Você está na página 1de 14

PROFESSOR: ADERALDO DE MORAIS.

DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL – PROCEDIMENTOS e RECURSOS.


AULA 11. MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E COMPETÊNCIA

1. MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS.

1.1. Autotutela: caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação dos interesses.
Exemplo: “A” pode utilizar da força para proteger sua residência de uma invasão. O
ordenamento jurídico admite a autotutela em determinadas situações excepcionais
(exemplos: art. 345 do CP - exercício arbitrário das próprias razões; legítima defesa;
prisão em flagrante). CP, Art. 345. “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias
a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não
há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.” CP, Art. 25. “Entende-se
em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) CPP, Art. 301. “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.”

1.2. Autocomposição: caracteriza-se pela busca do consenso entre as partes - não é a


regra no processo penal. Exceções: Juizados Especiais Criminais: transação penal,
composição civil dos danos, suspensão condicional do processo, acordo de não persecução
penal. CF/88, Art. 98. “A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de
recursos por turmas de juízes de primeiro grau;” Lei 9.099/95, Art. 76. “Havendo
representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.”

1.3. Jurisdição: a palavra jurisdição deriva do latim juris + dictio = dizer o direito. -
Conceito: trata-se de uma das funções do Estado, exercida precipuamente pelo Poder
Judiciário, por meio da qual o direito objetivo é aplicado à solução de determinada
demanda. O Professor ressalta que a função jurisdicional não é uma função exercida
exclusivamente pelo Poder Judiciário, já que por vezes é exercida por outros Poderes
(exemplo: julgamento realizado pelo Congresso Nacional).

2. Princípio do juiz natural.


Conceito: consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a
autoridade jurisdicional que irá processar e julgá-lo caso venha a praticar um fato
delituoso. - Previsão constitucional: CF/88, Art. 5º, XXXVII - “não haverá juízo ou tribunal
de exceção;” CF/88, Art. 5º, LIII - “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;”

3. COMPETÊNCIA

3.1. Conceito. É a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional
poderá aplicar o direito objetivo ao caso concreto.
3.1. Espécies de Competência.

a) “Ratione materiae”: é a competência estabelecida em razão da natureza do delito


(exemplo: crimes militares/eleitorais/dolosos contra a vida);

b) “Ratione personae” (funcionae - em razão da pessoa/função): é a competência por


prerrogativa de função (direito de ser julgado originariamente pelos tribunais);

c) “Ratione loci”: é a competência territorial (em razão do local);

d) Competência Funcional: a competência é fixada conforme a função que cada um


dos vários órgãos jurisdicionais exerce em um processo;

d.1. Competência funcional por fase do processo: um órgão jurisdicional diferente


exerce a competência de acordo com a fase do processo. Exemplo 01: procedimento
bifásico do júri - 1ª fase: juiz sumariante; 2ª fase: juiz presidente e conselho de sentença.
Exemplo 02: juiz da execução; juiz das garantias.

d.2. Competência Funcional por objeto do juízo: cada órgão jurisdicional exerce a
competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo. Exemplo: no
Tribunal do Júri os jurados respondem os quesitos que versam sobre materialidade,
autoria, absolvição, causas de diminuição, causas de aumento e qualificadoras, ao passo
que o juiz presidente decide sobre as demais matérias.

d.3. Competência funcional por grau de jurisdição: divide a competência entre


órgãos jurisdicionais superiores e inferiores. Exemplo: geralmente o processo é julgado
em 1ª instância, sendo cabível recurso de apelação ao tribunal. Contudo, em
determinados casos o processo se inicia no tribunal.

d.4. Competência funcional horizontal: não há hierarquia entre os órgãos


jurisdicionais. Exemplo: é o que geralmente ocorre na competência funcional por fase do
processo e por objeto do juízo.

d.5. Competência funcional vertical: há hierarquia entre os órgãos jurisdicionais.


