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Sobre o curso
.Matéria [CRFB/88, Título IV, capítulo 3º, ao Título V]:
Poder Judiciário [CRFB/88, Título IV, capítulo 3º]
Organização do PJ (Estudo estrutural – da 1ª instância até a maior: percorrendo os tribunais de apelação,
superiores e até o STF)
Distribuição competências dos órgãos do PJ (A partir do STF até a 1ª instância)
Funções essenciais à justiça – Ministério Público, Advocacia Pública, Defensoria pública e Advocacia
[CRFB/99, título IV]
Defesa do Estado e das instituições democráticas: Estado de Defesa, Estado de Sítio, Forças Armas e
Segurança Pública [CRFB/88, título V]
.Recomendações de bibliografia:
Curso de Direito Constitucional – Uadi Lamego Bulos
Curso de Direito Constitucional – Guilherme Peña de Moraes
Curso de Direito Constitucional Positivo – José Afonso da Silva
Obras de matriz teórica: Paulo Bonavides e Luis Roberto Barroso
. Critério de avaliação: duas provas com, cada uma, 5 questões discursivas – 2 pts para cada
O texto da CRFB/88, como texto analítico e prolixo que é, traz pra si, muito do que, em tese, seria versado sobre a
legislação – jurisprudência do STF versa sobre o “muito” da Constituição, logo, ele traz uma carga de informações que
devem e serão examinadas em sala de aula.
- Presidente do Tribunal de Justiça: eleito pra um mandato presidencial por dois anos pra chefiar poder judiciário do
Estado. No Poder Judiciário do Estado do RJ, uma estrutura mais complexa, além do presidente do TJ, há a figura do
1º vp, 2º vp e 3º vp e corregedor geral de justiça: é a diretoria do Tribunal. Segundo o nosso regimento, quando está
na Presidência, fica fora da Câmara. Ele também é presidente do órgão especial. Os desembargadores do órgão
especial acumulam a função na Câmara, exceto presidente. O nosso órgão Especial do TJ-RJ contém 13
desembargadores do 25, por razões natas, membros do OE: por critério de antiguidade no Tribunal. Os outros 12 são
eleitos de 2 em 2 anos entre os demais 167 do tribunal – de dois em dois anos, faz-se eleição interna. Em sentido
jurisdicional, não há hierarquia entre os órgãos do Poder Judiciário. Ainda que ela não exista, o presidente vira chefe
do Poder Judiciário do Estado.
- Seção Criminal – somatório dos 2 desembargadores de cada Câmara Criminal – competências no regimento!
Logo, o importante, é ver: o que prepondera num TJ, tribunal de 2ª instância, é COLEGIALIDADE. Na 1ª instância,
prevalece MONOCRATICIDADE.*
*Exceções:
à mononocraticidade da 1ª instância: Tribunal de Júri (7 jurados no Conselho de sentença), Juizado
Especial em grau de recurso (Turma Recursal de Juizado - colegiado), Conselho Militar
ao colegialidade da 2ª instância: Um REsp interposto**, por exemplo, tem julgamento de admissibilidade
bifronte: juízo de admissibilidade primário pela 3º Vice Presidência do Tribunal de Justiça do Estado. É um
órgão monocrático, que faz julgamento monocrátido de admissibilidade primária. Sendo o juízo positivo,
passa pra Brasília (STJ), pra juízo de admissibilidade secundário. Passando pelo juízo de admissibilidade
bifronte, vai pro juízo de mérito.
** Sobre Recurso Especial ao STJ. Ele pode entender que não há preenchimento dos requisitos de
admissibilidade, impedindo que recurso vá ao STJ. Em geral, a inadmissibilidade ocorre por questões
discutíveis, como por exemplo: “esse recurso se destina a rediscutir matéria de fato!” O que não pode
acontecer! REsp não é recurso destinado à 3ª instância, mas a uma instância especial de jurisdição
(entendimento de Salvio de Figueiredo Teixeira).
Assim diz:
Súmula 7: no REsp não se faz reexame de fato e nem de prova.
Súmula 5: não cabe reexame de cláusula contratual em REsp.
Logo, não é recurso de livre motivação, mas de motivação vinculada. Só reexame questão de direito.
- Função cúmulo funcional é só primeira instância, mas há dois desembargadores que acumularão função do TRE, ou
seja, de 2ª instância. O juiz, além de juiz, pode ser advogado.
b) Justiça Militar - 2ª instância: Federal: STM; Estadual: TJ ou Tribunal Regional Militar (apenas em SP, MG e RS)
- Nota importante: a Justiça Militar existe tanto no plano federal, quanto no estadual (PM e Corpo de Bombeiros). Por
isso, para que não haja contradição dentro do sistema federativo, criou-se a Justiça Federal militar em dois planos. A
constituição deixou que a lei estabelecesse e instituísse os Tribunais Regionais militares de 2ª instância:
No âmbito Federal, isso não foi feito. Até hoje, não foram criados os Tribunais Regionais Militares. No âmbito
federal, o STM faz o papel de 2ª instância especializada da Justiça Militar Federal – embora seja um tribunal
superior. O STM é o tribunal mais antigo do país, criado em 1808. D. João VI, ao chegar aqui, criou o órgão
Conselho Supremo de Justiça Militar. Foi o órgão que antecedeu o Superior Tribunal Militar. O STM exerce função
de 2ª em relação à jurisdição federal especializada militar, por falta de Tribunal Regional Militar. No âmbito
Federal, portanto, o recurso vai pro Superior Tribunal Militar.
No âmbito Estadual, como não há carreira própria da justiça militar (são juízes de Direito na 1ª instância), a 2ª
instancia será composta pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Estado que faz o papel de 2ª instância especializada da
Justiça Militar Estadual. A Constituição, no entanto, deixa claro: os Estados Membros que tiverem mais de 20mil
integrantes do efetivo das suas forças auxiliares- PM e Corpo de Bombeiros – terão autoridade constituída pra
instituir um Tribunal de Justiça Militar Especializado Estadual para 2ª instância.
[CRFB, art. 125 - § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau,
pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja
superior a vinte mil integrantes]
É faculdade política para os Estados que tenham mais de 20mil homens no efetivo da Polícia Militar e Corpo de
Bombeiros – somando-se as forças estaduais.
E onde existe Tribunal de Justiça Militar Especializado Estadual para 2ª instância? Tribunal de Justiça Militar
existe só em 3 Estados: SP, MG e RS. Afinal, além de ser decisão política de se criar o Tribunal, deve haver o
contingente com mais de 20 mil homens. São 7 membros – 3 juízes civis e 4 militares (coronéis trazidos da PM e
Corpo de Bombeiros). No Rio de Janeiro, por decisão política, não foi criado o Tribunal de Justiça Militar Estadual
para 2ª instância. Aqui, quem faz o papel de 2ª instância é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Tribunais Superiores
- Definição no texto constituição, jurisdição em todo o território nacional.
[CRFB/88, art. 92] “§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
sede na Capital Federal. (§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o
território nacional.”
- Diferenciar os Tribunais Superiores x STF. Há autores que consideram o STF como Tribunal Superior, mas não é a
interpretação mais adequada, segundo Gustavo Sampaio. A mais adequada é aquela que determina o STF como
tribunal de cúpula, não como Tribunal Superior, propriamente. Até porque o Tribunal Superior admite recurso ao STF.
Ou seja, ainda que não haja relação de hierarquia entre órgãos do poder judiciário, há uma estamentalização própria.
A primeira instância é um estamento do PJ, a segunda instância, a conhecida como a instância de apelação, é um
estamento, os tribunais superiores compõem um outro; o STF é o mais alto estamento do poder judiciário. Mas isso,
de maneira alguma, traduz relação de hierarquia.
- STF é superior? Não se pode dizer que o STF é hierarquicamente superior aos tribunais superiores. Não existe essa
relação, porque a atividade jurisdicional só se desempenha por provocação própria. Ele só decide quando é chamado
pra decidir. Ainda que o Tribunal tenha autoridade pra desconstituir o teor de uma decisão de 1ª instância, não o faz
espontaneamente. É preciso que haja provocação por uma parte interessada. Não se declara uma decisão “nula.” Por
isso, o recurso tem o efeito devolutivo, porque restitui a função jurisdicional a oportunidade julgar, oportunidade essa
que, sem o recurso, o poder judiciário não terá. Se ninguém recorrer de uma decisão da 4ª Vara Cível de Niterói? O
prazo dos recursos vai esgotar e se produz a coisa julgada. Uma vez trânsito em julgado, ela será irrecorrível. Por isso,
não há hierarquia entre órgãos do Poder de Juciário. O que há entre os órgãos do Poder Judiciário é divisão de
competência.
- Ainda que não haja relação de hierarquia, existem instâncias, níveis do Poder Judiciário rumo a essa partilha de
competências entre os seus órgãos. Logo, o STF não é Tribunal Superior, mas um tribunal de cúpula, o tribunal
supremo. O que chamam, em outros países do mundo, de Corte Suprema.
6 Turmas com 5 ministros cada 8 Turmas com 3 min. Reunião em Plenário Plenário
Recurso Especial
Recur Recurso Especial Recurso Especial
Recurso de Revista Eleitoral -
sos R.Esp R.Esp
Resp Eleitoral
Justiça Estadual Justiça Federal JustiçaTrabalho Justiça Eleitoral Justiça Militar
2ª TJ TRF TRT TRE X (STM) TJ / TRM
Varas Varas Federais Varas do Trabalho Conselho Conselho
Seções judiciárias Seções judiciárias Juntas e Zonas Justiça Justiça
Comarcas Militar Militar
Subseções Subseções Eleitorais
1ª (Município) Federal Estadual
Judiciárias Judiciárias
Juízes eleitorais Juiz aud. Juiz de
Juízes de direito Juízes federais Juízes do trabalho
(Juiz de direito) Militar direito
Diferentemente do que ocorre com os tribunais superiores, que possuem apenas 2 tipos de competência –
originárias e recursais – o constituinte dividiu ainda a competência recursal do STF em outros dois tipos: as
recursais ordinárias e as recursais extraordinárias. Dessa forma, os processos que nele nascem e nele morrem são
os de competência originária, os que transcendem o duplo grau de jurisdição e chegam ao STF em grau de recurso
de motivação vinculada são os de competência extraordinária, esse recurso extraordinário que ascende ao STF é
tanto gênero quanto espécie, e os processos que chegam ao STF em grau de recurso ordinário, que fazem do STF
atipicamente um 2ºgrau de jurisdição.
b) o crime político;
- Não houve uma evolução jurisprudencial nessa matéria, em razão de não haver mais prisão por crime político
recentemente. O STF da uma oportunidade que transcende o duplo grau de jurisdição: trata-se de mais uma
hipótese recursal ordinária. Ex: individuo é processado e julgado por juiz federal e interpõe recurso ordinário ao
TRF e pode ainda interpor recurso ordinário direito ao STF.
- O recurso ordinário nesse caso amplia o duplo grau e excepcionaliza o STF como uma terceira instancia. Amplia
porque dentro do recurso ordinário por ser de motivação livre - tudo pode ser questionado.
III. recursais extraordinárias – competências recursais que tornam o STF o tribunal de irresignação, de motivação
vinculada pela afronta verificada no acordão ver gastado Constituição da República. Exige passar por requisitos de
Admissibilidade. [CRFB/88, art 102, III]
- O recurso extraordinário funciona de guarda e defesa da Constituição e ele cabe na instância extraordinária do
recurso no sentido estrito.
- Quando a decisão foi em última instância, significa que ela já passou pelo duplo grau de jurisdição e vai para a
instância extraordinária. Já quando a decisão é em única instância, trata-se dos casos especiais (como o foro
privilegiado), em que o grau de jurisdição é único e, apenas é possível a aplicabilidade de recurso extraordinário,
caso a decisão vá contra a Constituição.
III- julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida:(...)
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
- Característica mais latente do recurso extraordinário.
- Controle concentrado de constitucionalidade típico do STF.
- O recurso extraordinário não ataca necessariamente decisão de tribunal superior. Isso pode ocorrer, mas não é
exclusivamente nessa hipótese, podendo atacar decisão de tribunal de segunda instância. A matéria não precisa
passar por tribunal superior, que faz controle de legalidade.
- O STF faz controle de constitucionalidade. Se verificar que uma decisão do STJ é inconstitucional e tão somente
inconstitucional, não se fará ataque a recurso especial ao STJ, que seria injustificado, indevido, já que a matéria é
de competência do STF. Pode haver, portanto, recurso que saia diretamente de tribunais superiores ao STF, mas
podemos ter também recursos que saiam de tribunais de segunda instância.
- Existe ainda a hipótese de interposição dúplice, que surgiu, sobretudo com o advento do STJ, que não existia até
88. O que hoje este faz era feito pelo STF, que julgava o que hoje é julgado pelo STJ. Quando criado este último,
fez-se divisão de competência, criando-se recurso especial se houver uma violação dúplice, contra a lei e a CF,
teremos uma interposição dúplice: recurso extraordinário (discutindo-se constitucionalidade) e especial
(discutindo-se legalidade). O prazo é comum, de 15 dias, interpondo-se os dois recursos. No recurso
extraordinário, o STF exerce grau extraordinário de jurisdição.
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
- É possível devido ao controle difuso de constitucionalidade. Tratado internacional tem autoridade de lei federal
no Brasil.
- Hipótese de recurso extraordinário contra decisão que decrete a inconstitucionalidade de tratado (que em regra
tem forca de lei federal) ou lei federal, sendo possível devido ao controle difuso de constitucionalidade.
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
- A decisão de origem ter julgado valida uma lei local, como no caso RJ que já tinha sido contestada em face da
CRFB. De modo a sanar uma instabilidade da jurisprudência, então se admite um recurso extraordinário.
- Também trata-se de caso de controle difuso.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Era uma competência que pertencia ao STJ, porque o legislador entendeu que seria um recurso de controle de
legalidade, de avaliação de parametricidade de legalidade, e não de constitucionalidade.
Sucede que em 2004 a EC 45, dentre suas mudanças, suprimiu a alínea d do inciso III do artigo 105, CF, a que fixava
competências para o STJ em recurso especial e esta foi transposta para o inciso III do artigo 102, CF. o STF ganhou
mais um caso de recurso extraordinário.
- Quando uma decisão recorrida julga válida lei local em face de lei federal, nos termos exatos da alínea d, isto é,
uma lei que historicamente já houver sido discutida em sua validade em relação à lei federal e a decisão recorrida
a houver julgado válida; como há dúvida, há recurso extraordinário, e não mais especial. Isto porque o poder
constituinte derivado entendeu que quando se trata de exame de correlação de validade entre lei federal e lei
local o que se verifica é um possível conflito federativo e quando se estabeleceu a divisão de competência entre
União, estados e municípios, o que foi feito na CFRB, e não em lei federal; portanto, somente norma constitucional
pode dispor sobre repartição constitucional de competência. Logo, se a decisão recorrida julgou válida lei local já
contestada em face de lei federal, a matéria não envolveria fiscalização de legalidade e sim de
constitucionalidade. A matéria envolveria controle de constitucionalidade. Foi essa providência tomada pela EC
45, que modificou o entendimento anteriormente vigente.
Como pode surgir um conflito entre lei estadual e lei federal se não há relação de hierarquia entre união,
estado e município? Pode haver esse controle nos casos de competência concorrente, conforme disposto no
art. 24 da CRFB/88. Em matéria de competência legislativa concorrente, o legislador da união estabelece as
normas gerais e as normas especiais que dizem respeito à união, mas os estados disporão sobre as suas normas
especificas. Quando a decisão recorrida julgou válida uma lei local em face de uma lei federal em matéria de
competência legislativa de trato concorrente, cabe recurso extraordinário ao STF.
