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Direito Constitucional Positivo II

Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Sobre o curso
.Matéria [CRFB/88, Título IV, capítulo 3º, ao Título V]:
 Poder Judiciário [CRFB/88, Título IV, capítulo 3º]
 Organização do PJ (Estudo estrutural – da 1ª instância até a maior: percorrendo os tribunais de apelação,
superiores e até o STF)
 Distribuição competências dos órgãos do PJ (A partir do STF até a 1ª instância)
 Funções essenciais à justiça – Ministério Público, Advocacia Pública, Defensoria pública e Advocacia
[CRFB/99, título IV]
 Defesa do Estado e das instituições democráticas: Estado de Defesa, Estado de Sítio, Forças Armas e
Segurança Pública [CRFB/88, título V]
.Recomendações de bibliografia:
 Curso de Direito Constitucional – Uadi Lamego Bulos
 Curso de Direito Constitucional – Guilherme Peña de Moraes
 Curso de Direito Constitucional Positivo – José Afonso da Silva
Obras de matriz teórica: Paulo Bonavides e Luis Roberto Barroso
. Critério de avaliação: duas provas com, cada uma, 5 questões discursivas – 2 pts para cada

O texto da CRFB/88, como texto analítico e prolixo que é, traz pra si, muito do que, em tese, seria versado sobre a
legislação – jurisprudência do STF versa sobre o “muito” da Constituição, logo, ele traz uma carga de informações que
devem e serão examinadas em sala de aula.

Princípios formadores do Poder Judiciário Brasileiro


- O princípio da jurisdição una diz muito do que é a ordem constitucional brasileira. Não é um princípio
universalizado. O princípio da jurisdição uma é tratado quando a Constituição Federal de 1988 expressa que a lei não
excluirá lesão ou ameaça à direito (Art. 5º, XXXV). Logo, toda jurisdição pertence ao Poder judiciário. Toda atividade
jurisdicional pertence ao PJ.
- Atividade jurisdicional x Atividade de julgamento: Toda atividade jurisdicional decorre do poder de julgar, mas
nem todo poder de julgar traduz exercício da atividade jurisdicional. Ex.: a) Administração Pública: órgãos e
conselhos de julgamento, como o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o CARF. Um conselho de
julgamento da administração pública que exerce função julgadora, mas não função jurisdicional. b) Juntas de
Avaliação Recursal do DETRAN, quando julgam requerimentos de nulidade de multa de trânsito, exercem função
julgadora, mas não função jurisdicional. Ou seja, muitas vezes a função jurisdicional está embutida na função
julgadora, mas nem toda função julgadora é atividade jurisdicional. Muitos órgão e conselhos, portanto, da
administração do Poder Executivo no Brasil exercem função parecida com a jurisdicional, mas não quer dizer que
seja jurisdicional. Outro exemplo: Tribunal marítimo, Conselho que julga marcas e patentes do INPI – instância
administrativa de julgamento, mas não instância jurisdicional.
Isso evidencia que, no Brasil, a função jurisdicional se exerce apenas no interior do Poder Judiciário.
- Muitos modelos da Europa Continental adotam modelos de premissa distinta, com a jurisdição dual. Casos com
jurisdição do Poder Judiciário e jurisdição dentro do Poder Executivo. Caso da França. Sistema Judiciário Nacional
(equivale ao nosso “Poder Judiciário”) exerce a função jurisdicional nos conflitos ditos ‘comuns’: conflitos
intersubjetivos de interesses qualificados por uma pretensão resistida. E conflitos que envolvem poder público,
jurisdicionalizados, se processam dentro do Poder Executivo, através de instâncias jurisdicionais do Poder Executivo.
Outros países: Itália e Alemanha.
Um ótimo exemplo: caso dos anões de Toulouse: direito de disponibilidade? Ou direito de personalidade? Jurisdição
francesa afirmou “É indisponível.” O órgão jurisdicional em grau máximo que assim julgou foi o Conselho de Estado da
França, instância jurisdicional máximo do Poder Executivo Francês, uma vez que era assunto que evolvia
Administração Pública. Isso nunca ocorreria no Brasil!
- Só há uma exceção, na visão de alguns autores, em que a jurisdição é exercida fora do poder judiciário: julgamento
de um presidente da república por crime de responsabilidade. Há autores que defendem que é função jurisdicional
atípica e outros, como Nagib Slaib, que se trata de uma jurisdição anômala. No resto, atividade de julgamento em
sede de poder executivo é atividade não jurisdicional - é ato administrativo.
- Há coisa julgada em casos de atividade de julgamento por órgãos administrativos? Na França, há órgãos
administrativos que versam sobre coisa julgada. Poder Executivo Brasileiro, e fala em ‘coisa julgada
administrativa’: define as matérias julgadas pela Administração irrecorríveis para a própria Administração Pública.
O CARF, por exemplo, julga em ultima instancia questões administrativas referentes a tributos federais. Uns dizem
que no CARF produz coisa julgada administrativa uma vez que é um órgão em última instância em termos
administrativos, mas o contribuinte não está impedido de questionar a decisão do CARF perante o Poder
Judiciário. Afinal, nosso princípio é o da jurisdição uma. Logo, depois de mitigar por muito tempo na Administração
Pública, desde as delegacias da Receita Federal de julgamento até o CARF, o contribuinte pode questionar, em 1ª
instância no PJ, através de uma ação anulatória de lançamento de crédito tributário, por exemplo, questionando a
validade de um lançamento fiscal feito.
- No Brasil, há um disposto que expressa claramente esse princípio por um motivo. Na história do país, como o da
República, houve períodos de exercício autoritário, com momentos de exercício de força governamental por parte do
Poder Executivo – deixando resíduos de autoritarismo dentro do processo democrático. Na República Velha (1989-
1930), os presidentes eram eleitos. No entanto, o presidente Arthur da Silva Bernardes (1922-1926), governou em
quase sua maioria, em Estado de Sítio. Ele se valeu desse recurso de modo a ter mais força de controle sobre a política
nacional. Logo, como houve excessos autoritários, mesmo em regimes democráticos, trazemos uma tendência de
autoritarismo na raiz da Administração Pública.
- Com isso, a Assembleia Nacional Constituinte visou estabelecer um regime pétreo que pudesse resistir às tendências
autoritárias de um passado que até então fora regra, com premissas de contenção dos excessos. Uma dessas
premissas foi a da jurisdição una. Confiando no Poder Judiciário como uma reserva assecuratória das garantias e
direitos individuais, de força política institucional para preservar direitos e garantias individuais dispostas no artigo 5º
da Magna Carta.
- A Constituição, em inúmeras oportunidades, menciona, portanto, no poder Judiciário como sinal da confiança do
Poder Constituinte no PJ como bastião da democracia e guardião dos DF da pessoa humana. Hoje, a crítica que se faz
é ao excesso de judicialização – o PJ tudo define, tudo julga, tudo direciona (os grandes desacordos da sociedade são
resolvidos pelo PJ). Uma crítica saudável ao excesso de empoderamento do PJ que ameace estabelecer um
desequilíbrio entre os poderes. Logo, o princípio da jurisdição uma decorre da experiência de um país traumatizado
que viu no Poder Executivo a fonte dos excessos autoritárias – já que exercem controle da força física, agregados às
forças armadas. É o princípio definidor do Poder Judiciário Brasileiro.
- O princípio do duplo grau de jurisdição é o segundo princípio de regência do PJ Brasileiro, só que não expresso na
ordem Constitucional, mas muito importante e derivativo do conjunto das nossas normas constitucionais. Ele decorre
de um outro princípio (um não definidor do PJ, só uma decorrência), ensejador do princípio do duplo grau de
jurisdição: o princípio da falibilidade humana. Isso ocorre porque o do duplo grau de jurisdição traduz a necessidade
de se ter a garantia de um novo julgamento a partir de um julgamento pressupostamente equívoco. Todas as funções
de Estado, nos três poderes clássicos na tríada separatista de Montesquieu, são exercidas por homens, e homens
falham. Julgamentos humanos substituem autotutela, autocomposição, mas são falhos, ou falíveis.
- O contratualismo evidencia o Estado como substituto dos homens ao estabelecer a jurisdição, mas tem, como
decorrência da possibilidade de falha humana, o princípio do duplo grau de jurisdição – princípio de regência da
devolutividade da jurisdição. O recurso restitui ao PJ a oportunidade julgar.
Há triplo ou quádruplo grau de jurisdição? Não. Não se pode confundir as instituições. Há alguns autores, em
entendimento minoritário, se referem à 3ª instância quando mencionam os tribunais superiores. Não há, no
entanto, terceira nem quarta instância. O que há são instâncias extraordinárias de jurisdição. O princípio do duplo
grau de jurisdição dá a oportunidade de revisão em 2ª instância por colegiado, embora haja julgamentos de
colegiado em 1ª instância no Brasil. De modo geral, o julgamento de 1ª instância é monocrático, feito por um só
magistrado. O recurso é julgado por mais ou menos 3 magistrados de modo a assegurar a pluralidade
hermenêutica necessária.
Não se teria, pelo princípio da falibilidade humana, a necessidade de revisar eternamente as decisões, com
infinitos graus de jurisdição? Não. Falamos em duplo grau de jurisdição porque o processo começa, mas deve
terminar. Em ordem a assegurar o principio da segurança jurídica, o duplo grau de jurisdição basta. É uma
presunção, sim, mas o Direito é feito e alimentado de presunções relativas e absolutas. Logo, partimos da
presunção de que se o homem pode falhar e o juiz pode ter sua decisão impugnada através de um duplo grau de
jurisdição, uma vez que o segundo grau se tenha manifestado, teremos a decisão como bastante para produzir um
julgamento “bom e justo”, para se encerrar o processo.
- O Estado, que substitui os indivíduos no conflito, deve assegurar um mínimo de resolução do conflito, ainda que se
ache a decisão “injusta.” Ali, se produzirá uma autoridade de coisa julgada, uma verdade judicial, com o objetivo de
assegurar a segurança jurídica. A coisa julgada é a característica da imutabilidade de decisão judicial pela via de
recurso (pela via de recurso! Porque tem ação rescisória [NCPC, art. 966] e revisão criminal, por exemplo). O duplo
grau basta. Assegura a irrecorribilidade necessária.
- O entendimento majoritário, portanto, é o do duplo grau de jurisdição. Tudo se encerrar na 2ª instância, mesmo que
haja recursos previstos na própria Constituição de acesso às instâncias que são transcendentes ao duplo grau de
jurisdição, que são recursos que caracterizam graus extraordinários da jurisdição. São recursos que não se baseiam na
livre motivação. Vejamos o que diz Pontes de Miranda, que defende que há dois tipos de recursos:
- recursos de motivação livre: recursos dentro da índole do duplo grau de jurisdição
- recursos de motivação vinculada: recursos que transcendem o duplo grau de jurisdição, só cabíveis nas
estreitas hipóteses na legislação de regência e CRFB. Ex.: Recurso Especial ao Superior tribunal de Justiça
(RESP).
Caso hipotético: Uma relação processual que se iniciou na 4ª vara cível da comarca de Niterói – uma ação de
competência cível. O réu interpôs um recurso à 8ª câmara cível de desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro. Digamos que a segunda instância mudou a decisão. Haveria aqui o exaurimento do duplo grau de jurisdição.
Juiz monocrático em primeira instancia e colegiado de embargadores julgando recurso. Correto.
Caso houvesse a necessidade de recurso:
a) no caso de estar contrário à lei federal, poderia se interpôr um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça em
Brasília, o RESP.
[CRFB/88, art 105, III] “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: julgar, em recurso especial, as causas decididas,
em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal
e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar
válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que
lhe haja atribuído outro tribunal.”
Nesse caso, a jurisdição prestada pelo STJ pelo RESP é grau especial de jurisdição, movimento a partir de recurso
especial – afinal, não é recurso de motivação livre, mas sim de motivação vinculada. Logo, se este é um recurso de
motivação vinculada, não se baseia mais na mera irresignação da parte, num inconformismo da parte que a
movimentaria rumo à interposição recursal de modo a ver gastar a decisão proferida pelo juízo da primeira
instância. Pelo contrário: se a parte interpuser um recurso especial pela mera discordância do teor de decisão da
decisão judicial de segundo grau, o recurso não será, sequer, admitido – porque não preencherá os pressupostos
especiais de recorribilidade que um recurso de motivação vinculada, como recurso especial, exige. Logo, não se
trata de terceiro grau de jurisdição, mas um grau especial.
b) no caso de decisão manifestamente contrária à autoridade da Constituição Federal da República, poderia se
interpor recurso ao Supremo Tribunal Federal, sem se considerar terceiro grau de jurisdição, mas grau extraordinário
de jurisdição.
[CRFB/88, 102, III] “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição;”
Todo recurso extraordinário, portanto, é recurso especial? Não. Os recursos que transcendem o duplo grau de
jurisdição, de modo generali, são por nós taxados de recursos extraordinários, mas “recurso extraordinário” pode
ser gênero e pode ser espécie. O recurso especial certamente é recurso extraordinário, mas nem todo recurso
extraordinário é recurso especial. O recurso extraordinário destinado ao STF [CRFB/88, 102, III], strictu sensu, não
é recurso especial; é recurso extraordinário. No entanto, o recurso Especial ao Superior Tribunal de Justiça é
recurso extraordinário em sentido amplo, lato sensu, mas não é recurso extraordinário strictu sensu. O recurso
extraordinário destinado ao STJ para controle de adequação legal, strictu sensu, é recurso especial. Outros casos:
Na Justiça eleitoral tem o Recurso Especial Eleitoral ao TSE; já na Justiça do Trabalho, existe o Recurso de Revista
ao Superior Tribunal do Trabalho. O recurso de revista, por exemplo, é recurso extraordinário lato sensu, mas não
stricto sensu. Strictu senso é “revisão de decisões trabalhistas de segundo grau proteridas em sedes dos Tribunais
Regionais do Trabalho.
- Os tribunais estaduais, antes cortes de apelação, eram chamados de tribunais de apelação. De modo geral, um
tribunal de apelação é um tribunal de segunda instância que exerce comumente o segundo grau de jurisdição. Os TJs
dos Estados, por isso, são tribunais de apelação do ponto de vista do gênero. Os TRFs, são, também, tribunais de
apelação, assim como os TREs. Sempre em sentido amplo. A função dos tribunais de apelação é prover jurisdição de
segundo grau, isto é, assegurar a fruição do principio do duplo grau de jurisdição.
Todo Tribunal de justiça, portanto, tem apenas competência recursal? Não. Os tribunais também têm
competência originária – que definem o tribunal como nascedouro daquele processo judicial. Mandado de
segurança não é recurso, é ação autônoma. Se movido contra ato de governador de Estado, vai diretamente ao
Tribunal de Justiça. Um mandado contra ato restritivo, impetrado por HC ou HD, é uma ação judicial que já se
inicial no Tribunal. Logo, nesse caso, é uma competência originária do Tribunal, não recursal. Mais um caso:
Representações de inconstitucionalidade de uma lei do Município de Niterói que supostamente contrarie a
autoridade da Constituição do Estado do Rio de Janeiro: competência originária do Tribunal de Justiça também.
Então nem sempre a competência do Tribunal é recursal; é possível que o TJ tenha competência originária
também.
- Concluindo, o princípio do duplo grau de jurisdição é um importante contribuinte pra entender e justificar como se
dá a composição estrutural do Poder Judiciário Brasileiro.
- É preciso ainda evidenciar que, apesar de ser derivativo da Constituição, mas bastante reconhecido, o STF já
estabeleceu que o duplo grau de jurisdição não é cláusula absoluta; ele pode sofrer restrições. Exceção: caso do
julgamento de autoridades com direito a foro por prerrogativa de função.
- Na hipótese de autoridades com foro por prerrogativa de função, há duplo grau de jurisdição? Cabe recurso às
decisões? Primeiro: o STF não é a instância que julgará todos os casos que houver foro por prerrogativa de função,
pois é possível seja outro Tribunal. Exemplo: o juiz federal da 6ª Vara Criminal tem foro por prerrogativa de função
e ele não vai ser julgado pelo juiz da 7ª Vara, mas em instância única, pelo TRF de sua região. Outro exemplo é o
Governador de Estado, julgado por crime comum pelo STJ. Mas uma coisa é certa: independente de onde for
julgada a autoridade, será grau único de jurisdição, sem duplo grau de jurisdição - a autoridade detentora do foro
não tem direito a recurso ordinário. No caso em que ele é julgado pelo Tribunal Regional Federal ou STJ, pode até
caber recurso de índole extraordinária em favor do réu detentor do foro por prerrogativa, mas no caso de
julgamento em instância única pelo STF, não cabe recurso nem ordinário, nem extraordinário. Um deputado
Federal, por exemplo, julgado pelo STF, não tem direito à recurso algum.
- Outro pilar formador do Poder Judiciário é o princípio federativo. A nossa organização político estatal é Estado
Federal. A forma de estado é Estado Federal; que somos pessoas jurídicas que constituem uma pessoa jurídica maior,
que é a União Federal. Uma cláusula pétrea constitucional, trazida pelo artigo 1º da carta de República nos diz que a
República federativa do Brasil se constitui na união indissolúvel entre Estados, Municípios e Distrito Federal. [CRFB/88,
art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito]
Os Estados membros são autônomos dentro de uma ordem organizacional federal. Por esse princípio federativo, o
sistema judiciário se divide em dois níveis: o da União e o dos Estados. O PJ efetivamente existe no âmbito da União e
no dos Estados. Logo, a organização judiciária é inspiradas também no princípio federativo.
“Não existem dois poderes Judiciários, porém duas organizações judiciárias, integrantes de um único Poder e
vinculadas ao exercício de uma só função.” BERMUDES, Sergio.
“O Poder judiciário é nacional. É um único e mesmo Poder, que se positiva por intermédio de vários órgãos estatais
– estes, sim, federais e estaduais” DINAMARCO, Cândido et al.
“No rol do art. 92 devem distinguir-se os órgãos federais e estaduais, tendo em conta que o sistema federativo
brasileiro comporta a distribuição dos órgãos públicos em diversos níveis, com a peculiaridade de que, enquanto o
Legislativo e o Executivo a divisão se manifesta inclusive na nivelação municipal, para o Judiciário ela se detém no
nivelamento federal ou estadual” MOREIRA, José Carlos Barbosa.
“Com referência à natureza dos órgãos judiciais, há a diferença entre Justiça Federal e Estadual. Justiça Federal é
composta pelos órgãos jurisdicionais integrados no ordenamento normativo federal, encerrando a Justiça Federal
Comum, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar Federal. A Justiça Estadual é constituída pelos órgãos
jurisdicionais integrados no ordenamento normativo estadual, englobando a Justiça Estadual Comum e a Justiça
Militar Estadual.” CALIXTO, Negi.
- Além deste, o princípio separação dos poderes, que devem ser independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. [CRFB/88, art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.] – equivale tanto no âmbito na União, quanto no Estadual. Por isso, deve-se preservar a
independência do poder judiciário, a autonomia do juiz, etc - é algo que colaciona o PJ à pressuposta efetividade
máxima do principio da jurisdição uma. Apesar do princípio de separação de poderes – que não se baseia em uma
separação rígida de poderes – é uma independência contemporizada pelo mecanismo de freios e contrapesos. Há as
hipóteses constitucionais que um poder que controla os limites do poder de um outro, sem permitir abusos, por meio
do checks and balances.
- Princípio do contraditório e ampla defesa e princípio do devido processo legal, reunidos, preveem o manejo dos
recursos previstos na Constituição nas leis processuais e nos regimentos de modo a assegurar que o processo judicial,
que o conflito intersubjetivo de interesse percorra toda sua senda ao longo dessa estrutura do PJ. São princípios que
influenciam a composição estrutural do Poder Judiciário Brasileiro.
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Estrutura da organização do Poder Judiciário


- Pelo princípio do duplo grau de jurisdição, o Poder Judiciário da República (em amplo sentido), desmembra-se em
dois grandes patamares: a 1ª instância e a 2ª instância.
São 5 ramos de justiça:
- Justiça Comum
a) Justiça Estadual (Justiça Comum)
b) Justiça Federal (Justiça Comum)
- Justiça Especializada
c) Justiça do Trabalho
d) Justiça Eleitoral
e) Justiça Militar
“Com relação à competência dos órgãos judiciais, há a distinção entre Justiça Especializada (competência
reservada a matéria determinada, formada pela justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar Federal e
Justiça Militar Estadual) e Justiça Comum (órgãos jurisdicionais com competência residual, formalizada pela Justiça
Federal Comum e Justiça Estadual Comum).” FONTELES, Claudio Lemos.
- O princípio Federativo se aplica aqui com uma grande força, porque a Justiça Comum se desmembra em Justiça
Estadual e Federal – justiça no âmbito da União e Justiça no âmbito dos Estados Membros. Essa divisão, no entanto,
decorre do duplo grau de jurisdição, que estabelece a existência dos tribunais de apelação e os órgãos jurisdicionais
de 1ª instância.

Justiça Comum Justiça Especializada


STJ TST TSE STM
Inst. Justiça Estadual Justiça Federal Justiça do Trabalho Justiça Eleitoral Justiça Militar
Tribunal Regional Tribunal Regional do Tribunal Regional Federal Estadual
Tribunal Justiça
Federal Trabalho Eleitoral Não TJ ou
27 Tribunais
5 Regiões TRFs 24 regiões 27 TREs existe TRM
TurmasSeção
2ª Câmaras 3 seções c/ turmas por Turmas
competência de matéria
TRF 2ªReg: 8
TJ-RJ: 5 des/câmara turmas com 3 des/ Desembargadores do
(3 julgam recurso de 7 Magistrados
apelação) turma (2 turmas Trabalho
compõem seção)
Varas do Trabalho
Varas Federais
(Antes, até 90,
27 Seções
tinham as Juntas com Juntas e Zonas CJM CJM
Varas judiciárias
3 juízes) Eleitorais Federal Estadual
(Estados e DF)
Seções judiciárias
1ª Juizados Esp Fed
Comarcas Subseções Subseções
Juiz
(Município) Judiciárias Judiciárias Juiz de
auditor
Juízes eleitorais Direito
Juízes de direito Juízes federais Juízes do trabalho Militar
(Juiz de direito)
Justiça Estadual [ CRFB/88, art. 92, VII,
a) Justiça Estadual - 1ª instância: Varas em Comarcas - Juízes de Direito
- Característica fundamental: é reconhecidamente monocrática, ou seja, a jurisdição é prestada naquele conflito
intersubjetivo de interesse por um só magistrado – mas não quer dizer que vara judicial tenha necessariamente um
magistrado (pode haver juiz substituto, ou até dois). Ele é monocrático não porque não há substituto, mas porque a
função jurisdicional prestada naquele órgão é uma função prestada por um só magistrado. Sem, no entanto, deixar de
existir exceções. Há órgão de 1ª instância que são órgãos colegiados, mas isso não quer dizer que não deixar de ser
reconhecidamente monocrática, a Vara.
- Natureza Jurídica da Vara: pra estabelecer a natureza jurídica, é necessário partir da generalidade até a
especificidade, de modo que possamos distinguir o instituto dos demais existentes.
é um órgão (Teoria do órgão – desmembramento de um órgão, gerando outros. Um órgão pode integrar outros;
além disso, um órgão pode integrar uma pessoa, mas não tem pessoalidade – o Departamento do Direito Publico
da UFF é um órgão, dentro de outro, a Faculdade de Direito, dentro de uma pessoa, que é a Universidade Federal
Fluminense. Um órgão é um núcleo de desempenho de uma fatia da soberania Estatal)
jurisdicional (do Poder Judiciário, exerce atividade jurisdicional)
monocrático (é o que caracteriza a Vara, é um órgão por excelência monocrático – jurisdição prestada por um só
magistrado, que decide por uma sentença. Acórdão, por exemplo, decorre de uma pluralidade de magistrados
reunidos no colegiado)
Bastaria dizer que é um órgão jurisdicional monocrático? Não. Em primeira instância, o que prepondera é a
monocracia, órgãos jurisdicionais monocráticos. Mas há exceções. Exemplo: Turma recursal de juizado, Tribunal do
Júri. Em regra, a primeira instância do Poder Judiciário é , portanto, constituída de órgãos monocráticos. Existem,
também os colegiados de 2ª instancia, em que predomina a colegialidade, mas também com exceções nos
tribunais de apelação, tribunais superiores e Supremo Tribunal. Exemplo: decisão de Câmara do TJ. A 8ª Camara do
TJ-RJ, uma decisão atentatória à lei Federal. Parte interpõe Recurso Especial ao Superior Tribunal de Justiça – passa
por um exame prévio de admissibilidade do próprio Tribunal de Justiça. Este não é exercido pela 8ª Camara, mas
exercido pela 3ª Vice Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que é um órgão monocrático
– órgão integrante de um tribunal de 2ª instância. Logo, há exceções e regras! Para definir, é preciso falar: órgão
jurisdicional monocrático de 1ª instância.
- Organização judicária: No âmbito da Justiça Estadual, temos a organização das Varas, cada uma delas é um órgão:
centro de manifestação estatal com competência dividida em lei. No âmbito estatal as varas se distribuem,
territorialmente, em Comarcas, de acordo com a classificação conferida pela legislação estadual.
- No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, há a divisão das Comarcas, definida pela legislação estadual, em três
modalidades básicas:
Comarca de 1ª entrância (comarcas constituídas de uma só vara – é o juízo único. Normalmente, em cidades
muito pequenas, com volume processual brando. Com isso, só há apenas um juízo. Ex.: Cidade de Rio das Flores)
Comarca de 2ª entrância (com alguma complexidade. As leis estaduais que as adotam, as fazem em relação as
comarcas que tem três varas – depende da legislação estadual)
Comarca de entrância especial (de maior complexidade, com Varas Cíveis, Vara de Fazendo Publica, Varas
Criminais, etc. Ex.:Niterói, Petrópolis, com)
- Unidade de Demarcação Territorial: comarcas, que se definem como divisões territoriais para o exercício da
jurisdição estadual comum de 1ª instância. Cuidado! Comarca é um nome histórico, mas o termo não se aplica aos
ramos do poder judiciário da União – nem nos ramos da Justiça Federal Comum, nem nos da Justiça Federal
Especializada. Em Petrópolis, a Comarca é a demarcação territorial para o exercício das competências dos órgãos
jurisdicionais da justiça estadual. A demarcação territorial das varas federais não é Comarca, mas sim Subseção
Judiciária de Petrópolis. Termo Comarca se aplica só à organização judiciária Estadual de 1ª instância!
- Magistrado: Pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional [Lei Complementar nº 35/1979], o magistrado exercente da
função jurisdicional na Justiça Estadual de 1ª instância é o juiz de Direito. Ele é aquele que exerce a jurisdição nas
Varas e Comarcas da Justiça Estadual. Os juízes de Direito estão contidos nos limites da circunscrição judiciária
[CRFB/88, art. 125, caput, e paragrafo 1º, 2º, 6º e 7º]. Competência determinada pelo Código de Organização e
Divisão Judiciários do Estado, convindo-lhes, por exemplo, processar e julgar os efeitos da competência dos órgãos
judiciais, como prescreve o art. 161 da CERJ, sem embargo do art. 72 da CODJERJ.
- Regime constitucional de partilha de competências – o que compete à Justiça Estadual Comum? É competência
residual. À Justiça Estadual compete tudo que não é competência dos outros ramos de Justiça. É a maior parte do
volume processual, com mais de 11 mil juízes estaduais. Pela CRFB, ela recebe todas as competências que não são da
Justiça Federal Comum e Especializada. O critério ode determinação de competência mais cabal é: a competência se
inicia na justiça especializada. Ou é da Justiça do Trabalho, Eleitoral ou Militar. Não sendo delas, presumivelmente é
da Justiça Federal Comum. Não sendo deste, é da Justiça Estadual Comum. Logo, é competência de índole residual
- Atenção! Se a organização Judiciária Federal de 1ª instância da Justiça Federal se estabelece em Subseções
Judiciárias, pode acontecer de uma delas corresponder ao território de uma Comarca. Mas não é vinculação do
legislador estadual com o federal. De uma maneira Geral, uma Subseção alcança várias Comarcas. Mas uma comarca,
como termo técnico, significa: a divisão organizacional territorial da 1ª instância da Justiça Estadual Comum.

Anotação de outro resumo:


 Os juízes de direito exercem jurisdição nas varas - são os membros da magistratura estadual de primeira
instância.
 A competência da Justiça Estadual é residual.
 A divisão das varas ratione materiae se dá de acordo com a entrância da comarca a que pertencem.
 No estado do RJ há comarcas de primeira entrância, onde há uma única vara, comarcas de segunda
entrância, e de entrância especial, onde há grande extensão territorial e populacional, e consequentemente,
grande quantidade de varas.
 Não confundir entrância com instância! Entrância é grau de classificação de comarca, instância é grau de
jurisdição! Comarca é divisão territorial da primeira instância da Justiça estadual.

b) Justiça Estadual - 2ª instância: Tribunais de Justiça


- Organização Judiciária: Tribunal Estadual de 2ª instância: Tribunais de Justiça. São 24 TJs no Brasil.
- Prenotação histórica: o federalismo brasileiro é centralizador (crítica do professor), levando ao exagero de ter se
tornado Estado Unitário: tudo é definido pela Constituição Federal. Nela, temos o preceito que estabelece o TJ como
2ª instância da Justiça do Estado Membro da Instituição. Por isso, temos situações díspares entre os Estados: No TJ em
Acre tem 11 Desembargadores, e 360, no TJ-SP. Afinal, o TJ-SP é o Tribunal de Justiça do Estado mais populoso da
Federação. Logo, pra dar conta da tarefa jurisdicional, tem o número maior de desembargadores: 360
desembargadores. Isso ocorreu por uma razão histórica recente.
- Até 12 anos atrás, os Estados tinham poder de instituir outros tribunais que não fossem os Tribunais de Justiça: eram
os Tribunais de Alçada. Eles dividiam a tarefa da 2ª instância com o TJ, ou seja, existiam tanto os Tribunais de Justiça,
quanto os Tribunais de Alaçada – nos estados em que houvesse demanda populacional. Houve mudança com
EC45/04, que extinguiu o Tribunal de Alçada em SP. Apesar dos Tribunais deixarem de existir, ainda hoje citam os
acórdãos dos Tribunais de Alçada. Segundo a opinião do Gustavo Sampaio, funcionava melhor.
RIO DE JANEIRO: Até 1997, havia Tribunal Alçada Cível, Tribunal de Alçada Criminal e Tribunal de Justiça. Houve a
extinção dos Tribunais de Alçada por Emenda Estadual.
SÃO PAULO: Até 2004, existia, além do Trinunal de Justiça, o 1ª Tribunal de Alçada Cível, 2ª Tribunal de Alçada
Cível e Tribunal de Alçada Criminal. Houve a extinção tardia dos Tribunais de Alçada por Determinação
Constitucional Federal (EC45/04). Alguns tribunais, sucumbindo ao movimento nacional de extinção dos Tribunais
de Alçada, foram extinguindo os Tribunais, aos poucos (Rio fez em 1997). Em 2004, o Constituinte Federal instituiu
a EC45/2004 em que estabeleceu que nenhum Estado mais teria Tribunal de Alçada. São Paulo não havia tido
iniciativa própria, mas a partir de então teve que extingui-los. Foi a partir desse momento que os Tribunais de
Justiça se tornaram bem grandes, com número maior de desembargadores.
- O que eram os Tribunais de Alçada: eles compunham a 2ª instância do Poder judiciário – havia divisão em razão da
matéria: ratione materiae. Não era grau de jurisdição intermediário, mas existia uma divisão de competência para o
destino do recurso interposto. Tribunais de Alçada eram tribunais de 2ª instância, mas dependendo da matéria – cível
ou criminal, ia ou pro Tribunal de Alçada Cível, ou pro Tribunal de Alçada Criminal, ou pro TJ. A lei fixava qual Tribunal
iria, dependendo da gravidade da matéria. Dois exemplos para cada Matéria (cível e criminal):
Materia cível de 1ª instancia – ação de despejo, envolvendo locação: competência recursal ao Tribunal Alçada
Cível.
Matéria Cível - Ação de responsabilidade civil por acidente de avião: recurso pro Tribunal de Justiça.
Matéria Criminal - Furto simples: apelação de competência do Tribunal de Alçada Criminal.
Matéria Criminal – Homicídio: recurso para pronúncia de nulidade do julgamento pro Tribunal de Justiça.
- Extinção dos Tribunais de Alçada: movimento que iniciou-se em 1997, com fundamento para extinção em gerar
economia orçamentária para o Estado. O substituto natural foram as Turmas Recursais dos Juizados Especiais.
Vejamos: o JEC julga causas de menor complexidade cível, que ensejam recurso à Turma Recursal, não ao TJ. Em
matéria criminal – os crimes de pequeno potencial ofensivo ensejam recurso à Turma recursal do JECrim. E recurso de
crimes mais graves ao TJ. O prolema todo foi reinventar a roda, segundo o professor.
- Turma Recursal Juizados Especiais x Tribunal de Alçada: Turma recursal dos Juizados especiais não são Tribunais de
Alçada, porque é órgão de 1ª instância, mas exercendo atipicamente 2º grau de jurisdição. Além disso, não são
tribunais, mas turma de juízes de 1ª instância mais antigos na carreira, mas não são tribunais. Faz diferença isso! Um
exemplo está em CRFB/88, art. 105, III: “As causas decididas em única ou ultima instancia em tribunais.”  causas
decididas pelos tribunais. Então:
- Logo, uma decisão do antigo Tribunal de Alçada Cível atentatória à lei federal - poderia ser impugnada por
Recurso Especial ao STJ? E uma de Turma Recursal? [CRFB/88 art. 105, III] Caso estivesse enquadrada nas
hipóteses, sim! Tribunal de Alçada Cível está previsto na norma – afinal, é tribunal. Mas Turma Recursal, não
enseja recurso especial porque não é Tribunal - nem de Justiça, nem regional Federal. “As causas decididas em
única ou ultima instancia em tribunais.” É o que diz a Constituição. Turma recursão NÃO É TRIBUNAL, logo, não
entra na hipótese do artigo. Por isso, ao terem criado a Turma Recursal de Juizado, não pensaram nisso: se o
acórdão da Turma Recursal for afrontoso à lei federal, a parte não poderá fazer nada, porque não há recurso.
Logo, há uma economia recursal desnecessária.
- E uma decisão da Turma Recursal dos Juizados Especiais atentatória à Constituição - poderia ser impugnada
por Recurso Extraordinário ao STF? [CRFB/88, art. 102, III] Pra responder, ver que o que se fala em “decisão”
Nesse artigo, não fala em tribunais, só causas decididas em única ou última instância, o que pode ocorrer
dentro do sistema dos Juizados Especiais. Se em um Juizado Especial houver decisão de 2º grau proferida em
uma dada matéria, e esse acórdão for totalmente contrario à autoridade da Constituição Federal, caberia, sim,
recurso em grau extraordinário. Caso: Precedente do STF acerca da Maconha – se ao Estado Penal resta
autorizado vedar criminalmente o uso da substância para efeito recreativo, pessoal. STF entendeu que o Estado
não tem autoridade. Isso julgou em grau de recurso extraordinário. E o STF julgou.
- Recurso de Turma Recursal. Portanto, em relação às decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais: se
atentórias à lei federal, não ensejam recurso especial ao STJ (Fundamento em [CRFB/88, art. 105, III] por apenas dizer
“tribunais”); se atentórias à autoridade da Constituição Federal, ensejam recurso extraordinário ao STF (Fundamento
em [CRFB/88, art. 102, III] por dizer “causas decididas em única ou última instância”).
- Extintos os Tribunais de Alçada, Tribunal de Justiça foi o que restou como 2ª instância do Poder Judiciário Estadual.
Quanto maior o Tribunal, maior nível de colegialidade. Tribunal tem 180 desembargadores, mas divididos por matéria
- chamamos de órgãos fracionários; órgãos que integram o todo do TJ. O principio do duplo grau de jurisdição
pressupõe que o julgamento do 2º grau de jurisdição seja colegiado – com, no mínimo, 3. Cada Tribunal de Justiça vai
determinar, em seu regimento interno, como irá dividir as matérias. Cada tribunal tem um regimento interno; logo, é
necessário recorrer a ele pra ver a organização interna do Tribunal. O regimento interno do Tribunal é carta
organizativa da Corte.
[CRFB/88, art. 96] “Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre
a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;”
Princípio do autogoverno da Magistratura* - Leis e Constituição determinam e organizam o Poder Judiciário, mas
há um limite de autoridade pra fixar normas organizacionais. A 2ª instancia do poder judiciário se organiza através
de regimentos internos. Ler no livro do Peña*
[CRFB/88, art. 99] “Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.”
- Divisão do Tribunal Justiça: Câmaras – cada uma tem um numero de desembargadores (no TJ-RJ, cada uma tem 5 )
em número fixado por regimento interno, sendo um quinto dentre advogados, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional, e membros do MPE, com mais de dez anos de carreira, e os demais dentre juízes de direito,
com mais de dois anos de exercício na última ou única entrância, promovidos por antiguidade e merecimento,
alternadamente. Para saber o numero, deve conhecer o regimento interno do Tribunal de Justiça em que atua.
Lembrando: a organização da 1ª instância se dá pela lei de organização e divisão judiciárias do Estado, aprovada pela
Assembleia Legislativa, sancionada pelo governador, por iniciativa do tribunal. Logo, 1ª instância do PJ Estadual é
iniciativa reservada em cada Estado – é tratada em lei, e não na Constituição, nem regimento interno.
- Competência dos Tribunais de Justiça: definida na Constituição do Estado, concernindo-lhe, pro exemplo, processar e
julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, inclusive
a que tenha por objeto a intervenção dos Município, vice governador (etc.) Julgamento pode ser feito por 3
desembargadores, mesmo havendo 5 desembargadores na Câmara.
[CRFB/88, art. 96] “Compete privativamente: III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito
Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.”
- Distribuição dos casos para 2ª instância: Exemplo de um recurso que vá pra 7ª Camara Cível do TJ-RJ, para 5
desembargadores – três irão julgar recurso. Os outros dois ficam sem fazer nada naquele recurso. A distribuição é
feita de modo automático, livre (mas ratione materiae) – para garantir que não haja escolha do órgão julgador.
Primeira distribuição: sorteia-se a Câmara; depois sorteia-se os 3 desembargadores (relator, revisor e vogal); por
último, é sorteado o relator. Por isso, assim como a distribuição pras varas é sorteio, assim também funciona a
escolha aleatória nas Câmaras – para garantir a imparcialidade.
- Órgão especial dos Tribunais de Justiça. Atenção: em TJs muito grandes, com pelo menos 25 desembargadores no
Tribunal, como o de São Paulo (360 desembargadores), Rio de Janeiro (180 desembargadores), poderá ter órgão
especial (com 11-25 desembargadores.) Há cúmulo funcional: é desembargador da Câmara e do órgão especial (até
por isso que normalmente sessão do órgão especial é em dia que não há funcionamento da Câmara)  Ver regimento
interno do TJ-RJ
Qual o fundamento do Órgão Especial? Existem competências do TJ que são plenárias (reservadas ao pleno:
somatório de todos os desembargadores). A CRFB interveio e estabeleceu que tribunais com mais 25
desembargadores poderão ter órgão especial pra fazer papel de pleno. [CRF/88, art. 93, inciso XI] “nos tribunais
com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo
tribunal pleno”
Quando é matéria administrativa, os 180 podem ir lá e resolver, porque é mais fácil, como uma simples votação.
[CRF/88, art. 93, inciso X] “as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”]
Agora imagina um processo jurisdicional com competência de todos os desembargadores? Princípio da reserva de
plenário! [CRFB/88, art.97] “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.”
O órgão funciona, portanto, como tribunal pleno – isso pra matéria jurisdicional. Princípio da reserva de Plenário.
Ex.:
a) mandado de segurança contra Governador do Estado já começa no TJ, julga através do Órgão Especial, no caso
do Rio de Janeiro. No caso, por exemplo, do Acre, que têm 11 desembargadores, quem julga é o plenário do
tribunal, por não ter órgão especial. Aqui no Rio é o órgão especial.
b) Representação de inconstitucionalidade (âmbito estadual – discutir lei municipal e lei estadual em face da
Constituição): No Acre, será o pleno do TJ que irá julgar, afinal o princípio é o de reserva de plenário. No Rio de
Janeiro, é o órgão especial que julga, sem ferir a reserva de plenária. Nesse caso, é justificável. Ver competências
no Regimento interno!

- Presidente do Tribunal de Justiça: eleito pra um mandato presidencial por dois anos pra chefiar poder judiciário do
Estado. No Poder Judiciário do Estado do RJ, uma estrutura mais complexa, além do presidente do TJ, há a figura do
1º vp, 2º vp e 3º vp e corregedor geral de justiça: é a diretoria do Tribunal. Segundo o nosso regimento, quando está
na Presidência, fica fora da Câmara. Ele também é presidente do órgão especial. Os desembargadores do órgão
especial acumulam a função na Câmara, exceto presidente. O nosso órgão Especial do TJ-RJ contém 13
desembargadores do 25, por razões natas, membros do OE: por critério de antiguidade no Tribunal. Os outros 12 são
eleitos de 2 em 2 anos entre os demais 167 do tribunal – de dois em dois anos, faz-se eleição interna. Em sentido
jurisdicional, não há hierarquia entre os órgãos do Poder Judiciário. Ainda que ela não exista, o presidente vira chefe
do Poder Judiciário do Estado.
- Seção Criminal – somatório dos 2 desembargadores de cada Câmara Criminal – competências no regimento!

Logo, o importante, é ver: o que prepondera num TJ, tribunal de 2ª instância, é COLEGIALIDADE. Na 1ª instância,
prevalece MONOCRATICIDADE.*
*Exceções:
 à mononocraticidade da 1ª instância: Tribunal de Júri (7 jurados no Conselho de sentença), Juizado
Especial em grau de recurso (Turma Recursal de Juizado - colegiado), Conselho Militar
 ao colegialidade da 2ª instância: Um REsp interposto**, por exemplo, tem julgamento de admissibilidade
bifronte: juízo de admissibilidade primário pela 3º Vice Presidência do Tribunal de Justiça do Estado. É um
órgão monocrático, que faz julgamento monocrátido de admissibilidade primária. Sendo o juízo positivo,
passa pra Brasília (STJ), pra juízo de admissibilidade secundário. Passando pelo juízo de admissibilidade
bifronte, vai pro juízo de mérito.
** Sobre Recurso Especial ao STJ. Ele pode entender que não há preenchimento dos requisitos de
admissibilidade, impedindo que recurso vá ao STJ. Em geral, a inadmissibilidade ocorre por questões
discutíveis, como por exemplo: “esse recurso se destina a rediscutir matéria de fato!” O que não pode
acontecer! REsp não é recurso destinado à 3ª instância, mas a uma instância especial de jurisdição
(entendimento de Salvio de Figueiredo Teixeira).
Assim diz:
Súmula 7: no REsp não se faz reexame de fato e nem de prova.
Súmula 5: não cabe reexame de cláusula contratual em REsp.
Logo, não é recurso de livre motivação, mas de motivação vinculada. Só reexame questão de direito.

Anotações de outro resumo:


 Divisão: Há um Tribunal de Justiça para cada Estado-membro da Federação. São constituídos por magistrados
denominados desembargadores.
 Os TJ’s desmembram-se em órgãos fracionados, as Câmaras. Cada Câmara possui 5 desembargadores. Em
cada processo, 3 desembargadores julgam, um Relator, um Revisor e um Vogal.
 Cada TJ com pelo menos 25 desembargadores possui um Órgão Especial, cujas competências são
estabelecidas pela Constituição Estadual e o Regimento Interno do Tribunal.
 Os juízes de direito são membros do Poder Judiciário estadual, não integrando o corpo do Tribunal de Justiça
do Estado. Deste são membros apenas os desembargadores.
 Os Tribunais de Alçada, extintos pela EC 45/04, eram Tribunais integrantes da segunda instância da Justiça
Estadual dos Estados-membros. Eram concebidos para auxiliar a jurisdição de segunda instância, e tinham
sua competência definida por Lei.

Justiça Federal [CRFB/88, art ]


a) Justiça Federal [CRFB/88, ART106 a 110] - 1ª instância: Varas Federais em Seções (27) e Subseções Judiciárias –
Juízes Federais
- Organização Judiciária: Na Justiça Federal em 1ª instância o que prepondera são as Varas Federais – conforme diz o
texto constitucional.
[CRFB/88, art. 110] “Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a
respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.”
- Demarcação territorial: como é órgão da União, o legislador constituinte estabeleceu que há divisão territorial
baseada em Seções Judiciárias. Estas correspondem ao território de cada Estado Membro da Federação. O que houve
por parte do Constituinte foi um mero aproveitamento da cartografia Federativa Nacional. Não há atrelamento
obrigatório! Cada Estado corresponde a uma Seção Judiciária, além do DF. Logo, podemos dizer que, de plano, temos
27 Seções Judiciárias da Justiça Federal Comum.
- Unidade de Demarcação territorial: Cada Seção Judiciária se divide em Subseção Judiciária, de acordo com a
definição do legislador. Como há número menor de juízes federais que há de estaduais, é natural compreender que as
Subseções Judiciárias abrangem número maior de municípios que Comarcas abrangem. Comarcas estão pra Justiça
Estadual Comum, assim Como Subseções Judiciarias Federais estão pra Justiça Federal Comum. Além disso, as Varas
Federais tem área territorial muito maior que a área territorial das Comarcas.
Ex.: No Rio de Janeiro: no município Angra, há uma Comarca da Justiça Estadual para o município, assim como há uma
Comarca de Parati, uma de Mangaratiba e uma outra de Rio Claro. Mas a Subseção Judiciária de Angra dos Reis da
Justiça Federal, corresponde aos Municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba, Rio Claro e Parati. O litigante de Parati
vai litigar perante à Vara Federal sediada em Angra dos Reis.
- Magistrado: jurisdição desempenhada pelos juízes federais. Tanto Juízes de Direito, quanto Juízes Federais exercem
jurisdição monocrática de 1ª instância, em regra, são concursados publicamente, investidos em cargo de provimento
vitalício, integrantes de carreira distintas da magistratura.

