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PROCESSO

PENAL I TEMA 08
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
1. CONCEITO:
1.1. DE JURISDIÇÃO – é derivada da expressão juris dictio,
significando a ação de dizer o direito. Em última análise a
jurisdição é o poder dever positivado na Constituição Federal e
usualmente entregue ao judiciário para que ele aplique a lei ao
caso concreto solucionando a demanda penal.

1.2. DE COMPETÊNCIA – é a medida da jurisdição e a


quantidade de poder conferido por lei a um juiz ou tribunal,
delimitando a sua margem de poder. Todo juiz possui jurisdição,
mas nem todo juiz possui competência.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
2. CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA
C
O a. Ratione materiae – Razão da matéria
M
MATERIAL b. Ratione loci – Razão do lugar
P
E c. Ratione personae – Razão da pessoa
T
Ê a. Fases do processo
N FUNCIONA
L b. Objeto do juízo
C
I c. Graus de Jurisdição
A
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
3. COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE (razão da matéria)
3.1. CONCEITO – tal critério nos entrega a justiça competente
para julgar determinado tipo de crime.

3.2. ESTRUTURA
3.2.1. JUSTIÇA COMUM
a. ESTADUAL – Sua competência é residual, ou seja, é definida
por exclusão, pois só cabe a justiça estadual o que a
Constituição Federal não determinou expressamente as outras
justiças.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
b. FEDERAL – Sua competência é expressa na Constituição
Federal.

 Art. 108 da CF/88 – define a competência dos Tribunais


Regionais Federais.

 Art. 109, IV e seguintes da CF/88 – define a competência dos


Juízes Federais de 1º grau.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
b. JUSTIÇA MILITAR – é uma justiça hermeticamente
fechada, julga apenas os delitos dos artigos 9º e 10 do Código
Penal Militar.
 Crimes militares em tempo de paz (art. 9º);
 Crimes militares em tempo de guerra (art. 10);

1. Infração de menor potencial ofensivo – não se aplica em


virtude no contido no artigo 90-A da Lei 9.099/05.
Art. 90-A.  As disposições desta Lei não se aplicam no
âmbito da Justiça Militar.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
3.2.2. JUSTIÇA ESPECIAL OU ESPECIALIZADA

a. ELEITORAL – cabe julgar as infrações eleitorais e as


comuns correlacionadas por conexão ou continência, pouco
importando se a infração comum é estadual ou federal.

OBS1. O Código Eleitoral foi recepcionado pela Constituição


Federal com status de Lei Complementar.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
b. ESTRUTURA

c. Justiça Militar Estadual – julga apenas Policias Militares e


bombeiros militares.
d. Justiça Militar Federal – julga membros das Forças Armadas
(Marinha | Exército | Aeronáutica) e pessoas comuns que
praticam crimes militares federais.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
3.3. COMPETÊNCIA POR NATUREZA DA INFRAÇÃO – o
legislador pode estabelecer o órgão competente para julgar um
tipo de crime em razão da sua natureza.

3.3.1. HÍPÓTESES
a. Crimes dolosos contra a vida (art. 5º, XXXVIII, “d” da
CF/88);
b. Infrações de menor potencial ofensivo (art. 98, I da CF/88)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
4. COMPETÊNCIA RATIONE LOCI (razão do lugar)
4.1. CONCEITO – define-se o juízo territorialmente competente.

4.2. REGRAS
4.2.1. TEORIAS TERRITORIAIS – orienta-nos a perguntar:
onde o crime ocorreu?
a. Resultado – a competência é fixada pela consumação do
crime (pelo local do crime), sendo pois a regra geral. (art. 70,
caput parte inicial do CPP).
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
b. Teoria da ação – a competência é firmada/fixada pelo local
do último ato de execução do crime (art. 70, caput parte final
do CPP).

Crimes tentados – art. 14, II do CP.


Juizado Especial Criminal – art. 63 da Lei 9.099/95.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
c. Teoria da ubiquidade (híbrida) – a competência será fixada
pelo local do resultado ou pelo local da ação. Sendo aplicada
aos crimes à distância. (art. 70, § 1º] e 2º do CPP)
Crimes à distância são os que transcendem a fronteira. Em tal
hipótese a competência é fixada no Brasil.