E porque não recurso especial? Quando o tribunal de origem proferiu uma decisão fazendo um juízo de
adequação da lei estadual em face da lei federal e não da CRFB, o que se examina no fundo daquela decisão
jurisdicional, é a obediência ao sistema constitucional de repartição de competências federativas. Logo, é
controle de constitucionalidade, não de legalidade – o que ensejaria recurso especial.
B) Superior Tribunal de Justiça [CRFB/88, art 105]
Art.152: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar, originariamente:(...)
II- Julgar, em recurso ordinário: (...)
III- julgar, em recurso especial, as causas decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:(...)
São, portanto, três modalidades competenciais do STJ:
I. originária – se iniciam no STJ. Diferença entre STJ e STF no campo das originárias: algumas decisões do STJ são
passíveis de recurso ordinário ao STFe outras passíveis de recurso extraordinário ao STF. Já as competências
originárias do STF, isso não acontece. Não é qualquer matéria de competência originária do STJ que enseja recurso
ordinário ao STF. Dentro do artigo 102, vemos que recurso ordinário ao STF somente nas hipóteses de negativa de HC,
HD, MS e MI de competência originária de Tribunal Superior, enquanto que Recurso extraordinário sempre que as
decisões dos Tribunais Superiores vergarem-se contra a autoridade da norma constitucionais, nas hipóteses do inciso
III, do art. 102. [CRFB/88, art 105, I];
I – processar e julgar, originariamente:(...)
a) nos crimes comuns, os governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais;
- Uma série de autoridade que têm foro por prerrogativa de função no STJ. Há, atualmente, movimento nacional
pelo fim do foro por prerrogativa de função. Ela ocorre em dois planos:
Tão somente por crime comum:
“governadores do Estado e do DF” Nos de responsabilidade, serão julgados pela Assembleia legislativa dos
Estados e Câmara Legislativa no DF.
Caso Espírito Santo: aumentou o número pra 4/5 dos votos pra votar a Emenda, sendo mais rígido que o
padrão de 60% de rigidez da CRFB.
Caso São Paulo: Em São Paulo tinha Corte Especial pra julgar Governador, mas STF entendeu que não seria
possível que Estado Membro da Federação fugisse ao standard tradicional de competência assembleiar.
Seria uma corte especial pra julgar governador do Estado, por crime de responsabilidade, composta por 8
deputados estaduais e 7 desembargadores. STF julgou inconstitucional.
Nesse caso, quem julga governador por crime comum, como um homicídio, é a Corte Especial – processa e
julgar governadores de Estado. Findo o mandato, deixada a função, a autoridade é remetida ao juízo natural de
1ª instância.
Para julgar crimes comuns e de responsabilidade:
“os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal” De maneira geral, os
desembargadores das cortes de apelação são processados e julgados originariamente pelo STJ, tanto por crime
comum quanto por crime de responsabilidade.
“os membros dos Tribunais de Conta dos Estados e do Distrito Federal” não são órgãos do Poder judiciário –
tribunal com natureza controvertida. São órgãos autônomos, para um, órgãos auxiliares de fiscalização, para
outros. Estes Tribunais de Contas dos Estados são compostos por conselheiros, assim como o TC do DF. São 7
conselheiros nos TC de cada Estado.
“Tribunais de Contas dos Municípios” Municípios não mais instituiriam tribunais de contas; mas
preservados os tribunais de conta dos municípios (apenas RJ e SP). Mesmo sendo tribunais de contas do
município, a competência do foro por prerrogativa de função é a mesma dos Tribunais de conta dos Estados:
será processado e julgado pelo STJ.
Por que foro de prerrogativa de função reside no mesmo tribunal? Se o Tribunal de Contas é municipal e
o outro é estadual, por que é o mesmo, o STJ? Por conta da autoridade dos conselheiros do Tribunal de
Contas. Aquele conselheiro do Tribunal de Contas do Estado não vai ser julgado pelo TJ, uma vez que ele
que fiscaliza as contas daquele Estado, com aquele Tribunal. Além disso, quanto aos TCMs: de uma maneira
geral, o auxílio às Câmaras Municipais não é mais feito pelos Tribunais de Contas dos Municípios, mas pelo
TCE. Apenas o Rio de Janeiro e São Paulo têm TCM próprio. Nestes casos, em que há TCM, a escolha do
Constituinte foi fixar o mesmo foro porque conselheiro de TCM e TCE tem a mesma competência, mas com
a única diferença do órgão legislativo que auxilia: quem faz julgamento final das contas do Estado é a
Assembleia Legislativa; e das contas do Município é a Câmara Municipal. O TCE, além de auxiliar todos os
municípios que não tem TCM, auxilia também na inspeção de contas do Estado para a Assembleia
Legislativa. Portanto, como a função dos conselheiros do TCM e TCE é praticamente a mesma, o
constituinte determinou mesmo foro.
“e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.” Quanto aos membros dos MPU que
oficiem perante os tribunais: Procurador Regional da República; Subprocurador Geral da República; Procurador
Regional do Trabalho; Subprocurador Geral do Trabalho; Subprocurador Geral de Justiça Militar; Procuradores
de Justiça do Ministério Público do DF e territórios. IMPORTANTE!
Ministério Público da união composto por: MPF / MPE / MPM / MPDFT
Ministério Público da União
MPF MPT MPM MPDFT (“=MPE”)
STJ TST STM
Subprocurador Geral Subprocurador Geral Subprocurador Geral
da República do Trabalho de Justiça Militar
TRF TRT ? TJDFT
Procuradores Procuradores - Procuradores de
Regionais da Regionais do Trabalho Justiça do MPDFT
República
VF VT CJM VJustiça
Procuradores da Procuradores do Procuradores de Promotores de Justiça
República Trabalho Justiça Militar do MPDFT
Lei Complementar 75/93: “Procurador da República atua perante Vara Federal”: 1ª inst.
*Exceção1: Os que não oficiam perante os tribunais, ou seja, aqueles que atuam em primeira instância:
Procuradores da República; Procuradores do Trabalho; Procuradores de Justiça Militar; Promotor de
Justiça do MPDFT. Eles não têm foro por prerrogativa de função no STJ, é em TRF de sua região.
*Exceção 2: O procurador Geral da república não é perante o STJ. Em crimes comuns, STF. Em crimes
de responsabilidade, o SF.
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
- Ministros de Estado – auxiliares direto do Presidente da República. Aqui, foram adicionados os comandantes das
Forças. Pelo mesmo motivo ressaltado antes: eles atualmente têm status de Ministros de Estado. Mandado de
Segurança contra Ministro de Estado e Comandante de força = STJ (competência originária).
- MS e HD contra ato do próprio tribunal (STJ) – Regra: MS e HD são julgados pelo próprio tribunal; neste sentido,
aqui também se aplica a regra: é competência originária do STJ.
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, ressalvada a competência da justiça eleitoral;
- 1ª parte: Regra: HC, como remédio constitucional, é julgado pelo STJ quando o paciente é aquele previsto na
alínea “a” que tem foro por prerrogativa de função, como por exemplo: governador de Estado, membros do MPU
que oficiem perante tribunal, etc.
- 2ª parte: quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição: TJ dos Estados, TJDFT, os TRFs, TRM (SP, RJ e RS);
- 3ª parte: competência da Justiça Eleitoral – muitas vezes há prisões preventivas e cabe HC perante o STE.
d)os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,I, o, bem como entre
tribunal e juízes vinculados a tribunais diversos;
- Conflitos entre tribunais de justiça, ou entre dois TRFs, ou entre Varas de Justiça comum de primeira instância se
forem de regiões.
- Exceção: TRF e TRT – É o Superior Tribunal Federal? Não, o STJ. Embora o primeiro tribunal comum seja o STF, o
disposto está fora da alínea “o” do inciso I do artigo 102 da CRFB (que fala sobre só tribunais superiores).
e) revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
- tanto em originária, quanto recursal! É ação rescisória e revisão criminal de seus próprios julgados.
-Não confundir com o artigo 102 – “Ao STF compete a execução das suas causas de competência originária, não
nas de recursal – porque aí desce pro tribunal de competência originária.” Não estamos falando disso! Ação
rescisória e revisão criminal do Supremo Tribunal é da competência de qualquer julgado, seja competência
originária ou recursal – isso vale, então, pro STJ. É qualquer julgado.
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
- hipótese de usurpação de competência. Se juiz de 1ª instância conceder exequator, quem julga reclamação é o
STJ. Antes era o STF, agora o STJ. Houve transposição do inciso, que antes estava contido nas competências do STF.
Já explicado pelo professor.
g) conflito de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União ou entre autoridades judiciárias de
um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre deste e da União.
- “Conflito de atribuição” – referem-se a funções não decisórias. Mas isso não quer dizer que o STJ é o senhor
soberano de todos os conflitos de atribuição. Não haveria motivo pra judicializar todos os conflitos de atribuições
que ocorrem. Os conflitos, a modo generali, são resolvidos dentro da própria administração pública. As hipóteses
aqui são tais que o STJ é chamado a decidir entre autoridades administrativa e judiciária da União, ou de um
judiciária de um Estado e administrativa de outro ou do DF. Isso evidencia que nem toda função judiciária é
jurisdicionar. Há funções atípicas dos tribunais – eles se administram. E pode haver conflito entre função
administrativa de um órgão jurisdicional. Aí, nesta combinação prevista na alínea g, há a possibilidade de conflito
de atribuições.
Qual a diferença entre competência e atribuição? Os dois concorrem com autoridade de estado. Competência
é pra decidir; atribuição é execução, não decisória. Conflito de competência é conflito de autoridade decisória
jurisdicional. Aqui, estamos falando de conflito de atribuição, que se referem às funções administrativas.
Obs.: Conflito entre órgãos do MP: é conflito de atribuição, não de competência.
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou
autoridade federal, da administração direta ou indireta (...)
- Exceção 1: Há casos que atribuição normativa é da Administração direta da União, mas que não determinam
competência mandamental ao STJ, como por exemplo atribuição do Presidente da República pra editar decreto
regulamentar. Nesse caso, é competência originária do STF pela imposição da alínea “g” do artigo 102, que
enumera as competências do STF. Lá, está previsto no caso de mandado de injunção em caso do presidente da
república.
- Exceção 2: casos da JM, JE, JT e JF – matérias vinculadas estritamente à esses ramos do PJ. Por exemplo: normas
que derivem do poder regulamentar dos tribunais eleitorais. Eles fazem toda regulamentação infra-legal, fazem
até resoluções. O juiz eleitoral é aquele que disciplina normativamente na comarca o funcionamento das eleições.
Há normas acima dele, mas ele tem poder de regulamentar. Logo, tem casos de mandado de injunção são da
Justiça Eleitoral, assim como Justiça do Trabalho e outros ramos do PJ.
- Atenção! Ficamos sem lei infraconstitucional pra regulamentar mando de injunção, até esse ano. Lei 13.300/16.
Finalmente é o diploma legal que regulamentou o Mandado de Injunção sob o ponto de vista legal.
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
- transplantação da competência, suprimida do STF e repassada ao STJ pela EC45/04.
II. recursal ordinária – [CRFB/88, art 105, II]; Não são típicas do STJ; no regime das competências recursais ordinárias é
mais complexo que o STF! Situação atípica que o tribunal se torna, atipicamente, 2º grau de jurisdição. Aqui, houve
diferenciação de tratamento entre competências recursais ordinárias em MS e competências recursais ordinárias em
HC. Aqui, é um exercício atipicamente segundo grau de jurisdição e, no caso da alínea “a”, o terceiro grau de
jurisdição.
III. recursal especial – [CRFB/88, art 105, III]; o recurso especial conta com algumas disposições que lhe qualificam,
autenticamente, como um recurso de motivação vinculada, no dizer de Pontes de Miranda. Ou seja, um recurso cujas
hipóteses da cabimento excedem o duplo grau de jurisdição destinado ao controle de parametricidade.
O Resp já é uma espécie de recurso extraordinário, logo, seus casos de aplicação são muito mais restritos. Muitos mais
estreita que um recurso ordinário. A livre motivação, a simples irresignação da parte não basta pra justificar um
recurso de índole especial. Modo generali, o recurso especial é destinado ao controle de legalidade da decisão judicial
proferida. Se a decisão proferida está de acordo não com o parâmetro constitucional, mas o parâmetro de lei federal.
No recurso especial, o STJ é autenticamente um tribunal de defesa e guarda do direito federal legislado. Este tribunal
é criado pela CRFB/88, porque não existia antes. Só existia Tribunal Federal de Recursos. Mas este, ao contrário do que
muitos dizem, não foi sucedido pelo STJ. Ele foi extinto e foi sucedido pelos 5 TRFs. O STJ foi criado pra dividir
competências com o STF! O que houve foi aproveitamento dos Ministros dos TFRs pro STJ.
- Função do REsp: O STJ são tribunais de controle de parametiricidade da lei federal, do direito infraconstitucional
federal legislado. O artigo 105, III, nos traz a informação que o STJ tem competência pra julgar, em recurso
especial. Recurso Especial é ainda mais fechado que o Recurso Extraordinário. Ele vem especificamente dos TRFs
(5) ou dos TJs dos Estados (26) e TJ do DF e territórios(1) – quando decisão recorrida couber nas hipóteses das
alíneas do inciso III.
- Recurso especial com porta mais “estreita” A letra da constituição deixa claro: “PELOS TRIBUNAIS”, logo, não se
refere à outras decisões proferidas. Com isso, a área de incidência é mais estreita que o recurso extraordinário. O
Rextraordinário, de competência do STF, é cabível para decisões de única ou última instância. Logo, decisão de
Turma Recursal é passível de recurso extraordinário ao STF, mas não de recurso especial ao STJ.
- Tribunais de Justiça militar: cabe ressaltar que os tribunais de justiça militar são de âmbito dos militares
estaduais, por isso um recurso interposto de TJ militar ou de TJ é para o STJ, uma vez que o STM é de competência
da união. Cabe ressaltar que a via recursal desses militares é maior do que da justiça militar da união, uma vez que
nessa por não haver tribunal regional militares, o individuo consome tudo dentro do recurso ordinário indo para o
STM, e ai não existe uma possibilidade de recurso especial.
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
- Tratados internacionais ou lei federal: Caso mais claro de controle de legalidade. Porque de uma maneira geral o
Tratado Internacional é recepcionado no patamar das Leis Ordinárias Federais.
b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;
- É ato de governo local. Aqui, é apenas quando for ato de governo local, por excelência infralegal, já contestado
em face de lei federal. Esse tipo de fiscalização de parametricidade legal é típico caso do Superior Tribunal de
Justiça, porque ele é guardião do direito federal legislado.
E é também julgar válida a lei contestada em face de lei federal? Não mais! Não é lei local questionada em
face de lei federal mais! Esse caso não é mais hipótese de Recurso Especial, mas Recurso Extraordinário
(EC45/04 – firmou entendimento que “lei local” tem como discussão de fundo se as regras de repartição de
competência federativas para legislar foram atendidas ou não, logo, é afronta direto à CRFB). Já falamos sobre
isso.
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
- Papel importante no campo da instabilidade jurisprudencial no Brasil. O REsp tem pape de uniformização muito
importante. Isso porque temos hipótese que um TJ de Estado, ou então um TRF, esteja decidindo
sistematicamente de forma contrária a um outro TJ de Estado em relação a uma mesma lei federal. Se houver
jurisprudências diversas, o indivíduo pode se sentir em margem de insegurança. Se a decisão daquele tribunal
agride à lei federal, interpõe recurso especial sob alegação de divergência jurisprudencial não razoável.
- Estamos num momento em que caminhamos para uma centralização. A federação do Brasil está cada vez menor,
com um país cada vez mais centralizado. Isso acontece em todos os cantos, inclusive no caso do STJ.