Anotação de outro resumo:


 Os juízes federais exercem jurisdição nas varas federais. São os membros da magistratura federal de primeira
instância.
 As varas federais se distribuem em seções judiciárias e subseções judiciárias. Cada Estado-membro
corresponde a uma seção judiciária federal. Corresponder ≠ constituir.
 A organização judiciária federal é mero aproveitamento da cartografia nacional.
 A subseção judiciária está para a Justiça Federal assim como a comarca está para a Justiça Estadual, porém
nem sempre uma subseção corresponderá a exatamente uma comarca.
 A Justiça especializada é quase integralmente federal. Apenas a Justiça Militar possui estrutura estadual e
federal, uma vez que existem militares nos dois âmbitos.

b) Justiça Federal [CRFB/88, ART106 a 110] - 2ª instância: Tribunais Regionais Federais


- Organização Judiciária: Os Tribunais Regionais Federais não se desmembram, obrigatoriamente, em áreas de
jurisdição vinculadas ao Estado. Apesar de EC ter promovido modificação (sem ter sido implementada, na prática, por
falta de orçamento), temos cinco TRFs, divididos em cinco regiões.
- Demarcação territorial: O constituinte que determinou que o TRF não estaria preso ao Estado-membro. Essa divisão
varia de acordo com demanda e mapeamento das regiões. No Rio de Janeiro, temos a sede de um TRF: o da 2ª Região.
2ª Reg. RJ/ES. (sede no Rio de Janeiro)
É a 2ª instância federal comum de toda a 2ªregião que envolve as seções judiciárias do Rio de Janeiro e Espirito Santo.
Irá mudar quando for posta em prática a EC já mencionada anteriormente, em que serão implementados os novos
quatro tribunais (a cartografia irá mudar). A rigor, região poderia não corresponder ao Estado membro, como por
exemplo, “leste do Estado do São Paulo”, “sul de Minas Gerais” – mas aí daria trabalho pra entender; logo, o legislador
fez aproveitamento da cartografia, dividindo em regiões que são compostas por somatório de Seções Judiciárias (cada
uma corresponde a um Estado- membro). Mas, por enquanto, a cartografia atual divide os TRFs em cinco regiões.
- Problema atual: remapeamento dos Tribunais por Emenda Constitucional. Há desequilibro inter-regional por conta
das assimetrias econômicas, sociais e geofísicas do Brasil. Há uma divisão das necessidades do Brasil, em termos de
população, diferente. A sede também vai ser de acordo com número populacional. A 2ª Região, por exemplo, que
reúne as seções judiciárias do Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas a sede fica na cidade do Rio de Janeiro.
Composição dos TRFs, por enquanto (enquanto a EC ainda não é implementada):
1ª Reg. MG/ BA/ PI/ MA/ MT/ GO/ DF/ TO/ PA/ AM/ AC/ RO/ AP/ RR (Distrito Federal); CAUSA
2ª Reg. RJ/ES. (Rio de Janeiro);
3ª Reg. SP/MS (São Paulo);
4ª Reg. RS/SC/PR (Porto Alegre);
5ª Reg. SE/AL/PE/PB/RN/CE (Recife)
- Basta ver a 1ª Região pra entender o motivo para que se criasse mais TRFs. O grande problema que se viu foi em
relação ao acessibilidade à justiça: como proceder quanto à 2ª instância, dentro da lógica do duplo grau de jurisdição,
que tem a ver com matéria de motivação livre, ou seja, que deve ser de fácil acesso? Caso você interponha recurso de
apelação na Seção Judiciária em Roraima, ele é julgado a quase 4.000km de distância no TRF da 1ª Região (Sede em
Brasília!). Dependendo da sutileza da matéria, a parte pode querer que o advogado sustente no Tribunal Regional
Federal oralmente, com sua presença: como proceder nesse caso? É custoso enviar um advogado de Boa Vista pra DF
para essa sustentação. Com isso, o Constituinte derivado foi estimulado a fazer remapeamento pra ampliar a
acessibilidade à segunda instância no Brasil (objetivo da mudança).
- Composição do TRF: Cada Tribunal Regional possui, no mínimo, 7 juízes, escolhidos dentre brasileiros com mais de
30 e menos de 65 anos, quando possível, na respectiva região, e nomeado pelo Presidente da República, sendo um
quinto dentre advogados, com mais de dez anos de carreira, e os demais dentre juízes federais, com mais de cinco
anos de exercício, promovidos por antiguidade e merecimento, alternadamente.
[CRFB/88, art. 107] “Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos
de sessenta e cinco anos, sendo:I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; II - os demais, mediante
promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente.”
- Competência dos TRFs: para processar e julgar, originariamente, os juízes federais da sua área de jurisdição, incluídos
os de Justiça Militar e o da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do MPU,
excluída a competência da Justiça Eleitoral; revisões criminais e ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes
federais da região (...); julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
- Órgão fracionário mínimo: Turmas dos Regionais Federais. No Regional Federal da 2ª Região, são 8 turmas, cada
turma composta por 3 desembargadores federais. São 27 Desembargadores Federais.
A divisão interna se especializa de acordo com regimento interno. As turmas compõem as seções:
A 1ª seção é o somatório da 1ª com a 2ª turma: 6 desembargadores a primeira Seção (Criminal, Previdencial e
Propriedade Industrial).
A 2ª seção é composta pelas 3ª e 4ª turma (Tributária).
A 3ª seção é composta pelas demais compõem, com casos especializados (Cível e Administrativa).
- Antes, no Rio de janeiro, eram 3 turmas com 6 desembargadores, com matéria geral. O TRF-RJ fez o que estava no
limite de seu auto governo. Não poderia criar vaga desembargadorial. Com isso, desconstituiu as 6 turmas, com 4
desembargadoes cada, fez a nova divisão com 8 turmas, com 3 desembargadores cada, agora com ratione materiae.
Especializou as turmas, botando, no mínimo, duas turmas em cada seção para garantir que uma matéria não caísse
apenas em uma.
- Motivo pra existir seção: há recursos internos e ações autônomas internas que são julgadas pela seção, e não pela
turma. Há competências que são a 1ª seção, e não da 1ª e ou 2ª turma. Ou matérias de tributário que são da 2ª Seção,
e não da 3ª ou 4ª turma.
Exemplo: Ação rescisória cível (não é recurso, é ação autônoma de impugnação de coisa julgada) para atacar
decisão da 3ª turma especializada do TRF. É julgada pela 2ª seção.
Atenção! Ação rescisória atacando acórdão da seção é julgada pelo órgão especial.
- Presidente do Tribunal: chefe do Tribunal Regional Federal, em processo similar aos do TJ.
- Órgão Especial: como tem mais de 25 desembargadores, no caso do Rio de Janeiro, existe; é composto por 14
desembargadores.

Anotações de outro resumo:


 Assim como na Justiça Estadual, os juízes federais são membros do Poder Judiciário Federal, não integrando o
corpo dos Tribunais Regionais Federais, sendo membros deste apenas os desembargadores federais.
 Existem 5 Tribunais Regionais Federais que abrangem todas as seções judiciárias da Justiça Federal de
primeira instância.
 Os TRF’s também são divididos em seções, que contemplam as Turmas detentoras de mesma competência.
Contam ainda com um Órgão Especial que age como Plenário.

Justiça do Trabalho [CRFB/88, art]


a) Justiça do Trabalho - 1ª instância: Varas do Trabalho em Seções e Subseções Judiciárias - Juízes do Trabalho
- Magistrado: A função jurisdicional nas Varas do Trabalho é desempenhada por carreira própria – juízes do Trabalho.
[CRFB/88, art. 112] “A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.”
- Nota histórica: a 1ª instância da Justiça do Trabalho, até final da década de 90 não era monocrática, mas colegiado.
Era uma das exceções. Eram as Juntas de Conciliação e Julgamento, e não Varas do Trabalho, porque não eram
órgãos monocráticos, mas órgãos colegiados – com 3 juízes.
O juízo classista foi instituído no período da Era Vargas, com órgãos colegiados paritários, com os chamados
caracter classista. Um juiz de carreira na Junta e dois juízes eleitos por sindicatos (um patronal e um empregado),
de modo a deixar uma equalização. A Junta teve um papel histórico de afirmação na historia do Brasil, mas se
desgastou. Em 1990, viu-se que a Junta tinha uma tendência de ser pesada demais para o Estado, com resultado
inoperante. Havia neutralização decisória entre os dois juízes e quem decidia era o juiz togado. Logo, por Emenda
Constitucional, extinguiu-se as juntas, transformando-as em Varas do Trabalho. Com isso, a representação classista
da Justiça do Trabalho acabou. Com isso, restou apenas o juiz togado.

b) Justiça do Trabalho - 2ª instância: Tribunal Regional do Trabalho, 24 regiões


- Demarcação territorial - TRTs se distribuem em regiões, mas é um numero maior de regiões, porque há um
conteúdo de afetação social maior pelo que caracteriza a relação do trabalho – a assimetria (trabalhador
hipossuficiente x empregador). Logo, o conflito trabalhista tem uma comoção social e por isso deve haver mais
proximidade e social. Havia na Constituição uma norma que falava que deveria haver pelo menos um TRT sediado em
cada Estado, pelo menos. Como não se conseguiu institucionalmente ao longo das duas décadas da Constituição
sediar tribunais em todos os Estados, a EC mudou o texto e agora não é mais obrigatório. Há 24 TRTs distribuídas ao
longo do território nacional. De uma maneira geral, cada região da Justiça do Trabalho corresponde a um Estado
Membro da Federação.
Há Tribunal em todos os estados? Não! Ainda não há sede em todo o estado. Dizer “Estado” é mero
aproveitamento da cartografia dos Estados. Na 24ª região, cuja sede é Porto velho – RO, a região corresponde ao
Estado d RO e AC. Logo, o recurso de uma vara de trabalho situada em Rio Branco, vai pro TRT da 24ª Região pra
Porto Velho. Logo, não há em todos os estados. São 24 TRTs.
- Rio de Janeiro – “1ª região”, por exemplo, enquanto, na segunda instância, estamos sob a jurisdição da 2ª Região da
Justiça Federal, estamos sob a jurisdição da 1ª região da Justiça do Trabalho, que abrange ao que equivale ao estado
do RJ. A nossa é a primeira região por uma razão histórica: RJ era capital da Republica – tinha antiga sede do Tribunal
Superior do trabalho.. O tribunal Regional do Trabalho do RJ, por isso, é o da 1ª região – era a antiga capital do Brasil.
Toda a simbologia da era varguista de afirmação do Estado de Bem estra social: Getúlio Vargas intitulou a carteira de
trabalho 001. Assim, a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de Niterói estão sob 1ª Região.
- São Paulo – vanguardista. Na norma revogada dizia que havia, no mínimo, um Tribunal Regional do Trabalho em
cada Estado, então foi vanguardista a região de São Paulo, que foi desmembrada em duas: o TRT da 2ª região (sede
na cidade de São Paulo – jurisdição territorial sobre a capital de São Paulo e ABC Paulista) e o TRT da 15ª região (sede
na cidade de Campinas – jurisdição no meio oeste de São Paulo e Litoral Norte, região do ABC Paulista com muitas
causas trabalhistas). O que equivale o estado de São Paulo se divide em duas Regiões. Então, uma coisa interessante:
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª região é o único tribunal de apelação com sede fora de capital de um estado,
porque fica em Campinas.
- Magistrado: constituídos de turmas de Desembargadores do Trabalho. Na forma que cada regimento interno
estabelece.
[CRFB/88, art. 115] “Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e
menos de sessenta e cinco anos, sendo: I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o
disposto no art. 94; II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento,
alternadamente.”
- Movimento histórico de reinvidicação da advocacia trabalhista fluminense: há congestionamento da Região do Rio
com alto volume processual, logo, há um o pedido de se criar uma 25ª Região de TRT com sede em Niterói.
Movimento perdeu força, uma vez que não há recurso nem para se implantar um TRT em cada Estado.

Anotações de outro resumo:


 A Constituição dizia que cada Estado brasileiro deveria ter, pelo menos, um TRT – essa norma foi revogada. O
Estado de São Paulo possui dois, um na capital e outro em Campinas.
Justiça Eleitoral [CRFB/88, art]
a) Justiça Eleitoral - 1ª instância: Juntas e Zonas Eleitorais - Juízes eleitorais
- Magistrado: Atuação dos Juízes eleitorais.
- Característica especial: A justiça eleitoral é integralmente Federal (órgãos federais), mas não tem um corpo próprio e
definitivo de magistrados, devido à sazonalidade e fluxo do trabalho.
Atenção! Não é jurisdição sazonal, mas há sazonalidade do fluxo de trabalho. Há demanda processual maior no
período pré, eleitoral e pós eleitoral. Nos intermédios, o volume do trabalho da Justiça Eleitoral cai muito. Logo,
seria oneroso ao Estado (em sentido amplo) custear um corpo próprio e vitalício. Logo, ela funciona por um regime
de “empréstimo”, em que – pelo que se estabelece pela legislação federal – há um recrutamento de Juízes de
Direito do Estado para acumular a jurisdição federal eleitoral (recebem gratificação por isso – 1/3 do subsídio da
magistratura).
- Escolha de Juízes de Direito: há cúmulo funcional da jurisdição federal eleitoral – não deixa de exercer a judicatura
estadual. Ele exerce a investidura judicante comum e a investidura judicante especializada. Para isso, ele é nomeado
para isso, com critérios. No Rio de Janeiro, ¼ exerce esse cúmulo. Mas em uma comarca de Juízo único, como Rio Das
Flores, o Juiz de Direito titular é o Juiz Eleitoral. Os critérios são fixados na legislação eleitoral e na organização
judiciária.
Atenção! Há uma Fixio iuris (fixão jurídica). A justiça eleitoral é ramo da Justiça da União, logo, é órgão da união
federal. Juiz de Direito é magistrado integrante da Justiça Estadual, que exerce em cúmulo funcional uma função
judiciária federal especial. Exerce, de modo acumulada, o múnus jurisdicional eleitoral.
- Demarcação Territorial: Juntas eleitorais - não é junta composta por juízes eleitorais, mas colégio formado na forma
da legislação por eleitores probos, com histórico de serviço à Justiça Eleitoral, nomeados para compor as juntas para
julgar algumas questões administrativas de competência daquele órgão jurisdicional, que também acumula funções
administrativas em 1ª instância. A justiça Eleitoral tem essa característica tipicamente brasileira: está sob o encargo do
Poder Judiciário, a organização das eleições, ou seja, com cargos tipicamente administrativos observados pelas Juntas
Eleitorais. As Juntas Eleitorais são presididas por Juiz Eleitoral – um Juiz de Direito, como já dito, com cúmulo
funcional.
Por que são juízes de Direito que exercem função? O que se fala sobre isso? Há uma disputa entre AJUF x
Associações representativas da Justiça Estadual: é briga história pela titularização do cúmulo funcional da Justiça
Federal. Tese: se a função jurisdicional eleitoral é jurisdição federal, a junção deveria ser dada a Juízes federais –
magistrados do Estado estariam desempenhando função jurisdicional federal especializada. Mas a realidade é que
no âmbito da Justiça Estadual o número de juízes é muito superior ao da Justiça Federal. Não teríamos o numero
necessário de juízes federais para o exercício da função, como, por exemplo, em Mato Grosso, em que uma zona
eleitoral fica muito distante da Vara Federal. AJUFF, por esse motivo, quer mudança constitucional para conferir o
cúmulo funcional ao juiz Federal sempre que a Zona eleitoral for sede de Juízo Federal. Quando não for, que seja
mantido o cúmulo funcional em proveito do Juízo Estadual.

Anotação de outro resumo:


 Os juízos eleitorais de primeira instância são exercidos por juízes de direito da magistratura estadual,
designados para acumular a função judicante especializada eleitoral.
 Os juízes eleitorais exercem jurisdição eleitoral de primeira instância.
 Desempenham jurisdição federal, embora não haja corpo próprio autônomo de juízes eleitorais no Brasil.

b) Justiça Eleitoral - 2ª instância: Tribunais Regionais Eleitorais em cada Estado – 27 regiões


- Demarcação Territorial: Expresso pela Constituição Federal – por conta do federalismo tridimensional, com eleições
federais, estaduais e municipais: há um, e apenas um, TRE sediado em cada estado e um no DF. [CRFB/88, art. 120.
“Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.”]
Há, portanto, 27 Tribunais Regionais Eleitorais, sediados na capital de cada estado e Distrito Federal. Não se diz “TRE
do Estado do Rio de Janeiro”, mas “TRE sediado no Rio de Janeiro”; afinal, os TREs são de instância Federal. O certo é
dizer Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro – sem “estado”, apenas pra indicar a sede.
- Organização judiciária: O padrão é fixado na Constituição da República – todos os TREs tem o mesmo número de
membros; afinal, não é regido por regimento, mas pela letra da Magna Carta. O TRE tem, em alguns casos, decisão
monocrática de relator, e, em outros, decisão de plenário, que é muito pequenos, composto, cada um, por 7
Magistrados. É uma composição heterogênea, eclética, porque a Justiça Eleitoral não tem corpo próprio de juízes de
carreira da Justiça Federal. Serão juízes de Direito para 1ª instância. Na 2ª instância, a Constituição chama para si:
cada TRE será composto por:
2 desembargadores do TJ (plenário elege dois desembargadores do TJ);
[CRFB/88, art.120] “§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;”
2 juízes de Direito do Poder Judiciário Estadual de 1ª instância (Tribunal que elege);
[CRFB/88, art.120] “§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto:
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;”
1 será desembargador do TRF (quando a sede da Região do TRF coincidir com a capital do Estado em que se
encontra o TRE) ou juiz federal (de 1ª instância) quando a capital do Estado não for sede da região do TRF. Logo,
há o DF e 4 cidades/ capitais -sedes TRF e TRE e outras 22 cidades em que essa função é ocupada por um juiz
federal da seção judiciária da capital daquele estado, e não um desembargador do TRF.
[CRFB/88, art.120] “§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: II - de um juiz do Tribunal Regional
Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em
qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;”
2 advogados de notório saber jurídico e eleitos que exercerão função de juiz por dois anos.* Vão exercer judicação
de 2ª instância, com experiência do advogado eleitoralista pra dentro do Tribunal, mas não é vitalício. As duas
vagas pra advogados permitem que o juiz continue advogando – exercendo advocacia -, não perante o juízo
eleitoral. PERÍODO DE DURAÇÃO: BIÊNIO.
Esse processo é o do Quinto Constitucional? Não! São apenas duas vagas para advocacia pra compor
colegialidade. É processo de eleição diferente do Quinto Constitucional. Quinto Constitucional funciona dessa
forma: os advogados com mais de 10 anos de experiência, quando sai o edital (um desembargador morre e abre
vaga) da publicação da OAB, se habilitam. Forma lista sêxtupla, com escolha feita pelo Conselho da OAB. São 50
candidatos, mas apenas 6 candidatos são escolhidos. OAB encaminha lista sêxtupla pro Tribunal onde a vaga
existe, onde é reduzida a uma lista tríplice e enviada pro poder do chefe Executivo (se TJ, governador; se TRF ou
TRT, presidente). Esse processo vale apenas para os TJ(27), TRF(5) e TRT(24). Esse procedimento acontece pra
formar a bancada do quinto constitucional, dividido entre advogados de carreira (10 anos de advocacia contínua
na área de Direito da jurisdição do Tribunal) e membros do Ministério Público (se for pra TRT, deve ser membro do
Ministério Público do Trabalho, por exemplo), que se tornam vitaliciamente, deixando de exercer função anterior,
desembargadores do Tribunal que postularam. Como esse quinto é dividido entre advogados e membros do MP, o
certo a dizer seria “décimo constitucional” pra advogados.
[CRFB/88, art. 94] Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito
Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos
vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.”]
Como é processo para vaga de desembargador no TRE? Como juiz não é vitalício, essa fase da Ordem dos
Advogados do Brasil do Quinto Constitucional não existe. Quando há vaga de advogado no TRE, o próprio Tribunal
publica edital; advogado postula diretamente perante o tribunal. O Tribunal seleciona três advogados. O TJ que faz
seleção pro Tribunal Federal (Eleitoral). O TJ faz recrutamento e vota no plenário. Os três mais votados são
enviados para o chefe do poder executivo (nesse caso, por TRE ser da Justiça Federal, é o presidente). Aqui, os dois
advogados escolhidos pelo presidente se tornam, por dois anos, desembargadores eleitorais do TER de sua região.
[CRFB/88, art.120] “§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: III - por nomeação, pelo Presidente da
República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Tribunal de Justiça.”

- Função cúmulo funcional é só primeira instância, mas há dois desembargadores que acumularão função do TRE, ou
seja, de 2ª instância. O juiz, além de juiz, pode ser advogado.

Anotações de outro resumo:


 Cada Estado brasileiro será sede de APENAS um TRE.
 O TRE é composto por 7 magistrados:
2 desembargadores provenientes do TJ do Estado;
2 juízes de direito da primeira instância do Estado;
1 desembargador federal do TRF sediado no Estado (se não for sede de TRF, será um juiz federal);
2 advogados que desempenham a função durante 2 anos.

Justiça Militar [CRFB/88, art]


a) Justiça Militar - 1ª instância: Conselhos de Justiça Militar (do Estado ou da União) – Juiz Auditor Militar (União) ou
Juiz de Direito (Estado)
- Organização Judiciária: órgãos colegiados de 1ª instância: são os Conselhos de Justiça Militar (Conselhos de Justiça
Militar da União e Conselhos de Justiça Militar do Estado).
- Característica importante: Na Justiça militar, embora haja julgamentos monocráticos, a regra não é a monocracia,
mas o colegiado. Foi a herança do escabinato, órgãos instituídos por D João VI para julgamento dos militares da
armada e do exercito pelas infrações penais, os crimes militares.
- Diferença em relação aos ramos de Justiça especializada: existe nos dois planos – Estadual e Federal.
Obedecendo ao princípio federativo, porque temos militares federais e militares estaduais. No âmbito federal, os
militares que integram as Forças Armadas: Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira. No
âmbito estadual, os militares que integram as Forças Auxiliares: Corpos de Bombeiros Militares e Polícias Militares.
Para que um militar estadual não seja julgado pela União e Vice-versa, existe Justiça Militar da União e Justiça
Militar do Estado. Logo, é o único ramo de justiça especializada que existe tanto no plano da União quanto no do
Estado. Justiça do Trabalho e Justiça Eleitoral são SEMPRE federais.
- Conselhos de Justiça: compostos por cinco membros - um juiz togado, bacharel de direito e concursado, e quatro
oficiais na forma da legislação militar:
Nos CJM da União: 1 juiz auditor militar + 4 oficias das Forças Armas (FAB, Marinha e Exército)
- No âmbito da União, existe carreira de juiz auditor militar – é um concurso especializado e bem raro, com
poucas vagas. Competência: função jurisdicional criminal militar na União. Juiz militar da União julga as praças
e os oficiais da Marinha, FAB e Exércitos.
- Competência: função jurisdicional criminal militar na União para julgar militares por crime militar na forma do
Código Penal Militar, Decreto-lei 1001/1969, e com processo disciplinado em lei apartada, no Código de
Processo Penal Militar, pelo Decreto-lei 1002/1969.
Nos CJM do Estado: 1 juiz de Direito + oficias das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros.
- No âmbito do Estado, quem preside o CJM é o juiz de Direito. A função judiciária militar de investidura plena
é titularizada por um juiz de Direito – contemporizado com a presença dos oficiais (que também exercem
função jurisdicional, julgando seus pares).
- Competência: função jurisdicional criminal militar no Estado para julgar militares por crime militar na forma
do Código Penal Militar, Decreto-lei 1001/1969, e com processo disciplinado em lei apartada, no Código de
Processo Penal Militar, pelo Decreto-lei 1002/1969.

Anotação de outro resumo:


 Presente na esfera estadual e federal.
 O órgão de primeiro grau é constituído pelos Conselhos de Justiça Militar, que processam e julgam os crimes
militares.
 Os Conselhos de Justiça Militar não são órgãos monocráticos, mas colegiados. Constituem-se de um
magistrado togado (no âmbito da União, juiz auditor militar; no âmbito do Estado, juiz de direito) + 4 oficiais
(no âmbito da União, Marinha, FAB e Exercito; no âmbito do Estado, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar).

b) Justiça Militar - 2ª instância: Federal: STM; Estadual: TJ ou Tribunal Regional Militar (apenas em SP, MG e RS)
- Nota importante: a Justiça Militar existe tanto no plano federal, quanto no estadual (PM e Corpo de Bombeiros). Por
isso, para que não haja contradição dentro do sistema federativo, criou-se a Justiça Federal militar em dois planos. A
constituição deixou que a lei estabelecesse e instituísse os Tribunais Regionais militares de 2ª instância:
No âmbito Federal, isso não foi feito. Até hoje, não foram criados os Tribunais Regionais Militares. No âmbito
federal, o STM faz o papel de 2ª instância especializada da Justiça Militar Federal – embora seja um tribunal
superior. O STM é o tribunal mais antigo do país, criado em 1808. D. João VI, ao chegar aqui, criou o órgão
Conselho Supremo de Justiça Militar. Foi o órgão que antecedeu o Superior Tribunal Militar. O STM exerce função
de 2ª em relação à jurisdição federal especializada militar, por falta de Tribunal Regional Militar. No âmbito
Federal, portanto, o recurso vai pro Superior Tribunal Militar.
No âmbito Estadual, como não há carreira própria da justiça militar (são juízes de Direito na 1ª instância), a 2ª
instancia será composta pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Estado que faz o papel de 2ª instância especializada da
Justiça Militar Estadual. A Constituição, no entanto, deixa claro: os Estados Membros que tiverem mais de 20mil
integrantes do efetivo das suas forças auxiliares- PM e Corpo de Bombeiros – terão autoridade constituída pra
instituir um Tribunal de Justiça Militar Especializado Estadual para 2ª instância.
[CRFB, art. 125 - § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau,
pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja
superior a vinte mil integrantes]
É faculdade política para os Estados que tenham mais de 20mil homens no efetivo da Polícia Militar e Corpo de
Bombeiros – somando-se as forças estaduais.
E onde existe Tribunal de Justiça Militar Especializado Estadual para 2ª instância? Tribunal de Justiça Militar
existe só em 3 Estados: SP, MG e RS. Afinal, além de ser decisão política de se criar o Tribunal, deve haver o
contingente com mais de 20 mil homens. São 7 membros – 3 juízes civis e 4 militares (coronéis trazidos da PM e
Corpo de Bombeiros). No Rio de Janeiro, por decisão política, não foi criado o Tribunal de Justiça Militar Estadual
para 2ª instância. Aqui, quem faz o papel de 2ª instância é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Anotação de outro resumo:


 Na esfera estadual, a Constituição prevê a possibilidade de criação de Tribunal de segunda instância
especializada de Justiça Militar, TJM, contanto que o Estado tenha pelo menos vinte mil integrantes no
efetivo somado das forças militares.
 Na esfera federal, a Justiça Militar não possui Tribunais Militares, o que leva o Superior Tribunal Militar (STM)
a exercer a competência jurisdicional de segunda instância.

Tribunais Superiores
- Definição no texto constituição, jurisdição em todo o território nacional.
[CRFB/88, art. 92] “§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
sede na Capital Federal. (§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o
território nacional.”
- Diferenciar os Tribunais Superiores x STF. Há autores que consideram o STF como Tribunal Superior, mas não é a
interpretação mais adequada, segundo Gustavo Sampaio. A mais adequada é aquela que determina o STF como
tribunal de cúpula, não como Tribunal Superior, propriamente. Até porque o Tribunal Superior admite recurso ao STF.
Ou seja, ainda que não haja relação de hierarquia entre órgãos do poder judiciário, há uma estamentalização própria.
A primeira instância é um estamento do PJ, a segunda instância, a conhecida como a instância de apelação, é um
estamento, os tribunais superiores compõem um outro; o STF é o mais alto estamento do poder judiciário. Mas isso,
de maneira alguma, traduz relação de hierarquia.
- STF é superior? Não se pode dizer que o STF é hierarquicamente superior aos tribunais superiores. Não existe essa
relação, porque a atividade jurisdicional só se desempenha por provocação própria. Ele só decide quando é chamado
pra decidir. Ainda que o Tribunal tenha autoridade pra desconstituir o teor de uma decisão de 1ª instância, não o faz
espontaneamente. É preciso que haja provocação por uma parte interessada. Não se declara uma decisão “nula.” Por
isso, o recurso tem o efeito devolutivo, porque restitui a função jurisdicional a oportunidade julgar, oportunidade essa
que, sem o recurso, o poder judiciário não terá. Se ninguém recorrer de uma decisão da 4ª Vara Cível de Niterói? O
prazo dos recursos vai esgotar e se produz a coisa julgada. Uma vez trânsito em julgado, ela será irrecorrível. Por isso,
não há hierarquia entre órgãos do Poder de Juciário. O que há entre os órgãos do Poder Judiciário é divisão de
competência.
- Ainda que não haja relação de hierarquia, existem instâncias, níveis do Poder Judiciário rumo a essa partilha de
competências entre os seus órgãos. Logo, o STF não é Tribunal Superior, mas um tribunal de cúpula, o tribunal
supremo. O que chamam, em outros países do mundo, de Corte Suprema.

ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO

Supremo Tribunal Federal (STF)


11 ministros
Justiça Comum Justiça Especializada
STJ TST TSE STM
33 ministros 27 Ministros 7 ministros 15 ministros
3 Seções: 10 min militares
2 seções: 3 ministros STF
1ª Seç.: 1ª e 2ª turmas - Direito Público 4 Gen de Exerc | 3 Tem. Brig.
Dissídios individuais 2 ministros do STJ 3 Alm de Esquadr.
2ª Seç.: 3ª e 4ª turmas - Direito Privado
(SD1 e SD2) 2 advogados 5 min civis
3ª Seç.: 5ª e 6ª turmas - Direito Criminal 3 entre Adv. | 1 do MPM
Dissídios coletivos em lista tríplice
* Corte Especial – 14 min + antigos 1 juiz auditor da JMU

6 Turmas com 5 ministros cada 8 Turmas com 3 min. Reunião em Plenário Plenário
Recurso Especial
Recur Recurso Especial Recurso Especial
Recurso de Revista Eleitoral -
sos R.Esp R.Esp
Resp Eleitoral
Justiça Estadual Justiça Federal JustiçaTrabalho Justiça Eleitoral Justiça Militar
2ª TJ TRF TRT TRE X (STM) TJ / TRM
Varas Varas Federais Varas do Trabalho Conselho Conselho
Seções judiciárias Seções judiciárias Juntas e Zonas Justiça Justiça
Comarcas Militar Militar
Subseções Subseções Eleitorais
1ª (Município) Federal Estadual
Judiciárias Judiciárias
Juízes eleitorais Juiz aud. Juiz de
Juízes de direito Juízes federais Juízes do trabalho
(Juiz de direito) Militar direito

Superior Tribunal de Justiça (STJ)


- Competência: Recebedor de recursos originários tanto da Justiça Estadual Comum quanto a da Justiça Federal, da
Justiça Comum. A competência do STJ não é meramente recursal. Os tribunais também exercem competências
originárias. Entre os recursos, o mais conhecido é o Recurso Especial (REsp) – controle de legalidade. [CRFB/88, Art
105, III]
- Definição do Superior Tribunal de Justiça. De uma maneira geral, é um controle de defesa e guarda da lei federal. O
STJ é o guardião da lei federal, com controle de legalidade. Diferente do STF, como guardião da Constituição da
República. Por isso, o Superior Tribunal de Justiça é uma instância especial de jurisdição, de controle de legalidade,
não 3ª instância (Visão de Paes de Almeida). O STJ é instância especial, porque julga recursos de motivação vinculada,
que não é o recurso de apelação (por mera de irresignação da parte) – embora também possa ser interposto em
defesa da lei federal e lei constitucional. Sempre que cabe ordinário, não cabe recurso especial ou extraordinário. Se o
problema da sentença for atentatório à lei federal ou constitucional, não irá direto ao STF! Mas ao tribunal de
apelação. Afinal, no recurso ordinário, que é de livre motivação, cabe tudo. O recurso especial, não, só de motivação
vinculada; logo, não cabe qualquer motivação – apenas autoridade da lei federal.
- Direito comparado: Corte de Cassação x STJ: Em muitos países do mundo – como Europa Continental, existem Cortes
de Cassação, como na França. Lá, a Corte de Cassação é uma corte de controle em face da lei nacional. Não é uma
terceira instância, mas uma instância especial também. Muitas vezes, por conta dessas alusões, equiparam o STJ a
uma Corte de Cassação - como se o nome apenas fosse diferente. O modelo de Cassação é diferente do nosso! O STJ
é uma instância especial de jurisdição, como a Corte de Cassação, mas não é propriamente uma Corte de Cassação.
Porque há diferenças:
No nosso sistema, quando um recurso especial é interposto ao STJ, STJ julga o recurso e a matéria de fundo,
estabelecida ver gastada através do recurso. Nas Cortes de Cassação, na França, quando é chamado a decidir em
uma questão de legalidade, se ele entender que a decisão do tribunal de apelação é ilegal, ele cassa a decisão e
restitui ao tribunal pra julgar novamente. Ou seja, a diferença é: o STJ JULGA a matéria TODA, a Corte de
Cassação, não.
No Brasil, também há casos em que STJ julga e devolve pra julgar a matéria ao tribunal. No Brasil, o STJ mandar o
caso ao tribunal de apelação julgar novamente é exceção! Na França, a Corte também pode julgar a matéria toda.
Mas é exceção, e não a regra.
Exceção à regra de julgar matéria toda no Superior Tribunal de Justiça: Quando há RESP, há exame da
adequação quanto à existência de atentado à lei federal, faz julgamento competente. Mas existem hipóteses
sim de devolução. Quando a motivação for a ausência de complementação do tribunal local. Quando o
tribunal local não prestou jurisdição completa – a CRFB veda a negação da jurisdição completa. O que
costumeiramente ocorre de um tribunal de apelação local não prestar a jurisdição integral. Daí a parte impõe
embargos declaratórios dizendo que a jurisdição não foi prestada, sendo necessário completar jurisdição. Se
STJ der provimento ao recurso, ele manda o tribunal local ou regional terminar de julgar. Isso não é regra, é
exceção. Logo, não podemos dizer que é Sistema de Cassação, mas um sistema de Superior Tribunal.
Exceção à regra de cassar decisão e mandar corte de apelação apreciar a matéria: quando a Corte de
Cassação manda o tribunal de apelação fazer novo julgamento e este insiste na ofensa à autoridade da lei.
Com isso, há novo recurso à Corte de Cassação. Nesse caso, pela persistência, a Corte de Cassação julga a
matéria de fundo. Logo, lá, esse julgamento é exceção, apenas nesse caso. Num primeiro momento, ela apenas
cassa e restitui para novo julgamento. Lá o recurso de cassação é chamado de pourvoi en cassation. Se há
segundo pourvoi en cassation, sobre para o pleno.
Ou seja, a regra é: STJ julga a matéria toda e Corte de Cassação cassa e restitui ao tribunal de origem de apelação.
- Organização Judiciária: São 33 ministros divididos em 6 turmas (órgão fracionário mínimo do STJ), com 5 ministros
cada uma. Há uma ratione materiae: 1ª e 2ª turmas – matéria de Direito Publico lato sensu -, 3ª e 4ª Direito Privado,
5ª e 6ª Direito Penal. Um REsp envolvendo em demissão de servidor público ou matéria tributária ou previdenciária
vai pra 1ª e 2ª turmas do STJ.
[CRFB/88, art. 104] “O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de
Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito
Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.”
- Além das Turmas, que são órgãos fracionários mínimos do STJ, temos também as Seções. Uma ação rescisória é
competência da Seção, e não de turma. Um recurso especial, por exemplo, vai pra qualquer uma das turmas. O que
vai indicar a competência é o regimento interno do STJ, que mostrará o que compete às turmas e o que compete às
seções.
- Corte Especial: 14 ministros mais antigos da Corte, parecido com o Órgão Especial, com competência de pleno. Faz o
papel do Pleno, para que não seja necessário os 33 ministros decidirem sobre uma matéria. O que compete à Corte
Especial é indicado pelo regimento interno. Exemplo de competência originária do STJ: Ação Penal movida em face de
Governador de estado por Crime Comum é perante a Corte Especial do STJ. Além dessa hipótese, tem o exemplo de
competência em ação rescisória: a corte especial julga uma ação rescisória quando é contra uma Seção do STJ.
Incidente de constitucionalidade dentro do Tribunal (controle difuso) de uma decisão de turma. Pelo art. 97, aplica-
se o princípio da reserva de plenário – matéria de controle de constitucionalidade. Se uma parte suscitar o
incidente de constitucionalidade e remete-se à Corte Especial do STJ, porque faz papel de plenário. A Corte julga,
dá resposta em termos de controle de responsabilidade e vincula a turma. A turma termina de julgar.
- Presidência: Os 3 ministros que “sobraram”, bianualmente, compõem a presidência, vice presidência e a
corregedoria geral de justiça. Quando estão nessas funções, destacam-se das turmas.
Corregedores dos Tribunais Regionais Federais: o Superior Tribunal de Justiça é considerado, em termos
administrativos, o órgão de controle da Justiça Federal do Brasil (não do Tribunal de Justiça - estadual). Por isso, o
desembargador federal que, durante biênio, exerce função de corregedor, exerce função de corregedor, é função
de corregedor regional. O TJ tem sempre um desembargador estadual que é corregedor geral de Justiça. Nos TRFs,
não: o corregedor regional é somente regional, porque o corregedor geral do TRF é o Ministro do STJ. Quando
exerce essa função, é destacado das três turmas e fica na Corregedoria Geral. Ou seja, o Corregedor Geral
Estadual do TJ é apenas ele, mas no TRF, um desembargador se torna Corregedor REGIONAL.
- Competência O STJ não tem apenas competência recursal, mas também ordinária! Quem indica isso é CRFB.
Competência originária dentro do STJ é indicada pelo regimento, não a Constituição. É o regimento que indica pra
onde vai. Além disso, além da competência em recurso especial e a competência originária, há a competência em
recurso ordinário. No recurso ordinário, o STJ atua atipicamente com 2º grau de jurisdição. Iremos estudar depois.

Anotação de outro resumo:


 Composto por 33 ministros.
 Possui 6 Turmas, cada qual composta por 5 ministros, e são subdivididas em 3 Seções, cada qual composta
por duas Turmas (O Presidente, Vice e Corregedor não integram Turmas durante o mandato).
 As duas turmas da 1ª Seção exercem competência em matéria de Direito Público, as duas da 2ª em matéria
de Direito Privado, e as duas da 3ª Seção em matéria de Direito Penal.
 Existem recursos que são de alçada das Turmas individuais, e matérias que são de alçada da Seção.
 Há uma Corte Especial, que funcionalmente assemelha-se ao Órgão Especial dos Tribunais estaduais.
 É considerado um Tribunal nacional, pois é Tribunal superior de toda a Justiça Comum, tanto estadual quanto
federal.
Tribunal Superior do Trabalho (TST)
- Organização Judiciária: Na Justiça especializada, haverá um tribunal superior para cada Tribunal. O TST é composto
por 27 ministros que recebem recursos interpostos em decisões proferidas nos TRTs das 24 regiões. Se divide em 8
turmas de 3 ministros cada qual. Mas não há fracionamento apenas em turmas, mas em 2 seções: a seção de dissídios
individuais e seção de dissídios coletivos.
CRFB/88, art. 111-A] “O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo
próprio Tribunal Superior.”
- Competência: É um tribunal como um outro. Não é de cassação, mas uma instância superior de controle de defesa e
guarda da legislação federal do trabalho. Tem competência originaria e recursal, mas caracteriza principalmente por
competência recursal. Figura de recurso da defesa da lei federal trabalhista – Recurso de Revista. É um recurso de
índole extraordinária. Não se equipara ao REsp, nem é apenas uma mudança de nome; mas, falando grosseiramente,
é como um “REsp da Justiça do Trabalho” – é um controle de legalidade das decisões dos TRTs que se vergarem
atentatórias à autoridade da lei federal do trabalho.
Não se pode dizer “recurso extraordinário”? É preciso ser específico em provas e dizer Recurso de Revista, no TST.
Poderia se dizer, no entanto, que são extraordinários, como fala Pontes de Miranda. Ele é um recurso
extraordinário apenas por não ser recurso ordinário (motivação livre). Como o Recurso de Revista é um de
motivação vinculada, é porque é um recurso extraordinário. Logo, é um recurso extraordinário em lato sensu, mas
um Recurso de Revista stricto sensu.
Recursos ORDINÁRIOS (livre motivação, o recurso de apelação no duplo grau de jurisdição) e EXTRAORDINÁRIOS
(lato sensu, como gênero: Resp, Recurso de Revista, Recurso ao STF; stricto sensu, como espécie: o Recurso
interponível ao Supremo Tribunal Federal)
Logo, Recurso de Revista é, stricto sensu, assim definida. Lato sensu, recurso extraordinário.
Mas cabe interpor dois recursos em uma mesma decisão? É a hipótese de interposição recursal dúplice, com
REsp ao lado de Recurso Extraordinário. Não há problema. Quando isso ocorre é porque, segundo a parte, a
decisão proferida pelo tribunal de apelação atentou tanto contra autoridade da lei, quanto a autoridade da CRFB.
Nesse caso, há interposição dúplice. Há um desmembramento, com duas petições, apresentadas em 15 dias,
passando por juízos de admissibilidade distintos. Se admitidos os dois recursos, os dois seguem aos tribunais de
destino, o STJ e o STF, sendo o STJ quem julga primeiro, o extraordinário fica sobrestado. Porque se o REsp for
provido, ainda que o fundamento seja distinto, o conteúdo decisório é o mesmo, e o outro perde o objeto. Se REsp
for desprovido, mas o extraordinário passar pelo filtro da repercussão geral (filtro introduzido pela EC45/04), como
condição geral de admissibilidade, aí o recurso extraordinário vai ser julgado do STF. A estatística é bem pequena!
Condição especial de admissibilidade do recurso extraordinário deixa difícil isso ocorrer.
Um Recurso especial da Justiça do Trabalho – Recurso de Revista - é igual a um REsp? Não. A grande diferença é
que Recurso Especial na Justiça do Trabalho, que é o Recurso de Revista, se destina tanto à impugnação da
decisão ilegal, quanto à inconstitucional– há controle de legalidade e constitucionalidade. E no REsp só se discute
a ilegalidade, que sobre ao STJ, e não a inconstitucionalidade.

Tribunal Superior Eleitoral (TSE)


- Composição: 7 ministros, 3 do STF, 3 do STJ e 2 advogados. Não há ministros permanentemente daquela corte, mas
são os “ministros de empréstimo.”
[CRFB/88, art. 119] “O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.”
- Os ministros têm mandato (2 anos) e não são vitalícios no TSE. São eleitos bianualmente.
O STF elege três ministros irão acumular função.
Os 33 Ministros do STJ elegem os dois ministros que comporão o TSE.
Os dois advogados são escolhidos por lista tríplice que se inicia no TSE, passam por STF e depois nomeados pelo
Presidente da Republica. São eleitos, em um biênio, passível de recondução, os dois advogados – atualmente, Min
Luciana Locio e Henrique Neves. Não se aplica o quinto constitucional! O ministro que é advogado, pode continuar
advogando, mas não na área da Justiça Eleitoral.
- Presidente do TSE: necessariamente, um dos três Ministros do STF. O vice presidente: um deles também. O
corregedor geral da Justiça Eleitoral é um dos Ministros do STJ.
[CRFB/88, art. 119] Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
- Recurso: Há vários tipos de Recurso, tanto ordinário, quanto especial, chamado o Recurso Especial Eleitoral. Muitas
vezes o recurso especial não se dá por ser atentatório à lei federal, mas por desuniformidade jurisprudencial.
Exemplo: TER-RJ está decidindo sistematicamente de uma forma, o TER-MG de outra forma. Com isso, forma um
dissídio jurisprudencial na lei federal. A solução é Recurso Especial ao Tribunal Superior Eleitoral.
- Competência: exerce competência no plenário. Algumas competências são monocráticas. Os regionais eleitorais
também funcionam assim, como se fosse uma turma única. É o plenário.

