela Justiça Criminal de forma regular.
Superveniência de Enfermidade Mental: É o caso do réu/acusado que padece de uma
doença mental, que enseja a suspensão do processo até a sua recuperação. Será
suspendido apenas para o réu que está doente, enquanto que o processo para o réu
que está bem de saúde, não terá seu processo suspenso.
Fuga de um dos Réus: Trata da fuga dos réus. Aqui é necessário analisar se é possível
que o réu possa ser julgado à revelia. Se for possível, a junção pode ser realizada
normalmente. No entanto, se for um caso em que o julgamento à revelia não é
permitido, deve ocorrer a disjunção dos processos.
Casos de Separação Facultativa: Há ainda casos em que a separação dos feitos poderá
ser feita de forma facultativa, e não de uma obrigação. São situações de Separação
facultativa: A) Infrações penais praticadas em tempo ou lugares diferentes; B) Número
excessivo de réus ou acusados; C) Outro motivo relevante.
Valido dizer que a separação facultativa dos processos pode ser reconhecida de
ofício pelo juiz ou quando arguida pelas partes.
Perpetuação da Jurisdição: Princípio segundo o qual não se desloca o processo
para outro juízo em razão de fato superveniente. Ocorre na situação em que
processos são reunidos em razão de conexão e continência, mas em relação ao processo
que causou a atração que determinou a escolha de competência que prevaleceu sobre os
demais, o juiz profere uma sentença absolutória ou classificou a infração para
outra, que não é de sua competência, os outros processos que foram atraídos vão
continuar sob a competência deste juízo.
Se for em crimes contra a vida conexo com outro crime comum (estupro conexo com
homicídio doloso), estes vão ser enviados para o Tribunal do Juri. Todavia se o juiz
presidente verificar, por algum motivo que não há mais competência do júri para
atuar no caso. Ex: comprova-se que o homicídio foi culposo. O Juri não poderá
continuar atuando no julgamento, vez que os processos devem ser remetidos ao juiz
competente.
Avocação de Processos: É quando o juízo prevalente (aquele no qual deveria tramitar
a união de todos os processos relacionados) deverá avocar (chamar para si) os
processos instaurados em outros juízos que façam conexão e continência com o
processo que está sendo julgado pelo juízo prevalente.
Se tiver uma sentença definitiva nos processos, impede a avocação de um determinado
processo. Segundo a doutrina, sentença definitiva não é sinônimo de trânsito em
julgado. Sentença definitiva, nesse caso, quer dizer a sentença que encerra a primeira
fase processual (1º grau).
Prevenção: É o coringa das situações de conflito processuais. Quando as regras gerais
não forem suficientes para solucionar os conflitos de competência e determinar em
qual juízo devem tramitar os processos, a solução vem da prevenção.
Assim, se durante um processo não for corretamente observada a competência
definida por prevenção, a nulidade não será absoluta (apenas relativa), de modo
que, para ser arguida, irá depender da comprovação de que houve prejuízo.
Foro for Prerrogativa de Função: Popularmente chamado de foro privilegiado, e a
competência de julgamento em razão do cargo que a pessoa ocupa. O CPP não aborda
todas as regras específicas do cargo, quem faz isso é a CF/88, o que normalmente é
cobrado em provas é a literalidade dos artigos do CPP.
CPP, art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas
que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas
que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a
exceção da verdade.
Da Incompetência no Processo Penal: É quando o foro não é o competente para julgar
o caso/lide processual penal, podem ocorrer de duas formas:
Incompetência Absoluta: Gera como consequência uma nulidade absoluta.
Características da Incompetência absoluta: 1º) Resultará em atentado a preceito
constitucional; 2º) Protege direito público; 3º) Pode ser arguida a qualquer momento,
enquanto não houver o trânsito em julgado da decisão; OBS: Em caso de sentença
condenatória ou absolutória imprópria, poderá ser arguida após o trânsito em
julgado, por meio de revisão criminal ou habeas corpus, sempre em favor do
condenado; 4º) O prejuízo é presumido. Dessa forma, o processo deve ser anulado ab
inito. É imodificável, ou seja, a conexão e a continência não podem alterar uma
regra de competência absoluta.
OBS: A doutrina ressalta que diversamente do que se dá no processo civil, no
processo penal o juiz pode declarar de ofício tanto a incompetência absoluta quanto
a relativa, enquanto não esgotada sua jurisdição pela prolação da sentença.