Obs.:
1º Juizo de admissibilidade, o juízo ad quo do REsp é do TJ ou TRF.
Se um deles denegarem admissibilidade do recurso do próprio tribunal – lembrando que quem julga a
admissibilidade do recurso ao acórdão ver gastado não é o tribunal de origem, mas outro -, é possível que haja um
agravo de Recurso especial ao STJ pra que ele defira ou não pra forçar a alçada do REsp ao STJ. Com isso, o STJ irá
examinar, em dupla face, a sua admissibilidade e julgar, a contínuo, seu mérito, através do exame de matéria de
fundo do recurso inicial.
2º Juizo de admissibilidade, o juízo ad quem do REsp é do STJ.
Ele pode julgar que não é admissível sem examinar o mérito!
Parágrafo único. Funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe, na
forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
C) Tribunais Regionais Federais [CRFB/88, art 108]
Art.108: Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I – processar e julgar, originariamente:(...)
II - julgar, em grau de recurso, as (...)
Os TRFs são tribunais de apelação, logo, são tribunais de 2ª instância. Há, portanto, duas modalidades competenciais
do STJ: originária e recursal (de índole ordinária), sem recurso especial, nem recurso extraordinário para TRF.
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de
dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional,
nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
Art. 116. A Junta de Conciliação e Julgamento será composta de um juiz do trabalho, que a presidirá, e dois juízes classistas temporários,
representantes dos empregados e dos empregadores.
F) Justiça Eleitoral [CRFB/88, art. 121]
- O nosso sistema constitucional nos capítulos dedicados a partilha de competências, se inicia mais prolixo e exaustivo,
e vai diminuindo, relegando essa tarefa ao legislador infraconstitucional.
Ex: Começa detalhista com o STF, e quando entra na Justiça do Trabalho o constituinte enumera as competências, mas
não as divide quanto à natureza, originária, recursais ordinárias.
- Na Justiça Eleitoral não se foge a regra, pouquíssimo trata o constituinte. Como aqui, nos cabe o estudo do direito
constitucional positivo, não veremos a lei eleitoral infraconstitucional. Mas enconraja-se o estudo do direito
processual e material eleitoral, como por exemplo quando cabe um Recurso Especial Eleitoral ao TSE, e quando cabe
um Recurso Ordinário Eleitoral.
- O estudo da legislação processual eleitoral faz-se importante também, pois muitos promotores do estado,
funcionam como promotores eleitorais. Assim como os juízes eleitorais, advém de juiz de direito. Então essa matéria
cai em concurso, como o do MP.
- Quando se chega na justiça estadual, não se enumera, se utiliza o princípio da residualidade.
Art.121: Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas
eleitorais.
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais
de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número
igual para cada categoria.
- Os §§ 1° e 2° dizem respeito sobre a estruturação do poder judiciário no campo eleitoral e não a fixação de
competência.
§ 3º: São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.”
- O § 3º nos antecipa a consideração de que o TSE é cúpula da Justiça da Eleitoral no Brasil, ou seja, é órgão
máximo da Justiça Eleitoral. O STF não pode ser afastado, em momento algum, da plenitude da guarda da
Constituição. Se existe recurso extraordinário ao STF, então não se pode impedir a interponibilidade recursal
desses casos, das decisões proferidas em sede do TSE. Isto está previsto no artigo.
- Decisões da corte superior da justiça eleitoral – TSE – são irrecorríveis. Exceto:
1) se contrariar a Constituição.(recurso extraordinário ao STF)
2) se denegatórias de HC, ou MS (recurso ordinário ao STF), conforme artigo 102, II, A.
As decisões do TSE que são recorríveis, são recorríveis a quem, e mediante qual recurso ? STF, por meio de
recurso extraordinário, se contrariar a CF/88; ou recurso ordinário, se denegar HC ou MS. Caso o TSE esteja
julgando em grau de recurso o HC/MS não caberia recurso, pois só cabe se for originariamente julgado pelo
TSE, conforme a doutrina tem entendido, por ausência de exposição do constituinte. Entende-se que só é
recorrível o HC e o MS que tiverem sido originariamente julgados pelo TSE, pois o objetivo dessa recorribilidade
é concretizar o duplo grau.
Decisões denegatórias de habeas corpus e mandado de segurança. Aqui se interpõe recurso ordinário ou
extraordinário? Depende de quem for à competência originaria. Se a competência do HC ou do MS tiver sido
originária do TSE o recurso interponivel será o ordinário, pela principio do exaurimento da via recursal
ordinária, vale a norma do II, art. 102. Já se o TSE tiver analisado a decisão denegatória em grau de recurso, aí,
no máximo, o que cabe é o recurso extraordinário, na forma do III, art. 102.
E quanto ao HD e o MI? Não foram mencionados pelo dispositivo, prevalecendo a norma que favorece a
recorribilidade, que é aquela que permite o recurso ordinário, desde que tenha sido de competência originária
de Tribunal Superior. Ou seja, sendo denegatória decisão do TSE, contra ato de HD E MI, cabe recurso
ordinário ao STF, se a questão era de competência originária do TSE, mesmo não estando disposto neste
parágrafo.
- Caso da jurisprudência da Justiça Eleitoral: Caso do prefeito itinerante - o prefeito após ser reeleito por 2
mandatos sucessivos não poderia ser reeleito pela 3ª vez sucessiva (EC 16/97 – veda a reeleição por mais de 2
mandatos em nível federal, e é usado pelo principio da simetria para os Estados e Municípios). O prefeito passaria
a concorrer as eleições da cidade vizinha. Isso caracterizaria um terceiro mandato sucessivo? O STF, em grau de
recurso extraordinário, decidiu que não seria possível essa candidatura, pois infringiria a norma constitucional de
vedação à reeleição, que teve como base a não perpetuação de uma só pessoa no poder. Essa decisão não foi
unânime. Há controvérsias, Sampaio acredita que essa decisão foi equivocada, pois não se pode definir a distância
permitida, nem a influência do prefeito em outra cidade.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
- O recurso interponivel é o especial eleitoral que discute tanto a legalidade quanto a constitucionalidade. Se
houver uma decisão de TRE com afronta a constituição, esse recurso será encaminhado ao TSE na forma de
recurso especial eleitoral.
- Caberá ainda recurso extraordinário para o STF se houver uma autonomia da questão, para atacar a decisão do
STE, após o julgamento do recurso especial eleitoral. No entanto, não caberá recurso especial dúplice, assim como
no recurso de revista, pois ambos fazem um controle tanto de legalidade, quanto de constitucionalidade.
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
- Um dos grandes sentidos do recurso especial na justiça comum é de uniformizar jurisprudência, e não só de
impugnar decisão de tribunal que seja contraria a autoridade da lei federal, mas também impugnar decisão de TJ
ou TRF que por ventura houver dado interpretação aquela norma jurídica legal diversa da interpretação dada por
tribunais de outros estados. Logo, se isso existe dentro do art. 105, III, também há ao TSE. O recurso interponivel
também será o especial eleitoral.
- Recurso especial eleitoral, portanto, também é interponível por haver desuniformidade nas decisões
interpretativas, casos de dissídios exegéticos. Ex: decisões diferentes entre a justiça eleitoral de MG e do RJ, cabe
recurso. Trata-se de um controle de uniforme, tal qual ocorre no Recurso Especial ao STJ.
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
- Recurso. Uma vez que quando a decisão versa sobre inelegibilidade ou expedição de diploma em eleição federal
ou estadual nesses casos a competência originaria é do TRE. Então se a competência originaria é do TRE, há um
recurso ao TSE, que inclusive a legislação federal prevê como recurso ordinário. Mas quando se discute
inelegibilidade ou validade de diploma expedido (depois que o candidato é eleito) de esfera municipal é de
competência do juiz eleitoral de 1ª instancia e há recurso ao TRE, então não precisaria de mais um recurso ao TSE,
é uma forma de assegurar o duplo grau de jurisdição.
- Há ações, na justiça eleitoral, que são próprias, como: a ação de impugnação de mandato eletivo (quando o
mandato já foi dado), ação de investigação judicial eleitoral (quando se procura avaliar o cometimento de
determinadas ações no curso do processo), ação que busca a cassação de diploma de parlamentar, entre outros.
Nesses casos, cabe recurso ordinário ao TSE, pois essas matérias, geralmente, são de competência originária do
TRE. O raciocínio é análogo ao do próximo inciso.
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
- Também não menciona os municipais. O raciocínio é análogo ao parágrafo anterior, cabe recurso ordinário ao
TSE, quando tratar de matérias dessa natureza. Ex: Quando se tratar de decretação de perda de mandato eletivo
de autoridade municipal é competência originária do juiz eleitoral, e a recursal será do TSE.
- Por isso, que fazemos a diferenciação do recurso ordinário das decisões proferidas nos incisos III e IV das decisões
proferidas nos incisos I e II, deste parágrafo.
Obs: As juntas comerciais, são compostas por eleitores probos e presidida pelo juiz de direito, são ora
monocráticas, e ora colegiadas, neste último caso, geralmente, versam sobre questões administrativas.
Obs.2: Nesse caso do inciso IV, mas em relação às eleições municipais, cabe recurso especial eleitoral ao TSE. Em
caso de decisão que, ainda assim, afronta a constituição e já estiver exaurido o duplo grau de jurisdição, então
pode se pensar em recurso extraordinário ao STF.
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção;
- Essa denegação não precisa ser obrigatoriamente em sede de competência originaria do TRE. Poderá ser também
quando a decisão denegatória for em grau de recurso. Como o § 4°, V, art. 121, não cria expressamente aquele
triplo grau ordinário a que se refere a alínea “a”, II, art. 105, então a jurisprudência tem entendido que quando a
decisão denegatória desses remédios constitucionais houver sido de competência originaria de TRE seja ele qual
for haverá recurso ordinário ao TSE, e quando a decisão for denegatória destes em grau de recurso, ai sim havendo
contrariedade ao parâmetro de lei ou da constituição admitir-se-á recurso especial ao TSE .
- Caberá recurso ordinário ao TSE, se denegatórias o HC, MS, HD e MI. Clássico caso da regra.
G) Justiça Militar e Justiça Estadual [CRFB/88, art. 124 e 125]
- A Justiça Estadual é por excelência residual, é mais fácil compreender qual a competência das demais e ver o que
sobra para a estadual.
- Mas por que tantos parágrafos no artigo 125? Pois existe justiça militar no plano estadual, e ele trata basicamente
dela, pois a justiça comum se resolve por residualidade.
Art.124: À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
(...)
Art.125:Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
- Competência residual.
- Ramo da Justiça Estadual que é especializado: Justiça Militar. Também existe no plano federal, porém a justiça
especializada estadual existe por termos forças estruturais militares: as forças auxiliares.
Justiça Militar da União: O artigo 124 é o único que define competências da Justiça Militar da União. É na legislação
processual militar que estudaremos mais sobre este ramo (Código Processo Penal Militar - CPPM), as competências do
ramo da justiça Militar da União. Outra fonte importante pra Justiça Militar da União é o regimento interno do
Superior Tribunal militar.
Art.124: À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único: a lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência, da Justiça Militar.
- Justiça Militar da União tem competência criminal. Tanto que é apenas no COM que existe pena de morte, no
caso de guerra declarada. Competência pra julgar militares e civis na prática de crimes militares. Ex.: Crime de
Dano na forma culposa existe no CPM. Caso o militar cause dano ao patrimônio afetado, ele corre por dano
culposo.
- A Justiça Militar da União, portanto, tem uma índole criminal, ou seja, presta jurisdição criminal. É claro que em
alguns casos atua na área civil, com o mandado de segurança, por exemplo. Mas, em geral, o que mais se tem, são
leis penais militares e processuais penais militares. É uma justiça de índole criminal, presta jurisdição criminal.
Todos os casos de pena de morte admitidos no ordenamento jurídico brasileiro estão no CPM (somente em caso
de guerra declarada), ou crimes de deserção que são próprio da legislação militar, por isso é uma legislação muito
peculiar. Mas, lembra-se mais uma vez, que não é exclusivamente criminal.
O crime de dano é um previsto na legislação penal comum ou na legislação penal militar? Em ambas; porém
se o dano puder admitir também a forma culposa é da legislação penal militar, pois existe um dever objetivo
de cuidar, das praças e oficiais das forças militares, que se não observado pode levar à uma condenação penal.
Como isso pode ocorrer se não é da essência do dano a forma culposa? A legislação especial é voltada a
características próprias, nas forças armadas existe esse dever de cuidar. Por isso, o descuido de uma arma, um
combustível, ou algo que cause dano ao patrimônio militar pode incorrer em dano culposo.
- Obs.: Nem todo crime militar é praticado só por militares, a Justiça Militar Federal tem competência para julgar
tanto militares na prática de crimes militares, quanto civis na prática de crimes militares. Além disso, as hipóteses
de conexão no Direito Processual Militar são menores, assim, pode um militar estadual confrontar com um militar
federal e estes serem julgados separadamente, cada um em seu âmbito.
Justiça Militar do Estado: Maior parte dos parágrafos que integram o artigo 125 é voltada pras competências da
Justiça Militar do Estado. As constituições estaduais moldam cada Estado, seja da Justiça Especializada ou Justiça
Comum. Ele fica premido pelo princípio da simetria, pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
- Falou-se, preliminarmente, que a Justiça Estadual é residual pois a maioria dos parágrafos que integram o artigo 125
da CF, são voltados à Justiça Militar Estadual, que é o único ramo especializado da justiça estadual é o militar. Então
faremos, ao longo, do estudo do artigo 125 CF alusão ao artigo 124 CF, que tratou da Justiça Militar. Não basta utilizar
a analogia entre a justiça militar federal e estadual, existem peculiaridades bem específicas, estabelecidas no próprio
texto constitucional. Serão vistas adiante.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
- As Constituições estaduais moldam a justiça dos estados. Cada constituição estadual tem um capítulo para justiça
militar do estado, e da justiça comum.
- O legislador estadual fica bastante premido pelo princípio da simetria, isso é negativo, pois não permite o
experimentalismo, crítica ao nosso modelo federalista que tende ao unitarismo.
- Os limites de atuação constitucional dos estados é muito parecido. Ex: antigamente alguns estados possuíam
Tribunal de Alçada, hoje eles foram extintos, as constituições dos estados são muito parecidas.
§ 1º: A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
iniciativa do Tribunal de Justiça;
- A lei de organização dos TJs é privativa/reservada dos estados. Iniciativa reservada ao Tribunal de Justiça do
Estado, dentro do processo legislativo. Assembleia legislativa terá discutido, mas a iniciativa terá sido do Tribunal
de Justiça.
- Ou seja, a lei de divisão e organização judiciária do RJ, é votada sob o âmbito estadual (alerj), porém um
governador não vai propor uma alteração no âmbito da organização do judiciário, um deputado também não;
quem fará isso, será o próprio TJ, que encaminhará um projeto de lei para a Assembleia Legislativa, eles vão
discuti-lo, e vão aprová-lo ou rejeitá-lo, depois será submetido ao veto ou sanção do governador.
- Rio de Janeiro: Foi instituído um código de divisão e organização do judiciário no RJ (CODGERJ) que disciplina a
primeira instância do poder judiciário do Estado. Disciplina assuntos, como: Quantas varas há na comarca de
Niterói? Quantas varas há em Parati? Vara única?
- A organização interna do TJ, porém, dá-se através do regimento interno (como todo tribunal) que tem força de
lei, mas não é lei, não passa pela assembleia legislativa, nem pelo governador, mas apenas pelo próprio judiciário.
Ou seja, o judiciário tem o poder de autogoverno (princípio do autogoverno da magistratura).