Superior Tribunal Militar (STM)


- Nota histórica: Tribunal superior mais antigo do Brasil. Foi o primeiro criado, por um alvará de D. Joao VI , chamado o
Conselho Supremo de Justiça Militar. Hoje, Superior Tribunal Militar.
- Composição seguindo o modelo do escabinato (modelo histórico de composição dual – magistrado civil e militar),
com composição dual do colegiado dentro da Justiça Militar: o civil e militar. É o que ocorre nos Tribunais militares e
Conselhos Justiça Estadual e Federal Militar (juízes de carreira e militares, que se alternam) também. São 15 ministros
vitalícios, dentre os quais 10 militares e 5 civis: [CRFB/88, art. 123] “O Superior Tribunal Militar compor-se-á de
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
Federal (...)”
- Ponto de inflexão no sistema constitucional. O STM tem 10 militares e 5 civis, mas todos os ministros militares são
membros do Poder Judiciário e todos são vitalícios (diferente do Conselho de Justiça Militar. No federal, é juiz auditor
de carreira. No Estadual, Juízes de Direito. Os outros membros do escabinato, vão se alternando!). Ou seja, ministros
militares são membros do PJ, mas são militares – forças armadas são submetidas à autoridade suprema do Presidente
da República (Chefe de Estado, Chefe de Governo e Chefe da Administraçã pública). Assim, é um ponto de inflexão do
sistema: 10 são oficiais-generais da última patente das Forças Armadas, membros do Poder Judiciário e vitalícios!
Estes militares estão fora de comando militar, mas é membro, sim, do PJ. Eles continuam a fazer parte do quadro, mas
não da reserva.
- Composição
10 militares:
4 são oficiais generais de ultima patente do Exército = General de Exército.
3 são oficiais generais da ultima patente da FAB = Tenente Brigadeiro.
3 oficiais generais da última patente da Marinha do Brasil = Almirante de Esquadra.
[CRFB/88, art. 123] “O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais
da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.”
5 civis:
3 advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional passando pela sêxtupla da OAB – como no
quinto constitucional. Quando eleitos, deixam de ser advogados e passa a ser magistrados
1 membro de carreira do Ministério Público Militar (MPM), um ramo do Ministério Público da União;
1 Juiz Auditor Militar da Justiça Militar da União (que é o Juiz Auditor Militar da União, da 1ª instância da Justiça
Militar)
[CRFB/88, art. 123] “O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal (...)
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de
trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.”
Por que há membros militares no STM? Qual a finalidade disso? É necessário que haja militares por
conhecerem as peculiaridades da vida e delitos de um militar. Algo que ilustra isso é o Decreto-lei nº
1001/1969 que institui o Código Penal Militar. O crime de dano, por exemplo, admite a forma dolosa e culposa,
diferente do artigo 169 do CP. Esse é o motivo de existir uma Justiça Militar, porque há divergências. Exemplo:
um militar, encarregado de uma condução ou viatura do Transporte: ao assumir deveres, não próprios a um
cidadão comum, o cabo do exercito tem o dever de zelo e perícia muito maior que um cidadão comum. Por
conta disso, legislador estabeleceu grau maior de tutela – ele tipificou a conduta do que estraga a propriedade
militar por imprudência, imperícia e negligência. Logo, admite-se, na legislação brasileira, dano culposo pelo
CPM. Isso mostra que dentro da vida militar, há características próprias. A disciplina e a hierarquia compõe a
funcionalidade das forças armadas. Por isso é necessário que haja militares no exercício da função jurisdicional.

Anotação de outro resumo:


 Composto por 15 ministros: 10 são militares e 5 civis.
 Dos militares, 4 provenientes ao Exército, ocupantes da última patente do generalato – general de Exército, 3
da patente máxima do generalato da FAB – tenente brigadeiro, 3 da patente máxima do almirantado Marinha
– almirante de esquadra.
 Dos civis, 3 advogados escolhidos em lista tríplice, com pelo menos 10 anos de exercício de advocacia na área
da Justiça Militar, 1 do MP Militar da União e 1 da carreira de juiz auditor militar.

Supremo Tribunal Federal (STF)


- Composição: 11 ministros entre 35 e 65 anos de idade para nomeação, com notório saber jurídico e reputação
ilibada. É um modelo de composição questionado pela sociedade, política e estudiosos, porque questionam se é um
modelo que enseja ou não a carga necessária de legitimação democrática para desempenhar papel tão amplo, como
o papel que o STF tem desempenhado no Brasil. Tem sido visto nos últimos anos uma escalada meteórica do STF. Em
toda república foi a cúpula do Poder Judiciário, mas nada se compara aos momentos contemporâneos em matéria de
importância política Assumiu capitania política sem igual. Por conta da importância política do STF, seria necessário
que os Ministros tivessem maior legitimidade quanto ao saber jurídico. O STF tornou-se, hoje, o órgão mais
importante do país.
- Processo Mundial de importância às Cortes Supremas: No mundo inteiro os órgãos análogos ao STF, as cúpulas
judiciarias ou órgãos de controle máximo de constitucionalidade (Europa Continental) têm assumido capitania politica
decisiva. No Brasil, obteve uma escalada sem igual. Existe a judicialização no sentido da assunção de competências do
Poder Judiciário, mas também há um processo de judicialização que leva as grandes decisões pra cúpula do PJ. Há
mais de 17 mil magistrados no país, logo, o STF, composto por 11 juízes, gera uma “aristocracia judiciária”, uma
“supremocracia”, um “governo do STF”. As terminativas decisões têm vindo do STF. Muitas vezes, vemos o STF
tentando se conter (visto nos episódios do Impeachment) para apresentar à nação um demonstrativo de que está
ciente do que está acontecendo e precisa se conter – adotar o perfil self restraint. Os grandes dissensos morais da
nação estão sendo resolvidos não mais no Congresso Nacional, mas no Supremo Tribunal Federal.
- A consequência disso é a seguinte: isso torna o STF um tribunal cujo paradigma de escolha de seus juízes
necessariamente deva ser revisitado. O modelo hoje de composição do STF é modelo praticamente da República
Velha. Só que o STF tem mais de dez vezes o poder que tinha na República Velha. Indaga-se, portanto, se o mesmo
critério continua legitimando o STF por conta da escalada de poder e competência que se deu em proveito do STF.
Fonte desse modelo: EUA. Na extinção da Suprema Corte do Império, buscou-se o modelo norteamericando de Corte
Suprema pra escolha de ministros. Na Alemanha, o Tribunal Constitucional se constitui de magistrados escolhidos para
mandato de doze anos, não vitalícios. Na Suprema Corte dos EUA ministros são vitalícios, ipso facto. Na opinião do
professor, em breve isso irá mudar, no Brasil. A vitaliciedade do magistrado já é uma prerrogativa que está sob
censura. O certo seria pensar o Judiciário sob o ponto de vista da provisoriedade.
Os Tribunais superiores são constituídos por escolha do Presidente da República? O presidente escolhe quem
ele quer pros tribunais? Em certa medida, isso é verdade. Quem nomeia os ministros é o Presidente. Mas esse
critério de escolha nunca é tão livre quanto como é no STF.
No Supremo Tribunal Federal, o presidente indica o jurista de “notável saber” e “reputação ilibada.” – uma
escolha subjetiva do Presidente e Senado. Não há indicação tão livre quanto ao da Suprema Corte. Dos 11
ministros, temos muitos ministros da advocacia, da magistratura, MP, etc. O Min. Celso de Mello, era do MP, a
Min. Rosa Weber era ministra do TST, por exemplo – ou seja, não há determinação fracionária. A rigor, pode
ocorrer de todos os ministros serem egressos da advocacia ou do Poder Judiciário. A indicação é livre.
Superior Tribunal Militar: O critério de escolha do presidente é um critério extremamente amarrado, porque o
precoce de seleção de ministro do STM é um processo muito mais restrito. O ministro do STM é muito mais
vinculado à etapas previstas na CRFB do que a de escolha do STF.
Superior Tribunal de Justiça: há um fracionamento de três terços. São 33 ministros. Desses 33, 11 ministros
necessariamente terão sido provenientes do quadro das desembargadorias Federais regionais das cinco
regiões. Outros 11 ministros necessariamente terão sido provenientes do quadro das desembargadorias dos
tibunais regionais dos Estados e do DF. E 11 são escolhidos o que chamamos de terço constitucional da
advocacia e do mistério Público. Desses 11, metade da advocacia, metade do MP, alternadamente. O critério
de escolha pro STJ, portanto, é difícil. Não há concurso pra ser ministro do Superior Tribunal de Justiça. Se hoje
se aposenta um Ministro do STJ, é preciso ver a origem da vaga. Se Ministro do STJ que se aposentou for
originário da magistratura da Justiça do Estado de 2ª instância, será uma escolha entre os mais de mil
desembargadores dos 27 Tribunais de Justiça do Estado que existem no país. Processo:
 Publica-se um edital. Os desembargadores dos TJs que quiserem concorrer, se apresentam.
 O STJ faz lista tríplice com três nomes mais votados, com a condição de que terá que ter sido
desembargador da Justiça do Estado (de acordo com a origem da vaga do Ministro do STJ que se
aposentou. Nesse caso, ele era desembargador do Tribunal de Justiça).
 A lista tríplice segue pra presidência da República. Presidente escolhe alguém e envia nome pro
Congresso.
 O nome passa pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A CCJ do Senado faz sabatina e
vota indicação.
 Se CCJ aprovar a indicação do presidente, presa à lista de três, ela vai em votação pro plenário da casa.
 Com a aprovação do plenário, o Presidente é cientificado.
 Nomeação do novo Ministro do STJ pelo Presidente, com publicação no Diário Oficial da União.
Logo, ao contrário do que jornalistas dizem, o presidente não terá livre escolha. Ok, na lista tríplice, terá toda a
discricionariedade pra indicar um dos três, mas o Senado terá que aprovar, com nomeação posterior do
Presidente. É muito mais constrita que o STF.
Se fosse uma vaga de ministro de STJ, proveniente da advocacia, o processo seria ainda mais longo, com formação
de lista sêxtupla, com sabatina do Conselho Federal. O STJ escolheria três, indicaria ao Presidente. Ele indicaria um,
que passararia pela CCJ, depois pelo plenário e, finalmente, pra nomeação do presidente. Logo, nesse processo,
várias vontades são manifestadas, e não só do presidente! Portanto, apesar de no STF a indicação ser mais livre
(dentre todos os juristas que ele julgar competentes, com ainda uma profunda influencia dos canais de política
dentro do processo de indicação), não se pode dizer que o presidente que escolhe a composição dos tribunais
superiores..
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Competências dos órgãos do Poder Judiciário


A) Supremo Tribunal Federal [CRFB/88, art 102]
Art.102: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:(...)
II- Julgar, em recurso ordinário: (...)
III- julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida:(...)
São, portanto, três modalidades competenciais do STF:
I. originária – definem o STF como única instância e único grau de jurisdição. Ex.: Controle Concentrado de
Constitucionalidade das leis e atos normativos em face da CRFB. Julgamentos das Ações diretas de
Constitucionalidade; Arguição de descumprimento de Preceito Documental ADPF; Mandado de Segurança contra
Presidente da Republica; Julgamento de algumas autoridades, como Deputados Federais [CRFB/88, art 102, I];
I – processar e julgar, originariamente:(...)
a) a ação direta de inconstitucionalidade de leis ou atos normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo
- Função contramajoritária – se opõe ao processo majoritário, porque o texto constitucional confia ao STF o papel
de guardião da CRFB e lhe dá ferramentas de controle abstrato de controle.
- Não tinha toda essa redação por ocasião da promulgação da CRFB. Emenda Constitucional n.3 A linha a se
restringia à “a ação direta de inconstitucionalidade de leis ou atos normativo federal ou estadual.” Em 1993,
houve a EC n.3, no Governo Itamar Franco, que introduziu a Ação Declaratória de Constitucionalidade (como diz
Barroso, o sinal contrário da Ação Direta de Inconstitucionalidade: Pronunciamento da Inconstitucionalidade da
normal (ADI) x Pronunciamento da constitucionalidade da norma (ADC)
- A ADC em 1993 concretizou no Brasil algo que existia no nosso sistema, mas que antes era tímido: a
Representação de Inconstitucionalidade. Em 1965, vigente a Constituição de 1946, houve EC n.16/1965, que
introduziu no Brasil a Representação de Inconstitucionalidade, em sentido amplo, das leis e atos normativos em
face da Constituição Federal. Foi a chegada do controle concentrado abstrato de constitucionalidade das leis.
- O Sistema Brasileiro de controle de constitucionalidade, atualmente, é misto (com tanto o método de controle
difuso de constitucionalidade, quanto o método concentrado – concreto e abstrato -; e método preventivo de
controle de constitucionalidade), com método preventivo de controle da matriz francesa, com fiscalização
preventiva pelas Comissões de Constituição e Justiça das casas legislativas e o veto presidencial, o método difuso
da Judicial Review Legislation dos EUA e controle concentrado, de matriz austríaca Kelseriana.
- Primeiro foi o Judicial Review em 198. Depois, o controle abstrato veio em 1965, com a EC n.16, ao ser criada a
Representação de Inconstitucionalidade. O controle já era de competência do STF, mas ainda tímido. O único
legitimado ad causam era o Procurador Geral da República. Naquela época, o PGR não chefiava o MP com a
margem de autonomia institucional que tem hoje; o MP era órgão do Poder Executivo, logo, o PGR estava sob
autoridade do general que estaria na presidência. Logo, essa autoridade constituída via-se menoscabada pelo
poder autoritário do regime militar. Logo, a Representação de Inconstitucionalidade ainda não era gloriosa. E, em
1988, foi criada a Ação Direta de Inconstitucionalidade [CRFB/88, art. 103]. Mudanças: mais legitimados, além do
PGR, como Presidente da República, Mesa do SF, Mesa da CD, Mesa Legislativa, etc. Tanto pelo aumento de
legitimados, quanto pela autonomia real conferida ao STF em virtude da apoteose democrática, a ADI tornou-se
ferramenta mais vívida.
- Iniciada a vigência da norma constitucional em 1988, viu-se a necessidade de uma ferramenta em sentido
contrário à ADI, que fizesse a ADI ter sentido. A norma jurídico-legal, como sabemos, é presumivelmente
constitucional. Há uma presunção de que a norma legal está de acordo com a Constituição. No entanto, essa
presunção de constitucionalidade que se estabelece em proveito da norma jurídica no seu nascedouro é uma
presunção iuris tantum, relativa. É relativa porque nós casamos no nosso sistema jurídico constitucional o Controle
de Constitucionalidade difuso e concentrado.
- Vejamos o caso: Um juiz de 1ª instância da Comarca de Rio das Flores tem autoridade para afastar a incidência de
uma norma ao caso concreto se entendê-la inconstitucional. Como é presunção relativa, o juiz pode afastar a
aplicação da norma. O casamento dos métodos difuso e concentrado de controle faz com que surja um quadro de
instabilidade jurisprudencial intolerável. Se um juiz da 1ª Vara Cível afasta uma norma por entendê-la
inconstitucional e um outro juiz da 2ª Vara Cível entende que é constitucional: há dissídio jurisprudencial. O
princípio da livre distribuição viraria uma roleta russa, porque os entendimentos seriam diferentes, no Brasil
inteiro.
- Por isso, como antítese da Ação Direta de Inconstitucionalidade, surgiu a Ação Declaratória de
Constitucionalidade. Esta Ação Declaratória de Constitucionalidade serviu pra gerar desejável estabilidade em
cenários jurisprudenciais de instabilidade. Não foi pra sufocar a Judicial Review; se todos os juízes estão decidindo
a mesma coisa, não haveria preocupação. Mas se instaura um dissídio jurisprudencial que arrisca as relações
jurídico-processuais, é necessário propor a ação declaratória. Mesmo que a presunção de constitucionalidade seja
relativa, a ação é feita pra que uma presunção de constitucionalidade se converta de relativa à absoluta pelo STF,
e, com isso, tenha efeito vinculante. Quando o STF decide em uma ADC, o efeito é converter uma presunção
relativa de constitucionalidade em presunção absoluta de constitucionalidade, em todos os órgãos, seja ele de 1ª
instância, 2ª instância ou instâncias superiores. Logo, esta ação é um dos modos de promoção da estabilidade
jurídica nas relações do controle abstrato de constitucionalidade.
- Essas são as duas primeiras competências originárias: a de processar e julgar a ação declaratória de
constitucionalidade, e a ação declaratória de inconstitucionalidade.
- Extensão da incidência da linha a. no STF: A ADC (EC3/ 1993) e a Ação Inconstitucionalidade são ferramentas que
correm na mesma direção, em sinal invertido. O deferimento do pedido formulado na ação declaratória de
constitucionalidade equivale ao indeferimento na Ação Direta de Inconstitucionalidade. Em ambos os institutos, há
efeito vinculante (em todo o PJ e os três níveis da Administração Pública), de modo que o STF ganha uma
insofismável magnitude de poder no manejo das ferramentas para o controle concentrado abstrato de
constitucionalidade. Nesse domínio, da alínea a, do artigo 102, II, as decisões possuem efeito vinculante. Os juízes
federais, por exemplo, todos estão vinculados às decisões do STF no seio do controle abstrato de
constitucionalidade. Além disso, é possível inserir a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) no campo de controle abstrato de constitucionalidade das leis e atos normativos. A alínea “a”, portanto, se
estende, na medida que o controle concentrado abstrato de constitucionalidade no âmbito do Supremo Tribunal
Federal se agigantou ao longo desses 30 anos da vigência da CRFB/88.
- Por que trouxeram a ADC? Foi um acréscimo no modelo constitucional, mas o motivo foi político. Em 1993, o
Brasil tentava sair de uma crise e houve a ascensão do vice-presidente após o impeachment do Collor (tinha o
objetivo de acabar com o cenário de crise financeira com o Plano Brasil Novo). Itamar Franco, como vice-
presidente, trouxe o plano de correção monetária. Houve uma série de medidas que eram questionadas nas
instâncias inferiores, provocando instabilidade jurisprudencial. Havia juízos que acolhiam, por entenderem
constitucionais as medidas tomadas, e outros entendiam inconstitucionais. Não havia ferramenta pra estabilizar. O
Presidente Itamar tinha apoio no Congresso, logo, conseguiu que o projeto de EC3 fosse aprovado. Com ADC,
haveria oportunidade de gerar estabilidade jurisprudencial, com vinculação nos tribunais inferiores, encerrando
liberdade decisional, estando estritos à jurisprudência do ADC. Logo, podemos dizer que esse foi o fator real de
poder que definiu a introdução da ADC no PJ brasileiro. Foi um sucesso, por ser ferramenta de defesa e guarda da
CRFB. Exemplos:
ADC12: proposta pra ver declarada constitucional norma do Conselho Nacional de Justiça que vedava a juízes,
desembargadores e ministros a nomeação de parentes até 3º grau em seus gabinetes ou nos órgãos judiciários
onde oficiavam como magistrados. Era uma resolução do CNJ que dizia o óbvio: é vedado o Nepotismo. No
entanto, era preciso estabeleceu lei sobre lei (Saulo Ramos.) Com isso, como havia múltiplas formas de
nepotismo, o CNJ editou resolução. Alguns tribunais recusaram-se a cumpri-la, então foi proposta ADC ao STF.
Decidiu que a resolução do CNJ era conforme a CRFB. A presunção relativa (iuris tantum) de
constitucionalidade foi convertida em absoluta (juris et da jure) da resolução do CNJ. Todos os órgãos do PJ
passaram a cumpri-la.
AD30: proposta pelo conselho federal da OAB para ver declarada constitucional a Lei Complementar Federal
135/2010, que instituíra a “Lei da Ficha Limpa.” O STF deferiu pedido formulado na ADC30 pra considerar
constitucional a lei da ficha limpa. Foi um julgamento em conjunto das ADC 30, ADC29 e ADI 4578 pelo STF,
por ações terem mesmo objeto – controle abstrato. Foi uma decisão dividida, mas ganhou a maioria, apesar da
presunção relativa.
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional,
seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
- Autoridades julgadas pelo STF, em 1ª instância, em foro por prerrogativa de função: o Presidente da República,
Vice-presidente e os membros do Congresso Nacional, os Ministros e o Procurador Geral da República em crimes
comuns.
- Quem: Deputados Federais e Senadores (Exemplo da Ação Penal 470 – caso mensalão: julgados tantos os
deputados, quanto os outros atraídos pela regra de conexão, julgados também em 1ª instância. Nesse caso, o STF
diz que a regra de conexão autoriza que outras pessoas sejam julgadas. Eram 37 acusados), Presidente da
República, o Vice-Presidente, Ministros do STF e o Procurador Geral da República.
- Motivo: crimes comuns. (Senado Federal que condena Presidente da República, Ministros do STF, o PGU e o AGU
por crime de responsabilidade; os deputados federais, por infrações que rompem o decoro, são julgados pela
própria casa legislativa.
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do
Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)
- Autoridades julgadas pelo STF, em 1ª instância, em foro por prerrogativa de função: Ministros de Estado** e os
comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores*, os do Tribunal de Contas
da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente em crimes comuns e de responsabilidade.
- Quem: Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente
- Motivo: infrações penais comuns e crimes de responsabilidade
- Ministros de Estado: Ministros de Estado são, em regra, julgados pelo STF, exceto se cometerem crime de
responsabilidade conexo ao Presidente – uma EXCEÇÃO! “Ressalvada a hipótese dos Ministros de Estado
[CRFB/88, art. 52,I]”. Em regra* os Ministros de Estado [CRFB/88, art.84] tem foro por prerrogativa de função no
STF por crime comum e de responsabilidade.
*Exceção (“hipótese do artigo 52,I”): Mas se o crime de responsabilidade cometido pelo Ministro de Estado for
conexo ao crime de responsabilidade pelo qual é acusado o Presidente da Republica, ambos serão julgados
pelo Senado Federal.
Hipótese: Presidente Dilma julgada pelo crime de responsabilidade perante o Senado, e Ministro do Governo
acusado junto com ela, também pelo Senado, na pratica de crime conexo ao da Presidente.
- Comandantes das Forças Armadas: Comandantes eram Ministros de Estado. Existiam três órgãos que foram
extintos: Ministério da Marinha, Ministério do Exército e Ministério da Aeronáutica. Eram nomeados pelo
presidente. Acompanhando tendências das democracias contemporâneas, o Brasil promoveu EC que extinguiu
ministérios militares. Nos EUA tem o Secretário de Defesa, que é um civil ou militar nomeado pelo presidente, que
edita as poiticas gerais de defesa nacional. Na França tem o cargo de Ministro da Defesa Nacional, um civil. Nesses
grandes sistemas, temos comandantes de força, não ministros. Logo, ministérios do Brasil foram convertidos em
comandos. Como houve uma tensão pela perda do status, buscou-se a conciliação: os comandantes das forças
armadas, de uma maneira geral, preservaram status de ministros – ainda que não tenha o título. Por isso, se
estende aos comandantes.
- Membros dos Tribunais Superiores: ministros são julgados tanto por crime comum, quanto por crime de
responsabilidade. “Ministro de tribunal superior” não quer dizer Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, apenas
indicam: os 33 ministros STJ, os 27 do TST e 15 STM e 4 do TSE.*
*Atenção! Pro TSE, que são 7 ministros, é preciso notar:
3 ministros são do STF  se adequam à alínea “b” e 52, II
2 ministros do STJ  se adequam à alínea “c”
2 Advogados  se adequam à alínea “c”
- Tribunal de Contas da União – ministros são julgados tanto por crime comum, quanto por crime de
responsabilidade. O TCU não é órgão do PJ, mas órgão detentor da estrutura do PL. Por isso, é mencionado fora
dos tribunais superiores, porque todos os ministros ostentam foro por prerrogativa de função. São Ministros (do
TCU) com status de ministro do Tribunal Superior, mas não são Ministros Judiciários. Os subsídios dos Ministros do
TCU são iguais aos dos Tribunais Superiores, mas há diferença: o TCU é Conselho de Contas da Administração
pública, auxiliar ao Poder Legislativo na fiscalização contábil financeira, orçamentaria, operacional e patrimonial
dos entes públicos.
- Chefes de missão diplomática de caráter permanente, não embaixadores. Pela linha c., não é qualquer
embaixador que tem foro por prerrogativa de função no STF, mas apenas os chefes de missão diplomática de
caráter permanente. O embaixador que está uma missão temporária não tem foro por prerrogativa de função no
STF.
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e
o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do
Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
- Competência originaria: habeas corpus, mandado de segurança e habeas data. Não significa que ele só julgue o
mandado de segurança nesses casos, mas que nestes, o faz por competência originária. Pode julgar, por exemplo,
mandado de segurança em grau de recurso no caso de Ministros de Estado (competência originária é do STJ.)
- Aqui, estamos tratando de ações autônomas, remédios constitucionais.
- Habeas Corpus: julgados originariamente pelo STF, quando o paciente for qualquer uma das autoridades das
alíneas b e c. Exemplo: deputado federal, presidente, vice-presidente, ministro de estado, comandante das forças
armadas, etc. em que advém prisão temporária. O Habeas Corpus tem historicidade distinta, com natureza mais
sensível do ponto de vista histórico-constitucional. Dá ao Habeas Corpus um tratamento mais garantista do que o
dado ao mandado de segurança. Preserva o 2º bem jurídico maior: liberdade, logo, tem uma forma diferente
(flexibilização do manejo do HC, podendo ser impetrado por terceiro, em qualquer forma).
- Mandado de Segurança e Habeas Data– quando trata dela, dá tratamento diferente. Em geral, quando fala do
Mandado de Segurança, dá o mesmo tratamento que o Habeas Data. As regras de competência em Mandado de
Segurança são quase as mesmas em relação ao Habeas Data. Contra ato do Presidente da República (Decreto
Executivo de desapropriação de uma grande gleba rural, sendo decreto ilegal, por exemplo), Mesa da CD e do SF,
(O que seria Mesa da Câmara? Composta pela administração dos trabalhos dos Deputados, idem ao Senado – ou
seja, é um órgão de ordenação das Casas Legislativas, com poder de agenda. Pela importância dos órgãos, vai ao
STF em competência originária.), do TCU, do PGU e do STF (julgado pelo próprio STF)
- Regra geral significativa que só vale pra tribunais:
Quem julga Mandado de Segurança contra ato de Tribunal é o próprio tribunal.
Logo, quem julga mandado de segurança contra ato do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro? O
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Quem julga Habeas Corpus contra ato do Tribunal é julgado pelo tribunal acima.
Ou seja: quem julga HC conta ato do STJ é o STF – há tratamento diferenciado em relação ao Habeas Corpus!
Atenção! Essa regra só vale no caso de 2ª instância. Se fosse Mandado de Segurança contra ato de juiz da
primeira vara de Niterói, quem competiria julgar: TJ-RJ; ou seja, apenas o órgão acima. Os tribunais tem uma
colegialidade que permite que o próprio tribunal jugue a matéria.
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
- Os conflitos entre pessoas jurídicas. A União Federal é Pessoa Jurídica de Direito Público (Estados membros são
pessoas jurídicas autônomas de Direito público), logo, pode se envolver em conflitos com estado estrangeiro ou
organismo internacional (são, respectivamente, pessoa jurídica soberana de Direito Internacional e pessoa jurídica
não soberana de Direito Internacional). Nesse caso, o STF tem a competência originária pra julgar os conflitos
entre as pessoas jurídicas, pressupondo que a competência é autoridade brasileira.
Nas hipóteses de conflito entre:
 União brasileira e estado estrangeiro
 União Brasileira e organismo internacional
 Estado Membro e estado estrangeiro
 Estado Membro e organismo internacional
Obs.: Se for Município (que também é pessoa jurídica) e estado estrangeiro ou organismo internacional, não é o
STF, mas o juiz federal de 1ª instância.
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da administração indireta;
- STF não julga, aqui, conflito entre estado membro e estado estrangeiro, mas entre integrantes da própria
federação. Nas hipóteses de conflito União x Estado, Estado x Estado, União x DF, Estado x DF e Estado x União,
quem tem competência originária é o STF.
- No império, Brasil não tinha Supremo Tribunal Federal, mas Supremo Tribunal de Justiça. Essa conversão ocorreu
na Constituição Republicana de 1891. Além disso, as antigas províncias haviam sido convertidas em estado
membros, sendo constituídos, a partir de então, com personalidade jurídica – podendo, então, viver conflitos.
- No século XIX, houve a extinção do Poder Moderador. Muitos historiadores veem que o STF passou a ter uma
função moderadora no quadro da instituição. Na época, entre as unidades, não haveria alguém mais competente
que a Suprema Corte pra julgar um conflito. Logo, se há conflito entre estados-membro da federação, o órgão
competente para dirimi-lo é o STF.
- O DF é estado sui generis, destinado a sediar a capital da República, é uma esfera anômala, autêntica. Teve
inspiração no Distrito de Columbia, em que hoje se encontra Washington, sede do governo norte-americano.
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
- Ao STF compete processar e julgar a solicitação. É autoridade processante, e não concedente da extradição. Faz
juízo de adequação da ordem pública, isto é, verifica se a extradição solicitada compatibiliza com a ordem jurídica
brasileira, se é juridicamente possível. Faz juízo de extradibilidade: vê se é possível ou não que o nacional seja
extraditado.
- Isso não impede que ele conceda a extradição de terceiro. Caso Battisti: A Alemanha pode pedir a extradição de
um italiano que tenha perpetrado um crime na Alemanha. Pode ser que a Alemanha queira processar e julgar
italiano em território alemão. O STF faz juízo de juridicidade da extradição e pode autorizar; mas compete ao
Presidente a decisão (política) de concedê-lo ou não.
- Lei 6.815 – Estatuto do Estrangeiro: possibilidade de extradição prevista
h) homologação de sentença estrangeira e execução do exequator  transposta pro art.105, I
- Mudada pela EC45/04, suprimida e transportada pra outro artigo, deslocando a competência originária do
Supremo Tribunal Federal para o Superior Tribunal de Justiça.
- A tese que sustentava essa possibilidade era outra. Nos anos 1990, tinha campanha de descentralizar essa
competência, que ela se tornasse competência dos órgãos jurisdicionais de 1ª instância; afinal, essa competência
não é pra executar sentença. Quem cumpre é o juiz de piso, o de 1ª instância. O poder da República que se
comunica com os estado estrangeiros é o Executivo, logo, quando vem requerimento de homologação de sentença
estrangeira e adequação de exequator, o pedido irá pro Executivo. Por conta do processo e a premissa de
celeridade processual, isso seria um desgaste.
- Quem gostou desta mudança, apresentou o argumento que tirou o ônus processual do STF, mas o problema foi
que deslocou pro STJ, acrescentando um ônus a ele. O STJ é quase no mesmo lugar que o STF, então não mudou
em nada a questão da celeridade e economia processual.
Caso Santana do Livramento – juiz de Rivera expediu carta rogatória pra ouvir testemunha - era só
cumprimento de exequator. O juiz federal deferiu o exequato e ele mesmo cumpriu. Houve arguição de
usurpação de competência perante o STF. O STF tornou nula a decisão do juiz por entendê-la contrária à
autoridade da repartição de competência. Poderia haver uma relação direta entre os juízos, passível de
recurso, se fosse o caso! Absurdo, porque era apenas pra ouvir uma testemunha. O Poder Constituinte decidiu
mudar, mas só transferiu pro STJ.
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
- É sujeito à jurisdição – crime de competência originária do STJ ou STM. Nesses casos, não há recursos ao
Supremo Tribunal que não o recurso extraordinário ao STF – regra do HC (contra ato de tribunal superior,
compete ao STF.)
- Quando o sujeito é diretamente do STF (oficial de justiça do STF, por exemplo, que não está efetivamente na
condição de membro do STF, mas serventuário da justiça). Se ele conduz alguém à prisão, compete ao STF
processar e julgar o HC. Se um agente da policia federal estiver executando providência investigativa na sede
de um inquérito judicial instaurado pelo STF, é o STF o competente pra julgar.
- Versa tão somente a competência em matéria de HC. Essa alínea I Deve ser interpretada em comunhão com
alínea d, inciso I do artigo 102. Atua como uma continuidade da alínea d, que versa HC.
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
- Ação rescisória: deve ser considerada uma ação autônoma, logo, define processo próprio; logo, define
competência originária – e do próprio tribunal. Tem natureza de ação, e não de recurso. É uma ação autônoma
de impugnação ou desconstituição ou constitutiva negativa da coisa julgada, isto é, uma decisão inacatada por
recurso. Coisa julgada é a característica da qual se reveste uma decisão judicial imutável na via do recurso – ou
porque já foram exauridos, ou porque ainda não foram utilizados. Ela se destina à estabilidade, definida no
[CRFB/88, art.5º, inciso XXXVI]
É de natureza constitutiva ou destitutiva? Pode ser uma decisão constitutiva negativa! Depende do prisma
pelo qual se vê. * Tratado das ações, Pontes de Miranda – clássica classificação das ações.
- Há casos em que a coisa julgada pode ser desfeita, sob pena de violação ao ordenamento jurídico. O CPC/73
estabelecia hipóteses da ação rescisória no artigo 485. Hoje, no CPC/15, se encontra no art. 966, 967 e 968.
Exemplo: superveniência de prova nova. Não é qualquer prova, mas aquela que era impassível de ser feita ao
tempo da instrução cognitivo-probatória da relação processual. Caso: Caso na década de 1990, quando descoberto
o exame de DNA e ele se tornou corriqueiro – houve avalanche de ações rescisórias porque o exame de DNA
mostrava imprecisão em relação ao juízo.
Revisão criminal é ação rescisória? Revisão criminal tem espirito da ação rescisória! É uma de índole
processual penal, voltada para o juízo criminal. Pode ser proposta após a morte do apenado, se os herdeiros
tiverem interesse moral (que o status do apenado seja estabelecido) e patrimonial.
- Em regra, a revisão criminal ou ação rescisória de decisão de Tribunal enseja competência originária do próprio
tribunal*. No entanto, revisão criminal e ação rescisória de decisão de órgãos jurisdicionais de 1ª instância
ascendem aos respectivos tribunais. Exemplo: Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro 
competência originária do Tribunal de Justiça da 2ª Região-RJ.
Qual o fundamento de um Tribunal ter a competência originária para julgar ação rescisória ou ação criminal
do próprio tribunal? Colegialidade. A ação rescisória pode ser resolvida na colegialidade determinada pelo
regimento interno.
Exemplo: TRF 2ª Região: 8 turmas e três seções, com matéria dividida + órgão especial (14 desembargadores
federais)  se acórdão ver gastado na ação rescisória for acórdão proveniente da 1ª turma do Tribunal, o
julgamento será feito pela 1ª seção especializada. A margem de colegialidade permite. No entanto, se for ação
rescisória de uma decisão de uma seção, quem julgará será órgão especial. Quando não houver especial no
Tribunal Regional Federal, será o plenário.
- Logo, revisão criminal e ação rescisória contra ato do STF enseja competência originária do próprio tribunal, o
STF.
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
- Houve usurpação de competência e respectiva reclamação no caso do Juiz de Santana do Livramento, quando a
competência originária era do STF. A ação do juiz foi impugnada através de reclamação.
Qual a natureza jurídica da reclamação? Há controvérsias. Há quem diga que é ação judicial e há quem diga
quem diga que é medida de caráter administrativo. Evidentemente, a categorização de natureza jurídica escapa
ao Direito Constitucional, então é melhor deixa a discussão pro Direito Processual.
- Houve a intenção do constituinte de criar ferramenta da parte interessada para assegurar autoridade do tribunal
vilipendiada. Isso ocorre com frequência. Se um tribunal ou órgão decide no lugar do outro, podemos dizer que
terá havido usurpação de competência. Ou no caso do TRF da 2ª Região, por exemplo, proferir decisão de
competência do STF. Ali teremos transgressão da autoridade decisório do próprio STF ao elenco das competências
daquela corte. Ou mesmo um juízo de primeiro grau.
- Reclamação, portanto, é medida judicial que enseja controle do sistema de repartição legal e constitucional de
competência. OSTF é suprema Corte do Brasil. Se uma competência sua tiver sido usurpada, nada obstara a
apresentação de uma reclamação perante o STF e o SYTF considerando que decisão era de sua competência,
tornar nula a decisão proferida pelo tribunal equivocado e torna-lo feito.
Primeiro aspecto: preservar regime de partilha de competências (a competência do tribunal que foi usurpado
em seu poder)
Segundo aspecto: assegurar autoridade de decisões já proferidas (na decisão correta)
- Aplicações: Com EC45 há a hipótese de Súmula Vinculante. Se um juiz de 1ª instância transgride princípio
decisório da sumula, é possível reclamação ao STF. Ou, por exemplo: Ação direta de constitucionalidade. Se
tribunal descumprir num julgado de Ação Direta de Inconstitucionalidade, há hipótese da reclamação.
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a
prática de atos processuais;
- “Sentença”: esse vocábulo sentença assume conotação ampla. Sentença, na tecnicidade do processo, é ato
decisório terminativo de juiz monocrático. Tribunal profere acórdão, resultado da votação majoritária ou unanime
de colegiado com determinada competência jurisdicional. Aqui, o legislador faz uso de menção geral: modo
generali, sentença nas causas de sua competência originária, ou seja, nas decisões. A executio dessas decisões.
- Juízo de execução – existe, hoje, uma mescla entre processo de conhecimento e o processo de execução. A TGP
encaminhou pra uma corrente flexível, em que, em nome da celeridade, entendeu-se que execução não é
autônomo, mas em fase de conhecimento e fase de execução – antes não eram fases, mas processos: de
conhecimento, execução e cautelar. Enfim, juízo de execução é fase parte do processo.
Quem compete processar e julgar a execução das decisões do STF? Depende da hipótese.
Se a causa é de competência originária do STF, como a regra processual é “o juizo de execução é o juízo da
competência orginaria”, será o STF (para executio), porque a competência originária era dele. Logo, tem
competência originária tanto pra cognitio, quanto executio.
Se a causa não é de competência originária do STF, que atua em grau de recurso, é o juízo de competência
originária, o órgão de origem. Se, portanto, STF for instância recursal, neste caso, o processo baixará ao juízo
de origem pra que se promova a execução.
- Delegação da execução: É facultada delegação de atribuição para prática de atos processuais! Pode delegar.
Tribunal não tem aparato estrutural para executar, então pode delegar a execução da decisão. Ação Penal 470 é o
exemplo.
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que
mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados;
- Primeira parte: ação de interesse de toda magistratura, como por exemplo, ações vinculadas a questões
vencimentais, ou ao gozo da vitaliciedade. Todas as questões que digam respeito ao todo da magistratura
brasileira – competência originária do STF
- Segunda parte: mais da metade dos juízes esteja diretamente impedida ou interessada. O TJ-RJ tem 180
desembargadores; o TJ-SP tem 360 desembargadores. É difícil pensar nessa hipótese. No Acre, no entanto, é
possível, porque numero de membros é menor, com possibilidade maior de impedimento. Nesse caso, o STF se
torna tribunal competente. Não é suspeição, mas impedimento do tribunal. A competência não é mais do tribunal,
mas do STF.
-Atenção! Não há deslocamento de competência; há competência do STF nas hipóteses da linha m.
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores,
ou entre estes e qualquer outro tribunal;
- Competência pra julgar conflito de competência: há premissa constitucional pra vedar negativa de justiça. O PJ
age em nome daqueles que estão em conflito, concentrando toda a atividade jurisdicional. Não é permitido que
não haja órgão nenhum – a lei processual sempre prevê solução para dizer sobre competência pra julgar. Com isso,
não seria possível que dois órgãos se julgassem competentes para aquela jurisdição – isso seria conflito de
competência. Há duas modalidades básicas: conflito positivo de competência e negativo de competência.
Positivo: Dois órgãos jurisdicionais dizem-se competentes
Negativo: Dois órgão jurisdicionais negam ser competentes
- A regra é: a competência originária pra processar e julgar conflito de competências é do 1ª Tribunal Comum aos
dois órgãos jurisdicionais em conflito. Essa regra vale apenas como regra geral, porque tem exceções
Ex.: Duas varas cíveis do Rio de Janeiro, ou seja, do mesmo estado: competência é do TJ-RJ.
Ex.2: Duas varas cíveis, uma da cidade de Niterói (RJ) e outra de Queluz (SP), ou seja, de estados diferentes
(não poderia ser o TJ-RJ ou TJ-SP): Superior Tribunal de Justiça.
Exceção: expressas na lei e na CRFB. Se há conflito entre um TRT e um TRF, por exemplo, não é o STF, porque
quem julga é o STJ. Ou: Vara de justiça federal e uma Vara Estadual. Precisa ver no texto constitucional. Há
exceções!
- Aqui, nesse caso: havendo tribunal superior num dos polos do conflito de competência, a competência pra
processar e julgar conflito de competência será o STF.
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
- Atenção: Essa alínea deveria estar após ou na própria alínea “a”, que trata da ADI e da ADC, pois trata de questão
relacionada a constitucionalidade, foi um equívoco da Comissão de Sistematização da Assembleia Constituinte de
1988, que tinha objetivo de fazer agrupamento de tudo que vinha das outras comissões e sistematizar. Não se
pensou na questão da medida cautelar na ADI. Com isso, a Comissão introduziu a alínea “p” que, por esse motivo,
ficou mal posicionada.
- Processo na ADI: ADI não é ferramenta do processo subjetivo clássico, mas decorre do processo objetivo de
controle de constitucionalidade, ou seja, processo sem parte – nem autor, nem réu. Ao contrário do processo
subjetivo, com a tríade de Carnelucci: juiz, autor e réu. Então, se uma ADI impugnar uma norma trazida por lei
federal, não haverá autor e réu, haverá controle do Estado por ele mesmo, através de um juízo de
parametricidade, o parâmetro de validade da lei é a CF.
- Medida cautelar é uma ação que possui por fundamento a necessidade de uma tutela jurisdicional prévia, por
conta de 2 requisitos: periculum in mora (se a ação demorar o direito terá perecido), e iuris bonan (aparência do
bom direito).
A medida cautelar de controle concentrado é típica do processo subjetivo, por isso não havia sido pensada à época
da ACRFB. Ela foi recepcionada pelo processo objetivo da ADI (reserva de plenário, com 11 ministros) sob o
fundamento de que determinados episódios de inconstitucionalidade são tão graves, tão evidentes, que denotam
a necessidade de uma ação prévia (o Ministro Ayres Britto chamou de constitucionalidade chapada, flagrante) até
que o STF pronuncie nula. Se a lei fica 3 ou 4 anos com instabilidade – com controle de constitucionalidade difuso -
, haverá diferentes pareceres dos diferentes juízes.
Então para que a medida cautelar serve no controle concentrado de constitucionalidade? Não para decidir o
mérito definitivo, mas resolver um problema provisoriamente: seu objetivo é determinar a suspensão
aplicativa da norma jurídica legal. Isso não significa o pronunciamento da nulidade da norma, mas sim para, de
plano, cautelarmente, suspender a eficácia da norma jurídica pra cessar instabilidade jurisprudencial em
primeira ou segunda instância. Ela terá efeito até que o STF faça o julgamento de mérito. É preciso suspender a
aplicação de uma norma antes que ela cause um estrago no país, a exemplo de uma norma de matéria fiscal
que se não suspendida cautelarmente pode causar um grande problema na ordem constitucional. É claro que o
tribunal não se vincula a essa medida cautelar.
[Lei 9868 regula ADI e ADC]
Como ela é decidida pelo STF? Cabe liminar na medica cautelar? É possível que o ministro relator quando o
tribunal tiver em recesso, decida monocraticamente pela concessão à liminar na cautela, comunicando a
presidência da corte, e a mesma, assim que possível, insira a medida cautelar na pauta do STF. Hoje, o STF
assentou jurisprudência quanto à possibilidade dar medida cautelar de ofício – há o princípio da inércia; porém,
diante do perigo dos efeitos de uma lei inconstitucional, é possível concessão ex officio à liminar.
Cabe medida cautelar em ADC? Sim, pois, às vezes, há instabilidade jurisprudencial e hermenêutica que é
preciso, de plano, que o STF decida, cautelarmente. Para assegurar a aplicação da norma constitucional (que é
presumivelmente constitucional) enquanto o mérito ainda não é decidido. Caso ele decida a favor da norma,
ele vincula os tribunais a aplicação daquela norma até o julgamento do mérito, quando decidirá a favor ou
contra a norma.
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas
Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
- Atenção! É a competência originária do STF pra suprir a falta de normas regulamentadoras às normas não
autoaplicáveis*. Isso não significa que o STF seja o único tribunal do Brasil competente para julgar mandado de
injunção (como o TJ-RJ), é mais um remédio constitucional difuso (o HC, mandado de segurança e a ação popular;
outros só foram incorporados com a CF/88, como o mandado de injunção, habeas data).
[CRFB/88, art. 5º, inciso LXXI] ´´conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.``
*As normas constitucionais se dividem, segundo José Afonso da Silva (Aplicabilidade das normas
constitucionais), em: autoaplicáveis, e não autoaplicáveis, mas também se dividem em normas de eficácia
plena (direito à vida), de eficácia limitada (precisa de regulamentação complementar, como o caso do imposto
sobre as grandes fortunas) e contida (não demandam regulamentação, mas podem ser restringidas mediante
regulamentação autônoma, com advento da norma legislativa infraconstitucional, como o exemplo da Lei
8.906, que versa sobre liberdade de ofício da profissão). Michel Temer critica que as normas de eficácia
contida, em realidade, é uma norma de eficácia contível, uma vez que depende da contenção por parte do
legislador para editar leis infraconstitucionais que a regulem. Pode ser e não ser contida! A de eficácia limitada,
não.
- Mandado de Injunção surgiu no Brasil em 88 serviu pra deixar o cidadão protegido contra a falta de norma
regulamentadora, evitar a fragilidade do cidadão pela ausência de norma regulamentadora. Logo, sua destinação
seria tutelar o exercício de direito de uma prerrogativa assentado na CRFB mas que não tenha recebido a
regulamentação infraconstitucional. Logo, é uma forma formidável de proteção ao cidadão, carente de uma boa
regulamentação da norma jurídica constitucional, e titular desse direito. É um remédio constitucional instituído
para que ele tivesse uma ação constitucional autônoma capaz de provocar o poder judiciário para satisfazer as
suas perspectivas, de uma lei regulamentar ausente. Tem efeito inter partes – só tem efeito pra pessoa que
impetrou! O conteúdo eficacial do MI é interpartes, mas a jurisprudência também mostrou que tem Mandado de
Injunção coletivo, como o MI712. Não substitui a lei, o tribunal, mas apenas oferece resposta até que órgão
competente.
- Competência originária do STF quando: falta de ato regulamentar infra-legal do Presidente da República, do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal (...)
Congresso Nacional, CD e SF: A separação tem a ver com a teoria do órgão, o órgão é qualquer núcleo de
manifestação do poder estatal, então a CD é um órgão do CN, assim como a mesa da CD é também um órgão
da CD. A competência para elaboração de lei federal é do CN, por mais que perpasse a CD e o SF. Porém,
existem atos normativos, com condão regulamentar, que dizem respeito só a CD ou só ao SF.
Exemplos: a competência para julgar o presidente da república em crime de responsabilidade [CRFB/88, art. 52,
I e ainda incisos V, VI, VII], exemplo de competência só do SF, ou o regimento da CD que é competência só da
CD [CRFB/88, art. 51, IV]. Quando CD e SF desempenham competências dos arts. 51 e 52, o faz por resolução.
Então, não houve redundância do legislador ao se referir separadamente ao CN, à CD e ao SF, pois existem
normas que são de atribuição desses órgãos separadamente.
(...) das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal.
Tribunais Superiores e próprio STF – dizem respeito às resoluções presentes nos regimentos internos dos
tribunais, como a distribuição de competência interna corporis dos tribunais presente em regimentos
internos. Então se faltar uma norma de competência de um tribunal superior ou do STF o cidadão pode
ingressar com um mandado de injunção perante o STF.
O TCU, por exemplo, não faz lei mas tem uma capacidade de regulamentação no seu regimento interno,
então essa ausência não é só de norma jurídica legal, mas também regimental.
Portanto, o motivo pra que STF tenha competência originária pra mandado de injunção é na possibilidade da
ausência de lei regulamentadora ou atos normativos que sejam de atribuição dos órgãos acima mencionados.
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Atenção: a única alínea que foi incluída pela EC 45/2004. Essa mesma emenda introduziu o CNJ e o CNMP, ambos
órgãos de supervisão administrativo e não jurisdicionais, de controle administrativo e fiscalização dos seus
membros.
Conselho Nacional de Justiça: controla todo o poder judiciário brasileiro - federal e estadual. Quando ele foi
criado, inclusive, foi arguida uma ADI por afirmarem que ele rompia a divisão dos 3 poderes, pois ele seria um
órgão da União com capacidade de controlar a administração do Poder Judiciário, porém o STF superou esse
entendimento. O único tribunal no Brasil insuscetível ao controle do CNJ é o STF, tanto que presidente do CNJ é
um ministro do STF.
Conselho Nacional do Ministério Público: controla todo o ministério público do país, só não controla o
Procuradoria Geral da República. Então, como são órgãos de máxima nomeada, em termos de escalonamento,
as ações judiciárias capazes de questionar ações do CNJ e do CNMP são de competência do STF. Apesar do CNJ
integrar o poder judiciário, e do CNMP o MP, como a função que eles exercem é administrativa as suas ações
podem ser questionadas no judiciário devido ao princípio da inafastabilidade jurisdicional.
- As ações movidas contra eles, por exemplo o mandado de segurança, devem ser processadas e julgadas,
originariamente pelo, STF.

