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Matéria de Processo Do Trabalho - Parte 4
Matéria de Processo Do Trabalho - Parte 4
@danilodelarco
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
A sociedade atribui ao Estado o poder para que ele possa dar uma solução
impositiva (substituir a vontade das partes) e definitiva (ou seja, após todos os
recursos analisados, a decisão deve ser cumprida) ao conflito quando
provocado. A vontade das partes perde relevância, porque se sujeitam a
decisão do Estado. Assim, a jurisdição é uma atividade substitutiva da vontade
das partes, é o princípio da definitividade da jurisdição, que se dá com a coisa
julgada (art. 502 CPC)
. Todo juiz tem a mesma jurisdição. Ex.: Juiz criminal poderia, em tese, julgar
uma ação trabalhista. O que impede é a competência. Todo Juiz tem jurisdição,
mas nem todo juiz tem competência.
. Estas regras podem ser declaradas de oficio pelo juiz a qualquer momento.
A Ação rescisória pode trazer esta discussão, caso ela passe desapercebido pelas
partes e juízes durante o processo, o que acarretará a desconstituição da coisa
julgada válida, a suspensa a execução, com um novo julgamento.
Neste caso, a lei veio atender o interesse das partes para tornar a justiça mais
próxima, mais acessível às partes. Estas regras são chamadas de competência
relativa ou territorial, ou em razão do lugar. O CPC escolheu como regra o
domicílio do réu (art. 46 CPC); já o processo do trabalho escolheu o local da
prestação de serviço (art. 651 CLT).
-> O vocábulo “foro” não quer dizer território neste contexto, mas e sim quer
dizer “ABSOLUTA”. Este foro quer dizer incompetência absoluta e não é
incompetência territorial/ relativa.
COMPETÊNCIA
É uma regra de competência absoluta que poderá ser declarada de ofício pelo
juiz a qualquer momento, não se operando a preclusão. Exemplos: Art. 45, I e II
CPC e 109, inciso I CF.
Art. 109, inciso I CF -> Compete aos Juízes Federais julgar... – com exceção de:
falência, acidente de trabalho, Justiça do Trabalho e Justiça Eleitoral.
Ex.: Ingresso com ação em face do INSS pleiteando auxílio doença ->
competência da Justiça Federal.
Ex.: Se vou requerer auxílio doença acidentário em face do INSS -> competência
da Justiça Estadual (exceção).
O termo “ações oriundas das relações de trabalho” quer dizer que neste
momento a Justiça do Trabalho passou a ter competência para julgar todas as
ações trabalhistas de um modo geral, não só as que envolvem empregado e
empregador, mas também as questões dos trabalhadores de um modo geral
como: autônomo, trabalhador eventual, estagiário, estatutários, todos.
Quando o inciso dispõe que estão “ abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.”,
leva a crer que os estatutários também seriam da competência da
Justiça do Trabalho. Porém, em janeiro de 2005 veio uma ADI que em sua
decisão liminar o STF determinou ser inconstitucional qualquer interpretação
que admita que os estatutários sejam de competência trabalhista, assim,
excluíram estes da JT.
Outro ponto que foi decidido pelo STJ foi a relação existente entre o profissional
liberal e seu cliente, ex: como fica a relação entre médico e paciente? Entre
advogado e cliente? Neste caso o STJ (súmula 363 do STJ)afirmou que a relação
não é de trabalho e sim de consumo, portanto, competência da Justiça Estadual
e não da trabalhista.
Inciso III: “as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;”
Inciso IV: “os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;”
IV- Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data.
Essas três medidas ou esses três remédios constitucionais protegem a violação
ao direito líquido e certo.
Ex.: Habeas data: Protege o Direito à INFORMAÇÃO. Ex: Trabalhador é
acometido de um acidente de trabalho e é internado em hospital público. O
atendimento gera um prontuário, que é do trabalhador. Quando vai solicitar o
prontuário o Hospital nega fornecer as informações a seu respeito, porém, estas
informações são essenciais para uma ação trabalhista. Neste caso o trabalhador
poderá ingressar com o habeas data na Justiça do Trabalho em face do hospital
público para que ele preste essas informações.
Agora, se a pessoa busca informações do pai que foi internado, como se trata de
informações de terceiro aí a medida não é habeas data e sim mandado de
segurança.