Princípio do autogoverno da magistratura estende efeitos pra autonomia da regimentalidade dos tribunais.
Em comparação com outros modelos, isso não ocorre. Na Alemanha, o regimento interno da Corte Nacional
Federal é lei aprovada pelo trabalho do parlamento federal (CD) e o Senado. No Brasil, não. Os regimentos
internos dos tribunais, exceto do Tribunal do júri (é vara criminal!), exercem auto governo através dos seus
regimentos internos, estabelecimento as normas de funcionamentos desses órgãos jurisdicionais.
- Resumo:
Lei de organização dos TJs competência da assembleia legislativa, após o envio do projeto de lei pelo
próprio tribunal (lembrar que é uma lei, então passa pelo procedimento comum, discussão na assembleia,
aprovação/rejeição, sanção/veto).
Organização interna cabe ao próprio tribunal pelo regimento interno.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
- Até o advento da CRFB/88, a representação de inconstitucionalidade tinha outro sentido e outra posição
ortográfica. Ela era a ação direta de inconstitucionalidade (EC16, que alterou a constituição de 1946. A de 1967
manteve a ADI). Entre 1965 e 1988, só o PGR podia propor a representação, até que em 1988 tem um elenco bem
maior. O constituinte converteu a representação de inconstitucionalidade em AdI e transferiu esse nome para o
âmbito estadual. O constituinte de 88, deu o nome de ADI, e a transferiu para o âmbito estadual - ADI estadual -
mas deixou que o Estado a regulasse, só vedou a legitimação de agir para um único órgão. Isso foi positivo, pois já
que outrora não deu certo no âmbito federal, não seria bom permiti-lo no estadual. Por exemplo, a legitimidade
para propor ADI estadual não pode ser apenas do procurador geral de justiça do estado, ou da mesa da assembleia
legislativa do estado, ou do governador, é preciso de no mínimo ter dois legitimados.
- O Constituinte quis evitar o problema histórico deixado pela CRFB/67 e EC16. Os estados começaram a instituir
suas representações em suas constituições federais nos estados. Começaram a inventar os legitimados distintos
da CRFB pra propor a representação de constitucionalidade! O STF começou a podar essa decisão, adotando um
standard: o Estado não pode ir além do standard constitucional, pelo princípio da simetria. Por exemplo, no
executivo, quem pode propor ADI no âmbito federal? Presidente e Governador. No âmbito estadual então, seria
Governador e Prefeito. Ou ainda, no âmbito federal mesa da Câmara dos Deputados; no âmbito estadual, mesa da
assembleia legislativa, e da assembleia municipal. Sampaio acredita que isso é negativo, devido ao desrespeito ao
federalismo.
- Essa representação de inconstitucionalidade aqui é em face da Constituição Estadual. É um controle de
parametricidade, em face da lei estadual, o órgão que faz isso é o TJ, e funciona aqui como corte de
constitucionalidade em âmbito estadual, em juízo ad quo.
Veja o quadro comparativo abaixo acerca dos legitimados no âmbito federal e estadual:
Controle Concentrado
Controle Concentrado Controle Concentrado perante o TJ.
perante o STF. perante o TJ. [CF, Art. 125, §2º.]
[CF, Art. 103.] [CF, Art. 125, §2º.] Em relação a lei ou ato normativo
municipal
Presidente da República Governador do Estado Prefeito Municipal
Mesa do Senado e Mesa da Câmara PRINCÍPIO Mesa da Assembleia
Mesa da Câmara Municipal
dos Deputados Legislativa
DA
Procurador Geral da República Procurador Geral de Justiça -----------------
Conselho Federal da OAB SIMETRIA Conselho Seccional da OAB -----------------
Partido Político com Partido Político com
Partido Político com representação
representação na representação na Câmara
no Congresso Nacional
Assembleia Legislativa Municipal
Federação Sindical ou
Confederação Sindical ou entidade
entidade de classe de --------------------
de classe de âmbito nacional
âmbito estadual
Art. 127, CAPUT: O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
- O art. 127 se ocupa de todo o espaço institucional do Ministério, define-o totalmente. É instituição permanente,
que não se interrompe/ é contínua, tal qual o Poder Judiciário e o Poder Legislativo, essencial às funções da Justiça
já que esta somente atua quando provocada. Defende os interesses do complexo social, bem como os individuais –
isso porque em certos casos a legislação determina a intervenção obrigatória do MP. Ex. tutela de menores ou
incapazes no procedimento sucessório inventarial. Esse interesse individual deve ser sempre indisponível. Caso
famoso: arremesso de anões na França, denúncia feita pelo Parquet.
- Não presta jurisdição, pelo contrário, é essencial à função jurisdicional do Estado. A função jurisdicional é do
Poder Judiciário segundo o princípio da jurisdição una. A grande função: ser a sociedade em juízo.
O que é ser a sociedade em juízo? Algumas das justificativas que defendem a existência do Estado advém da
vertente contratualistas, uma vez que se há relação contratual entre sociedade e estado, cedemos parcela de
liberdades individuais em prol de estado que tem o monopólio da força física, seja segundo a tese Hobbesiana
que no Leviatã, reconhecia que o homem já nasce essencialmente mau e por isso o Estado é a força que segura
a maldade humana e a condiciona a ser capaz de viver em sociedade, seja por Rosseau que defendia que os
homens são originariamente bons, seja segundo Locke que defendia que os homens são moldados pelo meio.
Temos que ver que diante da história do Estado, dos autoritarismos acumulados ao longo da história do Estado,
às vezes haverão conflitos entre sociedade e Estado.
Diante disso, nesses casos quem representa a sociedade perante o Estado – instituído mediante contrato
para atuar em serviço da sociedade? O MP, o qual corresponde a advocacia da sociedade em juízo, ou como
outros dizem a própria sociedade perante o órgão jurisdicional. O MP não é advocacia do pobre, nem pessoa
jurídica, privada ou publica. Ou seja, o promotor de justiça não é um mero acusador, não é um vassalo do
estado, ele é quem representa a sociedade em juízo, inclusive contra o Estado, se for o caso.
127, § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
- Indivisibilidade é consequência da unidade, principio bastante importante. Na CRFB, art. 128, estabelece que o
MPU se fraciona (MP-União, inciso I e MP-Estados – 26 no total, inciso II) na forma do inciso I, entre MP federal,
MP do Trabalho, MP Militar e MP do Distrito Federal e Territórios. Se o DF se assemelha a alguém, é ao Estado,
apesar de não ser igual ao estado. MP-RJ é órgão do Estado do Rio de Janeiro previsto na Constituição do estado
do RJ. O MPDFT é órgão do MPU, logo, é órgão do União!
1. UNIDADE: MP é uno e indivisível, mesmo que isso pareça ser paradoxal pelo fato dele se fracionar
organizacionalmente. Há unidade nacional do MP. Muitos chamam de MP Brasileiro, mas este é o MP
todo, pois todos os MPs inclusive dos estados, fazem parte da República Federativa do Brasil! Essa
expressão é muito usada. O MP é um só, porque a nação brasileira é uma só. Como é sociedade em juízo,
é uno, porque a sociedade é uma só. Unidade traz carga conceitual importante de força unitária, força
individual e uma indivisibilidade que é consequência dessa unidade.
O princípio da unidade nos traz uma reflexão de certa forma abstrata; temos uma Federação no Brasil,
assim existe Ministério Público da União e um Ministério Público dos Estados, com repartição de
atribuições que acompanha a lógica de todo o Poder Judiciário. A Constituição considera que todas essas
partes constituem um todo, o Ministério brasileiro, por assim dizer, pois o que há efetivamente é a
partilha de atribuições institucionais que a Carta faz entre os ramos, não no MP em si mesmo. Esse
princípio também diz respeito ao Poder Judiciário.
2. INDIVISIBILIDADE: O fato de haver uma união não quer dizer que não haja possibilidade de divisão. Ex:
União conjugal que pode ser dissolvida, separação de uma parte da federação. Por isso, é necessário
instituir essa indissolubilidade, além da unidade. Assim, o MP é indissolúvel, como acontece com a União
como pessoa jurídica, que também é indissolúvel. O MP não pode se dissolver. Inclusive, qualquer
tentativa de dissolução da União é crime para nossa ordem constitucional, e se praticado pelo Presidente
da República este pratica crime de responsabilidade.
3. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: dá ao membro do MP o que os advogados públicos vindicam, que é a
independência funcional. Ela assegura ao membro do Ministério Público o poder de agir de forma alheia
às outras vontades, ou seja, deflagra a capacidade do membro do MP de tomar suas escolhas, sendo esta
a marca do órgão (fazer suas escolhas). Porém, não é que o promotor vá fazer uma escolha estritamente
pessoal, mas tomará uma decisão voltada para os interesses da sociedade. Isso aviva o princípio do
promotor natural da causa (promotor como gênero, inclui-se procurador), não expresso na CF, que é
aquele que tem a atribuição previamente definida pelas leis e pelos estatutos jurídicos que firmam essa
partilha. Logo, promotor natural da causa tem independência funcional para atuar perante o órgão
jurisdicional, conforme interesse da sociedade. Ex: curador de menores, curador de massas falidas. É um
promotor de justiça que pode se manifestar em um sentido ou noutro, ele age com independência
funcional; ou na área criminal, se ele achar que não cabe acusar, pode pedir a absolvição, não se reduz
aquela imagem do senso comum de promotor como acusador. Neste sentido, temos o exemplo do
parecer do procurador regional da república no TRF, que voltou atrás do outro, porque há independência
funcional (os procuradores não ficam vinculados a um processo, não necessariamente tem de ser o
mesmo o procurador que emite o parecer e aquele que comparece as sessões). Ou seja, ele pode mudar
de posicionamento, não estando estritamente vinculado a um parecer emitido previamente desde que
mude conforme entenda ser em prol do bem comum, já que presenta a sociedade. Isso não pode ocorrer
com advogado, pois não detém essa independência, está vinculado! Deve-se destacar, porém, que a
independência não é uma carta branca para fazer o que se quer!
- Obs.: Não há processo sem parecer do MP, a não ser que o MP escolha se abster dizendo que não tem
interesse na causa, o que somente é possível nos casos de intervenção não obrigatória do MP, mas de
qualquer modo deve houver manifestação mesmo que esta seja pela abstenção, o que não pode é não
ter a colheita da oportunidade de ouvir um membro do MP. Qualquer recurso de apelação antes de ser
julgado colhe um parecer do MP. Vale ressaltar que o parecer é um ato enunciativo, emitente de opinião,
o qual a Câmara tende a seguir, tendo, assim, grande força/peso num julgamento.
- O advogado da União não tem essa independência, pois representa uma pessoa, que é o Estado. Tal
qual o advogado que presenta a pessoa do seu cliente, ou seja, os interesses da União.
- Lei orgânica do MPU – LC75/93.
- Onde estiver o poder judiciário estará o MP necessariamente, para representar/encarnar a sociedade
em juízo, ainda que seja contra o Estado, pois ele visa preservar a sociedade.
127, §2º: Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no
art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre
sua organização e funcionamento.
- O parágrafo segundo define que ao MP é assegurada autonomia funcional e administrativa. Neste trata-se da
autonomia administrativa, da garantia do MP de autonomia diante das escolhas do executivo. Entrementes, isso
não desnatura a inserção do MP no esquadro das relações de freios e contrapesos. O poder executivo também não
pode criar e extinguir cargos, o propondo ao legislativo, bem como o judiciário. Não há aí redução de
independência, mas uma caracterização do nosso sistema constitucional, que é de checks and balances, como
herdamos do modelo dos EUA. Há uma relação de intercâmbio entre os poderes constituídos do Brasil. É o
legislativo que decide se criará ou não cargo público nos moldes do proposto. O MP apenas tem iniciativa de lei. O
MP está páreo passo com os poderes constituídos, que também devem propor criação e extinção de seus cargos.
Deve-se destacar que o parágrafo 2º não diz que o MP tem poder de fixação de remuneração, pois isto é matéria
reservada a lei federal.
- Na forma do artigo 2º da CRFB/88 segundo a qual se presume que o poder legislativo e judiciário não podem
exercer livre e independentemente sua atividade se não for provido de fatias orçamentárias próprias. Nesse
mesmo sentido, o título da tributação e orçamento torna defensáveis os modelos de autonomia gerencial
orçamentária dos poderes.
- Quando a CRFB diz que são independentes e harmônicos entre si os 3 poderes, deixa claro que o judiciário e o
legislativo não podem exercer suas funções sem orçamento, sem o provimento de dotação orçamentária própria
que lhe assegure a sua independência. Não adianta assegurar a independência sem assegurar o provimento. É por
isso que se permite a independência financeira e orçamentária, que conduza a independência funcional. O que
esse parágrafo quer é assegurar a autonomia também para o MP.
- No meio dessa autonomia há também a iniciativa do processo de criação e extinção dos seus cargos auxiliares.
- Determina autonomia financeira e orçamentária, também em relação aos profissionais de apoio técnico e
funcional. Estes não são membros do MP (Membros do MP são procuradores e promotores, nos limites da
LC75/93),mas, para que haja autonomia do órgão, é preciso assegurar autonomia dispositiva em relação aos
serviços auxiliares. Por todos esses tidos com função de apoio técnico, é preciso assegurar a independência. Tanto
que na União existe um regime jurídico único dos servidores públicos civis da união, (Lei 8112/90) das autarquias e
das fundações públicas federais. Esse regime jurídico que rege, por exemplo, os profs da UFF, é o mesmo que rege
os analistas judiciários da Justiça Federal. É UMA LEI SÓ. Agora, o regime jurídico único não determina nada em
relação aos juízes, porque são regidos pela lei orgânica da magistratura publica nacional. Mas os profissionais
técnicos funcionais de apoio dessas instituições, eles são regidos pela lei 1.112. (lei dos servidores públicos)
- Duas são as autoridades do MP que detêm competência para propor projeto legislativo, são eles o procurador
geral da republica e procurador geral de justiça. Cabe ressaltar que com legitimidade restrita, o primeiro no âmbito
federal e o segundo âmbito estadual, com uma série de balizas a seguir, o primeiro a CF/88 e o segundo a
constituição do estado e a CF.
- O MP pode escolher se o concurso público será somente de provas, ou de provas e títulos. Já o concurso para
carreira é necessariamente de provas e títulos, como visto.
127, § 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias.
- 3 grandes diplomas legislativos: Leis de diretrizes orçamentárias (LDO), Lei orçamentária anual (LOA), e os planos
plurianuais.
- O MP pode elaborar sua proposta orçamentária, como também o faz o poder judiciário, mas ambos se baseiam
nas diretrizes da LDO e CRFB, isso assegura um grande quinhão do MP, que é essencial para o exercício da sua
atividade.
- O MPDF tem proposta orçamentária condensada ao da LDO da União, por pertencer ao MPU.
- O MPU está adstrito à LDO da União e MPE à LDO do Estado.
127, §4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do §
3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Não há redução à autoridade do MP. Caso este perca a oportunidade, far-se-á reserva por base no estipulado no
parágrafo quarto.
- Por mais que o constituinte tenha dado autonomia orçamentária e financeira para dar estrutura funcional para o
MP existe, há sempre uma reminiscência, um resquício de vinculação, do MP para com o Executivo. De forma que
se o MP não o fizer, presume-se o orçamento dado no ano anterior.
- Vale, simetricamente, para o MPU em relação à LDO da Uniao e MPE em relação à LDO do Estado. O MPDF tem
proposta orçamentaria condensada ao da LDO da União, por pertencer ao MPU.