Diferentemente do que ocorre com os tribunais superiores, que possuem apenas 2 tipos de competência –
originárias e recursais – o constituinte dividiu ainda a competência recursal do STF em outros dois tipos: as
recursais ordinárias e as recursais extraordinárias. Dessa forma, os processos que nele nascem e nele morrem são
os de competência originária, os que transcendem o duplo grau de jurisdição e chegam ao STF em grau de recurso
de motivação vinculada são os de competência extraordinária, esse recurso extraordinário que ascende ao STF é
tanto gênero quanto espécie, e os processos que chegam ao STF em grau de recurso ordinário, que fazem do STF
atipicamente um 2ºgrau de jurisdição.

II. recursais ordinárias


- O que define tipicamente o STF é o recurso extraordinário, por isso, a função de recurso ordinário é atípica.
Alguns casos em que são os processos iniciados em Tribunais Superiores (alguns casos) ensejam recurso ordinário
ao STF. Nesse caso, o STF exerce papel de 2ª instância, um papel atípico em que exerce um segundo grau de
jurisdição. [CRFB/88, art 102, II];
Recursos ordinários são aqueles que desempenham no duplo grau de jurisdição, enquanto os extraordinários
excedem o duplo grau de jurisdição, sendo estes últimos graus especiais de jurisdição. No recurso ordinário vale a
mera irresignação da parte, livre motivação. E estão no ordenamento para dar duplo grau aos processos iniciados
nos tribunais superiores (TST, TSM,TSE,TSM)
Exemplo: se a primeira vara cível de Niterói profere decisão que não agrada à parte, é feito um recurso ordinário
para o TJ-RJ. No recurso ordinário cabe tudo, mera irresignação da parte, livre motivação. Não cabe um recurso
direto para o STF, nesse caso. Os requisitos de admissibilidade dos recursos ordinários são muito maiores do que
os de extraordinário, pois nesse último não caberá restituição de matéria de fato, nem de prova (Súmula 7).
Espécies de recurso ordinário, conforme a legislação: apelação cível, apelação criminal, agravo de instrumento,
agravos, embargos infringentes, agravo de decisão.
- O STF, portanto, atipicamente desempenha competências originárias. Mesmo os tribunais de segunda instância
típicos como o TRF da segunda região também desempenham competências originárias. Sucede que o próprio STF
desempenha competências originárias, mas também os tribunais superiores. Há hipóteses nas quais o STJ venha a
desempenhar competência originária. Em alguns casos nos quais o STJ desempenha competência originária, o
texto originário da CF concedeu á parte daquela relação processual, uma oportunidade de recurso ao STF, mas não
de recurso extraordinário, que comumente supera o duplo grau de jurisdição, destinado à verificação de
parametricidade da decisão judicial, de compatibilidade com o texto constitucional. O constituinte terá dado na via
do ROC, recurso ordinário constitucional, uma oportunidade de um atípico duplo grau de jurisdição
desempenhado pelo STF, no qual este desempenha uma função de apelação, tipicamente de apelo. O STF, no ROC,
fica no desempenho de uma função de apelação, tanto que o recurso é ordinário.
- As competências recursais desmembram-se em dois níveis: competências recursais ordinárias e competências
recursais extraordinárias.
Exaurimento da via recursal ordinária: “Se couber recurso ordinário, não cabe recurso extraordinário, seja ele
qual for (como gênero).” Ou seja, se for cabível recurso extraordinário stricto sensu, ou recurso especial ao STJ
ou Recurso de Revista, não cabe recurso ordinário. Porque se houvesse ordinário, ele é primaz e precede o
recurso de índole extraordinário.

II- Julgar, em recurso ordinário: (...)


a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
- Tipos de decisões: Decisões de competência originária conferidas em APENAS mandados de segurança, habeas
corpus, habeas data e mandado de injunção. Quando estes forem julgados em sede de competência originária de
tribunal superior, em qualquer dos tribunais superiores em casos de decisão denegatória. O constituinte, então,
da uma chance recursal ordinária para que possa recorrer ao STF.
Qual a necessidade dessa chance recursal ordinária se o art. 102, inc III, conserva a oportunidade de um
recurso extraordinário? Recurso extraordinário é algo muito mais filtrado, uma vez que é recurso de
motivação vinculada, enquanto que recurso ordinário é recurso de livre motivação. Comumente, os recursos
ordinários, como o de apelação e agravo de instrumento, são previstos em sede de lei. São recursos de
motivação livre, em que estão contidas questões de irresignação da parte, legalidade e constitucionalidade –
cabe tudo pela livre motivação. De acordo com o principio do exaurimento da via recursal ordinária, entende-
se que se há a possibilidade de interpor recurso ordinário, não se interpõe recurso extraordinário, especial,
eleitoral, de revista, etc. Logo, por mais que a decisão de tribunal superior em habeas corpus, habeas data,
mandado de segurança e mandado de injunção de competência originaria viole o texto constitucional, seja
inconstitucional, o recurso cabível é o recurso ordinário, afinal, nele cabe tudo!
Então, a hipótese é monofronte, não bifronte. Não se trata de hipótese de incidência recursal bifronte porque
o que temos é a recorribilidade ordinária apenas para impugnar a decisão que não concede a ordem do
mandado. Nesses casos de decisão denegatória, caberá recurso ordinário constitucional ao STF (ROC*). Está é
a única modalidade de recurso cabível. A CFRB, porém, chama de recurso ordinário.
*Como esse recurso ordinário foi previsto na CF, a doutrina o batizou de recurso ordinário constitucional – ROC.
Se couber o ROC o recurso é ordinário constitucional, não extraordinário. Portanto quando o STF exerce o 2° grau
de jurisdição, não cabe interposição de recurso extraordinário, mas sim o ordinário (ROC).
- Exemplo: Governador do Estado é acusado de crime comum, compete ao STJ processar e julgar, porém, em caso
de recurso ordinário será de competência do STF. É importante ressaltar a expressão “se denegatória a decisão.”
- Exceção: Se a decisão de competência originária não for de mandado de segurança, habeas corpus, habeas data
ou mandado de injunção, mas de foro por prerrogativa de função, por exemplo, se houver uma patente
inconstitucionalidade na condenação, há recurso ao STF, mas não recurso ordinário. A hipótese do inciso em
estudo, alínea a, é numerus clausus. Se não se tratar de uma afronta inconstitucionalidade, mas de uma mera
irresignação, um desembargador nesse caso, não terá direito a um recurso de apelação, ordinário. A decisão será
de instância única do STJ. Esta é uma exceção ao duplo grau de jurisdição, por se tratar de foro por prerrogativa de
função. Condenado, não há recurso. Se a decisão for inconstitucional, há recurso (extraordinário), mas não há
duplo grau de jurisdição. Há controle de constitucionalidade da decisão judicial. Quando a competência originária
for do STF, não há recurso algum, nem recurso especial, já que esta é a última instância.

b) o crime político;
- Não houve uma evolução jurisprudencial nessa matéria, em razão de não haver mais prisão por crime político
recentemente. O STF da uma oportunidade que transcende o duplo grau de jurisdição: trata-se de mais uma
hipótese recursal ordinária. Ex: individuo é processado e julgado por juiz federal e interpõe recurso ordinário ao
TRF e pode ainda interpor recurso ordinário direito ao STF.
- O recurso ordinário nesse caso amplia o duplo grau e excepcionaliza o STF como uma terceira instancia. Amplia
porque dentro do recurso ordinário por ser de motivação livre - tudo pode ser questionado.

III. recursais extraordinárias – competências recursais que tornam o STF o tribunal de irresignação, de motivação
vinculada pela afronta verificada no acordão ver gastado Constituição da República. Exige passar por requisitos de
Admissibilidade. [CRFB/88, art 102, III]
- O recurso extraordinário funciona de guarda e defesa da Constituição e ele cabe na instância extraordinária do
recurso no sentido estrito.
- Quando a decisão foi em última instância, significa que ela já passou pelo duplo grau de jurisdição e vai para a
instância extraordinária. Já quando a decisão é em única instância, trata-se dos casos especiais (como o foro
privilegiado), em que o grau de jurisdição é único e, apenas é possível a aplicabilidade de recurso extraordinário,
caso a decisão vá contra a Constituição.

III- julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida:(...)
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
- Característica mais latente do recurso extraordinário.
- Controle concentrado de constitucionalidade típico do STF.
- O recurso extraordinário não ataca necessariamente decisão de tribunal superior. Isso pode ocorrer, mas não é
exclusivamente nessa hipótese, podendo atacar decisão de tribunal de segunda instância. A matéria não precisa
passar por tribunal superior, que faz controle de legalidade.
- O STF faz controle de constitucionalidade. Se verificar que uma decisão do STJ é inconstitucional e tão somente
inconstitucional, não se fará ataque a recurso especial ao STJ, que seria injustificado, indevido, já que a matéria é
de competência do STF. Pode haver, portanto, recurso que saia diretamente de tribunais superiores ao STF, mas
podemos ter também recursos que saiam de tribunais de segunda instância.
- Existe ainda a hipótese de interposição dúplice, que surgiu, sobretudo com o advento do STJ, que não existia até
88. O que hoje este faz era feito pelo STF, que julgava o que hoje é julgado pelo STJ. Quando criado este último,
fez-se divisão de competência, criando-se recurso especial se houver uma violação dúplice, contra a lei e a CF,
teremos uma interposição dúplice: recurso extraordinário (discutindo-se constitucionalidade) e especial
(discutindo-se legalidade). O prazo é comum, de 15 dias, interpondo-se os dois recursos. No recurso
extraordinário, o STF exerce grau extraordinário de jurisdição.
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
- É possível devido ao controle difuso de constitucionalidade. Tratado internacional tem autoridade de lei federal
no Brasil.
- Hipótese de recurso extraordinário contra decisão que decrete a inconstitucionalidade de tratado (que em regra
tem forca de lei federal) ou lei federal, sendo possível devido ao controle difuso de constitucionalidade.
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
- A decisão de origem ter julgado valida uma lei local, como no caso RJ que já tinha sido contestada em face da
CRFB. De modo a sanar uma instabilidade da jurisprudência, então se admite um recurso extraordinário.
- Também trata-se de caso de controle difuso.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Era uma competência que pertencia ao STJ, porque o legislador entendeu que seria um recurso de controle de
legalidade, de avaliação de parametricidade de legalidade, e não de constitucionalidade.
Sucede que em 2004 a EC 45, dentre suas mudanças, suprimiu a alínea d do inciso III do artigo 105, CF, a que fixava
competências para o STJ em recurso especial e esta foi transposta para o inciso III do artigo 102, CF. o STF ganhou
mais um caso de recurso extraordinário.
- Quando uma decisão recorrida julga válida lei local em face de lei federal, nos termos exatos da alínea d, isto é,
uma lei que historicamente já houver sido discutida em sua validade em relação à lei federal e a decisão recorrida
a houver julgado válida; como há dúvida, há recurso extraordinário, e não mais especial. Isto porque o poder
constituinte derivado entendeu que quando se trata de exame de correlação de validade entre lei federal e lei
local o que se verifica é um possível conflito federativo e quando se estabeleceu a divisão de competência entre
União, estados e municípios, o que foi feito na CFRB, e não em lei federal; portanto, somente norma constitucional
pode dispor sobre repartição constitucional de competência. Logo, se a decisão recorrida julgou válida lei local já
contestada em face de lei federal, a matéria não envolveria fiscalização de legalidade e sim de
constitucionalidade. A matéria envolveria controle de constitucionalidade. Foi essa providência tomada pela EC
45, que modificou o entendimento anteriormente vigente.
Como pode surgir um conflito entre lei estadual e lei federal se não há relação de hierarquia entre união,
estado e município? Pode haver esse controle nos casos de competência concorrente, conforme disposto no
art. 24 da CRFB/88. Em matéria de competência legislativa concorrente, o legislador da união estabelece as
normas gerais e as normas especiais que dizem respeito à união, mas os estados disporão sobre as suas normas
especificas. Quando a decisão recorrida julgou válida uma lei local em face de uma lei federal em matéria de
competência legislativa de trato concorrente, cabe recurso extraordinário ao STF.
E porque não recurso especial? Quando o tribunal de origem proferiu uma decisão fazendo um juízo de
adequação da lei estadual em face da lei federal e não da CRFB, o que se examina no fundo daquela decisão
jurisdicional, é a obediência ao sistema constitucional de repartição de competências federativas. Logo, é
controle de constitucionalidade, não de legalidade – o que ensejaria recurso especial.
B) Superior Tribunal de Justiça [CRFB/88, art 105]
Art.152: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar, originariamente:(...)
II- Julgar, em recurso ordinário: (...)
III- julgar, em recurso especial, as causas decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:(...)
São, portanto, três modalidades competenciais do STJ:
I. originária – se iniciam no STJ. Diferença entre STJ e STF no campo das originárias: algumas decisões do STJ são
passíveis de recurso ordinário ao STFe outras passíveis de recurso extraordinário ao STF. Já as competências
originárias do STF, isso não acontece. Não é qualquer matéria de competência originária do STJ que enseja recurso
ordinário ao STF. Dentro do artigo 102, vemos que recurso ordinário ao STF somente nas hipóteses de negativa de HC,
HD, MS e MI de competência originária de Tribunal Superior, enquanto que Recurso extraordinário sempre que as
decisões dos Tribunais Superiores vergarem-se contra a autoridade da norma constitucionais, nas hipóteses do inciso
III, do art. 102. [CRFB/88, art 105, I];
I – processar e julgar, originariamente:(...)
a) nos crimes comuns, os governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais;
- Uma série de autoridade que têm foro por prerrogativa de função no STJ. Há, atualmente, movimento nacional
pelo fim do foro por prerrogativa de função. Ela ocorre em dois planos:
Tão somente por crime comum:
“governadores do Estado e do DF” Nos de responsabilidade, serão julgados pela Assembleia legislativa dos
Estados e Câmara Legislativa no DF.
Caso Espírito Santo: aumentou o número pra 4/5 dos votos pra votar a Emenda, sendo mais rígido que o
padrão de 60% de rigidez da CRFB.
Caso São Paulo: Em São Paulo tinha Corte Especial pra julgar Governador, mas STF entendeu que não seria
possível que Estado Membro da Federação fugisse ao standard tradicional de competência assembleiar.
Seria uma corte especial pra julgar governador do Estado, por crime de responsabilidade, composta por 8
deputados estaduais e 7 desembargadores. STF julgou inconstitucional.
Nesse caso, quem julga governador por crime comum, como um homicídio, é a Corte Especial – processa e
julgar governadores de Estado. Findo o mandato, deixada a função, a autoridade é remetida ao juízo natural de
1ª instância.
Para julgar crimes comuns e de responsabilidade:
“os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal”  De maneira geral, os
desembargadores das cortes de apelação são processados e julgados originariamente pelo STJ, tanto por crime
comum quanto por crime de responsabilidade.
“os membros dos Tribunais de Conta dos Estados e do Distrito Federal”  não são órgãos do Poder judiciário –
tribunal com natureza controvertida. São órgãos autônomos, para um, órgãos auxiliares de fiscalização, para
outros. Estes Tribunais de Contas dos Estados são compostos por conselheiros, assim como o TC do DF. São 7
conselheiros nos TC de cada Estado.
“Tribunais de Contas dos Municípios”  Municípios não mais instituiriam tribunais de contas; mas
preservados os tribunais de conta dos municípios (apenas RJ e SP). Mesmo sendo tribunais de contas do
município, a competência do foro por prerrogativa de função é a mesma dos Tribunais de conta dos Estados:
será processado e julgado pelo STJ.
Por que foro de prerrogativa de função reside no mesmo tribunal? Se o Tribunal de Contas é municipal e
o outro é estadual, por que é o mesmo, o STJ? Por conta da autoridade dos conselheiros do Tribunal de
Contas. Aquele conselheiro do Tribunal de Contas do Estado não vai ser julgado pelo TJ, uma vez que ele
que fiscaliza as contas daquele Estado, com aquele Tribunal. Além disso, quanto aos TCMs: de uma maneira
geral, o auxílio às Câmaras Municipais não é mais feito pelos Tribunais de Contas dos Municípios, mas pelo
TCE. Apenas o Rio de Janeiro e São Paulo têm TCM próprio. Nestes casos, em que há TCM, a escolha do
Constituinte foi fixar o mesmo foro porque conselheiro de TCM e TCE tem a mesma competência, mas com
a única diferença do órgão legislativo que auxilia: quem faz julgamento final das contas do Estado é a
Assembleia Legislativa; e das contas do Município é a Câmara Municipal. O TCE, além de auxiliar todos os
municípios que não tem TCM, auxilia também na inspeção de contas do Estado para a Assembleia
Legislativa. Portanto, como a função dos conselheiros do TCM e TCE é praticamente a mesma, o
constituinte determinou mesmo foro.
“e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.”  Quanto aos membros dos MPU que
oficiem perante os tribunais: Procurador Regional da República; Subprocurador Geral da República; Procurador
Regional do Trabalho; Subprocurador Geral do Trabalho; Subprocurador Geral de Justiça Militar; Procuradores
de Justiça do Ministério Público do DF e territórios. IMPORTANTE!
Ministério Público da união composto por: MPF / MPE / MPM / MPDFT
Ministério Público da União
MPF MPT MPM MPDFT (“=MPE”)
STJ TST STM
Subprocurador Geral Subprocurador Geral Subprocurador Geral
da República do Trabalho de Justiça Militar
TRF TRT ? TJDFT
Procuradores Procuradores - Procuradores de
Regionais da Regionais do Trabalho Justiça do MPDFT
República
VF VT CJM VJustiça
Procuradores da Procuradores do Procuradores de Promotores de Justiça
República Trabalho Justiça Militar do MPDFT
Lei Complementar 75/93: “Procurador da República atua perante Vara Federal”: 1ª inst.
*Exceção1: Os que não oficiam perante os tribunais, ou seja, aqueles que atuam em primeira instância:
Procuradores da República; Procuradores do Trabalho; Procuradores de Justiça Militar; Promotor de
Justiça do MPDFT. Eles não têm foro por prerrogativa de função no STJ, é em TRF de sua região.
*Exceção 2: O procurador Geral da república não é perante o STJ. Em crimes comuns, STF. Em crimes
de responsabilidade, o SF.
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
- Ministros de Estado – auxiliares direto do Presidente da República. Aqui, foram adicionados os comandantes das
Forças. Pelo mesmo motivo ressaltado antes: eles atualmente têm status de Ministros de Estado. Mandado de
Segurança contra Ministro de Estado e Comandante de força = STJ (competência originária).
- MS e HD contra ato do próprio tribunal (STJ) – Regra: MS e HD são julgados pelo próprio tribunal; neste sentido,
aqui também se aplica a regra: é competência originária do STJ.
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, ressalvada a competência da justiça eleitoral;
- 1ª parte: Regra: HC, como remédio constitucional, é julgado pelo STJ quando o paciente é aquele previsto na
alínea “a” que tem foro por prerrogativa de função, como por exemplo: governador de Estado, membros do MPU
que oficiem perante tribunal, etc.
- 2ª parte: quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição: TJ dos Estados, TJDFT, os TRFs, TRM (SP, RJ e RS);
- 3ª parte: competência da Justiça Eleitoral – muitas vezes há prisões preventivas e cabe HC perante o STE.
d)os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,I, o, bem como entre
tribunal e juízes vinculados a tribunais diversos;
- Conflitos entre tribunais de justiça, ou entre dois TRFs, ou entre Varas de Justiça comum de primeira instância se
forem de regiões.
- Exceção: TRF e TRT – É o Superior Tribunal Federal? Não, o STJ. Embora o primeiro tribunal comum seja o STF, o
disposto está fora da alínea “o” do inciso I do artigo 102 da CRFB (que fala sobre só tribunais superiores).
e) revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
- tanto em originária, quanto recursal! É ação rescisória e revisão criminal de seus próprios julgados.
-Não confundir com o artigo 102 – “Ao STF compete a execução das suas causas de competência originária, não
nas de recursal – porque aí desce pro tribunal de competência originária.” Não estamos falando disso! Ação
rescisória e revisão criminal do Supremo Tribunal é da competência de qualquer julgado, seja competência
originária ou recursal – isso vale, então, pro STJ. É qualquer julgado.
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
- hipótese de usurpação de competência. Se juiz de 1ª instância conceder exequator, quem julga reclamação é o
STJ. Antes era o STF, agora o STJ. Houve transposição do inciso, que antes estava contido nas competências do STF.
Já explicado pelo professor.
g) conflito de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União ou entre autoridades judiciárias de
um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre deste e da União.
- “Conflito de atribuição” – referem-se a funções não decisórias. Mas isso não quer dizer que o STJ é o senhor
soberano de todos os conflitos de atribuição. Não haveria motivo pra judicializar todos os conflitos de atribuições
que ocorrem. Os conflitos, a modo generali, são resolvidos dentro da própria administração pública. As hipóteses
aqui são tais que o STJ é chamado a decidir entre autoridades administrativa e judiciária da União, ou de um
judiciária de um Estado e administrativa de outro ou do DF. Isso evidencia que nem toda função judiciária é
jurisdicionar. Há funções atípicas dos tribunais – eles se administram. E pode haver conflito entre função
administrativa de um órgão jurisdicional. Aí, nesta combinação prevista na alínea g, há a possibilidade de conflito
de atribuições.
Qual a diferença entre competência e atribuição? Os dois concorrem com autoridade de estado. Competência
é pra decidir; atribuição é execução, não decisória. Conflito de competência é conflito de autoridade decisória
jurisdicional. Aqui, estamos falando de conflito de atribuição, que se referem às funções administrativas.
Obs.: Conflito entre órgãos do MP: é conflito de atribuição, não de competência.
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou
autoridade federal, da administração direta ou indireta (...)
- Exceção 1: Há casos que atribuição normativa é da Administração direta da União, mas que não determinam
competência mandamental ao STJ, como por exemplo atribuição do Presidente da República pra editar decreto
regulamentar. Nesse caso, é competência originária do STF pela imposição da alínea “g” do artigo 102, que
enumera as competências do STF. Lá, está previsto no caso de mandado de injunção em caso do presidente da
república.
- Exceção 2: casos da JM, JE, JT e JF – matérias vinculadas estritamente à esses ramos do PJ. Por exemplo: normas
que derivem do poder regulamentar dos tribunais eleitorais. Eles fazem toda regulamentação infra-legal, fazem
até resoluções. O juiz eleitoral é aquele que disciplina normativamente na comarca o funcionamento das eleições.
Há normas acima dele, mas ele tem poder de regulamentar. Logo, tem casos de mandado de injunção são da
Justiça Eleitoral, assim como Justiça do Trabalho e outros ramos do PJ.
- Atenção! Ficamos sem lei infraconstitucional pra regulamentar mando de injunção, até esse ano. Lei 13.300/16.
Finalmente é o diploma legal que regulamentou o Mandado de Injunção sob o ponto de vista legal.
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
- transplantação da competência, suprimida do STF e repassada ao STJ pela EC45/04.

II. recursal ordinária – [CRFB/88, art 105, II]; Não são típicas do STJ; no regime das competências recursais ordinárias é
mais complexo que o STF! Situação atípica que o tribunal se torna, atipicamente, 2º grau de jurisdição. Aqui, houve
diferenciação de tratamento entre competências recursais ordinárias em MS e competências recursais ordinárias em
HC. Aqui, é um exercício atipicamente segundo grau de jurisdição e, no caso da alínea “a”, o terceiro grau de
jurisdição.

II –julgar, em recurso ordinário:(...)


a) os Habeas Corpus decididos em única ou última instância pelos tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
- Exceção ao duplo grau de jurisdição! O HC por hipótese é julgado, originariamente por juiz federal. Há recurso de
apelo ao TRF. Se TRF mantém decisão, há triplo grau de jurisdição ao STJ atípico (afinal, é recurso ordinário). Ele
trata de modo diferenciado a alínea a e alínea b. O mandado de segurança é apenas duplo grau de jurisdição, já o
HC é em triplo! É mais uma chance recursal.
Ou seja, se o HC começar lá na 1ª instância, mesmo que tenha sido apreciado, a CRFB admite até mais um recurso
ordinário ao STJ, como triplo grau de jurisdição – só se decisão for denegatória. Ex.: HC contra ato de chefe da
alfandega- competência originaria do juiz federal, recurso ordinário ao TRF, recurso ordinário ao STJ – triplo grau
de jurisdição.
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
- Lembrar da relação simétrica ao que ocorre com MS previsto no artigo 102. Se MS for competência originária de
um tribunal superior – e se decisão for denegatória -, cabe recurso ordinário ao STF (lembrando também que não
caberia recurso extraordinário). Aqui, é como se descêssemos um grau. Se for mandado de segurança em única
instância por tribunais regionais federais ou TJs – e se decisão for denegatória -, cabe recurso ordinário ao STJ. É a
recorribilidade ordinária – ao STJ em mandado de segurança, abre duplo grau de jurisdição.
Mandado de segurança contra ato de governador do estado do Rio de Janeiro cabe a quem?
Cabe ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. É um exemplo de, se denegada a decisão, caberia
recurso ordinário ao STJ.
Caso de mandado de segurança contra ato de secretário de estado. Qual recurso cabível e a quem se
endereçará o recurso?
Ver primeiro, qual foro competente. Como o ato é de secretário de estado, a competência originária é Tribunal
de Justiça. A primeira instância será colegiada por excelência. No exemplo, teria havido denegatória a decisão,
mas acórdão do TJ teria sido contrário à letra da CRFB. Resposta: recurso ordinário e competência recursal do
STJ (flagrante afronta à CRFB não necessariamente é recurso extraordinário ao STF, pelo principio do
exaurimento da via recursal ordinária – “no recurso ordinário cabe tudo.”) O recurso extraordinário só vai
existir e impugnado ao STF se, então, o julgado do STJ for, per se, atentatório à autoridade da CRFB. Aí, sim,
caberia recurso extraordinário e ao STF.
c) as causas em que forem partes Estado Estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município
ou pessoa residente ou domiciliada no país;
- Essa alínea não se compreende sozinha, então se relaciona com outro assunto que veremos a seguir.  recurso
per salto ao STJ, porque é competência originária da justiça federal de 1ªinstância.
- Quando há conflito entre União Federal, Estado Estrangeiro e OI, competência originária é do STF, nasce e morre
lá. Outro caso: conflito entre Estado Membro e Organismo Internacional, competência originária também do STF
(Estado do Rio Grande do Sul e República oriental do Uruguai). Isso não envolve o município! A competência
originária é juiz federal em primeira instância. (Município Santana do Livramento e República oriental do Uruguai)
- Em geral, sentença proferida por um juiz federal, é passível de recurso ao TRF da respectiva região. Quando
houver recurso interposto de juiz federal de 1ª instância, na competência de julgar município ou estado
estrangeiro e OI ou pessoa residente ou domiciliada, o recurso será encaminhado diretamente ao STJ na forma
dessa alínea. Ver CRFB, art. 109, II

III. recursal especial – [CRFB/88, art 105, III]; o recurso especial conta com algumas disposições que lhe qualificam,
autenticamente, como um recurso de motivação vinculada, no dizer de Pontes de Miranda. Ou seja, um recurso cujas
hipóteses da cabimento excedem o duplo grau de jurisdição destinado ao controle de parametricidade.
O Resp já é uma espécie de recurso extraordinário, logo, seus casos de aplicação são muito mais restritos. Muitos mais
estreita que um recurso ordinário. A livre motivação, a simples irresignação da parte não basta pra justificar um
recurso de índole especial. Modo generali, o recurso especial é destinado ao controle de legalidade da decisão judicial
proferida. Se a decisão proferida está de acordo não com o parâmetro constitucional, mas o parâmetro de lei federal.
No recurso especial, o STJ é autenticamente um tribunal de defesa e guarda do direito federal legislado. Este tribunal
é criado pela CRFB/88, porque não existia antes. Só existia Tribunal Federal de Recursos. Mas este, ao contrário do que
muitos dizem, não foi sucedido pelo STJ. Ele foi extinto e foi sucedido pelos 5 TRFs. O STJ foi criado pra dividir
competências com o STF! O que houve foi aproveitamento dos Ministros dos TFRs pro STJ.
- Função do REsp: O STJ são tribunais de controle de parametiricidade da lei federal, do direito infraconstitucional
federal legislado. O artigo 105, III, nos traz a informação que o STJ tem competência pra julgar, em recurso
especial. Recurso Especial é ainda mais fechado que o Recurso Extraordinário. Ele vem especificamente dos TRFs
(5) ou dos TJs dos Estados (26) e TJ do DF e territórios(1) – quando decisão recorrida couber nas hipóteses das
alíneas do inciso III.
- Recurso especial com porta mais “estreita” A letra da constituição deixa claro: “PELOS TRIBUNAIS”, logo, não se
refere à outras decisões proferidas. Com isso, a área de incidência é mais estreita que o recurso extraordinário. O
Rextraordinário, de competência do STF, é cabível para decisões de única ou última instância. Logo, decisão de
Turma Recursal é passível de recurso extraordinário ao STF, mas não de recurso especial ao STJ.
- Tribunais de Justiça militar: cabe ressaltar que os tribunais de justiça militar são de âmbito dos militares
estaduais, por isso um recurso interposto de TJ militar ou de TJ é para o STJ, uma vez que o STM é de competência
da união. Cabe ressaltar que a via recursal desses militares é maior do que da justiça militar da união, uma vez que
nessa por não haver tribunal regional militares, o individuo consome tudo dentro do recurso ordinário indo para o
STM, e ai não existe uma possibilidade de recurso especial.
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
- Tratados internacionais ou lei federal: Caso mais claro de controle de legalidade. Porque de uma maneira geral o
Tratado Internacional é recepcionado no patamar das Leis Ordinárias Federais.
b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;
- É ato de governo local. Aqui, é apenas quando for ato de governo local, por excelência infralegal, já contestado
em face de lei federal. Esse tipo de fiscalização de parametricidade legal é típico caso do Superior Tribunal de
Justiça, porque ele é guardião do direito federal legislado.
E é também julgar válida a lei contestada em face de lei federal? Não mais! Não é lei local questionada em
face de lei federal mais! Esse caso não é mais hipótese de Recurso Especial, mas Recurso Extraordinário
(EC45/04 – firmou entendimento que “lei local” tem como discussão de fundo se as regras de repartição de
competência federativas para legislar foram atendidas ou não, logo, é afronta direto à CRFB). Já falamos sobre
isso.
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
- Papel importante no campo da instabilidade jurisprudencial no Brasil. O REsp tem pape de uniformização muito
importante. Isso porque temos hipótese que um TJ de Estado, ou então um TRF, esteja decidindo
sistematicamente de forma contrária a um outro TJ de Estado em relação a uma mesma lei federal. Se houver
jurisprudências diversas, o indivíduo pode se sentir em margem de insegurança. Se a decisão daquele tribunal
agride à lei federal, interpõe recurso especial sob alegação de divergência jurisprudencial não razoável.
- Estamos num momento em que caminhamos para uma centralização. A federação do Brasil está cada vez menor,
com um país cada vez mais centralizado. Isso acontece em todos os cantos, inclusive no caso do STJ.
Obs.:
1º Juizo de admissibilidade, o juízo ad quo do REsp é do TJ ou TRF.
Se um deles denegarem admissibilidade do recurso do próprio tribunal – lembrando que quem julga a
admissibilidade do recurso ao acórdão ver gastado não é o tribunal de origem, mas outro -, é possível que haja um
agravo de Recurso especial ao STJ pra que ele defira ou não pra forçar a alçada do REsp ao STJ. Com isso, o STJ irá
examinar, em dupla face, a sua admissibilidade e julgar, a contínuo, seu mérito, através do exame de matéria de
fundo do recurso inicial.
2º Juizo de admissibilidade, o juízo ad quem do REsp é do STJ.
Ele pode julgar que não é admissível sem examinar o mérito!

Parágrafo único. Funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe, na
forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
C) Tribunais Regionais Federais [CRFB/88, art 108]
Art.108: Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I – processar e julgar, originariamente:(...)
II - julgar, em grau de recurso, as (...)

Os TRFs são tribunais de apelação, logo, são tribunais de 2ª instância. Há, portanto, duas modalidades competenciais
do STJ: originária e recursal (de índole ordinária), sem recurso especial, nem recurso extraordinário para TRF.

I. originária [CRFB/88, art 108, I];


I – processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes
comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
- Juiz Federal. Fala de competências nos casos de competência originária do TRFs em foro por prerrogativa de
função: os juízes federais em sua área de jurisdição, ou seja, na região respectiva. O juiz federal da seção judiciária
do Espírito Santo tem foro por prerrogativa de Função no TRF da 2ª Região (RJ/ES).
- Juiz de Justiça do Trabalho. Isso inclui também os juízes da Justiça Especializada da União. O juiz do Trabalho,
também é juiz federal, mas da justiça especializada. Não se confunde com a carreira de juiz federal, porque tem
carreira própria, com concurso próprio e progressão distinta; mas não deixa de ser juiz federal da justiça
especializada. Logo, os TRT tem competência trabalhista, mas não competência criminal condenatória. O máximo
que vai é o HC. Com isso, um juiz de trabalho da 1ª Região (RJ) tem foro por prerrogativa de função no TRF da 2ª
Região (RJ/ES), ou seja, julgado pelo TRF da respectiva região.
- Juiz da Justiça Militar da União. Justiça Militar da União integra estrutura do Poder judiciário da União, com
competência criminal especializada (especificamente militares ou civis na pratica de crimes militares definidos na
Lei, o Código Penal Militar). O juiz auditor militar é civil, logo é processado e julgado como juiz de primeira
instância perante TRF da respectiva região. Com isso, um juiz auditor da Justiça Militar da 1ª Região (RJ) tem foro
por prerrogativa de função no TRF da 2ª Região (RJ/ES)
- Membros do MP da União que não oficiem perante o tribunal. O artigo 108 diz que aos juízes federais compete
originariamente os membros do ministério publico da união, mas não especifica os mempros do MP da União de
primeira instância ou segunda. Mas agora vemos que, pela previsão alínea a, inciso I do artigo 108, qualquer
membro do MP da União teria foro por prerrogativa de função! No entanto, em modo especial, vemos que a regra
especial afasta a regra geral, como é o caso do artigo 105, I, alínea “a” (STJ). Com isso, nós separamos todas as
regras que já foram especificadas:
 Procurador geral da República, julgado pelo Senado Federal por prática de crime de responsabilidade
[CRFB, Art.52, I]
 Procurador geral da República, com foro por prerrogativa de função no STF por prática de crime comum
[CRFB, 102, I, alínea b “procurador geral da república comum STF”]
 Sub procurador geral do Trabalho e outros, com foro por prerrogativa de função no STJ [CRFB, 105, I,
alínea a “todos que oficiem perante tribunaisSTJ”]
Nós aplicamos, aqui, portanto, um modo especial de interpretação: o princípio da especialidade. Mesmo tendo se
referido a modo generali a todos os membros do MP da União, são apenas os membros que NÃO oficiem perante
o tribunal. Neste caso,
 Procuradores da República
 Procuradores do Trabalho
 Procuradores de Justiça Militar
 Promotores de Justiça do MPDFT  não esquecer de falar Ministério público do Distrito Federal e
Territórios, que fazem parte também do Ministério Público da União.
- Ressalva das competências da Justiça Eleitoral: se for crime eleitoral, será competência da Justiça Eleitoral,
porque ela também tem competência criminal. O art.105, I, alínea “a” não faz ressalva na justiça eleitoral.
Naqueles casos, são julgados do STJ. Aqui, é competência da Justiça Eleitoral, com competência do Tribunal
Regional Eleitoral, por exemplo.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
- Julgados seus (próprio tribunal) e juízes federais (1ª instância): Encaixe no que discorremos sobre ação rescisória
e revisão criminal: regra pra isso que é o próprio tribunal, mas se for de primeira instância, será o tribunal acima
(tipo uma sentença criminal proferida pela 4ª vara: competência originária ao TRF da região). Lembrando que ação
rescisória é ação autônoma, logo, é proposta. No caso de uma tribunal, uma ação rescisória proposta frente a uma
decisão de uma turma, será competência de processar e julgar da seção. Se for em relação à seção, será
competência do órgão especial.
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
- A regra geral do mandado de segurança, que se arrasta ao habeas data: é julgado, quando contra ato do próprio
tribunal, por ele mesmo. A colegialidade interna é utilizada pelo regimento interno. O disposto também valerá aos
juízes de primeira instância, pois que monocráticos. Aqui não se engloba as Justiças Especiais, pois que é ação
cível.
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
- Autoridade: juiz federal. Não se fala quando autoridade for desembargador ou órgão do TRF – nesses casos, o HC
é de competência orginária do STJ. Quando vier de juiz federal, a competência é do TRF. Há uma diferença entre
HC e MS! Logo, aqui não caberia “contra ato do próprio tribunal”, porque os casos nesse sentido são julgados pelo
STJ.
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
- Juizes federais vinculados ao tribunal. Conflito de competência dos juízes federais – quem tem a competência
DEPENDE. Se for da mesma região, o TRF acima. Se for de regiões diferentes, STJ.