4.2.2. DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU


OBS1. É subsidiária das teorias. (art. 72 do CPP)
OBS2. Crime de estelionato e domicílio da vítima (art. 70,§4º do
CPP)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
4.2.3. PREVENÇÃO (antecipação) – é o ato do juiz que pratica
primeiro ato do processo, tornando-se prevento (art. 83 do CPP).
No Processo é o juiz que recebe a denúncia.
No Inquérito Policial é o juiz que defere/adota alguma medida
cautelar.

ADVERTÊNCIA. A figura do juiz das garantias torna


incompatível a figura da prevenção.
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4.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES
a. Infração consumada na divisa entre comarcas ou quando
incerto o limite entre elas: Adota-se a prevenção (art. 70, §3º
do CPP).
b. Crime permanente ou continuado com atos em mais de
uma comarca: Adota-se a prevenção (art. 71 do CPP).
c. Pluralidade de vítimas: Adota-se a prevenção (art. 70, parte
final do §4º do CPP).
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d. Pluralidade de domicílios do réu: Adota-se a prevenção (art.
72, §1º do CPP).

e. Ação Penal Privada: o querelante mesmo sabendo o local da


consumação do delito pode escolher/optar pelo domicílio do
réu (art. 73 do CPP). O mesmo não se aplica quando se tratar
de ação penal privada subsidiária da pública.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
f. Competência territorial brasileira para crimes cometidos
em embarcações ou aeronaves.
F.1. O território brasileiro compreende:
g. Fronteira;
h. Espaço aéreo – vai até a camada atmosférica.
i. Mar territorial – compreende a faixa litorânea de 0 a 12 milhas náuticas
contadas maré baixa.
F.2. O território brasileiro nacional por equiparação: aeronaves e
embarcações.
Embarcações e aeronaves de É Brasil em qualquer lugar do
natureza pública e de bandeira mundo.
brasileira
Embarcações e aeronaves de Nunca será Brasil.
natureza pública e de bandeira
estrangeira
Embarcações e aeronaves de É Brasil quando em território
natureza privada e de bandeira brasileiro ou em alto mar.
brasileira
Embarcações e aeronaves de É Brasil quando ingressa em
natureza privada e de bandeira território brasileiro.
estrangeira
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
F.3. As regras de competência territorial só são aplicáveis se a
embarcação ou aeronave estiverem no conceito de território
brasileiro.
Viagem nacional – a competência territorial é fixada pelo 1º
local de pouso ou atracagem após o delito. (art. 89 do CPP)
Viagem internacional – a competência territorial é fixada pelo
local de saída ou chegada da embarcação ou aeronave. (art. 89 e
90 do CPP)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
g. Competência territorial brasileira para crimes cometidos
no estrangeiro – o sujeito será julgado na capital do estado
brasileiro onde foi a última residência. No entanto, se nunca
residiu no país será julgado em Brasília. (art. 88 do CPP)
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5. COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE (razão da pessoa)
5.1. CONCEITO – algumas autoridades em razão da importância
do cargo ou da função desempenhada serão julgadas diretamente
em tribunal. No que convencionamos chamar de foro por
prerrogativa de função.

OBS1. É inadequado falarmos em foro privilegiado.


OBS2. O privilégio é do cargo ou da função desempenhada e não
da pessoa.
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5.2. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
5.2.1. 1ª REGRA – o foro exige a prática do crime durante o
desempenho da função (pertinência temporal) e que o crime diga
respeito ao desempenho da função (pertinência temática). Este é o
entendimento do pelo do STF no julgamento da Ação Penal 937.

5.2.2. 2ª REGRA – o STF reconheceu a inconstitucionalidade das


Constituições Estaduais da Bahia (ADI 6512) e do Goiás (ADI
6513) por conferir foro por prerrogativa no TJ sem simetria da
Constituição Federal.
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5.2.3. 3ª REGRA – As autoridades com foro de prerrogativa para
julgamento no Tribunal de Justiça (TJ) ou Tribunal Regional
Federal (TRF) ao cometerem crimes eleitorais terão sua
prerrogativa excepcionada, deslocando a competência para o
Tribunal Regional Eleitoral.