127, §5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da
proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004);
- Houve uma retirada do poder executivo. A função em si é autônoma, exercida pelo MP. Mas algum resquício de
vinculação permaneceu no texto constitucional. Se a proposta tiver sido oferecida em desacordo com os limites do
parágrafo terceiro, prejudicando o MP. No caso de desacordo com os limites estipulados, o executivo acolmata a
lacuna para adequar as propostas orçamentárias aos interesses do MP. Há um resquício de vinculação entre o
executivo e o MP. Mas trata de um resquício de vinculação in mellius, para preservar a independência funcional do
órgão e de seus interesses.
- Assim, o Poder Executivo ainda é o senhor diagramador do orçamento do MP, nesse caso o poder de iniciativa é
concorrente com o Presidente da República (poder executivo). Ainda há um resquício de aproximação, por mais
que concorrente, diferente, do que ocorre com o Poder Judiciário que possui iniciativa exclusiva para elabora as
regras dos tribunais.
127, §6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
- Mais uma vez e por derradeiro: nenhuma redução à autoridade do MP. Aqui se diz que quem delibera sobre o
orçamento é o poder legislativo, que decide sobre a lei de diretrizes orçamentárias, bem como sobre o plano
plurianual. Não há redução à autoridade do MP. O que está nesse parágrafo é o mesmo que se encontra em
relação ao executivo em seu capítulo, e ao judiciário no capítulo da CF referente a este. Quem delibera sobre o
orçamento é o povo, através de seus representantes eleitos, do parlamento.
- O exercício anuo (anual) que é o orçamentário.
- Isso já deu muito problema, pois o crédito suplementar não se adstringe ao lei de diretrizes orçamentárias.
- Comentário político: Essas autonomias financeiras são fundamentais para as independências dos órgãos, mas
devem ser vistas com o devido tempero, pois os excessos levam a tirania (remunerações excessivas). Há o princípio
da equalização, que prevê a proporcionalidade, pois da forma que esta as coisas encaminham-se para o
descrédito.
Ministério Público – Estrutura
Art. 128, Caput. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
MP dos Estados:
1ª: Promotor de justiça é o membro do MP estadual em 1 ª instância.
2ª: Procurador de justiça é o membro do MP em 2ª instância, se dá por antiguidade.
- Na 1ª e 2ª instâncias: O MP é composto pelos promotores de justiça e procuradores de justiça, respectivamente.
Tal denominação é muito ampla de significado. Procurador é aquele que detém procurações, que recebe poderes de
outrem. A outorga de poderes se dá por procuração. No âmbito das estruturas de estado, os termos se aplicam
tanto no âmbito da advocacia pública, quanto no âmbito do MP. O procurador federal á advogado público. O
procurador da república é o membro do MP federal em primeira instância, perante as varas federais. Na época da
constituinte, havia quem sustentasse, para gerar uma uniformidade de tratamento, que os membros do MP da
união, os membros do MP federal em primeira instância, deixariam de receber a designação de procurador da
república, passando a receber a de promotor de justiça federal. Foi mantida a designação de procurador da
república, o que gerou a confusão que temos hoje. Destaca-se, ainda, que como a Justiça Estadual é maior por conta
da residualidade: há muito mais promotores de justiça do MPE atuantes perante a 1ª instância do Estado.
MPT
1ª: Procuradores do Trabalho
2ª: Procuradores regionais do Trabalho
MP Eleitoral
1ª: Não há carreira própria, no âmbito da 1ª instância. Empréstimo de promotores de justiça, assim como
ocorre como juízes eleitorais.
2ª: (1) procurador regional eleitoral, que é:
- um procurador regional da república daquela região - acumula essa função.
- ou quando o TRE for em estado que não possui sede de TRF, não haverá procurador regional da
república, nesse caso, será um procurador da república. o
- No âmbito da justiça eleitoral é que se faz o questionamento. Até porque: onde está o MP eleitoral? Não aparece
na divisão do texto constitucional. O artigo 128, I não prevê o MP expressamente. Mas muitas vezes se faz
referência a este, ao mencionar cargos do MPE. Há representação do mesmo nos órgãos da justiça eleitoral. Assim,
há uma falha do texto constitucional. Isso deveria ter sido suprido. Na lei federal, com destaque para a LC 75/1993 e
a lei ordinária federal 8625/1993, cuida-se do MP, de sua instituição. Nestes diplomas há a figura do procurador
regional eleitoral. Este é o membro MP que atua perante os TREs. Na justiça eleitoral temos o MP eleitoral, que atua
perante o TRE através do procurador regional eleitoral.
- Na ª instância: Promotores de justiça eleitoral? Não há carreira própria de promotoria eleitoral, o fato dela
pertencer ao MPU não impede que seu promotor advenha por empréstimo do MPE, ou seja, os promotores de
justiça em função cumulativa - o que já acontece com os juízes de direito que acumulam a função de juízes
eleitorais - é que atuam perante a 1º instância do MPE (vale ressaltar que este fato não lhe descaracteriza enquanto
parte do MPU, ou seja, o MP eleitoral: é federal/da União, mas há membros estaduais que a exercem, o que não
quer dizer que tenha sido “estadorizada”).
- Na 2º instância, há apenas 1 procurador regional eleitoral perante TRE, o que é completamente distinto dos
Procuradores Regionais da república que são numerosos e atuam perante o TRF. Este Procurador Regional Eleitoral é
um dos Procuradores Regionais da República daquela região na qual se instala o TRF e atuam cumulativamente
perante o TRE desta. Destaca-se que quando o TRE for em estado que não possui sede de TRF, não haverá
procurador regional da república, posto que não haverá sede da Procuradoria Regional da República ( afinal dos 26
estados brasileiros, apenas 4 são sede do TRF, não teria sentido fazer um Procurador Regional da República que
atua perante o TRF da 1º região sediada no DF, oficiar perante o TRE do Pará – existe um TRE em cada estado-,
simplesmente porque esse TRF da 1º região abrange esse Estado, seria ilógico percorrer tamanha distância para tal,
apesar de haver Procuradores Regionais da República suficientes para esse empréstimo), nesse caso, será um
procurador da república que ocupará ocupando o órgão do MPE em 2ª instância, uma vez que todo Estado
necessariamente constitui uma seção judiciária da justiça federal, assim, sempre haverá uma procuradoria da
república de 1º instância. Sendo o Procurador Regional da República vitalício neste cargo, poderá por um biênio
atuar como Procurador Regional Eleitoral cumulativamente. A solução dada é a mesma solução compositiva dos
TREs, nos quais das suas 7 vagas uma é reservada para desembargador federal, mas quando não houver este, ou
seja, não houver TRF sediado na seção judiciária do TRE, funcionará um juiz federal de 1º instância.
Ex: Maranhão que não é sede de TRF terá perante a 2° instância do como Procurador Regional Eleitoral um
Procurador da República, o qual atua na 1º instância do MPF .
MP Militar
1ª: Procuradores de Justiça Militar (se tratamos do MP da União militar)
2ª: ? (depois pois não foram criados os TRMs)
- No MP militar temos peculiaridade, porque a justiça militar é especializada também, mas esta não é só federal,
podendo ser estadual.
1) Se for justiça militar estadual, temos a figura de promotores de justiça também, e no caso do estado do RJ que
não detém tribunal de justiça militar estadual de segunda instância, como detém o estado de Minas Gerais, temos
procuradores de justiça(MPE) designados para atuar perante a função jurisdicional militar de segunda instância.
2) No âmbito da União há uma carreira autônoma: que é o do MP da união militar. Um membro do MP militar é
membro do MP da união, mas atua no mister especializado.
1ª instância: Temos a figura do procurador de justiça militar, que é membro do MP militar em primeira
instância, perante os conselhos de justiça militar e as auditorias (não os integram/ são 12 circunscrições no
total), que são órgãos jurisdicionais da justiça militar da união.
2ª instância:Na segunda instância federal, como não foram criados os TRM na justiça da união, não temos hoje
membros do MP da união regionais de segunda instância. A matéria vai ao STM, que funciona como um
tribunal de segunda instância da justiça militar da união. Na ausência dos TRM, funciona como um tribunal de
segunda instância.
MPDFT
1ª: Promotores de Justiça (como o MPE)
2ª: Procuradores de Justiça (como o MPE)
- O Distrito Federal é uma autarquia. O MPDF é um órgão do MPU ( pela teoria dos órgãos em que um órgão sempre
pode se subdividir em outros), que pertence à União ( pessoa jurídica). Se assemelha ao MP dos Estados, as
competências também são residuais, e inclusive a LC75/93 usa terminologia que imita ao do Estado. Funciona pelo
MPDFT perante à primeira instância os promotores de justiça – nomina iuris são repetidos do MPE. Na 2ª instância,
perante TJDFT, temos os procuradores de justiça.
- Então, atenção, existem promotores de justiça e procuradores de justiça no âmbito do MP da União! É no MPDFT.
- O que é um território do ponto de vista jurídico? Os territórios federais são definidos como autarquias federais. O
território existe enquanto figura constitucional. Antes, nós tínhamos os territórios federais do Amapá, Acre,
Rondônia, Roraima e Fernando de Noronha. Os estes 4 primeiros se tornaram Estados e o último foi subsunbida a
autoridade do Estado de Pernambuco. Ou seja, são mínimas as chances do Brasil ganhar um novo território ou que
um Estado se desinstitucionalize ao passar por uma fragilidade institucional.
STF
Procurador Geral da República – chefe do MP
STJ TST STM TSE
Subprocuradores Procurador
Subprocuradores Gerais da Subprocuradores
Gerais do Geral Eleitoral
República Gerais de JM
Trabalho
Ramos MP Estado MP da União
MP MPE MPF MPTrabalho MPM MPEl** MPDFT
Tribunais TJ TRF TRT - TER TJDFT
(1) Procurador
Regional
Eleitoral
Procuradores Procuradores (empréstimo do
Procuradore
2ª Procuradores
Regionais da Regionais do ? MPF, Procurador s de Justiça
instância de justiça Regional da
República Trabalho do MPDFT
República e quando
não for sede de TRF,
Procuradores da
República.)
Promotores Promotores
1ª Promotor de Procuradores Procuradores do Procuradores de Eleitorais de Justiça
instância Justiça da República Trabalho Justiça Militar (empréstimo do
MPE)
DFT
STF
Procurador Geral da República – chefe do MP*
Perante: STJ TST STM TSE MPDFT
Subprocurador 1ª:Promotor
Subprocurador Geral da Subprocuradores Procurador
Membro Geral do de justiça
República Gerais de JM Geral Eleitoral
Trabalho 2ª Procur. J.
Origem MPF MPT MPM PGR* MPDFT
*Pode ser delegado
Tribunais Membros do MP Origem
STJ Subprocurador geral da república Advém do MPF
TST Subprocurador do Trabalho Advém do MPT
STM Subprocuradores gerais de Justiça Militar Advém da MPM
TSE Procurador Geral Eleitoral PGR*
STF PGR PGR*
1ª instância: 2ª instância:
MPDFT
Promotor de Justiça Procurador de Justiça
*Pode ser delegado
Atuação do MP perante tribunais:
STJ: Perante o Superior Tribunal de Justiça, a carreira que atua é a do Ministério público Federal (LC 75/1993). Quem
atua são os subprocuradores gerais da república. Muitos recusam pelo ônus de ter que se mudar para Brasília.
TST: Perante o TST, atuam a os subprocuradores do trabalho, que advém do MPT.
STM: Perante o STM, atuam os subprocuradores gerais da Justiça Militar, que advém do MPM.
TSE: Ocorre a representação do TSE atípica. Quem atua perante o TSE é o Procurador Geral da República, que atua
privativamente no TSE. Logo, perante o TSE, atua o procurador geral eleitoral - necessariamente o PGR. Como este é
chefe e tem muitas atribuições, estas podem ser exercidas por delegação, pelo seu vice.
MP do DF e territórios: As competências do DF são residuais, logo, há similitudes quando falamos da estrutura do
DFT. Atuam os promotores de justiça no âmbito da 1ª instância, e os procuradores de justiça na 2ª instância. Então,
atenção, existem promotores de justiça no âmbito do MP da União.
STF: Perante o STF, atua o PGR. Vale lembrar que a atribuição é dele, porém pode ocorrer atribuição por delegação,
pois como ele (PGR) conseguiria estar no TSE, e nas 2 do STF. O que não pode acontecer é ausência de algum deles,
mas onde tiver o poder judiciário estará o MP, para representar a sociedade.
Atenção!
Chefe do MPU – Procurador Geral da República;
Chefe do MPF – Procurador Geral da República;
No MPM e no MPT, os procuradores estão sujeitos à figura do procurador geral da república
Há uma diferença importante – o MP da união não se confunde com o MP federal. O primeiro é gênero e o
segundo é espécie. Todavia, questões ligadas à tradição, o MP federal é chefiado pelo procurador geral da república,
também chefe do MPU. No MPM e no MPT, os procuradores estão sujeitos à figura do procurador geral da república.
128, § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da
República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.
- Princípio do checks and balances, a figura mais importante do MP brasileiro é o PGR, submete-se á nomeação
pelo Presidente da República.
- Se fala aqui, em carreira do MP da União, e surgiu uma práxis que se estabeleceu até o momento, presume-se de
todas as carreiras a do MP federal, ele pode delegar atribuições a subprocuradores gerais da república, que
também são membros do MP federal.
- Acontece de forma muito parecida com a indicação dos ministros do STF, o Presidente da República indica um
nome e o SF realiza uma sabatina no interior da comissão de justiça do SF, conforme seu regimento interno, e
então ele é nomeado pelo Presidente da República.
- O PGR tem mandato por 2 anos, sendo possível uma recondução. Ele é vitalício, mas não como PGR, e sim como
o seu cargo de origem.
NOTA:
Chefe do MPU – Procurador Geral da República;
Chefe do MPE – Procurador Geral da Justiça;
Chefe do MPT – Procurador Geral do Trabalho;
Chefe do MPM– Procurador Geral da Justiça Militar.
Chefe do MPF – Procurador Geral da República
128, §2º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
- Cabe a destituição, porém é preciso a autorização da maioria absoluta do SF.
- Essa proposta fazia sentido na época em que o MP tinha funções da Advocacia Pública, pois representava os
entes públicos e poderia propor a destituição do PGR. Hoje, se um Presidente da República tiver a maioria do SF,
isso será concluído, o que não garantiria a efetiva autonomia funcional. Sampaio acredita que o PGR deveria estar
infenso aos poderes do executivo, para poder exercer independentemente a representação da sociedade.
128, § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
- Aqui não há escolha parlamentar, então no MP dos Estados elabora-se uma lista tríplice, sem passar pela
assembleia, será nomeado pelo chefe do poder executivo (ora governador - estados, ora presidente da república -
DF). Ressalte-se a diferença do âmbito federal para o estadual, no federal – ocorre aprovação do SF, no estadual
não.
128, §4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por
deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
- Para a destituição, tem interveniência da assembleia legislativa, para salvaguardar o principio do checks and
balances.
128, §5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais,
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros:
- A CRFB não vincula, mas diz que a iniciativa é facultada aos procuradores gerais. Cada estado tem uma lei
complementar que rege o MP estadual.
- Não havia carreira dos procuradores federais até os anos 90. Existiam carreiras de procuradores autárquicos
federais. Cada autarquia tinha seus procuradores autárquicos próprios. Era uma carreira individual. O individuo
para exercer a representação judicial e consultoria jurídica, fazia concurso pra provimento de cargo pra procurador
autárquico, ligado à autarquia por toda a carreira. Procurador de IBGE, UFRJ, etc. Alteração: deixaram todas de
existir, exceto uma: a carreira autônoma de Procurador do Banco Central.
- Diferenças jurídicas: o procurador autárquico era servidor da administração publica indireta. Com a criação da
carreira, esses procuradores federais são procuradores da administração direta- ligados a presidência da republica.