II. recursal [CRFB/88, art 108, II];


II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da
competência federal da área de sua jurisdição.
- Recursos interpostos às decisões proferidas pelos juízes federais e pelos juízes de direito em exercício de
competência federal. Elemento Incidenter tantum: quantidade muito maior juízos estaduais espalhados que juízos
federais, por isso, muitas vezes os juiz de direito exerce função federal comum por delegação, agindo como juiz
federal naquele processo. A razão é pela acessibilidade da justiça. A decisão de juiz estadual no exercício da
competência federal, nesse caso, se torna impugnável por recurso ao TRF. Porque juiz federal não há por todo o
território brasileiro. A margem de processo de competência judiciaria comum sob a batuca de juízes estaduais na
medida que a justiça federal territorialmente se expande, que é absolutamente natural. A preocupação era maior
em 1988 que hoje, mas ainda hoje, aguardamos o processo evolutivo dos órgãos da Justiça Federal de 1ª instancia
do Brasil.
D) Juízes Federais [CRFB/88, art 109]
Artigo 109: Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
- Quem: A justiça federal é uma justiça pra processar e julgar a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal. Justiça de competência fazendária. Não é justiça administrativa, no conceito europeu continental. É julgar
entes públicos quando estão em um dos polos da relação processual, afinal, as entidades da administração direta
são pessoas jurídicas de Direito Público.
Ex.: UFF é autarquia, uma pessoa jurídica de direito público: processada e julgada por Justiça Federal. Autora ou ré:
caixa econômica federal  processada e julgada por Justiça Federal. Já obanco do brasil  compete ser julgado ao
juiz estadual e não federal, porque Banco do Brasil é sociedade de economia mista da União, porque União tem
maioria do capital. O dispositivo fala apenas em empresa pública federal, não esse tipo de sociedade. Pela
residualidade das competências da Justiça Estadual, a competência pra processar e julgar algum processo em que
tenha o BB é da justiça estadual.
Logo, aqui no inciso I é competência da Justiça federal em primeira instância as pessoas jurídicas enumeradas no
inciso I do artigo 109: União, entidade autárquica ou empresa pública federal, somente.
- Assistência ou oposição: as entidades podem apresentar nessa condição. A competência também é da JF. Logo,
há extensão aos casos de oposição e assistência.
- Exceção: “as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.”
- Falência: como procedimento especial, previsto em lei própria, lei 11.101/05, prevê o princípio do juízo
universal da falência, que determina que há vis atrativa máxima exercida pelo juízo da falência competente
sobre as questões que dizem respeito à massa falida. Nesse caso, portanto, mesmo que haja interesse da
União, ele será processado pelo juízo da massa falida, que é da Justiça Estadual (Vara empresarial).
- Acidente de trabalho: até 2004, a competência pra processar e julgar acidente de trabalho pertencia à Justiça
Estadual, por residualidade. A EC45/04 transferiu competência para a Justiça do Trabalho, fora da Justiça
Federal.
- Sujeitas à Justiça Eleitoral e à justiça do Trabalho: A residualidade assume duas faces: se opera dentro do
âmbito da justiça da União; depois, opera efeito para a Justiça do Estado. Logo, como examinar a questão
competencial de um modo geral? Primeiro, verificando se a competência é da justiça especializada. Se não for,
presume-se da Justiça Federal Comum. Se não for desta, será da Justiça Estadual Comum. Logo, se for da
Justiça Eleitoral ou Justiça do trabalho não será da Justiça Federal Comum.
*A Justiça Militar não está mencionada porque o inciso I fala sobre a área cível, e a justiça militar tem
competência criminal. A justiça federal também tem competência criminal! Mas nesse inciso, só se fala
exclusivamente de competências cíveis, logo, só precisou preceituar as exceções da Justiça Eleitoral e do
Trabalho.
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no
País;
- Conexão ao art.105, II, alínea “c” – constituinte fez escolha de recurso per saltum e encaminhando diretamente
ao STJ. A decisão do juiz federal pode ser questionada perante o STJ. A competência originária, no entanto, é de
juiz federal de 1ª instância.  Recurso ordinário ao STJ!
- Município. Superada a questão de DIPrivado, reconhecida a competência da autoridade judiciaria brasileira,
compete ao juiz federal de 1ª instância processar e julgar essas causas.
Ex.: Santana do Livramento x República Oriental do Uruguai (PJ do Direito Internacional Público). Em um polo, tem
uma pessoa jurídica (soberana ou não) de direito internacional público e, em outro, uma pessoa de Direito Público
Interno, então quer-se que, em grau de recurso, diante da censura feita daquela decisão do juízo ad quo, que haja
tribunal de jurisprudência central capaz de processar e julgar esse feito.
- Pessoas domiciliadas. O inciso II além de fixar os municípios, fixa também os conflitos entre pessoas residentes ou
domiciliadas no Brasil. Se houver conflito entre pessoa natural residente no Brasil ou entre pessoa jurídica de
direito privado situada no Brasil e estado ou org. internacional. A competência será do juiz federal de primeira
instância.
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
- Contrato. São contratos internacionais que tenham como parte a União Federal. Muitas vezes a União celebra
tratado contrato, do qual surgem direito e obrigações. Como a união exerce a condição tanto de um ente interno
quanto externo, isso gera confusões. Se houver conflito fundado em tratado internacional ou contrato da União ou
estado estrangeiro ou organismo internacional, então a competência dentro do Brasil é conferida aos juízes
federais de 1ª instancia. Se, portanto, a causa decorre da execução do contrato internacional, temos a
competência dos juízes federais de 1ª instância.
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça
Militar e da Justiça Eleitoral;
- Conexão com inciso I, que fala das causas cíveis. Aqui, se fala das infrações penais, logo, causas criminais. Os
crimes causados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União e etc ensejam competência dos juízes
federais. É a principal enumeração de competência dos juízes federais, em matéria criminal. Os delitos geram
prejuízos à União Federal, falando de modo genérico, logo, a competência passa a ser dos juízes federais.
- Contravenções. A CRFB estabelece competência dos juízes federais, mas exclui contravenções. Estão cada vez
mais distantes das categorias tradicionais. As contravenções estão ressalvadas, de acordo com a Lei 3.688 de
Contravenções Penais. Pela dimensão da prática contravencional, a competência não seria cometida aos juízes
federais. Tratando-se de contravenção praticada contra bens, serviços ou interesses da união federal a
competência é da justiça estadual. Uma vez praticada contravenção, a competência recairá ao âmbito da justiça
estadual por residualidade.
- Exceção: “ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral.” A premissa analística é a mesma: as
competências de justiça especializada, são de justiça especializada, logo, excluem, de primeira mão, da justiça
comum as competências, mesmo que sejam federais. A ressalva é porque alguns crimes perpetrados em
detrimento dos bens e etc da União Federal podem ser julgados fora da Justiça Federal também. Se um sargento
danificar material da União, é crime militar e competente da Justiça Militar da União. Ex.: O material bélico da FAB
pertence a um órgão, que pertence à União. Logo, o material é um bem da União. Logo, é dano em prejuízo da
União. Como aqui se excetua a Justiça Militar, esse crime de dano será competência da Justiça Militar da União.
Assim também ocorre nos crimes eleitorais.
- Justiça do Trabalho não mencionado? Assim como no inciso I deste artigo 109, que não fez exceção da Justiça
militar (porque o iniciso falava de causas cíveis, mas a Justiça Militar tem competência quanto às causas criminais),
aqui, não excetua a Justiça do Trabalho, porque esta tem competência em causas cíveis, logo, não se adequa a este
que é um inciso que fala apenas sobre causas criminais.
- Crimes políticos. Foram mal versados no Brasil, por circunstância auspiciosa. Se não houve uma preocupação
jurisprudencial que definisse crime político, é porque a preocupação do constituinte não se revelou tão necessária.
Crime político seria o crime que decorre de uma opinião dita “subversiva aos interesses da União”. Ao STF tem
competência em recurso ordinário pra julgar  recurso per salto do crime político ao STF. Não teve consolidação
jurisprudencial em torno da figura do crime político, mas recurso per salto ao STF é recurso a partir do julgamento
do juiz federal de primeira instância.
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha
ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
- Crime previsto em tratado. Pode estar previsto, porque tratado ou convenção tem autoridade de lei federal, em
reserva – tanto pela competência concentrada das União Federal, quanto art. 22, é matéria da União Federal.
Logo, se tem autoridade de lei federal, o crime pode estar assentado em um tratado ou convenção internacional.
- Condição: o iter criminis deve percorrer dois territórios de soberania distintos, um dos quais, o território
brasileiro. O iter criminis pode ser curto ou longo, dependendendo também da modalidade do delito (como crime
permanente), mas quando falamos de um longo, vemos a possibilidade desse inciso.
Logo, Toda vez que o crime está previsto em tratado ou convenção internacional e difere no iter criminis no
espaço, se a competência for nacional, será do Juiz Federal (tanto de fora para dentro, quanto de dentro para
fora). A previsão em tratado é um requisito. Não se exige que o crime tenha exclusiva previsão no tratado
internacional. Muitas vezes o crime é previsto internacionalmente, mas também tem repressão em tratados e
convenções internacionais. Estes ensejam a competência dos juízes federais.
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004);
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira;
- Modalidades de crimes contra:
 Organização do trabalho: quando surgiu a reforma do Poder Judiciário, houve um caminho longo. A
reforma foi discutida ao longo do tempo. A primeira proposta que levou à EC45 data de 1993. Houve
movimento que advogava a tese que os crimes contra a organização odo trabalho deveriam perpassar às
competências da Justiça do Trabalho. Com isso, a Justiça do Trabalho teria competência condenatória, pra
processar e julgar a prática de crime. A proposta fracassou. Foram conservadas as competências criminais
da Justiça do Trabalho aqui, da Justiça Federal Comum – até hoje.
 Sistema financeiro: os crimes desta espécie vêm pela Lei 7.492/86, como o exemplo do crime de lavagem
de dinheiro, crime de evasão de divisa.
 Ordem econômico-financeira: os crimes desta espécie vêm pela Lei 8.137/90, envolvem, por exemplo,
concorrência desleal; questões que dizem respeito ao vigor dos princípios gerais da ordem econômica
afirmados no art. 170 da CRFB. O crime contra o sistema financeiro é aquele que atenta contra o sistema
bancário de controle de finanças.
- Diplomas legislativos autônomos: A redação desse inciso já levava em conta que os crimes da Justiça do Trabalho
estavam previstos no Código Penal, mas o constituinte permitiu que nos outros dos tipos existisse uma atuação do
legislador; não chamou para si a positividade normativa, no que o legislador viesse a definir como tal se basearia a
competência federal.
Obs.: Lembrar, aqui, que se excetuam os casos em que há foro por prerrogativa de função!
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
- Matéria de competência criminal da Justiça Federal, o HC será de competência do juiz federal, exceto se ato for
contra ele próprio! Nesse caso, se for HC contra ato do juiz federal, a competência originária do HC será do
Tribunal Regional Federal de sua região. Se for ato sujeito à jurisdição do juiz federal, a competência é do juiz
federal.
- Habeas Corpus: autoridade cujos atos não estejam sujeitos a outra jurisdição. HC contra ato de polícia federal é
competência da justiça federal em primeira instância. HC em matéria criminal de sua competência - não quer dizer
HC de sua decisão, e sim de crime de competência da justiça federal de 1ª instância. Ou HC quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição - se a
autoridade que realiza a privação de liberdade não responde a nenhuma outra justiça, o juiz federal tem
competência para julgar o processar o HC.
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais;
- “Autoridade federal”: seria qualquer uma, mas com exceção daqueles que já estão previstos, como o juiz federal!
O mandado de Segurança contra ato de juiz federal compete originariamente ao TRF. Aqui, portanto, seria
qualquer autoridade federal cuja competência não esteja definida na CRFB. Aqui, aplica-se o princípio da
residualidade. Mandado de Segurança contra ato de Ministro de Estado: STJ.
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
- O legislador viu que crime a bordo de navio e aeronave, pela potencial distância da definição geográfica, então
crime deve ser de competência do juiz federal.
- Exceção Justiça Militar: Excetua crimes da competência da Justiça Militar. Pode ocorrer um crime dentro de uma
aeronave militar. Se o crime é militar e é da competência militar, não será da competência federal comum, mesmo
cometido dentro de aeronave civil. Para além disso, as três forças armadas têm meios aéreos.
Atenção! Quando falamos da justiça federal, falamos de um ramo da justiça comum; mas quando falamos da
justiça militar falamos de um ramo da justiça especializada que tem basicamente competências militares. Se o
crime for militar, a competência será do juiz militar ou do conselho de justiça militar. Se a aeronave for da FAB, por
exemplo, a competência será da Justiça Militar da União. Pode também haver crime militar em embarcações e
aeronaves civis, sendo também da competência da Justiça Militar, que é especializada, e prefere à da justiça
comum.
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur",
e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
naturalização;
- Causas criminais. Há o crime de ingresso ou permanência irregular no Brasil, pois que envolve soberania
estrangeira. Lembrando que o vínculo de nacionalidade é o mais importante no âmbito jurídico.
- Causas cíveis: Há também execução de carta rogatória após o exequatur (antigamente era o STF que concedia o
exequatur e hoje e o STJ, mas quem cumpre é juiz federal de 1ª instancia), e de sentença estrangeira após
homologação. Já falamos disso. Nesse caso, a competência pra homologar sentença estrangeira e conceder o
exequator e a carta rogatória é do STJ, mas o cumprimento ou execução da diligência rogada é do juiz federal.
Nacionalidade e Naturalização são matérias que dizem respeito ao vínculo maior que une cidadão brasileiro ao
Estado Nacional. Logo, a competência é do juiz federal, e não do estadual.
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
- Disputa: Não é qualquer disputa envolva indígenas, mas conflitos que envolvam interesses da população
indígena, como conflitos demarcatórios, agronegócio, etc. Esta é juridicamente qualificada, não se fala de
interesse de um determinado indivíduo de povo indígena contra um seu ou de outra tribo, esse é da justiça
comum. Dois índios litigando sobre questão intersubjetiva não gera competência à Justiça Federal. Mas sim de
direito indígenas, ou referentes a povos indígenas – coletividade é exigida quanto ao bem jurídico tutelado.
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
- Quem é a outra parte? Alguém que tenha uma dimensão menor do que a União, se a União começa uma ação de
execução fiscal, por exemplo, ela deve ir onde estiver o contribuinte. Faz-se isso para buscar um equilíbrio entre as
partes, tornar a relação pretensamente igualitária. Ex: se a União entra com uma ação contra uma parte que mora
em Itaperuna, deve procurar a vara federal de Itaperuna.Essa é uma cláusula de equalização
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor,
naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no
Distrito Federal.
- Aqui o autor tem 3 possibilidades de escolher aonde serão aforadas as ações contra a União:
1ª Aonde for domiciliado o autor (pelo mesmo motivo do parágrafo anterior),
2ª aonde tenha ocorrido o ato ou fato que deu origem da demanda
3ª “ou, ainda, no DF” - o autor pode ajuizar ação no DF, quer dizer que o contribuinte em Petrópolis querendo
a nulidade uma tarifa tributária pode ajuizar a ação em Brasília, por ser o Distrito Federal, foi uma escolha do
autor. O motivo pode ser o exame da jurisprudência das varas federais sopram a um sentido mais favorável as
suas pretensões. Por exemplo, nada obsta que um autor do Rio de Janeiro ajuíze uma ação contra a União no
DF. Agora, uma vez que o autor tenha feito essa escolha ficará vinculada, e não se pode mudar de foro, por
mudança da jurisprudência.
- Em geral, a ação é aberta na vara federal de domicilio do autor, mas nada obsta que seja aberta aonde ocorreu o
ato ou fato, ou ainda no DF.
- Ambos parágrafos 1º e 2º estão em consonância, uma vez que o parágrafo 1º fala que as causas em que a União
for autora deverão ser aforadas no domicilio do réu, e o parágrafo 2º que quando a União for ré, cabe a escolha de
foro, pelo autor.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara
do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e
julgadas pela justiça estadual.
- Interpretação histórica – quando a CRFB/88 foi promulgada existiam pouquíssimas varas federais. O constituinte
quis proteger essas pessoas, mas em matérias previdenciárias. Mesmo que haja vara federal que abranja aquela
comarca, fica facultado ao segurado ir até a vara estadual, isso se deu para proteger o segurado. Deve-se pensar
nas regiões do Norte, com grandes distâncias territoriais, em que, às vezes, o indivíduo tem que percorrer muitos
quilômetros. Por isso, é importante ficar atento, que este parágrafo no final deixou a possibilidade aberta da lei
permitir que outras causas sejam abertas na justiça estadual, porém em matéria previdenciária - deixou expresso
taxativamente-, ou seja, de forma clara que tal situação pode ocorrer
- Hoje, há controvérsia em relação à parte final desse dispositivo. As resoluções internas dos tribunais têm
estabelecido normas específicas. Mas há seções judiciárias que correspondem a estados-membros da federação
enormes. Em casos de matéria tributária, dependendo da resolução da seção judiciária, pode haver ou não
vinculação com a justiça estadual, e, em certos casos, o autor precisaria ir à sede da seção para litigar.
Exemplo: contribuinte de Valença que propor ação na vara estadual de Valença, que declarou incompetência
territorial, tendo em vista que a Seção judiciária de Barra do Pirai ficaria na cidade ao lado. Tal seção também
declarou incompetência, resultando num conflito de competência negativo. Em regra, o conflito seria resolvido no
STF, mas, nesse caso, foi para o TRF.
- Apenas um alerta: Os TRFs, que são 5 atualmente, têm adotado resoluções que: se a vara federal sede da seção
judiciaria estiver até uma distância determinada, então o contribuinte tem que litigar em vara federal, o que
quebra a regra desse parágrafo.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de
jurisdição do juiz de primeiro grau.
- No caso de se utilizar a hipótese do § anterior, e a ação tenha sido aberta em vara estadual, por não ter sede de
vara federal na comarca do domicílio do autor, o recurso será sempre para o TRF, mesmo que tenha sido julgado
por um juiz estadual.  Lembrar do inciso II do art. sobre os TRFs: recurso ordinário. “julgar, em grau de recurso,
as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de
sua jurisdição.”
§ 5º - Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
- Não é que a competência tenha sido transferida em definitivo para a justiça federal, pela EC 45/2004. Trata-se de
deslocamento de competência. Estamos falando de casos graves de violação de direitos humanos, aqueles
determinados, que possuem repercussão no instituto dos direitos humanos, em seu domínio existencial.
Lamentavelmente, temos muitos fatos dessa magnitude no país.
- Foi introduzido pela EC 45/04. Trata-se de uma hipótese de incidente de deslocamento de competência, e não
de uma transferência em definitivo para a Justiça Federal, é algo casuístico.
No caso concreto, desloca-se a competência estadual para a competência federal, garantindo autonomia
institucional e autoridade decisória. O feito é deslocado se o PGR suscitar perante o STJ, que é o superior tribunal
da justiça comum, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a
Justiça Federal.
Que hipóteses são as que permitem tal deslocamento? Casos de grave violação aos DHs, não são quaisquer
casos, mas aqueles estabelecidos. Infelizmente, isso tem ocorrido bastante, até hoje, como no caso do
massacre do Eudorado dos Carajás no Pará, onde a polícia matou diversos trabalhadores e crianças, ou o
massacre do Carandiru. O constituinte entendeu que, algumas vezes, o juízo estadual sofre tanta pressão, por
ser presumivelmente mais próximo do local, que possa sofrer uma ruptura na sua autonomia decisional,
imparcialidade, ou independência funcional, assim se estabeleceu a possibilidade de deslocamento de
competência, para o juízo federal.
- Condição: Cabe ao PGR, deve pleitear perante o STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo um incidente de
deslocamento de competência.
E) Justiça do Trabalho [CRFB/88, art 114]
Art.114: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
- A EC45/88 alargou o fecho de competências da Justiça do Trabalho, devido ao momento em que foi promulgada
(dezembro de 2004), ascensão nacionalista com política uniformizada em todo o continente latino-americano, com
presidentes como o Lula. Antes esse artigo não possuía incisos, e era uma cláusula aberta que muitas vezes ensejava
dúvidas sobre a competência dos juízes do trabalho.
- Durante a década de 90 existia campanha com o fim de extinguir a Justiça do Trabalho, porém com a ascensão
histórica dos movimentos nacionalistas esse movimento ruiu.
- Nem todas os pleitos da Justiça do Trabalho foram aceitos, como o já mencionado exemplo dos crimes contra
organização do trabalho. (artigo 109, VI)
- Alguns doutrinadores acreditam que teria sido melhor feito, se houvesse uma partilha entre os TRT, TST, e os Juízes
do Trabalho, tal qual nos TRFs, STJs, e Juízes Federais. Essa ideia fracassou, mas era mais um pleito da ANMATRA. O
que foi feito, foi separar na CF/88 as competências da Justiça do Trabalho, mas sem dividir as competências
originárias, recursais ordinárias e de revista. Isso nós só vamos saber através do estudo do direito processual legislado,
e não do constitucional estabelecido.
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
- Relação de trabalho. A CF aqui não se referiu a contrato de trabalho, mas em relação de trabalho. O que foi
extremamente positivo, pois como é sabido, nem sempre há contrato de trabalho para todos.
- Direito público externo são os estados estrangeiros que mantém relação de trabalho, há importantes
convenções diplomáticas, como a de Viena, que tratam sobre relações diplomáticas e consulares. E por essas
convenções há uma grande proteção dessas relações no âmbito do território nacional, mas isso não quer dizer
barbárie, se tem imunidades, porém essa outorga não é plena. Então no que tange as relações trabalhistas,
sobretudo num país como o nosso, com heranças do Welfare State, e reconhecida desigualdade
(empregador/trabalhador) a lei trabalhista cai com um peso um pouco maior. Quando se fala em relações
trabalhistas nos consulados, aplica-se a, portanto a nossa lei trabalhista. Atenção! Isso não quer dizer que a lei
brasileira regule a relação entre um embaixador angolano e o cônsul angolano no Brasil, pois isso será resolvido
com a lei Angola, mas quando envolver mão de obra nacional.
- Administração Pública direta e indireta da União.
Administração Pública Direta  União, Estados, DFs e Municípios
Administração Pública Indireta  Autarquia, sociedade de economia mista, empresa pública, fundação
pública (de direito privado e de direito púbico).
Servidores públicos x União, Estados, DFs Municípios e Autarquias: Quanto à administração pública da União,
de um modo geral, um conflito entre um servidor público estatutário e um ente público se dá ou na justiça
federal ou na estadual, e não na do trabalho. Ex.: Conflito de interesses ligado a relações de trabalho entre um
professor da UFF e a UFF ou um auditor fiscal do tesouro nacional e a União.
Conflitos firmados entre os servidores públicos e seus entes públicos de vinculação são processados e julgados
pela justiça comum (estadual ou federal a depender do servidor), porque há um vínculo surgido entre o
servidor público e seu ente público que não é um vínculo contratual, é um vínculo institucional. O vínculo
institucional faz com que um servidor pertença à instituição. Auditor fiscal e professor adjunto de uma
universidade federal integram as suas respectivas instituições. Dai dizer que, em relação aos municípios e
estados-membros, temos a competência para julgar os conflitos que envolvam servidores e o poder público.
Então por que esse inciso fala em relação de trabalho na administração pública direta e indireta? Na
administração pública, segundo o DL 200/67, não estão apenas a administração direta ou administração
autárquica, que faz parte da indireta. Há também, no contexto da administração indireta, as empresas públicas
e as sociedades de economia mista. O vínculo funcional numa empresa pública se dá mediante um contrato de
trabalho. Pelo vínculo contratual-trabalhista na empresa pública ou sociedade de econômica mista (Caixa ou
BB), aquele que, em alguma delas, trabalha não é servidor público, é empregado público. O que temos, na
verdade, são empregados, e não servidores públicos. Logo, os conflitos são levados pra Justiça do Trabalho.
O vínculo é contratual, o conflito se leva para a Justiça do Trabalho; já em autarquias (UFF) o vínculo é
institucional, e o conflito se leva a Justiça Federal.
- Acredita Sampaio que o vínculo institucional é mais sucumbente às ordens do Estado do que o funcionário do
âmbito privado, a relação institucional não deve ser vista sob à vista de prerrogativas, com a ideia de
vantagens, mas de se ter autonomia de exercer sua função. O servidor público estrito senso, se tem um vínculo
institucional, ele tem menos negociabilidade de tutela própria do que o funcionário de empresa pública. Por
integrarem o serviço público, há mais entrega, e, consequentemente, maior responsabilidade.
Atenção!
 A legislação federal prevê a contratação excepcional para fim de interesse público. Por exemplo:
professor temporário, que não está no quadro efetivo, leciona mediante vínculo contratual, precedido
de processo seletivo simplificado em relação ao concurso público. Quem julga conflito entre esse
professor temporário e a universidade é a justiça comum. Isto porque há uma regência que não é
aquela prevista na CLT, e sim uma regência administrativa.
 Como a lei trabalhista brasileira considera relações desiguais, em consulados, aplica-se, em regra, a
legislação trabalhista brasileira. São relações de trabalho, regras das pela legislação trabalhista
brasileira, e são, acima de tudo, contratos de trabalho. Há também as carreiras de apoio técnico
funcional, como os oficiais de chancelaria brasileiros. No Brasil, há empregado de embaixada em
consulado, essa relação é regulada pela legislação trabalhista brasileira.
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Tinham-se muitas dúvidas acerca de quem seria a competência das ações que envolviam o exercício do direito de
greve: se caberia ao juiz trabalhista, sendo uma relação de embate entre capital X trabalho, ou o constituinte. No
entanto, foi decidido que é da competência da Justiça do Trabalho essas ações.
- Pelo princípio da especialidade, a norma especial afasta a incidência da norma geral. O que significa que nem
toda ação que envolva o exercício do direito de greve é da competência do juiz do trabalho. A greve do servidor
público vai ser tratada pela justiça comum. O ramo vai depender do próprio servidor. Aqui no dispositivo, a regra
geral se refere à greve do empregado. Para Sampaio, não há tensão entre capital e trabalho no serviço público. Por
isso que muitas vezes a greve no setor público traz menos resultados práticos do que no setor privado.
De quem será a competência no caso de greve do servidor público? Depende, servidores públicos da rede
hospitalar federal – justiça federal; professores da UERJ – justiça estadual do RJ.
- Se aplica extensivamente a lei 7783/89 na ausência da previsão de greve para o servidor público, guardadas as
proporções. O STF decidiu que a greve cabível na justiça do trabalho é aquela de funcionários contratados e
servidores públicos lato senso (funcionários da Petrobras, BB, etc). Se se tratar de servidor público estrito senso,
caberá à justiça comum julga-la (Princípio da especialidade).
- Desta forma:
 greve do servidor público federal (professor UFF ou servidor publico de rede hospitalar federal)  justiça
federal;
 greve do servidor público estadual/municipal (professor UERJ)  justiça estadual;
 empregado de empresa privada (funcionários contratados) e servidores públicos lato senso (BB,
Petrobrás, Caixa)  justiça do trabalho.
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Os sindicatos são figuras importantíssimas, por representar os dois fatores de produção – capital e trabalho. Nas
mais diversas conformações possíveis. Obs: Hoje existem sindicatos de empregadores.
- ações com disputas entre: Sindicatos X Sindicatos
Sindicatos X Trabalhadores
Sindicatos X Empregadores
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Mandado de segurança, a justiça do trabalho sempre julgou. Se for mandado de segurança contra ato de juiz do
trabalho a competência é do TRT (regra: tribunal acima). Se for mandado de segurança contra ato de
desembargador do trabalho, é do próprio TRT (regra: mesmo tribunal, colegialidade). No entanto, no art. 105, I da
CRFB, há ressalva para justiça do trabalho no mandado de injunção. A jurisprudência entendeu que as hipóteses do
mandado de injunção também conferem competência à justiça do trabalho.
- Habeas Corpus: Inovação da emenda constitucional 45 não foi o mandado de segurança, mas sim, o habeas
corpus, quando o HC for destinado a impugnar infrações, quando o coator for o próprio magistrado da justiça do
trabalho, por exemplo, ou outra autoridade sujeita à jurisdição do trabalho em relação aos seus atos públicos.
Exemplo: fiscais do ministério do trabalho. Eles têm, especificamente, atribuição destinada à fiscalização das
relações de trabalho. Fiscalizam se as relações trabalhistas estão em funcionamento nas empresas, são servidores
públicos da União, podem aplicar multa, ou chegar até a constranger o direito de ir e vir de alguém.
- No entanto, o art. 114 não divide a competência da justiça do trabalho em instâncias.
Então, de quem vai ser a competência para julgar habeas corpus contra ato de juiz do trabalho? Ao Tribunal
Regional do Trabalho (sempre um acima, e assim por diante). Assim, a quem cabe julgar Habeas Corpus contra
ato de desembargador do trabalho? Ao Superior Tribunal do Trabalho. OBS: O art 105, I, C fala que cabe ao
STJ, HC contra ato de desembargador do TRT, porém é preciso utilizar a regra da especialidade, e aqui caberá
ao TST.
Nesses casos de HC contra ato de desembargador do Trabalho, é cabível hipótese de recurso ao STF? Sim,
através de recurso ordinário, pelo princípio do exaurimento da via recursal ordinária. Está previso na CRFB/88,
art.102, II, a
“II- Julgar, em recurso ordinário: (...)
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;”
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Outro caso de especialização em face da regra geral: se formos pela regra geral do art. 105, essa competência
poderia ser do STJ, mas estamos falando de uma adição pela EC 45, e a competência, portanto, será da Justiça do
Trabalho. É o mesmo caso de conflito de competência na justiça comum, mas aqui, competirá à justiça do
trabalho. Por exemplo, conflito de competência entre duas varas do trabalho da mesma região serão processadas
originariamente pelo TRT. Se pertencerem a regiões diferentes, será o conflito processado pelo TST.
Ex.: A quem compete processar um conflito entre:
juiz federal do trabalho de Cabo Frio X juiz federal do trabalho de Niterói? O TRT da 1ª região, por serem ambos
órgãos da jurisdição trabalhista.
juiz do trabalho de Niterói X juiz federal do trabalho de Juiz de Fora? São de Regiões diferentes, então será o
TST.
- Exceção: Art 102, I, O quando se tem Tribunais Superiores e quaisquer tribunais. Então conflito entre TST e
qualquer tribunal cabe ao STF.
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Antigamente, cabia às varas estaduais acidente de trabalho, hoje essa competência é da Justiça do Trabalho. Não
é só o acidente de trabalho, mas qualquer ação que enseje dano. Ex.: assédio moral  competência da Justiça do
Trabalho.
- Se se tratar de servidor público estrito senso, caberá à justiça comum o processamento de ações de indenização
por acidentes de trabalho.
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- A discussão da penalidade administrativa é interessante: se a sanção administrativa transbordar os limites do
direito administrativo sancionador, estaremos diante de um ato de comunicabilidade perante o judiciário. Se for
proposta ação autônoma em relação a essa sanção abusiva, o seu julgamento caberá à Justiça do trabalho. Aqui
também são incluídos mandados de segurança (remeter ao inciso IV).
- Exemplo disso, é o caso mencionado anteriormente do fiscal do Ministério Do trabalho que impõe uma sanção
abusiva sobre o empregador, o mesmo pode recorrer à Justiça do Trabalho.
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais,
decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- “contribuições sociais”: Que contribuições são essas? Trata-se da contribuição patronal. Será que contribuição
social é tributo? Tributo é o poder de império do Estado perante o contribuinte. Antigamente, era dividido em:
impostos, taxas e contribuição de melhorias. Hoje, se acrescentou as contribuições sociais e empréstimo
compulsório. Então essa contribuição patronal pode ser considerada um tributo, no caso do Art 195, é tributo
federal:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (...)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
Pelo caso do artigo 195, a contribuição patronal decorre das relações de trabalho. Uma parte é o trabalhador que
é retirado na fonte, e a outra é o empregador. Com isso, o trabalhador tem sua fonte resguardada. O que ocorre,
muitas vezes, é que o empregador retinha esse dinheiro, e utilizava na administração da empresa – uma prática
denominada apropriação indébita (Diferente do estelionato, em que o indivíduo pretende ter a posse da coisa, na
apropriação indébita ocorre retenção).
- A contribuição trata-se de uma execução fiscal (lei 6830 que regula execução fiscal no Brasil).
Em regra, a quem compete processar e julgar essas execuções fiscais? A justiça federal, e excepcionalmente a
justiça do trabalho. Ou seja, isso é excepcional, porque em regra: a execução fiscal de tributos federais
compete aos juízes federais; a execução fiscal de tributos estaduais, à justiça estadual; e a execução fiscal do
município (IPTU), à justiça estadual. Como a previdência é matéria federal, cabe, também, aos juízes federais.
Porém, a execução, DE OFÍCIO (mediante provocação), daquelas contribuições sociais (previdência
social/contribuição social), que sejam decorrentes das sentenças que a Justiça do Trabalho proferir, compete à
Justiça do Trabalho, em caráter excepcional. Em outras palavras, se foi verificado na Justiça do Trabalho esse
débito tributário, cabe à ela a execução de tal débito. Por isso, é exceção.
- “acréscimos legais”: juros e multa administrativa.
Natureza jurídica das contribuições sociais -> são tributos. Pela classificação quinária dos tributos estão eles
divididos nas categorias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais e empréstimos
compulsórios.
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
- O constituinte deixou a porta aberta, autorizando que a lei estabeleça outras hipóteses controvérsias.

§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.


§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar
dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições
convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do
Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de
dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional,
nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 116. A Junta de Conciliação e Julgamento será composta de um juiz do trabalho, que a presidirá, e dois juízes classistas temporários,
representantes dos empregados e dos empregadores.
F) Justiça Eleitoral [CRFB/88, art. 121]
- O nosso sistema constitucional nos capítulos dedicados a partilha de competências, se inicia mais prolixo e exaustivo,
e vai diminuindo, relegando essa tarefa ao legislador infraconstitucional.
Ex: Começa detalhista com o STF, e quando entra na Justiça do Trabalho o constituinte enumera as competências, mas
não as divide quanto à natureza, originária, recursais ordinárias.
- Na Justiça Eleitoral não se foge a regra, pouquíssimo trata o constituinte. Como aqui, nos cabe o estudo do direito
constitucional positivo, não veremos a lei eleitoral infraconstitucional. Mas enconraja-se o estudo do direito
processual e material eleitoral, como por exemplo quando cabe um Recurso Especial Eleitoral ao TSE, e quando cabe
um Recurso Ordinário Eleitoral.
- O estudo da legislação processual eleitoral faz-se importante também, pois muitos promotores do estado,
funcionam como promotores eleitorais. Assim como os juízes eleitorais, advém de juiz de direito. Então essa matéria
cai em concurso, como o do MP.
- Quando se chega na justiça estadual, não se enumera, se utiliza o princípio da residualidade.

Art.121: Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas
eleitorais.
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais
de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número
igual para cada categoria.
- Os §§ 1° e 2° dizem respeito sobre a estruturação do poder judiciário no campo eleitoral e não a fixação de
competência.
§ 3º: São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.”
- O § 3º nos antecipa a consideração de que o TSE é cúpula da Justiça da Eleitoral no Brasil, ou seja, é órgão
máximo da Justiça Eleitoral. O STF não pode ser afastado, em momento algum, da plenitude da guarda da
Constituição. Se existe recurso extraordinário ao STF, então não se pode impedir a interponibilidade recursal
desses casos, das decisões proferidas em sede do TSE. Isto está previsto no artigo.
- Decisões da corte superior da justiça eleitoral – TSE – são irrecorríveis. Exceto:
1) se contrariar a Constituição.(recurso extraordinário ao STF)
2) se denegatórias de HC, ou MS (recurso ordinário ao STF), conforme artigo 102, II, A.
As decisões do TSE que são recorríveis, são recorríveis a quem, e mediante qual recurso ? STF, por meio de
recurso extraordinário, se contrariar a CF/88; ou recurso ordinário, se denegar HC ou MS. Caso o TSE esteja
julgando em grau de recurso o HC/MS não caberia recurso, pois só cabe se for originariamente julgado pelo
TSE, conforme a doutrina tem entendido, por ausência de exposição do constituinte. Entende-se que só é
recorrível o HC e o MS que tiverem sido originariamente julgados pelo TSE, pois o objetivo dessa recorribilidade
é concretizar o duplo grau.
Decisões denegatórias de habeas corpus e mandado de segurança. Aqui se interpõe recurso ordinário ou
extraordinário? Depende de quem for à competência originaria. Se a competência do HC ou do MS tiver sido
originária do TSE o recurso interponivel será o ordinário, pela principio do exaurimento da via recursal
ordinária, vale a norma do II, art. 102. Já se o TSE tiver analisado a decisão denegatória em grau de recurso, aí,
no máximo, o que cabe é o recurso extraordinário, na forma do III, art. 102.
E quanto ao HD e o MI? Não foram mencionados pelo dispositivo, prevalecendo a norma que favorece a
recorribilidade, que é aquela que permite o recurso ordinário, desde que tenha sido de competência originária
de Tribunal Superior. Ou seja, sendo denegatória decisão do TSE, contra ato de HD E MI, cabe recurso
ordinário ao STF, se a questão era de competência originária do TSE, mesmo não estando disposto neste
parágrafo.
- Caso da jurisprudência da Justiça Eleitoral: Caso do prefeito itinerante - o prefeito após ser reeleito por 2
mandatos sucessivos não poderia ser reeleito pela 3ª vez sucessiva (EC 16/97 – veda a reeleição por mais de 2
mandatos em nível federal, e é usado pelo principio da simetria para os Estados e Municípios). O prefeito passaria
a concorrer as eleições da cidade vizinha. Isso caracterizaria um terceiro mandato sucessivo? O STF, em grau de
recurso extraordinário, decidiu que não seria possível essa candidatura, pois infringiria a norma constitucional de
vedação à reeleição, que teve como base a não perpetuação de uma só pessoa no poder. Essa decisão não foi
unânime. Há controvérsias, Sampaio acredita que essa decisão foi equivocada, pois não se pode definir a distância
permitida, nem a influência do prefeito em outra cidade.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
- O recurso interponivel é o especial eleitoral que discute tanto a legalidade quanto a constitucionalidade. Se
houver uma decisão de TRE com afronta a constituição, esse recurso será encaminhado ao TSE na forma de
recurso especial eleitoral.
- Caberá ainda recurso extraordinário para o STF se houver uma autonomia da questão, para atacar a decisão do
STE, após o julgamento do recurso especial eleitoral. No entanto, não caberá recurso especial dúplice, assim como
no recurso de revista, pois ambos fazem um controle tanto de legalidade, quanto de constitucionalidade.
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
- Um dos grandes sentidos do recurso especial na justiça comum é de uniformizar jurisprudência, e não só de
impugnar decisão de tribunal que seja contraria a autoridade da lei federal, mas também impugnar decisão de TJ
ou TRF que por ventura houver dado interpretação aquela norma jurídica legal diversa da interpretação dada por
tribunais de outros estados. Logo, se isso existe dentro do art. 105, III, também há ao TSE. O recurso interponivel
também será o especial eleitoral.
- Recurso especial eleitoral, portanto, também é interponível por haver desuniformidade nas decisões
interpretativas, casos de dissídios exegéticos. Ex: decisões diferentes entre a justiça eleitoral de MG e do RJ, cabe
recurso. Trata-se de um controle de uniforme, tal qual ocorre no Recurso Especial ao STJ.
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
- Recurso. Uma vez que quando a decisão versa sobre inelegibilidade ou expedição de diploma em eleição federal
ou estadual nesses casos a competência originaria é do TRE. Então se a competência originaria é do TRE, há um
recurso ao TSE, que inclusive a legislação federal prevê como recurso ordinário. Mas quando se discute
inelegibilidade ou validade de diploma expedido (depois que o candidato é eleito) de esfera municipal é de
competência do juiz eleitoral de 1ª instancia e há recurso ao TRE, então não precisaria de mais um recurso ao TSE,
é uma forma de assegurar o duplo grau de jurisdição.
- Há ações, na justiça eleitoral, que são próprias, como: a ação de impugnação de mandato eletivo (quando o
mandato já foi dado), ação de investigação judicial eleitoral (quando se procura avaliar o cometimento de
determinadas ações no curso do processo), ação que busca a cassação de diploma de parlamentar, entre outros.
Nesses casos, cabe recurso ordinário ao TSE, pois essas matérias, geralmente, são de competência originária do
TRE. O raciocínio é análogo ao do próximo inciso.
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
- Também não menciona os municipais. O raciocínio é análogo ao parágrafo anterior, cabe recurso ordinário ao
TSE, quando tratar de matérias dessa natureza. Ex: Quando se tratar de decretação de perda de mandato eletivo
de autoridade municipal é competência originária do juiz eleitoral, e a recursal será do TSE.
- Por isso, que fazemos a diferenciação do recurso ordinário das decisões proferidas nos incisos III e IV das decisões
proferidas nos incisos I e II, deste parágrafo.
Obs: As juntas comerciais, são compostas por eleitores probos e presidida pelo juiz de direito, são ora
monocráticas, e ora colegiadas, neste último caso, geralmente, versam sobre questões administrativas.
Obs.2: Nesse caso do inciso IV, mas em relação às eleições municipais, cabe recurso especial eleitoral ao TSE. Em
caso de decisão que, ainda assim, afronta a constituição e já estiver exaurido o duplo grau de jurisdição, então
pode se pensar em recurso extraordinário ao STF.
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção;
- Essa denegação não precisa ser obrigatoriamente em sede de competência originaria do TRE. Poderá ser também
quando a decisão denegatória for em grau de recurso. Como o § 4°, V, art. 121, não cria expressamente aquele
triplo grau ordinário a que se refere a alínea “a”, II, art. 105, então a jurisprudência tem entendido que quando a
decisão denegatória desses remédios constitucionais houver sido de competência originaria de TRE seja ele qual
for haverá recurso ordinário ao TSE, e quando a decisão for denegatória destes em grau de recurso, ai sim havendo
contrariedade ao parâmetro de lei ou da constituição admitir-se-á recurso especial ao TSE .
- Caberá recurso ordinário ao TSE, se denegatórias o HC, MS, HD e MI. Clássico caso da regra.
G) Justiça Militar e Justiça Estadual [CRFB/88, art. 124 e 125]
- A Justiça Estadual é por excelência residual, é mais fácil compreender qual a competência das demais e ver o que
sobra para a estadual.
- Mas por que tantos parágrafos no artigo 125? Pois existe justiça militar no plano estadual, e ele trata basicamente
dela, pois a justiça comum se resolve por residualidade.
Art.124: À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
(...)
Art.125:Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
- Competência residual.
- Ramo da Justiça Estadual que é especializado: Justiça Militar. Também existe no plano federal, porém a justiça
especializada estadual existe por termos forças estruturais militares: as forças auxiliares.

Justiça Militar da União: O artigo 124 é o único que define competências da Justiça Militar da União. É na legislação
processual militar que estudaremos mais sobre este ramo (Código Processo Penal Militar - CPPM), as competências do
ramo da justiça Militar da União. Outra fonte importante pra Justiça Militar da União é o regimento interno do
Superior Tribunal militar.
Art.124: À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único: a lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência, da Justiça Militar.
- Justiça Militar da União tem competência criminal. Tanto que é apenas no COM que existe pena de morte, no
caso de guerra declarada. Competência pra julgar militares e civis na prática de crimes militares. Ex.: Crime de
Dano na forma culposa existe no CPM. Caso o militar cause dano ao patrimônio afetado, ele corre por dano
culposo.
- A Justiça Militar da União, portanto, tem uma índole criminal, ou seja, presta jurisdição criminal. É claro que em
alguns casos atua na área civil, com o mandado de segurança, por exemplo. Mas, em geral, o que mais se tem, são
leis penais militares e processuais penais militares. É uma justiça de índole criminal, presta jurisdição criminal.
Todos os casos de pena de morte admitidos no ordenamento jurídico brasileiro estão no CPM (somente em caso
de guerra declarada), ou crimes de deserção que são próprio da legislação militar, por isso é uma legislação muito
peculiar. Mas, lembra-se mais uma vez, que não é exclusivamente criminal.
O crime de dano é um previsto na legislação penal comum ou na legislação penal militar? Em ambas; porém
se o dano puder admitir também a forma culposa é da legislação penal militar, pois existe um dever objetivo
de cuidar, das praças e oficiais das forças militares, que se não observado pode levar à uma condenação penal.
Como isso pode ocorrer se não é da essência do dano a forma culposa? A legislação especial é voltada a
características próprias, nas forças armadas existe esse dever de cuidar. Por isso, o descuido de uma arma, um
combustível, ou algo que cause dano ao patrimônio militar pode incorrer em dano culposo.
- Obs.: Nem todo crime militar é praticado só por militares, a Justiça Militar Federal tem competência para julgar
tanto militares na prática de crimes militares, quanto civis na prática de crimes militares. Além disso, as hipóteses
de conexão no Direito Processual Militar são menores, assim, pode um militar estadual confrontar com um militar
federal e estes serem julgados separadamente, cada um em seu âmbito.

Justiça Militar do Estado: Maior parte dos parágrafos que integram o artigo 125 é voltada pras competências da
Justiça Militar do Estado. As constituições estaduais moldam cada Estado, seja da Justiça Especializada ou Justiça
Comum. Ele fica premido pelo princípio da simetria, pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
- Falou-se, preliminarmente, que a Justiça Estadual é residual pois a maioria dos parágrafos que integram o artigo 125
da CF, são voltados à Justiça Militar Estadual, que é o único ramo especializado da justiça estadual é o militar. Então
faremos, ao longo, do estudo do artigo 125 CF alusão ao artigo 124 CF, que tratou da Justiça Militar. Não basta utilizar
a analogia entre a justiça militar federal e estadual, existem peculiaridades bem específicas, estabelecidas no próprio
texto constitucional. Serão vistas adiante.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
- As Constituições estaduais moldam a justiça dos estados. Cada constituição estadual tem um capítulo para justiça
militar do estado, e da justiça comum.
- O legislador estadual fica bastante premido pelo princípio da simetria, isso é negativo, pois não permite o
experimentalismo, crítica ao nosso modelo federalista que tende ao unitarismo.
- Os limites de atuação constitucional dos estados é muito parecido. Ex: antigamente alguns estados possuíam
Tribunal de Alçada, hoje eles foram extintos, as constituições dos estados são muito parecidas.
§ 1º: A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
iniciativa do Tribunal de Justiça;
- A lei de organização dos TJs é privativa/reservada dos estados. Iniciativa reservada ao Tribunal de Justiça do
Estado, dentro do processo legislativo. Assembleia legislativa terá discutido, mas a iniciativa terá sido do Tribunal
de Justiça.
- Ou seja, a lei de divisão e organização judiciária do RJ, é votada sob o âmbito estadual (alerj), porém um
governador não vai propor uma alteração no âmbito da organização do judiciário, um deputado também não;
quem fará isso, será o próprio TJ, que encaminhará um projeto de lei para a Assembleia Legislativa, eles vão
discuti-lo, e vão aprová-lo ou rejeitá-lo, depois será submetido ao veto ou sanção do governador.
- Rio de Janeiro: Foi instituído um código de divisão e organização do judiciário no RJ (CODGERJ) que disciplina a
primeira instância do poder judiciário do Estado. Disciplina assuntos, como: Quantas varas há na comarca de
Niterói? Quantas varas há em Parati? Vara única?
- A organização interna do TJ, porém, dá-se através do regimento interno (como todo tribunal) que tem força de
lei, mas não é lei, não passa pela assembleia legislativa, nem pelo governador, mas apenas pelo próprio judiciário.
Ou seja, o judiciário tem o poder de autogoverno (princípio do autogoverno da magistratura).
Princípio do autogoverno da magistratura estende efeitos pra autonomia da regimentalidade dos tribunais.
Em comparação com outros modelos, isso não ocorre. Na Alemanha, o regimento interno da Corte Nacional
Federal é lei aprovada pelo trabalho do parlamento federal (CD) e o Senado. No Brasil, não. Os regimentos
internos dos tribunais, exceto do Tribunal do júri (é vara criminal!), exercem auto governo através dos seus
regimentos internos, estabelecimento as normas de funcionamentos desses órgãos jurisdicionais.
- Resumo:
Lei de organização dos TJs  competência da assembleia legislativa, após o envio do projeto de lei pelo
próprio tribunal (lembrar que é uma lei, então passa pelo procedimento comum, discussão na assembleia,
aprovação/rejeição, sanção/veto).
Organização interna  cabe ao próprio tribunal pelo regimento interno.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
- Até o advento da CRFB/88, a representação de inconstitucionalidade tinha outro sentido e outra posição
ortográfica. Ela era a ação direta de inconstitucionalidade (EC16, que alterou a constituição de 1946. A de 1967
manteve a ADI). Entre 1965 e 1988, só o PGR podia propor a representação, até que em 1988 tem um elenco bem
maior. O constituinte converteu a representação de inconstitucionalidade em AdI e transferiu esse nome para o
âmbito estadual. O constituinte de 88, deu o nome de ADI, e a transferiu para o âmbito estadual - ADI estadual -
mas deixou que o Estado a regulasse, só vedou a legitimação de agir para um único órgão. Isso foi positivo, pois já
que outrora não deu certo no âmbito federal, não seria bom permiti-lo no estadual. Por exemplo, a legitimidade
para propor ADI estadual não pode ser apenas do procurador geral de justiça do estado, ou da mesa da assembleia
legislativa do estado, ou do governador, é preciso de no mínimo ter dois legitimados.
- O Constituinte quis evitar o problema histórico deixado pela CRFB/67 e EC16. Os estados começaram a instituir
suas representações em suas constituições federais nos estados. Começaram a inventar os legitimados distintos
da CRFB pra propor a representação de constitucionalidade! O STF começou a podar essa decisão, adotando um
standard: o Estado não pode ir além do standard constitucional, pelo princípio da simetria. Por exemplo, no
executivo, quem pode propor ADI no âmbito federal? Presidente e Governador. No âmbito estadual então, seria
Governador e Prefeito. Ou ainda, no âmbito federal mesa da Câmara dos Deputados; no âmbito estadual, mesa da
assembleia legislativa, e da assembleia municipal. Sampaio acredita que isso é negativo, devido ao desrespeito ao
federalismo.
- Essa representação de inconstitucionalidade aqui é em face da Constituição Estadual. É um controle de
parametricidade, em face da lei estadual, o órgão que faz isso é o TJ, e funciona aqui como corte de
constitucionalidade em âmbito estadual, em juízo ad quo.