OBS1. O mesmo não acontece para o STF ou STF, que julgarão


as autoridades com prerrogativa ao cometerem crimes eleitorais,
ou seja não há deslocamento para o TSE.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
5.2.4. 4ª REGRA – As autoridades com foro de prerrogativa para
julgamento no Tribunal de Justiça (TJ) ou Tribunal Regional
Federal (TRF) ao praticarem crimes em outro estado serão
julgadas em casa, ou seja, nos respectivos tribunais que forem
lotados.

5.2.5. 5ª REGRA – A súmula vinculante nº 45 estabelece que as


autoridades com foro de prerrogativa de função prevista n a
Constituição Federal não irão à júri. O mesmo não ocorre quando
a prerrogativa de função é fixada apenas na constituição estadual.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
5.2.4. 4ª REGRA – As autoridades com foro de prerrogativa para
julgamento no Tribunal de Justiça (TJ) ou Tribunal Regional
Federal (TRF) ao praticarem crimes em outro estado serão
julgadas em casa, ou seja, nos respectivos tribunais que forem
lotados.

5.2.5. 5ª REGRA – A súmula vinculante nº 45 estabelece que as


autoridades com foro de prerrogativa de função previstas na
Constituição Federal não irão à júri. O mesmo não ocorre quando
a prerrogativa de função é fixada apenas na constituição estadual.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
5.2.6. 6ª REGRA – As pessoas comuns que praticam crimes em
concurso com autoridades com foro por prerrogativa de função
serão julgadas em tribunais superiores, e tal atração não viola
direitos e garantias constitucionais. (Súmula 704 do STF)

5.2.7. 7ª REGRA – não haverá perpetuação do foro por


prerrogativa de função quando o mandato encerrar. O STF
declarou inconstitucional os parágrafos 1º e 2º (ADI 2797) do
artigo 84 do CPP.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
OBS1. O STF jugando a ação penal 937 entendeu que a renúncia
ao mandato até antes da publicação da intimação para
oferecimento das alegações finais desloca a competência e
acarreta o envio dos autos ao 1º grau. Todavia, se ocorrer em
momento posterior será indiferente por força da perpetuação.

OBS2. Para as ações por atos de improbidade administrativa não


há foro por prerrogativa de função em nenhum momento.
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5.2.8. 8ª REGRA – Desvio de verba pública por prefeito haverá
duas soluções:
1. Se a verba for incorporada ao patrimônio a competência será
do Tribunal de Justiça.

2. Se a verba foi repassada e está sujeita a prestação de contas a


órgão federal a competência será da Justiça Federal/TRF
(Súmula 208 do STJ) .
CF EXECUTIVO LEGISLATI JUDICIÁRIO OUTRAS AUTORIDADES
VO
• Presidente • Senador • Ministros dos • MPU – PGR
STF • Vice – • Deputado Tribunais • Membros do TCU
(art. 102 Presidente Federal Superiores • Comandantes das Forças Armadas
CF) • Ministros de (STF, STJ, TST, • Chefes de missão – os Diplomatas
Estado TSE, STM) Permanentes

X • Membros do TJ e • MPU – Membros atuantes em


STJ • Governador TRF - Tribunais
(art. 105 Desembargadores • Membros do TC Estadual
CF) • Membros do TC Municipal

TJ • Prefeito (art. • Deputado • Juízes estaduais • Todos os membros do MP


29, X da CF) Estadual de 1º grau Estadual
(Promotores | Procurador Geral do
Estado e Procurador Geral de
Justiça)
TRF • Prefeito • Deputado • Juízes federais de • Membros do MPU atuantes em 1º
(art. 108 (Crime Estadual 1º grau grau
CF) Federal) (Crime
(S 702 STF) Federal)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
6. COMPETÊNCIA ABSOLUTA X COMPETÊNCIA
RELATIVA

6.1. ASPECTOS DISTINTIVOS


6.1.1. COMPETÊNCIA ABSOLUTA
a. Previsão constitucional
b. Interesse público prepondera
c. Reconhecida ex oficio a qualquer tempo
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
6.1.2. COMPETÊNCIA RELATIVA
a. Previsão infraconstitucional
b. Interesse das partes prepondera
c. Passível de preclusão