Os procuradores federais serão servidores da administração direta. Os procuradores autárquicos que já estavam
na carreira até então foram transformados em procuradores federais. Eram servidores da administração indireta e
passaram a fazer parte da administração direta. Era servidor da autarquia e passa a ser servidor público perante a
autarquia.
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei.
- Conquista fruto de grande esforço. A assembleia nacional constituinte veio pra redemocratização. Em termos
constitucionais, a constitucionalização se deu em 87 e 88. Havia representação do antigo regime militar, de modo
que havia resistências. Quando a emenda Dante de Oliveira foi rejeita em 84, nos tivemos eleição indireta pra
presidente da republica. Assumiu o vice, José Sarney. Muito do texto constitucional foi resultado de luta, como o
artigo 133. Havia resistência, principalmente de um senador, falava que era contrario à autoridade dos poderes
contidos. O artigo 133 é uma clausula fundamental à democracia. O preço da liberdade é a eterna vigilância.
Ninguém se opõe ao artigo 133, mas devemos defender.
- Advogado indispensável à administração da justiça, nos limites da lei federal 8906/94: o Estatuto da advocacia e
da Ordem dos Advogados do Brasil. A OAB é uma das maiores estruturas de representação de profissionais –
conselho seccional, em cada estado, constituído de conselheiros eleitos pelos advogados. No plano federal, o
Conselho Federal do OAB, constituído por 81 conselheiros federais. Desses 81, escolhem 1 conselheiro federal que
se torna o presidente do Conselho Federal, com mandato de 2 anos.
- Artigo 103: reconhecimento sobre o papel da OAB, transcendente, em muito, aos interesses de classe. Papel
importante, por exemplo, na reedificação do edifício democrático brasileiro. Não foi papel simplesmente pra
representar interesse de uma classe, mas de defesa das instituições democráticas.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
- Instituição de notável posicionamento na ordem brasileira, com grande papel. Deve ser entendida como uma
instituição essencial ao estado democrático de Direito. O que é a função do defensor: advogado daquele que não
pode custear sua defesa. A função do defensor não é como advogado. Ele não representa a parte – pessoa jurídica
de direito privado -, mas dá assistência, orienta, aconselha os assistidos. Papel provedor, de estado providencia em
juízo.
- A defensoria pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, destinada à assistência
jurídica integral e gratuita aos necessitados.
- Retomamos a premissa segundo a qual uma vez que o Estado exige que todos estejam em juízo através de
advogado, merece e exige a representação judicial, então CRFB deve oferecer representação judicial aos
necessitados. Clausula pétrea do artigo 5º, inciso LXXIV. Senão haveria uma exclusão do acesso à Justiça, uma
incoerência. O indivíduo hipossuficiente estaria impossibilitado de comparecer a juízo. Impossibilitados somos
todos ao exercício arbitrário das próprias razões. Então, por uma questão de coerência, o Estado deve conferir tal
assistência.
- Caput apresenta importante linha geral da defensoria publica
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da
advocacia fora das atribuições institucionais.
- Lei Complementar federal 80/94 institui a DPU – normas gerais sobre defensorias publicas dos estados. Cada
estado tem sua lei complementar estadual pra regulamentar a defensoria publica.
- Vedado exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. Logo, dentro das atribuições institucionais, o
defensor público exerce a advocacia, privativa às suas funções institucionais. Atenção! Até o concurso para
defensoria de 1993, o defensor público pode advogar aqui no Rio. Depois disso, não pode mais. O que
efetivamente sobra é vedar o exercício da advocacia para procuradores de Estados e municípios, já que os
promotores que passaram no concurso do MP depois da CF/88 não p
- Inamovibilidade: prerrogativa do defensor. É prerrogativa de defensores, promotores, membros dos tribunais de
contas e magistrados. O defensor público não ostenta vitaliciedade. É estável, como os servidores públicos. A
vitaliciedade se dá em relação aos magistrados, membros do MP e conselheiros e ministros do TC. Mas a
constituição lhe confere inamovibilidade, prerrogativa que pertence também aos citados anteriormente. Isto se dá
para que o defensor não sucumba a pressões antidemocráticas, que por conta de um dissídio político não seja
removido de comarca, por exemplo. Só sai do órgão por vontade própria ou por decisão pelo colegiado superior
da entidade.
- Inamovibilidade, portanto, não é uma cláusula absoluta, pode ser cindido por interesse público. Só que a CRFB
fez com que fosse evitada decisão arbitrária de alguma decisão local. Um juiz titular de uma vara em São Gonçalo,
se não quiser sair dessa vara, ele não sai, tão somente se for por decisão de órgão colegiado superior. O mesmo
ocorre com os defensores públicos. A DP possui um conselho superior, seja ela DPU ou DPGE. O defensor público
geral do Estado não pode decidir monocraticamente pela retirada do defensor de sua vara ou núcleo. Há exceção:
a inamovibilidade pode ser mitigada se o juiz não for titular (exemplo de Dra Claudia). A inamovibilidade é uma
importante garantia para impedir pressões políticas locais (para que não haja interesses maldosos em remover um
defensor, promotor ou magistrado, autoritariamente).
- Vitaliciedade pode ser relativizada, mas não decorre de decisão colegiada – administrativa -, mas judicial. Essa é a
diferença: a vitaliciedade decorre de uma decisão judicial não administrativa. Administrativa é para a estabilidade
do servidor público. Um servidor público estável pode perder o cargo por uma determinação administrativa desde
que decorra de um processo administrativo. Já o juiz não: só por decisão judicial. Membro do Ministério Público
também, assim como o membro do Tribunal de Contas. Defensor não. A vitaliciedade não cabe ao defensor.
- Consequência no regime do estagio probatório. EC19/98 flexibilizou o prazo: subiu de dois anos pra três. Isso
majora automaticamente pra conceder vitaliciedade de juiz ou promotor? Não. O principio aplicável é o da
especialidade. A norma especial afasta incidência da geral. Logo, considerou-se que as clausulas que fixam
vitaliciamento são especiais em relação aos três anos de estabilidade. Até porque juiz e promotor não tem
estabilidade, mas vitaliciedade. Como defensor publico tem estabilidade, ele foi alcançado pela EC19! O que há em
comum entre defensores e promotores é inamovibilidade, mas não a vitaliciedade. O DP tem apenas
estabilidade. Logo, precisa de 3 anos também pra ser estável.
A regra de dois anos de vitaliceimento serve para quem? Só ingresso no MP e na Magistratura. Para membros
do Tribunal de Contas é vitaliciedade imediata - empossa pelo regime constitucional de indicação; mas se torna
imediatamente vitalício. Quando falamos de vitaliciamente, falamos da classe inicial da carreira da
magistratura e do ministério publico. Quando o sujeito passa por vinte anos como juiz, depois promovido a
desembargador, não passa por momento de vitaliciamento. Nenhum desembargador faz estagio de
vitaliciamento, até os do quinto constitucional.
Defensor publico, portanto, tem estabilidade (3 anos) e inamovibilidade.
§2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto
no art. 99, § 2º.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.
- Defensorias estaduais: defensoria geral da união. Iniciativa do projeto de lei. Ela apresenta sua proposta
orçamentaria, dentro da LDO. Nos limites da LDO, diz a proposta orçamentaria. Quem decide é o parlamento.
- Unidade e indivisibilidade – procurar o dispositivo que fala sobre isso. Não achei na CRFB que eu tinha na hora.
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2
Estado de defesa
- Elemento importante: diferente de Intervenção federal, os requisitos estão espalhados e misturados entre os
artigos.
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar
estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos ou determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
Ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional: No estado de defesa, o presidente deve
decretar a medida com a prévia manifestação desses Conselhos – mas eles serão só ouvidos, não precisa acatar os
pareceres dos Conselhos.
Preservar ou prontamente restabelecer a paz social: Impedir que se perca organicidade ou reestabelecer
organicidade. Não é nacional.
Fontes: são duas fontes justificadoras do estado de defesa: fato social e político (pode ensejar perturbação
pública) e calamidades de grandes proporções na Natureza (secas e enchentes de grandes efeitos). “grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.”
Em locais restritos ou determinados. A razão é de que quando falamos em locais restritos e determinados nos
relacionamos à ausência de previsão da figura do estado-membro. O art. 136 não menciona a figura institucional
do estado-membro, que não está prevista, mencionada. Logo, diferente da intervenção federal, que trata da
relação entre União e estado, aqui temos uma medida excepcional sobre uma região, que independe de
delimitações políticas da divisão do território brasileiro, independe de delimitações de estados. Não há
circunscrição territorial ligada à geografia, à cartografia pré-estabelecida.
Um dos obstáculos pra travar: não poderá objeto de deliberação proposta de emenda à Constituição na vigência
de estado de defesa. [CRFB/88, art.60, parágrafo 1º] Por que nunca tivemos Estado de defesa e Estado de sítio,
então? Os presidentes da Republica sempre se valeram, para governar, de medida provisória e emenda
constitucional. Logo, o ED impediria que houvesse PEC ou MP – tranca pauta constituinte..
Estado de Sítio
- Ferramenta mais excepcional de todas as ferramentas constitucionalmente previstas. Não existe acima do ES. Logo,
nenhum grau de restrição existe acima do que está previsto no ES. No ED fala-se no máximo em restrição, aqui, no ES,
chegamos ao patamar da suspensão dos direitos fundamentais!
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar
ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
- É autorização, não aprovação. Aprovação é a posteriori. Autorização é a priori, previamente concedida pelo
Congresso Nacional.
- O presidente é legitimado a solicitar o estado de sítio, e não decretar Estado de Sítio. O presidente deve ter
autorização prévia do CN para decretar o estado de sítio. Se o presidente da república decreta o estado de sítio
sem a autorização do CN praticará crime de responsabilidade (art. 85, CF). Aqui há uma condição de
procedibilidade a mais que nas outras (autorização), pois esta é a medida mais grave.
- Congresso informará o presidente sobre autorização, após apreciação pelo CN. É uma nova mensagem com a via
oficial da autorização – e só então o presidente decreta o Estado de Sítio, depois de ouvir os Conselhos da
República e de Defesa Nacional.
- Depois, prevê casos pro Estado de Sítio.
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
durante o estado de defesa;
- São causas ensejadoras do ES completamente distintas. Comoção de repercussão nacional nada tem a ver com
ineficácia de medida tomada. Pode acontecer que a prorrogação do Estado de Defesa não fora suficiente pra
estabelecer normalidade ou reverter a situação, e seria necessário, então, declarar Estado de Sítio. Por isso, dizem
os doutrinadores que deveria haver três incisos, e não dois! Isso traz consequência no plano da repercussão
constitucional.
- Comoção de caráter nacional. No Estado de Defesa, a complexidade é de caráter regional. Já no Estado de Sítio a
repercussão é nacional, e não local ou regional. Exemplo: uma revolta de caráter nacional.
- Ineficácia de medida tomada. Com a ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medidas tomadas no
estado de defesa. Houve estado de defesa; não sendo bastante, reeditou-se o estado de defesa; persistindo o
problema, converteu-se o estado de defesa em estado de sítio. Não se pode converter o estado de defesa em
estado de sítio sem reedição do estado de defesa, é a posição majoritária dos autores da doutrina constitucional.
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
- Tanto ES quanto Estado de Guerra exigem: autoridade competente pra decretar o presidente. A princípio,
quando estamos em ES, não estaremos em EG e vice versa, mas é possível que um esteja atrelado a outro. Fala-se,
aqui, dessa exceção. Um Estado de Guerra pode atrelar um Estado de Sítio, sim!
- Para haver guerra, deve haver juridicidade da guerra. O presidente para decretar guerra deve ter prévia
autorização do CN, assim como para celebrar a guerra. Para decretar a guerra e para celebrar a paz deve ouvir o
Conselho de Defesa Nacional.
- Podemos ter a guerra declarada sem o estado de sítio ser declarado em paralelo, mas podemos ter o estado de
sítio induzido pelo estado de guerra. Para intensificar a mobilização nacional, pode haver decretação guerra
externa, mas, ao lado disso, a decretação de ES. Afinal, com ES, haverá hipóteses de maior suspensão de direitos. É
uma exceção: estado de guerra declarado + Estado de sítio. A contingência de guerra pode recomendar o estado
de sítio.
- Se o CN aprovar a celebração da paz, imediatamente está aprovando o fim do estado de sítio também. Uma vez
que o CN autorize a celebração da paz, o presidente deverá requerer ao CN a desconstituição do estado de sítio.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua
prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria
absoluta.
- Única coisa importante é que deverão ser relatados os motivos determinantes.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das
medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de
cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
agressão armada estrangeira.
- Tempo de duração: não há limitação de uma só prorrogação. Nunca pode ser por mais de 30 dias, mas pode ser
prorrogado muitas vezes.
- Poder-se-ia falar que não há limitações impostas ao número de reedições do estado de sítio, porém, ele será
decretado com prazo de 30 dias de vigência, não será decretado perpetuamente. Na hipótese de não produção
dos efeitos desejados no estado de defesa, teremos dito que o estado de defesa durou 30+30 dias, e aí teremos o
estado de sítio de 30+30+30... Há uma renovação do Estado de Sítio.
- Sempre, portanto, o presidente da república deverá ter autorização do CN, deverá ouvir o Conselho da República
e o Conselho de Defesa Nacional, são amarras estabelecidas para evitar o advento de um governo autoritário.
- No caso do 137, I: hipóteses abrangidas nele. Isso, no entanto, faz gerar dúvidas. Aqui, tratar-se-ia da
insuficiência das medidas tomadas. Aqui, denuncia que o 137 deveria ter três incisos, porque não há “o caso”,
mas hipóteses (duas) no artigo 137.
- No caso do 137, II: pode ser decretado o ES em todo o tempo em que perdurar guerra, sem o limite de 30 dias.
São fatos alheios à vontade do presidente e do CN. O exemplo da guerra externa. Logo, não há duração de guerra,
nem de Estado de sítio, nessa hipótese. Logo, nesse caso do inciso II do artio 137, com base no parágrafo 1º do
artigo 138, o ES poderá ser decretado sem limite previsto de tempo.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado
Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim
de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.
- Mesma coisa que acontece no Estado de defesa. Se o CN estiver em recesso o presidente não pode aguardar o
fim do recesso, haverá convocação extraordinária.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as
pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
- Isto não é o mesmo que prisão. O executor pode determinar que um determinado grupo, ou determinadas
pessoas, permaneçam em uma localidade determinada, fixada pelo executor da medida, com base no decreto
executivo instituinte do Estado de Sítio, que terá sido instituído com base nos limites do artigo 139.
- Não é no sentido do cárcere, é no sentido de uma determinada região local, em que o indivíduo não se ausente,
por exemplo, do município em que reside.
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
- Exceção à lei de execução penal, constitucionalmente admitida. Logo, em ES, é possível manter presos em
prédios não destinados ordinariamente à privação da liberdade.
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e
à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
- Inciso que vai além das hipóteses previstas no artigo 136, 1º, I e II do ED. Aqui, é restrição maior. A possibilidade
de restrição à liberdade de imprensa. Aqui no ES há suspensão de direitos, mas no ES também há restrição. Há
tanto suspensão, quanto restrição.
- Logo, nessa hipótese, é restrição, não suspensão. É naquilo que interessar a execução da medida excepcional.
IV - suspensão da liberdade de reunião;
- Suspensão da liberdade de reunião. Isso não cabe no estado de defesa (só existe restrição), mas cabe no estado
de sítio. Aqui é suspensão, modo generali. Não há a ressalva do “no seio das associações”, mas pressupõe-se que
sim.
V - busca e apreensão em domicílio;
- A busca e apreensão em domicílio ocorrem no Direito Brasileiro, desde que haja ordem judicial. Isso é comum.