Veja o quadro comparativo abaixo acerca dos legitimados no âmbito federal e estadual:
Controle Concentrado
Controle Concentrado Controle Concentrado perante o TJ.
perante o STF. perante o TJ. [CF, Art. 125, §2º.]
[CF, Art. 103.] [CF, Art. 125, §2º.] Em relação a lei ou ato normativo
municipal
Presidente da República Governador do Estado Prefeito Municipal
Mesa do Senado e Mesa da Câmara PRINCÍPIO Mesa da Assembleia
Mesa da Câmara Municipal
dos Deputados Legislativa
DA
Procurador Geral da República Procurador Geral de Justiça -----------------
Conselho Federal da OAB SIMETRIA Conselho Seccional da OAB -----------------
Partido Político com Partido Político com
Partido Político com representação
representação na representação na Câmara
no Congresso Nacional
Assembleia Legislativa Municipal
Federação Sindical ou
Confederação Sindical ou entidade
entidade de classe de --------------------
de classe de âmbito nacional
âmbito estadual

- Brasil: judicial review of legislation (controle difuso), quanto o controle concentrado.


Representação de inconstitucionalidade do art 125, § 2º é deflagradora do processo objetivo de controle
abstrato no âmbito estadual (controle de parametricidade em face de lei estadual).
O incidente de inconstitucionalidade no controle subjetivo, quando um processo que tramite na câmara ou no
TJ, por exemplo, define uma circunstância de dúvida sobre aquela relação processual, e a câmara instala o
incidente de inconstitucionalidade, remetendo o feito ao plenário do TJ, no caso do RJ ao orgão especial, que
decide, e vincula naquela matéria.
São ferramentas totalmente distintas, uma é o incidente de inconstitucionalidade, e a outra é a representação
de inconstitucionalidade.
O incidente está para o controle difuso, no âmbito do tribunal de 1ª instância, enquanto que no âmbito do
tribunal nós temos ainda a representação de inconstitucionalidade que deflagra juízo de controle
concentrado abstrato de parametricidade, que é o que esta dizendo aqui.
- O restante do artigo é sobre a Justiça Militar. O que fica agora destinado à Justiça Estadual de forma residual, que
compreende muita coisa: órfãos e sucessões, criminal, cível.
§ 3º:A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em
primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de
Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes;”
- O Estado cria sua justiça militar, mas com restrições, uma vez que o juiz auditor militar de 1ª instância é um juiz
de direito e os conselhos militares são os Conselhos de Justiça. A 2ª instância pode ser executada pelo próprio
Tribunal de Justiça (obrigatoriedade se o efetivo for menor que 20 mil integrantes) ou pode ser criado um Tribunal
de Justiça Militar (com a condição do efetivo ser maior que 20 mil militares).
- O Estado, porém, não pode criar cadeira autônoma de juiz militar autônomo em primeira instância pra Justiça
Estadual. Nesse parágrafo, aproveita-se os juízes de direito, que exercerão o juízo de direito do juízo militar. A
justiça Militar Estadual funciona:
Iniciativa reservada do Tribunal de Justiça de criar:
Em 1ª instância - Justiça Militar Estadual (Juízes de Direito e CJM).
São órgãos monocráticos (juiz de direito) e colegiado (CJM. Os juízes de direito integram os Conselhos de
Justiça Militar, mas há matérias que são apenas processadas e julgadas pelos juízes de Direito).
O CJM-Estado se parece com CJM-União, como os oficiais que compõem colegiado. Aqui, são oficiais do Corpo
de Bombeiros e Militares.
Em 2ª instância: TJ/TJM (efetivo maior que 20 mil integrantes).
Ou o tribunal cria TJM, se tiver mais de 20mil homens no efetivo, ou 2ª instância é entregue ao Superior
Tribunal Militar. Logo, ou TJ ou TJM, aqui na Justiça Militar Estadual.
§ 4º: Compete à Justiça militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em
lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
- Proposta
Crimes militares definidos em lei: crimes são os mesmo na JME e JMU, porque competência pra legislar matéria
penal é a União, mesmo que o Estado tenha uma justiça militar da União. A lei penal militar é a mesma para os
âmbitos da União e Estados. Então um oficial do corpo de bombeiros, pode cometer um crime igual à um oficial da
marinha.
*Ações judiciais contra atos disciplinares militares: competência da Justiça militar do Estado que, além de ação
penal, julga ação civil contra ato disciplinar – é específico só pro Estado. Principio da especialidade. No âmbito
federal isso não ocorre – porque só existe Justiça militar que julga o aspecto criminal. Logo, se for contra ato
disciplinar de um militar das forças armadas (Justiça Militar da União, nesse caso), vai ser dado pra Justiça Comum,
só que Federal.
Ação civil contra atos disciplinares militares Estado (forças auxiliares)  Justiça Militar do Estado
Ação civil contra atos disciplinares militares União (forças armadas)  Justiça Federal (Comum)
Crimes militares cometidos contra civis (parágrafo 5º): aqueles que não são militares, mas o civil como vítima.
Competência do juízo criminal estadual militar.
Ressalvada a competência do tribunal do júri: havendo homicídio doloso de civil perpetrado por policial militar ou
integrante do corpo de bombeiros, a competência é do tribunal do júri - somente em crimes dolosos contra a vida.
Isso se deu pois o constituinte foi cuidadoso, por saber que isso ocorre com alguma frequência. Faz-se importante
estabelecer essa ressalva da competência do tribunal do júri, pois nem sempre ela ocorre, como nos crimes
dolosos contra a vida daquelas pessoas com foro por prerrogativa de função.
Cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças Consequência cível da condenação criminal. Patente: oficial; Praça: graduação
- No caso prático, portanto:
A quem compete processar e julgar as ações judiciais contra atos administrativos disciplinares militares? Ou
seja, o militar sofreu uma sanção militar e resolve questionar essa sanção militar em juízo, a quem compete?
Se a ação judicial questionar ato sancionador no âmbito das forças auxiliares dos estados, compete a justiça
militar estadual. Mas se a ação judicial questionar ato sancionador disciplinar no âmbito das forças armadas
da união compete a justiça federal comum, e não a militar da união. Uma vez que a militar da união tem
competência nitidamente criminal, então pelo principio da residualidade, compete a justiça federal comum.
Ex: tenente da PM do estado do RJ intenta uma ação judicial cível para questionar um ato da PM do estado que
lhe impôs sancionamento disciplinar. Quem vai julgar? A justiça militar do estado do RJ. Já um tenente da força
aérea brasileira faz o mesmo em relação a uma sanção instituída no âmbito da FAB, quem julga? A justiça
federal comum.
Obs.: Os oficiais detêm patentes, as praças graduação.
§ 5º: Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos
contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência
de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares;
- No âmbito estadual, os crimes militares cometidos contra civis é da competência do seguinte órgão: juízes de
direito do juízo militares, ou seja, é um juiz de direito, que age monocraticamente. Subentende-se aqui que são
aqueles crimes comuns, ou seja, não dolosos contra a vida já que aquele já foi reservado no parágrafo anterior.
Também essa foi uma forma de retirar do corporativismo militar, que justifica a existência de uma Justiça Militar, o
poder de julgamento.
- Os demais crimes militares será de competência do CJM, que é órgão colegiado. A presidência desse órgão
pertence ao juiz de direito, por ter formação em direito, e saber os procedimentos.
Crime militar contra civil é julgado pela justiça militar estadual: o juízo do direito – órgão monocrático. Se vítima
for civil, será pelo juiz de direito. Sempre? Não. Crime contra civil nos crimes dolosos contra a vida, competência
do tribunal do júri.
Os outros crimes são todos da competência dos órgãos colegiados, CJM – “cabendo ao conselho de justiça sob a
presidência do juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.”
E se o crime militar for praticado por civil? A legislação penal militar é toda federal, logo, os crimes sãos os mesmos
aplicados tanto no âmbito federal quanto estadual da justiça militar, podemos confundir. Porém, a CRFB diz que o
autor, se civil, a competência é da Justiça Militar União. Na Justiça Militar da União, é possível processar e julgar
civil e militar por crimes militares (na Justiça Estadual é apenas militar.)
*As ações judiciais contra atos disciplinares militares  não existem na União, só Estadual. Com o já dito, a justiça
militar do Estado julga as ações cíveis para controlar sanções militares, já a justiça militar da união não julga ações
cíveis para controlar sancionamentos militares, e sim a Justiça Federal. Então, se houver uma ação de cível de um
oficial ou praça da marinha contra sanções militares será da competência da justiça federal, e se houver uma ação
cível de oficial ou praça do corpo de bombeiros, contra sanções militares será de competência da justiça militar
estadual.
Resumo:
- Crime militar, cometido por militar, contra civil doloso contra a vida – compete à justiça estadual, através do
Tribunal do Juri. (tentado ou consumado)
- Crime militar, cometido por militar, contra civil – compete ao juiz de direito do juízo militar.
- Crime militar, cometido por civil – a Justiça Militar Federal julga, já a Justiça Militar do Estado não.
§ 6º: O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
- Para estimular o acesso à justiça, a proximidade geofísica não deve ser apenas em órgão de primeira instância,
mas também com os de 2ª instância. Logo, os TJ podem instalar câmaras regionais. Isso foi uma novidade da
EC45/04. Há, portanto, descentralização da 2ª instância.
As dificuldades decorrem de uma progressão de carreira que faz com que desembargador não queira voltar para o
interior, pra ficar em uma Câmara Regional. Há, além disso, uma dificuldade orçamentária. A intenção é que ocorra
o que ainda não ocorreu: Câmaras de interior.
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e
comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Funções essenciais à justiça - Introdução


- As chamadas Funções Essenciais à Justiça sempre ficaram em posição subalterna na ordem constitucional brasileira,
o próprio Ministério Público, sob a égide da Constituição de 1967 chegou a ficar em certos momentos com sua
autoridade comprometida, pois que subordinado ao Presidente da República, o militar indiretamente eleito pelo
Congresso, constituído majoritariamente pela base do governo. A constituição de 1988, resultado de um processo de
redemocratização, feita durante um ano e meio de trabalho, teve como um de seus sinais nítidos de evolução o
reposicionamento dessas instituições dentro da organização judiciária, de forma a lhes dar o devido valor.
- Em relação à Defensoria Pública e à Advocacia Pública não se viu grandes inovações, mas é preciso entender que
somente o Ministério Público é sociedade em juízo, a primeira traz o indivíduo litigante (assim como a Advocacia
Privada) e a segunda o Estado em juízo. A única semelhança da qual se pode falar aqui tange aos nomes dados à
Advocacia Pública e ao Ministério Público em sua organização. Este não representa um ente dotado de personalidade
jurídica própria, como a União, Estado ou Município, somente a sociedade. Do ponto de vista da fenomenologia de
Estado é importante para destacar a diferença entre Estado e sociedade; o povo é um dos elementos daquele, a
sociedade constitui o ente estatal – que através do monopólio da força física nos impõe as normas de igualdade.
Muitas vezes a sociedade entra em colisão com seu Estado, por isso a existência do MP.
- O reposicionamento institucional do Ministério Público foi fundamental para que este conquistasse independência
institucional bastante para atuar em face do Estado e do indivíduo, sendo esses últimos casos os mais presentes. O
MP detém atribuições, não competências, divididas com base no princípio implícito – devido trabalho da doutrina – do
promotor natural (falado em gênero). Promotor natural é aquele que de acordo com as normas constitucionais e
legais desempenha atribuições para a prática dos atos que decorrem às funções institucionais do Ministério Público.
- Veja que o Constituinte EC80, em estabelecer um capítulo reservado as funções essenciais da justiça, assim como
reservou uma seção para cada função. Em especial, o poder constituinte derivado através da apontada emenda
constitucional, desmembrou em duas seções, Defensoria Pública e da advocacia. O que fora correto, pois deixar junto
essas duas funções pelo fato da Defensoria também ser uma função da advocacia, não é o bastante porque advocacia
pública também é uma função da advocacia pública e estava separada, assim, a advocacia da Defensoria Pública e das
pessoas privadas também deveriam se encontrar em seções separadas no interior do Título IV, Capítulo IV da CRFB.
- As funções essenciais à justiça abrangem MP, DP, Advocacia pública e Forças Armadas.

Ministério Público – princípios


Ministério Público [CRFB/88, art. 127]
- Sociedade em juízo. Ministério Público deve ser visto como sociedade de juízo, porque não representa pessoas
em juízo, mas sociedade despersonalizada perante órgão judicial. O MP não se destina a representar pessoa
jurídica, nem a União e suas entidades, por isso não deve ser confundida com advocacia pública, posto que é bem
distinta desta. Houve uma diferenciação em definitivo: o MP exercia, até 1988, a função da advocacia pública. Os
procuradores da República não desempenhavam apenas a função promotorial federal (MPU), mas também a
função de representação da união, ou seja, funcionavam também como advogados da União. Este fato tornava
conflitante a atuação do MP presentando a sociedade num conflito em face do Estado por exemplo, posto que
atuava para ambos. Assim, após a CRFB/88, houve o entendimento que isso era descabido. O MP posicionou-se
como sociedade em juízo, inclusive alguns entusiasmados dizem que ele presenta a sociedade em juízo, ou seja, o
MP qualifica a própria sociedade em juízo, é a sociedade em juízo, traduz a sociedade em juízo.
- Autonomia. Tese: MP é um órgão autônomo da Constituição, sem nenhum grau de subsunção aos poderes. Os
mais entusiasmados defendem que é como um quarto poder da República, porém esta corrente está
enfraquecida. Sob a égide da CF/67 o MP era órgão do poder executivo. Era regime militar, logo, o MP, estava
dentro do capítulo acerca do poder executivo (autoridade presidencial). Nessa época, a legitimatio ad causam era
restrita ao PGR para a representação de inconstitucionalidade, porém ele não detinha autonomia por conta da sua
vinculação ao poder executivo o que fez com que o MP atuasse num sistema de interesse do governo, e não da
sociedade como deve ser. Ainda existe um caso em que PGR tem legitimidade exclusiva, mas hoje ele detém
autonomia: representação interventiva (art 36, III c/c art. 34, VI e VII)  ação direta interventiva. Hoje, o cenário é
outro e o PGR é visto como autônomo em relação ao poder executivo, ou seja, não é mais jungido ao Presidente
da República. Tanto que houve, recentemente, a denúncia de vários parlamentares por ele, por exemplo temos tal
manchete: PGR denuncia Renan Calheiros ao STF na Lava Jato por lavagem e corrupção. Isto seria inviável em
tempos anteriores quando ainda se encontrava vinculado ao executivo.
- Hoje, o MP tem independência que o coloca em uma posição de destaque. A posição institucional do MP é uma
posição confortável, por isso a CF/88 vem estabelecer princípios assecuratórios da sua autonomia, as suas
competências e funções institucionais.

Art. 127, CAPUT: O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
- O art. 127 se ocupa de todo o espaço institucional do Ministério, define-o totalmente. É instituição permanente,
que não se interrompe/ é contínua, tal qual o Poder Judiciário e o Poder Legislativo, essencial às funções da Justiça
já que esta somente atua quando provocada. Defende os interesses do complexo social, bem como os individuais –
isso porque em certos casos a legislação determina a intervenção obrigatória do MP. Ex. tutela de menores ou
incapazes no procedimento sucessório inventarial. Esse interesse individual deve ser sempre indisponível. Caso
famoso: arremesso de anões na França, denúncia feita pelo Parquet.
- Não presta jurisdição, pelo contrário, é essencial à função jurisdicional do Estado. A função jurisdicional é do
Poder Judiciário segundo o princípio da jurisdição una. A grande função: ser a sociedade em juízo.
O que é ser a sociedade em juízo? Algumas das justificativas que defendem a existência do Estado advém da
vertente contratualistas, uma vez que se há relação contratual entre sociedade e estado, cedemos parcela de
liberdades individuais em prol de estado que tem o monopólio da força física, seja segundo a tese Hobbesiana
que no Leviatã, reconhecia que o homem já nasce essencialmente mau e por isso o Estado é a força que segura
a maldade humana e a condiciona a ser capaz de viver em sociedade, seja por Rosseau que defendia que os
homens são originariamente bons, seja segundo Locke que defendia que os homens são moldados pelo meio.
Temos que ver que diante da história do Estado, dos autoritarismos acumulados ao longo da história do Estado,
às vezes haverão conflitos entre sociedade e Estado.
Diante disso, nesses casos quem representa a sociedade perante o Estado – instituído mediante contrato
para atuar em serviço da sociedade? O MP, o qual corresponde a advocacia da sociedade em juízo, ou como
outros dizem a própria sociedade perante o órgão jurisdicional. O MP não é advocacia do pobre, nem pessoa
jurídica, privada ou publica. Ou seja, o promotor de justiça não é um mero acusador, não é um vassalo do
estado, ele é quem representa a sociedade em juízo, inclusive contra o Estado, se for o caso.

127, § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
- Indivisibilidade é consequência da unidade, principio bastante importante. Na CRFB, art. 128, estabelece que o
MPU se fraciona (MP-União, inciso I e MP-Estados – 26 no total, inciso II) na forma do inciso I, entre MP federal,
MP do Trabalho, MP Militar e MP do Distrito Federal e Territórios. Se o DF se assemelha a alguém, é ao Estado,
apesar de não ser igual ao estado. MP-RJ é órgão do Estado do Rio de Janeiro previsto na Constituição do estado
do RJ. O MPDFT é órgão do MPU, logo, é órgão do União!
1. UNIDADE: MP é uno e indivisível, mesmo que isso pareça ser paradoxal pelo fato dele se fracionar
organizacionalmente. Há unidade nacional do MP. Muitos chamam de MP Brasileiro, mas este é o MP
todo, pois todos os MPs inclusive dos estados, fazem parte da República Federativa do Brasil! Essa
expressão é muito usada. O MP é um só, porque a nação brasileira é uma só. Como é sociedade em juízo,
é uno, porque a sociedade é uma só. Unidade traz carga conceitual importante de força unitária, força
individual e uma indivisibilidade que é consequência dessa unidade.
O princípio da unidade nos traz uma reflexão de certa forma abstrata; temos uma Federação no Brasil,
assim existe Ministério Público da União e um Ministério Público dos Estados, com repartição de
atribuições que acompanha a lógica de todo o Poder Judiciário. A Constituição considera que todas essas
partes constituem um todo, o Ministério brasileiro, por assim dizer, pois o que há efetivamente é a
partilha de atribuições institucionais que a Carta faz entre os ramos, não no MP em si mesmo. Esse
princípio também diz respeito ao Poder Judiciário.
2. INDIVISIBILIDADE: O fato de haver uma união não quer dizer que não haja possibilidade de divisão. Ex:
União conjugal que pode ser dissolvida, separação de uma parte da federação. Por isso, é necessário
instituir essa indissolubilidade, além da unidade. Assim, o MP é indissolúvel, como acontece com a União
como pessoa jurídica, que também é indissolúvel. O MP não pode se dissolver. Inclusive, qualquer
tentativa de dissolução da União é crime para nossa ordem constitucional, e se praticado pelo Presidente
da República este pratica crime de responsabilidade.
3. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: dá ao membro do MP o que os advogados públicos vindicam, que é a
independência funcional. Ela assegura ao membro do Ministério Público o poder de agir de forma alheia
às outras vontades, ou seja, deflagra a capacidade do membro do MP de tomar suas escolhas, sendo esta
a marca do órgão (fazer suas escolhas). Porém, não é que o promotor vá fazer uma escolha estritamente
pessoal, mas tomará uma decisão voltada para os interesses da sociedade. Isso aviva o princípio do
promotor natural da causa (promotor como gênero, inclui-se procurador), não expresso na CF, que é
aquele que tem a atribuição previamente definida pelas leis e pelos estatutos jurídicos que firmam essa
partilha. Logo, promotor natural da causa tem independência funcional para atuar perante o órgão
jurisdicional, conforme interesse da sociedade. Ex: curador de menores, curador de massas falidas. É um
promotor de justiça que pode se manifestar em um sentido ou noutro, ele age com independência
funcional; ou na área criminal, se ele achar que não cabe acusar, pode pedir a absolvição, não se reduz
aquela imagem do senso comum de promotor como acusador. Neste sentido, temos o exemplo do
parecer do procurador regional da república no TRF, que voltou atrás do outro, porque há independência
funcional (os procuradores não ficam vinculados a um processo, não necessariamente tem de ser o
mesmo o procurador que emite o parecer e aquele que comparece as sessões). Ou seja, ele pode mudar
de posicionamento, não estando estritamente vinculado a um parecer emitido previamente desde que
mude conforme entenda ser em prol do bem comum, já que presenta a sociedade. Isso não pode ocorrer
com advogado, pois não detém essa independência, está vinculado! Deve-se destacar, porém, que a
independência não é uma carta branca para fazer o que se quer!
- Obs.: Não há processo sem parecer do MP, a não ser que o MP escolha se abster dizendo que não tem
interesse na causa, o que somente é possível nos casos de intervenção não obrigatória do MP, mas de
qualquer modo deve houver manifestação mesmo que esta seja pela abstenção, o que não pode é não
ter a colheita da oportunidade de ouvir um membro do MP. Qualquer recurso de apelação antes de ser
julgado colhe um parecer do MP. Vale ressaltar que o parecer é um ato enunciativo, emitente de opinião,
o qual a Câmara tende a seguir, tendo, assim, grande força/peso num julgamento.
- O advogado da União não tem essa independência, pois representa uma pessoa, que é o Estado. Tal
qual o advogado que presenta a pessoa do seu cliente, ou seja, os interesses da União.
- Lei orgânica do MPU – LC75/93.
- Onde estiver o poder judiciário estará o MP necessariamente, para representar/encarnar a sociedade
em juízo, ainda que seja contra o Estado, pois ele visa preservar a sociedade.

127, §2º: Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no
art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre
sua organização e funcionamento.
- O parágrafo segundo define que ao MP é assegurada autonomia funcional e administrativa. Neste trata-se da
autonomia administrativa, da garantia do MP de autonomia diante das escolhas do executivo. Entrementes, isso
não desnatura a inserção do MP no esquadro das relações de freios e contrapesos. O poder executivo também não
pode criar e extinguir cargos, o propondo ao legislativo, bem como o judiciário. Não há aí redução de
independência, mas uma caracterização do nosso sistema constitucional, que é de checks and balances, como
herdamos do modelo dos EUA. Há uma relação de intercâmbio entre os poderes constituídos do Brasil. É o
legislativo que decide se criará ou não cargo público nos moldes do proposto. O MP apenas tem iniciativa de lei. O
MP está páreo passo com os poderes constituídos, que também devem propor criação e extinção de seus cargos.
Deve-se destacar que o parágrafo 2º não diz que o MP tem poder de fixação de remuneração, pois isto é matéria
reservada a lei federal.
- Na forma do artigo 2º da CRFB/88 segundo a qual se presume que o poder legislativo e judiciário não podem
exercer livre e independentemente sua atividade se não for provido de fatias orçamentárias próprias. Nesse
mesmo sentido, o título da tributação e orçamento torna defensáveis os modelos de autonomia gerencial
orçamentária dos poderes.
- Quando a CRFB diz que são independentes e harmônicos entre si os 3 poderes, deixa claro que o judiciário e o
legislativo não podem exercer suas funções sem orçamento, sem o provimento de dotação orçamentária própria
que lhe assegure a sua independência. Não adianta assegurar a independência sem assegurar o provimento. É por
isso que se permite a independência financeira e orçamentária, que conduza a independência funcional. O que
esse parágrafo quer é assegurar a autonomia também para o MP.
- No meio dessa autonomia há também a iniciativa do processo de criação e extinção dos seus cargos auxiliares.
- Determina autonomia financeira e orçamentária, também em relação aos profissionais de apoio técnico e
funcional. Estes não são membros do MP (Membros do MP são procuradores e promotores, nos limites da
LC75/93),mas, para que haja autonomia do órgão, é preciso assegurar autonomia dispositiva em relação aos
serviços auxiliares. Por todos esses tidos com função de apoio técnico, é preciso assegurar a independência. Tanto
que na União existe um regime jurídico único dos servidores públicos civis da união, (Lei 8112/90) das autarquias e
das fundações públicas federais. Esse regime jurídico que rege, por exemplo, os profs da UFF, é o mesmo que rege
os analistas judiciários da Justiça Federal. É UMA LEI SÓ. Agora, o regime jurídico único não determina nada em
relação aos juízes, porque são regidos pela lei orgânica da magistratura publica nacional. Mas os profissionais
técnicos funcionais de apoio dessas instituições, eles são regidos pela lei 1.112. (lei dos servidores públicos)
- Duas são as autoridades do MP que detêm competência para propor projeto legislativo, são eles o procurador
geral da republica e procurador geral de justiça. Cabe ressaltar que com legitimidade restrita, o primeiro no âmbito
federal e o segundo âmbito estadual, com uma série de balizas a seguir, o primeiro a CF/88 e o segundo a
constituição do estado e a CF.
- O MP pode escolher se o concurso público será somente de provas, ou de provas e títulos. Já o concurso para
carreira é necessariamente de provas e títulos, como visto.

127, § 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias.
- 3 grandes diplomas legislativos: Leis de diretrizes orçamentárias (LDO), Lei orçamentária anual (LOA), e os planos
plurianuais.
- O MP pode elaborar sua proposta orçamentária, como também o faz o poder judiciário, mas ambos se baseiam
nas diretrizes da LDO e CRFB, isso assegura um grande quinhão do MP, que é essencial para o exercício da sua
atividade.
- O MPDF tem proposta orçamentária condensada ao da LDO da União, por pertencer ao MPU.
- O MPU está adstrito à LDO da União e MPE à LDO do Estado.

127, §4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do §
3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Não há redução à autoridade do MP. Caso este perca a oportunidade, far-se-á reserva por base no estipulado no
parágrafo quarto.
- Por mais que o constituinte tenha dado autonomia orçamentária e financeira para dar estrutura funcional para o
MP existe, há sempre uma reminiscência, um resquício de vinculação, do MP para com o Executivo. De forma que
se o MP não o fizer, presume-se o orçamento dado no ano anterior.
- Vale, simetricamente, para o MPU em relação à LDO da Uniao e MPE em relação à LDO do Estado. O MPDF tem
proposta orçamentaria condensada ao da LDO da União, por pertencer ao MPU.

127, §5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da
proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004);
- Houve uma retirada do poder executivo. A função em si é autônoma, exercida pelo MP. Mas algum resquício de
vinculação permaneceu no texto constitucional. Se a proposta tiver sido oferecida em desacordo com os limites do
parágrafo terceiro, prejudicando o MP. No caso de desacordo com os limites estipulados, o executivo acolmata a
lacuna para adequar as propostas orçamentárias aos interesses do MP. Há um resquício de vinculação entre o
executivo e o MP. Mas trata de um resquício de vinculação in mellius, para preservar a independência funcional do
órgão e de seus interesses.
- Assim, o Poder Executivo ainda é o senhor diagramador do orçamento do MP, nesse caso o poder de iniciativa é
concorrente com o Presidente da República (poder executivo). Ainda há um resquício de aproximação, por mais
que concorrente, diferente, do que ocorre com o Poder Judiciário que possui iniciativa exclusiva para elabora as
regras dos tribunais.

127, §6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
- Mais uma vez e por derradeiro: nenhuma redução à autoridade do MP. Aqui se diz que quem delibera sobre o
orçamento é o poder legislativo, que decide sobre a lei de diretrizes orçamentárias, bem como sobre o plano
plurianual. Não há redução à autoridade do MP. O que está nesse parágrafo é o mesmo que se encontra em
relação ao executivo em seu capítulo, e ao judiciário no capítulo da CF referente a este. Quem delibera sobre o
orçamento é o povo, através de seus representantes eleitos, do parlamento.
- O exercício anuo (anual) que é o orçamentário.
- Isso já deu muito problema, pois o crédito suplementar não se adstringe ao lei de diretrizes orçamentárias.
- Comentário político: Essas autonomias financeiras são fundamentais para as independências dos órgãos, mas
devem ser vistas com o devido tempero, pois os excessos levam a tirania (remunerações excessivas). Há o princípio
da equalização, que prevê a proporcionalidade, pois da forma que esta as coisas encaminham-se para o
descrédito.
Ministério Público – Estrutura
Art. 128, Caput. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.

MP Estados MPF MPT MPM MPE MPDFT


Procurador
Regional
Eleitoral
Procurador de Procurador Procurador (empréstimo do Procuradores

Justiça Regional da Regional do ? MPF) / de Justiça do
instância
(antiguidade) República Trabalho Procurador da MPDFT
República
(quando não houve
sede do MPF)
Promotor de Promotores
1ª Promotor de Procurador da Procurador do Procurador de Justiça de Justiça
instância Justiça República Trabalho Justiça Militar (empréstimo do
MPE) DFT

MP dos Estados:
1ª: Promotor de justiça é o membro do MP estadual em 1 ª instância.
2ª: Procurador de justiça é o membro do MP em 2ª instância, se dá por antiguidade.
- Na 1ª e 2ª instâncias: O MP é composto pelos promotores de justiça e procuradores de justiça, respectivamente.
Tal denominação é muito ampla de significado. Procurador é aquele que detém procurações, que recebe poderes de
outrem. A outorga de poderes se dá por procuração. No âmbito das estruturas de estado, os termos se aplicam
tanto no âmbito da advocacia pública, quanto no âmbito do MP. O procurador federal á advogado público. O
procurador da república é o membro do MP federal em primeira instância, perante as varas federais. Na época da
constituinte, havia quem sustentasse, para gerar uma uniformidade de tratamento, que os membros do MP da
união, os membros do MP federal em primeira instância, deixariam de receber a designação de procurador da
república, passando a receber a de promotor de justiça federal. Foi mantida a designação de procurador da
república, o que gerou a confusão que temos hoje. Destaca-se, ainda, que como a Justiça Estadual é maior por conta
da residualidade: há muito mais promotores de justiça do MPE atuantes perante a 1ª instância do Estado.

MPF (Pertence ao MPU)


1ª: Procuradores da república membros do MPF em 1ª instância.
2ª: Procuradores regionais da república são os membros do MP em 2ª instância.
- Na 1ª instância: quanto à justiça federal, O tecnicismo chega a um ponto que no MP União da primeira instância
ao STJ se fala em procurador da república. Porém, não o são, sob pena de violação do princípio do promotor
natural, que é análogo ao juiz natural que se presume da CF. Por este, as atribuições do MP são atreladas aos órgãos
do MP. Advindos do órgão errado, o ato pode incidir em nulidade. Um parecer, por exemplo, pode ser nulo.
- Na 2ª instância: A carreira no MPF necessariamente se inicia pelos procuradores da República, e somente depois
poderá chegar a procurador regional da república, hoje se diz que para atingir tal progressão de carreira que se dará
por antiguidade tem demorado em torno de 20 anos. Aqui, no RJ estamos sob a procuradoria regional da 2ª região,
pois coincide com a divisão por circunscrição dos TRFs. Na 1ª instância se fala em procuradoria da república NO rio
de janeiro, e não DO estado do rio de janeiro conforme alguns jornalistas costumam dizer e nos causa confusão com
o MPE. A república é uma só (MPF)!

MPT
1ª: Procuradores do Trabalho
2ª: Procuradores regionais do Trabalho
MP Eleitoral
1ª: Não há carreira própria, no âmbito da 1ª instância. Empréstimo de promotores de justiça, assim como
ocorre como juízes eleitorais.
2ª: (1) procurador regional eleitoral, que é:
- um procurador regional da república daquela região - acumula essa função.
- ou quando o TRE for em estado que não possui sede de TRF, não haverá procurador regional da
república, nesse caso, será um procurador da república. o
- No âmbito da justiça eleitoral é que se faz o questionamento. Até porque: onde está o MP eleitoral? Não aparece
na divisão do texto constitucional. O artigo 128, I não prevê o MP expressamente. Mas muitas vezes se faz
referência a este, ao mencionar cargos do MPE. Há representação do mesmo nos órgãos da justiça eleitoral. Assim,
há uma falha do texto constitucional. Isso deveria ter sido suprido. Na lei federal, com destaque para a LC 75/1993 e
a lei ordinária federal 8625/1993, cuida-se do MP, de sua instituição. Nestes diplomas há a figura do procurador
regional eleitoral. Este é o membro MP que atua perante os TREs. Na justiça eleitoral temos o MP eleitoral, que atua
perante o TRE através do procurador regional eleitoral.
- Na ª instância: Promotores de justiça eleitoral? Não há carreira própria de promotoria eleitoral, o fato dela
pertencer ao MPU não impede que seu promotor advenha por empréstimo do MPE, ou seja, os promotores de
justiça em função cumulativa - o que já acontece com os juízes de direito que acumulam a função de juízes
eleitorais - é que atuam perante a 1º instância do MPE (vale ressaltar que este fato não lhe descaracteriza enquanto
parte do MPU, ou seja, o MP eleitoral: é federal/da União, mas há membros estaduais que a exercem, o que não
quer dizer que tenha sido “estadorizada”).
- Na 2º instância, há apenas 1 procurador regional eleitoral perante TRE, o que é completamente distinto dos
Procuradores Regionais da república que são numerosos e atuam perante o TRF. Este Procurador Regional Eleitoral é
um dos Procuradores Regionais da República daquela região na qual se instala o TRF e atuam cumulativamente
perante o TRE desta. Destaca-se que quando o TRE for em estado que não possui sede de TRF, não haverá
procurador regional da república, posto que não haverá sede da Procuradoria Regional da República ( afinal dos 26
estados brasileiros, apenas 4 são sede do TRF, não teria sentido fazer um Procurador Regional da República que
atua perante o TRF da 1º região sediada no DF, oficiar perante o TRE do Pará – existe um TRE em cada estado-,
simplesmente porque esse TRF da 1º região abrange esse Estado, seria ilógico percorrer tamanha distância para tal,
apesar de haver Procuradores Regionais da República suficientes para esse empréstimo), nesse caso, será um
procurador da república que ocupará ocupando o órgão do MPE em 2ª instância, uma vez que todo Estado
necessariamente constitui uma seção judiciária da justiça federal, assim, sempre haverá uma procuradoria da
república de 1º instância. Sendo o Procurador Regional da República vitalício neste cargo, poderá por um biênio
atuar como Procurador Regional Eleitoral cumulativamente. A solução dada é a mesma solução compositiva dos
TREs, nos quais das suas 7 vagas uma é reservada para desembargador federal, mas quando não houver este, ou
seja, não houver TRF sediado na seção judiciária do TRE, funcionará um juiz federal de 1º instância.
Ex: Maranhão que não é sede de TRF terá perante a 2° instância do como Procurador Regional Eleitoral um
Procurador da República, o qual atua na 1º instância do MPF .

MP Militar
1ª: Procuradores de Justiça Militar (se tratamos do MP da União militar)
2ª: ? (depois pois não foram criados os TRMs)
- No MP militar temos peculiaridade, porque a justiça militar é especializada também, mas esta não é só federal,
podendo ser estadual.
1) Se for justiça militar estadual, temos a figura de promotores de justiça também, e no caso do estado do RJ que
não detém tribunal de justiça militar estadual de segunda instância, como detém o estado de Minas Gerais, temos
procuradores de justiça(MPE) designados para atuar perante a função jurisdicional militar de segunda instância.
2) No âmbito da União há uma carreira autônoma: que é o do MP da união militar. Um membro do MP militar é
membro do MP da união, mas atua no mister especializado.
1ª instância: Temos a figura do procurador de justiça militar, que é membro do MP militar em primeira
instância, perante os conselhos de justiça militar e as auditorias (não os integram/ são 12 circunscrições no
total), que são órgãos jurisdicionais da justiça militar da união.
2ª instância:Na segunda instância federal, como não foram criados os TRM na justiça da união, não temos hoje
membros do MP da união regionais de segunda instância. A matéria vai ao STM, que funciona como um
tribunal de segunda instância da justiça militar da união. Na ausência dos TRM, funciona como um tribunal de
segunda instância.

MPDFT
1ª: Promotores de Justiça (como o MPE)
2ª: Procuradores de Justiça (como o MPE)
- O Distrito Federal é uma autarquia. O MPDF é um órgão do MPU ( pela teoria dos órgãos em que um órgão sempre
pode se subdividir em outros), que pertence à União ( pessoa jurídica). Se assemelha ao MP dos Estados, as
competências também são residuais, e inclusive a LC75/93 usa terminologia que imita ao do Estado. Funciona pelo
MPDFT perante à primeira instância os promotores de justiça – nomina iuris são repetidos do MPE. Na 2ª instância,
perante TJDFT, temos os procuradores de justiça.
- Então, atenção, existem promotores de justiça e procuradores de justiça no âmbito do MP da União! É no MPDFT.
- O que é um território do ponto de vista jurídico? Os territórios federais são definidos como autarquias federais. O
território existe enquanto figura constitucional. Antes, nós tínhamos os territórios federais do Amapá, Acre,
Rondônia, Roraima e Fernando de Noronha. Os estes 4 primeiros se tornaram Estados e o último foi subsunbida a
autoridade do Estado de Pernambuco. Ou seja, são mínimas as chances do Brasil ganhar um novo território ou que
um Estado se desinstitucionalize ao passar por uma fragilidade institucional.

STF
Procurador Geral da República – chefe do MP
STJ TST STM TSE
Subprocuradores Procurador
Subprocuradores Gerais da Subprocuradores
Gerais do Geral Eleitoral
República Gerais de JM
Trabalho
Ramos MP Estado MP da União
MP MPE MPF MPTrabalho MPM MPEl** MPDFT
Tribunais TJ TRF TRT - TER TJDFT
(1) Procurador
Regional
Eleitoral
Procuradores Procuradores (empréstimo do
Procuradore
2ª Procuradores
Regionais da Regionais do ? MPF, Procurador s de Justiça
instância de justiça Regional da
República Trabalho do MPDFT
República e quando
não for sede de TRF,
Procuradores da
República.)
Promotores Promotores
1ª Promotor de Procuradores Procuradores do Procuradores de Eleitorais de Justiça
instância Justiça da República Trabalho Justiça Militar (empréstimo do
MPE)
DFT
STF
Procurador Geral da República – chefe do MP*
Perante: STJ TST STM TSE MPDFT
Subprocurador 1ª:Promotor
Subprocurador Geral da Subprocuradores Procurador
Membro Geral do de justiça
República Gerais de JM Geral Eleitoral
Trabalho 2ª Procur. J.
Origem MPF MPT MPM PGR* MPDFT
*Pode ser delegado
Tribunais Membros do MP Origem
STJ Subprocurador geral da república Advém do MPF
TST Subprocurador do Trabalho Advém do MPT
STM Subprocuradores gerais de Justiça Militar Advém da MPM
TSE Procurador Geral Eleitoral PGR*
STF PGR PGR*
1ª instância: 2ª instância:
MPDFT
Promotor de Justiça Procurador de Justiça
*Pode ser delegado
Atuação do MP perante tribunais:
STJ: Perante o Superior Tribunal de Justiça, a carreira que atua é a do Ministério público Federal (LC 75/1993). Quem
atua são os subprocuradores gerais da república. Muitos recusam pelo ônus de ter que se mudar para Brasília.
TST: Perante o TST, atuam a os subprocuradores do trabalho, que advém do MPT.
STM: Perante o STM, atuam os subprocuradores gerais da Justiça Militar, que advém do MPM.
TSE: Ocorre a representação do TSE atípica. Quem atua perante o TSE é o Procurador Geral da República, que atua
privativamente no TSE. Logo, perante o TSE, atua o procurador geral eleitoral - necessariamente o PGR. Como este é
chefe e tem muitas atribuições, estas podem ser exercidas por delegação, pelo seu vice.
MP do DF e territórios: As competências do DF são residuais, logo, há similitudes quando falamos da estrutura do
DFT. Atuam os promotores de justiça no âmbito da 1ª instância, e os procuradores de justiça na 2ª instância. Então,
atenção, existem promotores de justiça no âmbito do MP da União.
STF: Perante o STF, atua o PGR. Vale lembrar que a atribuição é dele, porém pode ocorrer atribuição por delegação,
pois como ele (PGR) conseguiria estar no TSE, e nas 2 do STF. O que não pode acontecer é ausência de algum deles,
mas onde tiver o poder judiciário estará o MP, para representar a sociedade.
 Atenção!
Chefe do MPU – Procurador Geral da República;
Chefe do MPF – Procurador Geral da República;
No MPM e no MPT, os procuradores estão sujeitos à figura do procurador geral da república
Há uma diferença importante – o MP da união não se confunde com o MP federal. O primeiro é gênero e o
segundo é espécie. Todavia, questões ligadas à tradição, o MP federal é chefiado pelo procurador geral da república,
também chefe do MPU. No MPM e no MPT, os procuradores estão sujeitos à figura do procurador geral da república.

128, § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da
República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.
- Princípio do checks and balances, a figura mais importante do MP brasileiro é o PGR, submete-se á nomeação
pelo Presidente da República.
- Se fala aqui, em carreira do MP da União, e surgiu uma práxis que se estabeleceu até o momento, presume-se de
todas as carreiras a do MP federal, ele pode delegar atribuições a subprocuradores gerais da república, que
também são membros do MP federal.
- Acontece de forma muito parecida com a indicação dos ministros do STF, o Presidente da República indica um
nome e o SF realiza uma sabatina no interior da comissão de justiça do SF, conforme seu regimento interno, e
então ele é nomeado pelo Presidente da República.
- O PGR tem mandato por 2 anos, sendo possível uma recondução. Ele é vitalício, mas não como PGR, e sim como
o seu cargo de origem.
NOTA:
Chefe do MPU – Procurador Geral da República;
Chefe do MPE – Procurador Geral da Justiça;
Chefe do MPT – Procurador Geral do Trabalho;
Chefe do MPM– Procurador Geral da Justiça Militar.
Chefe do MPF – Procurador Geral da República
128, §2º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
- Cabe a destituição, porém é preciso a autorização da maioria absoluta do SF.
- Essa proposta fazia sentido na época em que o MP tinha funções da Advocacia Pública, pois representava os
entes públicos e poderia propor a destituição do PGR. Hoje, se um Presidente da República tiver a maioria do SF,
isso será concluído, o que não garantiria a efetiva autonomia funcional. Sampaio acredita que o PGR deveria estar
infenso aos poderes do executivo, para poder exercer independentemente a representação da sociedade.
128, § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
- Aqui não há escolha parlamentar, então no MP dos Estados elabora-se uma lista tríplice, sem passar pela
assembleia, será nomeado pelo chefe do poder executivo (ora governador - estados, ora presidente da república -
DF). Ressalte-se a diferença do âmbito federal para o estadual, no federal – ocorre aprovação do SF, no estadual
não.
128, §4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por
deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
- Para a destituição, tem interveniência da assembleia legislativa, para salvaguardar o principio do checks and
balances.
128, §5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais,
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros:
- A CRFB não vincula, mas diz que a iniciativa é facultada aos procuradores gerais. Cada estado tem uma lei
complementar que rege o MP estadual.

Ministério Público – garantias


128, I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
julgado;
- Após 2 anos de exercício só poderão perder o cargo após sentença judicial transitada em julgado - isso é o que
caracteriza a vitaliciedade. Que é diferente da estabilidade do servidor público, que ele só pode ser demitido após
a realização do PAD, em que tenha sido assegurado o contraditório e a ampla defesa. A vitaliciedade promove
maior segurança jurídica que a estabilidade.
- A vitaliciedade é garantia dos membros do MP, da magistratura, e dos membros dos TCs (conselheiros e
ministros).
Aquela emenda 19, que alterou de 2 para 3 anos o tempo para se conseguir a estabilidade, abrange o tempo
de vitaliciedade dos membros do MP? Não, pelo princípio da especialidade (norma geral afasta norma geral).
Aquela EC, mesmo aumentando o tempo para atingir a estabilidade, não alterou o regime da vitaliciedade dos
promotores e juízes.
- OBS: Quando da magistratura, nós falamos de 2 anos para a vitaliciedade, é apenas para juiz de 1ª instância, e
não para desembargador. Os membros dos TCs, conselheiros do TCM, TCE, e TCU, eles tem vitaliciedade imediata.
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- Pode acontecer por interesse público a remoção do membro do MP, mas isso é exceção, como salvaguarda,
criou-se essa manifestação majoritária do conselho superior do MP, para não deixar nas mãos monocráticas, que
pode ser arbitrária, do procurador geral de justiça.
- é uma grande salvaguarda da inamovibilidade, pela colegialidade.
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II,
153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
- Hoje, não existe mais vencimento para agentes políticos, permance apenas para servidores. Os agentes políticos
possuem subsídio, que caracteriza-se por ter uma parcela única. Aqui se garantiu a irredutibilidade.
-Trabalhador de empresa privada tem salário, militares tem soldo, aposentado tem proventos, destinatário da
pensão por morte tem pensão.
- Agentes políticos são remunerados mediante subsídios, os serventuários qu recebem vencimentos.

