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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG

CENTRO DE CIÊNCIAS JÚRIDICAS E SOCIAIS – CCJS


UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO - UAD
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
COMPONENTE CURRICULAR: TEORIA GERAL DO PROCESSO
DOCENTE: MARANA SOTERO DE SOUSA

DISCENTE:
FRANCINALDO DA SILVA SOUSA

TRABALHO:

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

SOUSA- PB
2022
O presente trabalho buscará fazer uma abordagem sobre as noções de
Jurisdição e Competência, como parte de atividade da disciplina de Teoria
Geral do Processo.

Em primeiro lugar, é preciso deixar clara a diferença entre os dois


pontos estudados: Jurisdição é o poder de um país de aplicar leis para
resolver conflitos garantidos pela constituição. Portanto, o Estado tem o
direito/poder de intervir na relação entre as duas partes para resolver a disputa
quando provocada.

Ou seja, os julgadores não saem em busca das lides para resolvê-las,


mas aguardam que os interessados, frustradas eventuais tratativas amigáveis,
busquem espontaneamente a intervenção estatal, propondo a demanda.

Assim, entende-se que, se a jurisdição é o poder de falar a lei, a


jurisdição é a definição desse poder, que se estabelece por meio de normas. A
jurisdição é, portanto, uma licença legal para exercer a jurisdição parcial.

Compõe-se a jurisdição de alguns elementos a serem observados com


vistas a se chegar à final aplicação do direito material ao conflito. Na ordem,
são eles: a notio ou cognitio (poder atribuído aos órgãos jurisdicionais de
conhecer os litígios e prover à regularidade do processo); a vocatio (faculdade
de fazer comparecer em juízo todo aquele cuja presença é necessária ao
regular desenvolvimento do processo); a coertio (possibilidade de aplicar
medidas de coação processual para garantir a função jurisdicional);
o juditium (o direito de julgar e pronunciar a sentença) e a executio (poder de
fazer cumprir a sentença).

Competência, originada do termo em latim competere,


significa aptidão para cumprir alguma tarefa ou função. No ambiente jurídico,
expressa a responsabilidade e legitimidade de um órgão judicial (como um juiz,
por exemplo) de exercer a sua jurisdição. Assim, a competência fixa os limites
dentro dos quais esse órgão judicial pode atuar.

Exemplo: Um juiz que atua na vara cível possui jurisdição, mas


somente para julgar questões cíveis. Não lhe é permitido julgar homicídios (p.
ex.), pois é de competência criminal. (art. 42, CPC).
A Doutrina entende que se todos os juízes têm jurisdição, nem todos,
porém, se apresentam com competência para conhecer e julgar determinado
litígio. Só o Juiz competente tem legitimidade para fazê-lo.

Conforme o Art. 43, do CPC, determina-se a competência no momento


da distribuição da petição inicial para cada órgão responsável de jurisdição,
onde irá tramitar. Em regra, a competência não se modifica.

Diz ainda o dispositivo do Art. 44: “Obedecidos os limites estabelecidos


pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas
previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de
organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos
Estados”.

Theodoro Júnior nos ensina que nos Estados primitivos, submetidos ao


autoritarismo absoluto do detentor do poder, a jurisdição se fundia no seu
império único e total e, quase sempre, era insignificante a atuação da
soberania estatal nesse terreno, porque não vigia a ideia de tutela jurisdicional
para os súditos, cabendo a cada um defender seus próprios direitos, quando
ameaçados ou violados.

Foi com a evolução e aperfeiçoamento do Estado de Direito e


especialmente com a implantação do Estado Democrático de Direito, que se
conquistou o regime da separação e equilíbrio entre as funções soberanas do
Estado. E foi, nesse estágio da civilização moderna que se deu a absorção,
pelo Estado, em caráter monopolístico, do poder de fazer justiça.

A competência poderá ser absoluta ou relativa.

A competência absoluta não poderá ser alterada/ modificada.

A competência é absoluta em razão da:

Matéria: tem como parâmetro de fixação a matéria debatida nos autos (por
exemplo, justiça do trabalho);
Pessoa: tem como parâmetro de fixação a pessoa que é parte no processo
(por exemplo, na hipótese da União ser parte do processo, a competência será
Federal);

Hierarquia: tem como parâmetro de fixação o grau de jurisdição (por exemplo,


o REsp será julgado pelo STJ);

Funcional: tem como parâmetro de fixação um processo anterior (por


exemplo, embargos de terceiro devem ser distribuídos onde foi distribuído o
processo principal).

A competência relativa, por sua vez, admite alteração/modificação, ou


seja, poderá ocorrer a prorrogação de competência. A competência será
relativa em razão do Valor da causa e do Território.

O art. 63 do CPC destaca que “as partes podem modificar a


competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será
proposta ação oriunda de direitos e obrigações“.

A competência relativa não pode ser declarada de ofício.

CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

Originária: é a competência inicial onde o processo é distribuído. Onde


começa o processo é onde se origina, onde se conhece a demanda
primeiramente.

Derivada: é a remessa de um processo para outra competência.

Exemplo: um recurso segue para um Tribunal de instância superior, ou seja,


da competência originária (a primeira instância) seguiu para uma instância
superior (competência derivada).

Foro: refere-se ao território, em que comarca certo processo deve ser


julgado.

Juízo: refere-se à matéria (família, cível, consumidor, penal etc.).


IDENTIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

Etapas a serem percorridas para se determinar a competência interna:

a) Competência de jurisdição: qual a Justiça competente?

b) Competência originária: dentro da Justiça competente, o conhecimento


da causa cabe ao órgão superior ou ao inferior?

c) Competência de foro: se a atribuição é do órgão do primeiro grau de


jurisdição, qual a comarca ou seção judiciária competente?

d) Competência de juízo: se há mais de um órgão de primeiro grau de


jurisdição com as mesmas atribuições jurisdicionais, qual a vara competente?

e) Competência interna: quando numa mesma Vara ou Tribunal servem


vários juízes, qual ou quais deles serão competentes?

f) Competência recursal: a competência para conhecer do recurso é do


próprio órgão que decidiu originariamente ou de um superior?

Há, ainda, no conceito jurídico, as competências internacional e


interna. A jurisdição, como fenômeno decorrente da soberania, tem suas regras
naturalmente subordinadas ao princípio da territorialidade, pois é, de fato,
dentro dos limites de seu próprio território que o Estado consegue estabelecer
e exercer, com efetividade, os seus poderes soberanos.

Para que um litígio tenha sua solução atribuída à justiça brasileira, é


preciso que a lide, subjetiva ou objetivamente, se possa considerar uma causa
nacional.

Em termos civis, consideram-se da competência da justiça nacional, as


seguintes causas arroladas nos arts. 88 e 89 do CPC: a) quando o réu tiver
domicílio no Brasil; b) quando versar o litígio sobre obrigação a ser cumprida no
Brasil; c) quando a demanda originar-se de fato aqui ocorrido; d) sempre que a
pretensão versar sobre imóvel situado em nosso território; e) quando o
inventário tiver como objeto bens localizados no Brasil, qualquer que sejam sua
natureza e o domicílio dos sucessores.
Internacionalmente, a competência pode ser concebida como
concorrente ou exclusiva, conforme o País aceite também a eficácia da
sentença estrangeira prolatada sobre a mesma causa, ou apenas dê validade à
sentença nacional.

PRINCÍPIOS:

Princípio do Juiz Natural: é a determinação do juízo competente para


a causa, deve ser feita com base em critérios impessoais, objetivos e pré-
estabelecidos.

Princípio da Improrrogabilidade: Igualmente conhecido como


princípio da aderência ao território, o princípio da improrrogabilidade veda ao
juiz o exercício da função jurisdicional fora dos limites delineados pela lei. Sob
este prisma, não poderá o crime de competência de um juiz ser julgado por
outro, mesmo que haja anuência expressa das partes.

CONEXÃO:

Segundo Alvim (2005, p.110), a “Conexão é o vínculo entre duas ou


mais ações, por terem um elemento ou dois elementos comuns”. Duas ações
são conexas quando um ou mais de seus elementos são idênticos; o elemento
“parte” não chega por si só a estabelecer uma conexão.

O art. 54 do CPC esclarece que “a competência relativa poderá


modificar-se pela conexão ou pela continência“. A conexão e a continência
tratam de uma situação em que duas ações são similares (não iguais…).

Lembre-se que são elementos que identificam a ação as partes,


a causa de pedir e o pedido. Enquanto na litispendência e coisa julgada tem-se
hipótese de ações idênticas, na conexão e continência configura-se hipótese
de ações parcialmente idênticas.

Na hipótese de conexão, há causa de pedir ou pedido iguais (art. 55 do


CPC). O CPC, ainda, destaca hipótese de conexão entre ações, caso
exista risco de decisão conflitante. Trata-se da denominada conexão por
prejudicialidade.
Podemos definir a conexão da seguinte forma:

a) Teoria Tradicional (Pescatore) – Há conexão de causas, na forma do art. 55


do CPC, quando entre duas ou mais ações há a comunhão de pedido (objeto)
ou da causa de pedir;

b) Teoria da identidade de questões (Carnelutti) – Há conexão de causas


quando duas ou mais ações veiculam questões idênticas;

c) Teoria da identidade de fatos (Redenti) – Há conexão de causas quando


entre duas ou mais ações têm por fundamento os mesmos fatos ou quando a
resolução de uma depende, necessariamente, da solução da outra; e,

d) Teoria Materialista (Tomas Pará Filho) – Há conexão de causas quando


duas ou mais ações tem por fundamento os mesmos fatos ou nas mesmas
relações jurídicas.
REFERÊNCIAS:

THEODORO JÚNIOR, Humberto. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA, Revista da


Faculdade de Direito da UFMG, Belo Horizonte, 2000, disponível em:
<https://revista.direito.ufmg.br/index.php/revista/article/view/1167/1100> acesso
em: 28 nov 2022

ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10ª Ed. Rio de
Janeiro. Forense. 2005

CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO,


Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros, 28ª ed., 2012

MARTINS, Ivo Fernando Pereira. Competência (Processo Civil) – Resumo


Completo. Jan 2021. Disponível em:
<https://direitodesenhado.com.br/competencia-processo-civil-mapa-mental/>
Acesso em 28 nov 2022

NOVACKI, Karla. Resumo: Teoria Geral do Processo. O que é


competência?. Jun 2018. Disponível em:
<https://karlanovacki.jusbrasil.com.br/artigos/590144688/resumo-teoria-geral-
do-processo-o-que-e-competencia> Acesso em 28 nov 2022

GARCIA, Flúvio Cardinelle Oliveira. A jurisdição e seus princípios. Abr 2004.


Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/4995/a-jurisdicao-e-seus-principios>
Acesso em 28 nov 2022

OLIVEIRA NETO, Olavo de. Conexão e continência.  Jun 2018. Disponível


em: <https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/179/edicao-1/conexao-e-
continencia> Acesso em 28 nov 2022

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