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Constitucionalidade – Parte I
1) O que é Controle de Constitucionalidade?
Leis, decretos, atos normativos, outros instrumentos infralegais e as relações de
todos esses itens entre si formam um ordenamento jurídico. Dentro desse
sistema chamado ordenamento jurídico, também está incluída a constituição. A
pirâmide de Kelsen esboça a relação de hierarquia presente entre as normas de
um ordenamento jurídico. Ela pode ser aplicada ao caso brasileiro.
Dessa forma, tentaremos utilizar o termo ato o máximo possível, já que não se
limita somente às leis. Durante todo o texto, utilizaremos muito o termo
“constitucionalidade”. Ela consiste em verificar se um ato infraconstitucional
respeita tudo aquilo apresentado na Constituição Federal. Ou seja, se os atos
presentes nos dois degraus debaixo da pirâmide estão de acordo com o topo.
Exemplo: José impetrou uma ação contra Ana, referente à situação X. Nessa
situação X, seria necessário que a lei A fosse aplicada. No decorrer do processo,
José, que é uma das partes da ação, suspeita que a lei A seja inconstitucional.
Nesse exemplo, a constitucionalidade ou não da norma é essencial para que o
caso concreto, no caso a situação X, seja julgado.
Esse sistema de controle é exercido por qualquer juiz ou tribunal, fato que o
caracteriza como difuso, que significa espalhado. Todas as esferas normativas
(leis ou atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais) estão sujeitas
a esse método.
Concentrado/Abstrato
O controle no sistema concentrado/abstrato somente pode ser realizado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, concentra-se no STF, fato que explica
sua denominação. Nesse método, o objetivo da ação, que funciona como meio
para o controle, é verificar a constitucionalidade do ato normativo. Dessa forma,
a verificação da constitucionalidade do ato se dá em tese, independentemente
da existência de um caso concreto.
Exemplo: uma lei federal Z começou a produzir efeitos após a sua promulgação.
O Procurador Geral da República possui fortes indícios que a lei Z seja
inconstitucional. Isso faz com que ele entre com uma ação para verificar sua
adequação ao exposto no texto da Constituição Federal. Nesse caso, o objetivo
da ação é exatamente verificar a constitucionalidade da norma, sem a presença
de um caso concreto.
Pela falta do caso concreto, é dito que o controle se dá em abstrato. Como tal
verificação ocorre num contexto geral, os efeitos são, em regra, erga omnes, ou
seja, aplicáveis para todos. Em relação ao aspecto temporal, os efeitos da
decisão são, em regra, ex tunc. Isso quer dizer que retroagem ao início da
produção de efeitos do ato, invalidando todos esses efeitos.
Como isso acontece? Acreditamos que seja mais didático apresentar essas
situações exemplificativas juntamente à próxima classificação: o momento em
que o controle acontece.
• Partes do processo
• Terceiros admitidos como intervenientes no processo
• Representante do Ministério Público
• Juízes ou Tribunais, de ofício
José e Ana, que no caso são as partes do processo, são legitimados. A depender
de em qual esfera a ação estiver sendo julgada, seja por um Juiz singular ou por
um Tribunal, é possível que o(s) julgador(es) incite(m) tal verificação de ofício.
Isso significa que aquele que está julgando pode, por vontade própria, provocar
a realização da análise de constitucionalidade. Lembrando que essa análise
somente é possível quando estritamente necessária para o julgamento do caso
concreto, objetivo principal da ação.
Universais
• Presidente da República
• Procurador Geral da República
• Mesa da Câmara dos Deputados
• Mesa do Senado Federal
• Conselho Federal da OAB
• Partido Político com representação no Congresso Nacional
Temáticos
• Governador de Estado/DF
• Mesas das Assembleias Legislativa ou Câmara Legislativa do DF
• Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional
Vamos falar sobre questões? Esse é um tema que costuma aparecer em provas.
Uma pegadinha que é bastante clássica é a presença em assertivas de “Câmara
dos Deputados” e “Senado Federal”. Muitos acabam assinalando como
assertivas corretas, porém, estão erradas já que a lista cita as Mesas dos dois
órgãos. Depois desse alerta você não vai cair nessa pegadinha!
4) Tipos de ações de Controle de Constitucionalidade e suas principais
características: como entender o Controle de Constitucionalidade
Da mesma forma como aconteceu no item 3), último apresentado na parte I do
artigo, iremos dividir os tipos de ações conforme os sistemas de Controle de
Constitucionalidade
Recurso extraordinário
Tudo o que fora citado acima relaciona-se ao controle difuso típico. Entretanto,
existe um tipo especial, que é frequentemente alvo de questões em provas.
Estamos falando do recurso extraordinário, o qual é apresentado no inciso III,
art. 102 da Constituição Federal. Tal caso especial refere-se a situações
específicas em que, após o Juiz ou Tribunal declarar acidentalmente a
inconstitucionalidade de um ato, há possibilidade de recorrer sobre tal decisão
ao STF.
A decisão final respeita a chamada reserva do plenário. Isso significa que será
aprovada pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de
seu órgão especial. Ou seja, a maioria absoluta dos 11 ministros do STF ou de
seu órgão especial, que possui uma quantidade inferior.
Os efeitos da decisão final são, em regra, retroativos (ex tunc) e para todos (erga
omnes). Porém, é possível que o STF module seus efeitos, trazendo
peculiaridades específicas a eles, fugindo à regra. Uma característica muito
importante é que a decisão final possui efeito vinculante. Isso significa que todos
os demais órgãos do Poder Judiciário, com exceção do próprio STF, e todo o
Poder Executivo devem respeitá-la. Tal efeito não atinge o Poder Legislativo em
situações em que estiver legislando, ou seja, criando novas leis ou emendas
constitucionais.
Tal ação somente é válida para leis ou atos normativos federais, não sendo
aplicável para aqueles da esfera estadual. A regra é a ausência da participação
do Advogado Geral da União, já que o seu papel de defender a
constitucionalidade do ato não faz sentido nesse caso. Por outro lado, se houver
indícios de inconstitucionalidade haverá a sua participação.
O ponto mais cobrado em provas sobre esse tipo de ação são os efeitos da
medida cautelar. O feito trata-se da suspensão dos processos em trâmite pelo
período de 180 dias. Isso é muito cobrado pela semelhança com os efeitos da
medida cautelar do próximo tipo de ação.
Bom, o que é um preceito fundamental? Não há uma definição clara, o que causa
divergências no mundo jurídico. Iremos apresentar a interpretação do próprio
STF, porém esteja consciente que isso não costuma ser cobrado
frequentemente em provas.
Caso a lei, citada na norma, não seja criada, não haverá nenhuma produção de
efeitos. Nesse caso o efeito é a “criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública”.
Caso a demora seja de algum dos Poderes, este será cientificado de que a
norma precisa ser elaborada. Se for atribuída a um órgão administrativo, o
Supremo Tribunal Federal determinará a elaboração da norma em até 30 dias.
Resumo das peculiaridades de cada ação quando comparadas à Ação de Declaratória
de Constitucionalidade (ADI)
Sabemos que são muitas a informações expostas acima. A fim da facilitação do
processo de como entender o Controle de Constitucionalidade, decidimos
consolidar todos os pontos principais em uma tabela.
Características dos tipos de ações que são distintas da ADI – Como entender o Controle de
Constitucionalidade
Conclusão