OBS1. A súmula 33 do STJ determina que a incompetência


relativa não pode se declarada de ofício.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
6.2. ENQUADRAMENTO
a. COMPETÊNCIA MATERIAL
1. Ratione Materiae – absoluta
2. Ratione loci – relativa
3. Ratione pessonae – absoluta

b. COMPETÊNCIA FUNCIONAL
1. Fases do Processo – absoluta
2. Objeto do juízo – absoluta
3. Graus de Jurisdição – absoluta
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
6.3. CONSEQUÊNCIAS – em consonância com o artigo 567 do
CPP, uma vez reconhecida a incompetência os atos decisórios
serão nulos e os atos instrutórios podem ser aproveitados.
Art. 567.  A incompetência do juízo anula somente os atos
decisórios, devendo o processo, quando for declarada a
nulidade, ser remetido ao juiz competente.

6.4. PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA – É a


possibilidade do magistrado incompetente julgar a causa em
casos de incompetência relativa, pois o vício não foi suscitado
oportunamente, operando a preclusão. (Competência Territorial)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
7. CONEXÃO E CONTINÊNCIA – são institutos que permitem
reunir no mesmo processo crimes e ou sujeitos que poderiam ser
julgados separadamente, buscando a economia de atos
processuais e evitando decisões contraditórias. 

7.1. CONEXÃO – é a interligação de dois ou mais delitos


(pressuposto objetivo) e por isso serão julgados no mesmo
processo.  
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
7.1.1. MODALIDADES (CLASSIFICAÇÃO)
I.CONEXÃO INTERSSUBJETIVA – ocorre quando há 2 ou
mais crimes praticados por 2 ou mais pessoas. Tal critério possui
a seguinte tripartição.
1.CONEXÃO INTERSSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE – os
crimes ocorrem em uma mesma circunstância de tempo e de espaço.

2.CONEXÃO INTERSSUBJETIVA CONCURSAL – os crimes foram


praticados em circunstância de tempo espaço que estavam previamente
ajustados.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
3. CONEXÃO INTERSSUBJETIVA POR RECIPROCIDADE – os
sujeitos atuam um contra o outro, ou seja, dois crimes praticados por
duas ou mais pessoas em que são vítimas e autores ao mesmo tempo.

II. CONEXÃO LÓGICA | TELEOLÓCIA | FINALISTA – um


crime é praticado para ocultar, levar vantagem ou criar
impunidade em face de outro delito. (art. 76, II do CPP)

III.CONEXÃO INSTRUMENTAL OU PROBATÓRIA – A


prova da existência de um crime é essencial para demonstrar a
ocorrência de outro delito (art. 76, III do CPP)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
7.2. CONTINÊNCIA – Nela prepondera o fator unidade, seja
por termos um só crime praticado por 2 ou mais pessoas, ou por
termos uma só conduta que provoca dois ou mais resultados.

7.2.1. MODALIDADES (CLASSIFICAÇÃO)


I.CONTINÊNCIA POR CUMULAÇÃO SUBJETIVA – ocorre
quando há 1 só crime praticado por 2 ou mais pessoas. (art. 77, I do CPP)

II.CONTINÊNCIA POR CUMULAÇÃO OBJETIVA – ocorre


quando há 1 só conduta que provoca 2 ou mais resultados. (art. 77, II do
CPP)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
OBS1. Na continência percebe-se uma situação de concurso
formal.
OBS2. Na conexão percebe-se uma situação de concurso
material.

8. FORO PREVALENTE – É o órgão competente para julgar


todos crimes e ou sujeitos nas hipóteses de conexão e continência.

8.1. REGRAS
a. 1ª REGRA – crime de competência da justiça especial conexo
com crime da justiça comum. A especial prevalece em face da
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
OBS1. A regra é inaplicável na esfera militar.

OBS2. A justiça eleitoral julga as infrações eleitorais conexas e as


infrações comuns interligadas, sejam estaduais ou federais.

OBS3. Na concorrência entre justiça estadual ou federal, a última


prevalece (Súmula 122 do STJ).