Doutrina: Resulta em anulação dos atos decisórios e também dos atos probatórios.
Obs: Os Tribunais superiores entendem que os atos probatórios não devem ser
anulados no caso de reconhecimento de incompetência, sendo possível que até
mesmo os atos decisórios sejam ratificados perante o juízo competente quando não se
tratar de sentença de mérito.
Incompetência relativa: Pode produzir uma nulidade relativa. São características da
incompetência relativa: A) Resultará em atentado às regras infraconstitucionais; B)
Atende ao interesse preponderante das partes (particular); C) Deve ser arguida em
tempo oportuno (no momento da resposta à acusação – CPP, art. 396-A), sob pena de
preclusão; enquanto o magistrado exercer a jurisdição; D) De acordo com a doutrina,
resulta em anulação dos atos decisórios. Os probatórios podem ser ratificados; E) Pode
ser declarada de ofício pelo juiz até o início da instrução processual: CPP, art. 109.
Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente,
declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do
artigo anterior; F) Prejuízo deve ser comprovado.
Estelionato – IMPORTANTE: A jurisprudência dos tribunais superiores até a edição
da Lei 14.155/21 vinha entendendo que o estelionato praticado com falsificação de
cheques deve ser processado e julgado no juízo do local onde foi obtida a vantagem
ilícita, ao passo que o estelionato praticado com cheques SEM FUNDOS, no entanto,
deveria ser processado e julgado no juízo do local da recusa do pagamento dos
cheques.
No entanto, houve alteração legislativa superveniente sobre o tema, inserida no
ordenamento jurídico pela Lei 14.155/21. A referida Lei inseriu o § 4º do art. 70 do
CPP, segundo o qual, nos crimes previstos no art. 171 (estelionato) do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante
depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder
do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Crimes Preterdolosos: Aplica-se a regra geral do art. 70 do CPP – Teoria do
Resultado.
Súmulas e Jurisprudência:
Súmula vinculante n. 45-STF: A competência constitucional do tribunal do júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
Constituição Estadual.
Súmula n. 122/STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78,
II, “a”, do Código de Processo Penal
Súmula n. 151 do STJ: No caso de delitos de contrabando ou descaminho, o STJ
entende que o juízo competente será definido, na esfera federal, com base na prevenção,
sendo competente o juízo do lugar onde os bens contrabandeados foram apreendidos.
IMPO's: Infrações de Menor Potencial Ofensivo também são regidas pela teoria da
atividade na definição de competência. Portanto, constituem exceção à regra geral do
CPP, de modo que o juízo competente para julgá-las será o do local onde a infração foi
praticada.
Súmula n. 235 do STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles
já foi julgado.
Súmula n. 706 – STF: É relativa a nulidade decorrente da inobservância da
competência penal por prevenção.
súmula n. 33 do STJ: “a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício” não
se aplica ao processo penal.
Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao
foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
Súmula n. 702 do STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos
restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a
competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.
Súmula n. 147 do STJ: Compete a justiça federal processar e julgar os crimes
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da
função.
Súmula Vinculante n. 36 do STF: Compete à Justiça Federal comum processar e
julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando
se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira
de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
Súmula n. 451 do STF: Competência especial sobre prerrogativa de função não se
estende a crime cometido após cessação definitiva do exercício funcional.
Súmula n. 165 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso
testemunho cometido no processo trabalhista.
Súmula n. 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o
documento público, não importando a qualificação do órgão expedido.
Súmula n. 42 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento.
Súmula n. 140 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime
em que o indígena figure como autor ou vítima.
Súmula n. 73 do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado
configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula n. 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o
documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Súmula 38 do STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição
de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens,
serviços ou interesse da união ou de suas entidades.
Súmula 521 do STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
SÚMULA 208/STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
SÚMULA 209/STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar Prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
SÚMULA 151 DO STJ: A COMPETENCIA PARA O PROCESSO E
JULGAMENTO POR CRIME DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO DEFINE-
SE PELA PREVENÇÃO DO JUIZO FEDERAL DO LUGAR DA APREENSÃO D
Súmula nº 603 do STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do
juiz singular e não do tribunal do júri. OS BENS.

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