No entanto, o que é dito aqui é que é pelo executor da medida, que pode decretar a busca e apreensão a
domicílio.
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
- Empresas de serviços públicos: empresas públicas – sociedade de economia mista; e empresas privadas também,
que prestam serviço público. No Estado de Sítio, poder publico pode intervir nessas empresas a fim de gerenciar as
finalidades da medida.
VII - requisição de bens.
- Requisição de bens – determinação administrativa de um determinado bem que interesse a execução da medida
excepcional do Estado de Sítio. O executor da medida, sem necessidade de outorga judicial (sem necessidade de
um pronunciamento de juiz), pode requisitar determinados bens pra cumprir as finalidades institucionais do ES a
medida. Ex.: ônibus, barcos, aeronaves, etc. Isso tudo pra cumprir. Se ele excede, claro, pode haver controle
judicial.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados
em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
- O inciso III permite restrições à liberdade de imprensa, televisão e radiodifusão. Quando isso ocorre, em uma
excepcionalidade de ES, não inclui pronunciamentos de parlamentarem efetuados dentro das suas Casas
Legislativas. Isso é importante porque dentro do Parlamento haverá sempre situação e oposição. O papel da
oposição é sempre fundamental; o Parlamento tem nobre função de fiscalizar o ED e ES. Logo, não é permitido que
os parlamentares sejam impedidos de fazer pronunciamento – desde que haja autorização da respectiva Mesa.
- Se o parlamentar tiver feito pronunciamento durante o ES, o executor da medida NÃO pode impedir que aquele
pronunciamento seja difundido nas emissoras de televisão. Se o pronunciamento foi feito na tribuna da casa
legislativa não se pode impedir a radiodifusão, ainda no Estado de Sítio, mas se pressupõe que houve autorização
da Mesa da Câmara ou do Senado.
Disposições gerais: A mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará comissão composta de
cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medias referentes ao estado de defesa e estado
de sítio;
- Reinvindicação importante quando se debatia o título V da CRFB. O Parlamento não tem finalidade meramente
legislativa, mas também fiscalizatória. O Tribunal de Contas, por exemplo, presta auxílio ao Poder Legislativo
quando este fiscaliza. Logo, o Parlamento tem, sim, função fiscalizatória. Assim como a Câmara Municipal em
relação ao Município. Logo, na vigência do ES, a CRFB avançou quando exigiu que o Parlamento seja o fiscal do ES.
- Há, portanto, comissão designada pela mesa do Congresso Nacional, depois de ouvidos os líderes partidários.
Será uma comissão com cinco membros. O destino é controlar o ES, evitando o mal maior, erros na execução, mas
também responsabilizar os infratores da medida excepcional de ES.
- Ou seja, o presidente designa um executor, mas o Congresso designa uma comissão fiscalizatória desse
executor.
Art. 141, caput: Cessado o Estado de sítio, cessarão, também, seus efeitos; sem prejuízo da responsabilidade pelos
ilícitos cometidos pelos seus executores ou agentes.
- Cessação pode se dar pelo decurso do prazo de 30 dias (caso ela dure 30 dias), pelo decurso do tempo ensejador
da mantença da execução da medida. De qualquer modo, decurso temporal ensejará o fim. Ou pela sustação
parlamentar – caso o Parlamento se insurja contra execução e continuidade da execução daquela medida. Se ele
entender que não deve prosseguir com a medida, cessará imediatamente. Cessam, com isso, seus efeitos.
- O fato de ter sido extinto o estado de sítio, não quer dizer que excessos não sejam puníveis. Tudo poderá ser
jurisdicionalizado, inclusive em sede criminal.
- Ilícitos: Podem ser ilícitos civis, penais e administrativos. Poderemos ter, em relação a ilícitos cometidos durante
a execução da medida, a possibilidade da responsabilização administrativa do funcionário publico, do agente
publico, agente político etc, pelo cometimento do ilícito; a responsabilidade civil na reparação do dano – com
caráter indenizatório; e responsabilidade criminal, se houver transgressão de norma jurídica penal – adequação
da conduta à tipo penal escrito, sem excludente de ilicitude e culpabilidade. ES vem dentro do processo
democrático, logo, não se admite cometimento de excesso.
Parágrafo único: Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão
relatadas pelo presidente da república em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das
providências adotadas com relação ao nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
- Ou seja, a ultima cautela é a tomada de contas da autoridade que decreta ED e ES. Mesmo que ED seja aprovado
pelo CN e o ES autorizado previamente pelo CN, a autoridade constitucional que decreta é o presidente da
republica; logo, a CRFB fala: ele deve fazer um relatório circunstanciado com tudo que aconteceu.
- Depois, encaminha-lo-á ao órgão que representa a soberania e vontade popular, que é o Congresso Nacional –
mediante mensagem. Isso serve pra dar ciência de tudo que tenha havido, de todas as providências adotadas.
Devidamente motivado e fundamentado e apontando, nominalmente, que tenha sido atingido ou tenha sofrido
restrição quando em vigência das medidas adotadas.
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
- Sob a autoridade suprema do Presidente da República. Importante para depois. Inciso XIII – ao Presidente do
República esta destinado o comando das forças armadas é destinado ao poder civil. Esta é, portanto, uma cláusula
de salvaguarda, lembra-se do momento de elaboração da CF/88. O que se queria com essa constituição é
assegurar a democracia, esta última é uma construção. De forma que o caput demonstra a governança civil sob as
forças armadas. (“suprema”)
- Organizadas com base na hierarquia e na disciplina. Lema principal das forças militares, por isso, a necessidade
de uma justiça especializada. Essa hierarquia alça voo quanto a submissão dessa instituição (militar) à presidência
da república.
- Função. As forças armadas não se destinam somente a guarda da nação. Por isso, que é falado em soberania
interna e externa, quanto a interna é fazer valer a força do Estado frente aos seus membros. Elas estão também
para garantir, além da defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais (legislativo, executivo e judiciário),
e pode ser suscitada por qualquer um desses poderes.
- Forças Armadas. Aqui se fala em forças armadas que são só as 3 federais – Marinha, Exército e Aeronáutica.
Forças Auxiliares: A polícia militar e os bombeiros são das forças armadas estaduais e são auxiliares da força
armada exército brasileiro.
Regra: Existe uma atuação que se alterna: de uma maneira geral marinha, exército e aeronáutica são usadas
no fronte exterior em defesa da pátria; enquanto no fronte interno quem atua é a polícia e os bombeiros.
Porém, pode haver uma atuação bifronte*, com o sinal invertido, que é quando vemos as forças armadas
nacionais atuando internamente – nas medidas excepcionais: IF, Estado de Sitio, Estado de Defesa, e nos
acordos de cooperação (rio+92, colocação das UPPs). Pode acontecer o contrário também, o exército pode
solicitar a presença da polícia para combater conflitos externos, pois esta instituição faz parte do Exército
Brasileiro, tanto que as patentes máximas do exército superam as da PM. As forças armadas são também
responsáveis pela lei e ordem Ex: fruição do processo eleitoral no rio de janeiro, na época da governadora
Benedita da Silva.
O que é regra nas forças auxiliares (manter a lei e a ordem interna) é exceção nas armadas, e o que é
regra nestas (atuar na defesa externa) é exceção naquela. Isso é atuação bifronte.*
Polícia Federal é órgão da segurança pública (está em outro título), não das forças armadas; é uma força civil,
e não militar. Assim como a polícia civil dos estados, a polícia rodoviária federal e a polícia ferroviária federal,
guardas municipais também são forças civis. A polícia militar é militar mas esta na parte de segurança pública,
por conta dessa atuação bifronte.
- Mudança nos ministérios. Quando da promulgação da CF/88, tínhamos ministério da aeronáutica, marinha e
exercito, e agora transformou-se em comandos das forças armadas (marinha, aeronáutica e exercito), exercida por
comandantes, que pertencem ao Ministério da Defesa, chefiada por um ministro civil. Isso causou um
estranhamento por parte das forças armadas, pois eles que eram considerados ministros e estavam subordinados
apenas ao PR, agora estariam subordinados também ao ministro da defesa. A solução encontrada, foi que quem
elegeria os comandantes das forças, e o ministro da defesa seria o presidente. O tratamento dado a eles
(comandantes das FAs e Ministros) é equalizado, eles são tratados como ministros, tanto é que quem julga MS é o
STJ, tanto para comandantes, quanto para ministros de estado. Eles não são ministros, no entanto.
Art. 142, § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no
emprego das Forças Armadas.
- Organização, preparo e emprego serão tratadas infraconstitucionalmente.
- A força armadas possui um quadro de advocacia militar, com concurso, para integrar o quadro.Ex: A força aérea
possui um quadro consultivo de advocacia.
Art. 142, § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
- Pelo fato de termos sensíveis peculiaridades no militarismo, com o binômio hierarquia e disciplina, foi afastado o
HC. Não cabe verificação da inconstitucionalidade, pois é cláusula orginária, não foi adicionada por emenda, e
deve-se observar o princípio da especialidade, pois mesmo que o art 5º garanta HC, nesse caso, se excetua. Ex:
quando um comandante determina a prisão de um praça, não cabe HC.
- A jurisprudência do STF releu esse parágrafo e tem interpretado em torno dele que o alcance é em relação ao
mérito e não a forma, o mérito da prisão militar é que não pode ser alcançado pelo HC, mas o vício de forma pode
ser alcançado. Ex: de vício de forma - autoridade militar incompetente ; ou a prisão que superou o limite punitivo
de 30 dias
Art. 142, § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a
ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
- Por que isso não é obvio? Pois até a EC18/98 nós tínhamos uma divisão entre servidores públicos militares e
servidores públicos civis, do ponto de vista geral eles de fato são, mas tem uma diferença que deve ser entendida.
Em espécie o militar não é considerado servidor público, assim como os membros do judiciário, e do legislativo são
agentes políticos.
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e
asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)
- Em rigor, concessão presidencial, porque pelo caput do 142 e inciso 13 do artigo 84 da CRFB, o presidente da
republica é o presidente das Forças Armadas. Leva-se o titulo pela vida inteira. A concessão é presidencial, pois é
ele quem é o comandante supremo das Forças Armadas.
- Oficiais têm patentes, e as praças ou graduados tem graduação.
- Leva-se o título para a vida inteira, ainda que não mais integrante das FAs.
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
- Inciso bastante cauteloso ao estabelecer cargo ou emprego publico civil. Há diferença! Cargo diz respeito aos
regimes jurídicos único dos servidores públicos civis da Uniao das autarquias e fundações publicas federais. Há
regimes especiais, que não são regidos pela Lei 8.812, mas pela LC75/93, a Lei orgânica publica da união. Já os
servidores do poder judiciário da união e do MPU são tratados não pelas leis orgânicas, regidos pela Lei 8812/90, o
regime jurídicos único dos servidores. Fora das pessoas jurídicas de Direito publico, temos os empregos públicos
nos âmbitos das PJ de Direito Privado, as Estatais, empresas publicas federais e sociedades econômicas mistas –
aqui, não são servidores, mas empregos públicos.
- Tanto se tomar posse em cargo ou emprego, é isso que ocorre – tanto pra PJ de Direito Privado, quanto PJ de
Direito Publico. Ou seja, o militar não pode tomar posse em cargo ou em emprego público, cumulativamente, se
assim o fizer irá para a reserva.
- Não há nada de mais restritivo que o estatuto dos militares. A acumulação existe em relação aos membros do
ministério publico, e também com o exemplo de magistrados que são professores. Artigo 37, inciso 17:
acumulação dos cargos de profissional de saúde. Em relação aos militares da ativa, isso não é possível. Por isso que
se fala que o estatuto é mais constritivo e dá menos oportunidades.
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária,
não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará
agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo
depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
- Militar em atividade é transferido pra reserva em tempos de lei – distinção de encerramento.
Por que CRFB fala cargo ou emprego publico? Ela fala nisso porque Estatuto dos militares, o regime jurídico
dos militares, é o mais restritivo de todos. Logo, as exceções que classicamente são reconhecíveis a servidores
públicos não são reconhecíveis a militares. As hipóteses de acumulação do artigo 37, inciso 16, não se aplicam
aos militares – senão em relação a algumas exceções. Elas se dão relacionadas ao quadro técnico ou
complementar de saúde (tipo médicos).
Cargo publico é lugar na administração publica, então militar não pode ocupa-lo dentro da administração
publica. O fundamento é pela entrega à soberania nacional. Cargo público é dentro das pessoas jurídicas de
direito publico.
Emprego publico é dentro das pessoas jurídicas de direito privado pertencentes ao direito publico, como
sociedade mista e empresa publica. A CRFB estende essa condição já mencionada também ao emprego
publico. Logo, CRFB restringe. O militar vai transferido a reserva, seja cargo ou emprego publico. Lei
6880/1980 estabelece estatuto dos Militares.
- Ou seja, CRFB foi clara. Se assumiu caráter permanente: vai pra reserva. Se a função, cargo ou emprego era
temporário, então tolera-se a medida de passagem, que haja promoção por antiguidade. Se exceder dois anos –
interpretação in abstracto – há passagem pra reserva. Há presunção de que houve desvinculação do militar para
com o serviço da mesma natureza.
Resumo dos incisos II e III:
está em emprego/cargo temporário: inciso III. Somente poderá ser promovido por antiguidade, e não por
merecimento. Se função temporária se estender muito, assumindo um caráter excedente a 2 anos, far-se-á a
transferência a reserva.
assumiu cargo/emprego permanente: inciso II. Vai direto para a reserva; se for temporário tolera-se essa
medida de passagem.
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).
Direito de greve do servidor público civil
- Dúvida que havia era sobre a possibilidade greve do servidor publico civil, porque CRFB prevê direito de greve –
não diz pra quem exatamente.
- Em 89 o legislador ordinário federal fez Lei 7783/89, que regula a greve do trabalhador da empresa privada. Até
no setor privado a lei de greve estabelece restrição. Em hospitais privados CTIs e UTIs não podem parar. No artigo
10, há os serviços essenciais. Exemplo: o serviço médico de UTIs, CTIs e emergência é considerado essencial. Outro
é o funerário. Logo, a Lei 7783, ainda que se dirija ao trabalhador privado, se preocupa com a essencialidade dos
serviços, que restringe o direito de greve.
CASO: Acidente com o voo 1807, da Gol. Aeronave que colidiu com outra no voo. Discutiu-se se o problema
fora de responsabilidade do sistema de controle de voo (SINDACTA), com monopólio do controle de voo no
Brasil. São todos vinculados à estrutura da Força Aérea brasileira. SINDACTA controla espaço aéreo como um
todo, com um sistema de controle de voo vinculado à FAB. Quando houve, então, o acidente, os controladores
deflagraram uma greve como uma forma de protesto contra o que seriam péssimas condições de trabalho.
PROBLEMA: Viu-se, na época, que havia três categorias de controladores de voo (tanto militares, quanto civis –
mesmo a função sendo privativa a sargento). O problema foi a interpretação da norma jurídica, porque todos
os controladores fizeram greve. Descobriu-se que própria lei 7783 continha expressa previsão que serviço de
controle de voo estava no rol do artigo 10, junto com serviços essenciais. Logo, era possível sancionar civis
contratados pela extensão da lei. Houve confusão hermenêutica.
SOLUÇÃO: Foram presos os sargentos que eram liderança do movimento de greve. Mas não podia fazê-lo em
relação aos civis. STF retirou um mandado de injunção que lhe havia sido proposto, o MI712, mediante o qual
se discutiu se era possível ou não a aplicação da Lei 7783/89 ao servidor publico por falta de lei federal que
dessa regência à greve do servidor público. Assim, aplicou extensivamente a lei 7783/89 à greve do servidor
público civil (obs.: à do militar, não).