Exemplo: é o que ocorre na competência funcional por grau de jurisdição. e. Competência
absoluta e relativa;

1) A criação da competência absoluta é ligada ao interesse público. Por esse motivo,


muitos afirmam que está prevista na Constituição Federal. - A competência relativa é
criada com base no interesse preponderante das partes e está prevista na legislação
ordinária.
2) A competência absoluta não pode ser modificada. Exemplo: regras de competência
absoluta não podem ser modificadas diante da conexão ou continência (causas
modificativas da competência prevista na legislação ordinária). - A competência
relativa, por sua vez, pode ser modificada pela legislação ordinária. Exemplo: receptação
realizada em Santos de veículo roubado na cidade de SP - nesse caso, a conexão
probatória altera a competência do delito praticado em Santos, que será julgado em São
Paulo junto ao crime de roubo em SP..
TÍTULO V
DA COMPETÊNCIA
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o
último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o
pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida
pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência
firmar-se-á pela prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território
de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo
domicílio ou residência do réu.
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente
o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts.
121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código
Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para
infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se
mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua
competência prorrogada.
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá
proferir a sentença (art. 492, § 2o).
Art. 492. (…)
§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz
singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida,
aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como
infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei
no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida
será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o
disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

CONSTITUIÇÃO FEDERAL: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL:


Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as
de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou
pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado
estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça
Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,
contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus , em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em
que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu
origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem
parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na
justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara
federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral
da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para
a Justiça Federal.
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma
circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da
decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa
prevenirá a da ação penal.
CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda
parte, e 54 do Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão
observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
I - no concurso entre a competência do e júri a de outro órgão da jurisdição
comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais
grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se
as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior
graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum
co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149.
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido
que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se
uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que
trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua
localização.

Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo
excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que
no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua
competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver
o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo
competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram
perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a
unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de
unificação das penas.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70,
§ 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do
Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder
perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as
pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e
admitida a exceção da verdade.
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e
julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da
República;
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de
Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos,
nos crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos
governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância
inferior e órgãos do Ministério Público.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da
República.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da
República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais,
em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro
em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela
do último em que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo
correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave
estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão
processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o
pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas
nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela (Redação dada pela Lei nº 4.893, de
9.12.1965)

QUESTÕES DE PROVAS:

Ano: 2023 Banca: FCC Órgão: MPE-PB Prova: FCC - 2023 - MPE-PB - Técnico Ministerial
- Sem Especialidade
Acerca das regras de competência, o Código de Processo Penal estabelece:

Alternativas

A No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,


prevalecerá a competência da jurisdição comum.
B Será obrigatória a separação dos processos quando as infrações tiverem sido
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, independentemente do
critério do juiz.

C Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou


residência da vítima.

D Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á por sorteio.

E A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição


judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

Gabarito: E
a) No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,
prevalecerá a competência do júri (art. 78, I do CPP).

b) Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido


praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo
número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a separação (art. 80 do CPP).

c) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio


ou residência do réu (art. 72, caput, do CPP).

d) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 70,§3º do CPP).

e) CORRETA: A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma


circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente (art. 75, caput, do
CPP).

Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: CGE-SC Prova: FGV - 2023 - CGE-SC - Auditor do Estado
- Direito - Tarde (Conhecimentos Específicos)

Norberto estava em viagem de férias com colegas de trabalho, em um cruzeiro pelo litoral
catarinense. Quando o navio se afastou do Porto de Itajaí, navegando em alto-mar,
Norberto se desentendeu com um dos colegas, desferindo-lhe um soco no rosto,
causandolhe lesões corporais graves (pena: 1 a 5 anos). O navio, que havia partido de
Itajaí, em seguida a este evento, fez uma parada em Tubarão, onde Norberto foi
conduzido à autoridade policial para a instauração de inquérito policial. Norberto e a vítima
residem em Blumenau.
Nesta circunstância, assinale a alternativa que indica corretamente a competência para
processar e julgar os fatos relatados.
Alternativas

A Vara Criminal de Blumenau.

B Vara Federal de Blumenau.

C Vara Criminal de Tubarão.

D Vara Federal de Tubarão.

E Vara Criminal de Itajaí.

Gabarito: LETRA D
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da


Justiça Militar;

O artigo 89 do CPP aborda que serão processados e julgados pela justiça do primeiro
porto brasileiro em que tocar a embarcação, percebemos que é a Vara Federal de
Tubarão.

Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República,
ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-
mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a
embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver
tocado.

Observe:

STJ/2019: Compete à Justiça Estadual o julgamento de crimes ocorridos a bordo de balões


de ar quente tripulados.Os balões de ar quente tripulados não se enquadram no conceito
de “aeronave” (art. 106 da Lei nº 7.565/86), razão pela qual não se aplica a competência
da Justiça Federal prevista no art. 109, IX, da CF/88).