Ministério Público – vedações


II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
- Até a CF88, o membro do MP podia exercer a advocacia privada. Ainda hoje se percebe tal prática, daqueles que
ingressaram na carreira, antes da CF8, permitida por entendimento do STF. Mas a tendência é que isso acabe,
devido ao tempo de ingresso na carreira.
b) exercer a advocacia;
- Não pode nem na advocia pública, nem na privada.
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
- Caso do procurador MP da Bahia, que estava pra ser nomeado ministro da justiça, e a jurisprudencia do STF
entendeu a luz dessa alínea, que não seria possível, apenas se renunciasse ao cargo de procurador, a justificativa
jurídica foi devido a vulnerabilização que ficaria sujeito o membro do MP, pois também estaria sob o comando do
presidente da república, poria em risco a autoridade do MP.
- Mas isso no passado ocorria bastante, como no caso do Ministro Gilmar Mendes que antes de ser do STF, era
membro do MP (procurador regional da república) de carreira, e foi Advogado Geral da União. O que hoje, a luz
dessa interpretação do STF não seria possível.
- Ressalte-se que a possibilidadede 1 função de magistério, que ocorre em todos os âmbitos constitucionais.
e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- vedado tanto a membro do MP, e da magistratura.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
ressalvadas as exceções previstas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- sem vantagens extras, por óbvio.
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Ministério Público - funções


Funções institucionais do Ministério Público [CRFB/88, art. 129]: São funções institucionais do Ministério Público:
- Não se refere apenas aos MP da União e Estados. Têm atribuições cíveis e criminais. O MP foi alargado com o
advento da CRFB/88. Tem atribuições muito nobres, mas o leigo vê o MP na figura do acusador do juízo criminal,
mas tem atuação cível grande. Há casos como em matéria ambiental! Logo, o MP é órgão importante na defesa do
Meio Ambiente ( por exemplo a responsabilização cível pela tragédia ambiental da Samarco que ocorreu em
Mariana-MG, vazamentos de óleo da Petrobras na Baia de Guanabara), porque os direitos difusos fazem parte dos
direitos fundamentais de terceira geração.
- Ação penal pública é privativa do MP, por ser a sociedade em juízo, o nominus litis (senhor da lide) é o MP. (povo
x fulano de tal, nos EUA). A ação civil pública pode ser proposta por outros legitimados, não só pelo MP. (Ex: se
ferir alguma reserva ambiental, uma instituição pode propor essa ação). Lei 7.347 – lei da ação civil pública.
- Quem instaura um processo criminal para apurar um crime é a polícia, através dos inquéritos. (diferentemente,
do EUA em que o promotor é o presidente do inquérito).
- Já no inquérito civil, que é aonde se faz toda avaliação pra se constituir o lastro instrumental probatório pericial
para abastar a propositura da ação civil pública, cabe ao MP tal proposição.Ex: derramamento de uma empresa de
papel de óleo no leito de um rio em MG, coube ao MP instaurar um inquérito para apurar tal situação, e propor
uma ação civil pública.
- A ação civil pública tem também uma tutela preventiva, para evitar um mal maior, não se quer apenas a
reparação do dano, mas também uma prevenção. Portanto, a ação civil pública tem função reparatória, e também
preventiva.
- Temos que entender a divisão de atribuições (não de competência pois não tem poder decisório), do MP, ele
provoca o judiciário. Não há hierarquia entre os membros do MP.
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
- Lembrando que existe a ação penal privada subsidiária publica para casos de inércia do Parquet, prevista tanto na
norma constitucional quanto na norma legal do CPP. Ação penal pública é privativa do MP, por ser a sociedade em
juízo, o dominus litis (senhor da lide) , o promotor natural é o MP. (povo x fulano de tal), ou seja, é o
povo/sociedade quem denuncia.
- denúncia é a petição inicial da ação penal pública, e na ação penal privada é a queixa crime.
- A ação civil pública tem uma regulamentação especial. É proposta por outros legitimados, como a União Federal,
Estados, Municípios, associações regularmente constituídas para os seus fins propostos. Ou seja, não é privativa do
MP. Além da atribuição propositiva da ação civil publica, tem autoridade importante sob a instauração do
inquérito civil, que antecede a propositura da ação civil pública para apurar e constituir um lastro instrumental
probatório, pericial, para legitimar a propositura da ação civil pública. Ex.: derramamento de óleo.
- Já o inquérito criminal é da autoridade policial judiciária. Quem instaura inquérito criminal pra apurar
cometimento ou não de uma conduta supostamente delitiva é a policia civil, no âmbito do Estado, e a polícia
federal, no âmbito da União (inquéritos militares). O destinatário do inquérito é o MP. Porém, ele não é autoridade
pra instaurar inquérito penal. Diferentemente, no Direito Processual dos EUA, o promotor de justiça é presidente
do inquérito criminal, já no Brasil o inquérito criminal se instaura separadamente do MP, vez que é presidido pela
autoridade de polícia que é o Delegado de Polícia.
- A ação civil pública não tem apenas fins reparatórios, pode ter fins também reconstitutivos ou preventivos –
Tutela da prevenção do ilícito. Mas depende da modalidade do manejo da ação civil pública mais aprofundado em
matéria processual. Ela diferente da ação penal pública, está sob o domínio do MP uma vez que ele é o único
legitimado para propô-la.
- Lei 7.347/85: Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e dá outras providências.
- Temos que entender a divisão de atribuições (não de competência pois não tem poder decisório), do MP, ele
provoca o judiciário. Não há hierarquia entre os membros do MP.
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
- Ou seja, traz uma elucação geral e genérica para o MP, que da um poder simbólico, que é incomum.
- Já foi falado que o MP ganhou bastante espaço com a atual constituição, neste inciso o colocou como um
guardião da CF, e promover medidas. Que medidas necessárias seriam essas? Tanto de caráter penal quanto cível.
- Essa dicção é uma dicção generalista. Acena para uma função de defesa do equilíbrio dos três poderes. Segundo
a maioria da doutrina, o MP não pertence a nenhum dos três poderes constituídos do estado nacional. Mas não é
um quarto poder. Cumpre-lhe fazer a guarda do bem-estar das relações entre os três poderes. Afinal, a grande
destinação do estado é a realização dos serviços públicos. Tal inciso não diz quais são as medidas judiciais passíveis
de evocação para o cumprimento dessa função. Simplesmente estabelece o papel do MP na matéria. Isso será
cumprido através de representações funcionais contra servidores públicos, ações penais públicas, dentre outras
medidas. Traz então o artigo 129, a locução geral ao MP, que dá carga simbólica de institucionalidade.
Principalmente neste inciso II ao dizer muito “zelar pelo efeitvo.” – constitui o MP como um guardião do serviço
público. Acenando para medidas de caráter penal e cível.
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos;
-Aqui se destaca a atuação do MP não só na ação civil pública, mas uma figura destacada que é o inquérito civil.
Diferente do inquérito penal, que é separado do MP e cujo chefe do inquérito é o chefe de polícia. O inquerito
civil, diferente do criminal, está sob domínio do MP
- Ação Civil pública. A lei 7.347 regula a ação civil pública, que não é atribuição exclusiva do MP, podendo ser
proposta por outras autoridades. Pode ser proposta pelo MP, mas por outras entidade, como União Federal,
Estados, Municípios, associações regularmente constituídas para os seus fins propostos. Ou seja, não é privativa do
MP. O MP antes de propor a ação civil publica pode instaurar o inquérito civil.
- O inquérito civil é peça preparatória da ação civil pública. Ele é instaurado pelo MP. Ex: Em MG se o tremor da
Samarco foi feito adequadamente para evitar aquele tremor. O inquérito civil serve para colher provas necessárias
para instaurar ação civil pública. Ou seja, é uma peça administrativa voltada para a coleta de provas, oitiva de
quem quer que seja de um fato que gera efeitos no mundo civil.
- Ação penal pública é de exclusividade do MP, já ação civil publica é regida não é privativa do MP. Eela é
distribuid - diferentemente da ação penal pública -, mas ainda assim MP é competente, com essa reserva especial
em tal inciso.
- Inquérito policial militar em âmbito das FAs existe, e é feito pelas FAs. MP não pode instaurar um inquérito
policial, ele tem um poder ate maior que esse, mas não o é. Isso não impede que o MP, possa ter poder
investigativo.
- Foi o caso da discussão da PEC 37, que intentava retirar o poder investigativo do MP, e restaria a ele apenas a
análise das provas colhidas pela polícia judiciária. Porém tem casos em que a polícia falha, isso é saudável e
aprimora o sistema dos freios e contrapesos, porém há alguns que discordam. O MP tem controle externo sobre os
fatos criminosos, seria controverso retirar o poder investigativo dele.
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos
casos previstos nesta Constituição;
(Ler artigos 34 e 36 da CF/88 – intervenção federal)
- Intervenção federal nos estados. A IF é do poder do presidente da república, pode se dar, por exemplo, por grave
comprometimento da ordem publica. Este é um conceito jurídico indeterminado, não quer dizer que vai ter, mas
que pode ter.
- quem faz esse juízo é o Presidente da República que decreta IF, antes colhe o parecer (ouvir/ato pronunciativo,
não vinculativo) do Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional, ele decreta intervenção federal, e o
envia por decreto legislativo para o CN, se o CN aprovar mantém-se os seus efeitos, caso não, é suspensa.
- A hipóteses de IF estão numeradas no artigo 34, em sete incisos – definem pressupostos materiais da
intervenção, ou substanciais. Os pressupostos formais da intervenção ou processuais estão no artigo 36 da
CRFB/88. É preciso conjugar os dois artigos. O artigo 36, III ao estabelecer a representação feita pelo PGR
(promotor natural da causa), e provida pelo STF (juízo natural), como requisito para a intervenção federal, nas
hipóteses do artigo 34 inciso VI parte (inexecução de lei federal) e VII (princípios constitucionais sensíveis) A
representação interventiva é condição de procedibilidade .
- Motivo: Já ocorreram situações de representação interventiva feita pelo PGR, de uma representação de
inconstitucionalidade, e o STF ter de decidir se houve ou não inexecução de lei federal, ou violação a um principio
constitucional sensível. A finalidade é evitar um mal maior, evitar a instalação da medida constritiva, que seria a IF,
até porque que se instaurada a intervenção é inviável emendar a constituição e realizar outros atos importantes
para a política. Logo, CRFB tenta estabelecer relação de contenção de poder.
- Procedimento, nesse caso: se for hipótese de representação, nos casos do artigo 34 VI parte (inexecução de lei
federal) e VII (princípios constitucionais sensíveis), o PGR oferece notificação ao STF, que, se entender cabível,
notifica o Estado - que “arruma a casa” e evita a IF.
- O chefe do Ministerio Publico da União sempre presente no controle de constitucionalidade. Era o único presente
desde 1965, emenda 16. Ele continua presente, mas não é mais com exclusividade.
Representação interventiva surgiu na CF de 1934, com controle concentrado de constitucionalidade no Brasil.
Ainda é uma ação de legitimidade exclusiva do Procurador Geral da Republica (chefe do MPU). Não há
concorrência.
E por que é o PGR o único legitimado? Quando concebida representação interventiva, o PGR tinha atribuições
que não tem hoje. Até recentemente o PGR chefiava órgão que além de ter atribuições promotoriais, tinha as
de advocacia pública. Antes da CRF/88, quem representava a união em juízo era o Ministério Publico. Não
existia a AGU, criada com CRFB/88. Esta designou, que ao MP não cabe nem a representação judicial, nem a
consultoria jurídica dos entes públicos. final, o MP foi entendido como sociedade em juízo, não entidade em
juízo. Hoje, quem faz essa defesa é a advocacia geral da união, advocacia pública. Isso gerava uma confusão de
atribuições, pois eram distintas e concentradas num mesmo órgão, então fazia sentido confiar a representação
interventiva ao PGR, pois ele também era o representante da administração. Seria melhor, no parecer do
professor, que essa atribuição fosse dada ao Advogado Geral da União, pois é quem representa a União, e esse
conflito é entre a União e o Estado - entre pessoas jurídicas, entre entes públicos -, e não da sociedade contra o
Estado. Porém, esse inciso prevê tal atribuição ao PGR.
- Logo, Aqui no inciso não diz quem, mas quando é representação interventiva da União do Estado é o PGR, assim
como mostra os artigos 34 e 36 da CRFB/88.
-Intervenção dos estados nos municípios. O Artigo 36, III da CF/88 diz que é o PGR, quando for a União. Já o artigo
35 preceitua as hipóteses de intervenção estadual nos municípios, cabendo, por simetria, ao Procurador Geral de
Justiça, representar perante o TJ do Estado.
UNIÃO EM ESTADOS: Procurador geral da República → STF
ESTADO EM MUNICÍPIO: Procurador Geral de Justiça → TJ
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
- A CF/88 foi bastante preocupada com a tutela dos direitos indígenas, devido a negligência e ao massacre ocorrido
durante 5 séculos, na história do nosso país.
- Aqui amplia-se esse papel do MP para tutelar os interesses indígenas, com órgãos para tanto.
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
- Expedientes notificatórios da alçada do próprio MP, assim como o poder judiciário tem, muitas vezes essas
notificações são para a prevenção do próprio ilícito.
Ex: O MP esta fazendo uma análise do reservatório de uma empresa, e percebe um problema, ele expede uma
notificação avisando a empresa, para prevenir o próprio ilícito, até por defender os direitos sociais.
Ex 2: Tombamento de patrimônio público, um prédio começa a ruir, o MP notifica o proprietário para tomar as
providências, isso é melhor que ingressar com uma ação judicial, pois o MP exerce a defesa dos interesses sociais,
e dos direitos difusos e coletivos, pode ser direitos ambientais, direitos históricos.
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
- Existe uma lei federal que é a LC 75/93 (MP da União), e também uma lei ordinária federal, que é considerada
nacional, LC8625 (MP da União e dos Estados), e as LC em cada estado para organizar infraconstitucionalmente o
MP dos Estados. É um caso típico dos freios e contrapesos, pois o MP é órgão autônomo da ordem constitucional.
- A polícia federal ( polícia judiciária) integra o poder executivo, de maneira que se o MP, controla essa atividade, é
uma atribuição do checks and balances. É um caso típico dos freios e contrapesos, pois o MP é órgão autônomo da
ordem constitucional. (Lembra-se aqui, do mencionado sobre a PEC 37, que queria acabar com o poder
investigativo do MP, seria algo sem sentido, uma vez que ele exerce o controle externo da atividade policial, como
retirar então o seu controle investigativo?)
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais;
- Esse poder de requisição (ordenar), é mais que requerer (pedir), membro do MP requisita diligência
investigatória, mesmo o inquérito sendo de competência da polícia, o promotor determina ao delegado de polícia
mediante requisição. Ou seja, o promotor pode determinar que o inquérito policial seja instaurado.
- Nesse caso, ainda é uma atribuição, e não competência, pois o promotor o faz para colher informações, podendo
não ter denúncia, mas ainda não se tem caráter decisório.
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
- Funções determinadas/conferidas na lei infraconstitucional.
- Ressalte-se a 2ª parte, pois quem integra o MP não representa, nem presta consultoria às entidades públicas
(Estados, Municípios, União, Autarquias...), essa diferenciação foi colocada pela CF/88, e agora é função da
Advocacia Pública.
- Essa separação foi importante, pois algumas vezes o conflito surge entre a sociedade e os entes públicos, e tudo
era encarregado para o MP, mesmo que lá dentro houvesse divisão de atribuições, tudo era submetido ao mesmo
órgão, o que não era saudável, como já visto.
- Lei orgânica Nacional do MP: LEI Nº 8.625, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1993.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
- Ex: ação civil pública, é possível até pessoas privadas, mas isso não retira a legitimidade do MP. Diferente da ação
penal pública, que só pode ser exercida pelo MP. (já foi mencionado)
§2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na
comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
- Essa questão de residir na comarca de sua locação gera muitas polêmicas, pois um lado defende que ele deve
esta na comarca para saber o que ocorre, por representar a sociedade; e o outro lado diz que essa proximidade é
perigosa, pelas influências. O que prevalece é a residência próximo.
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo,
três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
- O concurso público exige concurso público de provas, nem sempre títulos. Aqui, estipula-se a necessidade dos
dois. Antigamente, não se exigiam esses 3 anos mínimos de atividade jurídica, mesmo caso da magistratura, hoje,
se exige.
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
- Prerrogativas da magistratura. (inamovibilidade - só se desloca por interesse pessoal, ou por determinação do
tribunal por maioria qualificada)
- Essas prerrogativas são as mesmas para a magistratura, paras os membro sdo MP, e do Tribunal de Contas.
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
- Aplica-se o princípio do promotor natural.
Qual a natureza jurídica do MP? Essa pergunta é muito controvertida. Alguns entendem que o MP é órgão
autônomo na ordem constitucional (posição majoritária), alguns entendiam equivocadamente que seria órgão
do poder executivo, a EC1/69 fez isso na época da ditadura, a CF/88 retirou isso, e hoje foi superada. Há ainda
a posição, minoritária, seria o 4º poder.
Advocacia Pública
- Topografia divisória em relação às funções essenciais à justiça – isoladas em relação ao capitulo dos três poderes.
Advocacia publica e Ministério Público não estão no Pode Executivo, na ordem constitucional. Seção I sobre MP e
seção II sobre Advocacia Pública.
- Não se deve fazer confusão entre ministério publico e advocacia pública. O texto constitucional estabeleceu MP é
sociedade em juízo. Advocacia publica é poder publico em juízo. Advocacia pública representa entidades. O MP não
representa pessoas. A AP está em juízo em nome de pessoas jurídicas de Direito Publico. Até CRFB/88, o MP na esfera
federal exercia função de advocacia publica da união federal – e são coisas inconciliáveis. Muitas vezes, a sociedade se
vê em conflito com união federal. Como um mesmo órgão, o MP, seria o em juízo pelas duas partes? A AGU é
instância maior da advocacia publica da união federal de seus entes, separando-a do ministério publico da união.
- A CRFB/88 não permitiu mais aos membros do MP o exercício da representação judicial de entes públicos, nem sua
consultoria jurídica.
Advocacia publica só representa as pessoas jurídicas de direito publico ou também representa pessoas jurídicas
de direito privado pertencentes ao poder publico, como as empresas públicas federais (Caixa Econômica) e
sociedades de economia mista? As normas do artigo 37 da CRFB são incidentes – os cuidados procedimentais
sobre os órgãos públicos; as normas do Direito Administrativo incidem sobre elas. Ali não há cargo público, há
emprego público; não há regimento jurídico único, o que rege é a CLT, o vínculo é trabalhista. Como cumprem os
principio gerais de Direito administrativo pra fim de gestão de todas as suas atividades, a vinculação de seus
empregados não é regimento jurídico dos servidores públicos. A resposta é difícil. Resposta: no âmbito da AGU,
não representa as de direito privado. A Advocacia Pública age no contencioso para a união e suas pessoas
jurídicas de direito público. Logo, as pessoas jurídicas de direito privado, como Petrobrás, não são representadas
pela advocacia pública; estas possuem seus próprios departamentos jurídicos, com advogados contratados
mediante concurso público – até porque são empregos públicos, não cargos públicos.
- Advocacia é, portanto, órgão de representação do poder publico e de sua consultoria jurídica. A União é a estrutura
mais complexa da União federal, com universidades, autarquias (Fundação Casa Rui BarbosaCultura). É uma
estrutura de grande porte. Autarquia significa autonomia – pessoa com certa autonomia em relação ao contexto
geral. Está vinculada a órgãos que não são pessoas jurídicas de Direito Público, como os Ministérios (Educação,
Cultura, etc.), que fazem parte de outra pessoa jurídica de Direito Público, a União Federal. Temos autarquias na
União porque a mão organizadora do Estado entendeu
- A União é a estrutura mais complexa da administração, ainda mais pelo centralismo que vivemos, são mais de 40
universidades federais, por exemplo, que são representadas pela AGU, tem-se ainda outros ramos de autarquias como
a Fundação Casa Rui Barbosa vinculado ao ministério da cultura, INSS que é vinculado à previdência. Qual o
siginificado de autarquia? autonomia, uma pessoa que tem uma relativa autonomia, elas estão vinculadas a
secretarias que são órgãos dentro de pessoas jurídicas, ou seja, assim como órgãos podem ser divididos em órgãos,
uma pessoa jurídica pode nter outras pessoas jurídicas. Ex: A UFF é uma pessoa jurídica de direito público que
pertence a uma outra pessoa jurídica de direito público que é a União Federal.

Advocacia Geral da União – estrutura


AGU [CRFB/88, art. 131]
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso
público de provas e títulos.
§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
- A CRFB estabelece que a advocacia pública geral da união se dedica para representação jurídica da união e de
suas pessoas jurídicas de direito público, LC73/93 (lei orgânica advocacia pública da união). Estabelece essa
superestrutura da AGU, com 3 carreiras básicas, com concurso público autônomo, não há como passar em uma e
ingressar em outra, posteriormente:
1. Advogados da União e sua consultoria jurídica: se dedicam a representação judicial da união em si, e as
consultorias da união em si, e não de suas entidades;
2. Procuradores federais – advogados públicos da União, lotados nas procuradorias federais diante das
autarquias federais e fundações públicas federais. Quem representa a UFF em juízo ou lhe presta consultoria
jurídica são procuradores federais.
3. Procuradores da fazenda nacional – LC73/94 pra representar União federal na execução fiscal de tributos
federais. Lei 6830/80 – recepcionada pela CRFB/88
- Chefe: Essa superestrutura é chefiada por agente político, chamado de Advogado Geral da União. Ele é de livre
nomeação do Presidente da Republica (pode também ser destituído, demissível ad nutum). Não é stricto senso
ministro de Estado, mas é como se fosse. Precisa ter mais que 35 anos, com notável saber jurídico e reputação
ilibada. Não precisa ser integrante da carreira, mas a tradição é de ser nomeado entre os integrantes da carreira. É
chefe da Advocacia Geral da União e diz respeito ao presidente. A CRFB/88 institui apenas que ele deve ser maior
de 35 anos, e ter notável saber jurídico e reputação ilibada.
- Existem chefias gerais setoriais, então há um chefe setorial de cada uma das carreiras, eles estão abaixo do
advogado geral da união. Chefes setoriais da estrutura dos advogados da união:
1) Procurador Geral da União (abaixo do AGU) – chefe setorial dos advogados da União
2) Procurador Geral Federal (abaixo do AGU) – chefe setorial dos procuradores federais
3) Procurador Geral da Fazendo Nacional (subordinado ao AGU) - chefe setorial dos procuradores da fazenda
nacional
Advocacia Geral da União
Chefe Advogado Geral da União
Procurador Geral da
Chefe setorial Procurador Geral Federal Procurador Geral da FN
União
Procuradores da fazenda
Carreira Advogados da União Procuradores Federais
nacional

- Não havia carreira dos procuradores federais até os anos 90. Existiam carreiras de procuradores autárquicos
federais. Cada autarquia tinha seus procuradores autárquicos próprios. Era uma carreira individual. O individuo
para exercer a representação judicial e consultoria jurídica, fazia concurso pra provimento de cargo pra procurador
autárquico, ligado à autarquia por toda a carreira. Procurador de IBGE, UFRJ, etc. Alteração: deixaram todas de
existir, exceto uma: a carreira autônoma de Procurador do Banco Central.
- Diferenças jurídicas: o procurador autárquico era servidor da administração publica indireta. Com a criação da
carreira, esses procuradores federais são procuradores da administração direta- ligados a presidência da republica.
Os procuradores federais serão servidores da administração direta. Os procuradores autárquicos que já estavam
na carreira até então foram transformados em procuradores federais. Eram servidores da administração indireta e
passaram a fazer parte da administração direta. Era servidor da autarquia e passa a ser servidor público perante a
autarquia.

Anotações de outro resumo:


- A Constituição referiu-se a esta a tornando rigorosamente separada do Ministério Público, não havendo mais a
confusão anteriormente presente. Seria inconstitucional a representação do MP de Estado, Município ou União
em juízo, bem como a realização de consulta jurídica.
- A Advocacia Pública é órgão de consultoria e representação dos entes públicos. Ela representa a União judicial e
extrajudicialmente. Temos três grandes carreiras ligadas a esta função que são autônomas, cada qual provida
mediante seu próprio concurso público: Procuradores Federais, Procuradores da Fazenda Nacional e Advogados da
União. Falando em termos gerais, a AGU é o maior escritório de advocacia do país, por assim dizer para se facilitar
a visualização. A AGU foi criada em 1988 e a LC nº73/93 instituiu sua estrutura, sofrendo após com modificações.
Procuradoria Geral do Estado
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
- O Procurador Geral do Estado é o chefe da instituição Advocacia Pública no âmbito estadual, está para o
ESTADO, como o Advogado Geral da União está para a UNIÃO. Não deve ser confundida com o Procurador Geral
de Justiça do Estado, chefe do MP estadual.
- Cada estado tem sua lei complementar estadual, assimilando a sua Procuradoria Geral do Estado. A do Rio de
Janeiro, por ser complexa, se divide em múltiplos órgãos. Além disso, cada secretaria de Estado tem sua
consultoria jurídica própria. Cada lei orgânica, de cada cidade, disciplina a carreira. Há uma obediência, em certa
medida, a uma simetria da União, mas existe também margem de escolha, margem de conformação, no âmbito do
Estado.
Ex.: MG. Carreiras distintas entre a Procuradoria Geral do Estado e Procurador da Fazenda Estadual. Toda
procuradoria da Fazenda Estadual cuida da execução da dívida pública dos tributos do estado. De MG. São
carreiras distintas dentro de uma mesma procuradoria.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo
exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
corregedorias.
- É o estágio probatório do setor público. O procurador do estado e o advogado da União são servidores públicos.
A estabilidade do servidor público é adquirida após um prazo de três anos. Trata-se, aqui, da aquisição da
estabilidade do serviço público. Diferente dos magistrados, membros do MP e membros dos Tribunais de conta,
que possuem vitaliciedade.
- Na primeira instância do poder judiciário e na do MP, a vitaliciedade é adquirida após dois anos, e não três anos.
Isso ocorreu por conta da EC19, que versou sobre estabilidade. Essa emenda aumentou para três anos o prazo
para aquisição da estabilidade – e não o de vitaliciedade. Logo, aplica-se o princípio da especialidade. A especial
afasta a incidência da norma geral. Não afetou os dois anos pra juízes e promotores, mas a estabilidade de
servidores públicos, sim. Logo, isso atinge Procuradores do Estado e Advogados da União (servidor público da
administração). Adquirem estabilidade após três anos.
- Procuradorias nos municípios. Nos municípios, variam de acordo com a lei orgânica de cada município. Há,
basicamente, três standards de diagramação do procuratório municipal do Brasil:
1. Procuradorias dos municípios: evolução institucional das procuradorias do município, em cidades maiores.
2. Assistência jurídica de um procurador. Existe procurador do município, nomeado pelo prefeito, que
concentra atribuições do contencioso – representação judicial – e com estrutura de assistentes jurídicos –
atribuições consultivas. Cidades de médio porte
3. Um só procurador de nomeação livre do prefeito que acumula todas as funções, com status de secretário
municipal – advogado do contencioso e consultoria jurídica. Modelo típico de cidades pequenas. É o que
acontece na maioria das cidades no Brasil.
Defensoria Pública
- Seção primeira MP, Seção 2º Advocacia pública e seção 3ª, com EC80, Defensoria Pública.
Essa nova terceira seção foi recente. Por mais de 30 anos, a advocacia privada e defensoria publica estava dentro do
capitulo IV, titulo IV. Se são funções essenciais a justiça diferentes, deveriam, então, ser consideradas fora do contexto
de uma só seção. O poder constituinte derivado, através da EC80, fixou um desmembramento, com uma seção
diferente em relação À outra. Uma pra advocacia e outra pra DP.
- No interior do capitulo IV, título IV, temos três matrizes diferentes: advocacia privada, advocacia pública (pessoas
jurídicas de direito público em juízo) e a defensoria publica (como indivíduo hipossuficiente em juízo)
- A DP possui grande significado e papel na ordem jurídica brasileira. Deve ser entendida como uma instituição
essencial ao Estado Democrático de Direito. O defensor é o advogado que, ao invés de representar a parte, como o faz
o advogado privado, fornece assistência aos que não podem pagar (assistidos). O defensor assiste, aconselha, orienta
o assistido. Ele não "advoga", mas "defensora", que acaba sendo um neologismo que corresponde à função mais
ampla da DP. Assistência Tâmega significa prover as informações necessárias. O defensor tem um papel de Estado-
providência em juízo.
- Com o tempo, a DP foi crescendo. O seu destaque institucional veio com a CRFB de 1988. Inicialmente, a DP não
possuía a autonomia financeira-orçamentária que o MP possuía, auferindo um defensor muito menos do que um
promotor de justiça. Isso acaba gerando uma hierarquia de profissões.
- Antes da CF/88, sob a vigência da CF/67, tínhamos o cargo de defensor público como um cargo da carreira do
Ministério Público. Inicialmente, o indivíduo entrava na carreira como defensor público, e, com o passar do tempo,
poderia ser promovido a promotor. Com o tempo, houve uma verdadeira desconstrução desses paradigmas.
- Atenção: jurisprudência importante do STF - Ministro Celso de Mello: obrigatoriedade da existência da DP no âmbito
dos estados-membros. O que ocorreu? Havia uma AIO (ação de inconstitucionalidade por omissão) que considerava
inconstitucional o fato de constituições estaduais omitirem a necessidade da Defensoria Pública.
DPU: Lei complementar 80/1994, que estabelece também normas gerais sobre as defensorias públicas dos
Estados.

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei.
- Conquista fruto de grande esforço. A assembleia nacional constituinte veio pra redemocratização. Em termos
constitucionais, a constitucionalização se deu em 87 e 88. Havia representação do antigo regime militar, de modo
que havia resistências. Quando a emenda Dante de Oliveira foi rejeita em 84, nos tivemos eleição indireta pra
presidente da republica. Assumiu o vice, José Sarney. Muito do texto constitucional foi resultado de luta, como o
artigo 133. Havia resistência, principalmente de um senador, falava que era contrario à autoridade dos poderes
contidos. O artigo 133 é uma clausula fundamental à democracia. O preço da liberdade é a eterna vigilância.
Ninguém se opõe ao artigo 133, mas devemos defender.
- Advogado indispensável à administração da justiça, nos limites da lei federal 8906/94: o Estatuto da advocacia e
da Ordem dos Advogados do Brasil. A OAB é uma das maiores estruturas de representação de profissionais –
conselho seccional, em cada estado, constituído de conselheiros eleitos pelos advogados. No plano federal, o
Conselho Federal do OAB, constituído por 81 conselheiros federais. Desses 81, escolhem 1 conselheiro federal que
se torna o presidente do Conselho Federal, com mandato de 2 anos.
- Artigo 103: reconhecimento sobre o papel da OAB, transcendente, em muito, aos interesses de classe. Papel
importante, por exemplo, na reedificação do edifício democrático brasileiro. Não foi papel simplesmente pra
representar interesse de uma classe, mas de defesa das instituições democráticas.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
- Instituição de notável posicionamento na ordem brasileira, com grande papel. Deve ser entendida como uma
instituição essencial ao estado democrático de Direito. O que é a função do defensor: advogado daquele que não
pode custear sua defesa. A função do defensor não é como advogado. Ele não representa a parte – pessoa jurídica
de direito privado -, mas dá assistência, orienta, aconselha os assistidos. Papel provedor, de estado providencia em
juízo.
- A defensoria pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, destinada à assistência
jurídica integral e gratuita aos necessitados.
- Retomamos a premissa segundo a qual uma vez que o Estado exige que todos estejam em juízo através de
advogado, merece e exige a representação judicial, então CRFB deve oferecer representação judicial aos
necessitados. Clausula pétrea do artigo 5º, inciso LXXIV. Senão haveria uma exclusão do acesso à Justiça, uma
incoerência. O indivíduo hipossuficiente estaria impossibilitado de comparecer a juízo. Impossibilitados somos
todos ao exercício arbitrário das próprias razões. Então, por uma questão de coerência, o Estado deve conferir tal
assistência.
- Caput apresenta importante linha geral da defensoria publica
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da
advocacia fora das atribuições institucionais.
- Lei Complementar federal 80/94 institui a DPU – normas gerais sobre defensorias publicas dos estados. Cada
estado tem sua lei complementar estadual pra regulamentar a defensoria publica.
- Vedado exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. Logo, dentro das atribuições institucionais, o
defensor público exerce a advocacia, privativa às suas funções institucionais. Atenção! Até o concurso para
defensoria de 1993, o defensor público pode advogar aqui no Rio. Depois disso, não pode mais. O que
efetivamente sobra é vedar o exercício da advocacia para procuradores de Estados e municípios, já que os
promotores que passaram no concurso do MP depois da CF/88 não p
- Inamovibilidade: prerrogativa do defensor. É prerrogativa de defensores, promotores, membros dos tribunais de
contas e magistrados. O defensor público não ostenta vitaliciedade. É estável, como os servidores públicos. A
vitaliciedade se dá em relação aos magistrados, membros do MP e conselheiros e ministros do TC. Mas a
constituição lhe confere inamovibilidade, prerrogativa que pertence também aos citados anteriormente. Isto se dá
para que o defensor não sucumba a pressões antidemocráticas, que por conta de um dissídio político não seja
removido de comarca, por exemplo. Só sai do órgão por vontade própria ou por decisão pelo colegiado superior
da entidade.
- Inamovibilidade, portanto, não é uma cláusula absoluta, pode ser cindido por interesse público. Só que a CRFB
fez com que fosse evitada decisão arbitrária de alguma decisão local. Um juiz titular de uma vara em São Gonçalo,
se não quiser sair dessa vara, ele não sai, tão somente se for por decisão de órgão colegiado superior. O mesmo
ocorre com os defensores públicos. A DP possui um conselho superior, seja ela DPU ou DPGE. O defensor público
geral do Estado não pode decidir monocraticamente pela retirada do defensor de sua vara ou núcleo. Há exceção:
a inamovibilidade pode ser mitigada se o juiz não for titular (exemplo de Dra Claudia). A inamovibilidade é uma
importante garantia para impedir pressões políticas locais (para que não haja interesses maldosos em remover um
defensor, promotor ou magistrado, autoritariamente).
- Vitaliciedade pode ser relativizada, mas não decorre de decisão colegiada – administrativa -, mas judicial. Essa é a
diferença: a vitaliciedade decorre de uma decisão judicial não administrativa. Administrativa é para a estabilidade
do servidor público. Um servidor público estável pode perder o cargo por uma determinação administrativa desde
que decorra de um processo administrativo. Já o juiz não: só por decisão judicial. Membro do Ministério Público
também, assim como o membro do Tribunal de Contas. Defensor não. A vitaliciedade não cabe ao defensor.
- Consequência no regime do estagio probatório. EC19/98 flexibilizou o prazo: subiu de dois anos pra três. Isso
majora automaticamente pra conceder vitaliciedade de juiz ou promotor? Não. O principio aplicável é o da
especialidade. A norma especial afasta incidência da geral. Logo, considerou-se que as clausulas que fixam
vitaliciamento são especiais em relação aos três anos de estabilidade. Até porque juiz e promotor não tem
estabilidade, mas vitaliciedade. Como defensor publico tem estabilidade, ele foi alcançado pela EC19! O que há em
comum entre defensores e promotores é inamovibilidade, mas não a vitaliciedade. O DP tem apenas
estabilidade. Logo, precisa de 3 anos também pra ser estável.
A regra de dois anos de vitaliceimento serve para quem? Só ingresso no MP e na Magistratura. Para membros
do Tribunal de Contas é vitaliciedade imediata - empossa pelo regime constitucional de indicação; mas se torna
imediatamente vitalício. Quando falamos de vitaliciamente, falamos da classe inicial da carreira da
magistratura e do ministério publico. Quando o sujeito passa por vinte anos como juiz, depois promovido a
desembargador, não passa por momento de vitaliciamento. Nenhum desembargador faz estagio de
vitaliciamento, até os do quinto constitucional.
Defensor publico, portanto, tem estabilidade (3 anos) e inamovibilidade.

§2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto
no art. 99, § 2º.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.
- Defensorias estaduais: defensoria geral da união. Iniciativa do projeto de lei. Ela apresenta sua proposta
orçamentaria, dentro da LDO. Nos limites da LDO, diz a proposta orçamentaria. Quem decide é o parlamento.
- Unidade e indivisibilidade – procurar o dispositivo que fala sobre isso. Não achei na CRFB que eu tinha na hora.
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Defesa do Estado e das Instituições Democráticas


- Aqui temos dois remédios importantes: o estado de defesa e o estado de sítio.
- Intervenção Federal é estudada no Título III da CRFB/88 (Da Organização do Estado – Descentralização Vertical),
diferente do Estado de defesa e do Estado de sítio, que são tratados no Título V da CF. São remédios tão semelhantes!
Todas essas medidas são decretadas pelo presidente da republica, medidas excepcionais para reestabelecer a saúde
institucional, do equilíbrio democrático.
- No entanto, a intervenção federal, embora muito semelhante em sua essência ao estado de defesa e ao estado de
sítio - similar no sentido de serem remédios fortes, intervenientes da vida democrática -, diz respeito a intervenção da
União nos Estados, ou seja, a intervenção de uma esfera da federação intervindo em outra esfera da federação.
Por que a intervenção federal está prevista no Título III, e os outros, Estado de Defesa e Estado de Sítio, no
título V? Porque, sob o ponto de vista procedimental, a intervenção federal é a intervenção da União nos
Estados. Uma pessoa jurídica de direito publico em outra pessoa jurídica de direito publico. Isso não ocorre no
Estado de Defesa e Estado de Sítio. Não há relação entre pessoas jurídicas distintas. Há uma ação de uma
pessoa jurídica como uma só, ou de caráter regional ou nacional, mas não atrelada à figura do estado membro.
Na intervenção há relação excepcional – contenciosa - entre a União e Estados-membros. O título III é o que
disciplina a organização do Estado Federal. É a descentralização vertical, a organização vertical do Estado. O
título IV é a organização horizontal do Estado, “Da organização dos poderes.” O Estado de Defesa e Estado de
Sítio não diz respeito nem à organização horizontal, nem vertical da federação. Por isso, está descrito em um
título separado, o V.
- Autoridade que decreta IF, Estado de Defesa e Estado de Sítio é o presidente da república. Faz isso mediante
decreto executivo. Existe participação do poder legislativo nos três remédios, pelo decreto legislativo (ferramenta
para sistema constitucional de freios e contrapesos). O Congresso parova ou não. O presidente pretende decretar
Estado de Sitio, mas pede autorização ao Congresso. Existe controle democrático sobre os remédios, com o Congresso
como representação do povo. Ele autoriza ou aprova as medidas excepcionais.
Por que decreto legislativo? E como atua o Congresso Nacional? Ferramenta democrática, aplicável ao
sistema constitucional de freios e contrapesos. Congresso Nacional controlando o Poder Executivo. É uma
espécie normativa devotada ao desempenho das competências exclusivas do Congresso Nacional. Nesse caso,
é por decreto legislativo.
CR e CDN
INTERVENÇÃO FEDERAL: PR  CN (CN aprova*)
CR e CDN
ESTADO DE DEFESA: PR  CN (CN aprova*)
CR e CDN
ESTADO DE SÍTIO: CN  PR (CN autoriza*)
- Nos dois primeiros casos, o presidente vem antes; apenas no Estado de Sítio o Presidente vem depois. Ele solicita,
mas o Congresso tem que autorizar antes. (aprovar: IF e ED; autorizar: ES)*
- Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional, órgãos consultivos ouvidos pelo presidente. Ele não é
vinculado ao parecer dos conselhos, mas tem que colhê-los. Não precisa segui-los, o presidente. O pronunciamento
opinativo dá segurança à decisão. A CRFB quer que, com isso, que nas três medidas , o presidente esteja seguro da
decisão. Se decretar sem o parecer dos Conselhos é crime de responsabilidade, porque tem colhê-los. Quem vincula é
o CN, mas esses órgão são apenas opinativos, mesmo.
- No Estado de Sítio, o Congresso vem antes porque a Assembleia Constituinte entendeu que o Estado de Sitio é o
mais grave deles. É o medicamento “mais forte.” Tem procedimento especial. O CN é delicado, e é a medida mais
interveniente que pode ocorrer. Estado de Sítio tem um grau de interveniência tão forte, de constrição excepcional
sobre a democracia tão forte, que o CN tem que ser ouvido antes.
Se o presidente quiser decretar ES, como ele faz? Primeiro, encaminha uma mensagem à presidência do
Congresso. O CN instaura um projeto de decreto legislativo – em regime de urgência – e decide.
Se o CN autorizar o presidente a decretar o ES, encaminha uma mensagem a ele. De posse da autorização, o
presidente emite um decreto executivo, colhido o parecer do Conselho da Republica e do Conselho de Defesa
Nacional, do Estado de sítio.
Se o CN não autorizar o projeto de decreto legislativo, da mesma forma: o presidente do CN emite uma
mensagem, cientificando o presidente que não houve autorização congressual. E, com isso, o presidente não pode
decretar o ES, sob pena de crime de responsabilidade.

Estado de defesa
- Elemento importante: diferente de Intervenção federal, os requisitos estão espalhados e misturados entre os
artigos.
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar
estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos ou determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
Ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional: No estado de defesa, o presidente deve
decretar a medida com a prévia manifestação desses Conselhos – mas eles serão só ouvidos, não precisa acatar os
pareceres dos Conselhos.
Preservar ou prontamente restabelecer a paz social: Impedir que se perca organicidade ou reestabelecer
organicidade. Não é nacional.
Fontes: são duas fontes justificadoras do estado de defesa: fato social e político (pode ensejar perturbação
pública) e calamidades de grandes proporções na Natureza (secas e enchentes de grandes efeitos). “grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.”
Em locais restritos ou determinados. A razão é de que quando falamos em locais restritos e determinados nos
relacionamos à ausência de previsão da figura do estado-membro. O art. 136 não menciona a figura institucional
do estado-membro, que não está prevista, mencionada. Logo, diferente da intervenção federal, que trata da
relação entre União e estado, aqui temos uma medida excepcional sobre uma região, que independe de
delimitações políticas da divisão do território brasileiro, independe de delimitações de estados. Não há
circunscrição territorial ligada à geografia, à cartografia pré-estabelecida.
Um dos obstáculos pra travar: não poderá objeto de deliberação proposta de emenda à Constituição na vigência
de estado de defesa. [CRFB/88, art.60, parágrafo 1º] Por que nunca tivemos Estado de defesa e Estado de sítio,
então? Os presidentes da Republica sempre se valeram, para governar, de medida provisória e emenda
constitucional. Logo, o ED impediria que houvesse PEC ou MP – tranca pauta constituinte..