Direito de greve dos militares:
- Em relação aos militares, o princípio de interpretação constitucional de especialidade – à norma do inciso IV,
sendo especial em relação ao direito de greve geral ao servidor publico. Como houve a EC18, que retirou do militar
a insígnia de servidor público(militar), já não se aplica para ele. Militar não é servidor público. Com isso, o que fica
determinado é o que está disposto nesse inciso IV: militar não faz greve! Por isso os sargentos da FAB, no episodio
do caos aéreo, foram presos; agiram com insubordinação diante do descumprimento das ordens superiores.
Foram processados criminalmente com base do DL1001/69, que instituiu o COM – foi crime militar.
E é possível greve de policial militar, ou de outro corpo de uma força auxiliar? Cabo da polícia militar é militar.
No entanto, no Capítulo 2º, Título V, que versa Forças Armadas. Forças auxiliares são tratadas no capítulo
posterior. Policia militar é órgão estadual, assim como bombeiros, mas militares das forças auxiliares. Logo, o
inciso IV lhes aplica ou não? O caput do 147 só menciona os três das forças armadas. Na opinião do professor,
o disposto no inciso IV que fala sobre a impossibilidade greve serve pra todo o serviço militar – ainda que o
dispositivo esteja no capítulo voltado pras forças armadas. Uma diferença é que existe, sim, sindicalização dos
policiais militares e bombeiro, o que não é possível para militares das forças armadas. Há discussão até hoje.
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)
- Marinha, Exercito e Aeronautica encontram-se sob o comando supremo do Presidente da Republica. CRFB/88,
art.84, XIII “Presidente da republica é comandante supremo das forças armadas.” As forças armadas estão
submetidas a uma relação de hierarquia ao governo civil. Logo, não é possível que o militar possa se filiar a partido
político. O topo dessa hierarquia é o presidente com a governança civil.
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão
de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
- Se houve má conduta e as normas diretivas das forças armadas, há a declaração de indignidade do oficialato –
decisão de tribunal especial de caráter permanente ou de caráter especial de tempo de guerra. Esse dispositivo é
referente à oficiais, não à praças. O inciso VI abrange todo o oficialato.
- Oficial perderá o posto se for indigno do oficialato. É a decretação de indignidade – se é indigno de ser oficial das
forças armadas – leva a perda do posto ou da patente.
- A decisão é de tribunal militar de caráter permanente e, em tempo de guerra declarada, tribunal especial. A
guerra abre contingencia que permite exceções, como o tribunal especial em tempo de guerra. É diferente do
principio da vedação à tribunais de exceção que consta do inciso 37, do artigo 5º da CRFB. Aqui, portanto, se quer
atentar ao princípio da vedação à tribunais de exceção (art 5ºXXVII) que diz que não haverá juízos ou tribunais de
exceção no Brasil, o tribunal militar de caráter permanete não viola esse princípio, que é o STM. A legislação de
regência permite que se crie um tribunal especial, em tempo de guerra, que requer um procedimento especial.
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença
transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
- Obs.: Sentença em transitado em julgado. Não temos nenhum caso, ainda, em relação ao tour de force
jurisprudencial que o STF fez, recentemente, ao arrepio da CRFB. Houve relativização do principio de presunção de
inocência, permitindo execução da pena ao cabo do julgamento criminal em tribunal de 2ª instância. Não sabemos
como ficará em relação ao inciso VII.
- Militar pode ser julgado tanto na Justiça Comum – crime militar com vítima civil em relação a militares estaduais
é competência é juízo comum; ou, vítima civil em crime doloso contra a vida, tribunal do juri -, quanto na Justiça
Militar – crime militar, julgado pelos conselho de justiça militar.
(Ver a matéria da Justiça Militar pra ver certinho o militar estadual e militar federal!)
- Quando houver pena privativa de liberdade acima 2 anos, é submetido a julgamento previsto no inciso anterior.
Patente é status de evolução cronológica e hierárquica, mas há postos militares que são agregados a certas
patentes. Isso ocorreu pra evitar os fenômenos de permanência indefinida de um militar em um determinado
posto. Evita-se, com isso, o mandonismo e perpetuação das forças.
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e
XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c";
Art 7º: são os direitos sociais :
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
Art 37: normas relacionadas a adm pública:
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (...)
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV
deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
- Aplica-se aos militares o disposto no artigo 37 (princípios gerais e setoriais da administração, como inciso XI –
teto constitucional) e 7º (direitos sociais), inciso 8, 12, 17, 18, 19 e demais da CRFB. São incisos referentes ao
artigo. São os princípios gerais e setoriais da Administração Pública.
CRFB, art. 37, inciso XI: remunerações com teto constitucional. Remuneração e subsídios dos ocupantes cargos,
empregos e funções publicas, da administração, etc. tentou abranger tudo! Outra espécie remuneratória.
Detalhe: Trabalhadores civis recebem salários. Juízes, desembargadores, subsídio. Servidores públicos,
vencimento. Militares recebem soldo.
IX – revogado pela emenda constitucional
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações
especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de
compromissos internacionais e de guerra.
- Lei 6880/80 é a lei federal que institui o estatuto dos militares.
Segurança Pública
- Segurança publica – não é programa de segurança publica. Muitos se queixam que não há linha programática de
segurança publica. O que temos não é um programa, mas um capitulo que estrutura os órgãos de segurança publica
no Brasil. Divide os órgãos e suas atribuições. Estudaremos a partilha de atribuições.
- Capitulo complexo, porque menciona como órgãos, policia federal, guardas municipais, etc. Todo o sistema de
segurança publica. Prevê policia federal como policia judiciaria – órgão do poder executivo – porque ela investiga fatos
delituosos que serão de competência da justiça federal.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos.
- esse capítulo dialoga com o das FAs, mas temos uma divisão da defesa e guarda da soberania interna e externa. É
claro que o sinal pode ser investido em relação as forças militares. (atuação bifronte, já vista).
- A segurança pública é um sistema misto, abrange tanto órgãos de alçada civil, quanto militar.
- “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” refere-se aosseguintes órgãos:
- Fazer divisão: policia federal é policia civil também, mas a expressão usada deve ser polícia judiciária.
I - polícia federal;
- é uma polícia judiciária, da União.
- A polícia federal é polícia judiciária no âmbito da União, e as polícias civis são polícias judiciárias dos estados. Isso
esta na forma de dizer, no nome empregado, porém é sabido que essas polícias constituem órgãos do poder
executivo, e não do poder judiciário. A polícia federal, pode ser considerada, polícia civil no âmbito da União, pode
se falar que a polícia federal está para a União, assim como a polícia civil está para o estado membro. Ambas são
polícias judiciárias, e ambas são polícias civis. Há diferenças.
Qual a ratio essendi (razão de ser) da polícia civil, que a difere? A polícia federal é órgão do poder executivo
federal, é ele quem investiga o fato criminoso de competência dos juízes federais (art 109), o sistema de justiça
criminal é um conjunto de órgãos independetes (poder judiciário, MP, e polícia). Quem investiga é a polícia
judiciária, no âmbito da união a polícia federal, e no âmbito do estado a polícia civil. No entanto, a polícia
federal tem um papel de ostensividade que a polícia civil não tem. A ostensividade policial e o policiamento
investigativo são diferentes, no âmbito do estado o patrulhamento ostensivo cabe a polícia militar, e não a
polícia civil, e no âmbito da união cabe a polícia federal, o patrulhamento ostensivo de algumas áreas (portos,
aeroportos e fronteiras), além do policiamento investigativo.
- é policia judiciaria principalmente, mas tem funções que policias judiciarias dos estados não tem.
- A persecutio criminis- investigação do fato delituoso- pe atribuição do poder executivo, não do poder judiciário. É
o processo acusatório – absoluta isenção do julgamento. Quem acusa e investiga é o poder executivo. Essa tarefa
acusatória é da polícia judiciária – na União, policia federal; nos estado, polícias civis.
- O nomen iuris é policia federal, mas todas elas são civis, exceto as do inciso V. Logo, poderíamos chamar a policia
federal também é um policia civil. Até porque os policiais usam roupa tipicamente civil.
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
- A polícia ferroviária federal e a polícia rodoviária federal não são desmembramentos da polícia federal, são
órgãos totalmente distintos. Elas são do âmbito federal, e são civis (pois não são militares), são tipicamente de
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais, e rodovias federais.
Quem faz o patrulhamento ostensivo das rodovias ? Se o patrulhamento for de rodovia federal, cabe a polícia
rodoviária federal que é uma polícia civil. Se for rodovia estadual, cabe a polícia rodoviária estadual que é
pertencente a polícia militar, logo é uma polícia militar.
- também pode ser considerada uma policia civil, porque é um órgão civil. Não há patente, mas exercício de
funções decoreente de cargo publico. Confunde as pessoas porque os policias usam uma espécie de farda. Mas
eles não são militares, e sim civis.
IV - polícias civis;
- são as polícias judiciárias dos estados. São 27. As atribuições são muito maiores, até por ser residual. A
repercussão da policia federal é maior, mas a policia civil é que faz o maior volume de atividade investigativa.
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Policia Federal
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
- Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas:nesses casos, a competência, fora as contravenções,
são instituídas à justiça federal de 1ª instância. Logo, é a policia federal que faz a investigação, através dos
inquéritos policiais federais. Esse inciso se assemelha muito ao artigo que define competências da justiça federal –
109, I e IV. É atribuição investigativa.
- Infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme:
- delitos repercussão internacional: trafico internacional de drogas ou pessoas para fins de exploração (sexual
ou labroal). Se for de repercussão internacional, deve ser observado se a competência é do Brasil, devico a
crise de atribuição que pode vir existir entre as polícias federais também.
- repressão uniforme: repressão interestadual. Uniforme para o Brasil. pois quando se da interestadualidade
do delito, ocorreria uma crise de atribuição entre as polícias, e então cabe a polícia federal. Lei 10.406/02 –
dispõe crimes de repressão uniforme de alçada da policia federal.
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo
da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
- contrabando e descaminho: envolve realidade de fronteira, em relação à arrecadação da União.
- sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos: materia envolve atribuições distintos de órgãos
distintos para repressões distintas. Exemplo: policia rodoviária, policia federal e receita federal em uma mesma
blitz fazendária. Uma operação conjunta na estrada.
- As atribuições da PF, portanto, não afastam a ação fazendária da secretaria da receita federal e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência. Não é porque a polícia federal é responsável pelo tráfico,
contrabando e o descaminho que outros órgãos não pode fazer. Como a ação fazendária, que o auditor fiscal tem
essa atribuição. Ex: Blitz fazendária.
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
- como já foi falado, o patrulhamento ostensivo de portos, aeroportos e fronteiras.
- Função de patrulhamento ostensivo em relação a portos, aeroportos e fronteiras. Essa é a segunda diferença em
relação à policia civil de estados. A gente diz que policia federal é “policia civil”, mas não é a replica. São
diferentes. A primeira diferença fundamental é que a Policia civil do estado é eminentemente investigativa.
Patrulhamento de via publica no estados é de alçada militar. A policia civil estaduais fazem, sim, operações, mas
são vinculadas à investigação do fato delituoso. A policia federal vai um pouco além, como mostra esse inciso. A
policia federal tem essa função de patrulhamento que a policia civil dos estados não têm, além da investigativa.
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
- Papel está claro: é a própria CRFB/88 que utiliza o nome de polícia judiciária da União. Isso com a exceção do
crime militar, que é investigado dentro das próprias forças armadas, por autoridades militares – através de um
IPM, inquérito policial militar.
- Nos demais casos, são os delegados de polícia federal, portanto, que instauram os inquéritos polícias federais
(IPF), os agentes, inspetores que investigam; para depois encaminhar para o MPF. Se este entender cabível a
denuncia, é encaminhado, por fim, à Justiça Federal. Ex: operação lava-jato, que a ação investigativa foi da polícia
federal.
Polícia Rodoviária Federal
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
- Patrulhamento ostensivo é de ordem civil, no âmbito da União. A policia rodoviária federal é órgão
eminentemente civil. Órgão da administração direta da união, vinculado ao ministério da justiça, assim como a
polícia federal, e a ferroviária federal.
Polícia Civil
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
- Dirigidas por delegados de polícia de carreira: isso está expresso para evitar o que ocorria antigamente, de
escolha de delegados feita pelo governador por um que que não estava na carreira. Aqui, fica expresso que deve
ser um delegado de primeira classe pra chefiar. Aqui no RJ, nós temos o chefe de polícia civil nomeado e
destituído pelo governador do estado, porém deve escolher algum que seja delegado integrante da carreira.
- Ressalvada a competência da União: Como atua no âmbito estadual, é feita por residualidade, por isso se exclui
tudo que for competência da União. E quais infrações penais? Não precisa definir, pois a apuração é residual.
- Exceto as militares: claro, por conta do inquérito penal militar.
A quem compete a apuração das infrações penais militares? O crime militar é apurado pela própria estrutura
militar, tanto no âmbito estadual quanto o federal. Dai, surge o IPM (inquérito penal militar) que se destina a
apurar as práticas penais militares.
Polícia Militar
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
- Policias militares: o fato do patrulhamento ostensivo nos estados ser militar é uma discussão no Brasil, existe um
grupo de direitos humanos que advoga a tese para a extinção das polícias militares, devido ao grande número de
mortes. Mas a comparação entre policia militar e civil é injusta, porque a policia civil fica apenas na função de
investigação, no estado. Logo, é preciso ver que deve haver uma mudança comportamental.
- Corpos de bombeiros militares: atribuições definidas em lei, mas também cargo de execução de atividade de
defesa civil. Função de preservação contra fatos da natureza e descuidos do homem. Além do combate a
calamidade, a incêndios, os corpos de bombeiros são também responsáveis pela função de defesa. Ex: alvará para
verificação de estabelecimentos, cabe aos bombeiros.
- Existe uma estrutura de defesa no município que, muitas vezes, são chefiadas por bombeiros da reserva, que são
escolhidas pelo prefeito. Essa atuação não se confunde com a atuação dos corpos de bombeiros dos estados.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
- As FAs estão sob o comando do presidente da republica CRFB/88, 142, caput. Logo, o comandante superior das
forças auxiliares é o governador. São forças auxiliares e reserva do Exército. Federalismo pretende ser
cooperativo. Esse modelo federativo, que pra fim de manutenção da lei e da ordem, e da soberania interna
nacional, o exército pode requisitar o apoio dessas forças. Logo, o exercito tem o poder de requisição da policia e
corpos de bombeiros.
- Tanto as policias militares quanto o corpos de bombeiro não dispõem de generalato. O exercito tem, portanto,
poder sobre as policias, na forma deste parágrafo. Polícias militares e corpos de bombeiro são forças auxiliares do
Exército brasileiro.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
garantir a eficiência de suas atividades.
- lei 12681/2012 – sistema nacional de informações e segurança publica, prisionais e sobre drogas - foi uma das
tentativas de criar um sistema de cooperação.
Guardas municipais
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.
- Município não faz segurança publica. A guarda municipal é para a proteção dos bens, serviços e instalações – e a
proteção dos bens do município. Com base nisso, nós tivemos a criação de guardas municipais em diversas partes.
O que até hoje ainda se discute é o limite da atuação deles, por exemplo, se eles podem portar arma de fogo.
- A guarda municipal atua para a preservação patrimonial do município.
- Se discute sua atuação na repressão do comércio clandestino, que muitas vezes, se excede.
" É preciso abordar o trabalho munido da constância que se mantém pronta para produzir, da paciência que suporta
as dificuldades, da perseverança que evita o desgaste do querer." A.D. Sertillanges
Bons estudos! Amanda de Oliveira