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A presente aula tem contornos muito acadêmicos e tira seus fundamentos da doutrina
jurídica. Ou seja, é uma matéria para se estudar através de livros teóricos, não sendo muito
útil a leitura do Código de Processo Civil.
Por esse traço mais “abstrato” e filosófico – já que trata das ideias que praticamente levaram
a civilização ocidental a organizar o poder judiciário como hoje conhecemos – esse tema
pode se tornar complexo e profundo demais. E essa é inclusive uma tendência para provas
de carreiras, de cargos como magistratura, ministério público, procuradorias e defensorias.
Contudo, ainda que de forma objetiva, esse tema ainda abordado nos concursos para
servidores. Assim, a linguagem e a didática aqui empregadas serão voltadas para um
direcionamento em que se apresentem os conceitos básicos exigidos em prova para, caso
haja interesse do leitor, aprofundar o tema sozinho.
Através deles o que se pretende orientar é que não é possível “criar excepcionalmente
um órgão” para julgar determinada causa – como foi o julgamento dos crimes
cometidos pelos nazistas, no Tribunal de Nuremberg, um verdadeiro tribunal de
exceção – e que necessariamente os processos e os julgamentos devam ser
acompanhados e proferidos por uma autoridade competente: em regra, o Magistrado,
devidamente aprovado em concurso público ou tendo ingressado pelo quinto
constitucional e nomeado.
Dessas normas, que juntas compõem essa ideia do “Juiz natural” é que deriva outra
importante característica que – às vezes é até encarada como princípio – precisa ser
comentada, que é a Inércia da Jurisdição.
Essa ideia, basicamente, nos relembra que o juiz não pode – como já pôde em tempos
antigos – tomar iniciativas no processo que comprometam sua neutralidade. Ao juiz
cabe apreciar aquilo que lhe apresentam; ele não pode se envolver a ponto de
investigar certas questões probatórias ou conceder algo que ele saber que é devido,
mas não foi pedido, por exemplo. Nesse sentido, o CPC/15 anuncia:
Isso quer dizer, portanto, que a regra geral é de que as partes requeiram algo do
magistrado. Este não pode, pelos termos técnicos, “agir de ofício”. Contudo, uma
observação interessante cabe sobre algumas exceções espalhadas pelo CPC/15
sobre quando o juiz está autorizado a agir por iniciativa própria:
Ou seja, por mais que haja subdivisões, em justiças federal, estadual, do trabalho,
etc. a jurisdição é entendida como uma só. E, por isso, como se mencionou acima,
não se pode entender que a jurisdição contenciosa e a voluntária são duas coisas
distintas, porque não são. Elas são versões de um mesmo fenômeno. E, quanto à lei,
temos o seguinte artigo:
EXCEÇÕES À TERRITORIALIDADE
Iniciando, agora, o efetivo estudo sobre Ação, vem-se explicar que a proposta é antiga,
atrelando-se inclusive a temas do direito romano, sobre o que é e como é o exercício desse
direito de “acionar” o poder judiciário a garantir um direito que a lei anuncia.
Afinal, é algo simples para nossa mentalidade atual; mas até pouco tempo, era necessário
pensar e teorizar sobre o fato de pessoas buscarem um órgão para fazer cumprir algo que
a lei previa, mas na prática não era cumprido. Para garantir aos sujeitos a possibilidade de
provocar a jurisdição, passou-se a estudar o tema sob esse título “A teoria da ação”.
Para entender as posturas que cada pensador defendia, é fundamental separar logo
algumas categorias de direito: a material da formal. Enquanto a primeira classe é a do
direito estático, que é o mais conhecido, vivenciado, pois diz respeito àquilo que a lei anuncia
como fatos; a segunda categoria, do direito formal, é a dos direitos processuais, da dinâmica
sobre como uma pessoa possa exigir esse direito.
EXEMPLO: o direito civil, que é material, anuncia que tem direito ao reconhecimento
da propriedade de um bem imóvel por usucapião o sujeito que atenda a requisitos de
posse mansa e pacífica, etc. Já o regramento processual exige que para esse
reconhecimento, a fazenda pública deve ser citada e os vizinhos também, além de
todo um trâmite para que esse direito seja reconhecido e real.