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-DFT Prova: FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário
- Área Judiciária
Determinado casal de namorados realiza o grande sonho de uma viagem internacional
para a Flórida, destino em que deliberam pela visita dos parques de diversões. No
entanto, se inicia acalorada discussão sobre qual grupo detém os melhores parques, o que
ocasiona uma ruptura da relação e o retorno da mulher ao Brasil. Ao chegar a sua cidade
natal, Niterói/RJ, e acessar suas redes sociais, constata diversas manifestações do seu ex-
namorado, nos grupos de Facebook que ambos subscrevem, com várias ameaças
direcionadas a ela, com ênfase na ideia de que, por ser sua mulher, deveria concordar
com seus gostos e preferências, e, caso insistisse em manter a preferência pelo parque
rival, ela sofreria retaliação, consistente na depredação de qualquer item pessoal que
ostentasse qualquer símbolo alusivo aos parques ou personagens concorrentes. O homem
permaneceu nos Estados Unidos da América, afirmando, ainda, que aguardava o imediato
retorno da mulher.
Diante desse cenário, é correto afirmar que a competência para o processo e julgamento
do delito praticado é da:

Alternativas

A Justiça do Distrito Federal e dos Territórios;

B Justiça Estadual no Rio de Janeiro;

C Justiça Federal do Distrito Federal;

D Justiça Federal em Niterói;

E Justiça Federal no Rio de Janeiro.

De acordo com o enunciado da questão houve um crime de ameaça praticado no contexto


de violência doméstica. Ainda de acordo com o enunciado, o crime que foi praticado
através de uma rede social de grande alcance (Facebook), foi iniciado nos Estados Unidos
da América e teve o resultado no Brasil (crime a distância).

Assim, mesmo tendo iniciado a conduta nos Estados Unidos incide a lei penal brasileiro no
caso, pois conforme o art. 6° do Código Penal “Considera-se praticado o crime no
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado”.
O Superior Tribunal de Justiça julgando um caso idêntico decidiu que “a competência da
Justiça Federal para julgar caso de crime de ameaça em que o suposto agressor, que vive
nos Estados Unidos, teria utilizado a rede social Facebook para ameaçar uma ex-
namorada residente no Brasil” (CC 150.712/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/10/2018, DJe 19/10/2018).
Assim, a competência é da justiça federal de Niterói/RJ.
Gab, letra D.

Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: FCC - 2022 - MPE-PE - Promotor de
Justiça e Promotor de Justiça Substituto
Márcia, domiciliada na cidade de Caruaru, foi vítima de estelionato mediante transferência
de valores em agência de banco privado do município de Maceió, estado de Alagoas.
Concluído o inquérito policial e havendo justa causa para a ação penal, a denúncia deverá
ser oferecida pelo Órgão do Ministério Público

Alternativas
A estadual de Caruaru.

B que recebeu a representação da vítima.

C estadual de Maceió.

D federal de Caruaru.

E federal de Maceió.

Nos crimes previstos no art. 171 (estelionato) do Decreto-Lei nº2.848, de 7 de dezembro


de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou como pagamento
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do
domicílio da vítima, e,em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela
prevenção. GABARITO: LETRA A.

Ano: 2021 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2021 - DPE-AM - Defensor Público

Roberta, residente na cidade de Maceió, estava em férias em Brasília e através de um


amigo em comum conheceu Rubens, também a passeio na capital federal. Após
conversarem, Rubens mostrou diversas fotos de um automóvel seu que estaria a venda,
convencendo Roberta a adquiri-lo em 15/09/2018. Após a concretização do negócio,
Roberta, em 25/09/2018 e já em Maceió, realizou o depósito bancário no valor de R$ 30
mil reais na conta de Rubens, domiciliado em São Paulo, mesmo local de sua agência
bancária. Após a confirmação do pagamento e efetuado o saque na mesma data do
depósito, Rubens indicou a concessionária onde o veículo se encontrava, na cidade de
Santo André/SP, para onde a vítima se locomoveu em 30/09/2018 e percebeu se tratar de
um golpe, não havendo nenhum veículo ou pessoa no local. Roberta registrou o boletim
de ocorrência em Santo André, estando os autos ainda em fase investigativa. No caso
relatado, em caso de denúncia criminal por estelionato em desfavor de Rubens, a
competência será da Comarca de

Alternativas

A São Paulo.

B Maceió.

C Santo André.

D Brasília.
E São Paulo ou Santo André, definido pela prevenção.

Nos crimes previstos no art. 171 (estelionato) do Decreto-Lei nº2.848, de 7 de dezembro


de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou como pagamento
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do
domicílio da vítima, e,em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela
prevenção. GABARITO: B.

Você também pode gostar