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COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO II

1. COMPETÊNCIA
A Competência pode ser entendida como o limite estabelecido para a
jurisdição. Nesse tópico, estudaremos os limites em que cada juiz poderá
exercer a sua jurisdição.

Poderá ser dividida em três aspectos:

● COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (ratione materiae);

● COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA (ratione personae);

● COMPETÊNCIA TERRITORIAL (ratione loci)

CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA – ART. 69, CPP

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:


I- o lugar da infração:
II- o domicílio ou residência do réu;
III- a natureza da infração;
IV- a distribuição;
V- a conexão ou continência;
VI- a prevenção;
VII- a prerrogativa de função.

➊ COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (ratione materiae)


Considera a natureza da infração para analisar qual a justiça competente.
Dessa maneira, temos a seguinte divisão da competência em razão da
matéria:

● JUSTIÇA COMUM - RESIDUAL


✔ JUSTIÇA FEDERAL artigo 109. cf
✔ JUSTIÇA ESTADUAL – DUPLAMENTE RESIDUAL

● JUSTIÇA ESPECIAL
✔ JUSTIÇA MILITAR
✔ JUSTIÇA ELEITORAL

Será de competência da Justiça Especial, somente os crimes eleitorais e


militares.

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Como já vimos, a Justiça Comum será residual em relação à Justiça
Especial, ou seja, se não for competência desta, caberá a Justiça Comum.

Mas como saber se será Federal ou Estadual??

Só será de competência da Justiça Federal, de estiver presente qualquer


das hipóteses estabelecidas no art.109, CF. Todas as outras causas em que
não se enquadrarem na competência federal, será estadual, ou seja, a
Justiça Estadual será duplamente residual.
Quando a competência definida pela NATUREZA DA INFRAÇÃO, o CPP
trata do caso de COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI (art. 74, CPP).
Terá competência de julgar os crimes dolosos contra a vida. Essa
competência encontra previsão ainda, no próprio texto constitucional – art.
5º, XXXVII, “d”, CF.

Súmula vinculante 45: “A competência constitucional do tribunal do júri


prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela constituição estadual”.

➋ COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA (ratione personae)


Depois de analisar qual justiça será competente para o julgamento, é hora
de analisar as condições pessoais do acusado para verificar eventual
prerrogativa.
A regra é que o processo criminal tramite nos órgãos jurisdicionais mais
baixos, ou seja, os Juízes de primeiro grau, mas nem sempre essa regra se
aplica, pois, em determinados casos, se estiverem presentes determinadas
autoridades do polo passivo da demanda, essa competência poderá ser
originária dos Tribunais, como órgãos iniciais, é o denominado “foro
privilegiado”. Ex: art. 96, CF que estabelece a competência do TJ para
julgar os juízes estaduais, do DF e Territórios, bem como os membros do
MP, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência
da Justiça Eleitoral.
A CF traz inúmeras outras hipóteses nas quais há foro por prerrogativa de
função. Para a sua prova, realize a leitura obrigatória dos seguintes
dispositivos:

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Será que o foro privilegiado se aplica a qualquer crime?

O STF tem um posicionamento quanto a esse assunto (AP 937). Dessa ação
penal podemos concluir que o foro por prerrogativa de função se aplica
somente aos crimes ocorridos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas.

Após encerrar a instrução criminal, com a publicação do despacho de


intimação para as alegações finais, o fato de o agente deixar o cargo, não
altera a competência, seja qual for o motivo.

2. EXERCÍCIOS

01 - “Em determinada cidade do interior do país houve tentativa de


roubo armado à Agência dos Correios, ocasião em que policiais
militares estaduais interferiram e foram baleados.” Na situação
descrita, a competência para julgar os criminosos é da:
A. Justiça Militar, eis que os crimes foram praticados contra dois policiais
militares.
B. Justiça Estadual, já que o crime doloso contra a vida não atrai
interesse federal.
C. Justiça Comum Estadual, considerando que as vítimas são policiais
militares em exercício da função.
D. Justiça Federal, uma vez que a tentativa de homicídio em face dos
policiais militares decorreu da tentativa de roubo contra a autarquia
federal.

02 - Dispõe a Súmula n. 721 do Supremo Tribunal Federal que a


competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
Constituição Estadual.

CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - Num crime de estelionato praticado em Belo Horizonte contra


uma agência bancária do Banco do Brasil S.A, no qual o agente obteve
vantagem financeira, é CORRETO afirmar que a competência para a
ação penal é da
A. Justiça Estadual ou da Justiça Federal, a depender da regra de
prevenção.
B. Justiça Estadual ou da Justiça Federal, o que será definido a partir da

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autoridade policial responsável pela condução do inquérito,
respectivamente, Polícia Civil ou Polícia Federal.
C. Justiça Estadual.
D. Justiça Federal.

3. GABARITO
01 – D
02 – C
03 - C

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