Ocorre que, em oposição a essa ideia, surgiram várias doutrinas que defendiam a
autonomia do direito de ação, pela razoabilidade de que, mesmo sem ter a certeza do direito
material, o cidadão pudesse ter seu caso apreciado pela justiça. Dentre as subdivisões
dessas teorias, as principais seriam a Teoria Concretista, de Adolf Wach e Teoria
Eclética, do italiano Enrico Tulio Liebamn, sendo esta a que foi expressamente adotada
no CPC/73 e, apesar dos debates até hoje, se entende ainda ter influenciado o CPC/15.
Para entender as ideias em tais teorias, cabe explicar rapidamente a diferença entre uma
decisão judicial Com Resolução de Mérito e a Sem Resolução de Mérito. O que se tem
COM resolução, é que o juiz consegue apreciar todos os elementos da relação processual
e decidir sobre a questão central, o mérito do processo – EX: se concede ou não a pensão
de alimentos; se condena ou não o réu ao pagamento de danos, etc. Já SEM a resolução
do mérito, o que se tem é um processo que, por condições formais, como a competência do
juízo ou legitimidade da parte, o magistrado precisa encerrar o processo.
Verificam-se cada uma dessas situações, de extinção do processo com resolução do mérito
no art. 487 do CPC/15 e sem resolução do mérito no art. 485 do CPC/15.
Feitas essas considerações, cabe ainda esclarecer com muito cuidado ainda que: resolver
o mérito pode ocorrer de duas formas. Ou o juiz reconhece a procedência do pedido do
autor – este “ganha”; ou o juiz reconhece a improcedência e o autor é sucumbente,
“perdedor”. Mas, nas duas situações, o juiz proferiu uma decisão de mérito.
Alerta-se, contudo, saiba-se que aprofundar no tema das condições da ação e na análise
que o juiz faz sobre elas e sobre o mérito – que têm sua relevância – é para momento
posterior. Mas ainda é extremamente importante. Só que, por questões didáticas, ainda é
necessário ter noções básicas sobre tal instituto, à luz da legislação e da doutrina atual.
Nesse sentido, sabendo que se adota essa compreensão de autonomia do direito de ação,
vem-se indicar algumas de suas características que decorrem desse fato:
Abstrato / Incondicional – afasta uma ideia antiga de que o direito de ação seria
condicionado a determinadas espécies de situações. Como contratos e propriedades.
Atualmente, é possível invocar o direito de ação sobre as mais diversas questões:
administrativas, trabalhistas, direitos da personalidade.
Inesgotável – é um atributo que indica que, só porque o cidadão recorreu uma vez
ao poder judiciário e não teve seu problema resolvido, que ele ficará desamparado. O
direito de ação não se desgasta com o uso.
Um outro ponto que merece estudo, e com ele se finalizam as considerações introdutórias
sobre a teoria da Ação, é o da Classificação das ações, que variam conforme o direito que
visam a tutelar e, com isso, também têm um tratamento diferenciado quando se desdobram
como processo. São elas, basicamente:
Ações constitutivas: aquelas em que é o “simples” pronunciamento judicial que
efetivamente torna real a situação. EX: interdição de incapaz, casamento, divórcio.
São situações em que a sentença muda o status.
DA JURISDIÇÃO
2. A respeito das normas processuais civis pertinentes a jurisdição e ação, julgue o item
seguinte.
O novo CPC reconhece a competência concorrente da jurisdição internacional para
processar ação de inventário de bens situados no Brasil, desde que a decisão seja
submetida à homologação do STJ.
( ) Certo ( ) Errado
DO DIREITO DE AÇÃO
3. A respeito da ação e dos pressupostos processuais, assinale a opção correta.
O direito a determinada prestação jurisdicional não se esgota com o simples exercício do
direito de ação.
( ) Certo ( ) Errado
1. D 2. Errado 3. Certo 4. B