Ex.: Habeas Corpus – Protege o Direito de LOCOMOÇÃO – Um jogador de
futebol é emprestado para um outro time, mas no contrato de empréstimo há
uma cláusula impedindo este jogador de disputar qualquer campeonato que o
time que o está emprestado está disputando. Nest caso há uma violação ao
direito de ir e vir profissional, o jogador está tendo restrição na sua liberdade
profissional, o que permite o cabimento da medida de habeas corpus. Notem,
que a Justiça do Trabalho NÃO TEM COMPETÊNCIA CRIMINAL, ou seja, o habeas
corpus aqui é para proteção da liberdade profissional. No caso de uma
testemunha ser presa em audiência, por crime de falso testemunho, o habeas
corpus será na Justiça Federal e não na Trabalhista.
Mandado de segurança – Para caber o MS na Justiça do Trabalho devemos
observar 3 critérios: 1) O ato praticado deve ser de uma autoridade pública ou
investida na função pública na seara trabalhista; 2) O ato deve violar direito
líquido e certo e 3) Desta decisão da autoridade não cabe recurso próprio e nem
habeas corpus ou habeas data. O MS é a ultima solução possível. Ex: Súmula
414, II, do TST.
Ex: Quando o juiz do trabalho nega uma tutela antecipada e esta negativa viola
direito líquido e certo, não cabe recurso de imediato, pois na Justiça do
Trabalho as decisões interlocutórias não comportam recurso de imediato,
então, neste caso, a parte poderá impetrar o MS contra o ato do Juiz junto ao
TRT.
Destaca-se que o Mandado de Segurança não é recurso.
Inciso V:
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto
no art. 102, I, o;
Conflitos entre:
-> Vara do Trabalho e Vara do Trabalho = quem decide é TRT – art. 803 a 808
CLT;
-> Vara do Trabalho e Vara Cível (discussão de matéria) = quem decide é o STJ –
art. 105, I, “d”, CF;
-> Vara do Trabalho e Vara Cível (com competência trabalhista) = quem decide é
TRT - art. 803 a 808 CLT;
-> Vara do Trabalho de São Paulo e Vara do Trabalho Paraná = quem decide é
TST, porque envolveu dois TRT’s - art. 803 a 808 CLT
-> TJ e TRT = quem decide é STJ - art. 105, I, “d”, CF
-> TRT e TRT = quem decide é TST - art. 803 a 808 CLT
-> TST e STJ = quem decide é STF – art. 102, I, “o” CF
-> Vara do trabalho e TRT = quem decide é o TRT. Aqui nem há conflito porque o
TRT é hierarquicamente superior a Vara do Trabalho.
-> Entre o INSS x Empregador (ação de regresso do INSS contra a empresa para
restituir o que gastou com o trabalhador pelo acidente de trabalho sofrido por
culpa da empresa, art. 120, lei 8213/91) = Justiça Federal
Inciso VI: “as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho;”
Inciso VII: “as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;”
Inciso VIII – “a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;”
As Contribuições sociais são o INSS e o SAT.
Competência relativa
*Competência em razão do lugar/território: Juiz não pode declarar de ofício. A
parte ré tem 5 dias da notificação (citação) para alegar essa competência
relativa por meio de uma medida judicial chamada de exceção de
incompetência, prevista no art. 800 da CLT.
. O Art. 651, “caput”, CLT traz a Regra: local da prestação de serviço do
empregado.
. Se ficar demonstrado que o local da prestação de serviços está muito distante
da onde o empregado reside ou muito distante da Vara do Trabalho mais
próxima dele, para não violar o acesso à justiça o juiz pode aceitar que o
processo tramite no domicílio, mas esta possibilidade seria uma exceção.
. Qual o local dever ser ajuizada uma RT? No local de prestação de serviço, a não
ser que tenha algum motivo que viole o acesso à justiça.
§1º - Exceção criada apenas para o vendedor viajante. Neste caso é possível que
o vendedor empregado entregue produtos da empresa em várias cidades e em
todas essas cidades podem ter uma Vara do Trabalho. Ex: Um vendedor que
presta serviço em Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Maringá e Apucarana.
A matriz da empresa é em Londrina, Maringá tem uma filial e foi esta filial que
contratou e registrou o empregado, mas ele reside em Astorga.
Neste caso, respeitando a regra do art. 651, §1º da CLT, ele tem que:
Ex: Propor a ação trabalhista na cidade da empresa que ele está vinculado, não
importa se é matriz ou filial, ou seja, terá que propor a ação em Maringá, que é
a cidade da filial da empresa que ele está vinculado e tem Vara do Trabalho. Se
Maringá não tivesse Vara do Trabalho, a ação deveria ser ajuizada no local do
seu domicílio, mas Astorga não tem Vara do Trabalho, então deverá ajuizar na
Vara do Trabalho da cidade mais próxima do seu domicílio, no caso Arapongas.