SEÇÃO I - DO ESTADO DE DEFESA


Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar
estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem
abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
Sua primeira parte traz uma informação importante, o Decreto irá determinar o prazo de duração, de validade.
Não há decreto de estado de defesa que fixe ato perpétuo, porque isso fere as premissas da nossa CF/88. O estado
de defesa tem tempo de duração, para evitar que seja comprometido o princípio democrático, a noção de
Democracia.
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercidas no seio das associações;
- Ver a diferença entre a liberdade de reunião e a liberdade de associação, previstos na CRFB:
Associação e reunião: direito de associar é um direito fundamental, previsto na CRFB. A questão é que no
interior das associações, se exerce o direito de reunião. Na discussão desse dispositivo, entenderam que se
só houvesse restrição à liberdade de reunião, no interior das associações as reuniões seriam livres; afinal, as
associações não poderiam sofrer nenhuma constrição em estado de Defesa. Isso permitiria que o Estado
perdesse uma potencialidade constritiva durante o ED para conter ânimos insurgentes contra a segurança e
a paz pública, por exemplo. Era melhor que só tivesse restrição à liberdade de reunião, porque aí salvaria
associações. O Constituinte pensou: já que é pra admitir excepcionalidade, que ela seja efetiva. Para que isso
fosse possível, seria preciso que no interior das associações, o Estado tivesse a possibilidade de suspender a
liberdade de reunião.
- Logo, essa previsão da alínea “a” é previsão bastante interveniente. A alínea “a”, portanto, fica possível a
restrição ainda que exercida no seio das associações. A CRFB não restringe a liberdade de associação, apenas diz
que se restringe a liberdade de reunião, ainda que exercida no seio das associações. Assim, a associação não será
extinta. O presidente da republica não pode determinar o fim ou suspensão das associações. Apenas a liberdade
de reunião dentro delas.
- Anotação de outro resumo: “Não há de todo a suspensão de liberdade de reunião, a interrupção, mas apenas a
imposição de certas balizas, restrições. É possível, no estado de defesa, que o decreto presidencial preveja que não
haverá reuniões em praças públicas situadas no centro da cidade, por exemplo.”
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
- Estamos em uma CRFB recente, mas de um mundo que se transformou em pouquíssimo tempo. Por isso, preciso
ler os incisos com olhos da atualidade, extensivamente aos meios de comunicação contemporânea. É uma
mensagem que se pressupõe sigilosa. No regime militar de 1064, a correspondência foi violada no Brasil.
- Restrições não são livres, devem estar especificadas no decreto – prevê as possíveis que poderão acontecer. Não
é uma carta branca.
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União
pelos danos e custos decorrentes.
- restrição à liberdade de reunião e ao sigilo de correspondência, se refere às hipóteses gerais, mas aqui só em
hipótese de calamidade publica. Se for por crise institucional, o Estado de Defesa não pode excepcionalizar –
somente nos casos de calamidade mesmo.
- Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos  serviço público concedido, como CCR barcas. Pode
usar ou ocupe o serviço publico concedido, temporariamente, de modo a prestar a devida finalidade, ligado à
calamidade pública, determinada pela natureza. Ex.:utilizar ônibus, que fazem o serviço publico de transporte, pra
transportar vítimas. Ex.2: ocupar galpões, que são bens, pra abrigar pessoas ou maquinas e equipamentos das
forças publicas.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por
igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
- o tempo de validade do ED é de trinta dias. O de 60 dias é uma circunstância em que o ED dure por prorrogação.
O tempo de duração da medida provisória é 60 dias, podendo chegar até 135 dias, mas o tempo é de 60.
- A prorrogação da medida excepcional pressupõe novo pedido – presidente decreta, CN aprova – ouvidos os
Conselhos, novamente. Isso tudo se repete. Pra prorrogação, eles deverão ser ouvidos novamente. Será nula a
decisão presidencial de prorrogação se isso não ocorrer. Se CN entender que não deve ser prorrogado, cessarão os
efeitos do ED.
- Depois de 60 dias, finda o ED. Não é possível que tenha mais do que isso.
§ 3º Na vigência do Estado de Defesa (preservação da integridade individual):
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de
delito à autoridade policial;
- Mesmo na excepcionalidade do Estado de Defesa, quem quer que seja nomeado pra ser o executor da medida, se
decretar a prisão no estado de defesa, a prisão por crime contra o Estado deve ser comunicada imediatamente ao
juiz competente.
- CRFB confiante na figura do controle judicial. Herança da arbitrariedade do Poder Executivo, Logo, ainda que no
ED, haverá imediatamente comunicação ao juiz competente. Isso demonstra que ele sofreu constrição física ou
lesão. O juiz relaxa prisão se entender que foi arbitrária. Prisão decorre sempre de determinação judicial, com
exceção da prisão em flagrante delito, por exemplo. Ou prisão do militar na infração militar, uma prisão
administrativa. O que ocorre no flagrante delito, o sujeito será colhido preso, mas delegado instaurará auto de
prisão em flagrante e encaminhará o apf pra autoridade judicial para controle.
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
momento de sua autuação;
- Isso se faz também na prisão comum, fora do estado de defesa. O indivíduo deve ter amparados seus direitos
fundamentais, e com base nisso, deverá haver comunicação ao próprio órgão judicial de que no momento da
lavratura de prisão o indivíduo estava em condições físicas e mentais sãs.
Autoridade administrativa.
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder
Judiciário;
- Em relação ao mérito do Estado de Defesa, como estamos no plano da excepcionalidade, até se admite prisão
por até 10 dias em crimes contra o Estado; mas se o PJ autorizar, tudo está resolvido. Se PJ autoriza, estamos fora
do perigo de ato arbitrário da autoridade administrativa, já que já houve controle judicial.
- Para evitar desmandos, vilipêndios inaceitáveis ocorridos durante o regime militar, do indivíduo preso,
desaparecido, cuja prisão não fora comunicada à família, nem a seu representante legal. Mais de 10 dias apenas
com autorização do PJ, durante 10 dias é possível que um civil fique preso sem autorização do PJ, NO ESTADO DE
DEFESA, não fora dele.
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso;
- Questão básica, mas necessária de ser prevista. As prisões fundamentadas na segurança nacional no regime de
64, não preservavam a vedação à incomunicabilidade do preso. No entanto, o preso pode se comunicar, tanto com
seu advogado, quanto familiares, mesmo em estado de defesa.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas,
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
- Prorrogação: outro Estado de Defesa
- Maioria absoluta: das cadeiras. 257 na CD e 41 no SF, pelo menos.
- Presidente decreta e em 24h encaminha para o Congresso Nacional
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar
funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
- O presidente decreta, encaminha ao Congresso. Esse prazo para encaminhar é de 24 horas. Se o CN estiver em
recesso será convocado num prazo de 5 dias. O CN deve permanecer em funcionamento enquanto vigorar o
estado de defesa, a finalidade é de estar em pronto controle. O CN está de prontidão para controle e evitar
qualquer abuso. Se houver algum desmando, algum abuso, o CN estará pronto para sustar o estado de defesa,
suspendê-lo.
- O CN já recebe o decreto. Então se o ED foi proclamado no dia 2 e o CN recebeu até dia 7, ele tem até o dia 12
para deliberar. A não ser que só tenha comunicado no final da 24ª hora. Aí iria até dia 13. O prazo pra apreciar é 10
dias!
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.
- Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. Se CN rejeitar, os efeitos do ED caem e não existe
mais a medida excepcional. Afinal, o CN precisa aprovar a medida.

Estado de Sítio
- Ferramenta mais excepcional de todas as ferramentas constitucionalmente previstas. Não existe acima do ES. Logo,
nenhum grau de restrição existe acima do que está previsto no ES. No ED fala-se no máximo em restrição, aqui, no ES,
chegamos ao patamar da suspensão dos direitos fundamentais!
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar
ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
- É autorização, não aprovação. Aprovação é a posteriori. Autorização é a priori, previamente concedida pelo
Congresso Nacional.
- O presidente é legitimado a solicitar o estado de sítio, e não decretar Estado de Sítio. O presidente deve ter
autorização prévia do CN para decretar o estado de sítio. Se o presidente da república decreta o estado de sítio
sem a autorização do CN praticará crime de responsabilidade (art. 85, CF). Aqui há uma condição de
procedibilidade a mais que nas outras (autorização), pois esta é a medida mais grave.
- Congresso informará o presidente sobre autorização, após apreciação pelo CN. É uma nova mensagem com a via
oficial da autorização – e só então o presidente decreta o Estado de Sítio, depois de ouvir os Conselhos da
República e de Defesa Nacional.
- Depois, prevê casos pro Estado de Sítio.

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
durante o estado de defesa;
- São causas ensejadoras do ES completamente distintas. Comoção de repercussão nacional nada tem a ver com
ineficácia de medida tomada. Pode acontecer que a prorrogação do Estado de Defesa não fora suficiente pra
estabelecer normalidade ou reverter a situação, e seria necessário, então, declarar Estado de Sítio. Por isso, dizem
os doutrinadores que deveria haver três incisos, e não dois! Isso traz consequência no plano da repercussão
constitucional.
- Comoção de caráter nacional. No Estado de Defesa, a complexidade é de caráter regional. Já no Estado de Sítio a
repercussão é nacional, e não local ou regional. Exemplo: uma revolta de caráter nacional.
- Ineficácia de medida tomada. Com a ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medidas tomadas no
estado de defesa. Houve estado de defesa; não sendo bastante, reeditou-se o estado de defesa; persistindo o
problema, converteu-se o estado de defesa em estado de sítio. Não se pode converter o estado de defesa em
estado de sítio sem reedição do estado de defesa, é a posição majoritária dos autores da doutrina constitucional.
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
- Tanto ES quanto Estado de Guerra exigem: autoridade competente pra decretar o presidente. A princípio,
quando estamos em ES, não estaremos em EG e vice versa, mas é possível que um esteja atrelado a outro. Fala-se,
aqui, dessa exceção. Um Estado de Guerra pode atrelar um Estado de Sítio, sim!
- Para haver guerra, deve haver juridicidade da guerra. O presidente para decretar guerra deve ter prévia
autorização do CN, assim como para celebrar a guerra. Para decretar a guerra e para celebrar a paz deve ouvir o
Conselho de Defesa Nacional.
- Podemos ter a guerra declarada sem o estado de sítio ser declarado em paralelo, mas podemos ter o estado de
sítio induzido pelo estado de guerra. Para intensificar a mobilização nacional, pode haver decretação guerra
externa, mas, ao lado disso, a decretação de ES. Afinal, com ES, haverá hipóteses de maior suspensão de direitos. É
uma exceção: estado de guerra declarado + Estado de sítio. A contingência de guerra pode recomendar o estado
de sítio.
- Se o CN aprovar a celebração da paz, imediatamente está aprovando o fim do estado de sítio também. Uma vez
que o CN autorize a celebração da paz, o presidente deverá requerer ao CN a desconstituição do estado de sítio.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua
prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria
absoluta.
- Única coisa importante é que deverão ser relatados os motivos determinantes.

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das
medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de
cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
agressão armada estrangeira.
- Tempo de duração: não há limitação de uma só prorrogação. Nunca pode ser por mais de 30 dias, mas pode ser
prorrogado muitas vezes.
- Poder-se-ia falar que não há limitações impostas ao número de reedições do estado de sítio, porém, ele será
decretado com prazo de 30 dias de vigência, não será decretado perpetuamente. Na hipótese de não produção
dos efeitos desejados no estado de defesa, teremos dito que o estado de defesa durou 30+30 dias, e aí teremos o
estado de sítio de 30+30+30... Há uma renovação do Estado de Sítio.
- Sempre, portanto, o presidente da república deverá ter autorização do CN, deverá ouvir o Conselho da República
e o Conselho de Defesa Nacional, são amarras estabelecidas para evitar o advento de um governo autoritário.
- No caso do 137, I: hipóteses abrangidas nele. Isso, no entanto, faz gerar dúvidas. Aqui, tratar-se-ia da
insuficiência das medidas tomadas. Aqui, denuncia que o 137 deveria ter três incisos, porque não há “o caso”,
mas hipóteses (duas) no artigo 137.
- No caso do 137, II: pode ser decretado o ES em todo o tempo em que perdurar guerra, sem o limite de 30 dias.
São fatos alheios à vontade do presidente e do CN. O exemplo da guerra externa. Logo, não há duração de guerra,
nem de Estado de sítio, nessa hipótese. Logo, nesse caso do inciso II do artio 137, com base no parágrafo 1º do
artigo 138, o ES poderá ser decretado sem limite previsto de tempo.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado
Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim
de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.
- Mesma coisa que acontece no Estado de defesa. Se o CN estiver em recesso o presidente não pode aguardar o
fim do recesso, haverá convocação extraordinária.

Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as
pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
- Isto não é o mesmo que prisão. O executor pode determinar que um determinado grupo, ou determinadas
pessoas, permaneçam em uma localidade determinada, fixada pelo executor da medida, com base no decreto
executivo instituinte do Estado de Sítio, que terá sido instituído com base nos limites do artigo 139.
- Não é no sentido do cárcere, é no sentido de uma determinada região local, em que o indivíduo não se ausente,
por exemplo, do município em que reside.
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
- Exceção à lei de execução penal, constitucionalmente admitida. Logo, em ES, é possível manter presos em
prédios não destinados ordinariamente à privação da liberdade.
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e
à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
- Inciso que vai além das hipóteses previstas no artigo 136, 1º, I e II do ED. Aqui, é restrição maior. A possibilidade
de restrição à liberdade de imprensa. Aqui no ES há suspensão de direitos, mas no ES também há restrição. Há
tanto suspensão, quanto restrição.
- Logo, nessa hipótese, é restrição, não suspensão. É naquilo que interessar a execução da medida excepcional.
IV - suspensão da liberdade de reunião;
- Suspensão da liberdade de reunião. Isso não cabe no estado de defesa (só existe restrição), mas cabe no estado
de sítio. Aqui é suspensão, modo generali. Não há a ressalva do “no seio das associações”, mas pressupõe-se que
sim.
V - busca e apreensão em domicílio;
- A busca e apreensão em domicílio ocorrem no Direito Brasileiro, desde que haja ordem judicial. Isso é comum.
No entanto, o que é dito aqui é que é pelo executor da medida, que pode decretar a busca e apreensão a
domicílio.
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
- Empresas de serviços públicos: empresas públicas – sociedade de economia mista; e empresas privadas também,
que prestam serviço público. No Estado de Sítio, poder publico pode intervir nessas empresas a fim de gerenciar as
finalidades da medida.
VII - requisição de bens.
- Requisição de bens – determinação administrativa de um determinado bem que interesse a execução da medida
excepcional do Estado de Sítio. O executor da medida, sem necessidade de outorga judicial (sem necessidade de
um pronunciamento de juiz), pode requisitar determinados bens pra cumprir as finalidades institucionais do ES a
medida. Ex.: ônibus, barcos, aeronaves, etc. Isso tudo pra cumprir. Se ele excede, claro, pode haver controle
judicial.

Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados
em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
- O inciso III permite restrições à liberdade de imprensa, televisão e radiodifusão. Quando isso ocorre, em uma
excepcionalidade de ES, não inclui pronunciamentos de parlamentarem efetuados dentro das suas Casas
Legislativas. Isso é importante porque dentro do Parlamento haverá sempre situação e oposição. O papel da
oposição é sempre fundamental; o Parlamento tem nobre função de fiscalizar o ED e ES. Logo, não é permitido que
os parlamentares sejam impedidos de fazer pronunciamento – desde que haja autorização da respectiva Mesa.
- Se o parlamentar tiver feito pronunciamento durante o ES, o executor da medida NÃO pode impedir que aquele
pronunciamento seja difundido nas emissoras de televisão. Se o pronunciamento foi feito na tribuna da casa
legislativa não se pode impedir a radiodifusão, ainda no Estado de Sítio, mas se pressupõe que houve autorização
da Mesa da Câmara ou do Senado.
Disposições gerais: A mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará comissão composta de
cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medias referentes ao estado de defesa e estado
de sítio;
- Reinvindicação importante quando se debatia o título V da CRFB. O Parlamento não tem finalidade meramente
legislativa, mas também fiscalizatória. O Tribunal de Contas, por exemplo, presta auxílio ao Poder Legislativo
quando este fiscaliza. Logo, o Parlamento tem, sim, função fiscalizatória. Assim como a Câmara Municipal em
relação ao Município. Logo, na vigência do ES, a CRFB avançou quando exigiu que o Parlamento seja o fiscal do ES.
- Há, portanto, comissão designada pela mesa do Congresso Nacional, depois de ouvidos os líderes partidários.
Será uma comissão com cinco membros. O destino é controlar o ES, evitando o mal maior, erros na execução, mas
também responsabilizar os infratores da medida excepcional de ES.
- Ou seja, o presidente designa um executor, mas o Congresso designa uma comissão fiscalizatória desse
executor.
Art. 141, caput: Cessado o Estado de sítio, cessarão, também, seus efeitos; sem prejuízo da responsabilidade pelos
ilícitos cometidos pelos seus executores ou agentes.
- Cessação pode se dar pelo decurso do prazo de 30 dias (caso ela dure 30 dias), pelo decurso do tempo ensejador
da mantença da execução da medida. De qualquer modo, decurso temporal ensejará o fim. Ou pela sustação
parlamentar – caso o Parlamento se insurja contra execução e continuidade da execução daquela medida. Se ele
entender que não deve prosseguir com a medida, cessará imediatamente. Cessam, com isso, seus efeitos.
- O fato de ter sido extinto o estado de sítio, não quer dizer que excessos não sejam puníveis. Tudo poderá ser
jurisdicionalizado, inclusive em sede criminal.
- Ilícitos: Podem ser ilícitos civis, penais e administrativos. Poderemos ter, em relação a ilícitos cometidos durante
a execução da medida, a possibilidade da responsabilização administrativa do funcionário publico, do agente
publico, agente político etc, pelo cometimento do ilícito; a responsabilidade civil na reparação do dano – com
caráter indenizatório; e responsabilidade criminal, se houver transgressão de norma jurídica penal – adequação
da conduta à tipo penal escrito, sem excludente de ilicitude e culpabilidade. ES vem dentro do processo
democrático, logo, não se admite cometimento de excesso.
Parágrafo único: Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão
relatadas pelo presidente da república em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das
providências adotadas com relação ao nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
- Ou seja, a ultima cautela é a tomada de contas da autoridade que decreta ED e ES. Mesmo que ED seja aprovado
pelo CN e o ES autorizado previamente pelo CN, a autoridade constitucional que decreta é o presidente da
republica; logo, a CRFB fala: ele deve fazer um relatório circunstanciado com tudo que aconteceu.
- Depois, encaminha-lo-á ao órgão que representa a soberania e vontade popular, que é o Congresso Nacional –
mediante mensagem. Isso serve pra dar ciência de tudo que tenha havido, de todas as providências adotadas.
Devidamente motivado e fundamentado e apontando, nominalmente, que tenha sido atingido ou tenha sofrido
restrição quando em vigência das medidas adotadas.
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Forças armadas e auxiliares


- Para um estudo mais profundo é importante o estudo da parte administrativa militar, e do estatuto militar. Existem
disciplinas correlatas que é o direito penal militar, e o processual penal militar. Aqui no título V, é sobre a defesa do
estado e das instituições democráticas.

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
- Sob a autoridade suprema do Presidente da República. Importante para depois. Inciso XIII – ao Presidente do
República esta destinado o comando das forças armadas é destinado ao poder civil. Esta é, portanto, uma cláusula
de salvaguarda, lembra-se do momento de elaboração da CF/88. O que se queria com essa constituição é
assegurar a democracia, esta última é uma construção. De forma que o caput demonstra a governança civil sob as
forças armadas. (“suprema”)
- Organizadas com base na hierarquia e na disciplina. Lema principal das forças militares, por isso, a necessidade
de uma justiça especializada. Essa hierarquia alça voo quanto a submissão dessa instituição (militar) à presidência
da república.
- Função. As forças armadas não se destinam somente a guarda da nação. Por isso, que é falado em soberania
interna e externa, quanto a interna é fazer valer a força do Estado frente aos seus membros. Elas estão também
para garantir, além da defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais (legislativo, executivo e judiciário),
e pode ser suscitada por qualquer um desses poderes.
- Forças Armadas. Aqui se fala em forças armadas que são só as 3 federais – Marinha, Exército e Aeronáutica.
Forças Auxiliares: A polícia militar e os bombeiros são das forças armadas estaduais e são auxiliares da força
armada exército brasileiro.
Regra: Existe uma atuação que se alterna: de uma maneira geral marinha, exército e aeronáutica são usadas
no fronte exterior em defesa da pátria; enquanto no fronte interno quem atua é a polícia e os bombeiros.
Porém, pode haver uma atuação bifronte*, com o sinal invertido, que é quando vemos as forças armadas
nacionais atuando internamente – nas medidas excepcionais: IF, Estado de Sitio, Estado de Defesa, e nos
acordos de cooperação (rio+92, colocação das UPPs). Pode acontecer o contrário também, o exército pode
solicitar a presença da polícia para combater conflitos externos, pois esta instituição faz parte do Exército
Brasileiro, tanto que as patentes máximas do exército superam as da PM. As forças armadas são também
responsáveis pela lei e ordem Ex: fruição do processo eleitoral no rio de janeiro, na época da governadora
Benedita da Silva.
 O que é regra nas forças auxiliares (manter a lei e a ordem interna) é exceção nas armadas, e o que é
regra nestas (atuar na defesa externa) é exceção naquela. Isso é atuação bifronte.*
Polícia Federal é órgão da segurança pública (está em outro título), não das forças armadas; é uma força civil,
e não militar. Assim como a polícia civil dos estados, a polícia rodoviária federal e a polícia ferroviária federal,
guardas municipais também são forças civis. A polícia militar é militar mas esta na parte de segurança pública,
por conta dessa atuação bifronte.
- Mudança nos ministérios. Quando da promulgação da CF/88, tínhamos ministério da aeronáutica, marinha e
exercito, e agora transformou-se em comandos das forças armadas (marinha, aeronáutica e exercito), exercida por
comandantes, que pertencem ao Ministério da Defesa, chefiada por um ministro civil. Isso causou um
estranhamento por parte das forças armadas, pois eles que eram considerados ministros e estavam subordinados
apenas ao PR, agora estariam subordinados também ao ministro da defesa. A solução encontrada, foi que quem
elegeria os comandantes das forças, e o ministro da defesa seria o presidente. O tratamento dado a eles
(comandantes das FAs e Ministros) é equalizado, eles são tratados como ministros, tanto é que quem julga MS é o
STJ, tanto para comandantes, quanto para ministros de estado. Eles não são ministros, no entanto.
Art. 142, § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no
emprego das Forças Armadas.
- Organização, preparo e emprego serão tratadas infraconstitucionalmente.
- A força armadas possui um quadro de advocacia militar, com concurso, para integrar o quadro.Ex: A força aérea
possui um quadro consultivo de advocacia.
Art. 142, § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
- Pelo fato de termos sensíveis peculiaridades no militarismo, com o binômio hierarquia e disciplina, foi afastado o
HC. Não cabe verificação da inconstitucionalidade, pois é cláusula orginária, não foi adicionada por emenda, e
deve-se observar o princípio da especialidade, pois mesmo que o art 5º garanta HC, nesse caso, se excetua. Ex:
quando um comandante determina a prisão de um praça, não cabe HC.
- A jurisprudência do STF releu esse parágrafo e tem interpretado em torno dele que o alcance é em relação ao
mérito e não a forma, o mérito da prisão militar é que não pode ser alcançado pelo HC, mas o vício de forma pode
ser alcançado. Ex: de vício de forma - autoridade militar incompetente ; ou a prisão que superou o limite punitivo
de 30 dias
Art. 142, § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a
ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
- Por que isso não é obvio? Pois até a EC18/98 nós tínhamos uma divisão entre servidores públicos militares e
servidores públicos civis, do ponto de vista geral eles de fato são, mas tem uma diferença que deve ser entendida.
Em espécie o militar não é considerado servidor público, assim como os membros do judiciário, e do legislativo são
agentes políticos.
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e
asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)
- Em rigor, concessão presidencial, porque pelo caput do 142 e inciso 13 do artigo 84 da CRFB, o presidente da
republica é o presidente das Forças Armadas. Leva-se o titulo pela vida inteira. A concessão é presidencial, pois é
ele quem é o comandante supremo das Forças Armadas.
- Oficiais têm patentes, e as praças ou graduados tem graduação.
- Leva-se o título para a vida inteira, ainda que não mais integrante das FAs.
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
- Inciso bastante cauteloso ao estabelecer cargo ou emprego publico civil. Há diferença! Cargo diz respeito aos
regimes jurídicos único dos servidores públicos civis da Uniao das autarquias e fundações publicas federais. Há
regimes especiais, que não são regidos pela Lei 8.812, mas pela LC75/93, a Lei orgânica publica da união. Já os
servidores do poder judiciário da união e do MPU são tratados não pelas leis orgânicas, regidos pela Lei 8812/90, o
regime jurídicos único dos servidores. Fora das pessoas jurídicas de Direito publico, temos os empregos públicos
nos âmbitos das PJ de Direito Privado, as Estatais, empresas publicas federais e sociedades econômicas mistas –
aqui, não são servidores, mas empregos públicos.
- Tanto se tomar posse em cargo ou emprego, é isso que ocorre – tanto pra PJ de Direito Privado, quanto PJ de
Direito Publico. Ou seja, o militar não pode tomar posse em cargo ou em emprego público, cumulativamente, se
assim o fizer irá para a reserva.
- Não há nada de mais restritivo que o estatuto dos militares. A acumulação existe em relação aos membros do
ministério publico, e também com o exemplo de magistrados que são professores. Artigo 37, inciso 17:
acumulação dos cargos de profissional de saúde. Em relação aos militares da ativa, isso não é possível. Por isso que
se fala que o estatuto é mais constritivo e dá menos oportunidades.
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária,
não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará
agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo
depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
- Militar em atividade é transferido pra reserva em tempos de lei – distinção de encerramento.
Por que CRFB fala cargo ou emprego publico? Ela fala nisso porque Estatuto dos militares, o regime jurídico
dos militares, é o mais restritivo de todos. Logo, as exceções que classicamente são reconhecíveis a servidores
públicos não são reconhecíveis a militares. As hipóteses de acumulação do artigo 37, inciso 16, não se aplicam
aos militares – senão em relação a algumas exceções. Elas se dão relacionadas ao quadro técnico ou
complementar de saúde (tipo médicos).
Cargo publico é lugar na administração publica, então militar não pode ocupa-lo dentro da administração
publica. O fundamento é pela entrega à soberania nacional. Cargo público é dentro das pessoas jurídicas de
direito publico.
Emprego publico é dentro das pessoas jurídicas de direito privado pertencentes ao direito publico, como
sociedade mista e empresa publica. A CRFB estende essa condição já mencionada também ao emprego
publico. Logo, CRFB restringe. O militar vai transferido a reserva, seja cargo ou emprego publico. Lei
6880/1980 estabelece estatuto dos Militares.
- Ou seja, CRFB foi clara. Se assumiu caráter permanente: vai pra reserva. Se a função, cargo ou emprego era
temporário, então tolera-se a medida de passagem, que haja promoção por antiguidade. Se exceder dois anos –
interpretação in abstracto – há passagem pra reserva. Há presunção de que houve desvinculação do militar para
com o serviço da mesma natureza.
Resumo dos incisos II e III:
 está em emprego/cargo temporário: inciso III. Somente poderá ser promovido por antiguidade, e não por
merecimento. Se função temporária se estender muito, assumindo um caráter excedente a 2 anos, far-se-á a
transferência a reserva.
 assumiu cargo/emprego permanente: inciso II. Vai direto para a reserva; se for temporário tolera-se essa
medida de passagem.
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).
Direito de greve do servidor público civil
- Dúvida que havia era sobre a possibilidade greve do servidor publico civil, porque CRFB prevê direito de greve –
não diz pra quem exatamente.
- Em 89 o legislador ordinário federal fez Lei 7783/89, que regula a greve do trabalhador da empresa privada. Até
no setor privado a lei de greve estabelece restrição. Em hospitais privados CTIs e UTIs não podem parar. No artigo
10, há os serviços essenciais. Exemplo: o serviço médico de UTIs, CTIs e emergência é considerado essencial. Outro
é o funerário. Logo, a Lei 7783, ainda que se dirija ao trabalhador privado, se preocupa com a essencialidade dos
serviços, que restringe o direito de greve.
CASO: Acidente com o voo 1807, da Gol. Aeronave que colidiu com outra no voo. Discutiu-se se o problema
fora de responsabilidade do sistema de controle de voo (SINDACTA), com monopólio do controle de voo no
Brasil. São todos vinculados à estrutura da Força Aérea brasileira. SINDACTA controla espaço aéreo como um
todo, com um sistema de controle de voo vinculado à FAB. Quando houve, então, o acidente, os controladores
deflagraram uma greve como uma forma de protesto contra o que seriam péssimas condições de trabalho.
PROBLEMA: Viu-se, na época, que havia três categorias de controladores de voo (tanto militares, quanto civis –
mesmo a função sendo privativa a sargento). O problema foi a interpretação da norma jurídica, porque todos
os controladores fizeram greve. Descobriu-se que própria lei 7783 continha expressa previsão que serviço de
controle de voo estava no rol do artigo 10, junto com serviços essenciais. Logo, era possível sancionar civis
contratados pela extensão da lei. Houve confusão hermenêutica.
SOLUÇÃO: Foram presos os sargentos que eram liderança do movimento de greve. Mas não podia fazê-lo em
relação aos civis. STF retirou um mandado de injunção que lhe havia sido proposto, o MI712, mediante o qual
se discutiu se era possível ou não a aplicação da Lei 7783/89 ao servidor publico por falta de lei federal que
dessa regência à greve do servidor público. Assim, aplicou extensivamente a lei 7783/89 à greve do servidor
público civil (obs.: à do militar, não).
Direito de greve dos militares:
- Em relação aos militares, o princípio de interpretação constitucional de especialidade – à norma do inciso IV,
sendo especial em relação ao direito de greve geral ao servidor publico. Como houve a EC18, que retirou do militar
a insígnia de servidor público(militar), já não se aplica para ele. Militar não é servidor público. Com isso, o que fica
determinado é o que está disposto nesse inciso IV: militar não faz greve! Por isso os sargentos da FAB, no episodio
do caos aéreo, foram presos; agiram com insubordinação diante do descumprimento das ordens superiores.
Foram processados criminalmente com base do DL1001/69, que instituiu o COM – foi crime militar.
E é possível greve de policial militar, ou de outro corpo de uma força auxiliar? Cabo da polícia militar é militar.
No entanto, no Capítulo 2º, Título V, que versa Forças Armadas. Forças auxiliares são tratadas no capítulo
posterior. Policia militar é órgão estadual, assim como bombeiros, mas militares das forças auxiliares. Logo, o
inciso IV lhes aplica ou não? O caput do 147 só menciona os três das forças armadas. Na opinião do professor,
o disposto no inciso IV que fala sobre a impossibilidade greve serve pra todo o serviço militar – ainda que o
dispositivo esteja no capítulo voltado pras forças armadas. Uma diferença é que existe, sim, sindicalização dos
policiais militares e bombeiro, o que não é possível para militares das forças armadas. Há discussão até hoje.
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)
- Marinha, Exercito e Aeronautica encontram-se sob o comando supremo do Presidente da Republica. CRFB/88,
art.84, XIII “Presidente da republica é comandante supremo das forças armadas.” As forças armadas estão
submetidas a uma relação de hierarquia ao governo civil. Logo, não é possível que o militar possa se filiar a partido
político. O topo dessa hierarquia é o presidente com a governança civil.
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão
de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
- Se houve má conduta e as normas diretivas das forças armadas, há a declaração de indignidade do oficialato –
decisão de tribunal especial de caráter permanente ou de caráter especial de tempo de guerra. Esse dispositivo é
referente à oficiais, não à praças. O inciso VI abrange todo o oficialato.
- Oficial perderá o posto se for indigno do oficialato. É a decretação de indignidade – se é indigno de ser oficial das
forças armadas – leva a perda do posto ou da patente.
- A decisão é de tribunal militar de caráter permanente e, em tempo de guerra declarada, tribunal especial. A
guerra abre contingencia que permite exceções, como o tribunal especial em tempo de guerra. É diferente do
principio da vedação à tribunais de exceção que consta do inciso 37, do artigo 5º da CRFB. Aqui, portanto, se quer
atentar ao princípio da vedação à tribunais de exceção (art 5ºXXVII) que diz que não haverá juízos ou tribunais de
exceção no Brasil, o tribunal militar de caráter permanete não viola esse princípio, que é o STM. A legislação de
regência permite que se crie um tribunal especial, em tempo de guerra, que requer um procedimento especial.
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença
transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
- Obs.: Sentença em transitado em julgado. Não temos nenhum caso, ainda, em relação ao tour de force
jurisprudencial que o STF fez, recentemente, ao arrepio da CRFB. Houve relativização do principio de presunção de
inocência, permitindo execução da pena ao cabo do julgamento criminal em tribunal de 2ª instância. Não sabemos
como ficará em relação ao inciso VII.
- Militar pode ser julgado tanto na Justiça Comum – crime militar com vítima civil em relação a militares estaduais
é competência é juízo comum; ou, vítima civil em crime doloso contra a vida, tribunal do juri -, quanto na Justiça
Militar – crime militar, julgado pelos conselho de justiça militar.
(Ver a matéria da Justiça Militar pra ver certinho o militar estadual e militar federal!)
- Quando houver pena privativa de liberdade acima 2 anos, é submetido a julgamento previsto no inciso anterior.
Patente é status de evolução cronológica e hierárquica, mas há postos militares que são agregados a certas
patentes. Isso ocorreu pra evitar os fenômenos de permanência indefinida de um militar em um determinado
posto. Evita-se, com isso, o mandonismo e perpetuação das forças.
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e
XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c";
Art 7º: são os direitos sociais :
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
Art 37: normas relacionadas a adm pública:
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (...)
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV
deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

- Aplica-se aos militares o disposto no artigo 37 (princípios gerais e setoriais da administração, como inciso XI –
teto constitucional) e 7º (direitos sociais), inciso 8, 12, 17, 18, 19 e demais da CRFB. São incisos referentes ao
artigo. São os princípios gerais e setoriais da Administração Pública.
CRFB, art. 37, inciso XI: remunerações com teto constitucional. Remuneração e subsídios dos ocupantes cargos,
empregos e funções publicas, da administração, etc.  tentou abranger tudo! Outra espécie remuneratória.
Detalhe: Trabalhadores civis recebem salários. Juízes, desembargadores, subsídio. Servidores públicos,
vencimento. Militares recebem soldo.
IX – revogado pela emenda constitucional
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações
especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de
compromissos internacionais e de guerra.
- Lei 6880/80 é a lei federal que institui o estatuto dos militares.

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.


- Fora da pauta do Congresso. Além disso, o Brasil ainda depende disso. São 330 mil militares federais no país, o
que é muito pouco; isso ocorre pela falta de verba para isso. O recrutamento não exige a paga com base no salario
mínimo.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar;
- Crença religiosa deve ser visto caso a caso, algumas religiões invocam o imperativo de não ser a favor da guerra,
mas isso não seria para todas as religiões? A jurisprudência esta discutindo essa questão
- Hipóteses de imperativo de consciência. Por imperativo de convicção ou religioso, recebem essa distinção de
tratamento. Se for já estabelecida uma meta de atividade alternativa. Essa norma tem sido muito mais viva no que
se refere ao imperativo religioso do que convicção filosófico-politico.
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a
outros encargos que a lei lhes atribuir.
- Mulheres: Entrará em um questionamento mais profundo. Tempo de “empoderamento” da mulher, logo,
homens e mulheres são iguais perante a lei. Se busca efetividade de norma isonômica, o serviço militar deveria ser
obrigatório para ambos. A CRFB/88 prevê isso, e como é norma especial essa distinção do paragrafo segundo,
afasta a norma de isonomia.
- Eclesiásticos: são isentos do serviço militar. Além disso, como há liberdade de religião prevista e assegurada pela
CRFB, os militares têm serviço de capelania dentro das forças – católica e evangélica.
Direito Constitucional Positivo II
Prof.º Gustavo Sampaio – 2016.2

Segurança Pública
- Segurança publica – não é programa de segurança publica. Muitos se queixam que não há linha programática de
segurança publica. O que temos não é um programa, mas um capitulo que estrutura os órgãos de segurança publica
no Brasil. Divide os órgãos e suas atribuições. Estudaremos a partilha de atribuições.
- Capitulo complexo, porque menciona como órgãos, policia federal, guardas municipais, etc. Todo o sistema de
segurança publica. Prevê policia federal como policia judiciaria – órgão do poder executivo – porque ela investiga fatos
delituosos que serão de competência da justiça federal.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos.
- esse capítulo dialoga com o das FAs, mas temos uma divisão da defesa e guarda da soberania interna e externa. É
claro que o sinal pode ser investido em relação as forças militares. (atuação bifronte, já vista).
- A segurança pública é um sistema misto, abrange tanto órgãos de alçada civil, quanto militar.
- “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” refere-se aosseguintes órgãos:
- Fazer divisão: policia federal é policia civil também, mas a expressão usada deve ser polícia judiciária.
I - polícia federal;
- é uma polícia judiciária, da União.
- A polícia federal é polícia judiciária no âmbito da União, e as polícias civis são polícias judiciárias dos estados. Isso
esta na forma de dizer, no nome empregado, porém é sabido que essas polícias constituem órgãos do poder
executivo, e não do poder judiciário. A polícia federal, pode ser considerada, polícia civil no âmbito da União, pode
se falar que a polícia federal está para a União, assim como a polícia civil está para o estado membro. Ambas são
polícias judiciárias, e ambas são polícias civis. Há diferenças.
Qual a ratio essendi (razão de ser) da polícia civil, que a difere? A polícia federal é órgão do poder executivo
federal, é ele quem investiga o fato criminoso de competência dos juízes federais (art 109), o sistema de justiça
criminal é um conjunto de órgãos independetes (poder judiciário, MP, e polícia). Quem investiga é a polícia
judiciária, no âmbito da união a polícia federal, e no âmbito do estado a polícia civil. No entanto, a polícia
federal tem um papel de ostensividade que a polícia civil não tem. A ostensividade policial e o policiamento
investigativo são diferentes, no âmbito do estado o patrulhamento ostensivo cabe a polícia militar, e não a
polícia civil, e no âmbito da união cabe a polícia federal, o patrulhamento ostensivo de algumas áreas (portos,
aeroportos e fronteiras), além do policiamento investigativo.
- é policia judiciaria principalmente, mas tem funções que policias judiciarias dos estados não tem.
- A persecutio criminis- investigação do fato delituoso- pe atribuição do poder executivo, não do poder judiciário. É
o processo acusatório – absoluta isenção do julgamento. Quem acusa e investiga é o poder executivo. Essa tarefa
acusatória é da polícia judiciária – na União, policia federal; nos estado, polícias civis.
- O nomen iuris é policia federal, mas todas elas são civis, exceto as do inciso V. Logo, poderíamos chamar a policia
federal também é um policia civil. Até porque os policiais usam roupa tipicamente civil.
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
- A polícia ferroviária federal e a polícia rodoviária federal não são desmembramentos da polícia federal, são
órgãos totalmente distintos. Elas são do âmbito federal, e são civis (pois não são militares), são tipicamente de
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais, e rodovias federais.
Quem faz o patrulhamento ostensivo das rodovias ? Se o patrulhamento for de rodovia federal, cabe a polícia
rodoviária federal que é uma polícia civil. Se for rodovia estadual, cabe a polícia rodoviária estadual que é
pertencente a polícia militar, logo é uma polícia militar.
- também pode ser considerada uma policia civil, porque é um órgão civil. Não há patente, mas exercício de
funções decoreente de cargo publico. Confunde as pessoas porque os policias usam uma espécie de farda. Mas
eles não são militares, e sim civis.
IV - polícias civis;
- são as polícias judiciárias dos estados. São 27. As atribuições são muito maiores, até por ser residual. A
repercussão da policia federal é maior, mas a policia civil é que faz o maior volume de atividade investigativa.
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Atribuições dos órgãos da segurança pública

Policia Federal
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
- Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas:nesses casos, a competência, fora as contravenções,
são instituídas à justiça federal de 1ª instância. Logo, é a policia federal que faz a investigação, através dos
inquéritos policiais federais. Esse inciso se assemelha muito ao artigo que define competências da justiça federal –
109, I e IV. É atribuição investigativa.
- Infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme:
- delitos repercussão internacional: trafico internacional de drogas ou pessoas para fins de exploração (sexual
ou labroal). Se for de repercussão internacional, deve ser observado se a competência é do Brasil, devico a
crise de atribuição que pode vir existir entre as polícias federais também.
- repressão uniforme: repressão interestadual. Uniforme para o Brasil. pois quando se da interestadualidade
do delito, ocorreria uma crise de atribuição entre as polícias, e então cabe a polícia federal. Lei 10.406/02 –
dispõe crimes de repressão uniforme de alçada da policia federal.
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo
da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
- contrabando e descaminho: envolve realidade de fronteira, em relação à arrecadação da União.
- sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos: materia envolve atribuições distintos de órgãos
distintos para repressões distintas. Exemplo: policia rodoviária, policia federal e receita federal em uma mesma
blitz fazendária. Uma operação conjunta na estrada.
- As atribuições da PF, portanto, não afastam a ação fazendária da secretaria da receita federal e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência. Não é porque a polícia federal é responsável pelo tráfico,
contrabando e o descaminho que outros órgãos não pode fazer. Como a ação fazendária, que o auditor fiscal tem
essa atribuição. Ex: Blitz fazendária.
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
- como já foi falado, o patrulhamento ostensivo de portos, aeroportos e fronteiras.
- Função de patrulhamento ostensivo em relação a portos, aeroportos e fronteiras. Essa é a segunda diferença em
relação à policia civil de estados. A gente diz que policia federal é “policia civil”, mas não é a replica. São
diferentes. A primeira diferença fundamental é que a Policia civil do estado é eminentemente investigativa.
Patrulhamento de via publica no estados é de alçada militar. A policia civil estaduais fazem, sim, operações, mas
são vinculadas à investigação do fato delituoso. A policia federal vai um pouco além, como mostra esse inciso. A
policia federal tem essa função de patrulhamento que a policia civil dos estados não têm, além da investigativa.
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
- Papel está claro: é a própria CRFB/88 que utiliza o nome de polícia judiciária da União. Isso com a exceção do
crime militar, que é investigado dentro das próprias forças armadas, por autoridades militares – através de um
IPM, inquérito policial militar.
- Nos demais casos, são os delegados de polícia federal, portanto, que instauram os inquéritos polícias federais
(IPF), os agentes, inspetores que investigam; para depois encaminhar para o MPF. Se este entender cabível a
denuncia, é encaminhado, por fim, à Justiça Federal. Ex: operação lava-jato, que a ação investigativa foi da polícia
federal.
Polícia Rodoviária Federal
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
- Patrulhamento ostensivo é de ordem civil, no âmbito da União. A policia rodoviária federal é órgão
eminentemente civil. Órgão da administração direta da união, vinculado ao ministério da justiça, assim como a
polícia federal, e a ferroviária federal.

Polícia Ferroviária Federal


§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
- Similar ao artigo anterior. Quadro funcional do órgão é diminuto, muito pequeno. A atuação dessa polícia é muito
escasso, porque o Brasil fez a opção de privilegiar rodovias, em detrimento das rodovias.
A quem compete o patrulhamento ostensivo das rodovias? Nas rodovias federais, patrulhamento ostensivo
(civil) da policia rodoviária federal. Se for rodovia estadual, o patrulhamento ostensivo (militar) das rodovias é
feito pela policia militar, pela chamada a policia rodoviária estadual, um órgão da policia militar do Estado do
Rio de Janeiro.
- Natureza jurídica das polícias rodoviária e ferroviária federal: Órgãos civis vinculados os ministério da justiça e
dedicados ao patrulhamento ostensivo de eixos viários.

Polícia Civil
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
- Dirigidas por delegados de polícia de carreira: isso está expresso para evitar o que ocorria antigamente, de
escolha de delegados feita pelo governador por um que que não estava na carreira. Aqui, fica expresso que deve
ser um delegado de primeira classe pra chefiar. Aqui no RJ, nós temos o chefe de polícia civil nomeado e
destituído pelo governador do estado, porém deve escolher algum que seja delegado integrante da carreira.
- Ressalvada a competência da União: Como atua no âmbito estadual, é feita por residualidade, por isso se exclui
tudo que for competência da União. E quais infrações penais? Não precisa definir, pois a apuração é residual.
- Exceto as militares: claro, por conta do inquérito penal militar.
A quem compete a apuração das infrações penais militares? O crime militar é apurado pela própria estrutura
militar, tanto no âmbito estadual quanto o federal. Dai, surge o IPM (inquérito penal militar) que se destina a
apurar as práticas penais militares.

Polícia Militar
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
- Policias militares: o fato do patrulhamento ostensivo nos estados ser militar é uma discussão no Brasil, existe um
grupo de direitos humanos que advoga a tese para a extinção das polícias militares, devido ao grande número de
mortes. Mas a comparação entre policia militar e civil é injusta, porque a policia civil fica apenas na função de
investigação, no estado. Logo, é preciso ver que deve haver uma mudança comportamental.
- Corpos de bombeiros militares: atribuições definidas em lei, mas também cargo de execução de atividade de
defesa civil. Função de preservação contra fatos da natureza e descuidos do homem. Além do combate a
calamidade, a incêndios, os corpos de bombeiros são também responsáveis pela função de defesa. Ex: alvará para
verificação de estabelecimentos, cabe aos bombeiros.
- Existe uma estrutura de defesa no município que, muitas vezes, são chefiadas por bombeiros da reserva, que são
escolhidas pelo prefeito. Essa atuação não se confunde com a atuação dos corpos de bombeiros dos estados.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
- As FAs estão sob o comando do presidente da republica CRFB/88, 142, caput. Logo, o comandante superior das
forças auxiliares é o governador. São forças auxiliares e reserva do Exército. Federalismo pretende ser
cooperativo. Esse modelo federativo, que pra fim de manutenção da lei e da ordem, e da soberania interna
nacional, o exército pode requisitar o apoio dessas forças. Logo, o exercito tem o poder de requisição da policia e
corpos de bombeiros.
- Tanto as policias militares quanto o corpos de bombeiro não dispõem de generalato. O exercito tem, portanto,
poder sobre as policias, na forma deste parágrafo. Polícias militares e corpos de bombeiro são forças auxiliares do
Exército brasileiro.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
garantir a eficiência de suas atividades.
- lei 12681/2012 – sistema nacional de informações e segurança publica, prisionais e sobre drogas - foi uma das
tentativas de criar um sistema de cooperação.

Guardas municipais
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.
- Município não faz segurança publica. A guarda municipal é para a proteção dos bens, serviços e instalações – e a
proteção dos bens do município. Com base nisso, nós tivemos a criação de guardas municipais em diversas partes.
O que até hoje ainda se discute é o limite da atuação deles, por exemplo, se eles podem portar arma de fogo.
- A guarda municipal atua para a preservação patrimonial do município.
- Se discute sua atuação na repressão do comércio clandestino, que muitas vezes, se excede.

" É preciso abordar o trabalho munido da constância que se mantém pronta para produzir, da paciência que suporta
as dificuldades, da perseverança que evita o desgaste do querer." A.D. Sertillanges
Bons estudos! Amanda de Oliveira

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