OBS4. Conexão entre crime de competência da justiça federal e


contravenção penal deve haver a separação, pois a justiça federal
não julga contravenção. (Art. 109, IV da CF)
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
b. 2ª REGRA – Tribunal do Júri e demais órgãos da jurisdição
comum. O júri julga todos os crimes conexos com os dolosos
contra a vida, prevalecendo sobre os demais órgãos da justiça
comum. (art. 78, I do CPP)
OBS1. Atrai inclusive infrações de menor potencial ofensivo, respeitando-
se a composição civil, a transação.
OBS2. Quando o crime doloso contra a vida é interligado a crime de
competência da justiça especial, há separação de processos.

OBS3. Quando o crime doloso contra a vida é interligado a crime de


competência da justiça federal, o júri é realizado na justiça federal.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
c. 3ª REGRA – Jurisdição de maior hierarquia prevalece sobre
jurisdição de menor hierarquia.
Deputado Federal – STF X Motorista – juízo comum de 1º grau.

Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do


devido processo legal a atração por continência ou conexão
do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de
um dos denunciados. (súmula 704 do STF)

OBS1. Esta regra, contudo não pode ofender as regras de


competência definidas pela Constituição Federal.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
4. 4ª REGRA – Juízes de mesma justiça e de mesma hierarquia
concorrendo.
1. Juiz atuante no local da consumação do crime mais grave.

2. Se os crimes têm a mesma pena, prevalece o juiz do local da


consumação do maior número de delitos.

3. Se os crimes tem a mesma pena e idêntica quantidade de


delitos por comarca a prevalência é definida pela prevenção
(art. 78, II do CPP).
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
9. SEPARAÇÃO DE PROCESSOS (DESMEMBRAMENTO)
– mesmo havendo conexão ou continência os processo podem
tramitar separadamente por imposição legal ou por conveniência
da persecução penal. Cabendo tal deliberação ao poder judiciário.

9.1. MODALIDADES
a. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA - é aquela imposta por lei
ou para respeitar as regras de competência constitucional (art.
79 do CPP).
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
PRINCIPAIS HIPÓTESES
Menor de idade (ECA) Maior de idade (Justiça Comum).
Justiça Militar em concurso com qualquer outra justiça.
Inimputabilidade superveniente de 1 dos imputados.
Desmembramento incidental (citação por edital).

b. SEPARAÇÃO FACULTATIVA - é aquela justificada pela


conveniência da persecução penal (art. 80 do CPP).
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
PRINCIPAIS HIPÓTESES
Crimes ocorridos em circunstâncias temporais e ou espaciais
distintas.
Pluralidade de réus com situações pessoais distintas (preso e
solto).
Demais hipóteses julgadas convenientes pelo poder judiciário.

Petrolão – Separou
Mensalão – Não Separou
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
10. PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO – se o juiz prevalente
absolver o réu pelo crime que o tornou prevalente ou
desclassificou a infração, continuará competente para julgar os
crimes interligados (art. 81 do CPP)

10.1. REGRA ESPECIAL DO JÚRI


1. 1ª FASE DO JÚRI
a. Pronúncia – julga todos os delitos
b. Impronúncia, Absolvição Sumária e Desclassificação – Remessa do
processo ao juiz competente
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
2. 2ª FASE DO JÚRI – A desclassificação do crime doloso
contra a vida pelos jurados leva ao julgamento pelo juiz
presidente do júri para julgamento monocrático do crime
desclassificado e dos crimes conexos.

11. COMPETÊNCIA FUNCIONAL – ela leva em consideração


a distribuição de funções no atuar da persecução penal, ou seja
observa-se o juiz.
11.1. CRITÉRIOS
a. Competência Funcional pelas Fases do Processo – revela a
separação por etapas da persecução penal.
Juiz das Garantias | Juiz da Instrução Processual | Juiz da Execução Penal
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
b. Competência Funcional pelo objeto do juízo – diante do
conteúdo da demanda a atribuição do julgamento pode ser
distinta.
Jurados – analisam os fatos e votam os quesitos.
Juiz Presidente – elabora a sentença vinculado aos quesitos e ao
texto da lei.

c. Competência Funcional pelos graus de jurisdição – é a


estruturação para julgamento do sistema recursal e das ações
de impugnação.
BIBLIOGRAFIA
1. LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume
único. 11ª ed. Salvador: Juspodivm, 2022.

2. PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 26ª ed. – São Paulo:


Juspodivm, 2022.

3. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Processo


Penal e Execução Penal. 17ª ed. São Paulo: Juspodivm, 2022.

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